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TITULO: MECÂNICA DA FRATURA E ANÁLISE DE

FADIGA: FUNDAMENTOS E MODELAGEM

INSTRUTOR: EDUARDO F.R. ARAUJO


2013
Referências
Referências

• [1] Castro,JTP; Meggiolaro,MA. Fadiga - Técnicas e


Práticas de Dimensionamento Estrutural sob Cargas
Reais de Serviço, Volume I: Iniciação de Trincas, ISBN
1449514693; e Volume II - Propagação de Trincas, Efeitos
Térmicos e Estocásticos, ISBN 1449514707
• [2]Bannantine, J., Comer,J.J., Handcrock,J.L. Fundamentals
of Metal Fatigue Analysis, Prentice-Hall 1990 ISBN 0-13-
340191-X
• [3]Pope, J.A Metal Fatigue Chapman & Hall Ltd 1959
• [4] Dowling, N.E Mechanical Behavior of Materials,
Prentice Hall, 3rd Edition 2007
• [5] R.E Peterson Stress Concentration Factors, John Wiley
and Sons 1974
Referências

• [6] Herzberg,R.W. Deformation and Fracture Mechanics of


Engineering Materials 3rd Edition John Wiley and Sons 1989
• [7] nCode Institute, Practical Fatigue Theory , Course
notes, 2004
• [8] Edward Jr, K. McKee , R. Fundamentals of Mechanical
Component Design, McGrawHill, 1991
• [9] Anderson,T.L. Fracture Mechanics . Fundamentals
and Applications Taylor and Francis Group 3rd Edition,
2005 ISBN-13 978-0-8493-1656-2
• [10] Peterson, R.E. Dolan,T.G et alli Metal Fatigue,
McGrawHill, 1959
Referências

• [11] Vargas, M. Engenharia de Materiais Apostila do curso


de pós gradução em Análise Mecânica através do Método de
Elementos Finitos com Ênfase em Aplicações Industriais,
ESSS
• [12] Camarão,A. et alli Structural Mechanics Applied to
Mooring Components Design paper apresentado em
conferência ECF-15 promovida pela European Structural
Integrity Society
• [13] Ansys,Inc, Ansys 14.5 , http://www.ansys.com, 2012
• [14] HBM nCode nCode Design Life 9.0,
http://www.ncode.com/en/menu/products/ncode-
designlife/features-at-a-glance/,2013
Referências

• [15] Bendat, J.S., Piersol, R.A. Random data : analysis and


measurement procedures , Wiley, New York 1971
• [16] Rossino, L.S, Araujo,J.A. Resistência à fadiga por
Fretting da liga AA7050-T7451 , paper apresentado em
Tecn. Metal. mat. Minerais São Paulo, 2010
• [17] American Bureau of Shipping Fatigue Assessment of
Offshore Structure, ABS,
https://www.eagle.org/eagleExternalPortalWEB/ShowPropert
y/BEA%20Repository/Rules&Guides/Current/115_FatigueAss
essmentofOffshoreStructures/Pub115_FAOS, 2003
• [18] Lee, Y. Pan, J. Hathaway, R. Barkey M. Fatigue Testing
and Analysis (Theory and Practice) ,Elsevier, 2005
• [19] Notas de aula do curso de Mecânica da Fratura do ITA
(prof. Carlos Chaves)
Motivação
Motivação
Motivação
Motivação
Motivação
Motivação

• Filme: Ensaio de Fadiga do Boeing 787


– Fadiga está associada a carga cíclica!
– Aproximadamente 100.000 voôs são simulados
– Verifica-se:
 Durabilidade
 Validam Procedimentos de Manutenção da Estrutura
 Visualização e acesso a trincas
– Mimetizam : Taxi, Decolagem, Cruzeiro, Pouso, Taxi em diferentes
condições
– Mais de 100 atuadores que impôe diferentes perfis de voô ‘a estrutura
(especificados pelos engenheiros de simulação)
– Este ensaio é executado 24hs x 7 por semana durante 3 anos!
Representa 3 vezes a vida da aeronave
Motivação
Motivação
Motivação Econômica
Motivação Econômica
Motivação Econômica
Motivação Econômica
Motivação Econômica
Motivação Econômica
Motivação Econômica
1- Introdução
Introdução: Objetivos do Curso
Introdução: Objetivos do Curso

• Fadiga é um processo que causa falha prematura ou dano


num componente sujeito a carga repetitiva. É um processo
complicado do ponto de vista metalúrgico, difícil de descrever
e modelar com precisão considerando nível microscópico.
Introdução: Objetivos do Curso

• Espera-se que este curso forneça aos participantes


informação que os capacite nos métodos analíticos
correntes, iniciar estudo mais detalhado para conhecê-los,
e para projetar de modo a evitar falhas por fadiga.

• Enfâse do curso será dada a estimativa de vida a Fadiga em


Metais, embora haja desenvolvimento para outros materiais
como compósitos.
Introdução: Objetivos do Curso

• Os métodos tradicionais serão apresentados: vida baseada


na tensão nominal (Stress-life), vida baseada na deformação
local (strain-life) e de mecânica da fratura.

• Estes métodos tem aplicação específica, sendo que há


áreas de aplicação com sobreposição.

• Entender os pontos importantes dos três métodos auxiliará a


escolher qual o mais adequado para a situação que será
enfrentada.
Introdução: Objetivos do Curso

• Este curso está intimamente ligado a métodos de cálculo e,


os softwares de cálculo de fadiga podem ser, de certa forma,
considerados como pós-processadores dos softwares de
elementos finitos, se utilizados junto a eles.

• Modelagem e análise dos resultados serão enfatizados.


Introdução: Objetivos do Curso

• Procura-se abordar diferentes aspectos e metodologias para


a estimativa de vida, mas não se esgota o assunto.
Introdução: Objetivos do Curso

• Esperamos que este curso traga à tona o “DOM” da cada um


para compreender e usar esta tecnologia.

• “DOM” : Disciplina, Organização e Método


Prof. Damásio de Jesus
Introdução: Falhas Estruturais
Introdução : Falhas estruturais

• Falha é qualquer tipo de perda parcial ou total da sua


funcionalidade. Aplica-se a equipamentos e estruturas.

• Há diversos exemplos, mas usemos o de um pneu furado: o


pneu furado causa uma perda parcial ao veículo, mas pode
leva-lo à perda total, caso seja a causa de um acidente
grave.
Introdução : Falhas estruturais

• Falhas podem ter diversas causas, que podem atuar de


forma independente ou simultânea.

• Há falhas elétricas, químicas, econômicas, humanas.

• Falhas globais

• Falhas locais
Introdução : Falhas estruturais

• Falhas mecânicas são falhas causadas pelas tensões


induzidas pelas cargas de serviço ou eventuais sobrecargas
acidentais que atuam na estrutura.

• Falhas metalúrgicas (ou micro-estruturais) são devidas a


defeitos do material, causados pela fabricação (vazios,
inclusões), por manutenção (soldagem é um exemplo), por
alteração da microestrutura com o tempo.
Introdução : Falhas estruturais

• As cargas que causam falhas mecânicas podem ativar


muitos mecanismos diferentes que podem atuar de forma
competitiva, dentre os quais destacam-se [1]:

– deflexão excessiva
– escoamento
– flambagem
– fluência
– colapso plástico
– fratura
– fadiga
Introdução : Falhas estruturais

• [1] inclue fadiga dentre os mecanismos de falha. Outras


referências tratam dos mecanismos que levam a falha por
fadiga [3], outros autores consideram um modo de falha.

• [2] fadiga é um processo que causa falha prematura ou dano


num componente sujeito a carga repetitiva. Esta parece ser
uma definição mais precisa do que seja fadiga e a falha por
fadiga.
Introdução: Definição de Fadiga
Introdução : Definição de Fadiga

• O termo fadiga (fatigue originalmente) foi cunhado pelo


francês Jean-Victor Poncelet (1839) que fez uma analogia
entre cansaço do ser humano e o que ocorria com o material.
Introdução : Definição de Fadiga

• Como a fadiga de material em geral ocorre para


carregamento durante a operação do componente,
geralmente muito abaixo do que levaria a sua ruptura
imediata, os alemães usam um termo mais objetivo para
definí-la: Betriebsfestigkeit, cuja tradução é
resistência operacional.
Introdução : Definição de Fadiga

• Fadiga é um processo que leva a falha mecânica local,


causado por variação no carregamento aplicado, havendo
dependência do material e da geometria.

• A variação do carregamento leva a nucleação e crescimento


de trinca até que o componente colapse.

• Fadiga é local, progressiva e cumulativa.


Introdução : Definição de Fadiga

• Define-se fadiga, segundo a norma ASTM E1823 - 12e


(substitui a norma ASTM Standard E1150), como o processo
progressivo de dano permanente que ocorre no material
sujeito a condições que produzem tensões e deformações
flutuantes em alguns pontos ou pontos que podem culminar
em trincas ou ruptura completa após um número suficiente
de flutuações.

• Filme: o que é fadiga. (em inglês).


Introdução: História da Fadiga
Introdução : História da Fadiga

• Fadiga de materiais, em especial metais, tem sido estudada


há mais de 170 anos.

• Alguns eventos que marcaram o desenvolvimento dos


métodos para análise de fadiga:

– 1837: o alemão Wilhelm Albert publica o primeiro artigo sobre fadiga.


– 1839: Jean-Victor Poncelet cunhou o termo Fatigue (fadiga) para
descrever que os metais cansavam e falhavam.
– 1860: William Fairbairn e August Wöhler realizam testes sistemáticos
em fadiga de componentes ferroviários, em especial eixos.
– 1870: Wöhler sumariza seu trabalho e conclui que tensões cíclicas
são mais importantes que as tensões de pico e introduz as curvas S-N
e o conceito de limite de fadiga
Introdução : História da Fadiga
Introdução : História da Fadiga

– 1903: Ewing demonstra a origem da falha por fadiga em trincas


microscópicas.

– 1910: O. H. Basquin propõe uma relação log-log para as curvas SN

– 1920: Griffith investiga trincas no vidro. Nascimento da Mecânica da


Fratura.

– 1945: A. M. Miner populariza a hipótese de dano linear de A.


Palmgren (1924) como uma ferramenta prática de projeto. (Dano)

– 1954: L. F. Coffin and S. S. Manson explicam o crecimento de trincas


por fadiga em termos de deformação plástica na ponta de trincas.
(EN)
Introdução : História da Fadiga

– 1959: P. C. Paris apresenta o primeiro método sistemático para tratar


a propagação de trincas. (MFLE/LEFM)

– 1961: Neuber propõe um método para estimar tensões e deformações


elasto-plásticas em regiõs com concentração de tensão.

– 1968: Tatsuo Endo e M. Matsuishi criam o algorítimo de contagem de


ciclos “rainflow-counting algorithm” e capacitam a aplicação da regra
de Miner a carregamentos randômicos (amplitude variável).

– 1970: W. Elber elucida o mecanismo e importância do fechamento da


trinca na redução do crescimento de trincas devido a fadiga devido ao
efeito de “cunha” que a deformação plástica deixa atrás da ponta da
trinca. (CTOD)
Introdução : História da Fadiga

• “A partir dos anos 1970, análise de fadiga se tornou uma


ferramenta de engenharia bem estabelecida em muitas
aplicações industriais. A despeito de todo o conhecimento
acumulado, falhas por fadiga ainda continuam a ocorrer.
Mais pesquisa não resolverá este tipo de problema. Mais
educação resolverá.” Prof. Darrel Socie , University of Illinois
Introdução: Mecanismos
Típicos de Trincamento por
Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga

2 Reversals = 1 Cycle
Revisão Engenharia de
Materiais
(Metais)
Introdução : Revisão - Engenharia de Materiais

• ESTRUTURA DE SÓLIDOS CRISTALINOS

• Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo o


arranjo entre os átomos ou íons. Um material cristalino se
caracteriza pelos átomos situados em um arranjo periódico
ao longo de grandes distâncias atômicas, de tal forma que
quando a solidificação ocorre, os átomos se posicionarão em
um padrão tridimensional repetitivo, no qual cada átomo está
ligado aos seus vizinhos mais próximos. Algumas
propriedades dos sólidos cristalinos dependem da estrutura
cristalina.
Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

• ESTRUTURA CRISTALINA DE METAIS


Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

• IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS

– Todo material contém na sua estrutura uma grande quantidade de


defeitos cristalinos que podem afetar as suas propriedades
mecânicas.
– Algumas características dos materiais podem ser melhoradas pela
adição de quantidades controladas de certos defeitos.
– Um defeito cristalino é uma descontinuidade na rede cristalina com
uma ou mais das suas dimensões na ordem de um diâmetro atômico.
– Estes podem ser classificados em função da sua geometria ou
dimensões.
Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

• IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS

– Defeitos pontuais: o mais simples dos defeitos pontuais é a lacuna, ou


seja, a ausência de um átomo da sua posição normal em uma
estrutura cristalina perfeita.
– Auto-intersticial: consiste num átomo do cristal que se encontra
comprimido no interior de um sítio intersticial.
Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS
Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

• IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS

– Impurezas em sólidos: os metais geralmente possuem impurezas ou


átomos estranhos, alguns existirão como defeitos cristalinos pontuais.
Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

• IMPERFEIÇÕES DIVERSAS

– Discordâncias: uma discordância é um defeito linear, em torno do


qual os átomos estão desalinhados.

Representação de uma discordância de aresta


Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

• IMPERFEIÇÕES DIVERSAS

– Outro tipo de discordância é a de espiral que se considera como


sendo formada por uma tensão cisalhante aplicada para produzir a
distorção

Representação de uma discordância de espiral


Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

• IMPERFEIÇÕES DIVERSAS

– Nos metais é comum encontrar discordâncias mistas

Representação de uma discordância mista


Introdução : Revisão- Engenharia de Materiais

• IMPERFEIÇÕES DIVERSAS

– Nos materiais cristalinos, as discordâncias podem ser observadas


mediante microscopia eletrônica.

– As discordâncias estão relacionadas com a deformação plástica do


material.

– Filme sobre discordância (dislocation).


Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga

 Outros fatores que levam a nucleação de trincas


 Fluência (Creep): vazios no material -> Concentração de
tensão
 Fretting (movimento de duas superfícies em contato com
atrito)
 Arranhões e outras formas de defeito superficial

 Exemplo: cuidados neecssários com soldagem em componentes de


plataforma offshore
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga

 Descreve-se modelo aceito (Forsyth,J.P.E A two stage


process of fatigue crack growth) para explicar o processo de
fadiga em metais.

Foto Cortesia NEMAF – USP São Carlos


http://www.eesc.usp.br/smm/index.php/pt/laboratorios/areas-de-
pesquisa/multiareas/ensaios-mecanicos
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Mecanismos Típicos de Trincamento por Fadiga
Introdução: Métodos de
Dimensionamento a Fadiga
Introdução: Métodos de Dimensionamento a Fadiga

Similaridade (ou similitude)

• S-N (Vida Total): A vida de um componente é igual a vida do


material levantada em um laboratório se ambos são sujeitos
a mesma tensão nominal.

• E-N (Iniciação de trinca): A vida até o início de trinca numa


região localizada num componente é a mesma que a vida (do
material) até o início de trinca levantada em laboratório se
ambos, componente e corpo de prova de material,
experimentam a mesma deformação local.
Introdução: Métodos de Dimensionamento a Fadiga

Similaridade (ou similitude)

• Propagação de trinca (LEFM): A trinca num componente


cresce na mesma taxa que a trinca num corpo de prova, se
ambas experimentam os mesmos fatores de intensidade de
tensão.
Introdução: Métodos de Dimensionamento a Fadiga

• A tabela abaixo traz uma comparação entre os métodos para estimativa de vida.
S-N E-N LEFM
Pontos Simples Modelagem da Propagação da
fortes plasticidade residual trinca
Vidas longas
Cargas de amplitude Mecanismo de
Amplitudes Constantes variável trinca e dano
Grandes quantidades de Dados Geometria complexas Efeitos da
sequência de
Altas temperaturas aplicação de carga
Pontos Empírico Mais complicado Não considera o
fracos início da trinca
Extrapolação Iniciação apenas
Sensível ao
Plasticidade Ignorada Partes empíricas no tamanho inicial da
cálculo trinca
Depende da geometria
Condição dos corpos EPFM é complexo
de prova
Estimativa dos K
Aplicações Estimativa de Vida Deformações plásticas da/dN a partir do
tamanho inicial da
Cargas de amplitude constante Altas temperaturas trinca (a0)
Componentes com vida longa Cargas de amplitude Trincas pré-
variável existentes
Entalhes agudos
Introdução: Projeto Básico
Incorporando Fadiga
Introdução: Projeto Básico Incorporando Fadiga
Introdução: Projeto Básico Incorporando Fadiga
Introdução: Projeto Básico Incorporando Fadiga
Exercício 1

• Fadiga do Clip de Papel

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