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NINGUÉM MAIS VAI SER BONZINHO,

NA SOCIEDADE INCLUSIVA
"Inclusão deve ser assunto de hora do jantar, de churrasco aos
domingos, de reuniões de empresários, do discurso e das práticas
diárias de políticos e de governantes e até das conversas românticas de
namorados, preocupados em não repetir com seus filhos os erros que
transformaram o homem num perito na arte de excluir. Na sociedade
inclusiva, não há espaço para atitudes como 'abrir espaço para o
deficiente' ou 'aceitá-lo', num gesto de solidariedade, depois ir dormir
com a sensação de ter sido bonzinho. Na sociedade inclusiva ninguém
é bonzinho. Somos apenas - e isto é suficiente - cidadãos responsáveis
pela qualidade de vida do nosso semelhante, por mais diferente que
ele seja ou nos pareça ser".
Claudia Werneck
Em 14 de julho de 1933, Hitler, publica uma lei sobre a
esterilização dos deficientes mentais.

Protestos houve somente do clero.


Um decreto datado de 1º de setembro de 1939,
exatamente no dia da deflagração da Segunda
Guerra Mundial, prescrevia não mais somente
esterilizar mas também levar à morte os
deficientes, os marginais e os que apresentavam
tendência permanente para a depressão.

O pretexto era de liberar os leitos hospitalares


para os futuros feridos de guerra.
1939: Programa nazista de extermínio

No dia 1º de setembro de 1939, os nazistas criaram um programa de extermínio que visava a eliminação de
doentes incuráveis, idosos senis, deficientes físicos e doentes mentais.

Os deficientes físicos e mentais eram considerados “inúteis"


à sociedade, uma ameaça à pureza genética ariana e,
portanto, indignos de viver.

No início da Segunda Guerra Mundial, indivíduos que tinham


algum tipo de deficiência física, retardamento ou doença
mental eram executados pelo programa que os nazistas
chamavam de “T-4” ou “Eutanásia”.

Em 1º de setembro de 1939, Adolf Hitler assinou um decreto autorizando os


médicos e psiquiatras a concederem o que chamavam de "morte de
misericórdia" a doentes incuráveis, deficientes mentais e físicos. Esse
programa de "eutanásia" atingia todos os cidadãos judeus na Alemanha.

https://encyclopedia.ushmm.org/content/p
t-br/article/the-murder-of-the-
handicapped
Castelo Hartheim, um centro de
extermínio por eutanásia onde pessoas
com deficiências físicas ou mentais
eram mortas asfixiadas por gás ou com
injeção letal. Hartheim, Áustria, data
incerta.

Judeus, homossexuais, ciganos e deficientes físicos e mentais eram vistos


como inferiores, sendo assim classificados pelos médicos nazistas como
“espécimes científicas”.

A maior parte dessas experiências resultaram em desfiguração,


incapacidade permanente ou morte. Podem ser divididas em três
categorias distintas: eugenia, militar e ciência geral. Os objetivos eram
explicar a suposta diferenciação racial, aumentar a eficiências dos
soldados alemães e “aprimorar” a ciência.
Ao lado, propaganda nazista em favor do
extermínio: "60 000 marcos é o que essa pessoa
portadora de defeitos hereditários custa ao Povo
durante sua vida. Companheiro, é o seu dinheiro
também".

No começo do século XX, parecia


legítimo que os seres humanos
mais frágeis desaparecessem e
abrissem espaço a seres mais bem
preparados para sobreviver, em
nome da seleção natural. É desse
modo que são editadas em
determinados Estados leis que
permitiam esterilizar pessoas
dadas como fracas de espírito ou
deficientes.
A origem dessa foto é um filme produzido pelo Ministério da Propaganda do Reich. Ela mostra dois
médicos em uma ala de um asilo não identificado. O estado dos pacientes nesta ala é descrito como "a
vida apenas como um fardo." Essas imagens eram feitas para gerar apoio público para o Programa de
Eutanásia.
Soldado americano olhando o
cemitério do Instituto
[psiquiátrico]Hadamar, onde pessoas
com problemas mentais, vítimas do
programa de eutanásia nazista, foram
enterradas em valas coletivas. Esta
fotografia foi tirada por um fotógrafo
militar norte-americano logo após a
libertação. Alemanha, 5 de abril de
1945.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o
mundo precisou se reorganizar.

A Europa estava devastada, assim como os


países aliados porque enviaram tropas para
derrotar Hitler.

As cidades exigiam reconstrução, as


crianças órfãs precisavam de abrigo,
comida, roupas, educação e saúde.

Os adultos sobreviventes das batalhas têm


Com a Carta das Nações Unidas, criou-se a Organização seqüelas e precisam de tratamento médico
das Nações Unidas – ONU, no ano de 1945 em Londres, e reabilitação.
visando encaminhar com todos países membros as
soluções dos problemas que assolavam o mundo.
Em 1948, a comunidade internacional se reúne na nova sede da ONU, em Nova York, jurando
solenemente nunca mais produzir as atrocidades como aquelas cometidas durante a Segunda
Guerra Mundial. Os dirigentes mundiais decidem então reforçar a Carta das Nações Unidas, declarando
em um só documento todos os direitos de cada pessoa, em todo lugar e tempo.

Nasce a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Declaração Universal dos


Direitos do Homem

Artigo 1º: Todas as


pessoas nascem livres e
iguais em dignidade e
direitos. São dotadas de
razão e consciência e
devem agir em relação
umas às outras com
espírito de fraternidade.
No artigo 25 há menção expressa à pessoa com deficiência, designada de “inválida”

Artigo 25 em relação à pessoa com deficiência:


1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família
saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença,
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de
seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as


crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

É nesse tempo de reconstrução que as instituições voltadas para as pessoas


com deficiência se consolidaram em todos os países, principalmente
buscando alternativas para sua integração social e aperfeiçoamento das
ajudas técnicas para pessoas com deficiência física, auditiva e visual.
Grau leve (nível 1)
Nesse grau de autismo, a pessoa necessita de pouco suporte, tem dificuldades na comunicação,
mas sem que isto limite sua interação social. Problemas de organização e planejamento podem
prejudicar a independência. Apresenta sinais como comportamento inflexível e dificuldade para
trocar de atividades e para experimentar situações novas.
Grau moderado (nível 2)
O grau de autismo moderado apresenta déficits nas habilidades de comunicação verbais e não
verbais, mas com menos intensidade do que o nível 3 (severo). Devido às dificuldades de
linguagem, necessitam de suporte para o aprendizado e interação social. Precisa de apoio e seus
comportamentos restritivos e repetitivos são mais frequentes e evidentes, mostrando-se mais inflexível
e com dificuldade para mudar o foco das ações.
Grau severo(nível 3)
As pessoas com grau severo de autismo precisam de ainda mais suporte, pois apresentam
déficits de comunicação graves. Também têm muita dificuldade nas interações sociais e
capacidade cognitiva prejudicada. Tendem ao isolamento social e podem apresentar alta
inflexibilidade de comportamento. São altamente dependentes e apresentam extrema dificuldade
para lidar com mudanças, o que impacta significativamente seu funcionamento, além de gerar
sofrimento.
HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO
SOCIAL
As dificuldades na comunicação ocorrem em graus variados, tanto na habilidade
verbal quanto na não verbal de compartilhar informações com outros. Algumas
crianças não desenvolvem habilidades de comunicação. Outras têm uma linguagem
imatura, caracterizada por jargão, ecolalia, reversões de pronome, prosódia anormal,
entonação monótona, etc. Os que têm capacidade expressiva adequada podem ter
inabilidade em iniciar ou manter uma conversação apropriada. Os déficits de
linguagem e de comunicação persistem na vida adulta, e uma proporção significativa
de autistas permanecem não verbais. Aqueles que adquirem habilidades verbais
podem demonstrar déficits persistentes em estabelecer conversação, tais como falta
de reciprocidade, dificuldades em compreender sutilezas de linguagem, piadas ou
sarcasmo, bem como problemas para interpretar linguagem corporal e expressões
faciais (GADIA, et al. 2004, p.20).

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/interacao-social#PREJUIZOS-E-COMPROMETIMENTOS-
NA-INTERACAO-SOCIAL
Uma das principais áreas As competências sociais se dividem em seis categorias:
prejudicadas, e a mais
1.Comunicação: habilidade de expressar-se, saber ouvir, de
evidente, é a da habilidade
social. A dificuldade de
manter uma conversa, elogiar, receber feedbacks
interpretar os sinais sociais 2.Empatia: capacidade de se colocar no lugar de outra
e as intenções dos outros pessoa, entender e oferecer apoio
impede que as crianças 3.Civilidade: capacidade de ser cortês, pedir com educação e
com autismo percebam agradecer
corretamente o ambiente 4.Expressão de sentimento positivo: cultivar sentimentos de
em que vive. Vale ressaltar afeto e saber se relacionar de forma carinhosa
que, crianças com autismo, 5.Postura de trabalho: habilidade de tomar decisões, resolver
muitas vezes buscam
questões e mediar conflitos
contatos sociais, mas, não
sabem exatamente o que
6.Enfrentamento: saber atuar de forma assertiva, manifestar
fazer para mantê-los opiniões, aceitar e pedir desculpas, recusar pedidos, lidar com
(SILVA, 2012). críticas
Para MELLO, 2007, devido aos diferentes graus do TEA, as
Partindo do contexto que o TEA intervenções têm que serem adequadas a cada tipo ou grau de
apresenta níveis de desenvolvimento comprometimento.
e ainda grupos verbalizados e não
verbalizados, pode-se dizer que o Para crianças com TEA, verbalizadas, sem Deficiência intelectual
desafio não é pequeno; e além (DI), deve-se desenvolver enquanto antes a autonomia, a
destas características citadas existe independência, a comunicação não verbal simbólica, aspectos
a singularidade de cada criança, sociais como imitação, aprender a esperar a vez, aprender a
deixando para os professores uma participar de jogos de equipe para problemas de comportamento e
responsabilidade ainda maior aumentar a socialização, ensinar a flexibilizar tendências
repetitivas, desenvolver habilidades cognitivas e acadêmicas,
buscando atividades diárias como ajudante do dia do professor,
fazer lista de atividades, usarem agendas e calendários para
melhor organização, estimular trabalhos em grupo, ensinar a pedir
ajuda quando necessário, ser elogiado sempre que for bem
sucedido, ser acompanhado no intervalo do recreio para que não
fique aéreo e seja alvo de brincadeiras e julgamentos inadequados
de outras crianças e também para ser guiado a coisas de seu
interesse.
O método TEACCH utiliza uma avaliação chamada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) para
avaliar a criança, levando em conta os seus pontos fortes e suas maiores dificuldades, tornando possível
um programa individualizado.

O TEACCH se baseia na organização do ambiente físico através de rotinas - organizadas em quadros,


painéis ou agendas - e sistemas de trabalho, de forma a adaptar o ambiente para tornar mais fácil para a
criança compreendê-lo, assim como compreender o que se espera dela.

Através da organização do ambiente e das tarefas


da criança, o TEACCH visa desenvolver a
independência da criança de modo que ela
necessite do professor para o aprendizado, mas
que possa também passar grande parte de seu
tempo ocupando-se de forma independente.
(MELLO, 2007)
Segundo UCHÔA, 2015, o TEACCH também auxilia a família, pois elas devem organizar o
ambiente da casa, dando mais segurança à criança e ao mudar o ambiente deverá avisar com
antecedência, para que não se frustre com a mudança do ambiente e vá se acostumando com o
novo ambiente ao qual irá.

BOSSA, 2006, aponta que métodos em que usam sinais têm sido amplamente utilizados. Tem-se
o MAKATON que utiliza símbolos e sinais. É um método muito utilizado no Reino Unido. O PECS
(Sistema de Comunicação por Troca de Figuras) é um método onde a criança utiliza o Velcro ou
adesivos para indicar o início, as alterações ou final das atividades, facilitando a comunicação e a
compreensão estabelecendo uma associação entre símbolo e atividade.

A Técnica Comunicação Facilitada é outra maneira de trabalhar com autistas usando apoio físico
para mãos, braços ou pulsos com o objetivo de incentivar as crianças a utilizarem cartões de
comunicação de vários tipos proporcionando melhoras nas habilidades de comunicação e
linguagem.
MELLO, 2007, apresenta a ABA (Análise Aplicada do Comportamento) como um método: visa
ensinar à criança habilidades que ela não possui, através da introdução destas habilidades por
etapas.

Cada habilidade é ensinada, em geral, em esquema individual, inicialmente apresentando-a


associada a uma indicação ou instrução. Quando necessário, é oferecido algum apoio (como
por exemplo, apoio físico), que deverá ser retirado tão logo seja possível, para não tornar a
criança dependente dele. A resposta adequada da criança tem como consequência a
ocorrência de algo agradável para ela, o que na prática é uma recompensa. Quando a
recompensa é utilizada de forma consistente, a criança tende a repetir a mesma resposta. O
primeiro ponto importante é tornar o aprendizado agradável para a criança. O segundo
ponto é ensinar a criança a identificar os diferentes estímulos. Respostas problemáticas,
como negativas ou birras, não são, propositalmente, reforçadas. A criança é levada a trabalhar
de forma positiva, para que não ocorram os comportamentos indesejados.
Como trabalhar com o autismo na educação infantil?
Conheça as necessidades do aluno Divida as tarefas em etapas

Converse com os pais Crie um cantinho de relaxamento


Adapte o espaço de aula e as práticas pedagógicas
Dê instruções claras
Estabeleça uma relação de confiança entre professor e
aluno Ajude seu aluno a identificar suas
Crie projetos de inclusão emoções

Estimule a socialização Use recursos visuais

Use atividades lúdicas e


brincadeiras

Promova atividades coletivas

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