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Os aperfeiçoamentos feitos nas máquinas transformam o trabalho dos homens,

segundo Hegel, em simples vigilância, colocando a execução deste labor de


forma tão simples que pode ser efetuado por uma mulher ou até mesmo uma
criança. Essa situação gerou insegurança nos trabalhadores, tirou deles sua
estabilidade, causou queda em seu salário. É notório destacar que, como está
contido no livro, os salários das mulheres e das crianças não teve nenhum tipo
de queda, pelo fato deste valor ser baixo desde o princípio. Hegel discorre sobre
esse ocorrido em seu livro quando retrata em partes a situação dessas mulheres
na Inglaterra. "Conheço muitas mulheres, viúvas com filhos, que com muito
trabalho mal ganham oito a nove shillings por semana – e quem conhece os
preços dos gêneros de primeira necessidade na Inglaterra admitirá comigo que,
com um tal salário, elas, com suas famílias, não podem viver decentemente.”
(Engels, Friedrich, 1820-1895 - A situação da classe trabalhadora na Inglaterra /
pg 177). E como Marx coloca, o trabalho doméstico foi tomado pelos
capitalistas, pois a maquinaria levou toda a família do operário ao mercado de
trabalho, deste modo ocorre a repartição da força que o funcionário usa para
executar seu trabalho, por tanto ocorre a desvalorização da mesma. Em seu livro
também está contido o fato ocorrente de crianças serem vendidas pelos seus pais
para executarem atividades trabalhistas e as mulheres também alugavam
crianças para trabalhadores na Inglaterra, dentre este fato, tomaremos a nossa
atenção para o fato recorrente que envolve a mortalidade infantil, segundo
causas locais que impulsionam a ocupação de suas mães ao mercado trabalhista,
alavancando posteriormente a desagregação da família, segundo Engels, essa
ausência materna ocasiona a indiferença da mãe para com o filho, este cresce de
maneira solitária e sem perspectiva de gerar uma família, este ocorrido colabora
com o aniquilamento familiar, um fenômeno que no que lhe concerne era
recorrente entre os operários ingleses. Engels coloca que a supremacia da
mulher, dada por meio da sua entrada na Indústria, as levava a abandonar o lar
de seus pais alegando sua independência e sua capacidade de se sustentar, os
seus lares também eram destruídos já que o homem não mais era o único
provedor do lar. Mulheres que trabalhavam nas fábricas desde sua infância, não
aprendiam as tarefas domésticas necessárias para se manter um lar, tornando-se
incapazes de serem uma boa dona de casa. Friedrich coloca que este cenário não
agrega na formação de um caráter feminino, visando que a proximidade entre
esses indivíduos sem formação nenhuma gera comportamentos indecentes. “
Uma testemunha de leicester afirma que preferia mandar a filha para a
mendicância a deixá-la numa fábrica, que esta é um verdadeiro inferno e que a
maioria das prostitutas da cidade devia à fábrica a sua condição (Power, evid. p.
8); uma outra, de Manchester, declara “ter condições de afirmar que três quartos
das jovens operárias entre catorze e vinte anos já não são virgens” (cowell, evid.
p. 57). “ (Engels, Friedrich, 1820-1895 - A situação da classe trabalhadora na
Inglaterra / pg 186).
A submissão de suas operárias garante ao patrão o direito sobre seus corpos,
sem resistência por parte das mesmas, pois a ameaça de demissão causa o
"consentimento", uma vez que as jovens não têm motivo para preservar sua
honestidade. Os industriais em seu início não deixavam de se aproveitar dessas
moças, isto em suas visões era um poder adquirido. Todo esse trabalho gerou
consequências fisiológicas entre as trabalhadoras, podemos ressaltar que as
operárias tinham maior dificuldade em entrar em trabalho de parto. Até mesmo
grávidas, não paravam de trabalhar em um só momento da gestação, ambos os
gêneros sofrerão com a negligência médica, considerando os problemas físicos
que o ambiente febril proporcionava em todos, inclusive nas crianças que desde
sua primeira infância, trabalhavam em função das máquinas, pois era comum os
patrões buscarem por pequenos pobres, que inseridos nas fábricas como
aprendizes, tornavam-se simplesmente escravos e eram submetidos a situações
cruéis. É claro que essas mulheres não podiam abandonar seu cargo, pois
ficariam sem seus salários e logo seriam substituídas, um fato recorrente era o
nascimento dessas crianças dentro das fábricas, entre as máquinas. Uma longa
jornada de trabalho, acabava resultando no nascimento da criança no dia
seguinte, um fato comum dentro desse ambiente. É uma crueldade, uma
situação deplorável, essas mulheres submetidas a estas condições, tendo que
trabalhar, levantar e abaixar por uma longa jornada, sem parar. Após o
nascimento só podia ficar em casa por apenas alguns dias, tinha que voltar o
mais rápido possível, se não poderia perder seu posto, essa perda era
desesperadora e inimaginável, por tanto ocultavam suas dores e também suas
doenças, uma vez que não podiam nem pensar em faltar. “uma jovem sentia-se
muito mal, dificilmente conseguia fazer seu trabalho. Pergunto-lhe: ”Por que
não pede licença para ir para casa?”. responde ela: ”Ah, senhor, o patrão nisso é
muito intransigente, se nos ausentamos por um quarto da jornada ele pode nos
despedir” (Engels, Friedrich, 1820-1895 - A situação da classe trabalhadora na
Inglaterra / pg 198). O filho das operárias não nascem com boa saúde, podendo
desenvolver problemas futuros, mais tarde tomam o destino que é comum a
todos os outros e ingressam para as indústria e após isso é só questão de tempo
para comprometerem ainda mais sua saúde. Essa situação recorrente em todas
as fábricas e o ambiente quente, acabam por gerar mudanças nos corpos das
moças mais jovens, podendo trazer um desenvolvimento físico mais rápido, essa
formação também ocasiona a gravidez precoce entre essas meninas, também
ocorre o retardamento desse desenvolvimento, onde acabam tendo anemia e
outros problemas.

A execução de tarefas com a fiação do linho operada por mulheres e crianças,


especificamente, ocasiona, devido ao absorvimento de água na roupa, resfriados
crônicos e afecções pulmonares, a forma na qual é feita essa fiação causa
problemas físicos, devido às várias mudanças de posição pela baixa altura da
máquina. “(...)não vi uma só jovem bem constituída e bem proporcionada –
eram todas pequenas, atarracadas, disformes, em uma palavra, defeituosas de
corpo.” (Engels, Friedrich, 1820-1895 - A situação da classe trabalhadora na
Inglaterra /pág 200).

Outra situação retratada por Marx, são os excedentes acontecidos dentro do


setor de encadernação, operado por mulheres e crianças. Os pequenos
executavam trabalho pesado, trabalhos noturnos com a manufatura de velas e
produtos químicos, eram executados por jovens moças, entre outros trabalhos
sujos e com um péssimo salário, um exemplo disto é a classificação de trapos,
devido ao contato direto das operárias com o material, o processo de fabricação
deste trapo e também sua matéria-prima, essas mulheres contaminam-se com
varíola e outras doenças contagiosas, consequentemente tornam-se
transmissoras. As crianças trabalhavam até mais que os adultos, trabalhos
árduos, um exemplo é a olaria de Mosley, onde uma jovem produzia 2 mil
tijolos, com a ajuda de duas crianças que eram encarregadas de trazer barros e
empilhar os tijolos, eram carregados toneladas de barro, que era preciso passar
por aclives escorregadios e escavações com grandes profundidades. Quando
acaba a jornada de trabalho das crianças, os senhores capitalistas davam e eles
pacotes para fazer em casa, com a ajuda de sua mãe, essas mulheres
trabalhavam em situações ainda piores, dentro de salas pequenas ou até mesmo
sótãos, seus salários permanecem detestáveis, devido à apropriação dessa força
feminina e imatura, que excede os excessos e passa do horário de descanso.

O passado reflete até os dias atuais, é importante entender todas essas lutas e
acontecimentos, não vemos de formas tão análogas esses fatos atualmente,
muito ainda se faz presente. A degradação intelectual, a exploração de seres
humanos imaturos, as formas de abuso ocorrentes com a mão de obra feminina,
é retratado em outras obras, por outros autores. A introdução e a análise diante
destes fatos servem para o conhecimento e a conscientização da situação destes
operários e suas importantes influências econômicas. Mesmo em cenários de
fábricas diferentes, com os mais diversos acontecimentos, houve todo um
estímulo para uma nova consciência, todo movimento operário, toda a
contestação e a busca pelo direito de ambos os sexos. Através de muitas
mulheres, seus lares foram mantidos e este acontecimento abriu caminho para
gerações futuras de mulheres atuarem no mercado de trabalho e serviu de
complemento para o direito dos gêneros, embora até hoje vemos divergência
entre os salários, está situação também mudou as formas familiares e ocupação
que cada membro tinha na família. As relações do trabalho infantil tomaram sua
forma, ganhando espaço nos estatutos e nas legislações. Vemos hoje inúmeras
instituições que permitem ao jovem e ao adolescente o acesso à educação e ao
trabalho. Qualquer forma de trabalho infantil que não esteja dentro dos termos
da lei é uma exploração e atualmente é crime.

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