Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mono Jeferson
Mono Jeferson
FACULDADE DE SINOP
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Sinop/MT
2019
1
Sinop/MT
2019
2
_____________________________________________
PROF
Professor Orientador Hercules Costermani
Departamento de Educação Física - FASIPE
______________________________________________
Professor (a)
Departamento de Educação Física - FASIPE
________________________________________________
Professor (a)
Departamento de Educação Física - FASIPE
_________________________________________________
Me. Claudemir Gomes Da Cruz
Coordenador do Curso de Bacharel em Educação Física
FASIPE – Faculdade de Sinop
Sinop/MT
2019
3
DEDICATÓRIA
III
4
AGRADECIMENTOS
IV
5
Arthur Schopenhauer
V
6
RESUMO
VI
7
ABSTRACT
The large occurrence of muscle injuries in soccer players has become frequent and worrying,
and produces direct complications in the sports performance of the athletes and consequently
of the team they serve. The production of this study is based on the selection and analysis of
the bibliographic information already produced, which showed that the thigh and the knee are
the most affected anatomical regions. Bibliographic data revealed that the thigh is the
anatomical region where most muscle injuries occur. In general, the most common muscle
injuries in soccer are classified as bruises and tears, the latter occurring in muscles that work in
more than one joint, the bi-joint muscles. In addition, we found that hamstring rupture has the
highest recurrence rate. Prevention involves the performance of a trained professional, the
physical trainer, who in addition to establishing preventive measures, such as strength and
flexibility training, and knowing the means of prevention. Upon recovery and before returning
to competition, the player must undergo functional tests to assess his readiness.
VII
8
LISTA DE QUADROS
VII
9
LISTA DE GRAFICOS
IX
10
SUMÁRIO
1. Introdução.....................................................................................................................11
1.1 Justificativa...................................................................................................................12
1.2 Problematização............................................................................................................12
1.3. Objetivo Geral...............................................................................................................13
1.3.1 Objetivos Especificos....................................................................................................13
2. REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA..................................................................................14
2.1. O futebol........................................................................................................................14
2.1.1. Definição de lesão no futebol ........................................................................................15
2.1.2. Tipo, localização e gravidade das lesões no futebol.......................................................16
2.2. Lesões na coxa...............................................................................................................21
2.2.1. Considerações anatómicas e funcionais dos músculos da coxa......................................21
2.2.2. Corrida...........................................................................................................................21
2.2.3. Contato com a bola........................................................................................................23
2.2.4. Salto e cabeceio.............................................................................................................24
2.3. Tipo de lesões na coxa...................................................................................................23
2.3.1. Contusões......................................................................................................................25
2.3.2. Principais lesões musculares e classificação.................................................................26
2.4. Prevenção de lesões no futebol......................................................................................29
2.4.1. O papel do treinador e do prepador físico......................................................................29
2.4.2. Os fatores de riscos intrínsecos e extrínsecos................................................................30
2.4.3. Treino da força na prevenção de lesões.........................................................................33
2.4.4. Treino da flexibilidade na prevenção de lesões.............................................................35
2.4.5. Treino proprioceptivo na prevenção de lesões..............................................................36
3. METODOLOGIA.........................................................................................................38
3.1. Tipo de Pesquisa............................................................................................................38
3.2. Abordagem....................................................................................................................39
3.3. Amostra de estudo.........................................................................................................40
3.4. Coleta de dados..............................................................................................................40
4. ANALISE E DISCUSSÕES.........................................................................................41
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................47
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 49
11
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1.JUSTIFICATIVA
Cada vez mais, vemos uma maior exigência competitiva no futebol, associada à
importância de um jogador a sua equipe, isso faz com que muitas vezes tenha uma pressão
intensa quanto a recuperação do mesmo, podendo muitas vezes, logo após a recuperação
acelerada, este sofre uma nova lesão, fazendo com que a equipe perca por mais tempo.
Conhecer as principais lesões que acometem os jogadores de futebol é de suma
importância para o profissional que deseje trabalhar com esta vertente da educação física,
entender os mecanismos que compõem a lesão, e entender os meios para evita-las são dados
necessários.
Segundo Emery, Meeuwisse e Hartmann (2006) grande maioria dos estudos são
realizados em categorias de base ou com times que não são dá primeira divisão do campeonato
brasileiro, algo que tem bastante relevância de acordo com time da primeira divisão, possuem
maior número de lesões, comparado a outras divisões.
Sendo assim, um estudo especifico no futebol profissional brasileiro, da primeira
divisão, se faz necessário para mapear os casos mais frequentes e recorrentes de lesões, e
comparar com o futebol europeu, visto que o futebol europeu tende a ter uma melhor base de
prevenção e recuperação de lesões no esporte.
1.2.PROBLEMATIZAÇÃO
Brito et al. (2009) comentam que os conhecimentos prévios sobre quais lesões são mais
frequentes e suas consequências servem de suporte para que seja elaborado um programa de
prevenção adequado para cada situação pelo preparador físico.
Sendo assim, tratamento preventivo se torna mais eficaz com base no levantamento dos
casos mais recorrentes dessas lesões.
1.2.OBJETIVOS
CAPÍTULO II
REVISÃO DE LITERATURA
2.1. O futebol
Segundo Oliveira (2012), a prática do futebol não era considerada um esporte entre os
séculos XVI e meados do XIX, uma vez que praticar esportes era uma atividade exclusiva da
nobreza, que tinha preferência por outras atividades, tais como a prática do arco-flecha e
equitação.
O futebol foi durante muitos anos praticado apenas pela classe camponesa, e vista como
atividade vulgar pela nobreza inglesa.
A marginalização na Inglaterra, segundo Helal (1997), seguiu até por volta de 1870,
quando em plena era vitoriana os trabalhadores conquistaram o direito a folga nas tardes de
sábado, que seriam ocupadas pela prática do então novo esporte que havia sido recém
regulamentado.
E em 1894, o futebol chega ao Brasil:
Ainda, de acordo com Gonçalves (2000), o permanente contato físico entre os jogadores,
constitui o fator principal para a elevada ocorrência de lesões no futebol.
Keller, Noyes e Buncher (1987) afirmam já nos anos 80, o futebol é responsável pelo
maior número de lesões desportivas do mundo, estima-se que essas lesões são responsáveis por
50 a 60% das lesões esportivas na Europa e que 3,5 a 10% dos traumas físicos tratados em
hospitais europeus são causados pelo futebol.
Os excessos de cargas, como jogos e treinos, segundo Merk (2010) contribuem para a
incidência de lesões, também aponta como traumática o maior motivo das lesões, as lesões nos
ossos, articulações e músculos são muito recorrentes, podendo variar de uma distensão
muscular leve à uma avulsão ligamentar ou fratura.
Como consequência destes desencontros por parte dos pesquisadores, se tornou difícil
fazer comparações com estudos já realizados nas décadas passadas. Massada (2001), diz que
apenas através da uniformização e sistematização dos métodos se poderá comparar
corretamente os estudos e avançar no conhecimento sobre este tema.
Sobre as definições especificas de lesão no futebol, muitos autores concordam com a
definição de que a lesão no futebol é caracterizada como um incidente ocorrido ao longo da
época ativa do atleta, durante um jogo ou treino, obrigando o atleta a abandonar a atividade por
determinado tempo e consultar um médico.
Larson et al. (1996) sugeriram que só fossem consideradas as lesões que obriguem ao
atleta a parar pelo menos uma semana. Sendo assim, lesões onde a recuperação acontece em
um curto espaço de tempo, não são contabilizadas.
Para Soares (2007), lesão no futebol é todo o tipo de ocorrência, de origem traumática
ou de sobre uso, que resulta numa incapacidade funcional, obrigando o jogador a interromper
a sua atividade, não participando em, pelo menos num treino ou jogo.
No quadro seguinte, podemos ver a distribuição dos vários tipos de lesão no futebol e
o seu grau de gravidade.
Lesão ligamentar 28 16 7 5
Lesão muscular 24 17 5 2
Contusão 20 15 5 0
Lesão de tendão 18 9 7 2
17
Fraturas 4 1 1 2
Deslocação 2 0 2 0
Outras 4 4 0 0
Total 100 62 27 11
Quadro 1: Diferentes tipos de lesão no futebol (adaptado de Ekstrand, 2003)
Segundo a análise do quadro feita por Ekstrand (2003), podemos observar facilmente
que as lesões ligamentares (29%) e as roturas musculares (23%) são as mais frequentes, a par
das contusões (20%).
Gonçalves (2000), ao analisar a localização destas lesões verificou que a coxa é a região
anatómica mais afetada, com 60,8% de todas as lesões ocorridas no membro inferior.
Analisando as lesões ocorridas nos grupos musculares quadríceps e isquiotibiais
separadamente, observou- se que o primeiro contou com 15,2% da totalidade das lesões,
enquanto que o grupo muscular dos isquiotibiais registou 45,6% da totalidade das lesões
registradas.
Ekstrand (2003) também constatou que a coxa e o joelho são as regiões anatómicas onde
ocorre o maior número de lesões e ordenou os vários tipos de lesões de acordo com três
categorias de gravidade.
De acordo com o mesmo autor:
Durante a Euro 2004, Ekstrand (2004) ordenou as lesões em quatro graus de gravidade,
de acordo com os dias de ausência nos treinos/jogos: Ligeiras (1-3 dias), Menores (4-8),
Moderadas (8-28) e Maiores (mais do que 28 dias).
De acordo com Ekstrand (2003), o risco de se lesionar durante o jogo aumenta com o
nível competitivo. O estudo realizado pelo mesmo autor, em 2004, confirma que a média do
risco de lesão nos treinos foi de 2,9 lesões/1000 horas de treino (3,8/1000h foi o risco no período
preparatório e 1,6 no torneio). Enquanto que o risco de lesões nos jogos foi de 32,2 lesões/1000
horas de exposição, durante o período de estudo, sendo que, durante o torneio, o risco foi de
35,6 lesões/1000 horas.
18
Período preparatório 19 13 32
Fase de grupo 5 32 37
Jogo Final 1 7 8
Mas a lesão no futebol nao esta somente restrita aos membros inferiores, elas podem,
segundo Reilly (2003), ocorrer lesões na cabeça, tronco e membros superiores, no entanto as
lesões mais frequentes, de uma forma geral, são dos membros inferiores e com maior incidência
na coxa.
Segundo Soares (2007), as lesões musculares que ocorrem através de um contato
durante o jogo, tendem a tirarem por menos tempo o atleta dos jogos, do que as lesões se
contato.
Este enorme número de lesões é decorrente de um alto grau de exigência que o futebol
necessita, o recrutamento muscular e mudanças de força e velocidade tendem a serem
inconstantes e variadas, desgastando a musculatura e propiciando as lesões.
Segundo Magalhães (2018), a maioria dos jogadores profissionais atuando no Brasil,
tem uma média de duas lesões por temporada. Isso se traduz em aproximadamente 50 lesões
por temporada, com a presença dos jogadores para treinamentos em 77% do período e em jogos
86%.
Clubes com menos lesões e maior disponibilidade de jogadores, de acordo com
Magalhães (2018), têm melhor desempenho no campeonato, sendo assim, ter mais de duas
lesões em uma partida também se correlacionou com maiores chances de empatar ou perder
uma partida.
Sendo assim, reduzir o número de incidências de lesões, assim como diminuir o tempo
de recuperação, se tornou de urgente necessidade, pois tem um forte impacto no resultado da
competição para os clubes, fazendo a temporada dos times acabarem mais cedo que o planejado.
Santos (2007) em sua análise epidemiológica das lesões em atletas de futebol
profissional do Sport Clube do Recife, constatou-se que em 49 lesões ocorridas em atletas
participantes desta pesquisa, os membros inferiores obtiveram 75,51% de prevalência em
19
relação às demais partes do corpo, sendo que nos membros inferiores, a coxa demonstrou uma
incidência de 40,81%, seguida do joelho (16,31%) e do tornozelo (12,24%).
Outro dado interessante da pesquisa realizada por Santos (2007), foi em relação ao
diagnóstico, onde as lesões musculares (51,02%) tiveram a maior frequência, ganhando para as
ligamentares (28,57%) e as por trauma direto (12,24%).
Para Camargo e Beting (2008), o número excessivo de jogos exigidos pelo calendário
brasileiro faz com que os atletas tenham menos tempo para trabalhar sua recuperação,
dificultando a manutenção de sua condição física.
Abaixo podemos ver uma relação de todas as pesquisas realizadas sobre lesões em
jogadores de futebol profissionais, de 1994 a 2014:
profissional do
Sport Club do
Recife em 2007
Quintana Lesões mais Coxa Estiramentos 34,5%
(2010) frequentes no musculares
futebol Joelho Ruptura de 11,8%
ligamento
Tornozelo Torção articular 17,6%
Outras lesões 35,9%
Arliani (2011) Medicina Coxa Estiramentos 38,5%
esportiva: musculares
lesões no Joelho Ruptura de 17,3%
futebol ligamento
Tornozelo Torção articular 12,7%
Ficou unanime entre os autores acima, já que todos tiveram resultados quase idênticos
em relação às lesões que mais acometem o jogador de futebol profissional. Podemos destacar
também que as três lesões mais frequentes, praticamente entre todos os autores, foram na coxa,
21
Esses grupamentos musculares, formam a parte mais acometida por lesões, pois são as
mais exigidas, pois são os músculos bases de toda a funcionalidade de movimentos no futebol:
corrida, chutes, passes, saltos, etc.
2.2.2. Corrida
Um dos comportamentos mais observados nos futebolistas em competição é, sem
dúvida, o deslocamento através da corrida. Os jogadores de futebol percorrem em média
distâncias superiores a 10 km por jogo (Bangsbo, 2002).
De acordo com Soares (2005), a corrida pode ser dividida em duas fases: A fase de
apoio, onde o pé está em contato com o solo e a fase de suspensão, quando o pé perde o
contato com o solo.
22
Inicialmente dá-se a extensão da perna de apoio com grande força, tanto ao nível do
quadril, bem como ao nível do joelho e do tornozelo. Ao iniciar a fase de suspensão,
o pé deixa o contato com o solo, e as articulações do quadril e do joelho estão em
extensão. Neste momento, os músculos isquiotibiais assumem um papel importante
na extensão do quadril. A recuperação da perna é conseguida, para além da ação dos
músculos isquiotibiais na flexão do joelho, pela ação dos músculos quadríceps na
flexão do quadril. Na preparação para o contato com o solo, o quadril está flexionado
e o joelho em ligeira flexão. Os isquiotibiais e os quadríceps asseguram a extensão do
quadril e do joelho respectivamente. Estes grupos musculares asseguram a
estabilidade do joelho quando o peso do corpo do jogador se encontra sobre o membro
inferior de apoio (SOARES, 2005).
O futebol proporciona formas diferentes de correr. Cada forma, atende uma necessidade
especifica a ser desenvolvida na partida. De acordo com Frade (2004), pode se diferenciar 3
tipos de corridas, sendo elas corrida lenta sem a bola, corrida rápida sem a bola, e corrida com
a bola:
Sendo assim, mesmo uma atividade simples como a corrida, um fundamento básico de
todos os esportes e do nosso dia a dia, pode ser uma causa de lesão no esporte, mais
precisamente nos esportes com bola sendo conduzidas pelos pés, ja que o cuidado se torna
muito mais elevado que esportes que a bola não está em contato com o solo e os pés.
23
Do ponto de vista muscular, segundo (Soares, 2007), o remate, pela sua especificidade,
complexidade ou mesmo por alguns aspectos contraditórios à primeira vista, foi classificada
como sendo “o paradoxo de futebol”. Isto porque o quadríceps atua de uma forma intensa na
preparação do remate, enquanto o recrutamento dos isquiotibiais é máximo na extensão da
perna imediatamente na fase que antecede e logo após o contato com a bola.
Gonçalves (2000), afirmar que para além das forças exercidas sobre a coxa e abdómen,
o jogador de futebol, mais especificamente o seu joelho, terá de resistir a fortes forças
rotacionais e translacionais. Apenas cerca de 15% da força cinética gerada pelo gesto é
24
transmitida à bola, sendo a restante absorvida pelo membro inferior do jogador, em particular
pelos isquiotibiais que contraem excentricamente nesta fase.
Isto explica, Gonçalves (2000), a grande vulnerabilidade deste grupo muscular na
realização de um potente pontapé sobre a bola. O contato acidental com o solo ou com uma
perna de outro jogador gera uma carga de impacto adicional e retarda a dissipação de forças,
ultrapassando, desta forma, os limites de tolerância de forças, podendo resultar daqui fraturas
ósseas ou roturas musculares.
d) Os abdominais;
e) Os flexores do quadril;
f) Os extensores do quadril.
Este tipo de salto recebe o nome de salto na passada, caso haja a necessidade de realizar
uma passada antes de se realizar o salto. No entanto, caso o movimento implicado
necessite de um número de passadas superior à três, a velocidade tornar-se-á tal, que a
melhor forma de realizar o salto será sobre uma perna. Utiliza-se a velocidade e uma
flexão da perna inferior como forma de compensar (Frade, 2004).
Muitas vezes, associa-se com alguma frequência a força e a altura do salto. Esta
equação, segundo Frade (2004), revela-se incompleta e como tal carece de ser completada por
exemplo com velocidade de arranque, de mudança de direção ou travar muito rapidamente que
são fatores de força explosiva. Consequentemente, ser potente implica uma força explosiva, um
excelente equilíbrio e uma boa coordenação.
A recepção ao solo tem também igual importância e procura controlar o peso corporal
na queda. Basicamente, são processadas novas contrações excêntricas do quadríceps e dos
isquiotibiais para desacelerar a ação, absorver as forças de impacto com o solo e reduzir o risco
de lesão (Howe e Hanchard, 2003).
2.3.1. Contusões
De acordo com Gonçalves (2000), as contusões fazem parte da lista das lesões mais
comuns no futebol. Esta lesão é definida como sendo uma lesão muscular fechada,
desencadeada pela ação de um vector externo contundente ou atuando como tal (Massada,
1989). O mesmo autor afirma que é uma lesão extremamente frequente em desportos coletivos
e naqueles onde existe o contato físico.
Massada (1989) afirma que as contusões resultam na maior parte das vezes da ação
localizada e concentrada de uma força traumática desencadeada pela ação do adversário. Por
outro lado, Soares (2007) afirma que está lesão é sofrida quando o músculo é comprimido contra
o osso, por ação de um traumatismo externo.
Ou seja, este tipo de lesão ocorre, habitualmente, quando existe o contato com o joelho,
o pé, o cotovelo, ou outras partes do corpo de outro atleta (Gonçalves, 2000).
De acordo com Renström (2003), a lesão localiza-se no ponto onde o impacto foi
recebido, sendo que, se o músculo se encontrar em contração a lesão será mais superficial do
que se o músculo estiver relaxado.
A fase de destruição é caracterizada pela ruptura e necrose das fibras musculares, que
se segue à formação de um hematoma entre os cotos musculares rompidos e a reação
de células inflamatórias.
Uma vez que a fase de destruição tenha diminuído, a reparação efetiva do músculo
lesado inicia-se com dois processos concomitantes: a regeneração das fibras musculares
interrompidas e a formação de uma cicatriz de tecido conjuntivo.
Dentro do primeiro dia, as células inflamatórias, incluindo fagócitos, invadem o
hematoma e começam a eliminar o hematoma. Fibrina derivados do sangue e
fibronectina ligação transversal para formar tecido de granulação precoce, que age
como um andaime e local de ancoragem dos invasores fibroblastos. A cicatriz de tecido
conjuntivo produzida no local da lesão é o ponto mais fraco do músculo esquelético
lesionado logo após o trauma, mas a sua tensão aumenta consideravelmente a força com
a produção do colágeno tipo I.
A restauração do suprimento vascular à área lesada é o primeiro sinal de regeneração e
28
Commandre et al. (1982) ainda classifica a lesão muscular em leve, moderada e grave,
sendo a contusão leve, as dores são localizadas no pronto do trauma direto, mas não dificultam
a mobilização do joelho. Já a contusão moderada, as dores são intensas, localizadas, mas com
algum sinal de difusão, aumento pronunciado da coxa, postura antálgica em semiflexão do
joelho, com amplitude de movimento menor que 90°. E a contusão grave, as dores são intensas,
localizadas, com algum sinal de difusão, impotência funcional e postura antálgica, com
29
Algumas atividades, segundo Cohen e Abdalla (2003), são tidas como verdadeiras
armas que atuam na redução de lesões com alongamentos antes e depois da atividade física,
porem ainda tem sua validade contestada em alguns estudos.
O fortalecimento da musculatura dos adutores e da musculatura dos isquiotibiais
ajudou a reduzir o número de lesões musculares em atletas (Herbert, Gabriel, 2002).
Croisier et al. (2008), dizem que assimetria de força muscular é responsável por lesões
musculares. Estudos que trabalharam o balanço muscular demonstraram uma diminuição no
índice de novas lesões, e o aquecimento ativo e passivo da musculatura antes do treinamento e
da competição tem sido difundido como uma estratégia de prevenção de lesão.
Para completar, Brooks et al. (2006) afirmam que fortalecimento da musculatura isquiotibial
demonstrou redução na incidência de lesões deste grupo muscular.
No atual futebol profissional, o treinador tem um poder hierárquico dentro da sua equipe
de trabalho. Assim, a organização e o desenvolvimento do planejamento passam pelo seu
julgamento e, dependendo das características adotados pelo treinador, a elaboração e o
desenvolvimento dos treinamentos também são diretamente coordenados pelo treinador, indo
além das suas características inerentes do cargo que ocupa.
Segundo Medina et al. (2000) a performance técnico-tática de uma equipe de futebol
profissional passa por várias etapas e entre elas está a definição do conceito de equipe que se
pretende, a política necessária para operacionalizar a sua formação e finalizando com o
planejamento de trabalho que envolve a atuação técnica dos profissionais.
Nessa perspectiva, as etapas de treinamento devem ser englobadas e entendidas de
forma integral, e interativa pelo treinador e o preparador fisico no processo da performance.
Assim, segundo Medina et al. (2000) temos seis etapas para serem concretizadas:
A definição de conceito de futebol, para o clube, segundo Silva (2002), passa pela
política de geração dos recursos e pelo planejamento de trabalho, facilitando o desenvolvimento
da atividade em linhas gerais. Ou seja, Silva (2000) afirma que é do clube a responsabilidade
pela composição de um grupo de atletas qualificados técnica e atleticamente, até a interação das
31
O sucesso naquela competição determinou que não apenas o preparador físico, mas
também os outros integrantes da comissão técnica – como o médico – começassem a se
especializar, fazendo com que ações antes centralizadas no treinador, passassem a ficar
divididas com outros profissionais (MEDINA, 1999).
para minimizar os efeitos negativos na aplicação das cargas diárias de treinamento, evitando
lesões e trabalhando o condicionamento, nesta perspectiva, o profissional mais capacitado para
esta profissão é o Profissional de Educação Física, devidamente graduado em Bacharelado em
Educação Física.
Silva (2000) observa que:
Como qualquer atividade desportiva, o futebol possui risco de lesão. De acordo com
Massada (2001) a quantificação da ocorrência de lesões traumáticas sofridas pelos desportistas
é feita usando dois índices: Incidência e Prevalência:
A incidência é uma medida descritiva de novos casos de lesões surgidos numa dada
população e por determinado período de tempo, enquanto a prevalência representa uma
avaliação da manifestação desta lesão num período ou ponto específico de tempo
(Massada, 2001; Massada, 2003).
No que diz respeito à classificação dos fatores de risco, existe um consenso generalizado
em ordená-los em duas categorias: Intrínsecos e Extrínsecos, sendo que, segundo Soares (2007),
os primeiros são inerentes às características do próprio indivíduo, enquanto que os fatores de
riscos extrínsecos estão relacionados com o tipo de atividade desportiva, condições exteriores
e equipamentos.
No quadro seguinte, são apresentados os fatores de risco mais comuns no futebol, são
fatores predisponentes, que podem levar a uma maior ocorrência de lesões.
33
Internos Externos
Idade Tensão
Sexo Nível de competição
Morfologia Corporal Nº de jogos e recuperação
Estado de saúde Estágios
Técnica Proteções e calçados
Alterações Anatómicas Tipo de piso
Estabilidade articular Concepção Táctica
Agilidade Coordenação Arbitragem
Força Condições atmosféricas
Flexibilidade
História de lesão prévia
Personalidade
Quadro 4: Fatores de Risco, internos e externos, de lesão no futebolista
Fonte: Soares, 2007.
CAPITULO III
METODOLOGIA
3.2 Abordagem
O presente trabalho teve uma abordagem de pesquisa quantitativa e qualitativa, onde
buscou produzir um levantamento de dados que serão quantificados em informações mais
detalhadas sobre a incidência de lesões em jogadores de futebol profissional.
Sobre isso, Fonseca (2002), esclarece que:
CAPITULO V
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
A partir de dados coletados por meio do Sistema de Mapeamento de Lesões da CBF, foi
divulgado um levantamento inédito que apresenta um panorama sobre as lesões sofridas pelos
atletas durante o Campeonato Brasileiro da Série A de 2016.
Os resultados foram obtidos a partir de informações cadastradas pelos próprios clubes
ao longo das 38 rodadas, em processo eletrônico semelhante ao usado no registro de atletas.
As informações coletadas por meio do sistema de mapeamento irão gerar, segundo a
CBF (2017), a médio prazo, estatísticas que servirão de apoio para possíveis mudanças de
comportamento em relação à prática esportiva, como proposição de alterações de regras e da
tabela dos campeonatos.
44
Os dados do grafico 1 mostra que foram detectadas 299 lesões no decorrer dos 380 jogos
do Campeonato Brasileiro de 2016.
Notamos que as lesões na coxa lideram a lista, com 127 ocorrências ou 42,47% do total
de lesões. Os lances envolvendo a cabeça do jogador vêm em seguida. Segundo a CBF (2017),
foram 29 lesões na cabeça/face, sendo 11 delas de concussão cerebral, a mais perigosa, sendo
estes dos dados mais alarmantes.
Desdes dados, a CBF (2017), separou as lesões mais frequentes, segundo o local de
ocorrencia. Na coxa vemos as lesões no isquitibiais como as mais frequentes, com 68 lesões no
total, seguida da lesão no adutores, com 25 lesões, no quadriceps, 19, e no biceps femural
tivemos 7 ocorrencias de lesões. Outros locais totalizaram apenas 8 lesões.
Estes foram os principais dados obtidos sobre o Campeonato Brasileiro de 2016, a seguir
analisaremos os dados obtidos na Copa dos Campeões da Europa de 2016/2017 após, uma
analise comparativa entre as duas bases de dados.
O proximo relatório contém resultados da temporada 2016/17 dos 21 países da UEFA,
que participaram da Copa dos Campeões da Europa.
Os seguintes clubes estão incluídos: Arsenal FC, Bayer 04 Leverkusen, Borussia
Dortmund, Celtic FC, Clube Atlético de Madrid, Club Brugge, FC Barcelona, FC Basel 1893,
FC København, FC Porto, GNK Dínamo Zagreb, Juventus, Leicester City FC, Manchester City
FC, Paris Saint-Germain, PSV Eindhoven, Real Madrid CF, SL Benfica, Sporting Clube de
Portugal, SSC Napoli e Tottenham Hotspur FC.
Porem os dados foram apresentados de maneira homogenea, montando um panorama
geral da competição.
O grafico 5 faz uma apresentação dos dados referentes a todas a lesões ocorridas durante
a edição 16/17 da Copa dos Campeões da Europa. Onde vemos as lesões da coxa, com 224
ocorrencias, a região mais afetada, seguindo temos a lesão na virilha e no joelho, com 129 e
124, respectivamente.
46
níveis.
Essa necessidade de força passou a requerer treinamento intensivo, provocando
esforços maiores das articulações, aumentando a tendência de lesão.
ocorre o movimento, escorregam umas sobre as outras. Se este movimento não for harmônico
ocorre um estiramento. E segundo Dutra e Teixeira (2010) os fatores que podem levar ao
estiramento são, dentre outros, deficiências de flexibilidade, fatores relacionados ao
treinamento e sobrecarga e fadiga muscular.
As lesões mais frequentes no futebol, segundo o Manual Merck (2010) são as distensões
dos tornozelos, distensões dos músculos da perna, fraturas, lesões do joelho e cabeça.
49
CAPÍTULO VI
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
AQUINO, R. S. L. Futebol Uma Paixão Nacional. Rio de Janeiro. Jorge Zahar. 2002.
BADILLO, J.J.G.; AYESTARÁN, E.G. Fundamentos do Treinamento de Força: aplicação ao
alto rendimento desportivo. 2ª Ed. Porto Alegre, RS: ArtMed Editora, 2001;
BALBINOTTI, Carlos A. A. O desporto de competição como meio de educação: uma proposta
metodológica construtivista aplicada ao treinamento de jovens atletas. Revista Perfil, Porto
Alegre, n.1, p.83-91, 1997.
BANGSBO, J.. Fútbol: entrenamiento de la condicion física en el fútbol. 3ª Edicion. Editorial
Paidotribo. 2002;
BEDAIR HS, KARTHIKEYAN T, QUINTERO A, Li Y, HUARD J. Angiotensin II receptor
blockade administered after injury improves muscle regeneration and decreases fibrosis
biology and treatment. Am J Sports Med. 2005.
BECKER JÚNIOR, Benno. Manual de Psicologia do Esporte e Exercício. Porto Alegre: Ed.
Novaprova, 2000.
BRITO, J.; SOARES, J.; REBELO, N.A. Prevenção de Lesões do ligamento cruzado anterior
em futebolistas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2009.
BRITO, João; SOARES, José; RABELO, Antonio Natal. Prevenção de lesões do ligamento
cruzado anterior em futebolistas. Rev. Bras Med. Esport., v. 15, n. 1, p. 62 – 69. 2009.
BROOKS JH, FULLER CW, KEMP SP, REDDIN DB. Incidence, risk, and prevention
Carazzato JG. Lesões musculotendineas e seu tratamento. Rev Bras Ortop. 2006;
CAMARGO, Lauro S., BETING, Mauro. Evitando lesões no futebol. Como a preparação pode
minimizar riscos para o desempenho dos atletas. 2008. Disponível em:
http://www.universidadedofutebol.com.br/2008/08/. Acesso em: 20 outubro de 2019.
CROISIER, JL.; GANTEAUME, S.; BINET, J.; GENTY, M.; FERRET, JM. Strenght
imbalances and prevention of hamstring injury in profissional soccer players. American Journal
of Sport Medicine. Nov. 2008.
DUTRA, Milena e TEIXEIRA, Luzimar. Estiramento muscular durante a prática de atividade
física. 2010. Disponível em: http://www.luzimarteixeira.com.br/2010/10/estiramento-
muscular-durante-a-pratica-de-atividade-fisica/. Acesso em: 20 outubro de 2019.
EKSTRAND, J.. Preventing Injury. In Ekstrand, J.; Karlson, J.; Hodson, A; (Eds.) Football
Medicine. Martin Dunitz, London, 2003.
EKSTRAND, J.. Euro 2004 injury study. Medicine Matters. 2004.
EMERY, C.A.; MEEUWISSE, W.H.; HARTMANN, S.E. Evaluation of risk factors for injury
in adolescent soccer: implementation and validation of an injury surveillance system. Am J
Sports Med. Vol. 33. Núm. 12. p.1882-91. 2005.
FELAND, J.B.; MARIN, H.N. Effect of submaximal contraction intensity in contract-relax
proprioceptive neuromuscular facilitation stretching. British Journal of Sport Medicine. 2004.
FLECK, S. J; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3ª Ed. Porto
Alegre: Artmed, 2006;
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
FRADE, V.. Apontamentos das aulas de Metodologia Aplicada I e II. Opção de Futebol.
FCDEF-UP. 2004;
GONÇALVES, José Pedro Pinto. Lesão no futebol. Os desequilíbrios musculares no
aparecimento de lesões. Dissertação de mestrado em ciências do desporto apresentada a FCDEF
– UP. 2000.
HELAL, R. Passes e Impasses. Petrópolis. Ed. Vozes. 1997.
HERBERT RD, GABRIEL M. Effects of stretching before and after exercising on muscle
soreness and risk of injury: systematic review. BMJ. 2002
HOWE, T.; and HANCHARD, N.; Functional Anatomy. In Science and Soccer (2nd ed.).
(eds). Routledge. 2: 9-20. Fut. 321. 2003.
HUPPERETS, M.D.W.; VERHAGEN, E.A.L.M.; HEYMANS, M.W.; BOSMANS, J.E.;
TULDER, M.W.V.; MECHELEN, W.V. Potential savings of a program to prevent ankle sprain
recurrence. American Journal of Sport Medicine. Ago. 2010.
JÄRVINEN TA, JÄRVINEN TL, KÄÄRIÄINEN M, KALIMO H, JÄRVINEN M. Muscle
injuries: biology and treatment. Am J Sports Med. 2005;
JORGE, Artur. O treinamento no futebol. Revista Treino Desportivo II, n.12, jun. 1989.
KELLER, C.; NOYES, F.; BUNCHER, R. The medical aspects of soccer injury epidemiology.
The American Journal Sports Medicine, USA, v.15, n.3, p.105-120, 1987.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia
cientifica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LARSON, M. et al.. Soccer. In Epidemiology of Sports Injuries. Caine, D.; Caine, C.; and
53
agrupamento Latino de Medicina Física e dos Desportos, pp: 45-66. Lisboa, 13-17 Setembro
de 1965.
SOARES, J.. O treino do futebolista. Resistência – Força – Velocidade. Volume 1. Porto
Editora. 2005;
SOARES, J. O treino do futebolista: lesões – nutrição. Porto, Portugal: Porto Editora, 2007.
SOLIGARD ET AL. Comprehensive warm-up programme to prevent injuries in Young female
footballers: cluster randomised controlled Trial. British Journal of Sport Medicine. Dec. 2008.
SOUZA, P. Incidência de lesões em jogadores amadores de futebol: Estudo prospectivo ao
longo de uma época desportiva. 2011. 70 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Educação Física,
Universidade do Porto, Porto, 2011.
SPENST LF, MARTIN AD, DRINKWATER DT. Muscle mass of competitive male athletes.
J Sports Sci. 1993;
UEFA. UEFA Elite Club Injury Study Report 2016/2017. 2017. Disponível em:
https://pt.uefa.com/MultimediaFiles/Download/uefaorg/Medical/02/49/97/62/2499762_DOW
NLOAD.pdf. Acesso em: 23 de outubro de 2019.
VERGAHEN, E.A.L.M.; TULDER, M.V.; BEEK, A.J.V.D.; BOUTER, L.M.; MECHELEN,
W.V. An economic evaluation of a proprioceptive balance board training programme for the
prevention of ankle sprains in volleyball. British Journal of Sport Medicine. 2005.
YAMAMOTO, T.. relationship Between Hamstring Strains and leg Muscle Strenght – a
Follow-up Study of Collegiate Track and Field Athletes. Journal Sports Medicine Physical
Fitness. 33 (2): 1993;
ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de pesquisa / Liane Carly Hermes Zanella. – 2.
ed. rev. atual. – Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2011;
ZAZULAK, B.T.; HEWETT, T.E.; REEVES, N.P.; GOLDBERG, M.B.; CHOLEWICKI,
M.D.; CHOLEWICKI, J. Deficits in neuromuscular control of the trunk predict knee injury
risk. American Journal of Sport Medicine. Vol.35, Nº7, 2007.