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FACULDADE DE SINOP
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

JEFERSON BURATTO CAMASSOLA

LESÕES MUSCULARES NO FUTEBOL


UM ESTUDO COMPARATIVO E PREVENTIVO

Sinop/MT
2019
1

JEFERSON BURATTO CAMASSOLA

LESÕES MUSCULARES NO FUTEBOL


UM ESTUDO COMPARATIVO E PREVENTIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Banca Avaliadora do Departamento de
Educação Física da Faculdade de Sinop -
FASIPE, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Educação
Física.
Orientador: Prof. Ms. Hercules Costermani

Sinop/MT
2019
2

JEFERSON BURATTO CAMASSOLA

LESÕES MUSCULARES NO FUTEBOL


UM ESTUDO COMPARATIVO E PREVENTIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Curso de Educação Física -


FASIPE, Faculdade de Sinop como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Educação Física.

Aprovado em: _____ /_____/2019.

_____________________________________________
PROF
Professor Orientador Hercules Costermani
Departamento de Educação Física - FASIPE

______________________________________________
Professor (a)
Departamento de Educação Física - FASIPE

________________________________________________
Professor (a)
Departamento de Educação Física - FASIPE

_________________________________________________
Me. Claudemir Gomes Da Cruz
Coordenador do Curso de Bacharel em Educação Física
FASIPE – Faculdade de Sinop

Sinop/MT
2019
3

DEDICATÓRIA

Dedico o meu trabalho especialmente, para meus,


filhos, Cleiton, Cristiano, Jaqueline, e também,
minhas noras, Daniele e Gabriela, e meu genro
Wesley, dedico ao meu grande amor, Ailton, meu
companheiro de todos os dias e de todas as horas.

III
4

AGRADECIMENTOS

Eu agradeço primeiramente a Deus, por conseguir


chegar até aqui, agradeço meus professores que
tiveram toda paciência comigo e me motivaram
cada dia a seguir em frente, foram dias de lutas,
mas cada dia e diferente um do outro. Agradeço a
minha esposa que me ajudou durante essa jornada.

IV
5

Importante não é ver o que ninguém nunca


viu, mas sim, pensar o que ninguém nunca
pensou sobre algo que todo mundo vê.

Arthur Schopenhauer

V
6

CAMASSOLA; Jefferson Buratto. Lesões musculares no futebol - Um estudo comparativo


e preventivo, 2019. 66 folhas. Monografia de Conclusão de Curso – FASIPE – Faculdade de
Sinop.

RESUMO

A grande ocorrência de lesões musculares em jogadores de futebol se tornou frequente e


preocupante, e produz complicações diretas no rendimento desportivo dos atletas e
consequentemente da equipa que ele atua. A produção deste estudo baseia-se na seleção e
análise das informações bibliográficas ja produzidas, que mostraram que a coxa e o joelho são
as regiões anatômicas mais acometidas por lesões. Os dados bibliográficos revelaram que a
coxa é a região anatômica onde ocorrem mais lesões musculares. Em geral as lesões musculares,
mais comuns, no futebol são classificadas em contusões e roturas, sendo que estas ultimas,
ocorrem em músculos que trabalham em mais do que uma articulação, os músculos bi
articulares. Além disso, constatamos que a rotura do isquiotibiais, é que possui a maior taxa de
reincidência. A prevenção passa pela atuação de um profissional capacitado, o preparador
físico, que além de estabelecer medidas preventivas, como treino de força e flexibilidade, e
conhecer os meios de prevenção. Depois de recuperado e antes do regresso à competição, o
jogador deverá ser submetido a testes funcionais, no sentido de avaliar o seu estado de
prontidão.

Palavras chaves: Futebol, Lesão Muscular, Treinamento.

VI
7

CAMASSOLA; Jefferson Buratto. Muscle Injuries in Football - A Comparative Study


and Preventive, 2019. 66 leaves. Graduation Monograph – FASIPE – Faculty of Sinop.

ABSTRACT

The large occurrence of muscle injuries in soccer players has become frequent and worrying,
and produces direct complications in the sports performance of the athletes and consequently
of the team they serve. The production of this study is based on the selection and analysis of
the bibliographic information already produced, which showed that the thigh and the knee are
the most affected anatomical regions. Bibliographic data revealed that the thigh is the
anatomical region where most muscle injuries occur. In general, the most common muscle
injuries in soccer are classified as bruises and tears, the latter occurring in muscles that work in
more than one joint, the bi-joint muscles. In addition, we found that hamstring rupture has the
highest recurrence rate. Prevention involves the performance of a trained professional, the
physical trainer, who in addition to establishing preventive measures, such as strength and
flexibility training, and knowing the means of prevention. Upon recovery and before returning
to competition, the player must undergo functional tests to assess his readiness.

Keywords: Football, Muscle Injury, Training.

VII
8

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Diferentes tipos de lesão no futebol.......................................................16


Quadro 2 - Número de lesões durante os diferentes períodos...................................18
Quadro 3 – Incidência das lesões em jogadores de futebol profissionais.................19
Quadro 4 - Fatores de Risco, internos e externos, de lesão no futebolista................31
Quadro 5 – Comparação entre o Campeonato Brasileiro e a Copa dos Campeões da
Europa........................................................................................................................45

VII
9

LISTA DE GRAFICOS

Grafico 1 – Lesões totais no Campeonato Brasileiro.......................................................40


Grafico 2 – Lesões na coxa..............................................................................................41
Grafico 3 – Lesões na cabeça/face...................................................................................41
Grafico 4 – Lesões no tornozelo.......................................................................................42
Grafico 5 – Lesões totais na Copa dos Campeões da Europa 16/17................................43
Grafico 6 - Localização das lesões na Copa dos Campeões da Europa............................43

IX
10

SUMÁRIO

1. Introdução.....................................................................................................................11
1.1 Justificativa...................................................................................................................12
1.2 Problematização............................................................................................................12
1.3. Objetivo Geral...............................................................................................................13
1.3.1 Objetivos Especificos....................................................................................................13
2. REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA..................................................................................14
2.1. O futebol........................................................................................................................14
2.1.1. Definição de lesão no futebol ........................................................................................15
2.1.2. Tipo, localização e gravidade das lesões no futebol.......................................................16
2.2. Lesões na coxa...............................................................................................................21
2.2.1. Considerações anatómicas e funcionais dos músculos da coxa......................................21
2.2.2. Corrida...........................................................................................................................21
2.2.3. Contato com a bola........................................................................................................23
2.2.4. Salto e cabeceio.............................................................................................................24
2.3. Tipo de lesões na coxa...................................................................................................23
2.3.1. Contusões......................................................................................................................25
2.3.2. Principais lesões musculares e classificação.................................................................26
2.4. Prevenção de lesões no futebol......................................................................................29
2.4.1. O papel do treinador e do prepador físico......................................................................29
2.4.2. Os fatores de riscos intrínsecos e extrínsecos................................................................30
2.4.3. Treino da força na prevenção de lesões.........................................................................33
2.4.4. Treino da flexibilidade na prevenção de lesões.............................................................35
2.4.5. Treino proprioceptivo na prevenção de lesões..............................................................36
3. METODOLOGIA.........................................................................................................38
3.1. Tipo de Pesquisa............................................................................................................38
3.2. Abordagem....................................................................................................................39
3.3. Amostra de estudo.........................................................................................................40
3.4. Coleta de dados..............................................................................................................40
4. ANALISE E DISCUSSÕES.........................................................................................41
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................47
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 49
11

CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO

O futebol é o esporte de mais praticado em âmbito mundial, com praticantes em todos


os cantos do mundo. Com um número tão elevado de praticantes, também tende a crescer o
número de casos de lesões nesta modalidade, já que o atleta é submetido a vários tipos e
intensidades de esforços durante uma partida.
De acordo com as regras do futebol de campo, a partida será jogada por duas equipes
formadas por um máximo de 11 jogadores cada uma, dos quais um jogará como goleiro. A
partida não se iniciará se uma das equipes tiver menos de 7 jogadores.
Por ser tratar de um esporte coletivo, onde o jogador realiza tanto movimentos naturais,
como gestos específicos do futebol, além de possuir um grande número de jogadas onde o
contato físico entre os jogadores é natural, já que o jogo deixou de ser dominado apenas pelo
caráter técnico e passou a ser fortemente dominado pelas aptidões físicas, como força e
velocidade. Com isso temos uma maior incidência de lesões nas articulações, com maior
incidência no joelho, sendo mais comum as lesões de menisco e ligamento.
Assim, as lesões retiram os atletas dos jogos e das temporadas, alguns fatores
predispõem os atletas a lesões, como fatores intrínsecos e extrínsecos.
De acordo com Souza (2011), uma lesão no futebol é definida como qualquer tipo de
ocorrência sofrida por um jogador, em competição ou treino, que o force a interromper a sua
atividade e o impossibilite de participar de pelo menos um jogo ou treino. Passos (20017)
completa, nos dizendo que a lesão do jogador de futebol será todo dano físico observado ao
longo de uma temporada desportiva ou acometida durante um treino ou competição.
O bom desenvolvimento e desempenho no futebol depende de fatores tanto
táticos/técnicos quanto físicos e psicológicos. Um bom profissional necessita de uma
capacidade física elevada, entender os aspectos táticos e técnico, ter um autoconhecimento das
suas capacidades físicas e mentais para ter um bom desenvolvimento.
12

Surgiu da necessidade de investigar as lesões mais acometidas no futebol através de


dados compartilhados por instituições que regem o futebol, bem como contribuir para a
melhoria na prevenção. Muitas vezes a carreira dos atletas é prejudicada e até mesmo
interrompida precocemente devido a lesões. A pesquisa é de suma importância, pois sabendo
quais lesões são mais incidentes, podem-se tomarem medidas preventivas para diminuir a
incidência das lesões.

1.1.JUSTIFICATIVA
Cada vez mais, vemos uma maior exigência competitiva no futebol, associada à
importância de um jogador a sua equipe, isso faz com que muitas vezes tenha uma pressão
intensa quanto a recuperação do mesmo, podendo muitas vezes, logo após a recuperação
acelerada, este sofre uma nova lesão, fazendo com que a equipe perca por mais tempo.
Conhecer as principais lesões que acometem os jogadores de futebol é de suma
importância para o profissional que deseje trabalhar com esta vertente da educação física,
entender os mecanismos que compõem a lesão, e entender os meios para evita-las são dados
necessários.
Segundo Emery, Meeuwisse e Hartmann (2006) grande maioria dos estudos são
realizados em categorias de base ou com times que não são dá primeira divisão do campeonato
brasileiro, algo que tem bastante relevância de acordo com time da primeira divisão, possuem
maior número de lesões, comparado a outras divisões.
Sendo assim, um estudo especifico no futebol profissional brasileiro, da primeira
divisão, se faz necessário para mapear os casos mais frequentes e recorrentes de lesões, e
comparar com o futebol europeu, visto que o futebol europeu tende a ter uma melhor base de
prevenção e recuperação de lesões no esporte.

1.2.PROBLEMATIZAÇÃO

O presente estudo surgiu da necessidade de compreender a importância do


conhecimento sobre as lesões no futebol, uma vez que é um problema complexo representado
por um conjunto de fatores de riscos, para o atleta, de natureza intrínseca ou extrínseca, que
fazem o atleta se retirar dos campos por um curto ou longo tempo.
Segundo Brito et al. (2009), o risco de lesão no futebol é elevado, levando ao
afastamento do atleta, então, há muita preocupação com a causa, reincidência e seriedade das
lesões no futebol moderno.
13

Brito et al. (2009) comentam que os conhecimentos prévios sobre quais lesões são mais
frequentes e suas consequências servem de suporte para que seja elaborado um programa de
prevenção adequado para cada situação pelo preparador físico.
Sendo assim, tratamento preventivo se torna mais eficaz com base no levantamento dos
casos mais recorrentes dessas lesões.

1.2.OBJETIVOS

1.2.1. OBJETIVO GERAL


Realizar uma comparação sobre as principais lesões que acometem os jogadores
profissionais de futebol brasileiro e europeu.

1.2.1. OBJETIVOS ESPECIFICOS


Identificar os tipos de lesões musculares, descritas, como as mais frequentes no futebol;
Identificar a localização anatômica das lesões musculares;
Analisar as incidências de lesões no Campeonato Brasileiro de futebol 2016 e Copa dos
Campeões da Europa 2016/2017;
Comparar os casos mais frequentes de lesões no Campeonato Brasileiro de futebol 2016
em relação com a Copa dos Campeões da Europa 2016/2017.
14

CAPÍTULO II
REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O futebol
Segundo Oliveira (2012), a prática do futebol não era considerada um esporte entre os
séculos XVI e meados do XIX, uma vez que praticar esportes era uma atividade exclusiva da
nobreza, que tinha preferência por outras atividades, tais como a prática do arco-flecha e
equitação.
O futebol foi durante muitos anos praticado apenas pela classe camponesa, e vista como
atividade vulgar pela nobreza inglesa.
A marginalização na Inglaterra, segundo Helal (1997), seguiu até por volta de 1870,
quando em plena era vitoriana os trabalhadores conquistaram o direito a folga nas tardes de
sábado, que seriam ocupadas pela prática do então novo esporte que havia sido recém
regulamentado.
E em 1894, o futebol chega ao Brasil:

Em outubro de 1894 desembarca no Porto de Santos, proveniente da Inglaterra, o jovem


estudante paulista Charles Miller. Em sua bagagem, o considerado pai do futebol no
Brasil, trazia duas bolas, uma bomba para enchê-las, além de uniformes, apito e um
livro de regras do esporte (AQUINO, 2002).

De acordo com Jorge (1989), futebol assemelha-se a um microcosmo onde podem


ocorrer fenômenos aparentemente inexplicáveis sob o ponto de vista científico, mas
compreensíveis e até justificáveis à luz da complexa realidade que o envolve.
O futebol como esporte, desencadeia um impacto econômico que, através dos meios de
comunicação, se multiplica em todas as camadas sociais, o fazendo ser o esporte mais praticado
no mundo. Sendo assim, o futebol se tornou o desporto mais popular do mundo, tendo mais de 22
15

milhões de praticantes. Com o aumento da sua popularidade, aumentou também as ocorrências


de lesões e o consequente interesse pelo estudo da mesma (Gonçalves, 2000).

A crescente frequência e gravidade das lesões no desporto em geral, e no futebol em


particular, transformaram-se numa preocupação central dos vários intervenientes
desportivos. A frequência das lesões no futebol é o resultado da sua elevada
popularidade, do tipo de esforço, e ações que lhe são especificas, como são os casos de
carrinho, o corte ou o remate (GONÇALVES, 2000).

Ainda, de acordo com Gonçalves (2000), o permanente contato físico entre os jogadores,
constitui o fator principal para a elevada ocorrência de lesões no futebol.
Keller, Noyes e Buncher (1987) afirmam já nos anos 80, o futebol é responsável pelo
maior número de lesões desportivas do mundo, estima-se que essas lesões são responsáveis por
50 a 60% das lesões esportivas na Europa e que 3,5 a 10% dos traumas físicos tratados em
hospitais europeus são causados pelo futebol.
Os excessos de cargas, como jogos e treinos, segundo Merk (2010) contribuem para a
incidência de lesões, também aponta como traumática o maior motivo das lesões, as lesões nos
ossos, articulações e músculos são muito recorrentes, podendo variar de uma distensão
muscular leve à uma avulsão ligamentar ou fratura.

2.1.1. Definição de lesão no futebol


São várias as definições possíveis de lesão no futebol, mas não existe uma que seja
universalmente aceita, mesmo existindo vários estudos realizados na área. Massada (2001), diz
que em termos de epidemiologia, o estudo da patologia traumática desportiva é extremamente
complicado, uma vez que a definição de lesão não é universal.
A ausência de uma definição unânime de lesão e de critérios efetivos na seleção de
amostras, de acordo com Gonçalves (2000) constitui a base da controvérsia dos resultados
encontrados nos vários estudos.
Reforçando esta ideia sobre a falta de critérios efetivos sobre a lesão, Massada (2001)
diz que:

Os critérios para a sua definição variam de investigador para investigador, podendo


incluir múltiplos fatores que abarcam desde aspectos fisiológicos, terminando na
incapacidade funcional que determina paragem momentânea, mais ou menos
prolongada, da prática desportiva (MASSADA, 2001).
16

Como consequência destes desencontros por parte dos pesquisadores, se tornou difícil
fazer comparações com estudos já realizados nas décadas passadas. Massada (2001), diz que
apenas através da uniformização e sistematização dos métodos se poderá comparar
corretamente os estudos e avançar no conhecimento sobre este tema.
Sobre as definições especificas de lesão no futebol, muitos autores concordam com a
definição de que a lesão no futebol é caracterizada como um incidente ocorrido ao longo da
época ativa do atleta, durante um jogo ou treino, obrigando o atleta a abandonar a atividade por
determinado tempo e consultar um médico.
Larson et al. (1996) sugeriram que só fossem consideradas as lesões que obriguem ao
atleta a parar pelo menos uma semana. Sendo assim, lesões onde a recuperação acontece em
um curto espaço de tempo, não são contabilizadas.
Para Soares (2007), lesão no futebol é todo o tipo de ocorrência, de origem traumática
ou de sobre uso, que resulta numa incapacidade funcional, obrigando o jogador a interromper
a sua atividade, não participando em, pelo menos num treino ou jogo.

2.1.2. Tipo, localização e gravidade das lesões no futebol


Segundo Reilly et al. (2003), cada desporto, pelas suas características intrínsecas, possui
um padrão único de lesão. No futebol ocorrem, predominantemente, nos tecidos moles
(músculos e tendão) e nas articulações, centrando-se frequentemente nos membros inferiores.

Em relação ao tipo de lesões observadas no futebol, os autores são, de uma forma


geral, consensuais ao distinguir entorses articulares, roturas musculares, contusões,
luxações, fraturas e outras (EKSTRAND, 2003).

No quadro seguinte, podemos ver a distribuição dos vários tipos de lesão no futebol e
o seu grau de gravidade.

Total (%) Leve (%) Média (%) Grave (%)

Lesão ligamentar 28 16 7 5

Lesão muscular 24 17 5 2

Contusão 20 15 5 0

Lesão de tendão 18 9 7 2
17

Fraturas 4 1 1 2

Deslocação 2 0 2 0

Outras 4 4 0 0

Total 100 62 27 11
Quadro 1: Diferentes tipos de lesão no futebol (adaptado de Ekstrand, 2003)

Segundo a análise do quadro feita por Ekstrand (2003), podemos observar facilmente
que as lesões ligamentares (29%) e as roturas musculares (23%) são as mais frequentes, a par
das contusões (20%).
Gonçalves (2000), ao analisar a localização destas lesões verificou que a coxa é a região
anatómica mais afetada, com 60,8% de todas as lesões ocorridas no membro inferior.
Analisando as lesões ocorridas nos grupos musculares quadríceps e isquiotibiais
separadamente, observou- se que o primeiro contou com 15,2% da totalidade das lesões,
enquanto que o grupo muscular dos isquiotibiais registou 45,6% da totalidade das lesões
registradas.
Ekstrand (2003) também constatou que a coxa e o joelho são as regiões anatómicas onde
ocorre o maior número de lesões e ordenou os vários tipos de lesões de acordo com três
categorias de gravidade.
De acordo com o mesmo autor:

As lesões de menor gravidade traduzem-se numa paragem de até uma semana. As de


gravidade moderada obrigam a uma paragem que varia entre uma a quatro semanas. Por
fim, as lesões de maior gravidade são aquelas que implicam um período de interrupção
superior a um mês (EKSTRAND, 2003).

Durante a Euro 2004, Ekstrand (2004) ordenou as lesões em quatro graus de gravidade,
de acordo com os dias de ausência nos treinos/jogos: Ligeiras (1-3 dias), Menores (4-8),
Moderadas (8-28) e Maiores (mais do que 28 dias).
De acordo com Ekstrand (2003), o risco de se lesionar durante o jogo aumenta com o
nível competitivo. O estudo realizado pelo mesmo autor, em 2004, confirma que a média do
risco de lesão nos treinos foi de 2,9 lesões/1000 horas de treino (3,8/1000h foi o risco no período
preparatório e 1,6 no torneio). Enquanto que o risco de lesões nos jogos foi de 32,2 lesões/1000
horas de exposição, durante o período de estudo, sendo que, durante o torneio, o risco foi de
35,6 lesões/1000 horas.
18

Treinos Jogos Nº total de lesões

Período preparatório 19 13 32

Fase de grupo 5 32 37

Jogo Final 1 7 8

Número total de lesões 25 52 77

Quadro 2: Número de lesões durante os diferentes períodos (Ekstrand, 2004).

Mas a lesão no futebol nao esta somente restrita aos membros inferiores, elas podem,
segundo Reilly (2003), ocorrer lesões na cabeça, tronco e membros superiores, no entanto as
lesões mais frequentes, de uma forma geral, são dos membros inferiores e com maior incidência
na coxa.
Segundo Soares (2007), as lesões musculares que ocorrem através de um contato
durante o jogo, tendem a tirarem por menos tempo o atleta dos jogos, do que as lesões se
contato.
Este enorme número de lesões é decorrente de um alto grau de exigência que o futebol
necessita, o recrutamento muscular e mudanças de força e velocidade tendem a serem
inconstantes e variadas, desgastando a musculatura e propiciando as lesões.
Segundo Magalhães (2018), a maioria dos jogadores profissionais atuando no Brasil,
tem uma média de duas lesões por temporada. Isso se traduz em aproximadamente 50 lesões
por temporada, com a presença dos jogadores para treinamentos em 77% do período e em jogos
86%.
Clubes com menos lesões e maior disponibilidade de jogadores, de acordo com
Magalhães (2018), têm melhor desempenho no campeonato, sendo assim, ter mais de duas
lesões em uma partida também se correlacionou com maiores chances de empatar ou perder
uma partida.
Sendo assim, reduzir o número de incidências de lesões, assim como diminuir o tempo
de recuperação, se tornou de urgente necessidade, pois tem um forte impacto no resultado da
competição para os clubes, fazendo a temporada dos times acabarem mais cedo que o planejado.
Santos (2007) em sua análise epidemiológica das lesões em atletas de futebol
profissional do Sport Clube do Recife, constatou-se que em 49 lesões ocorridas em atletas
participantes desta pesquisa, os membros inferiores obtiveram 75,51% de prevalência em
19

relação às demais partes do corpo, sendo que nos membros inferiores, a coxa demonstrou uma
incidência de 40,81%, seguida do joelho (16,31%) e do tornozelo (12,24%).
Outro dado interessante da pesquisa realizada por Santos (2007), foi em relação ao
diagnóstico, onde as lesões musculares (51,02%) tiveram a maior frequência, ganhando para as
ligamentares (28,57%) e as por trauma direto (12,24%).
Para Camargo e Beting (2008), o número excessivo de jogos exigidos pelo calendário
brasileiro faz com que os atletas tenham menos tempo para trabalhar sua recuperação,
dificultando a manutenção de sua condição física.
Abaixo podemos ver uma relação de todas as pesquisas realizadas sobre lesões em
jogadores de futebol profissionais, de 1994 a 2014:

Autor Artigo Local da lesão Tipo de lesão Porcentagem


Ekstrand Injuries in Tornozelo Torção articular 27,6%
(1994) Soccer: Coxa Estiramento 21,3%
Prevention. muscular
Clinical Practice Joelho Ruptura de 15%
of Sports ligamento
Injuries -
Prevention and
Care

Cohen e Lesões Coxa Estiramentos 34,5%


Abdalla Ortopédicas no musculares
(2003) futebol Joelho Ruptura de 11,8%
ligamento
Tornozelo Torção articular 17,6%

Tatsch (2006) Futebol Coxa Estiramentos 34,5%


ocasional é o musculares
esporte que Tornozelo Torção articular 17,6%
mais provoca Joelho Ruptura de 11,8%
lesões ligamento
Santos (2007) Análise Coxa Estiramentos 40,81%
epidemiológica musculares
das lesões em Joelho Ruptura de 16,31%
atletas de ligamento
futebol Tornozelo Torção articular 12,24%
20

profissional do
Sport Club do
Recife em 2007
Quintana Lesões mais Coxa Estiramentos 34,5%
(2010) frequentes no musculares
futebol Joelho Ruptura de 11,8%
ligamento
Tornozelo Torção articular 17,6%
Outras lesões 35,9%
Arliani (2011) Medicina Coxa Estiramentos 38,5%
esportiva: musculares
lesões no Joelho Ruptura de 17,3%
futebol ligamento
Tornozelo Torção articular 12,7%

Fernandes Relação das Coxa Estiramento 39,2


(2011) lesões sofridas muscular
por jogadores Joelho Ruptura de 13,4%
de futebol com ligamento
o excesso de Tornozelo Torção articular 17,9%
treinamento e
competições
Centro de Saúde dos Coxa Estiramentos 40,3%
Pesquisa e atletas: lesões musculares
Estudo comuns Joelho Ruptura de 19,5%
Médico da ligamento
FIFA (F- Tornozelo Torção articular 15,7%
MARC) (2012)
Lopes (2014) Quais são as Coxa Estiramentos 34,5%
principais lesões musculares
de um jogador Joelho Ruptura de 11,8%
de futebol? ligamento
Tornozelo Torção articular 17,6%
Quadro 3: Incidência das lesões em jogadores de futebol profissionais, adaptado de (Simionato, 2014).

Ficou unanime entre os autores acima, já que todos tiveram resultados quase idênticos
em relação às lesões que mais acometem o jogador de futebol profissional. Podemos destacar
também que as três lesões mais frequentes, praticamente entre todos os autores, foram na coxa,
21

ruptura de ligamento de joelho e torção articular no tornozelo. Esses dados confirmam a


necessidade de uma maior preocupação quanto às lesões no futebol.

2.2. Lesões na coxa


De acordo com Gonçalves (2000) a coxa é a região anatômica onde se verifica uma
maior incidência de lesões musculares. O contato frequente entre os jogadores e com a bola,
associadas as características do jogo, parecem ser as razões pelas quais os membros inferiores
se afiguram mais vulneráveis, sendo os quadríceps e os Isquiotibiais os músculos mais lesados.

2.2.1. Considerações anatómicas e funcionais dos músculos da coxa


Como já vimos, as lesões musculares têm uma maior incidência nos membros inferiores
em jogadores de futebol, sendo os músculos da coxa os mais acometidos por lesões. A exemplo
temos o quadríceps, isquiotibiais e os adutores/abdutores, músculos envolvidos nas articulações
do joelho e do quadril.

Os quadríceps, cujas funções são a realização da extensão do joelho e flexão do


quadril, é constituído por quatro componentes musculares: reto femural (bi articular),
vasto interno, vasto externo e medial.
Os isquiotibiais são constituídos pelos bíceps femural, o semi membranoso e
semitendinoso, tendo como função a flexão do joelho e a extensão do quadril.
Os músculos adutores e abdutores, de acordo com a indicação do próprio nome,
realizam a adução e abdução do quadril, contribuindo para a flexão e rotação do
quadril (SOARES, 2007).

Esses grupamentos musculares, formam a parte mais acometida por lesões, pois são as
mais exigidas, pois são os músculos bases de toda a funcionalidade de movimentos no futebol:
corrida, chutes, passes, saltos, etc.

2.2.2. Corrida
Um dos comportamentos mais observados nos futebolistas em competição é, sem
dúvida, o deslocamento através da corrida. Os jogadores de futebol percorrem em média
distâncias superiores a 10 km por jogo (Bangsbo, 2002).
De acordo com Soares (2005), a corrida pode ser dividida em duas fases: A fase de
apoio, onde o pé está em contato com o solo e a fase de suspensão, quando o pé perde o
contato com o solo.
22

Inicialmente dá-se a extensão da perna de apoio com grande força, tanto ao nível do
quadril, bem como ao nível do joelho e do tornozelo. Ao iniciar a fase de suspensão,
o pé deixa o contato com o solo, e as articulações do quadril e do joelho estão em
extensão. Neste momento, os músculos isquiotibiais assumem um papel importante
na extensão do quadril. A recuperação da perna é conseguida, para além da ação dos
músculos isquiotibiais na flexão do joelho, pela ação dos músculos quadríceps na
flexão do quadril. Na preparação para o contato com o solo, o quadril está flexionado
e o joelho em ligeira flexão. Os isquiotibiais e os quadríceps asseguram a extensão do
quadril e do joelho respectivamente. Estes grupos musculares asseguram a
estabilidade do joelho quando o peso do corpo do jogador se encontra sobre o membro
inferior de apoio (SOARES, 2005).

O futebol proporciona formas diferentes de correr. Cada forma, atende uma necessidade
especifica a ser desenvolvida na partida. De acordo com Frade (2004), pode se diferenciar 3
tipos de corridas, sendo elas corrida lenta sem a bola, corrida rápida sem a bola, e corrida com
a bola:

Corrida lenta sem bola: a flexão do joelho é relativamente reduzida no lançamento


do membro para a frente e o pé contata o solo pelo bordo exterior do calcanhar. O
impulso para a retaguarda produz-se a partir do lado interno do pé (do dedo grande).
Corrida rápida sem bola: a flexão do joelho é muito maior no momento em que se
lança o joelho para a frente. O calcanhar quase chega a entrar em contato com a nádega
e o pé toca o solo na totalidade da sua superfície. O impulso da perna para a trás é
realizado através de uma extensão conveniente da mesma.
Corrida com bola: Quando se corre com bola os intervalos entre os apoios são mais
curtos, no sentido de ser possível controlar a bola e rematar à baliza. O afastamento
entre os pés é aumentado para que seja possível driblar, efetuar mudança de direção,
parar ou acelerar (mudança de velocidade). Ou seja, a corrida com bola faz-se com
passadas, com um afastamento maior entre os pés (no sentido lateral). O contato do
pé com o solo é realizado na totalidade, preparando-se para uma série de “nuances”.
Existe uma pequena flexão do quadril com o impulso da perna para a retaguarda
(FRADE, 2004).

Sendo assim, mesmo uma atividade simples como a corrida, um fundamento básico de
todos os esportes e do nosso dia a dia, pode ser uma causa de lesão no esporte, mais
precisamente nos esportes com bola sendo conduzidas pelos pés, ja que o cuidado se torna
muito mais elevado que esportes que a bola não está em contato com o solo e os pés.
23

2.2.3. Contato com a bola


Howe e Hanchard (2003) fazem uma análise sobre o movimento do remate, que após a
preparação do remate, em que o membro inferior se desloca para trás, através da ação dos
músculos da face posterior da coxa na extensão do quadril e flexão do joelho, a fase de
aproximação ocorre pela flexão do quadril levada a cabo pelo músculo quadríceps. Depois
disso, verifica-se uma controlada desaceleração da coxa pela ação dos isquiotibiais, e uma forte
extensão do joelho através da ação dos músculos da face anterior da coxa.
Frade (2004) completa falando que o bíceps femural estende a perna para trás ao
contrair-se (flexão do joelho), enquanto que o músculo anterior da coxa (reto anterior) se alonga
durante o movimento. O mesmo sucede quando se arma ou se prepara para a realização de um
remate forte. Aquando da realização do remate, acontece exatamente o inverso, ou seja, o
músculo anterior da coxa se contrai (extensão do joelho), enquanto que o bíceps femural se
alonga.

Os flexores do joelho ou os isquiotibiais compreendem 3 músculos distintos. Este grupo


muscular trabalha rapidamente e com uma força bastante considerável na corrida. A
partir do momento em que o pé deixa de estar em contato com o solo durante a passada,
a perna eleva-se de modo a que o calcanhar quase chega a tocar a nádega. Quanto mais
rapidamente isto se realizar, maior é a rapidez com que se dá a flexão do joelho e mais
rápido o membro é basculado para a frente. Quando os músculos isquiotibiais se
contraem, dá-se a flexão do joelho, bem como a extensão do quadril. Este mesmo
fenómeno acontece aquando da preparação do remate. No preciso momento de
pontapear a bola, de uma forma forte, o reto anterior realiza a extensão do joelho e a
flexão do quadril. Também participam na extensão do joelho, apesar de não
mobilizarem o quadril, o vasto externo, o quadrado crural e o vasto interno. Os músculos
vastos interno e externo são importantes na estabilidade e equilíbrio rotuliano (FRADE,
2004).

Do ponto de vista muscular, segundo (Soares, 2007), o remate, pela sua especificidade,
complexidade ou mesmo por alguns aspectos contraditórios à primeira vista, foi classificada
como sendo “o paradoxo de futebol”. Isto porque o quadríceps atua de uma forma intensa na
preparação do remate, enquanto o recrutamento dos isquiotibiais é máximo na extensão da
perna imediatamente na fase que antecede e logo após o contato com a bola.
Gonçalves (2000), afirmar que para além das forças exercidas sobre a coxa e abdómen,
o jogador de futebol, mais especificamente o seu joelho, terá de resistir a fortes forças
rotacionais e translacionais. Apenas cerca de 15% da força cinética gerada pelo gesto é
24

transmitida à bola, sendo a restante absorvida pelo membro inferior do jogador, em particular
pelos isquiotibiais que contraem excentricamente nesta fase.
Isto explica, Gonçalves (2000), a grande vulnerabilidade deste grupo muscular na
realização de um potente pontapé sobre a bola. O contato acidental com o solo ou com uma
perna de outro jogador gera uma carga de impacto adicional e retarda a dissipação de forças,
ultrapassando, desta forma, os limites de tolerância de forças, podendo resultar daqui fraturas
ósseas ou roturas musculares.

2.2.4. Salto e cabeceio


Saltar para cabecear, controlar a bola ou agarrar a bola, no caso do goleiro, é um dos
fundamentos que tem uma importância enorme no futebol. Segundo Howe e Hanchard (2003),
o salto pode acontecer a partir da posição de parado, ou em corrida, com impulsão num membro
ou através de ambos. Inicialmente, verifica-se um abaixamento do centro de massa, controlado
pela ação excêntrica dos músculos quadríceps e isquiotibiais. Seguidamente, de acordo com
Howe e Hanchard (2003), verificam-se potentes contrações dos mesmos grupos musculares ao
elevar o centro de massa pela extensão da anca e joelhos.
O ato de saltar e cabecear a bola exige, de acordo com Frade (2004) um trabalho
coordenado e forte dos seguintes grupos musculares:
a) Músculos do dorso;
b) Músculos do quadril;
c) Músculos isquiotibiais;

Os músculos isquiotibiais realizam, durante o salto, a extensão das ancas ao mesmo


tempo que efetua a flexão dos joelhos. Para desenvolver corretamente o cabeceamento,
os músculos que correspondem à parte anterior do corpo devem alongar-se para dar
sequência ao movimento e o “estiramento” destes músculos deve ser de cerca de 20%
comparativamente ao comprimento normal (FRADE, 2004).

d) Os abdominais;
e) Os flexores do quadril;
f) Os extensores do quadril.

Estes 3 grupos musculares podem comunicar uma velocidade considerável à parte


superior do tronco e da cabeça após terem sido alongados. É preciso ter músculos
potentes no pescoço para a orientação da direção do cabeceamento, alguma mobilidade
da coluna e força, sobretudo, no músculo oblíquos do abdómen (Frade, 2004).
25

O salto da posição de pé, conhecido por “sergeant Jump”, é frequentemente utilizado


para medir a força de um jogador. De acordo com Frade (2004), este salto é executado de
preferência com os dois pés, lançando os braços para cima e para frente do peito, com uma
pequena flexão dos joelhos, saltando-se através de um impulso simultâneo das duas pernas.

Este tipo de salto recebe o nome de salto na passada, caso haja a necessidade de realizar
uma passada antes de se realizar o salto. No entanto, caso o movimento implicado
necessite de um número de passadas superior à três, a velocidade tornar-se-á tal, que a
melhor forma de realizar o salto será sobre uma perna. Utiliza-se a velocidade e uma
flexão da perna inferior como forma de compensar (Frade, 2004).

Muitas vezes, associa-se com alguma frequência a força e a altura do salto. Esta
equação, segundo Frade (2004), revela-se incompleta e como tal carece de ser completada por
exemplo com velocidade de arranque, de mudança de direção ou travar muito rapidamente que
são fatores de força explosiva. Consequentemente, ser potente implica uma força explosiva, um
excelente equilíbrio e uma boa coordenação.
A recepção ao solo tem também igual importância e procura controlar o peso corporal
na queda. Basicamente, são processadas novas contrações excêntricas do quadríceps e dos
isquiotibiais para desacelerar a ação, absorver as forças de impacto com o solo e reduzir o risco
de lesão (Howe e Hanchard, 2003).

2.3. Tipo de lesões na coxa


As lesões contraídas pelos jogadores podem ser variadas. As contusões precedidas de
miosite ossificante, bem como a síndrome de compartimento muscular, são frequentemente
referidas entre os jogadores, a par das roturas musculares (Gonçalves, 2000). Para além disso,
também é frequente observar no seio dos jogadores lesões musculares provocadas por ação de
um agente externo.
De uma forma geral, podem ser considerados, de acordo com Soares (2007), a existência
de quatro tipos de lesão muscular: as contusões, as roturas, a contratura e a sensação retardada
de desconforto muscular (SRDM).
No entanto, Renström (2003) considera que, de entre as lesões musculares mais
frequentes destacam-se as contusões (que ocorrem quando um músculo é comprimido contra
um osso) e as roturas musculares (ocorre, por exemplo, nos músculos posterior da coxa durante
26

um arranque explosivo de velocidade).


Desta forma, pelo apresentado na pesquisa e devido a gravidade e ao tempo que causam
de parada a um jogador e ao longo período de recuperação, iremos seguir com uma atenção
maior às contusões e às roturas musculares.

2.3.1. Contusões

De acordo com Gonçalves (2000), as contusões fazem parte da lista das lesões mais
comuns no futebol. Esta lesão é definida como sendo uma lesão muscular fechada,
desencadeada pela ação de um vector externo contundente ou atuando como tal (Massada,
1989). O mesmo autor afirma que é uma lesão extremamente frequente em desportos coletivos
e naqueles onde existe o contato físico.
Massada (1989) afirma que as contusões resultam na maior parte das vezes da ação
localizada e concentrada de uma força traumática desencadeada pela ação do adversário. Por
outro lado, Soares (2007) afirma que está lesão é sofrida quando o músculo é comprimido contra
o osso, por ação de um traumatismo externo.
Ou seja, este tipo de lesão ocorre, habitualmente, quando existe o contato com o joelho,
o pé, o cotovelo, ou outras partes do corpo de outro atleta (Gonçalves, 2000).
De acordo com Renström (2003), a lesão localiza-se no ponto onde o impacto foi
recebido, sendo que, se o músculo se encontrar em contração a lesão será mais superficial do
que se o músculo estiver relaxado.

2.3.2. Principais lesões musculares e classificação


A porcentagem dos músculos esqueléticos no peso total do corpo, segundo Spenst et al.
(1993), varia de 40-50% no homem e de 25-35% na mulher. Alguns estudos demonstram o
aumento desta porcentagem de acordo com a atividade realizada pelo atleta, chegando a 65,1%
em halterofilistas.
De acordo com Bedair et al. (2005), a função da musculatura é causar contração,
convertendo energia química em mecânica, podendo ou não resultar em movimento articular e
as fibras musculares podem ser divididas em dois tipos, sendo os músculos compostos por 50%
de fibras de contração lenta, tipo I, e por 50% de fibras de contração rápida, tipo II.
A maior parte das lesões musculares ocorre durante atividade desportiva, e segundo
Järvinen et al. (2005) ela correspondendo de 10 a 55% de todas as lesões e os músculos mais
comumente afetados são os isquiotibiais, quadríceps e gastrocnêmio, músculos estes bi
articulares que estão mais sujeitos às forças de aceleração e desaceleração.
27

Os isquiotibiais apresentam uma grande variação de incidência, podendo corresponder


de 12 a 16% das lesões em esportes como futebol, rúgbi e atletismo (MALLIAROPOULOS ET
AL. 2011).
Segundo Carazzato (1994), vários sistemas de classificação têm sido propostos para as
lesões musculares. Estas podem ser classificadas de acordo com o tempo, o tipo, a gravidade e
o local da lesão. Quanto ao tempo, podem ser classificadas em aguda (menos de três semanas
de evolução) ou crônica.
Quanto ao tipo, Järvinen et al. (2005) diz que elas podem ser classificadas em lesões
causadas por fatores extrínsecos ou intrínsecos.
Fatores extrínsecos agrupam as lesões que ocorrem por meio de um fator externo; as
contusões são o melhor exemplo. Fatores intrínsecos agrupam as disfunções musculares, os
estiramentos e as rupturas (JÄRVINEN ET AL., 2005).

As contusões musculares são causadas através do trauma de um objeto sobre o grupo


muscular. Deve-se levar em consideração a biomecânica do trauma para avaliar as
possíveis lesões. Por ser um trauma, tanto a pele quanto as camadas mais profundas até
a musculatura poderão sofrer graus variados de lesões (JÄRVINEN ET AL., 2005).

Segundo Järvinen et al. (2005), as alterações biológicas que ocorrem na musculatura


após uma lesão seguem sempre um mesmo padrão, independentemente do tipo de lesão sofrida.
Estas alterações podem ser didaticamente divididas em três etapas: destruição, reparo e
remodelamento.

A fase de destruição é caracterizada pela ruptura e necrose das fibras musculares, que
se segue à formação de um hematoma entre os cotos musculares rompidos e a reação
de células inflamatórias.
Uma vez que a fase de destruição tenha diminuído, a reparação efetiva do músculo
lesado inicia-se com dois processos concomitantes: a regeneração das fibras musculares
interrompidas e a formação de uma cicatriz de tecido conjuntivo.
Dentro do primeiro dia, as células inflamatórias, incluindo fagócitos, invadem o
hematoma e começam a eliminar o hematoma. Fibrina derivados do sangue e
fibronectina ligação transversal para formar tecido de granulação precoce, que age
como um andaime e local de ancoragem dos invasores fibroblastos. A cicatriz de tecido
conjuntivo produzida no local da lesão é o ponto mais fraco do músculo esquelético
lesionado logo após o trauma, mas a sua tensão aumenta consideravelmente a força com
a produção do colágeno tipo I.
A restauração do suprimento vascular à área lesada é o primeiro sinal de regeneração e
28

um pré-requisito para a recuperação morfológica e funcional posterior dos músculos


feridos (JÄRVINEN ET AL., 2005).

Commandre et al. (1982) classificaram as lesões musculares, baseados em exame


complementar mais preciso e na ultrassonografia, que contribuiu para um diagnóstico seguro e
uma orientação de tratamento com prognóstico mais favorável, pois, um atleta de alto nível,
exposto a qualquer negligência de diagnóstico, certamente aumentará seu período de
reabilitação e retardará seu retorno às atividades habituais de competição.
Commandre et al. (1982), consideram, assim como Järvinen et al. (2005), dois grupos
importantes de lesões musculares: primeiro grupo, resultante de fatores causais extrínsecos, as
contusões musculares, e segundo grupo, de fatores causais intrínsecos, as distonias ou
disfunções musculares, distensões e roturas propriamente ditas.
No grupo das distonias, Commandre et al. (1982) fazem referências a cãimbras e
contraturas musculares (estágio 0). As distensões, consideram estágio I de lesão; rotura parcial,
classificam como estágio II; e rotura total séria, estágio III.
As câimbras e contraturas musculares (estágio 0), segundo Commandre et al. (1982),
seriam uma disfunção muscular, sem lesão anatômica da fibra, e relacionadas com muita
frequência a vários fatores, sendo o mais importante a fadiga muscular.
A classificação geral, de acordo com Commandre et al. (1982), ficou assim explicada:

A distensão muscular (estágio I) seria uma lesão reversível, produzida pelo


alongamento da fibra muscular ao grau máximo de elasticidade, sem chegar a rotura.
A rotura muscular parcial (estágio II) seria uma lesão anatômica de um número mais ou
menos importante de fibras musculares, produzidas na maioria das vezes por uma
contração máxima, com falta de coordenação entre agonistas e antagonistas ou oposição
a uma força de resistência.
A rotura muscular total (estágio III) é também causada pela falta de sinergismo
muscular ou uma força-resistência de grande intensidade, observando-se uma
depressão, dores intensas, impotência funcional (COMMANDRE ET AL., 1982).

Commandre et al. (1982) ainda classifica a lesão muscular em leve, moderada e grave,
sendo a contusão leve, as dores são localizadas no pronto do trauma direto, mas não dificultam
a mobilização do joelho. Já a contusão moderada, as dores são intensas, localizadas, mas com
algum sinal de difusão, aumento pronunciado da coxa, postura antálgica em semiflexão do
joelho, com amplitude de movimento menor que 90°. E a contusão grave, as dores são intensas,
localizadas, com algum sinal de difusão, impotência funcional e postura antálgica, com
29

mobilidade do joelho menor do que 45°.


O atleta deve ser retirado imediatamente do campo de competição se a lesão for
moderada ou grave.

2.4. Prevenção de lesões no futebol

Algumas atividades, segundo Cohen e Abdalla (2003), são tidas como verdadeiras
armas que atuam na redução de lesões com alongamentos antes e depois da atividade física,
porem ainda tem sua validade contestada em alguns estudos.
O fortalecimento da musculatura dos adutores e da musculatura dos isquiotibiais
ajudou a reduzir o número de lesões musculares em atletas (Herbert, Gabriel, 2002).
Croisier et al. (2008), dizem que assimetria de força muscular é responsável por lesões
musculares. Estudos que trabalharam o balanço muscular demonstraram uma diminuição no
índice de novas lesões, e o aquecimento ativo e passivo da musculatura antes do treinamento e
da competição tem sido difundido como uma estratégia de prevenção de lesão.
Para completar, Brooks et al. (2006) afirmam que fortalecimento da musculatura isquiotibial
demonstrou redução na incidência de lesões deste grupo muscular.

2.4.1. O papel do treinado e do preparador físico


Como qualquer outra profissão em uma sociedade, a de treinador de futebol, segundo
Becker Jr. (2000), exige algumas qualidades básicas que permitem o desempenho de sua função
com maior probabilidade de conseguir seus objetivos. Uma destas qualidades passa,
obrigatoriamente, de acordo com Becker Jr. (2000), pelo conhecimento da prática desse esporte.
A partir do conhecimento prévio, são estabelecidas algumas metas e divisões, tais como
noções de planejamento e planificação de trenos de uma equipe, respeitando as individualidades
biológicas, conhecer o desenvolvimento técnico, tático e físico de cada jogador de maneira
individual.
Becker Jr. (2000) entende que a conduta do treinador pode ser representada por várias
dimensões de liderança, tais como:

Conduta humanista, caracterizada por uma preocupação com a relação interpessoal


cordial entre os membros da equipe, bem-estar de cada atleta, alcançando uma
atmosfera grupal positiva; conduta tecnicista, através da qual o treinador pretende
aperfeiçoar o rendimento, orientando- o para o desenvolvimento de suas habilidades
físicas, técnicas, táticas e psicológicas; conduta democrática, onde o treinador permite
30

a participação dos atletas nas decisões ligadas às metas do grupo, métodos de


treinamento, estratégias de competição, etc.; e a conduta autocrática, através da qual o
treinador expressa decisões sobre todos os aspectos de treinamento e na qual não há
participação dos demais elementos da equipe (BECKER JR., 2000).

No atual futebol profissional, o treinador tem um poder hierárquico dentro da sua equipe
de trabalho. Assim, a organização e o desenvolvimento do planejamento passam pelo seu
julgamento e, dependendo das características adotados pelo treinador, a elaboração e o
desenvolvimento dos treinamentos também são diretamente coordenados pelo treinador, indo
além das suas características inerentes do cargo que ocupa.
Segundo Medina et al. (2000) a performance técnico-tática de uma equipe de futebol
profissional passa por várias etapas e entre elas está a definição do conceito de equipe que se
pretende, a política necessária para operacionalizar a sua formação e finalizando com o
planejamento de trabalho que envolve a atuação técnica dos profissionais.
Nessa perspectiva, as etapas de treinamento devem ser englobadas e entendidas de
forma integral, e interativa pelo treinador e o preparador fisico no processo da performance.
Assim, segundo Medina et al. (2000) temos seis etapas para serem concretizadas:

A primeira das etapas acontece quando da formação do grupo de atletas para


competição. Segunda etapa é realizada a definição do grupo de atletas, através da
quantificação do número de participantes no período de trabalho estabelecido pelo
clube. A terceira etapa representa o momento de adaptação individual e coletiva dos
atletas ao trabalho em equipe, onde se minimiza os efeitos da heterogeneidade no que
se refere aos aspectos físicos, técnicos e táticos. Quarta etapa, entendemos que seja
realizado o desenvolvimento de uma mecânica de jogo, onde se define o
posicionamento básico da equipe, buscando sintonia entre os setores da defesa, meio-
campo e ataque, para minimizar os erros. Na quinta etapa do desenvolvimento, se
estabelece a definição de uma proposta de jogo-padrão, onde as concepções de jogo são
definidas. A última etapa, é aquela onde as variações tático-estratégicas permitem alto
grau de conscientização da equipe, variações de jogadas e posicionamento frente ao
adversário (MEDINA ET AL., 2000)

A definição de conceito de futebol, para o clube, segundo Silva (2002), passa pela
política de geração dos recursos e pelo planejamento de trabalho, facilitando o desenvolvimento
da atividade em linhas gerais. Ou seja, Silva (2000) afirma que é do clube a responsabilidade
pela composição de um grupo de atletas qualificados técnica e atleticamente, até a interação das
31

situações operacionais e estruturais no processo que protagoniza a performance no futebol e


potencializa o êxito no desenvolvimento do trabalho do treinador de futebol.
Nesse mundo do futebol, onde as lesões são tão comuns, não deveriam, a figura do
preparador físico ganhou destaque, pois o mesmo trabalha a composição dos treinamentos,
visando o aumento da performance dos atletas e consequentemente aumentando a sua
resistência a lesões, aumentando assim a sua vida ativa no esporte.
O preparador físico começou a ocupar espaço no futebol profissional, conforme
observa Medina (1999), a partir da década de 50, porque era cada vez mais sentida a
necessidade de um especialista que se encarregasse da preparação física dos jogadores, devido
à exigência rotineira de conhecimentos mais detalhados nessa área.

“O papel do preparador físico concretiza-se no âmbito da colaboração que proporciona


ao treinador, na gestão do processo de treino, que visa maximizar a articulação das
diversas dimensões do treino” (Jorge, 1989).

Segundo Medina (1999), a figura do Preparador Físico atingiu reconhecimento e


consagração a partir da conquista da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, onde a Seleção
Brasileira já contava com a presença do preparador físico na sua equipe.

O sucesso naquela competição determinou que não apenas o preparador físico, mas
também os outros integrantes da comissão técnica – como o médico – começassem a se
especializar, fazendo com que ações antes centralizadas no treinador, passassem a ficar
divididas com outros profissionais (MEDINA, 1999).

O condicionamento físico estando em um nível excelente, o jogador conseguirá dominar


melhor os fundamentos do futebol e evitar lesões, tendo em vista que esses que são exigidos do
jogador uma capacidade de coordenação mais elevada.
Nacusi (2000) observa que o preparador físico deve ser mais que uma pessoa graduada,
capacitada em biomecânica e em estratégia do esporte, precisa entender sobre relacionamento
humano como também sobre os limites do corpo humano.
Reforçando o entendimento dos limites do corpo humano, Balbinotti (1997. p.85) afirma
que um bom treinador entende que o corpo oferece um desafio para uma pessoa que almeja a
excelência de performance através da ação da corporeidade.
Concordamos que o preparador físico exerce a função de extrema importância com os
atletas, buscando ao máximo contribuir com o treinador através do sistema seletivos de cargas,
32

para minimizar os efeitos negativos na aplicação das cargas diárias de treinamento, evitando
lesões e trabalhando o condicionamento, nesta perspectiva, o profissional mais capacitado para
esta profissão é o Profissional de Educação Física, devidamente graduado em Bacharelado em
Educação Física.
Silva (2000) observa que:

A preparação física direcionada a jogadores de futebol, modificou-se com o decorrer do


tempo, estabelecendo novos conceitos e, até mesmo, exigindo uma participação maior
do atleta em campo. Para enfrentar a magnitude dessa transformação, os clubes mais
estruturados investiram em seus departamentos de futebol, contando com o apoio de
diversos especialistas e com um maior investimento tecnológico (SILVA, 2000).

Apesar das transformações e exigências constantes na performance física dos atletas


profissionais, desde a década de setenta até os dias atuais, o preparador físico, é peça
fundamental e importante, responsável pela performance da equipe e deixa-la resistente a
lesões.

2.4.2. Os fatores de riscos intrínsecos e extrínsecos

Como qualquer atividade desportiva, o futebol possui risco de lesão. De acordo com
Massada (2001) a quantificação da ocorrência de lesões traumáticas sofridas pelos desportistas
é feita usando dois índices: Incidência e Prevalência:

A incidência é uma medida descritiva de novos casos de lesões surgidos numa dada
população e por determinado período de tempo, enquanto a prevalência representa uma
avaliação da manifestação desta lesão num período ou ponto específico de tempo
(Massada, 2001; Massada, 2003).

No que diz respeito à classificação dos fatores de risco, existe um consenso generalizado
em ordená-los em duas categorias: Intrínsecos e Extrínsecos, sendo que, segundo Soares (2007),
os primeiros são inerentes às características do próprio indivíduo, enquanto que os fatores de
riscos extrínsecos estão relacionados com o tipo de atividade desportiva, condições exteriores
e equipamentos.
No quadro seguinte, são apresentados os fatores de risco mais comuns no futebol, são
fatores predisponentes, que podem levar a uma maior ocorrência de lesões.
33

Internos Externos
Idade Tensão
Sexo Nível de competição
Morfologia Corporal Nº de jogos e recuperação
Estado de saúde Estágios
Técnica Proteções e calçados
Alterações Anatómicas Tipo de piso
Estabilidade articular Concepção Táctica
Agilidade Coordenação Arbitragem
Força Condições atmosféricas
Flexibilidade
História de lesão prévia
Personalidade
Quadro 4: Fatores de Risco, internos e externos, de lesão no futebolista
Fonte: Soares, 2007.

Os fatores de intrínsecos estão relacionados com o próprio jogador, são fatores


pessoais, as vezes de pouca importância e que os impedem de atingir o rendimento máximo.
De acordo com Soares (2007), a idade é um dos fatores, pois a taxa de lesões em crianças
e jovens jogadores é menor do que dos adultos. O mesmo autor afirma que isto deve-se
provavelmente ao menor peso corporal, à menor velocidade de jogo e dos deslocamentos.
Segundo divergentes (Massada, 2001), não existem referentes ao sexo, grandes
diferenças em termos globais entre jogadores e jogadoras de futebol, exceção feita as lesões do
joelho, mais concretamente a rotura do LCA onde as mulheres apresentam um índice bastante
superior.
Referentes a morfologia corporal, Soares (2007) diz que apesar de serem poucos, alguns
estudos sugerem a existência de maior risco de lesão em atletas com percentagem de gordura
mais elevada.
Os atletas com grandes capacidades técnicas, apesar de não estar provado
cientificamente, segundo Soares (2007), parecem apresentar um menor risco de lesão.
De acordo com Soares (2007), a hiper pronação do pé está relacionada com o aumento
do risco de inflamação do pé, acompanhada por metatarsalgia, periostite, lesão do tendão de
Aquiles e fraturas de stress. As diferenças no comprimento do membro inferior são também
consideradas fator de risco.
Em relação à entorse do joelho, Gonçalves (2000), constatou que os jogadores que
sofreram uma entorse sem contato físico, padeciam com maior frequência de entorse no
joelho com instabilidade mecânica residual, quando comparados com jogadores lesionados
durante colisões.
34

Em alteração a coordenação neuromuscular Silva e Costa (1965) ressaltam que ela


pode resultar quer de um excesso de contração do músculo agonista, quer por falta de
relaxamento do antagonista, podendo ainda haver a ação dum músculo estranho ao ciclo
normal do movimento, aumentando ainda mais a tensão muscular.
Acredita-se que atletas mais fortes do ponto de vista muscular além de ter maior
probabilidade de obter grandes performances, são menos susceptíveis a lesões (Soares, 2007).
Segundo Yamamoto (1993), os desequilíbrios de força muscular, juntamente com a reduzida
flexibilidade articular citada anteriormente e do inadequado “aquecimento”, constituem um
forte fator de risco de lesão na coxa.
A repetição sistemática de movimento extremamente potente no futebol, requer “uma
Unidade musculo- tendão suficientemente complacente para armazenar e libertar energia”
sem comprometer a integridade destas estruturas (Soares, 2007). Neste sentido, ter uma falta
de elasticidade pode aumentar os riscos de lesões, embora não seja cientificamente
comprovado.
Existe uma maior facilidade de aparecimento de lesões em indivíduos com histórias
de lesões anteriores (Costa e Silva, 1965). Segundo Soares (2007), aproximadamente 15% a
30% das lesões em futebolista são recorrentes. E a motivação desempenha um papel
primordial na performance do jogador, bem como na prevenção de lesões (Massada, 2001).
Os fatores de riscos extrínsecos são responsáveis por uma boa porcentagem de lesões
no futebol. Esses fatores são inerentes a vontade do indivíduo, pois ele não as pode controlar.
Segundo Ekstrand (2004), o risco de lesão aumenta com o nível competitivo, pois
jogadores profissionais passam mais tempo treinando e a jogando do que os jogadores
amadores, sendo assim, eles possuem um risco maior de se lesionarem.
De acordo com Soares (2007), no futebol atual é um fenômeno televisivo, um
fenômeno que se caracteriza por um número excessivo de jogos com tempos de recuperações
inadequadas. Com a soma de alterações emocionais, evidencia um alto risco de lesão.

2.4.3. Treino da força na prevenção de lesões

A força, no âmbito esportivo, é entendida como a capacidade do músculo de produzir


tensão ao ativar-se (BADILLO & AYESTERÁN, 2001). Esta capacidade é dividida em força
máxima, resistência de força e potência. De uma forma geral, o músculo pode produzir força
através de contrações estáticas ou isométricas e dinâmicas. As contrações dinâmicas podem ser
concêntricas ou excêntricas (BADILLO & AYESTERÁN, 2001).
35

O treino neuromuscular visa o aumento das respostas motoras involuntárias através da


simulação de sinais aferentes e dos mecanismos centrais responsáveis pelo controle articular
dinâmico. Tem por objetivos a melhoria da habilidade do sistema nervoso para gerar padrões
rápidos e ideais de resposta muscular, aumento de a estabilidade articular, diminuição das forças
articulares e recuperação de padrões de movimento e habilidade (BRITO, SOARES, REBELO,
2009).
Nem sempre é possível encontrar uma relação direta entre a força muscular e o
desempenho do futebolista, mas sabe-se que as ações específicas do jogo – arranques,
travagens, saltos, chutes, mudanças de direção rápidas, entre outras – necessitam de elevados
níveis de força para se expressar (BRITO, SOARES, REBELO, 2009).
No futebol, a força dos músculos isquiotibiais, pela ação frenadora que exercem sobre
o deslizamento anterior da tíbia, assume uma implicação vital na estabilização do joelho,
principalmente nas ações de natureza excêntrica (BRITO, SOARES, REBELO, 2009).
Não obstante, as ações específicas do futebol privilegiam os músculos extensores do
joelho em detrimento dos flexores, o que se reflete, num défice de força significativo dos
isquiotibiais, tornando-os mais vulneráveis (SOARES, 2007).
Sabe-se que a relação isquiotibiais/quadríceps do mesmo membro deve situar-se entre
55-60% (SOARES, 2007) e que, no que respeita à força muscular, esta relação parece ser o
único fator discriminatório relativamente aos casos mais severos de lesão do ligamento cruzado
anterior (BRITO, SOARES, REBELO, 2009).
Para relação entre os dois membros (dominante versus não-dominante) essa relação de
equilíbrio deve ser de 15% (CROISIER et al, 2008). É uma ocorrência comum de lesão através
da extensão rápida do joelho (chute ao gol, por exemplo), que solicita a ação excêntrica dos
isquiotibiais para desaceleração da perna na fase final do balanço (CROISIER et al, 2008).
No estudo de Croisier et al (2008), dos 462 jogadores que receberam um
acompanhamento completo, 246 (53%) tiveram uma pré-temporada com perfil isocinético
normal, e 216 (47%) foram caracterizados por significativos desequilíbrios na força isocinética.
Em seu estudo quatro grupos foram criados:

Grupo A (valores normais pré-temporada); Grupo B (desequilíbrios na força Isocinética


pré-temporada sem intervenção); Grupo C (desequilíbrios na força Isocinética pré-
temporada com intervenção e sem reavaliação ao longo da intervenção); Grupo D
(desequilíbrio na força Isocinética pré-temporada com intervenção e com reavaliação
ao longo da intervenção). Jogadores sem qualquer desequilíbrio de força pré-temporada
mostraram uma frequência de lesões de 4,1% (Grupo A). A taxa de lesão foi
36

significativamente maior e atingiu 16,5% dos jogadores com desequilíbrios pré-


temporada e que não foram tratados (Grupo B), indicando que a atividade de futebol
com os desequilíbrios das forças não tratada aumenta mais de quatro vezes o risco de
lesão na coxa comparado com um perfil normal (CROISIER et al., 2008).

A aplicação de um programa de condicionamento, Croisier et al (2008), para jogadores


com desequilíbrios musculares pré-temporada, porém sem reavaliação ao longo da intervenção,
obteve uma redução significativa na frequência de lesões (11% no Grupo C) em comparação
ao Grupo B. Em contrapartida, efetiva correção dos desequilíbrios, demonstrada através de
subsequentes testes de controle Isocinéticos utilizando critérios precisos para a normalização
de parâmetros, reduziu de forma significativa a frequência de lesões (5,7% no Grupo D) em
comparação com o Grupo B.
Zazulak et al (2007) acrescenta que a estabilidade dinâmica do joelho de um atleta
depende de um sistema sensorial preciso e adequadas respostas motoras para atender às
demandas de mudanças rápidas na direção do tronco durante o corte (mudança de direção),
desaceleração brusca e os movimentos de aterrissagem.
O inadequado controle neuromuscular do tronco do corpo pode comprometer a
estabilidade dinâmica do membro inferior e resultar em aumento no torque de abdução do
joelho, o que pode aumentar a tensão sobre os ligamentos do joelho e causar ferimentos
(ZAZULAK et al, 2007).
Zazulak et al (2007) teve como objetivo identificar os potenciais fatores
neuromusculares relacionados com a estabilidade do núcleo (articulação) que predispõem
atletas às lesões de joelho. Especificamente, examinou se houve uma relação entre os fatores
relacionados com a estabilidade do núcleo e aumento do risco de lesão no joelho (ZAZULAK
et al, 2007).
Segundo Zazulak et al (2007), o estudo demonstra que fatores relacionados à
estabilidade do tronco preveniram lesões no joelho, ligamentos e risco de lesão do ligamento
cruzado anterior (LCA) em atletas.
Portanto, este estudo prospectivo fornece evidências para o tratamento destes indivíduos
com programas de treinamento neuromuscular, para evitar ferimentos no joelho, incorporando
exercícios de estabilidade do tronco (ZAZULAK et al, 2007).
Concluindo em seu estudo que atletas com a diminuição do controle neuromuscular do
tronco, medido durante as tarefas de uma força súbita após libertação e reposicionamento do
tronco estão em risco aumentado de lesão no joelho.
37

Zazulak et al (2007) ressalta que a implementação de intervenções que incorporem o


treinamento da estabilidade do tronco, incluindo exercícios proprioceptivos, perturbação e
correção de oscilação do tronco, tem o potencial para reduzir lesões do ligamento do joelho e o
risco de lesão do LCA em atletas do sexo feminino e masculino.
Soligard et al (2008) evidencia também em seu estudo as vantagens da implementação
de um programa “warm-up” para prevenção de lesões em jovens meninas jogadoras de futebol,
ressaltando que o programa deve ser implementado já nas camadas jovens do futebol para já
definição de movimentos biomecânicos ideais.
Recomendamos vivamente que os jogadores com desequilíbrios musculares pré-
temporada tenham acompanhamento isocinético para identificar uma disfunção residual no
desempenho muscular continuo para efetiva correção dos desequilíbrios (CROISIER et al,
2008; BRITO et al, 2009; SOARES, 2007).

2.4.4. Treino da flexibilidade na prevenção de lesões

A influência da flexibilidade e da amplitude articular na prevenção de lesão tem sido


um aspecto que tem mobilizado as mais diferentes opiniões, ainda que sem consenso do ponto
de vista científico (FLECK & KRAEMER, 2006).
A flexibilidade poderá ser ativa, passiva ou uma combinação das duas. Na flexibilidade
ativa, o atleta realiza os seus movimentos de forma independente sem a ajuda de pessoas ou
equipamentos (FLECK & KRAEMER, 2006).
A flexibilidade passiva implica a utilização de equipamentos ou ajuda externa. Estes
exercícios normalmente são mais eficazes porque, com ajuda, o atleta pode atingir
alongamentos superiores aos que realizasse sem qualquer suporte externo (FLECK &
KRAEMER, 2006). Outra forma muito utilizada para prevenção de lesão é a facilitação
neuromuscular proprioceptiva (FELAND & MARIN, 2004).
O objetivo de Feland & Marin (2004) foi determinar o efeito da variação na intensidade
(20-100%) na melhoria da flexibilidade do isquiotibial através “contrair-relaxar (CR) método”,
que é uma técnica que usa uma contração muscular voluntária máxima isométrica (CVMI),
seguida de relaxamento.
Os resultados, segundo Feland & Marin (2004), mostraram que o uso de intensidades
submáximas de 20% e 60% para o rendimento dos isquiotibiais se comparou aos ganhos de
flexibilidade a intensidade de 100%. Esses resultados são interessantes uma vez que utilizar
intensidades mais baixas (confortáveis) no treino de flexibilidade diminui o risco de lesão
induzida pela contração.
38

Croisier et al (2008) destacam o papel da falta de flexibilidade como fator de risco de


lesão para os isquiotibiais. Croisier et al (2008) acreditam que o alongamento pode
desempenhar um papel na prevenção da tensão muscular dos isquiotibiais, melhorando a
absorção da força de um determinado comprimento do músculo, tornando o músculo mais
resistente à lesão do estiramento.
Uma combinação de anomalias (força, flexibilidade, fadiga) tem sido relatada como o
aumento do risco de tensão dos isquiotibiais (CROISIER et al, 2008).

2.4.5. Treino proprioceptivo na prevenção de lesões

Este tipo de treino designa-se por proprioceptores e são biologicamente classificados


como nervos aferentes que recebem e enviam impulsos dos estímulos provenientes da pele,
músculos, articulações e tendões para o sistema nervoso central (SNC) (FLECK & KRAEMER,
2006).
Os proprioceptores, segundo Soares (2007), desempenham um papel determinante na
capacidade de o atleta efetuar de forma segura, eficiente e tecnicamente ajustada os diferentes
gestos desportivos através de processos que facilitam a produção de força – recrutamento,
frequência de estímulos, sincronização e atividade reflexa do músculo –, bem como a redução
dos mecanismos inibidores da tensão muscular máxima.
O treino da proprioceptividade é uma das formas habitualmente mais utilizadas, não só
na prevenção, mas também como coadjuvante terapêutico em muitas lesões desportivas
(SOARES, 2007).
Hupperets et al (2010) incluíram em seu estudo 522 atletas: 256 atletas (120 mulheres e
136 homens) no grupo de intervenção, e 266 atletas (128 mulheres e 138 homens) no grupo
controle. Ambos os grupos receberam tratamento de acordo com os cuidados habituais após
entorse do tornozelo. O grupo de intervenção recebeu um programa de treinamento
proprioceptivo durante oito semanas além dos cuidados habituais. O grupo controle recebeu
somente os cuidados habituais após entorse do tornozelo.
A pesquisa mostrou que o treinamento proprioceptivo trouxe uma redução global
aproximado de 50% na taxa de recorrência de entorse do tornozelo. Apresentando então um
risco significativamente menor de recidiva no grupo de intervenção do que no grupo controle.
(HUPPERETS et al, 2010).
Verhagen et al (2005) evidenciou que a incidência de lesão de entorse no tornozelo do
grupo intervenção foi significativamente menor do que no grupo controle. Evidenciando
também que a reincidência foi significativamente menor no grupo intervenção do que no grupo
39

controle em equipes de voleibol holandês. O treino proprioceptivo tem vindo a assumir um


papel decisivo como fator integrante dos programas de prevenção de lesões no futebol.
Os exercícios baseiam-se em situações onde a variabilidade e a instabilidade são dois
fatores constantes, pelo que se sugere que decorram em superfícies móveis, com diferentes
graus de dureza, com apoio uni podal e ainda com e sem referências visuais (SOARES, 2007).
40

CAPITULO III
METODOLOGIA

A metodologia, segundo Lakatos e Marconi (2003), é o tópico do projeto de pesquisa


que abrange o maior número de itens, pois reponde os questionamentos propostos pela pesquisa.
Neste estudo foram realizadas buscas em bases de dados sobre as lesões ocorridas por
atletas profissionais de futebol, disponibilizados pela CBF e pela UEFA nas temporadas de
2016 e 2017, pesquisados entre os meses de setembro a novembro de 2019. Após a leitura e
resumo dos dados obtidos, foram, foram analisadas as lesões mais frequentes, dos quais se
apresentavam com mais relevância.

3.1 Tipo de pesquisa.


A presente trabalho teve caráter de pesquisa bibliográfica, descritiva e documental.
Bibliográfica, pois segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007), a pesquisa bibliográfica
é desenvolvida a partir da coleta de matérias já publicadas em livros, artigos ou revistas.
Descritiva, por que segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007), é o tipo de pesquisa
ocorre quando se registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, sem manipula-los.
Segundo Barros e Lehfeld (2000), por meio da pesquisa descritiva, procura-se descobrir
com que frequência um fenômeno ocorre, sua natureza, suas características, causas, relações e
conexões com outros fenômenos.
De acordo com Cervo, Bervian e da Silva (2007), esta modalidade de pesquisa pode
assumir a forma de estudo descritivo, onde se estuda e descreve características, propriedades
ou relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada.
Cervo, Bervian e da Silva (2007), caracteriza a pesquisa documental como aquela onde
é realizada uma investigação, por meio de documentos, com o objetivo de comparar e descrever
os costumes, comportamentos, diferenças e outras características, tanto na realidade presente,
como no passado.
41

3.2 Abordagem
O presente trabalho teve uma abordagem de pesquisa quantitativa e qualitativa, onde
buscou produzir um levantamento de dados que serão quantificados em informações mais
detalhadas sobre a incidência de lesões em jogadores de futebol profissional.
Sobre isso, Fonseca (2002), esclarece que:

Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem


ser quantificados. Como as amostras geralmente são grandes e consideradas
representativas da população, os resultados são tomados como se constituíssem um
retrato real de toda a população alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra na
objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser
compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de
instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem
matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc.
(FONSECA, 2002, p. 20).

A pesquisa qualitativa tende a salientar os aspectos dinâmicos, holísticos e individuais


da experiência humana, para apreender a totalidade no contexto daqueles que estão vivenciando
o fenômeno (POLIT; BECKER; HUNGLER, 2004, p. 201).
Descreve Godoy (1995), “Embora nas duas abordagens - quantitativa e qualitativa - a
pesquisa se caracterize como um esforço cuidadoso para a descoberta de novas informações ou
relações e para a verificação e ampliação do conhecimento existente, o caminho seguido nesta
busca pode possuir contornos diferentes. ”
Para Zanella (2011) “Enquanto o método quantitativo de pesquisa preocupa-se com a
medição dos dados, o método qualitativo não emprega a teoria estatística para medir ou
enumerar os fatos estudados. Preocupa-se em conhecer a realidade segundo a perspectiva dos
sujeitos participantes da pesquisa, sem medir ou utilizar elementos estatísticos para análise dos
dados. ”
Já o método quantitativo segundo Zanella (2011), é um método quantitativo que se
preocupa com representatividade numérica, isto é, com a medição objetiva e a quantificação
dos resultados. Tem, portanto, o objetivo de generalizar os dados a respeito de uma população,
estudando somente uma pequena parcela dela.
Para Zanella (2011), “A pesquisa quantitativa é apropriada para medir tanto opiniões,
atitudes e preferências como comportamentos. Se você quer saber quantas pessoas usam um
42

produto ou serviço ou têm interesse em um novo conceito de produto, a pesquisa quantitativa é


a opção mais acertada. ”

3.3 Amostra do estudo


Para a realização deste trabalho foi realizada uma revisão da literatura de materiais
disponíveis nos sites das respectivas instituições responsáveis pelo gerenciamento dos dados,
sendo a Confederação Brasileira de Futebol e a União das Associações Europeias de Futebol.

3.5 Coleta de dados


A coleta de dados ocorreu através de dados disponíveis nos sites oficiais da
Confederação Brasileira de Futebol e a União das Associações Europeias de Futebol, referentes
as lesões catalogadas e comprovadas nas seguintes competições: Copa dos Campeões da Europa
2016/2017 e Campeonato Brasileiro de Futebol 2016.
43

CAPITULO V
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

A partir de dados coletados por meio do Sistema de Mapeamento de Lesões da CBF, foi
divulgado um levantamento inédito que apresenta um panorama sobre as lesões sofridas pelos
atletas durante o Campeonato Brasileiro da Série A de 2016.
Os resultados foram obtidos a partir de informações cadastradas pelos próprios clubes
ao longo das 38 rodadas, em processo eletrônico semelhante ao usado no registro de atletas.
As informações coletadas por meio do sistema de mapeamento irão gerar, segundo a
CBF (2017), a médio prazo, estatísticas que servirão de apoio para possíveis mudanças de
comportamento em relação à prática esportiva, como proposição de alterações de regras e da
tabela dos campeonatos.
44

Os dados do grafico 1 mostra que foram detectadas 299 lesões no decorrer dos 380 jogos
do Campeonato Brasileiro de 2016.
Notamos que as lesões na coxa lideram a lista, com 127 ocorrências ou 42,47% do total
de lesões. Os lances envolvendo a cabeça do jogador vêm em seguida. Segundo a CBF (2017),
foram 29 lesões na cabeça/face, sendo 11 delas de concussão cerebral, a mais perigosa, sendo
estes dos dados mais alarmantes.
Desdes dados, a CBF (2017), separou as lesões mais frequentes, segundo o local de
ocorrencia. Na coxa vemos as lesões no isquitibiais como as mais frequentes, com 68 lesões no
total, seguida da lesão no adutores, com 25 lesões, no quadriceps, 19, e no biceps femural
tivemos 7 ocorrencias de lesões. Outros locais totalizaram apenas 8 lesões.

Ja na cabeça/face, grafico 3, notamos que as lesões se concentram na concussão cerebral


com 11 ocoorencias, seguidos pela lesão ocular com 6 ocorrencias, as demais tiveram 3 ou
menos.
45

Ja no tornozelo, conforme o grafico 4, vemos as lesões do ligammento lateral, 13 lesões


confirmadas, como as mais frequentes, seguidas pelas lesões do ligamebto deltoide e contusões,
com 6 e 3 casos respectivamente. As demais tiveram 2 ou menos casos.

Estes foram os principais dados obtidos sobre o Campeonato Brasileiro de 2016, a seguir
analisaremos os dados obtidos na Copa dos Campeões da Europa de 2016/2017 após, uma
analise comparativa entre as duas bases de dados.
O proximo relatório contém resultados da temporada 2016/17 dos 21 países da UEFA,
que participaram da Copa dos Campeões da Europa.
Os seguintes clubes estão incluídos: Arsenal FC, Bayer 04 Leverkusen, Borussia
Dortmund, Celtic FC, Clube Atlético de Madrid, Club Brugge, FC Barcelona, FC Basel 1893,
FC København, FC Porto, GNK Dínamo Zagreb, Juventus, Leicester City FC, Manchester City
FC, Paris Saint-Germain, PSV Eindhoven, Real Madrid CF, SL Benfica, Sporting Clube de
Portugal, SSC Napoli e Tottenham Hotspur FC.
Porem os dados foram apresentados de maneira homogenea, montando um panorama
geral da competição.
O grafico 5 faz uma apresentação dos dados referentes a todas a lesões ocorridas durante
a edição 16/17 da Copa dos Campeões da Europa. Onde vemos as lesões da coxa, com 224
ocorrencias, a região mais afetada, seguindo temos a lesão na virilha e no joelho, com 129 e
124, respectivamente.
46

O grafico 6 mostra a distribuição relativa de diferentes lesões. No total dos 21 clubes da


UEFA Champions League que forneceram dados completos para toda a temporada 2016/17
registrou-se 792 lesões.

Atingir um ponto equilibrado entre preparação física e as exigências do atleta não é


tarefa fácil. Apesar dos avanços da medicina desportiva, que permitiu se conhecer melhor a
fisiologia do esforço tem-se o excesso de competições e treinamentos, que deixam os atletas,
muitas vezes, no limite de ocorrências das lesões (COHEN, et al, 1997).
O futebol jogado na atualidade mudou de estilo. Passou a exigir mais vigor físico,
aumento de massa muscular e mais velocidade, o que tem gerado inúmeras lesões de diferentes
47

níveis.
Essa necessidade de força passou a requerer treinamento intensivo, provocando
esforços maiores das articulações, aumentando a tendência de lesão.

Local da lesão Campeonato Brasileiro Copa dos Campeões da UEFA


Cabeça/Face 2,15% 10,32%
Pescoço/ Coluna Cervical 0,25% 0,36%
Ombro 1,14% 4,27%
Pulso 0,25% 0,00%
Mão/Dedo 0,63% 1,78%
Externo/Costela 1,14% 2,85%
Abdomen 1,01% 0,00%
Pelves/Sacro 4,04% 0,36%
Virilha 16,29% 4,63%
Coxa 28,28% 45,20%
Joelho 15,66% 9,61%
Perna/Tendão de Aquiles 10,86% 7,47%
Tornozelo 13,76% 9,96%
Pé 4,55% 3,20%
Quadro 5 – Comparação entre o Campeonato Brasileiro e a Copa dos Campeões da Europa.
Fonte: Própria, 2019.

Apesar de tantas mudanças no estilo do futebol, o número de desportistas aumentou e


trouxe também um aumento no número de lesões, como traumas, dores, entorses e lesões por
causa de carga excessiva de treinamento ou competições (over training), o gráfico 7 apresenta
um comparativo sobre as lesões ocorridas no Campeonato Brasileiro e da Copa dos Campeões.
Gonçalves (2000) esclarece que a frequência e a gravidade das lesões, em especial no
futebol, se transformaram numa preocupação central dos intervenientes desportivos. Este
número elevado de lesões é consequência da popularização do esporte, do esforço do atleta e
de alguns tipos de ações, como o remate. O autor ainda destaca que o permanente contato físico
é o principal fator da ocorrência de lesão no futebol.
Segundo Quintana (2010), estudo realizado na Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), em oito times profissionais, identificou que lesões por choque entre jogadores,
conhecidas como contusões, representam 24,1% contra 39,2 de lesões musculares, 17,9 de
torções e 13,4 de tendinites. No estudo também foi possível constatar que a grande maioria das
lesões ocorreu em membros inferiores (72,2%), distribuindo-se da seguinte forma: 34,5% na
coxa; 17,6% no tornozelo e 11,8% no joelho.
Quintana (2010) explica que o músculo da coxa se compõe de várias fibras que, quando
48

ocorre o movimento, escorregam umas sobre as outras. Se este movimento não for harmônico
ocorre um estiramento. E segundo Dutra e Teixeira (2010) os fatores que podem levar ao
estiramento são, dentre outros, deficiências de flexibilidade, fatores relacionados ao
treinamento e sobrecarga e fadiga muscular.
As lesões mais frequentes no futebol, segundo o Manual Merck (2010) são as distensões
dos tornozelos, distensões dos músculos da perna, fraturas, lesões do joelho e cabeça.
49

CAPÍTULO VI
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se a nossa intervenção sobre as lesões musculares, não for deliberadamente pensada, no


sentido de se desenvolver uma metodologia de reabilitação dos jogadores, que frequentemente
padecem desta patologia, então, não seremos capazes de conceber o pensar e conceber o próprio
treino.
O presente estudo, baseada na revisão bibliográfica das lesões musculares no futebol
permite tirar algumas conclusões. No entanto, por se tratar de um trabalho de índole teórico, as
ilações retiradas não são mais do que a constituição de um quadro de referência.
A coxa é a região anatômica mais afetada por este tipo de lesões, sendo os isquiotibiais
a estrutura muscular mais afetada por esta lesão e simultaneamente o grupo muscular que
apresenta a maior taxa de lesões recidivas.
Os fatores de riscos, intrínsecos e extrínsecos, são importantes na prevenção das lesões.
Após a lesão é importante iniciar a atividade física, o mais rapidamente possível e as
máquinas de musculação são recomendadas, durante a reabilitação funcional, no sentido de
contrariar a atrofia muscular resultante da lesão.
A realização de um teste físico antes do retorno à competição afigura-se como sendo
importante, pois permite determinar se o jogador se encontra apto para regressar à competição,
diminui a probabilidade de recidiva e aumenta a confiança do jogador.
As variáveis utilizadas para determinar se o jogador se encontra apto para regressar ao
treino/competição, sem limitações e com reduzidos riscos de se voltar a lesionar, são a força
muscular, a velocidade, a resistência e a flexibilidade e a propriocepção e a coordenação.
Iniciamos a realização deste trabalho convicto de que a modificação de pequenos
detalhes, relativamente à forma como é enquadrada a lesão muscular no planejamento da época
desportiva, mais concretamente a sua prevenção e reabilitação, possa levar a grandes
50

transformações em todo o processo. Embalados nesse espírito, sugerimos aqui algumas


questões passíveis de serem explorados em estudos futuros.
Para além das sugestões expostas anteriormente, pensamos que seria interessante fazer
uma investigação sobre a etiologia e incidência das lesões musculares no futebol português,
bem como a gravidade e tempo de recuperação, de forma a poder-se atuar sobre a prevenção e
reabilitação das mesmas.
Desta forma, este trabalho de revisão acerca da incidência e das possibilidades de
prevenção de lesão no futebol profissional masculino, fica claro e evidente que os programas
para prevenção de lesão existem e são eficazes. Trazendo não só benefícios a saúde do atleta,
como benefícios aos clubes podendo contar com a participação efetiva do atleta nos jogos e
culminando na questão administrativa, em que os programas viabilizam uma redução
significativa de gastos para os clubes.
51

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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