dos pacientes com t(8;21) ou inv(16) e parecem afetar negativamente o
risco de recorrência, particularmente em t(8;21) [J Clin Oncol 24:3904, 2006]. Entre as LMAs com citogenética normal, a presença de mutação do CEBPA ou mutação do NPM1 na ausência de FLT3-ITD conferem prognóstico próximo ao das outras LMAs de prognóstico favorável [N Engl J Med 358:1909, 2008]. Apesar de o European LeukemiaNet considerar a mutação FLT3-ITD como risco intermediário, muitos autores a consideram como desfavorável [Blood 116:3147, 2010; Blood 115:453, 2010]. As seguintes categorias podem ser definidas para a LLA: favorável – t(12;21), t(1;9), hiperdiploidia, del(9p); desfavorável – t(9;22), t(4;11), hipodiploidia, –7, +8, cariótipo complexo (5 ou mais anormalidades) [J Clin Oncol 23:6306, 2005; Blood 109:3189, 2007; Lancet 371:1030, 2008].
TRATAMENTO
Terapia de suporte
Prevenção da síndrome de lise tumoral. Colocar cateter central e
iniciar hidratação (3 L/m²/dia) e correção de distúrbios metabólicos antes de iniciar a quimioterapia (QT). Administrar alopurinol, 300 mg/m²/dia VO (dividido em 3 doses, máximo 800 mg/dia), até leucócitos < 10.000/mm³ para controle do ácido úrico e dos riscos renais associados. Pacientes com hiperleucocitose (leucócitos > 100.000/mm³) podem desenvolver síndrome de lise tumoral (mais comum nas LMAs, mas também pode ocorrer nas LLAs, principalmente nas de subtipo Burkitt), espontaneamente ou associada à citorredução induzida pela QT. Em indivíduos com síndrome de lise tumoral ou risco alto de desenvolvê-la devido à contagem elevada de glóbulos brancos, aumento rápido de blastos, altos níveis de ácido úrico ou piora da função renal, o uso de rasburicase, 0,2 mg/kg/dia, EV, por até 5 dias, se disponível, proporciona rápido controle do ácido úrico.
Tratamento de leucostase. Leucocitoaférese imediata e terapia
citorredutora agressiva com hidroxiureia, 50-100 mg/kg/dia, VO, ou ara-C, 100 mg/m²/dia, EV, até melhora dos sintomas ou leucócitos < 70.000/mm³; hemodiálise pode ser necessária devido à síndrome de lise tumoral.
Suporte transfusional. Sempre utilizar componentes irradiados e
com filtro para remoção de leucócitos. Filtros de desleucotização têm a finalidade de diminuir as reações transfusionais benignas, prevenir a infecção pelo citomegalovírus (CMV) e diminuir a aloimunização HLA. Seu uso deve ser considerado principalmente nos pacientes que venham a receber transfusões por longos períodos. A irradiação de sangue e de hemocomponentes tem a finalidade de diminuir ou inativar os linfócitos T, evitando-se assim a doença do enxerto contra o 424 Neoplasias Hematológicas
hospedeiro transfusional. Não existem valores absolutos para transfusão
de hemocomponentes. Em geral, a transfusão de glóbulos vermelhos está indicada sempre que Hb < 8,0 g/dL e plaquetas < 10.000/mm³. Para procedimentos invasivos (liquor, acesso venoso central etc.), deve-se preferencialmente manter a contagem de plaquetas > 50.000/mm³. Fatores como febre, mucosite grave, sangramento em mucosas, infecção/sepse elevam o risco de sangramento e devem ser considerados como potencial indicação para transfusão mesmo com plaquetas > 10.000/mm³.
Profilaxias. Profilaxia com antibióticos e higiene pessoal com
lavagem de mãos e higiene dental são fundamentais. Profilaxia antifúngica com fluconazol, voriconazol ou posaconazol, antibacteriana com levofloxacino ou quinolona similar e antiviral com aciclovir ou valaciclovir até resolução de neutropenia proporcionam clara redução de mortalidade. Posaconazol é o agente antifúngico preferencial em pacientes com risco alto de aspergilose [N Engl J Med 356:348, 2007; Cancer 107:1743, 2006; Clin Infect Dis 52:e56, 2011].
Fatores de crescimento. G-CSF, 5 a 10 mcg/kg/dia SC ou EV,
durante 30 minutos. Na LMA, após a remissão clínica completa, na fase de intensificação; e na LLA, após remissão ou interciclos do Hyper-CVAD. Não utilizar G-CSF na apresentação LMA-M3 mesmo em caso de citopenia (aumento do índice de proliferação e risco de sangramento).
Leucemia mieloide aguda (exceto promielocítica
aguda) sem tratamento prévio
Pacientes com menos de 60 anos e sem comorbidades significativas
Recomendação. Indução: o tratamento-padrão conhecido
como “3 + 7” consiste em daunorrubicina, 60-90 mg/m² EV, nos D1, D2 e D3, e ara-C, 100 a 200 mg/m² EV, por infusão contínua, durante 24 h, do D1 ao D7; por no máximo 2 ciclos. Consolidação: pacientes com risco favorável ou intermediário recebem 3 ou 4 ciclos de doses altas de ara-C, 1,5-3 g/m², durante 3 h, a cada 12 h – total de seis doses; ou 1 ou 2 ciclos de doses altas de ara-C seguidos de transplante autólogo de medula óssea. Indivíduos que apresentem risco citogenético intermediário podem ser considerados para transplante de células progenitoras hematopoiéticas (TCPH) alogênico sem regime de consolidação. Pacientes de risco desfavorável devem