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Termofluidomecânica IV

Distribuição de ar

O objetivo desta unidade é que sejamos capazes de dimensionar uma instalação de


distribuição de ar, desde a escolha do tipo de insuflação até o projeto da rede de
dutos. Devemos garantir que o ar ao ser distribuído pela rede de duto garanta uma
perfeita homogeneização no ambiente climatizado.

Normas

Para o projeto da rede de dutos utilizaremos as normas da ASHRAE e os valores de


velocidade do ar e temperatura dentro do ambiente climatizado às normas da ABNT.

Detalhes

Para iniciarmos os cálculos da distribuição de ar será necessário que já tenhamos


calculado a carga térmica do ambiente que serão instalados os dutos, sendo
necessário conhecermos:
 Vazão de ar de insuflação;
 Temperatura de insuflação;
 Leiaute do local e da casa de máquinas;
 Equipamento condicionador de ar que será utilizado.

Insuflação

Inicialmente devemos determinar o tipo de insuflamento que utilizaremos, e localizá-lo


no ambiente que está sendo climatizado, posteriormente, faremos o projeto da rede de
dutos para levar o ar até essas bocas de insuflamento.

Para a escolha do tipo de insuflamento utilizaremos o material técnico do fabricante,


neste caso utilizaremos os manuais da TROX.

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Tipos de insuflação

As posições relativas das bocas de insuflação, como também as de retorno, podem


ser muito diversas e é importante dispô-las adequadamente para obter uma boa
distribuição do ar. Se os locais chegarem a alcançar dimensões consideráveis ou
formas irregulares, devemos dividir o local em salas imaginárias, como será descrito a
seguir. O tipo de insuflação que se utilizará determinará de maneira eficaz como irá se
comportar a distribuição de ar dentro do local que se está climatizando, é claro que o
tipo de insuflação que será escolhido depende muito das condições físicas do local.
Basicamente podemos classificar a insuflação de quatro maneiras distintas, conforme
descrito a seguir:

Insuflamento por grelha

Este tipo de insuflamento é sempre utilizado em locais com pé direito baixo, ou quando
não for possível a passagem de dutos pelo forro da área a ser climatizada.

Grelha de insuflação e retorno no mesmo bloco

Insuflamento por Difusor

Das formas de distribuição de ar é a que apresenta uma melhor eficiência, mas requer
cuidados durante a elaboração da melhor localização dos difusores e o seu
selecionamentro

Difusor de teto com grelha de retorno na parte baixa

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Insuflamento de Rodapé

O insuflamento é feito pela parte baixa do local a ser climatizado, sempre junto a
parede, para aprovetar a vantagem do efeito Coanda.
Nota: Efeito Coanda será detalhado a seguir

Insuflação pela parte baixa da sala – Insuflamento de Rodapé

Bocas de insuflação

Designamos de bocas de insuflação o local pelo qual o ar que esta vindo do


condicionador de ar será insuflado na sala a ser climatizada, existem no mercado uma
infinidade de equipamentos utilizados para esta finalidade, mas basicamente
utilizamos dois tipos básicos: grelhas e difusores.

Difusor Grelha

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Grelhas

As grelhas são , geralmente , feitas de aço , alumínio e outros materiais com vários
tipos de acabamento. Na figura anterior mostramos os aspectos de uma grelha
simples. A largura e a altura das grelhas são expressas em polegadas ou milímetros.
A largura multiplicada pela altura corresponde à “área total” da grelha.

Este tipo de bocas de insuflação tem a sua principal aplicação junto a paredes. Em
geral são retangulares de proporções próximas ao quadrado até chegar a ser
totalmente linear de vários metros, estreitos. Todos dispõem de pás paralelas,
horizontais ou inclinadas, e principalmente fixas. Existem as reguláveis em inclinação
e também de duas fileiras superpostas, verticais e horizontais.

O conjunto de pás paralelas das grelhas permite o controle do alargamento angular do


insuflamento do jato de ar.na direção longitude deste jacto.

Ângulo de incidência do jato de ar através das laminas das grelhas

Difusores

Os difusores de teto oferecem o melhor processo para a distribuição de ar uniforme


acima da linha de respiração, com menores probabilidades de formação de corrente
de ar. Estes difusores insuflam o ar horizontalmente, o qual se mistura do recinto
acima da cabeça dos ocupantes, sendo a sua velocidade totalmente consumida antes
de descer para a linha de respiração.

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Difusores de teto são utilizados para o insuflamento de ar em teatros e qualquer outro


local onde o duto possa ser colocado acima do teto ou logo abaixo e de forma que aos
mesmos possam ser ligados os difusores.
Os difusores de teto podem fabricados de vários tamanhos e formas e podem ser
adaptados a qualquer esquema de decoração.

A insuflação pelo teto, através do difusor, é a melhor, porque está fora da zona
ocupada. Os difusores geralmente adotam a forma circular ou quadrada.

Os difusores circulares estão formados por vários cones concêntricos que insuflam o
ar paralelamente ao teto e em todas as direções.
Existem difusores circulares com pás torcidas que insuflam o jato de ar em espiral,
utilizados em locais em que a altura do difusor pode estar relativamente grande.

Difusor com pás torcidas

Os difusores quadrados funcionam praticamente igual aos circulares, embora se


distinguam um pouco mais os quatro jactos que correspondem a cada lado do
quadrado Também existem os que descarregam em só três, duas ou apenas uma
direção.

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Insuflação por quatro lados Insuflação por três lados

Insuflação por dois lados

Insuflação por um único lado

Os difusores de um lado a três lados são muito adequados para se instalar próximo a
paredes. Alguns têm dispositivos de regulação que permitem orientar o jacto
parcialmente para o solo. É conveniente instalar uma comporta na conduta de
alimentação do difusor que permita regular o fluxo de ar. O alcance (L) do jato de ar é
definido pela velocidade de insuflação, indicada no catálogo do fabricante.

Distribuição do ar pelas bocas de insuflação

Uma perfeita distribuição do ar requer um fornecimento uniforme do mesmo na


totalidade da superfície do local, sem insuflação diretas sobre os ocupantes, sem
zonas de ar morto, e com a velocidade suficiente como para obter uma sensação de
conforto.
Uma velocidade muita baixa ou muito alta do ar deve ser evitada.

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Uma distribuição correta, levada a um nível que não descarregue diretamente sobre as
pessoas existentes no local, produzirá um movimento suficiente no ar para que o
mesmo se distribua no ambientes sem correntes incômodas.

Em cada caso particular determina-se a velocidade apropriada como também a


localização das bocas de entrada e saída do ar.
Primeiramente, devem ser localizados os locais onde serão instalados os terminais de
saída de cada ambiente então, selecionamos o tipo e o tamanho de cada um deles de
acordo com as necessidades locais. A distribuição do ar no ambiente condicionado é
de extrema importância e influencia diretamente no conforto dos ocupantes do mesmo.

Uma boa distribuição do ar no ambiente climatizado, é assegurada pela escolha


correta dos bocais de saída (tipo, tamanho, perda de carga, nível de ruído, etc); estas
informações podem ser obtidas nos catálogos dos fabricantes, por isso, recomenda-se
o uso de bocais padronizados e de fácil disponibilidade no mercado em geral.

Em ambientes com ocupação de pessoas, o próprio bocal de saída deve insuflar o ar


controlando a velocidade de saída e a equalização da temperatura na zona ocupada
(~2m acima do piso); para isto, devem ser considerados os efeitos da convecção
natural do ar no ambiente. No caso de controle de ambientes de equipamentos,
devemos atentar às necessidades de cada caso isolado, podendo ter a insuflação do
ar dentro do gabinete ou estrutura dos mesmos.

Deve ser evitado o uso de grelhas e difusores na insuflação do mesmo ambiente. Se


houver tal necessidade, devido às questões citadas anteriormente, devemos
selecioná-los de modo que as perdas de carga sejam semelhantes (não ultrapassando
12,5 Pa de variação – segundo Manual SMACNA de HVAC).
Para a seleção do equipamento de distribuição do ar, deve ser levado em
consideração:

• As condições do ambiente que podem afetar o conforto;


• Definir as posições de insuflação e de retorno do ar (bem como, se o duto ficará
exposto no ambiente ou acima do forro do mesmo);

• Considerar necessidades especiais que afetam as saídas de ar em sistemas que


utilizam vazão de ar variável (VAV Systems);
• Selecionar os dampers e os bocais de saída de forma a fornecer uma velocidade de
saída menor.

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• Consultar os manuais dos fabricantes dos equipamentos e componentes envolvidos


no projeto.

Zoneamento

Após selecionar os dispositivos de saída e antes definir layout e tamanho dos dutos, o
projetista deve determinar quantas zonas de temperatura serão controladas
(ambientes internos e externos); geralmente, as zonas exteriores são divididas de
acordo com as faces e suas respectivas exposições ao sol (ex. norte, sul, leste e
oeste).
As zonas internas poderão ser subdivididas em pequenas zonas de controle, as quais
dependerão das variações internas de carga térmica, ou de necessidades específicas
para uma área isolada. Situações típicas são encontradas nessas áreas, como por
exemplo: escritórios executivos, onde o proprietário deseja um controle individual; ou
áreas de elevado ganho ou perda de calor, salas de informática, sala de reuniões etc.

Localização das bocas de Insuflação

Os difusores devem ser selecionadas de acordo com o manual do fabricante


para que possam oferecer um alcance desejado para o ambiente onde serão
instaladas, para ambientes com áreas maiores do que o alcance (L) maior do que o
conseguido pelo difusor, devemos dividir a sala onde será instalado o difusor em salas
imaginarias, sendo que no centro de cada uma destas salas imaginárias estará
instalado um difusor.
Nota: O conceito de alcance (L) será desenvolvido a seguir

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2a

Salas Imaginárias
½b ba

22 ab

Divisão de uma sala de grandes dimensões em salas imaginarias

Nota: O ideal é que as salas imaginárias sejam de forma quadrada, ou seja, com
lados iguais (a x a) mas na impossibilidade disto acontecer podemos utilizar
salas imagináarias retangular (a x b), como no desenho anterior.

As recomendações para s divisão das salas imaginárias:


 Dividir a área do teto em quadrados, de tamanhos iguais. O lado deste
quadrado (a) não deve exceder 3 (três) vezes a altura de instalação do difusor
(h), ou seja;
a ≤ 3.h
 Se não for possível que as áreas imaginárias sejam quadrados, os retângulos
devem ter o lado maior (a) no máximo 1,5 (uma vez e meia) o lado menor (b).

a ≤ 1,5 . b

Diretrizes para o selecionamento de bocas de insuflação

O selecionamento das bocas de insuflação, seja ele difusor ou grelha pode ser
facilmente obtido com o auxilio do catálogo técnico de algum fabricante, contudo
existem alguns termos técnicos específicos utilizados por estes fabricantes que
devemos conhecer para facilitar o uso destes catálogos, vamos imaginar uma sala a
qual está instalado um difusor de teto, conforme figura abaixo, e os diversos fatores
que envolvem a sua instalação.

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Zona de ocupação (ZO)

Espaço compreendido entre o piso e uma altura pré determinada. E a região ocupada
pelas pessoas na qual devemos garantir as condições de conforto térmico, a ABNT
na norma NBR 16401 – “Instalações Centrais de Ar Condicionado parar conforto –
Parâmetros Básicos de Projeto” recomenda este valor como 1,5 m, o que
corresponde a linha de respiração de um homem, em pé, com altura mediana.
Atualmente a maioria dos projetistas utiliza para esta condição valores que variam
entre 1,7 m a 2,1 m.


Velocidade do ar na zona de ocupação ( Vzo )

Corresponde a velocidade recomendada do ar dentro da zona de ocupação (ZO), a


ABNT, segundo a norma ASHRAE, esta velocidade deve estar compreendida entre
0,025 a 0,25 m/s. Este valor pode ser ultrapassado quando a grelha de retorno estiver
localizada dentro da zona ocupada. As normas americanas são mais especificas
quanto este valor, conforme pode ser verificado na Tabela 36.

Alcance (L)

Também conhecido como “flecha”, “jato” , “distância de propulsão” ou “impulsão” é a


distancia horizontal percorrida pelo fluxo de ar desde seu lançamento, da grelha ou
difusor, até que sua velocidade se reduza a um valor suficientemente baixo

(velocidade terminal Vt ) medido acima da linha da zona de ocupação. Esta distância
deve garantir também para que o choque do ar insuflado contra obstáculos (paredes,
colunas ou fluxo de ar de outro difusor) não possa produzir correntes de ar
desagradáveis na zona de ocupação.

Nota: Os bons fabricantes de bocas de insuflação, em seu catálogo técnico,


fornecem recomendações da forma de se obter o alcance (L) para um local que
irá utilizar os seus produtos.


Velocidade do ar de insuflação ( VI )

É a velocidade recomendada nos difusores e grelhas para que se consiga ter um


alcance (L) desejado do jato de ar, a velocidade deve, também, ser controlada para
que se tenha um nível de ruído (N) adequado no local. Quanto maior for a velocidade
de insuflação, maior será o alcance (L) do jato de ar, mas maior será o ruído
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produzido por este ar ao passar pela grelha ou difusor, desta forma os valores para a
velocidade de insuflação são tabelados, para fim de parâmetros de projeto, algumas
recomendações de velocidade do ar de insuflação (), podem ser encontradas na
Tabela 37 .

Fatores envolvidos na distribuição de ar

Nível de Ruído (N)

O ar ao passar pelo difusor causa ruído que é usualmente percebido no recinto, desta
forma deve-se tomar cuidados especiais para que isto não aconteça. Os níveis de
ruído devem ficar dentro de valores pré estabelecidos, de acordo com a função da
finalidade da instalação, conforme estabelecido na Tabela 46.


Velocidade do ar de retorno ( VR )

Refere-se a velocidade do ar nas grelhas ou difusores de retorno. Embora a


velocidade do ar diminua rapidamente à medida que nos afastemos das grelhas ou

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difusores de retorno , quando pessoas estão próximas a estes, a velocidade do ar


pode se tornar desconfortáveis, desta forma são recomendadas as velocidades
máximas para este ar de retorno, as quais estão relacionadas na Tabela 38.


Velocidade terminal ( V L )

É a velocidade no final da distância recomendada para o alcance (L) do fluxo de ar.


Esta velocidade deve ser observada como um valor que o ar deve ter quando
insuflado de cima para baixo até chegar no limite da zona de ocupação. Esta

velocidade deve proporcionar a velocidade do ar na zona de ocupação ( Vzo ) Estas
velocidades recomendadas podem ser descritas, de acordo com o tipo de local que
esta sendo climatizado, na Tabela 39.

Efeito Coanda (Ec)

Nome que se dá quando o fluxo de ar é insuflado de grelhas ou difusores junto ao


forro e este ar se move como se estivesse grudado no forro, este fenômeno permite ao
jato de ar percorrer uma distância maior.

Nota: Os fabricantes de bocas de insuflação, em seu catálogo técnico, fornecem


informações para selecionamento pressupondo que exista o efeito Coanda.

Perda de carga (P)

É a perda de pressão estática que ocorre no fluxo de ar ao atravessar o difusor/grelha.


Este valor é de vital importância a ser somado a perda de carga total do sistema dutos
e difusores. A perda de carga pode ser calculada, contudo os fabricantes fornecem
estes valores em seus catálogos.

Nota: Desta forma, você será capaz de selecionar uma boca de insuflação
acompanhando as recomendações acima, leiaute em escala do local a ser
climatizado e principalmente o manual técnico de algum fabricante de bocas de
insuflação.

Exemplo Prático

Você deve encontrar o catálogo técnico de algum fabricante de bocas de insuflação, e


com ele Selecionar um Difusor, que será instalado em um local que necessite das
seguintes condições:

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 Vazão de ar Insuflada no Difusor V = 500 m3/h


 Alcance do jato de ar insuflado L = 3,0 m
O seu selecionamento só estará completo se você conseguir responder a todas as
perguntas abaixo:
1. Nome do Fabricante (Dê preferência aos nacionais);
2. Modelo do difusor selecionado;
3. Detalhes dimensionais do difusor;

4. Velocidade de insuflação ( VI );
5. Ruído causado pelo ar ao ser insuflado (N);
6. Perda de carga do ar ao ser insuflado(P).

Dutos

Após termos definido a posição das bocas de insuflação, sejam elas difusores ou
grelhas, dentro do ambiente a ser climatizado deve-se determinar a rede de dutos que
irá trazer o ar a partir do condicionador de ar até as bocas de insuflação

Seleção do Sistema de Dutos

Para iniciar o projeto da rede de dutos, conforme já mencionamos anteriormente,


devemos conhecer a carga térmica dos ambientes climatizados, bem como suas
respectivas vazões de ar.

O tipo de sistema de dutos deve ser escolhido em função de uma análise econômica
prevista durante o projeto civil do ambiente a ser construído. A menos que o imóvel já
esteja construído ou, o proprietário e o arquiteto especifiquem sua preferência. Em
qualquer um dos casos anteriores, a escolha do tipo de sistema de dutos implicará em
mudanças na escolha do sistema de fornecimento de ar condicionado.

A primeira proposta de um sistema de distribuição de ar para climatização ou


ventilação é promover o conforto dos ocupantes do ambiente condicionado (locais
onde haja a presença de pessoas), ou fornecer condições climáticas específicas
necessárias ao controle do ambiente condicionado (ex. laboratórios de metrologia,
ambientes de processos industriais, etc). Os principais fatores que afetam a qualidade
do ar insuflado e o conforto dos ocupantes são:

• Pureza do Ar;

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• Odor;
• Temperatura Ambiente;
• Meios de Controle da Temperatura;
• Circulação e Distribuição do Ar;
• Fontes de Calor Radiante;
• Qualidade da Ventilação;
• Controle de Umidade; e,
• Nível de Ruído.

Os sistemas de ar podem ser divididos em duas categorias principais: sistema simples


e sistema duplo (conforme figura 1). Sistema simples de dutos é aquele no qual o
aquecimento e resfriamento do ar são feitos num escoamento em série, utilizando um
único sistema de distribuição com a temperatura do ar (variável) alimentando todos os
bocais de saída (difusores, grelhas, etc); ou usando dutos separados para cada zona
(multizonas) e misturando previamente o ar quente e frio em caixas de mistura.

Tipos de sistemas de dutos segundo ASHRAE.

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Sistema duplo de dutos caracteriza-se pelo escoamento paralelo do ar resfriado e do


ar aquecido (dutos separados), sendo estes misturados nos bocais de saída de cada
ambiente.

Além destas duas vertentes, podemos ainda, diferenciar um sistema pela sua
capacidade de variar a vazão de ar, reaquecer o ar ou introduzir um fluxo secundário
proveniente de outra zona próximo aos bocais de saída. Neste capítulo serão
abordados os conceitos e métodos apenas para a execução do dimensionamento de
sistemas simples de dutos para condicionamento de ar de ambientes ocupados por
pessoas; pois os outros casos são aplicações especiais destes métodos e necessitam
de detalhes específicos de cada instalação.

Componentes e tipos de um sistema de dutos

Os componentes básicos de um sistema de dutos pode ser basicamente composto de:

• Volume do ar a circular;

• Velocidade o ar através das condutas;

• Resistência a ser vencida na conduta.


• Registros divisórios e quadrantes;
• Registros de volume e quadrantes;

• Portas de acesso;
• Registros tipo veneziana;

• Registros estacionários;
• Telas de entrada de ar;

• Ligação de lonas para amortecer vibrações.

Os dutos podem ser classificados de acordo com sua forma, sendo os mais comuns, o
duto circular, duto retangular, duto oval e duto flexível, cada tipo irá depender da
necessidade especifica do projeto.

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Alguns tipos básicos de dutos a) Duto Retangular,


b)duto circular, c)Duto Oval, e) Duto Flexivel

Layout Preliminar

O próximo passo, após ter se determinado a localização das bocas de insuflação, é


desenhar um diagrama esquemático preliminar da rede de dutos o qual será útil no
projeto para identificarmos as zonas de controle de temperatura, as vazões de ar
envolvidas, os tipos de bocais de saída etc; com o objetivo de determinar o traçado
mais eficiente e mais econômico

Sugere-se que este layout seja feito sobre uma cópia da planta arquitetônica do local,
pois assim o projetista terá uma melhor visualização dos ambientes e, poderá
selecionar .componentes que possuam uma melhor compatibilidade entre si.

Nestes espaços físicos o projetista deverá levar em conta não só a dimensão, mas
também, o espaço necessário para as fixações, para o acesso as caixas de misturas,
aos dampers, as válvulas e outros acessórios e ter a certeza de que o trajeto de sua
futura rede de dutos não entre em concordância com tubos, colunas, luminárias, etc.
O projetista deverá também observar os seguintes aspectos:
 O trajeto deverá ser o mais curto possível;
 O desenho deve ser feito em planta e elevação;
 Deverá ter o mínimo de singularidades (curva, “T”, válvulas, etc);
 Nomear todos os trechos dos traçados, com letras ou números, identificando
todos os componentes, como também a vazão de ar nestes trechos. Estas

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nomeações deverão estar descritas nas legenda do desenho do layout do local


a ser climatizado.

Dimensionamento do Sistema de Dutos

Após construir o layout do sistema, o projetista deverá escolher um dos métodos que
serão citados a seguir. A maioria deles calcula dutos do tipo circular, ou seja, fornece
apenas a dimensão do diâmetro do duto; caso o projetista ou o cliente tenha
preferência por dutos retangulares existem tabelas para conversão de dutos circulares
em retangulares.

Com o sistema de dutos dimensionado e com a perda de pressão estática ou pressão


total calculadas, o projetista determinará se a rede de dutos tenha espaço suficiente
para ser instaladas nos ambientes.

Nestes espaços físicos o projetista deverá levar em conta não só a dimensão, mas
também, o espaço necessário para as fixações, para o acesso as caixas de misturas,
aos dampers, as válvulas e outros acessórios.

Métodos de Projetos

Não existe um método de dimensionamento que seja suficiente para determinar um


sistema de dutos econômico e, que atenda todas as condições dos diversos
ambientes ao mesmo tempo.

Os sistemas de dutos atuais têm sido projetados utilizando um ou mais de um dos


seguintes métodos ou suas variações (sendo alguns deles obsoletos):

• Igual Perda de Carga;


• Recuperação Estática;
• Igual Perda de Carga Modificada;
• Método T;
• Redução da Velocidade;
• Pressão Total;
• Velocidade Constante; e,
• Método de Projeto para sistemas residenciais.
A seguir definimos abaixo os métodos mais utilizados

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Método da velocidade constante

Também denominado de método da igual velocidade, é o mais simples de ser


calculado, porém não consegue garantir uma perda de carga satisfatória na rede de
dutos e, muito utilizado em projetos industriais e algumas vezes nos dutos principais
de grandes instalações de conforto térmico.
Quanto maior a velocidade do ar dentro do duto, maior será a perda de carga (ΔP)
gerada e, maior também será o ruido.

Método da recuperação estática

Consiste em se controlar a velocidade do ar dentro do duto, através do aumento ou


redução do diâmetro, deste duto para garantir que a pressão estática no seu interior
permaneça sempre constante. É o método mais preciso de distribuição de ar, pois
consegue garantir que dentro do duto, em todas as saídas para as bocas de
insuflação, mas está longe de ser o mais utilizado, pois o seu custo de fabricação dos
dutos tem se mostrado mais oneroso.

Método de Igual Perda de Carga

No método de igual perda, a perda de carga unitária é mantida constante em todo o


sistema.Para determinar a perda por atrito no sistema de dutos, multiplica-se a perda
unitária pelo comprimento equivalente da rede de dutos.

A perda de carga unitária depende da velocidade admissível no sistema de dutos. Em


instalações comerciais, a velocidade é determinada por considerações de conforto em
função do nível de ruído permitido no local climatizado. Para funcionamento usual em
comércio, as velocidades nos dutos não devem exceder os valores máximos indicados
na Tabela 47 nos anexos.

Nota: Neste curso, utilizaremos o Método da igual perda de carga (o qual é


utilizado pela maioria dos projetistas de condicionamento de ar).

A seguir vamos resolver um “Exemplo pratico” para que você possa assimilar melhor a
idéia de como determinar os parâmetros para o projeto de uma rede de dutos,
aplicando esta metodologia de calculo.

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Velocidade do ar no interior do duto

Um estudo corrente de projeto de duto tem necessariamente de incluir discussões


tanto dos sistemas convencionais de baixa velocidade, como do projeto de duto de
alta velocidade, recentemente aceito. Cada ano está sendo instalado mais sistemas de
distribuição de ar a alta velocidade devido à característica de economia de espaço do
projeto de duto de alta velocidade.

As regras gerais usadas para o projeto convencional de duto de baixa velocidade


aplicam-se também ao projeto de duto de alta velocidade, mas tem de ser dada
consideração especial ao método do projeto, ao problema do ruído e à instalação de
dutos de alta velocidade.

Tal como no caso do ar, sempre que passa ar através de um tubo ou duto, perde-se
alguma pressão por causa do atrito. Quanto maior for à quantidade de ar passando
através de um duto de uma dada área, maior será a perda por atrito (ΔP), e maior será
também o nível de ruído.

Resumindo podemos entender, que mesmo que utilizemos em nosso projeto da rede
de dutos o “Método da igual perda de carga” a velocidade do ar está diretamente
ligada a ela, pois quanto maior a velocidade do ar no interior do duto maior será a
perda de carga por atrito (ΔP), e vice e versa, ou seja, se quisermos ter controle sobre
determinada perda de carga (ΔP) e nível de ruído desejado devemos utilizar
velocidades também controladas, conforme Tabela 47.

Perda de carga (∆P) recomendada

Trecho de duto destacando a pressão dinâmica e estática.

PT = Pressão total
Pv = Pressão dinâmica
Pe = Pressão estática

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 A perda de carga (∆P) é gerada diretamente (ao quadrado) pela velocidade;


 A velocidade gera ruído no duto Tabela 47
 Quem vence a perda de carga é a pressão estática;
 A pressão estática (Pe) é aumentada diminuindo a velocidade (pressão
dinâmica).

Perda de carga (ΔP) no interior do duto

É fácil perceber que quanto maior for a velocidade do ar no interior do duto maior será
a turbulência do ar e desta forma será maior a perda de carga (ΔP) causada por este
aumento da velocidade.
No “Método da igual perda de carga” determinaremos uma perda de carga (ΔP),
devido ao movimento do ar para cada metro de duto linear que o ar se deslocar no
interior do duto, e a unidade de medida desta perda de carga, a ser pré estabelecida,
será, Pa/m (Pascal por metro), sendo assim os projetistas costumam utilizar-se de
alguns valores de referência para a perda de pressão, por unidade de comprimento, a
ser estabelecida, da seguinte forma:

 Ambientes que exigem baixo nível de ruído


Exemplo: Estúdios de gravação de som, salas de concerto, igrejas.
ΔP = 0,3 Pa/m a 0,5 Pa/m
 Ambientes de conforto térmico especiais
Exemplo: Escritórios privados, salas de aula, salas de reunião, bibliotecas.
ΔP = 0,6 Pa/m a 1,0 Pa/m

 Ambientes de conforto térmico generalizados


Exemplo: Escritórios públicos, agências de banco, hall de entrada e corredores.
ΔP = 0,8 Pa/m a 1,2 Pa/m

 Ambientes de conforto térmico públicos;


Exemplo: Super mercados, shopping center.
ΔP = 1,2 Pa/m a 1,8 Pa/m

 Ambientes industriais
Exemplo: Interior de fábricas de processos industriais mecânicos
ΔP ≥ 1,8 Pa/m

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Nota: Estes valores de perda de carga são muito pequeno, considerando que o
valor da pressão atmosférica é de Patm = 101325 Pa

Nota: Quanto menor for o nível de ruído desejado, menor será a perda de carga (ΔP)
e menor velocidade do ar no interior deste duto.

Custo da rede de duto

O custo inicial de um duto depende do seu tamanho. Quanto menor for o duto, menor
será o custo inicial. Contudo a potência necessária para distribuir o ar através do duto
menor sobe por causa do aumento da pressão, portanto, a escolha do tamanho do
duto depende do balanço entre o custo de funcionamento do sistema e custo inicial.

Praticamente, este balanço de custo é um processo e por vez inútil por falta de dados
seguros sobre o custo. Os projetistas de dutos dependem invariavelmente de
experiências anteriores com sistema de condicionamento de ar e de ventilação, ao
selecionarem as perdas de pressão a serem admitidas no sistema de dutos. Além
disso, no projeto convencional de dutos de baixa velocidade, o problema é mais
complicado em edifícios comerciais pelo fato das velocidades do duto ter que ser
mantidas a baixa de um ponto determinado, se quiser obter um funcionamento
silencioso.
Os dutos condutas representam em custo médio cerca de 25% de toda a instalação. O
custo do dimensionamento dos dutos, alem do custo do matéria de construção e mão
de obra, também leva em conta os seguintes fatores:

• Volume do ar a circular;
• Velocidade o ar através das condutas;
• Resistência a ser vencida na conduta.

Em sistemas industriais, a qual o ruído não é fator, o problema está em fazer apenas o
balanço entre o custo de funcionamento e o custo inicial.

Dimensionamento dos trechos retos da rede de dutos

Lembrando que estamos utilizando o “Método da igual perda de carga”, desta forma
devemos estabelecer uma perda de carga (ΔP) esta diretamente relacionada com a
velocidade do ar no interior do duto; quanto maior a velocidade, maior o ruído gerado

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considerando que dependendo do tipo de ambiente a ser climatizado, não pode ser
maior do que estabelece a norma da ABNT NBR 16401, conforme anexos, Tabela 46.
Para facilitar o entendimento, vamos fazer, a seguir, um exemplo pratico e determinar
a rede de dutos e a perda de carga em de um sistema de escritório conforme

Dimensionamento das singularidades da rede de dutos

Existem diversas maneiras, oferecidas pela mecânica dos fluidos, de se calcular a


perda de carga (ΔP) causada pela passagem de um fluido através de uma
singularidade, dentro estes existem dois que são muito utilizados por projetistas de
sistemas de distribuição de ar:

Devemos salientar que singularidade é o nome que damos para todo trecho do duto
reto que sofre uma descontinuidade, ou seja a singularidade pode ser a curva, saída
de ramal, “T”, dampers, lona anti vibração (colocada na saída do condicionador de ar
e que faz ligação com a rede de dutos), etc.

Os manuais de condicionamento de ar de alguns fabricantes, tais como “TRANE” e


“CARRIER”, consistem em fornecer um valor de comprimento de um duto reto a uma
determinada singularidade, e através deste comprimento equivalente determinar a
perda de carga nas singularidades. este comprimento de duto reto seria uma
equivalência a uma determinada

Outra maneira de calcular a perda de carga (ΔP) do ar ao atravessar uma


singularidade, e que é recomendado pelas tabelas da ASHRAE e SMACNA,
determinar um coeficiente de perda de carga (C) na singularidade e com este valor,
relacionado com a velocidade do ar no interior do duto, determinar-se o valor da perda
de carga (ΔP), através de uma determinada equação.

Qualquer dos métodos acima descrito podem ser utilizados para a determinação da
perda de carga nas singularidades, mas em nosso curso utilizaremos o método
recomendado pela ASHRAE e SMACNA.

A perda de carga (ΔP) nas singularidades pelo método da ASHRAE será calculada
através da equação abaixo:

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Sendo:
P = Perda de Carga na Singularidade (Pa);
0,6 = Constante de proporcionalidade;
C = Coeficiente de Perda de Carga (1);
v = Velocidade na singularidade (m / s).

Os valores do coeficiente de perda de carga (c) dependem do tipo de singularidade


que estamos utilizando, e seus valores foram retirados do handbook da ASHRAE
(American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers, Inc) –
Fundamentals, 2005, conforme anexos Tabela 51..

Para facilitar o entendimento, vamos fazer, a seguir, um exemplo pratico e determinar


a perda de carga de singularidades.

Exemplo Pratico
Na figura a seguir, temos o layout preliminar de um sistema de dutos que atenderá
nove salas de escritório de uma empresa, levando em consideração os seguintes
detalhes:
 Determinar uma perda de carga (ΔP) para cada metro de deslocamento do ar no
interior do duto, estabelecendo uma perda de carga distribuida de ΔP = 1,0
Pa/m (um Pascal, por cada metro de trecho reto do ar percorrido no inteior do
duto).
 O duto deverá ser retangular, com uma altura no treho do ventilador até o ponto
A e B, de 350 mm, nos trechos dos ramais a altura deverá ser de 300mm.

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Exemplo Pratico de selecionamento de uma rede de dutos

Devemos iniciar o dimensionamento inicialmente, pelos dutos, retos, fazendo todos os


trechos que possuem a mesma vazão, sendo assim vamos iniciar o dimensionamento
pelo trecho reto do Ventilador até o ponto A.

Trecho de duto reto do ventilador até o ponto A


 Vazão de ar 9000 m3/h (2500 L/s);
 Comprimento trecho Ventilador-A (LVA) = 20 m (8 + 12,00);
 Perda de carga estipulada ∆P = 1,0Pa/m

Nota: Lembre-se a escolha de um valor de perda de carga distribuída de


∆P =1,0Pa/m, é uma prerrogativa do projetista, de acordo com o nível de ruído
máximo que se deseja para o local, ver acima o tópico “Perda de carga (ΔP) no
interior do duto”

Para selecionarmos o diâmetro do duto, utilizaremos a carta de perda de pressão em


duto nos anexos, Tabela 49.

Método de utilizara Tabela 49


Conhecendo a vazão de ar e a perda de carda distribuída (∆P), para o trecho reto de
duto que estamos dimensionando, devemos proceder da seguinte maneira:

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1. Selecionar a Perda de carga distribuída ∆P =1,0 Pa/m;


2. Selecionar a Vazão de ar do trecho V = 2500 l/s;

Após você ter feito isto, na mesma tabela, pode-se encontrar, as retas que
representam o diâmetro do duto, e a velocidade que o ar terá no interior do duto no
trecho pretendido (Ventilador-A), ou seja:

3. Encontramos um duto de diâmetro Ø = 625 mm;


4. Encontramos a velocidade no interior do duto será de v = 8,0 m/s

Nota: Sempre o diâmetro do duto será inicialmente obtido de forma circular, a seguir
o mesmo será transformado em duto retangular, conforme necessidade do
projeto.

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3. Encontramos um duto de
diâmetro 625 mm

2. Selecionar a Vazão de ar do
trecho V = 2500 l/s

4. Encontramos a velocidade no
interior do duto será de v = 8,0 m/s

 Selecionar a Perda de Carga


Distribuída ∆P = 1,0 Pa / m

Exemplo Prático selecionamento do trecho reto do duto com a Tabela 49

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Transformar duto circular em retangular

Como já mencionamos todo projeto de movimentação de fluidos em tubulação, o


cálculo é feito em tubos circulares. Para transformar o duto em retangular, quadrado
ou ovalado deve-se utilizar tabelas de conversão, (também conhecida como “tabelas
de equivalência”).

A Tabela 50, foi desenvolvida pela ASHRAE / SMACNA, para transformar dutos
circulares em retangulares ou quadrados (ou vice e versa).
Em nosso “Exemplo Prático”, devemos transformar o duto do circular do trecho
(ventilador-A) em um duto retangular.

Método de utilizara Tabela 50


Conhecendo o diâmetro do duto circular, do duto, determinado anteriormente,
devemos proceder da seguinte maneira:
1. Selecionar o diâmetro do duto Ø = 625 mm;
2. Altura necessária do duto retangular H = 350 mm;

Nota: Para se utilizar a tabela de equivalência, Tabela 50, é necessário sempre


conhecermos de antecedência, a altura (H), ou largura (L), do duto que será
transformado.

Após você ter feito isto, na mesma tabela, pode-se encontrar, o lado do duto
retangular no trecho pretendido (Ventilador-A), ou seja:

3. Encontramos o lado do duto retangular L = 1000 mm;

Nota: Dizemos que o duto retangular 1000 mm x 350 mm é equivalente a o duto


circular de Ø = 625 mm.

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Exemplo Prático Transformar trecho reto do duto circular de Ø = 625 mm em duto


retangular de 1000 x 350 mm, com auxilio da Tabela 49

Representação dos Lados do duto Retangular

Os lados do duto deverão ser representados, segundo suas medidas, em desenho,


conforme especificação vista na figura a seguir, que podem ser entendidas da
seguinte forma:

 Quando a vista do desenho for em planta: Lado x Altura (L x H)


 Quando a vista do desenho pela Elevação: Altura x Lado (H xL)
 Quando a vista for em Corte : Lado x Altura (L x H)
Na vista em corte com duas diagonal, conforme C-1, significa que o duto possui
pressão positiva, utilizado para insuflamento de ar.
Na vista em corte com uma diagonal, conforme C-2, o duto esta em depressão, como
é o caso de dutos utilizados para exaustão

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Representação das medidas do duto em desenho

Perda de carga no trecho reto de duto (ventilador-A)

A perda de carga total no trecho reto de duto pode ser facilmente obtida, com a
seguinte equação:

∆P = Perda de carga distribuída x comprimento reto do duto

Em nosso “Exemplo Pratico”, a perda de carga no trecho reto Ventilador – A, será:


 Comprimento da rede de duto = 20 m
 Perda de carga distribuída ∆P = 1,0 Pa/m
∆P = 20 m x 1,0 Pa/m
∆P = 20 Pa

Resumo do trecho duto reto (Ventilador-A)

Em nosso exemplo pratico obtivemos os seguintes valores no trecho reto de duto:

 Vazão de ar do trecho V = 2500 l/s;


 Perda de carga distribuída ∆P =1,0 Pa/m;
 Duto circular equivalente, de diâmetro Ø = 625 mm;
 Velocidade no interior do duto será de v = 8,0 m/s;
 Duto retangular 350 mm x 1000 mm;
 Perda de carga no trecho reto ∆P = 20 Pa.

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Dimensionamento das singularidades

Após termos calculado os trechos retos de duto, sua dimensão e velocidade do ar


você pode agora determinar as singularidades (cotovelo, ramal, entre outros). O
modelo de cálculo será o recomendado pela SMACNA – ASHRAE, a qual as principais
singularidades encontram-se nos anexos, nas Tabelas 51.

Nota: Lembre-se adotaremos o método de calculo da SMACNA, mas você pode


utilizar outro método que achar conveniente, como o método da TRANE ou
CARRIER, que também são de excelente aplicação, parta estes casos você
deve procurar os referidos manuais, cujo titulo se encontra nas referências
desta apostila.

Iremos continuar dimensionando nosso “Exemplo Prático” conforme desenho unifilar


da rede de dutos, visto anteriormente.

Perda de Carga nas Curvas – Singularidades


As curvas, também denominadas de cotovelos, em sistemas de dutos têm de ser
corretamente projetados se quiserem manter as perdas de carga (P) por fricção num
valor mínimo, desta forma é muito importante que a velocidade seja distribuída
uniformemente ao longo do corte transversal da curva. Perda excessiva de carga (P)
por atrito é devida ao fato de o ar não ser uniformemente distribuído ao longo da
curva. A porção de corrente de ar que passa ao longo do bordo exterior da curva é
desviada ao fato do ar não ser uniformemente distribuída ao logo da curvatura.

Perda de carga na curva “entre o ventilador e A”


A curva, como pode ser observado, anteriormente, no layout unifilar da rede de dutos
que atendera uma série de escritorio, está interligando os trechos retos da rede de
duto entre o “ventilador e o ponto A” , como foi determinado anteriormente, este
trecho de duto possui as seguintes caracteristicas:

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Resumo do duto trecho Reto

Grandeza Trecho do duto


Unidade
Ventilador-A
m3 /h 9000
Vazão
l/s 2500

Duto circular equivalente (ø) mm 625

Duto retangular mm x mm 1000 x 350



Velocidade do ar ( vCE ) m /s 8,00

Tabela com as informações da singularidade

A curva que utilizaremos no projeto de nosso “Exemplo Prático”, e que ira se conectar
com o trecho reto do duto, dimensionado anteriormente, terá a seguinte forma
geométrica especificada na figura a seguir.

8,0 m/s

H = 1000 mm

Detalhes da curva “D”, localizada no trecho CE

A determinação do raio (R) é uma prerrogativa do projetista, quanto maior melhor,


pois acarretará uma menor perda de carga, em nosso exemplo utilizaremos R =
350mm.

Método de determinar a Perda de Carga na Singularidade


Com as tabelas 51 devemos encontrar uma que geometricamente se assemelha com
a curva que necessitamos para o nosso projeto.
A Figura 51.4, é a que se aproxima mais da curva do nosso exemplo.

Para utilizarmos a Figura 51.4 , necessitamos determinar o “quociente de curvatura” e


“cociente de aspecto” da curva , estes valores são solicitados na tabela que se
encontra ao lado da Figura 51.4

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Quociente de curvatura

Um termo que é largamente usado em projetos este quociente acha-se dividindo o raio
(C), pela sua largura (W), algumas vezes este raio é medido até a linha de centro da
curva e representado como RW. Assim, com referência à figura acima, o “quociente de
curvatura” será:

Quociente de Aspecto
O quociente de aspecto de um duto de trecho reto é sempre igual ao lado maior do
duto dividido pelo seu lado menor. Contudo, no caso de curvas, o quociente de
aspectos é sempre igual à altura (H) do duto dividido pela sua largura (W). Assim, os
quocientes de aspecto das curvas da figura anterior serão:

H 1000

W 350

H
 2,85  3,0
W

Com os valores do quociente de curvatura e aspecto, iremos até os anexos (tabela 51


figura 51.4), para encontrar o valor do coeficiente de proporcionalidade (C = 0,18).

Determinação do Coeficiente de proporcionalidade C, para a curva do Exemplo Prático

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Perda de carga (P) da curva

Agora vamos calcular o valor da perda de carga (∆P) na curva pela equação, que já
foi mencionada anteriormente, a qual se encontra no final das figuras da Tabela 51:

Dados da curva
 Velocidade na curva = 8,0 m/s;
 Coeficiente de proporcionalidade = 0,18.

P  0,6 x0,18x8,0 2

P  6,912Pa

Resumo da perda de carga da curva (Ventilador-A)

Em nosso “Exemplo Pratico” obtivemos o seguinte valore da perda de carga da curva


entre o ventilador e o ponto A da rede de duto:

 Perda de carga na curva ∆P =6,912 Pa

Perda de carga total na rede de dutos

A perda de carga total na rede de dutos (∆P) é a soma de todas as perdas de carga
nos trechos retos de duto e de suas singularidades, desde o condicionador de ar até o
difusor que estiver mais distante do equipamento condicionador, ou o ventilador como
no caso de nosso “Exemplo Pratico” , no qual o difusor 18 .

Nota: Calculamos a perda de carga no trecho mais longo de duto, pois se o


condicionador de ar possui uma pressão estática em seus ventiladores, que o
torna capaz de vencer todas as perdas de carga no trecho mais longo, a qual
logicamente existirá uma maior perda de carga, conseqüentemente este ar de
insuflação poderá também alcançar os ramais de duto que possuírem uma
menor perda de carga, admitidas a partir do condicionador de ar.

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No “Exemplo Pratico” da rede de dutos que estamos realizando para a determinação


das singularidades do projeto de conjunto de escritórios, devemos calcular a perda de
carga desde a saída do ventilador de ar até o difusor mais distante, o de número 18,

Tarefa para o aluno


Você deve agora determinar o restante do projeto do trecho dos dutos retos do nosso
“Exemplo Prático” , e a perda de carga de todas as singularidades, e no final calcular a
perda de carga total.
Para facilitar o seu trabalho você pode preencher a tabela a seguir:

PROJETO REDE DE DUTOS


TRECHO Vazão Velocidade ∆P Coef. Diâmetro Retangular Comprimento ∆P
Distribuída C Total
L/s m/s Pa/m mm mm x mm m Pa
Vent-A 2500 8,0 1,0 --- 625 1000x350 20 20
Curva 2500 8,0 --- 0,18 625 1000x350 --- 6,912
Ramal A
Trecho AB
Ramal B
Trecho B13
Curva
Ramal 13
Ramal 14
Ramal 15
Ramal 16
Ramal 17
Ramal 18
Difusor 18
Total

Nota: Na tabela o trecho designado, por exemplo, como Ramal 13, refere-se a saída
do duto para o difusor 13.

Nota: Na tabela a perda de carga no difusor 18, que é igual em todos difusores, do
“Exemplo Prático”, já foi determinado por você anteriormente, quando
estudamos os difusores.

Caso você queira é possível utilizar a tabela anterior nos seus projetos profissionais,
ou você pode criar alguma semelhante, nos anexos, encontramos a Tabela 52, que é
um modelo de tabela para “Dimensionamento da Rede de Dutos”, que foi
recomendada pela SMACNA.

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Termofluidomecânica IV

Observação final

Com o catálogo do fabricante do condicionador de ar deve-se observar que a pressão


estática disponível, que esta registrada junto ao evaporador e ventilador, deve ter um
valor maior do que a perda de carga da rede de dutos.

Caso a pressão estática da máquina seja igual ou menor que a perda de carga da
rede de dutos, deve-se refazer o projeto dos dutos (trechos mais curtos, curvas mais
suaves, tamanho maior dos dutos).

Se não for possível diminuir a perda de carga na rede de dutos, deve-se entrar em
contato com o fabricante do condicionador de ar e solicitar um novo projeto do
ventilador no equipamento.

Nota: Lembrando que, a perda de carga na rede de dutos (∆P) também se utiliza
como para a sua unidade de medida, além do Pa (Pascal) o mmca
(milímetros de coluna de água), e que a relação entre eles pode ser escrita
como;
mmca = 9,803Pa

Por exemplo uma perda de carga de 100 Pa será então:

∆P = 100 Pa = 10,2 mmca

Resumindo o capítulo

A grande maioria dos projetos de distribuição de ar, principalmente no que se refere a


rede de dutos, esta intimamente ligada com a perfeita distribuição de ar no interior de
um local que esta sendo climatizado, pois muitas vezes por mal dimensionamento, ou
negligencia do projetista, as redes de duto apresentam uma perda de carga maior do
que o pressão estática que o ventilador do condicionador de ar pode oferecer, fazendo
com que o ar a ser insuflado, não consiga alcançar os difusores mais afastados da
rede.

Caso você venha a se tornar um projetista, seguir os passos recomendados nesta


apostila é a maneira perfeita de dirigir o seu projeto, caso você seja um profissional da
área de manutenção, realizar estes cálculos é uma maneira de você avaliar e

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Termofluidomecânica IV

desenvolver um relatório técnico sobre as verdadeiras causas do mau funcionamento


de uma rede de dutos.

Aprenda mais

Você percebeu como é extenso o conteúdo básico de “Mecânica dos Fluidos” Para
você se aprimorar mais sobre os mesmos, estamos sugerindo alguns livros e
publicações técnicas que poderão ajudá-lo neste momento:

 DISTRIBUIÇÃO DE AR – Valter Rubens Gerner


Apostila - 2007

 ELEMENTOS BÁSICOS DE AR CONDICIONADO – Raul Peragalo Torreira


Editora Hemus - 1983

 FÍSICA APLICADA A CONSTRUÇÃO – CONFORTO TÉRMICO – Ennio Cruz da


Costa - Editora Edgard Blucher – 1991

 INTRODUÇÃO A TECNOLOGIA DA REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇAO – Josué


Graciliano da Silva - Editora Artliber - 2004

 ISNTALAÇÕES DE AR CONDICIONADO – Helio Creder


Editora LTC - 1997

 MANUAL DE AR CONDICIONADO – Trane


The Trane Company – 1980

 MANUAL DE AIRE ACONDICIONAD HIDRAULICA – Carrier Air Conditioning


Company
Editora Marcombo - 19978

Nota: As publicações sugeridas se encontram disponíveis em nossa biblioteca.

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