Este documento é uma coletânea de receitas da mãe do autor, Wilma. A introdução descreve o amor de Wilma pela cozinha e como usava seus pratos para unir a família. As receitas incluem bolinhos de arroz, bolinhos de bacalhau, palitos de cenoura e pasta de berinjela, receitas que trazem memórias afetivas para o autor e sua família.
Este documento é uma coletânea de receitas da mãe do autor, Wilma. A introdução descreve o amor de Wilma pela cozinha e como usava seus pratos para unir a família. As receitas incluem bolinhos de arroz, bolinhos de bacalhau, palitos de cenoura e pasta de berinjela, receitas que trazem memórias afetivas para o autor e sua família.
Este documento é uma coletânea de receitas da mãe do autor, Wilma. A introdução descreve o amor de Wilma pela cozinha e como usava seus pratos para unir a família. As receitas incluem bolinhos de arroz, bolinhos de bacalhau, palitos de cenoura e pasta de berinjela, receitas que trazem memórias afetivas para o autor e sua família.
1938-2009 Dedico à minha filha Camila 1 PREFÁCIO Era uma vez, pelos anos 30 do século passado, no Rio de Janeiro, uma jovem mulher, muito bonita, que se apaixonou aos treze anos por um rapaz de dezasseis. Como era costume na época, o namoro começou às escondidas dos pais. Namoraram durante seis anos. Casaram-se, tiveram três filhos e viveram felizes para sempre. Entre o “viveram felizes” e o “para sempre” existe, obviamente, um universo de acontecimentos. Afinal, trata-se da vida real. Mas, neste universo, minha mãe soube manter o marido devotamente apaixonado pelos seus pratos. É certo que estes eram compostos por ingredientes variados e sabores exóticos, mas o que fazia mesmo a diferença era o amor que ela esbanjava naquilo tudo; o orgulho de ter uma família saudável e onde encontrava a razão de viver. Sou brasileira. Os brasileiros são calorosos, alegres, barulhentos, dados à festa, e adoram reunir-se com a família e os amigos à volta da mesa. Sim, para nós a família é quase tudo, e a minha mãe, Wilma, é exemplo disso: mulher generosa no acolhimento da família em seu redor, e que nos ensinou que o amor se vivifica todos os dias na comida e no convívio das refeições. Ela era exigente de afetos, e achava que o amor tinha de ser vivido, mas cada um de nós andava nas suas vidas e descuidava esses detalhes. Então a cozinha era o palco onde se exprimia e nos juntava à sua volta. Meu pai, Fernando, era filho de pais portugueses, José e Maria, que por afinidade bíblica nos enchiam de respeito, e minha mãe dizia que aprendera a cozinhar com a sua sogra. Sabemos também o quanto os portugueses se orgulham da sua gastronomia! Os pais da minha mãe eram descendentes de italianos, e as suas receitas tiveram influência da culinária tanto de Portugal como de Itália, uma combinação já de si promissora. Mas como a cozinha do Brasil tem em si o mundo inteiro, convido o leitor a degustar, neste livro, o vasto universo gastronómico da Wilminha, para quem o ingrediente principal sempre foi o amor. Cozinhar para a família foi a forma perfeita de demonstrar esse amor. E aqui registo a lembrança que esses sabores deliciosos deixaram na minha memória, no meu palato e no meu coração. 2 Minha irmã Denise, recorda: “Mamãe fazia tantos salgados, doces como outros pratos! Ahhh....o bacalhau à Gomes de Sá... Só de lembrar salivo... Esse aprendi a fazer e até fica parecido! Quando ela ficou doente comecei a brincar com ela, sempre muito bem-humorada, e dizia-lhe que tinha de me ensinar muitas receitas enquanto estava com saúde para isso... e assim o fizemos. Aprendi o bobó de camarão já com ela na cama. Não sei se tinha algum aniversário, mas fui para sua casa fazer o bobó. Enquanto ia preparando a receita ia-lhe pedindo que provasse e me dissesse se faltava algum tempero. E é isso.... até um simples bife de contra filé ela fazia como ninguém! Dizia que tinha aprendido com a vovó Maria...” Minha avó Maria meu avô José de Mattos Lourenço 3 E meu pai, Fernando, deixa este depoimento: “Entre tantas boas lembranças que a Wilma me traz, estava o seu talento para fazer doces. Tinha uma incrível facilidade para cozinhar; pegava em meia dúzia de ingredientes e transformava-os em pratos que faziam crescer água na boca. Entre ele destaco o mambembe e a trança. Se começasse a comê-los para provar, não parava mais. Tinha que lembrar que tinha filhos e netos que também adoravam aqueles quitutes.” 4 Meu filho mais velho Breno foi o seu primeiro neto, lembra-se com saudades: “Só tenho muita pena que minhas lindas filhas Gabriela e Valentina (as quais eu faço muita questão de falar da bisavó Wilma) não a tenham conhecido, a minha avó iria se deliciar co elas e com certeza inventar receitas para agrada-las. Como eu sinto falta de poder abraça-la , beija-la e de sentir sua boa energia e amor. Sei que onde ela estiver estará cuidando de nós como sempre cuidou. Do seu querido neto, velheta (como ela me chamava).” Breno P. Barros 5 O meu filho mais novo lembram-se emocionado: “Vovó Wilma, se eu fosse dizer alguém que me deu a alegria e o sorriso que eu tenho hoje em dia, foste tu!! Sei que neste momento és a estrela mais brilhante do céu e está sempre a olhar por mim. Não poderia deixar de referir as mãos que tinhas para a cozinha. Complementando com o amor que transportavas para as receitas, ainda hoje não há igual.” Lucas p.Barros 6 ENTRADAS BOLINHOS DE ARROZ Quando sobra muito arroz o que fazer? Wilminha aproveitava tudo na cozinha. As pequenas sobras viravam verdadeiros banquetes. INGREDIENTES: Para 6 pessoas / 20 bolinhos 3 xícaras cheias de arroz cozido ½ xícara de salsa 20 folhas de manjericão 3 ovos 4 c. de sopa de molho de tomate 4 c. de sopa de queijo parmesão 100 g de muzarela, em cubinhos 7 Pimenta do reino a gosto Noz moscada a gosto Sal a gosto Para empanar 2 xícaras de farinha de trigo 1 xícara de farinha de rosca (pão ralado) 1 ovo batido Numa tigela, misture todos os ingredientes, exceto a muzarela, até formar uma mistura homogênea. Modele em bolinhos e coloque no centro um cubinho de muzarela. Reserve 3 pratos: o primeiro com farinha de trigo, o segundo com o ovo batido e o terceiro com a farinha de rosca. Passe os bolinhos por cada prato na respectiva ordem. 8 Frite-os em óleo bem quente, até dourarem. Seque-os bem em papel toalha. Retire o papel toalha para servir. 9 10 BOLINHOS DE BACALHAU Tenho algumas recordações da vizinhança. Os primeiros armazéns da Casa da Banha, onde se vendia bacalhau salgado, banha de porco, entre outras coisas, ficavam muito próximo da minha casa. O programa do Chacrinha, que passava na televisão em preto e branco, era patrocinado pelas Casas da Banha. Abelardo Barbosa, o Chacrinha, perguntava para o público, “Vocês querem bacalhau?” e atirava bacalhau para a plateia! Vários artistas foram lançados no seu programa, como Roberto Carlos, Tim Maia, Vanderleia, e todos moravam próximo. Tim Maia, compositor brasileiro, chegou a ser meu vizinho quando já morava na Tijuca, em frente ao clube português Vila da Feira. INGREDIENTES: Para 6 pessoas / 40 bolinhos 300 g de bacalhau demolhado e cozido 3 xícaras de chá de batatas cozidas e amassadas 1 c. de sopa de farinha de trigo 11 Sal a gosto Pimenta do reino a gosto 3 ovos Salsa finamente picada a gosto Cebolinha finamente picada a gosto Óleo para fritar, o suficiente para cobrir os bolinhos. Desfie o bacalhau demolhado e cozido e misture bem com todos os ingredientes, exceto o óleo, até formar uma massa homogênea. Modele os bolinhos. Aqueça o óleo em uma frigideira ou em uma fritadeira, coloque os bolinhos que devem ficar submersos no óleo. Quando estiverem dourados transfira-os para um prato com papel toalha, para escorrer o excesso do óleo. PALITOS DE CENOURA 12 Minha mãe fazia este prato para acompanhar a refeição. Ela tinha este hábito de refogar os legumes, salteando-os com alho e servir em seguida. Fazia isso com acelga, chicória, espinafre, abóbora, jiló, etc. A maioria dos meus amigos e amigas, depois de começarem a frequentar a minha casa, mudavam completamente os hábitos alimentares, passando a gostar de berinjela, beterraba, jiló, inhame, acelgas, chicória, aipo, quiabo... INGREDIENTES: Para 2 pessoas 13 4 cenouras grandes 3 dentes de alho, bem picados 1 molho de salsa, picada 1 c. de sopa de azeite Sal a gosto Corte as cenouras em palitos. Aqueça o azeite em uma frigideira. Quando estiver quente junte o dente de alho e deixe dourar. Acrescente os palitos de cenoura, tempere com sal e deixe por 3 minutos até dourarem. Retire do fogo e acrescente a salsa. Está pronto para servir. PASTA DE BERINJELA (Melanzane) 14 Rodrigo P. Barros, pai dos meus 3 filhos, pai dos, passou a gostar de berinjela por causa desta receita. Uma maneira sofisticada de degustar. Eis um breve depoimento seu. “Associar gastronomia à minha sogra Wilma é associar amor com arte. Sim, a gastronomia na mão da minha sogra era feita de arte e amor. Com fortes influências da gastronomia portuguesa, italiana e brasileira, Wilma conseguia dar um tempero forte e muito pessoal na sua confeção. Para Wilma, cozinhar era a maneira que tinha de juntar à sua mesa a família que ela amava e os amigos que tiveram o prazer de saborear do seu tempero. Por isso, o amor estava sempre presente na sua cozinha. Para além do dom natural, ela experimentava, à sua maneira, a alquimia gastronómica. A ementa da D. Wilma começava nas entradas, passava pelo peixe, a carne e terminava nas sobremesas deliciosas. Destaco para mim, nesta ordem, a pasta de berinjela, o vatapá, o rosbife e o sorvete de caramelo. Poderia escolher muitos outros pratos, pois todos eram muito bons. Mas fico com estes. A minha sogra seria, com certeza, uma chef de cozinha com várias estrelas Michelin... Mas apenas se dedicou a presentear a sua família com o sabor da sua gastronomia.” 15 INGREDIENTES: Para 6 pessoas 1 berinjela grande, cortada em tiras ½ xícara de bacon picado 1 cebola pequena 2 dentes de alho picados Frutos secos e oleaginosas a gosto (uvas passas brancas sem caroço, ameixa seca finamente cortada, nozes, amêndoas e avelãs trituradas) ½ copo de vinagre de vinho tinto Sal a gosto Pimenta do reino a gosto Orégano a gosto Azeite 16 Coloque a berinjela cortada em tiras dentro de um recipiente com água e 1 colher de sobremesa rasa de sal, durante 15 minutos. Depois escorra e enxugue com um pano seco. Num tacho, leve o bacon a fritar em pedaços pequenos. Junte a cebola previamente cortada em tiras finas e o alho picado. Acrescente as berinjelas bem enxutas, misturando levemente. Tempere com um fio de azeite e sal a gosto. Por fim, junte uma pitada de erva doce, se gostar e orégano. Acrescente o vinagre, mexendo sempre delicadamente, até que evapore. Retire do fogo e acrescente os frutos secos. Tempere com pimenta do reino. Coloque a pasta de beringela num frasco de vidro com tampa e junte 1 folha de louro. Leve à geladeira e deixe a marinar durante 24 horas, antes de servir. Sirva com tostinhas, torradas ou pão. 17 SALPICÃO DE NATAL No Natal, minha mãe fazia o salpicão, que é uma salada muito brasileira, acompanhada de batata palha, que dá um toque crocante. O segredo está na escolha do frango ou peru fumados. Poderá optar por um ou pelo outro, mas minha mãe colocava os dois. Porque o Natal, lá em casa, era uma ceia para Jesus Cristo nenhum colocar defeito. Damascos, cerejas do Chile, figos, fios de ovos, bacalhau à Gomes de Sá, bolinhos de bacalhau, torta de abacaxi, presunto, e o protagonista, que era o peru assado, com aquela farofa que vinha dentro dele. Até suspiro em lembrar. O Natal era um pouco como a passagem do ano, celebrávamos com música e dança. Os amigos dos meus irmãos ceiavam com as respetivas famílias e depois juntavam-se à nossa ceia e ao baile, que durava até ao raiar do sol. Acabávamos no sofá, cansados, a quebrar as nozes, coquinhos (avelãs) e amêndoas, pois naquela época não se vendiam descascadas. As frutas que não eram tropicais eram vendidas a preço do ouro. 18 INGREDIENTES: Para 8 pessoas 500 g de frango fumado desfiado 500 g de peru fumado desfiado 2 cenouras grandes 150 g de azeitonas verdes sem caroço picadas 300 g de uvas passas pretas ou brancas sem sementes 2 talos de aipo picados 2 maçãs (uma verde e outra vermelha) 2 cebolas picadas, reservadas em água gelada 3 ameixas desidratadas sem caroço cortadas em tiras 1 molho de salsa picada Cebolinha picada Alface a gosto Sumo de limão a gosto 3 c. de sopa de maionese caseira 3 c. de sopa bem cheias de creme de leite sem soro (natas) 300 g de batata palha Reserve o frango e o peru desfiados. Rale finamente as cenouras. Retire a cebola cortada da água fria e deixe escorrer bem. Corte as maçãs em cubos pequenos e esprema limão sobre elas. Num recipiente para salada junte todos os ingredientes, exceto a alface, e tempere com uma pitada de pimenta do reino. Acrescente a maionese, a gosto, em seguida o creme de leite e envolva delicadamente. Faça uma cama com as folhas de alface bem lavadas e disponha por cima o salpicão. Coloque a batata palha em outro recipiente e está pronto a ir para a mesa. Na hora de comer disponha a batata palha por cima do salpicão e desfrute. 19 O frango e o peru fumados poderão ser substituídos por fiambres defumados. SOPA DE CALDO DE FEIJÃO Era esta a sopa, básica e deliciosa, que minha mãe nos fazia. Nunca há de sair da minha lembrança mais longínqua. Normalmente esta receita é feita com as sobras do feijão processado. INGREDIENTES: Para 6 pessoas 1 litro de feijão processado e coado 1 xícara de chá de espaguete quebrado 2 dentes de alho picados 20 1 c. de sopa de azeite 1 folha de louro 1 ramo de salsa Sal a gosto Pimenta do reino a gosto Em uma panela, leve o alho para dourar no azeite e tempere com uma pitada de sal. Acrescente o feijão processado e coado, o louro, o ramo de salsa e mexa bem. Quando ferver acrescente o espaguete e deixe cozinhar por 10 minutos ou até a massa ficar cozida. Antes de servir, retire o ramo da salsa e a folha de louro. Normalmente, para as crianças não se tempera com pimenta. Os adultos colocam a pimenta malagueta na hora de comer. PÃO DE QUEIJO DE LIQUIDIFICADOR 21 Estes pãezinhos de queijo nunca saem de moda no Brasil. Servem-se como entrada em todos os restaurantes, cervejarias, cafés, lanchonetes, botequins... São insubstituíveis. Esta tradição nasceu nas residências dos Jesuítas. INGREDIENTES: Para 6 pessoas 3 xícaras de polvilho doce 1 xícara de leite 1 xícara de óleo 3 ovos 1 c. de chá de sal 1 xícara de queijo parmesão ralado Manteiga suficiente para untar as forminhas Coloque todos os ingredientes no liquidificador, exceto o queijo, até obter um creme homegêneo. Depois acrescente o queijo. Coloque o creme em forminhas de empadas untadas com a manteiga e leve ao forno previamente aquecido a 180 ºC durante15 a 20 minutos. 22 Serve de entrada, lanche, tira-gosto, etc. PRATOS PRINCIPAIS BACALHAU À GOMES DE SÁ Neyde Zaffarani, irmã mais nova de minha mãe, recorda: “Eu tinha quatro anos de idade quando minha irmã Wilma começou a namorar com o Fernando. Eu, a Wilma e a nossa mãe Zulmira íamos visitá-lo no quartel, onde servia ao exército. Essas visitas eram feitas às escondidas do nosso pai, Reynaldo! No casamento da Wilma, eu e a nossa irmã Haydeé fomos as damas de honra. A festa foi linda, toda elaborada pelo nosso pai. 23 Wilma cozinhava delícias. Uma, em especial, veio à minha lembrança, Bacalhau à Gomes de Sá. Num simples almoço quotidiano eram preparados vários pratos diferentes, de peixe, de carne e outras variedades. Assim gostava o seu marido.” INGREDIENTES: Para 8 pessoas 500 g de bacalhau 500 g de batatas 2 cebolas 1 dente de alho 1 folha de louro 2 ovos cozidos Azeite a gosto Azeitonas pretas sem caroço a gosto Salsa a gosto Sal a gosto Pimenta do reino a gosto 24 25 Demolhe o bacalhau, coloque-o num tacho e escalde com água a ferver. Abafe-o com a tampa durante 20 minutos. Escorra-o e retire a pele e as espinhas. Desfaça-o em lascas, passe-o para um recipiente fundo e cubra-o com leite bem quente. Deixe-o ficar de molho durante 1 ½ a 3 horas, dependendo da qualidade do bacalhau. Cozinhe ligeiramente as batatas inteiras. Descasque as cebolas e o alho, corte-os em rodelas finas e leve a dourar ligeiramente em azeite. Retire a casca das batatas, corte-as em cubos e leve a fritar no azeite onde dourou o alho e a cebola. Quando as batatas estiverem douradas acrescente o bacalhau em lascas, já escorrido. Mexa tudo ligeiramente e acrescente as cebolas sem refogar. Tempere com sal e pimenta. 26 Passe a mistura para uma forma refratário e leve ao forno bem quente durante 10 minutos. Em seguida retire do forno e enfeite com a salsa, as azeitonas e os ovos cortados em rodelas. Nota: se deixar o bacalhau de molho em leite quente na véspera, a preparação deste prato será mais rápida. BIFE GRELHADO Pode parecer estranho publicar uma receita de como fazer um bife grelhado, mas conheci vários cozinheiros que, na verdade, não sabiam fazer um simples bife grelhado. “Hoje me arrisco na cozinha, e até me tenho dado bem, mas certamente a inspiração vem da minha querida tia Wilma que, acredito, está comigo nestes momentos. 27 Trabalho no agronegócio, setor responsável por alimentar o mundo, e em todas as discussões, mesmo havendo divergências, todos concordam que o alimento faz a base da família, pois é à mesa que passamos os nossos melhores momentos, onde nos unimos, onde celebramos a vida! E esse era o maior dom da Tia Wilma, reunir a família em volta da mesa com o seu entusiasmo contagiante. Esse foi o seu legado, e que legado! Os meus primos amados tiveram o privilégio de serem educados por esta pessoa iluminada que, através de suas receitas, soube transmitir-nos muita alegria e muito amor!” Carla, a sobrinha de São Paulo, Brasil INGREDIENTES: Para 1 pessoa 1 bife (da alcatra ou da vazia), nem fino nem grosso (150g) Azeite Alho a gosto Pimenta do reino a gosto Sal grosso a gosto 28 Tempere o bife com pimenta do reino e alho, a gosto. Se não gostar de pimenta nem de alho, não coloque nada. Coloque um fio de azeite numa frigideira e espalhe-o com papel toalha. Leve a frigideira a fogo médio e deixe aquecer bem. Quando a frigideira estiver mesmo bem quente coloque o bife e espalme-o para fritar por todo. Em seguida tempere com sal grosso de um lado, espere alguns segundos (dependendo da grossura do bife) e vire-o. Coloque mais um pouco de sal e espalme-o. Depois de mais alguns segundos o bife estará pronto a servir. 29 Notas: 1. Nunca tempere o bife com sal antes de o colocar na frigideira, senão ele resseca. 2. Se quiser o bife mal passado, basta 3 segundos de cada lado. Para um bife médio, 6 segundos de cada lado. Se quiser bem passado, são necessários 12 segundos. FEIJÃO PRETO O feijão preto não pode faltar à mesa de um brasileiro. Na nossa mesa estava presente todos os dias, exceto quando o prato primcipal era massa. Esta não é uma receita de feijoada, pois não leva carne, é apenas um acompanhamento delicioso, que pode ser apreciado pelos veganos. Pode ser feito em quantidade generosa para congelar em várias porções, para quando precisar. É o tipo do prato que dá sempre para mais um. Chico Buarque de Holanda, compositor brasileiro, fez uma música chamada Feijoada Completa, onde dá a receita na letra da música. Também Jorginho do Império fez um samba chamado Água no Feijão, com o refrão “Água no feijão que chegou mais um, chegou mais um, chegou mais um”. Ele é bom quando é feito da maneira mais simples, como descrevo na receita abaixo. INGREDIENTES Para 8 a 16 pessoas 1kg de feijão preto 4 dentes de alho 1 c. de sopa de azeite 2 folhas de louro Sal a gosto 30 Coloque o feijão num recipiente com água e deixe de molho de um dia para o outro. No dia seguinte descarte a água, passe o feijão por água limpa e coloque-o numa panela de pressão. Cubra com água, junte as folhas de louro e o sal e leve a cozer durante cerca de 30 minutos na panela de pressão ou 2 horas em panela normal acrescentando sempre água. Aqueça o azeite numa frigideira, junte o alho e deixe alourar. Em seguida acrescente uma concha e meia de feijão cozido e mexa bem. Volte a colocar este feijão na panela e misture com o que aí ficou. Divida em porções e congele. Para acompanhar com arroz, farofa, couve a mineira, banana frita, etc. 31 FONDUE DE CARNE Outro prato em que a minha mãe arrasava era o fondue, nas suas várias versões. Apesar de ser de origem suíça, houve uma época em que, no Brasil, este prato se tornou moda. Já me dizia um professor de Biologia, inconformado com a política brasileira, que num país subdesenvolvido tudo vira moda! A minha mãe chamava toda a família para comer fondue. Começávamos com a entrada, fondue de queijo, passávamos ao prato seguinte, fondue de camarão, prosseguíamos com o fondue de filé mignon e terminávamos com fondue de chocolate. Era de comer e chorar por mais! 32 “No decorrer das férias, eram muitas e muitas receitas, cada uma melhor que a outra! As mulheres da família sempre possuíram o dom de cozinhar, mas, como ela, acho que vi poucas na vida. Ia do salgado ao doce, do básico ao sofisticado, e sempre com uma alegria que acredito que fosse o seu ingrediente principal.” Carla Tuccilio INGREDIENTES: Para 4 a 6 pessoas 1 peça de aproximadamente 1kg de filet mignon, cortada em cubos Sal a gosto Pimenta do reino, moída na hora Óleo para fritar Ingredientes para os molhos: Molho de cebola ½ cebola 100 g de queijo parmesão finamente ralado 6 c. de sopa de maionese caseira 33 Descasque e pique a cebola em pedaços médios. Coloque a cebola e o queijo ralado no liquidificador e bata por 1 minuto. Em seguida, acrescente a maionese e bata por mais 30 segundos até formar um molho homogêneo. Deixe descansar. Molho de mostarda 200g de maionese 2 c. de sopa de mostarda 1 c. de sopa de mel ou a gosto Sal e pimenta do reino a gosto Misture tudo à mão e reserve. Molho de queijo gorgonzola 200g de creme de leite 100 ml de leite ½ xícara de chá de queijo gorgonzola Aqueça o leite, retire do fogo e acrescente o queijo gorgonzola, misturando até incorporar. Junte o creme de leite e misture até o molho ficar homogêneo. Molho de alho 200g de maionese 4 dentes de alho (amassados até formar uma pasta) 1 c. de sopa de molho inglês Misture bem e deixe descansar. Molho Rosa 200g de maionese 1 c. de sopa de ketchup 1 pitada de pimenta branca Misture bem e deixe descansar. 34 Molho de caril 200g de maionese 1 c. de sopa de caril em pó 1 c. de sopa de requeijão Sal e pimenta a gosto Misture bem e deixe descansar. 35 Disponha os cubos de carne crua numa travessa e coloque-a sobre a mesa, juntamente com os molhos. Aqueça bem o óleo e em seguida transfira-o para o tacho do fondue, juntando um dente de alho com casca, para a gordura não queimar. Tenha a lamparina já acesa e mantenha-a sempre assim. Reuna a família e amigos à volta da mesa. Com o garfo de fondue, cada comensal deve passar a carne pelo óleo até estar no ponto e acompanhar com os molhos. Como acompanhamento, Wilma fazia umas batatas no forno (meia-lua dourada), como só ela sabia. (ver em acompanhamentos) LASANHA É um prato que faço até hoje no dia a dia lá em casa. Todos nós adoramos porque a lasanha da Wilma tem qualquer coisa que marca a diferença. Sem dúvida, foi sempre a melhor que já comi. Ela caprichava no orégano. 36 INGREDIENTES: Para 8 pessoas Molho de Carne e Tomate • Óleo qb • 500 g de carne picada • 1 xícara de caldo de carne • 2 dentes de alho picados • ½ cebola picada • 3 pacotes (170 g) de molho de tomate tradicional • Orégano a gosto • Pimenta do reino moída a gosto • 1 xícara de água • 250g de massa de lasanha fresca ou pré-cozida 37 • 350g de fiambre fatiado • 350g de mozarela