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AMAR E COZINHAR

AS 30 MELHORES RECEITAS DA MINHA MÃE WILMA


1938-2009
Dedico à minha filha Camila
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PREFÁCIO
Era uma vez, pelos anos 30 do século passado, no Rio de
Janeiro, uma jovem mulher,
muito bonita, que se apaixonou aos treze anos por um rapaz
de dezasseis. Como era
costume na época, o namoro começou às escondidas dos pais.
Namoraram durante seis
anos. Casaram-se, tiveram três filhos e viveram felizes para
sempre.
Entre o “viveram felizes” e o “para sempre” existe,
obviamente, um universo de
acontecimentos. Afinal, trata-se da vida real. Mas, neste
universo, minha mãe soube
manter o marido devotamente apaixonado pelos seus pratos.
É certo que estes eram
compostos por ingredientes variados e sabores exóticos, mas o
que fazia mesmo a
diferença era o amor que ela esbanjava naquilo tudo; o
orgulho de ter uma família
saudável e onde encontrava a razão de viver.
Sou brasileira. Os brasileiros são calorosos, alegres,
barulhentos, dados à festa, e
adoram reunir-se com a família e os amigos à volta da mesa.
Sim, para nós a família é
quase tudo, e a minha mãe, Wilma, é exemplo disso: mulher
generosa no acolhimento
da família em seu redor, e que nos ensinou que o amor se
vivifica todos os dias na
comida e no convívio das refeições. Ela era exigente de afetos,
e achava que o amor
tinha de ser vivido, mas cada um de nós andava nas suas vidas
e descuidava esses
detalhes. Então a cozinha era o palco onde se exprimia e nos
juntava à sua volta.
Meu pai, Fernando, era filho de pais portugueses, José e Maria,
que por afinidade
bíblica nos enchiam de respeito, e minha mãe dizia que
aprendera a cozinhar com a sua
sogra. Sabemos também o quanto os portugueses se orgulham
da sua gastronomia!
Os pais da minha mãe eram descendentes de italianos, e as
suas receitas tiveram
influência da culinária tanto de Portugal como de Itália, uma
combinação já de si
promissora. Mas como a cozinha do Brasil tem em si o mundo
inteiro, convido o leitor a
degustar, neste livro, o vasto universo gastronómico da
Wilminha, para quem o
ingrediente principal sempre foi o amor. Cozinhar para a
família foi a forma perfeita de
demonstrar esse amor. E aqui registo a lembrança que esses
sabores deliciosos deixaram
na minha memória, no meu palato e no meu coração.
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Minha irmã Denise, recorda:
“Mamãe fazia tantos salgados, doces como outros pratos!
Ahhh....o bacalhau à Gomes
de Sá... Só de lembrar salivo... Esse aprendi a fazer e até fica
parecido!
Quando ela ficou doente comecei a brincar com ela, sempre
muito bem-humorada, e
dizia-lhe que tinha de me ensinar muitas receitas enquanto
estava com saúde para isso...
e assim o fizemos.
Aprendi o bobó de camarão já com ela na cama. Não sei se
tinha algum aniversário, mas
fui para sua casa fazer o bobó. Enquanto ia preparando a
receita ia-lhe pedindo que
provasse e me dissesse se faltava algum tempero.
E é isso.... até um simples bife de contra filé ela fazia como
ninguém! Dizia que tinha
aprendido com a vovó Maria...”
Minha avó Maria meu avô José de Mattos Lourenço
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E meu pai, Fernando, deixa este depoimento:
“Entre tantas boas lembranças que a Wilma me traz, estava o
seu talento para fazer
doces. Tinha uma incrível facilidade para cozinhar; pegava em
meia dúzia de
ingredientes e transformava-os em pratos que faziam crescer
água na boca. Entre ele
destaco o mambembe e a trança. Se começasse a comê-los
para provar, não parava mais.
Tinha que lembrar que tinha filhos e netos que também
adoravam aqueles quitutes.”
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Meu filho mais velho Breno foi o seu primeiro neto, lembra-se
com saudades:
“Só tenho muita pena que minhas lindas filhas Gabriela e
Valentina (as quais eu faço
muita questão de falar da bisavó Wilma) não a tenham
conhecido, a minha avó iria se
deliciar co elas e com certeza inventar receitas para agrada-las.
Como eu sinto falta de
poder abraça-la , beija-la e de sentir sua boa energia e amor.
Sei que onde ela estiver
estará cuidando de nós como sempre cuidou. Do seu querido
neto, velheta (como ela
me chamava).”
Breno P. Barros
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O meu filho mais novo lembram-se emocionado:
“Vovó Wilma, se eu fosse dizer alguém que me deu a alegria e
o sorriso que eu tenho
hoje em dia, foste tu!! Sei que neste momento és a estrela
mais brilhante do céu e está
sempre a olhar por mim. Não poderia deixar de referir as mãos
que tinhas para a
cozinha. Complementando com o amor que transportavas para
as receitas, ainda hoje
não há igual.”
Lucas p.Barros
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ENTRADAS
BOLINHOS DE ARROZ
Quando sobra muito arroz o que fazer? Wilminha aproveitava
tudo na cozinha. As
pequenas sobras viravam verdadeiros banquetes.
INGREDIENTES:
Para 6 pessoas / 20 bolinhos
 3 xícaras cheias de arroz cozido
 ½ xícara de salsa
 20 folhas de manjericão
 3 ovos
 4 c. de sopa de molho de tomate
 4 c. de sopa de queijo parmesão
 100 g de muzarela, em cubinhos
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 Pimenta do reino a gosto
 Noz moscada a gosto
 Sal a gosto
Para empanar
 2 xícaras de farinha de trigo
 1 xícara de farinha de rosca (pão ralado)
 1 ovo batido
Numa tigela, misture todos os ingredientes, exceto a muzarela,
até formar uma mistura
homogênea.
Modele em bolinhos e coloque no centro um cubinho de
muzarela.
Reserve 3 pratos: o primeiro com farinha de trigo, o segundo
com o ovo batido e o
terceiro com a farinha de rosca. Passe os bolinhos por cada
prato na respectiva ordem.
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Frite-os em óleo bem quente, até dourarem. Seque-os bem em
papel toalha.
Retire o papel toalha para servir.
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BOLINHOS DE BACALHAU
Tenho algumas recordações da vizinhança. Os primeiros
armazéns da Casa da
Banha, onde se vendia bacalhau salgado, banha de porco,
entre outras coisas, ficavam
muito próximo da minha casa.
O programa do Chacrinha, que passava na televisão em preto e
branco, era patrocinado
pelas Casas da Banha. Abelardo Barbosa, o Chacrinha,
perguntava para o público,
“Vocês querem bacalhau?” e atirava bacalhau para a plateia!
Vários artistas foram
lançados no seu programa, como Roberto Carlos, Tim Maia,
Vanderleia, e todos
moravam próximo. Tim Maia, compositor brasileiro, chegou a
ser meu vizinho quando
já morava na Tijuca, em frente ao clube português Vila da
Feira.
INGREDIENTES:
Para 6 pessoas / 40 bolinhos
 300 g de bacalhau demolhado e cozido
 3 xícaras de chá de batatas cozidas e amassadas
 1 c. de sopa de farinha de trigo
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 Sal a gosto
 Pimenta do reino a gosto
 3 ovos
 Salsa finamente picada a gosto
 Cebolinha finamente picada a gosto
 Óleo para fritar, o suficiente para cobrir os bolinhos.
Desfie o bacalhau demolhado e cozido e misture bem com
todos os ingredientes, exceto
o óleo, até formar uma massa homogênea. Modele os
bolinhos. Aqueça o óleo em uma
frigideira ou em uma fritadeira, coloque os bolinhos que
devem ficar submersos no
óleo. Quando estiverem dourados transfira-os para um prato
com papel toalha, para
escorrer o excesso do óleo.
PALITOS DE CENOURA
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Minha mãe fazia este prato para acompanhar a refeição. Ela
tinha este hábito de refogar
os legumes, salteando-os com alho e servir em seguida. Fazia
isso com acelga, chicória,
espinafre, abóbora, jiló, etc.
A maioria dos meus amigos e amigas, depois de começarem a
frequentar a minha casa,
mudavam completamente os hábitos alimentares, passando a
gostar de berinjela,
beterraba, jiló, inhame, acelgas, chicória, aipo, quiabo...
INGREDIENTES:
Para 2 pessoas
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 4 cenouras grandes
 3 dentes de alho, bem picados
 1 molho de salsa, picada
 1 c. de sopa de azeite
 Sal a gosto
Corte as cenouras em palitos. Aqueça o azeite em uma
frigideira. Quando estiver quente
junte o dente de alho e deixe dourar. Acrescente os palitos de
cenoura, tempere com sal
e deixe por 3 minutos até dourarem. Retire do fogo e
acrescente a salsa. Está pronto
para servir.
PASTA DE BERINJELA (Melanzane)
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Rodrigo P. Barros, pai dos meus 3 filhos, pai dos, passou a
gostar de berinjela por causa
desta receita. Uma maneira sofisticada de degustar. Eis um
breve depoimento seu.
“Associar gastronomia à minha sogra Wilma é associar amor
com arte.
Sim, a gastronomia na mão da minha sogra era feita de arte e
amor.
Com fortes influências da gastronomia portuguesa, italiana e
brasileira, Wilma
conseguia dar um tempero forte e muito pessoal na sua
confeção.
Para Wilma, cozinhar era a maneira que tinha de juntar à sua
mesa a família que ela
amava e os amigos que tiveram o prazer de saborear do seu
tempero. Por isso, o amor
estava sempre presente na sua cozinha. Para além do dom
natural, ela experimentava, à
sua maneira, a alquimia gastronómica.
A ementa da D. Wilma começava nas entradas, passava pelo
peixe, a carne e terminava
nas sobremesas deliciosas. Destaco para mim, nesta ordem, a
pasta de berinjela, o
vatapá, o rosbife e o sorvete de caramelo.
Poderia escolher muitos outros pratos, pois todos eram muito
bons. Mas fico com estes.
A minha sogra seria, com certeza, uma chef de cozinha com
várias estrelas Michelin...
Mas apenas se dedicou a presentear a sua família com o sabor
da sua gastronomia.”
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INGREDIENTES:
Para 6 pessoas
 1 berinjela grande, cortada em tiras
 ½ xícara de bacon picado
 1 cebola pequena
 2 dentes de alho picados
 Frutos secos e oleaginosas a gosto (uvas passas brancas sem
caroço, ameixa seca
finamente cortada, nozes, amêndoas e avelãs trituradas)
 ½ copo de vinagre de vinho tinto
 Sal a gosto
 Pimenta do reino a gosto
 Orégano a gosto
 Azeite
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Coloque a berinjela cortada em tiras dentro de um recipiente
com água e 1 colher de
sobremesa rasa de sal, durante 15 minutos. Depois escorra e
enxugue com um pano
seco.
Num tacho, leve o bacon a fritar em pedaços pequenos. Junte
a cebola previamente
cortada em tiras finas e o alho picado. Acrescente as berinjelas
bem enxutas, misturando
levemente. Tempere com um fio de azeite e sal a gosto. Por
fim, junte uma pitada de
erva doce, se gostar e orégano. Acrescente o vinagre, mexendo
sempre delicadamente,
até que evapore.
Retire do fogo e acrescente os frutos secos. Tempere com
pimenta do reino. Coloque a
pasta de beringela num frasco de vidro com tampa e junte 1
folha de louro. Leve à
geladeira e deixe a marinar durante 24 horas, antes de servir.
Sirva com tostinhas, torradas ou pão.
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SALPICÃO DE NATAL
No Natal, minha mãe fazia o salpicão, que é uma salada muito
brasileira, acompanhada
de batata palha, que dá um toque crocante. O segredo está na
escolha do frango ou peru
fumados. Poderá optar por um ou pelo outro, mas minha mãe
colocava os dois. Porque
o Natal, lá em casa, era uma ceia para Jesus Cristo nenhum
colocar defeito. Damascos,
cerejas do Chile, figos, fios de ovos, bacalhau à Gomes de Sá,
bolinhos de bacalhau,
torta de abacaxi, presunto, e o protagonista, que era o peru
assado, com aquela farofa
que vinha dentro dele. Até suspiro em lembrar. O Natal era um
pouco como a passagem
do ano, celebrávamos com música e dança. Os amigos dos
meus irmãos ceiavam com as
respetivas famílias e depois juntavam-se à nossa ceia e ao
baile, que durava até ao raiar
do sol. Acabávamos no sofá, cansados, a quebrar as nozes,
coquinhos (avelãs) e
amêndoas, pois naquela época não se vendiam descascadas.
As frutas que não eram
tropicais eram vendidas a preço do ouro.
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INGREDIENTES:
Para 8 pessoas
 500 g de frango fumado desfiado
 500 g de peru fumado desfiado
 2 cenouras grandes
 150 g de azeitonas verdes sem caroço picadas
 300 g de uvas passas pretas ou brancas sem sementes
 2 talos de aipo picados
 2 maçãs (uma verde e outra vermelha)
 2 cebolas picadas, reservadas em água gelada
 3 ameixas desidratadas sem caroço cortadas em tiras
 1 molho de salsa picada
 Cebolinha picada
 Alface a gosto
 Sumo de limão a gosto
 3 c. de sopa de maionese caseira
 3 c. de sopa bem cheias de creme de leite sem soro (natas)
 300 g de batata palha
Reserve o frango e o peru desfiados. Rale finamente as
cenouras. Retire a cebola
cortada da água fria e deixe escorrer bem. Corte as maçãs em
cubos pequenos e esprema
limão sobre elas.
Num recipiente para salada junte todos os ingredientes, exceto
a alface, e tempere com
uma pitada de pimenta do reino. Acrescente a maionese, a
gosto, em seguida o creme de
leite e envolva delicadamente.
Faça uma cama com as folhas de alface bem lavadas e
disponha por cima o salpicão.
Coloque a batata palha em outro recipiente e está pronto a ir
para a mesa. Na hora de
comer disponha a batata palha por cima do salpicão e
desfrute.
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O frango e o peru fumados poderão ser substituídos por
fiambres defumados.
SOPA DE CALDO DE FEIJÃO
Era esta a sopa, básica e deliciosa, que minha mãe nos fazia.
Nunca há de sair da minha
lembrança mais longínqua.
Normalmente esta receita é feita com as sobras do feijão
processado.
INGREDIENTES:
Para 6 pessoas
 1 litro de feijão processado e coado
 1 xícara de chá de espaguete quebrado
 2 dentes de alho picados
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 1 c. de sopa de azeite
 1 folha de louro
 1 ramo de salsa
 Sal a gosto
 Pimenta do reino a gosto
Em uma panela, leve o alho para dourar no azeite e tempere
com uma pitada de sal.
Acrescente o feijão processado e coado, o louro, o ramo de
salsa e mexa bem. Quando
ferver acrescente o espaguete e deixe cozinhar por 10 minutos
ou até a massa ficar
cozida.
Antes de servir, retire o ramo da salsa e a folha de louro.
Normalmente, para as crianças não se tempera com pimenta.
Os adultos colocam a
pimenta malagueta na hora de comer.
PÃO DE QUEIJO DE LIQUIDIFICADOR
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Estes pãezinhos de queijo nunca saem de moda no Brasil.
Servem-se como entrada em
todos os restaurantes, cervejarias, cafés, lanchonetes,
botequins... São insubstituíveis.
Esta tradição nasceu nas residências dos Jesuítas.
INGREDIENTES:
Para 6 pessoas
 3 xícaras de polvilho doce
 1 xícara de leite
 1 xícara de óleo
 3 ovos
 1 c. de chá de sal
 1 xícara de queijo parmesão ralado
 Manteiga suficiente para untar as forminhas
Coloque todos os ingredientes no liquidificador, exceto o
queijo, até obter um creme
homegêneo. Depois acrescente o queijo.
Coloque o creme em forminhas de empadas untadas com a
manteiga e leve ao forno
previamente aquecido a 180 ºC durante15 a 20 minutos.
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Serve de entrada, lanche, tira-gosto, etc.
PRATOS PRINCIPAIS
BACALHAU À GOMES DE SÁ
Neyde Zaffarani, irmã mais nova de minha mãe, recorda:
“Eu tinha quatro anos de idade quando minha irmã Wilma
começou a namorar com o
Fernando. Eu, a Wilma e a nossa mãe Zulmira íamos visitá-lo
no quartel, onde servia ao
exército. Essas visitas eram feitas às escondidas do nosso pai,
Reynaldo!
No casamento da Wilma, eu e a nossa irmã Haydeé fomos as
damas de honra. A festa
foi linda, toda elaborada pelo nosso pai.
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Wilma cozinhava delícias. Uma, em especial, veio à minha
lembrança, Bacalhau à
Gomes de Sá.
Num simples almoço quotidiano eram preparados vários
pratos diferentes, de peixe, de
carne e outras variedades. Assim gostava o seu marido.”
INGREDIENTES:
Para 8 pessoas
 500 g de bacalhau
 500 g de batatas
 2 cebolas
 1 dente de alho
 1 folha de louro
 2 ovos cozidos
 Azeite a gosto
 Azeitonas pretas sem caroço a gosto
 Salsa a gosto
 Sal a gosto
 Pimenta do reino a gosto
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Demolhe o bacalhau, coloque-o num tacho e escalde com água
a ferver. Abafe-o com a
tampa durante 20 minutos. Escorra-o e retire a pele e as
espinhas. Desfaça-o em lascas,
passe-o para um recipiente fundo e cubra-o com leite bem
quente. Deixe-o ficar de
molho durante 1 ½ a 3 horas, dependendo da qualidade do
bacalhau.
Cozinhe ligeiramente as batatas inteiras.
Descasque as cebolas e o alho, corte-os em rodelas finas e leve
a dourar ligeiramente em
azeite.
Retire a casca das batatas, corte-as em cubos e leve a fritar no
azeite onde dourou o alho
e a cebola. Quando as batatas estiverem douradas acrescente
o bacalhau em lascas, já
escorrido. Mexa tudo ligeiramente e acrescente as cebolas
sem refogar. Tempere com
sal e pimenta.
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Passe a mistura para uma forma refratário e leve ao forno bem
quente durante 10
minutos. Em seguida retire do forno e enfeite com a salsa, as
azeitonas e os ovos
cortados em rodelas.
Nota: se deixar o bacalhau de molho em leite quente na
véspera, a preparação deste
prato será mais rápida.
BIFE GRELHADO
Pode parecer estranho publicar uma receita de como fazer um
bife grelhado, mas
conheci vários cozinheiros que, na verdade, não sabiam fazer
um simples bife grelhado.
“Hoje me arrisco na cozinha, e até me tenho dado bem, mas
certamente a inspiração
vem da minha querida tia Wilma que, acredito, está comigo
nestes momentos.
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Trabalho no agronegócio, setor responsável por alimentar o
mundo, e em todas as
discussões, mesmo havendo divergências, todos concordam
que o alimento faz a base
da família, pois é à mesa que passamos os nossos melhores
momentos, onde nos
unimos, onde celebramos a vida! E esse era o maior dom da
Tia Wilma, reunir a família
em volta da mesa com o seu entusiasmo contagiante.
Esse foi o seu legado, e que legado! Os meus primos amados
tiveram o privilégio de
serem educados por esta pessoa iluminada que, através de
suas receitas, soube
transmitir-nos muita alegria e muito amor!”
Carla, a sobrinha de São Paulo, Brasil
INGREDIENTES:
Para 1 pessoa
 1 bife (da alcatra ou da vazia), nem fino nem grosso (150g)
 Azeite
 Alho a gosto
 Pimenta do reino a gosto
 Sal grosso a gosto
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Tempere o bife com pimenta do reino e alho, a gosto. Se não
gostar de pimenta nem de
alho, não coloque nada.
Coloque um fio de azeite numa frigideira e espalhe-o com
papel toalha. Leve a
frigideira a fogo médio e deixe aquecer bem. Quando a
frigideira estiver mesmo bem
quente coloque o bife e espalme-o para fritar por todo. Em
seguida tempere com sal
grosso de um lado, espere alguns segundos (dependendo da
grossura do bife) e vire-o.
Coloque mais um pouco de sal e espalme-o. Depois de mais
alguns segundos o bife
estará pronto a servir.
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Notas:
1. Nunca tempere o bife com sal antes de o colocar na
frigideira, senão ele resseca.
2. Se quiser o bife mal passado, basta 3 segundos de cada lado.
Para um bife
médio, 6 segundos de cada lado. Se quiser bem passado, são
necessários 12
segundos.
FEIJÃO PRETO
O feijão preto não pode faltar à mesa de um brasileiro. Na
nossa mesa estava presente
todos os dias, exceto quando o prato primcipal era massa. Esta
não é uma receita de
feijoada, pois não leva carne, é apenas um acompanhamento
delicioso, que pode ser
apreciado pelos veganos. Pode ser feito em quantidade
generosa para congelar em
várias porções, para quando precisar.
É o tipo do prato que dá sempre para mais um. Chico Buarque
de Holanda, compositor
brasileiro, fez uma música chamada Feijoada Completa, onde
dá a receita na letra da
música. Também Jorginho do Império fez um samba chamado
Água no Feijão, com o
refrão “Água no feijão que chegou mais um, chegou mais um,
chegou mais um”.
Ele é bom quando é feito da maneira mais simples, como
descrevo na receita abaixo.
INGREDIENTES
Para 8 a 16 pessoas
 1kg de feijão preto
 4 dentes de alho
 1 c. de sopa de azeite
 2 folhas de louro
 Sal a gosto
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Coloque o feijão num recipiente com água e deixe de molho de
um dia para o outro.
No dia seguinte descarte a água, passe o feijão por água limpa
e coloque-o numa panela
de pressão. Cubra com água, junte as folhas de louro e o sal e
leve a cozer durante cerca
de 30 minutos na panela de pressão ou 2 horas em panela
normal acrescentando sempre
água.
Aqueça o azeite numa frigideira, junte o alho e deixe alourar.
Em seguida acrescente
uma concha e meia de feijão cozido e mexa bem. Volte a
colocar este feijão na panela e
misture com o que aí ficou. Divida em porções e congele.
Para acompanhar com arroz, farofa, couve a mineira, banana
frita, etc.
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FONDUE DE CARNE
Outro prato em que a minha mãe arrasava era o fondue, nas
suas várias versões. Apesar
de ser de origem suíça, houve uma época em que, no Brasil,
este prato se tornou moda.
Já me dizia um professor de Biologia, inconformado com a
política brasileira, que num
país subdesenvolvido tudo vira moda!
A minha mãe chamava toda a família para comer fondue.
Começávamos com a entrada,
fondue de queijo, passávamos ao prato seguinte, fondue de
camarão, prosseguíamos
com o fondue de filé mignon e terminávamos com fondue de
chocolate. Era de comer e
chorar por mais!
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“No decorrer das férias, eram muitas e muitas receitas, cada
uma melhor que a outra!
As mulheres da família sempre possuíram o dom de cozinhar,
mas, como ela, acho que
vi poucas na vida. Ia do salgado ao doce, do básico ao
sofisticado, e sempre com uma
alegria que acredito que fosse o seu ingrediente principal.”
Carla Tuccilio
INGREDIENTES:
Para 4 a 6 pessoas
 1 peça de aproximadamente 1kg de filet mignon, cortada em
cubos
 Sal a gosto
 Pimenta do reino, moída na hora
 Óleo para fritar
Ingredientes para os molhos:
Molho de cebola
 ½ cebola
 100 g de queijo parmesão finamente ralado
 6 c. de sopa de maionese caseira
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Descasque e pique a cebola em pedaços médios. Coloque a
cebola e o queijo ralado no
liquidificador e bata por 1 minuto. Em seguida, acrescente a
maionese e bata por mais
30 segundos até formar um molho homogêneo.
Deixe descansar.
Molho de mostarda
 200g de maionese
 2 c. de sopa de mostarda
 1 c. de sopa de mel ou a gosto
 Sal e pimenta do reino a gosto
Misture tudo à mão e reserve.
Molho de queijo gorgonzola
 200g de creme de leite
 100 ml de leite
 ½ xícara de chá de queijo gorgonzola
Aqueça o leite, retire do fogo e acrescente o queijo
gorgonzola, misturando até
incorporar. Junte o creme de leite e misture até o molho ficar
homogêneo.
Molho de alho
 200g de maionese
 4 dentes de alho (amassados até formar uma pasta)
 1 c. de sopa de molho inglês
Misture bem e deixe descansar.
Molho Rosa
 200g de maionese
 1 c. de sopa de ketchup
 1 pitada de pimenta branca

Misture bem e deixe descansar.
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Molho de caril
 200g de maionese
 1 c. de sopa de caril em pó
 1 c. de sopa de requeijão
 Sal e pimenta a gosto
Misture bem e deixe descansar.
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Disponha os cubos de carne crua numa travessa e coloque-a
sobre a mesa, juntamente
com os molhos. Aqueça bem o óleo e em seguida transfira-o
para o tacho do fondue,
juntando um dente de alho com casca, para a gordura não
queimar. Tenha a lamparina já
acesa e mantenha-a sempre assim.
Reuna a família e amigos à volta da mesa. Com o garfo de
fondue, cada comensal deve
passar a carne pelo óleo até estar no ponto e acompanhar com
os molhos.
Como acompanhamento, Wilma fazia umas batatas no forno
(meia-lua dourada), como
só ela sabia. (ver em acompanhamentos)
LASANHA
É um prato que faço até hoje no dia a dia lá em casa. Todos
nós adoramos porque a
lasanha da Wilma tem qualquer coisa que marca a diferença.
Sem dúvida, foi sempre a
melhor que já comi. Ela caprichava no orégano.
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INGREDIENTES:
Para 8 pessoas
Molho de Carne e Tomate
• Óleo qb
• 500 g de carne picada
• 1 xícara de caldo de carne
• 2 dentes de alho picados
• ½ cebola picada
• 3 pacotes (170 g) de molho de tomate tradicional
• Orégano a gosto
• Pimenta do reino moída a gosto
• 1 xícara de água
• 250g de massa de lasanha fresca ou pré-cozida
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• 350g de fiambre fatiado
• 350g de mozarela

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