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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

LICENCIATURA EM HISTÓRIA DA ARTE - 1 ° SEMESTRE / 3º ANO

EPISÓDIO DOCUMENTAL “O DENTE DE BUDA”


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A Igreja e Casa Professa Professa do Bom Jesus de Velha Goa

SOB ORIENTAÇÃO DOS PROFESSORES HUGO BARREIRA E MANUEL ROCHA NO


ÂMBITO DE HISTÓRIA DA ARTE PORTUGUESA NO MUNDO

GRUPO 15

INÊS DELGADO

PORTO
2022

* O presente trabalho foi redigido segundo a norma CITCEM — Centro de Investigação Transdisciplinar
«Cultura, Espaço e Memória».
RESUMO
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A arquitetura integra diferentes camadas, umas visíveis, outras mais sensíveis, e o


todo complexo que se forma é mais que um lugar, mais que um abrigo, é uma vivência, uma
experiência, uma memória. É inegável o intercâmbio cultural entre Portugal e Goa e podemos
ver isso através da arquitetura, pois esta transporta cultura. Deste modo, este projeto procura
aprofundar o impacto que os portugueses tiveram em solo índio, tendo como base o
documentário "O Mundo de Cá" da RTP, com especial foco no episódio “O Dente de Buda”,
selecionando destes uns seletos casos arquitetónicos portugueses, que, apesar dos esforços
das diferentes ordens religiosas em manter a sua “pureza europeia”, é visível uma gradual
miscigenação da cultura autóctone. Para exemplificar este processo optei então por examinar
a antiga Igreja e Casa Professa do Bom Jesus, analisando, portanto, os seus elementos
estruturais e decorativos remetendo para as diferentes tradições, quer europeias, quer locais.

Palavras-chave: “O Mundo de Cá” - “O Dente de Buda” (RTP Arquivos);


Arquitetura Indo-portuguesa; Antiga Igreja e Casa Professa do Bom Jesus, Velha Goa;
Aspetos da Cultura Autóctone da Índia; Monumento Religioso; Companhia de Jesus.

ABSTRACT
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Architecture integrates different layers, some visible, others more sensitive, and the
complex whole that is formed is more than a place, more than a shelter, it is an experience, an
experience, a memory. The cultural exchange between Portugal and Goa is undeniable and
we can see it through architecture, as it transports culture. In this way, this project seeks to
deepen the impact that the Portuguese had on Indian soil, based on the documentary "O
Mundo de Cá" by RTP, with a special focus on the episode "O Dente de Buda", selecting
from these selected Portuguese architectural cases , which, despite the efforts of the different
religious orders to maintain their “European purity”, a gradual miscegenation of the
autochthonous culture is visible. To exemplify this process, I chose to examine the former
Church and Professa do Bom Jesus, therefore analyzing its structural and decorative elements
referring to different traditions, both European and local.

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Keywords: "O Mundo de Cá" - “O Dente de Buda” (RTP Archives); Indo-Portuguese
Architecture; Ancient Church and Professed House of Bom Jesus, Old Goa; Aspects of
Indian Indigenous Culture; Religious Monument; Company of Jesus.

SUMÁRIO
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1. Introdução ao Caso de Estudo………………...…………………………...……..…..3

2. A Presença Portuguesa em Goa....................................................................................4

3. Arquitetura Indo-Portuguesa: Contexto Histórico-Artístico………………….………7

4. Identificação e Análise do Património de Influência Portuguesa………...…..……...11


4.1. Igreja e Antiga Casa Professa do Bom Jesus, Velha Goa………………….……11

5. Considerações Finais e Problemáticas…………………………………………….…17

6. Recursos Bibliográficos……………………………………………………….……..18

7. Apêndices……………………………………………………………………....….…20
7.1. Apêndice I: Ficha-Técnica do Objeto Artístico ……………………….……..…20
7.2. Apêndice II: Tabela Síntese do Documentário — “Dente de Buda” Pt. 1………64
7.3. Apêndice III: Tabela Síntese do Documentário — “Dente de Buda” Pt. 2……...65

8. Anexos:
8.1. Anexo I: Datas ou Referências Importantes na História da Índia…………….... 67

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INTRODUÇÃO AO CASO DE ESTUDO
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O presente trabalho tem como objetivo criar uma linha cronológica que aborda o
início da chegada dos portugueses à colónia, em Goa, e quais as alterações a nível de
arquitetura e vivência que daí decorreram. O primeiro tema a ser abordado será o contexto
histórico do local. Trata também de como era o território, do que encontramos à chegada e o
modo como começamos a ocupar e habitar o espaço. Seguidamente, será analisado o habitar,
nomeadamente, as construções das quais nos apropriamos, outras que surgiram da partilha de
ambas as culturas e também as de raiz e caráter exclusivamente português.
Dos episódios disponibilizados da série documental "O Mundo de Cá", apresentados
por Paulo Varela Gomes, sobre a permanência dos portugueses no Ceilão, no século XVI,
optei por escolher o “Dente de Buda”, dado que, a partir deste, consigo criar várias ligações,
não só com a produção artística portuguesa na Índia, mas, também, com os importantes
marcos históricos, nos quais é evidente os traços de múltiplas culturas, tais como a hindu, a
muçulmana e europeia.
Em linhas gerais, o documentário presente tem como tema central a luta da cultura
católica e ocidental dos portugueses contra as culturas do oriente na tentativa de as subjugar,
de que é exemplo a destruição da preciosa relíquia budista que dá nome ao episódio,
atualmente guardada em Kandy, nas montanhas de Sri Lanka. Deste modo, o programa conta
histórias de intolerância e fanatismo, de influências mútuas e de oportunidades perdidas,
sendo que vai abordando um vasto conjunto de arquiteturas religiosas. Neste sentido, o
programa aborda um vasto conjunto de arquiteturas religiosas, entre as quais dou especial
destaque à Igreja e Casa Professa do Bom Jesus, na Velha Goa, pela complexidade e cor da
sua fachada, mas, também, pela sua resistência até aos dias de hoje, a qual abordei com
detalhe no corpo do texto, cujos dados estão sintetizados e organizados de forma clara na
ficha técnica em apêndice. Assim sendo, começarei por contextualizar as realidades artísticas
do quadro histórico que a originou, perceber de que forma os jesuítas se adaptaram ao
contexto local, mantendo ao mesmo tempo a identidade e memória do património português
em solo goês, tendo como ponto de partida a bibliografia de Pedro Dias: "História da Arte
Portuguesa no Mundo. O espaço do Índico” (1999).
Portanto, o meu objetivo será compreender os dois pólos dinamizadores em termos
artísticos e culturais, resultando no hibridismo das formas e soluções arquitetónicas ao longo
desta cronologia, complementando a informação transmitida no documentário ao fazer um

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bom uso do mundo digital que tenho ao meu alcance, repleto de recursos bibliográficos. Para
tanto, faz-se necessário não só o estudo das suas respetivas construções imagéticas, como,
também, das funções atribuídas à igreja, da sua cronologia e da sua origem, da sua história,
das transformações que sofreu ao longo do tempo, da relação entre arquitetura e religião, bem
como o seu impacto no contexto histórico-artístico do estado de Velha Goa, refletindo esta
miscigenação de culturas, tradições e gostos que se desenvolveu graças à nossa expansão
marítima e à Era dos Descobrimentos.

A PRESENÇA PORTUGUESA EM GOA


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Os portugueses foram o primeiro povo europeu a instalar-se na Índia, apesar de nunca


terem pensado em dominá-la territorialmente, pois apenas lhes interessava o comércio e não a
produção dos bens que se comercializavam, pelo que a soberania lusa se limitou aos
reduzidos espaços do interior das praças fortificadas e não a extensas áreas territoriais (DIAS,
1999: 10). Neste sentido, após a chegada de Vasco da Gama a Calecute em 1498, e jogando
continuamente da rivalidade que opunha hindus e muçulmanos, os portugueses
estabeleceram, entre 1500 e 1510, diversas feitorias e fortalezas em Cochim, Cananor,
Coulão, Cranganor, Tanor e Calecute, com o objetivo de assegurar o monopólio do comércio
de especiarias, bem como estabelecer o seu domínio económico, criando assim um estado
soberano. Logo, os territórios sob administração portuguesa – a que se juntaram Diu, em
1535, e Damão, em 1559 – tomaram a designação de “Estado Português da Índia”, tendo-se
tornado importantes centros religiosos e culturais, onde se construíram hospitais, escolas,
igrejas e conventos, de forma a fomentar as artes e as ciências, tanto geográficas como
naturais (ÍNDIA PORTUGUESA, s.d.).
A conquista de Goa, que correspondeu apenas ao domínio permanente da Ilha de
Tiswadi, ocorreu em 1510 por iniciativa do governador da Índia Afonso de Albuquerque,
embora não constasse entre as cidades que haviam sido instruídas a conquistar pelo rei D.
Manuel, que se resumiam a Ormuz, Ádem e Malaca1. Ao contrário de D. Francisco, anterior
governador do Estado Português da Índia, Albuquerque percebeu que os portugueses
poderiam ter um papel mais proativo no sentido de quebrar a supremacia muçulmana no
comércio do Oceano Índico (ROSSA, s.d.). Para além do mais, o estabelecimento de uma

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Isto ocorreu no âmbito do processo de formação da rede de pólos marítimos de apoio ao trato, gizado nos
primeiros anos da presença portuguesa na Ásia.

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forte base naval em Goa permitiria minar o comércio dos muçulmanos hostis no Oceano
Índico, pois as forças navais portuguesas rompiam a ligação entre o Sultanato do Guzerate e
as ricas regiões produtoras de especiarias no sul da Índia e na Insulíndia, onde se
encontravam poderosas comunidades de mercadores guzerates e outros muçulmanos,
incitando os governantes locais a atacar os portugueses.
Goa era então um próspero porto, sendo que aqui tiveram, pela primeira vez, a
soberania integral sobre um pedaço de território resultante de uma conquista e não de uma
concessão. Esse facto poderá ter sido determinante ou determinado pela procura de um local
onde assentar uma sede, pois, até então, o centro do poder português na Ásia funcionava de
forma algo instável em Cochim (ROSSA, s.d.). Em 1526, D. João III concedeu à cidade de
Goa o mesmo estatuto jurídico de Lisboa, fazendo-a a segunda cidade do reino, num foral em
que se redigiram as leis e privilégios gerais da cidade, da Câmara Municipal e da comunidade
hindu local – especialmente importante pois na altura os goeses ainda não haviam redigido as
suas leis em papel, sendo os crimes tratados por conselhos de anciãos ou juízes religiosos de
entre a comunidade e transmitidas oralmente aos seus sucessores, sujeitas a deturpações e
abusos por parte dos mesmos (THOMAZ, 1994: 249). O passo seguinte tratou-se da
formação de um império, o que correspondeu ao florescimento do chamado Estado da Índia,
o que levou Goa a ter sido eleita, em 1530, capital da Ásia portuguesa, detendo o poder de
toda a costa indiana.
Ora, pelo seu cunho geográfico, e pelas virtualidades militares, económicas e
políticas, a cidade estabeleceu-se e prosperou a norte, na margem esquerda do Mandovi, por
ser o estuário com melhores características defensivas. Todavia, mais tarde o sultão que no
século XV escolheu o local que hoje é Velha Goa para ali reinstalar a capital do território, fez
uma má escolha, se vista à luz dos padrões reinóis, uma vez que aqui havia falta de
salubridade do ar e da água, pois o local era dos mais húmidos, quentes e menos varridos por
ventos do território, o que originava frequentemente surtos epidémicos e resultava numa
mortalidade elevada (ROSSA, s.d.).
Relevante no aspeto político-administrativo e religioso, pois acolhia as sedes das
congregações religiosas, também era a sede do governo, a residência do vice-rei ou
governador, e de um grande número de altos cargos gerais e a habitação do bispo
(SAMPAIO, 2010-2012: 262). Ao contrário das guarnições militares portuguesas
estabelecidas em terras aliadas como Cochim e Cananor, Goa incluía um grande número de
habitantes não-portugueses. De forma a melhor governá-los, Albuquerque decretou a

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liberdade de culto e permitiu que pessoas de diferentes comunidades étnicas vivessem
segundo leis tradicionais suas (ROSSA, s.d.).
Goa ficou então conhecida por Goa Dourada e por Roma do Oriente, devido ao
património arquitetónico presente nas magníficas igrejas e palácios que são o testemunho do
grande brilho alcançado durante a permanência dos portugueses no Oriente, também pelo
facto de em Goa estarem sediadas grandes congregações a partir de 1517 (SAMPAIO,
2010-2012: 262). Como Pedro Dias menciona e passo a citar: “Goa foi a verdadeira Roma do
Oriente, já que na Europa, por razões idênticas, foi a Cidade Eterna que ditou as modas
estáticas, durante tantos e tantos séculos” (DIAS, 1999. p. 15).
A presença moura, os ricos mercadores, o solo fértil, os bons portos onde se faziam
muitas trocas comerciais vindos de diversos pontos, as boas casas cercadas de muros, as
hortas e os pomares, os tanques de água e os locais de oração (Figs. 32 e 33). Tudo isto
tornava Goa numa terra muito cobiçada (SANTOS, 2019). Na malha urbana da cidade
podemos ver uma estrutura hierarquizada de poderes, sendo que os governantes portugueses
pretendiam que Goa fosse uma extensão de Lisboa no Oriente. Para consolidar isto
criaram-se algumas instituições, construíram-se várias igrejas para expandir o cristianismo e
fortificações para defesa contra ataques externos, mas também foram reforçadas as estruturas
defensivas já existentes, como baluartes e torres complementadas depois por uma muralha
islâmica. Foram também tomadas medidas para assegurar a fidelidade das populações, como
a alteração da moeda muçulmana, ou a política de casamentos com mulheres locais, que as
torná-las-ia cristãs, independentemente de serem hindus ou muçulmanas. Com isto os
portugueses teriam direito a uma parte dos bens e recebiam também cargos militares e civis
em Goa, dependendo da sua instrução (SANTOS, 2019: 27-28).
Podemos concluir que Afonso de Albuquerque melhorou, desenvolveu e enobreceu
Goa. Fortificou a cidade, construiu estaleiros para as naus e forneceu armamento. Mas
também tinha uma grande preocupação com a vida civil, o que o levou a mandar construir um
hospital e escolas, assim como a ajudar o povo, principalmente os órfãos, pobres e viúvas.
Livrou-os também das pesadas regras anteriormente obrigatórias. Mesmo depois da morte de
Albuquerque, as suas ideias continuaram e Goa tornava-se cada vez mais portuguesa, com
mulheres portuguesas já nascidas no reino e outras que embarcavam para lá com os seus
maridos e filhas. Apesar das diferenças culturais, os portugueses cristãos que aqui
administraram tinham uma boa relação com os hindus mais distintos, viveram ao lado dos
naturais, trabalhando cada um no seu ofício, mas para um bem comum, durante 450 anos
(SANTOS, 2019: 38-39).

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ARQUITETURA INDO-PORTUGUESA: CONTEXTO
HISTÓRICO-ARTÍSTICO
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Portugal levou a arte europeia para África, para as Américas e para a Ásia, e de lá
trouxe obras e também novas formas e modas. Em muitos locais propiciou mestiçagens que
ainda hoje testemunham os tempos da nossa passagem. Na Índia, os portugueses construíram
edifícios que, tanto quanto possível, lhes permitissem viver como estavam habituados. Em
Goa, Diu, Damão, Baçaim e Chaul, por exemplo, conserva-se um acervo verdadeiramente
único de construções portuguesas.
“A arquitetura religiosa de raiz portuguesa na Índia não teve sempre as mesmas
características, evoluindo ao sabor das correntes europeias, bem a par dos condicionalismos
locais” (DIAS, 1999: 66). “As primeiras instalações, igrejas e capelas eram pequenas e
precárias, feitas por artífices e trabalhadores indiscriminados, algumas das vezes eram
também feitas pelos marinheiros e soldados sob a direção dos padres (SANTOS, 2019: 41)”,
todavia “[...] esses edifícios eram pouco mais do que choupanas, com paredes de barro ou de
madeira, com cobertura de folha de ola com capacidade para duas ou três dezenas de fiéis"
(Dias, 1999, p. 66). Ocasionalmente eram usados como mesquitas e templos hindus, depois
de purificados e consagrados, mesmo quando tinham uma decoração que não condizia com o
decoro que os católicos procuravam alcançar (SANTOS, 2019: 41). A verdade é que os
padres portugueses que participavam na missionação da Índia ficaram admirados com a sua
magnificência. “Os castiçais, por exemplo, eram melhores e mais ricos do que os da igreja
dos Jerónimos”, em Lisboa. (Dias, 1999, p. 66).
Os tratados de arquitetura chegaram a Goa e a outras cidades mais importantes,
sobretudo durante os séculos XVII e XVIII, quando passou a ser permanente a presença dos
engenheiros-militares, porém eram raríssimos ou inexistentes, mesmo em Goa. É interessante
notar que o escultor Martim Ochoa chegou a enviar uma carta ao padre Francisco de Bórgia,
no dia 12 de Dezembro de 1567, a pedir que o mesmo lhe enviasse de Roma os dois livros
recentemente publicados por Vignola, um de perspetiva e outro sobre portas, além de
estampas ou outros livros sobre estuques (DIAS, 1999: 67).
Outra questão importante é a do financiamento das construções religiosas no Estado
da Índia. Numa primeira época, talvez durante os dois primeiros terços do século XVI, foi a
Corte, diretamente ou através dos governadores e vice-reis, quem contribuiu para as obras de

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edificação. Porém, pouco a pouco, as instituições das principais cidades e praças-fortes,
diocesanas ou regulares, foram amealhando importantes verbas e conseguindo patrimónios
imobiliários, terrenos agrícolas e prédios urbanos, originados em doações pias; também as
rendas dos templos hindus, em muitos casos, passaram a ser pagas às igrejas (DIAS, 1999:
39).
Continuando nesta linha de pensamento, as ordens religiosas estabeleceram-se em
Goa no século XVI, nomeadamente através de missionários jesuítas e franciscanos, e
utilizaram-na como centro para a disseminação do catolicismo na Índia. Os colonos foram
inicialmente tolerantes às religiões pré-existentes como o hinduísmo e outras religiões.
Todavia, com a difusão do catolicismo que se viu reforçada em 1560 pela chegada da
inquisição a Goa, esta inviabilizou a tolerância e coexistência religiosa existente até então,
sendo que a atuação da Inquisição manifestou-se contra a superstição, que se encontrava
segundo o Santo Ofício nas manifestações aos deuses hindus, contra o islamismo e o
judaísmo. Contudo, com a extinção do tribunal de Goa, em 1774, por iniciativa do Marquês
de Pombal, e posteriormente extinto em 1812 por decisão régia, foi restabelecida a tolerância
religiosa (TERENO, 2012: 36). Responsáveis pela Companhia de Jesus, como o visitador
Alessandro Valignano, conseguiam projetar edifícios de grande complexidade, como o Bom
Jesus de Goa. Os jesuítas aproveitaram os dotes de mestres-de-obras que entravam para a
Ordem, e espalharam-nos pelo Índico de acordo com as suas necessidades, pelo que todos os
colégios, seminários, residências e igrejas foram edificados sob a sua direção (DIAS, 1999:
67).
Para qualquer visitante o património arquitetónico goês provoca sistematicamente um
forte impacto. “Todo o território é pontuado, até às mais pequenas aldeias do interior, por
igrejas e aprazíveis casas de campo rodeadas de belas palmeiras e campos verdejantes”
(MATOS, MARTINS, 2015: 105). Trata-se de uma arquitetura de território porque interfere
diretamente na paisagem, estruturando-a com uma estética peculiar “que se autonomiza no
quadro complexo da península hindustânica” (MATOS, MARTINS, 2015: 105).
Tal como Artur Teodoro de Matos e Guilherme D’Oliveira Martins explicam e passo a
citar:
“Num primeiro ciclo, que coincide com os séculos XVI e XVII, afirma-se uma
estética colonial e uma política de mecenato de iniciativa dos grupos privilegiados
portugueses radicados na Índia. É o período dos grandes edifícios religiosos e militares da
cidade de Goa, como dos, embora desaparecidos, grandes palácios da nobreza portuguesa [...]
que se mantêm substancialmente europeus e portugueses. Num segundo período, que se

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desenvolve a partir da segunda metade do séc. XVIII, afirma-se uma arquitetura civil onde os
padrões estéticos autóctones se estruturam, não só a um nível da decoração e da interpretação
das formas, mas a um nível mais profundo dos modelos e estruturas espaciais [...],
testemunhando-se, por outro lado, a progressiva hegemonia que as famílias brâmanes e
chardós passam a ocupar neste período, no espaço económico, político e cultural, da Índia
Portuguesa. Neste ciclo, que coincide com o declínio do império português no Oriente, a
arquitetura religiosa perde significado, constituindo-se sobretudo pelo restauro e renovação
interior de património existente. Em oposição, é aqui que se assiste a um verdadeiro
fenómeno de miscigenação cultural e à formação daquilo que se pode considerar como
verdadeiros modelos de síntese da arquitetura indo-portuguesa” (MATOS, MARTINS, 2015:
106-107).
Vale salientar que, como Goa era a cabeça do Império oriental, a sede do governo e
residência do vice-rei, era aí que ficavam as sedes das congregações religiosas que atuavam
no Oriente. Portanto, todo o tipo de construções dependiam do governador. A ele competia
mandar edificar ou reformar cadeias, igrejas, hospitais, fontes, cais e alfândegas, tudo aquilo
a que hoje chamamos equipamento social (DIAS, 1999: 14). Isto justifica o facto de a maioria
dos elementos comuns da arquitetura que vemos por toda a Índia católica – em Maharashtra,
Gujarat, Kerala, Coromandel ou em Bengala –, tenham origem goesa, de que são exemplo as
capelas-mor cobertas de abóbadas de caixotões, as molduras apilastradas, a utilização de
volutas nas fachadas e a nave única coberta de telhado (GOMES, 2010).
Ao longo do século XVI, a partir da conquista portuguesa de 1510, a cidade de Goa
foi o único sítio do território goês onde apareceram igrejas importantes. Infelizmente, só uma
igreja dessa época sobreviveu até hoje na sua forma quinhentista: a Igreja de Nossa Senhora
do Rosário. Várias outras igrejas muito significativas construídas em meados do século XVI
desapareceram subsequentemente: a Sé Catedral original, a Igreja de S. Paulo dos Jesuítas, a
Igreja dos Dominicanos, entre outras. Por outro lado, em Velha Goa, a maior parte dos
edifícios que vemos hoje resultaram de profundas modificações ou de novos projetos
realizados durante o ciclo de esplendor artístico que se desencadeou entre 1590 e 1640: a Sé
Catedral, a Igreja da Casa Professa jesuíta do Bom Jesus, a Igreja e Convento dos
Agostinhos, o Convento de Santa Mónica e a Igreja de Nossa Senhora do Monte. Alguns
destes edifícios introduziram novos temas e tipos arquitetónicos que desempenhariam um
papel fundamental na criação da igreja goesa como, por exemplo, a abóbada de penetrações
laterais que surge em S. Caetano e na sacristia do Bom Jesus (GOMES, 2010).

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A razão avançada para o carácter híbrido da arquitectura goesa é a história (muitas
vezes não documentada) de que os edifícios teriam sido ornamentados por artífices locais
convertidos e também, por vezes, por pintores, escultores e artesãos hindus ou muçulmanos
cuja intervenção nas obras desafiava as proibições constantes dos decretos dos Concílios
Provinciais dos séculos XVI e XVII (GOMES, 2010). Segundo Paulo Varela Gomes, as
igrejas de Goa posteriores à segunda metade do século XVII não são edifícios impostos aos
goeses, ou edifícios negociados entre os goeses e prelados. Em contraposição, são edifícios
projetados e construídos por arquitetos e pedreiros goeses, incluindo padres católicos goeses,
frequentemente encomendados por proprietários rurais ou comunidades goesas (GOMES,
2001: 305). Nestas igrejas existem peças de mobiliário litúrgico e profano, desde púlpitos a
arcazes de sacristia, desde mesas a crucifixos de madeira e marfim, que há muito são
conhecidos como arte indo-portuguesa, resultando numa coisa um tanto quanto exótica
(GOMES, 2010).
Em Goa a utilização de xisto, granitos e gabros era restrita devido à sua simbologia
espiritual, não podendo ser usada para a construção de moradias nem sequer palácios. Apesar
do grande conhecimento de utilização e tratamento destas pedras, apenas era utilizada na
construção de templos hindus pelo seu caráter religioso (SANTOS, 2019: 93). “Para a
construção dos templos hindus, os blocos eram em geral ultimados na pedreira e aparelhados
em obra, embora também pudessem ser aparelhados em bruto para serem esculpidos in loco.”
(Silveira, 1999, p. 219).
Sem dúvidas que o que marca todo o edifício da região desta época é a cor ferrosa e
textura simultaneamente frágil e indomável da única pedra disponível para construção: a
laterite. Embora este material não seja utilizado na construção de templos e palácios,
restringia-se mais à arquitetura militar, uma vez que não correspondia às necessidades de
hindus e muçulmanos, pois não permitia ornamentação nem esculturas, e pelas suas
características específicas de compactação, não permitindo a abertura de grandes vãos e
possibilitando a construção de paredes grossas (SANTOS, 2019: 94). Todavia é um material
que, por razões de conservação, exige cobertura, ou seja, reboco. Os portugueses
introduziram técnicas de cal como ligante – a chamada argamassa – que até então eram
desconhecidas na Índia, o que melhorou a eficácia dos revestimentos e a durabilidade das
alvenarias, embora implique uma caiação muito frequente, no mínimo de dois em dois anos,
pois os fungos motivados pelas monções são inclementes. Apenas em obras de maior
orçamento era possível a utilização de pedras importadas, designadamente de Baçaim, o que
só pôde acontecer depois da respetiva integração nos domínios sob soberania portuguesa em

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1534. Mesmo nessas, a cantaria aparelhada ou lavrada surge apenas em situações de remate
(cunhais, cornijas, nervuras ou fechos de abóbadas) e em vãos (ROSSA, s.d.).
“A introdução de materiais como os mosaicos no pavimento, e em casas nobres a
decoração com estuque tem uma estreita ligação com a arquitetura portuguesa, bem como os
telhados inclinados, de início com telha de canudo em barro e em algumas casas com beirado
à portuguesa [...] As habitações, além de uma preocupação estética, têm uma preocupação
funcional, devido essencialmente ao clima quente e úmido, onde é necessário uma ventilação
eficaz, bem como uma preocupação a nível da cobertura e escoamento das águas devido às
monções” (SANTOS, 2019: 128).
Todas estas obras realizadas trouxeram efetivamente melhorias nas condições de vida
da população. É importante salientar também a ligação criada entre portugueses e goeses, a
influência no modo de estar e de viver de ambas as culturas, diferenças essas também aliadas
na arquitetura, o que resultou em diferentes tipologias decorrentes da colonização portuguesa
e da junção das culturas, como a casa de sobrado e a casa pátio.

IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO PATRIMÓNIO DE INFLUÊNCIA


PORTUGUESA
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● IGREJA E CASA PROFESSA DO BOM JESUS, VELHA GOA

A Companhia de Jesus foi a ordem religiosa que mais institutos fundou em toda a
Ásia, e, particularmente, na Índia, em Goa e Baçaim, onde teve um colégio além de um
seminário e três igrejas, em Taná, Chaúl, Bandorá, Cochim, Coulão, além de cerca de centena
e meia de igrejas. Em Goa, capital do Estado Português da Índia, fundou diversas casas, das
quais apenas se conservam a Casa Professa do Bom Jesus e a pequena Capela de São
Francisco Xavier que ficava integrada na cerca do Colégio de São Paulo Velho, também
conhecido por São Paulo dos Arcos, do qual subsiste apenas o portal axial da igreja privativa,
destruída como a maioria das que enobreciam a Roma do Oriente (DIAS, s.d.: 287). Todavia,
o facto de acolher o corpo de São Francisco Xavier poupou a Casa Professa do Bom Jesus de
Goa dos atentados e da inevitável destruição que as restantes instalações da Companhia de
Jesus conheceram (DIAS, 1999: 84).
Os jesuítas chegaram a Goa em 1542, sendo sua figura mais relevante nestes
primeiros tempos São Francisco Xavier. Este foi um missionário cristão do padroado

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português, pioneiro e co-fundador da Companhia de Jesus, que converteu um número tão
elevado de pessoas ao Cristianismo que adotou o epíteto de "Apóstolo do Oriente". Algum
tempo após a sua chegada, os jesuítas criaram um centro educativo religioso, o Colégio de
São Paulo ou de São Roque, que contava com uma enorme biblioteca e tipografia, mas este
complexo foi destruído em 1830 (SANTOS, 2019: 48).
A construção da igreja da Casa Professa foi iniciada em 24 de Novembro de 1594, à
custa dos legados do Capitão de Ormuz e Cochim D. Jerónimo de Mascarenhas, sendo
sagrada por D. Frei Aleixo de Meneses, em Maio de 1605. Do início desta obra dá conta a
carta anual enviada de Goa, em Novembro de 1595, pelo Padre Francisco Cabral que diz que
a igreja que até então funcionava era precária e que a nova iria ficar com duzentos palmos de
comprimento e oitenta palmos de largura (DIAS, 1999: 87).
Conforme Pedro Dias, o novo edifício causava alguma estranheza na Europa, o que
levou o Padre Rudolfo Aquaviva, nas instruções para o Visitador da India Oriental, a pedir
para que este visse o que se passava, pois eram muitas as reclamações que ouvira acerca do
luxo excessivo da dita Casa Professa do Bom Jesus. “Quando das festividades por ocasião de
São Francisco Xavier, em 1624, o templo estava praticamente acabado e a sua decoração
interna também a ponto de receber com pompa o novo sarcófago do Apóstolo das Índias”
(DIAS, 1999: 87).
As vistas e plantas históricas permitem‑nos localizar a edificação no lado exterior da
rua de circunvalação - provavelmente correspondendo às muralhas do período muçulmano -
do centro da desaparecida cidade. Originalmente, tanto a Igreja como a Casa Professa,
delimitavam a este e a sul a praça denominada Terreiro dos Galos, que consistia num
alargamento da rua de circunvalação. Estas duas edificações foram eregidas em momentos e
circunstâncias distintas, tendo sido primeiramente erguida a Casa Professa. Compraram então
umas casas no Terreiros dos Galos para a construção do novo edifício, que começou em
1586, cuja iniciativa deveu‑se ao então provincial, o italiano Alessandro Valignano, que
reclamou para si a autoria do projeto, segundo ele baseado num desenho de um edifício (que
não identificou), fornecido pelo engenheiro‑mor do reino, o também italiano Giovanni
Battista Cairato (DIAS, s.d.: 290).
Como António Nunes Pereira refere “Embora haja unanimidade entre os
investigadores de que a igreja foi construída segundo um projeto de Domingos Fernandes -
que parece não ter tido formação de fundo, mas sim adquirido experiência em obra desde a
sua chegada a Goa em 1578 - a fachada pode ter outra autoria, justificada pela complexidade

12
e densidade configurativas, únicas no panorama da arquitetura goesa (e portuguesa) da
época.” (PEREIRA, s.d.).
Em 1597 o padre manda uma carta para a Europa a avisar que as obras se
encontravam “[...] quase concluídas, faltando apenas a cerca da horta e o forro de um dos
corredores do último piso” (PEREIRA, 2005: 221). São relatados também os materiais
utilizados, como a fachada feita de pedra vinda do norte (provavelmente granito de Baçaim),
e a laterite local, que era habitual em todas as construções do território, como já foi referido
anteriormente. Com o término das obras e a consagração da igreja, em 1617 o Rei de Portugal
dá ordem para que os padres se mudem para esta, definitivamente. Passadas umas décadas há
um grande incêndio que destrói parte do edifício e a falta de verbas para a reconstrução levou
a Companhia de Jesus a ter que pedir um empréstimo para recuperar a Basílica (DIAS, 1999:
87). Contudo, em 1759 chegou a ordem de expulsão da Companhia de Jesus, o que resultou
na prisão de 127 padres Jesuítas que regressaram a Portugal. Com isto, a Bom Jesus passou a
ficar ao encargo do vice-rei e do arcebispo. Mas a igreja foi novamente destruída por um
incêndio em 1781, e só pelo ano de 1890 se dão as últimas grandes obras. Refere o autor
Pedro Dias: “Foram construídos três grandes contrafortes para a consolidação da parede
exterior norte da igreja, a par da substituição da cobertura [...] as janelas de casca de ostra
terão sido substituídas por janelas de vidro e o teto novamente reconstruído" (SANTOS,
2019: 49).
A Casa Professa é o único edifício de Velha Goa do qual se mantém um projeto
inicial, o que se deve à exigência da Companhia de Jesus de que um exemplar2 fosse enviado
para Roma para aprovação. Hoje mantêm-se duas das quatro alas inicialmente previstas, que
delimitavam um pátio central. As alas, de três pisos cada, apresentam celas do lado exterior e
um corredor do lado interior, que se prolonga até à parede exterior da ala perpendicular, onde
gera uma grande abertura (PEREIRA, s.d.).
Seguindo o modelo de igrejas jesuíticas portuguesas, como a Igreja do Espírito Santo
de Évora e a Igreja de São Roque de Lisboa, a basílica do Bom Jesus é um templo de planta
retangular3, com uma única nave, prática corrente em Portugal e no resto da Europa desde
pelo menos a década de 1560, o que torna todo o espaço mais unificado e homogéneo
(TERENO, 2012: 10). Esta é coberta por um forro curvo de madeira4 e não possui capelas
laterais, exceto duas capelas nos extremos do falso transepto, a da esquerda do Santíssimo

2
As três plantas originais encontram-se hoje na Biblioteca Nacional de França, com legendas e comentários em
castelhano.
3
Ver fig. 30 na tabela em apêndice.
4
Ver fig. 13 na tabela em apêndice.

13
Sacramento, e a da direita dedicada a São Francisco Xavier5, a qual contém o maior tesouro
existente no interior da igreja, uma vez que aqui se encontram, desde 1655, os restos mortais
do missionário católico navarro6, santo de grande devoção das populações goesas, sob uma
urna de prata primorosamente trabalhada por artistas locais7, oferecida pelo grão‑duque da
Toscânia, Cósimo III, executada pelo escultor florentino Giovanni Battista Foggini, por volta
de 1697, e montada, no local, por Plácido Francesco Ramponi (DIAS, 1999: 88).
A sua estrutura é única, pois abre-se para os quatro lados através de grandes portais:
um para o transepto, outros dois para a zona da ante-sacristia e finalmente outro para o
claustro. Também há acesso à sua vista desde o alto, através de varandas, uma das quais fica
junto à passagem para o coro. Possui longos arcazes, com ferragens recortadas e vazadas,
sendo que as paredes estão todas forradas com talha dourada de fabrico local, onde se
incluem quadros alusivos à vida de São Francisco Xavier8, uns de clara origem italiana e
outros fruto da mão do engenho de pintores locais (DIAS, 1999: 88).
A sacristia, de grandes dimensões, tem uma pequena capela no topo, de planta
retangular abobadada, embora com o eixo perpendicular pouco maior do que o transversal, e
com um retábulo dedicado ao Calvário, onde avulta um impressionante Cristo Crucificado,
encontrando-se também colunas com características dóricas, jónicas e coríntias9. O frontal é
de azulejos de tapete de fabrico lisboeta, de meados do século XVII, foi composto com
elementos retirados das ruínas da igreja dos Agostinhos (DIAS, s.d.: 293).
A sacristia atual, do lado sul da capela‑mor, foi iniciada em 1652 para substituir uma
sacristia anterior, demolida semanas antes do arranque da obra, fazendo-se tudo à custa de um
cidadão de nome Baltasar da Veiga (PEREIRA, s.d.). Em Janeiro do ano seguinte já se
cerrava a abóbada10, com a forma de um meio canhão com caixotões11, que é uma das mais
belas de Goa, com um excelente trabalho de estuque que disfarça as linhas de força dos
segmentos de calotes que constituem cada tramo (DIAS, s.d.: 293). Também aqui é visível a
preocupação com a entrada abundante de luz, que se faz por frestas no segundo registo e por
óculos no superior como podemos ver na figura 13 presente na ficha-técnica em apêndice.
Possui ainda coro alto sobre a entrada principal, ocupando os dois primeiros tramos, e torre
sineira adossada à parede da capela-mor (DIAS, 1999: 89).

5
Ver fig. 15 na tabela em apêndice.
6
Ver fig. 23 na tabela em apêndice.
7
Ver fig. 26 na tabela em apêndice.
8
Ver fig. 15 na tabela em apêndice.
9
Ver fig. 16 na tabela em apêndice.
10
A cobertura já não é a original, sendo suportada em parte por uma estrutura de ferro fundido.
11
Ver fig. 17 na tabela em apêndice.

14
Ao mesmo doador devem-se os arcazes grandes que, a 14 de Janeiro de 1659, data da
sua morte, ainda não estavam concluídos. É nesta data que temos de colocar também a feitura
dos grandes armários dos cálices e outras alfaias que ficam lateralmente ao arco de entrada da
capelinha de topo da sacristia. As pinturas dos espaldares dos ditos arcazes foram mandados
fazer em Cochim, por ordem do Padre Martins, com trezentos xerafins que para isso lhe deu
D. Francisco de Lima (DIAS, s.d.: 293).
O arco-cruzeiro é completamente revestido por talhas do primeiro barroco.
Lateralmente a este, há dois altares de talha barroca, o de São Miguel e o de Nossa Senhora
da Esperança, além de cinco tábuas pintadas, na zona superior. O alçado interior do corpo é
elegante, com janelas de tradição serliana, na zona baixa, de vão retangular e frontão
triangular, com varandas no segundo, com o corpo ligeiramente saliente, e os tais óculos
redondos no andar superior. Logo após a entrada, e no flanco direito, fica o pequeno
arco-capela da invocação de Santo António e, em frente, outro dedicado a São Francisco
Xavier. Ainda na nave, bem a meio, avulta um monumental púlpito em madeira entalhada e
dourada (DIAS, s.d.: 292).
A Casa Professa do Bom Jesus possui três pisos com corpos comunicantes em ângulo
reto em volta de um pátio12, arquitetonicamente comparável a um claustro, onde se incluíam
as normais dependências de uma casa deste tipo. Este espaço é de uma monumentalidade
raramente excedida e fruto de um desenho extremamente erudito. Tem dois andares, é todo de
cantaria, de uma grande pureza de linhas dentro da ordem toscana, com uma cor branco cal.
Um entablamento corrido separa nitidamente os dois pisos, cujos vãos são ligados por pilares
cruciformes, juntando-se um elegante parapeito. As naves são amplas, largas e altas, e no
andar de cima comunicam com a zona habitacional, dormitórios, etc (DIAS, s.d.: 294). Todos
os espaços são de planta retangular e articulam‑se com a nave através de arcos de volta
inteira, sendo este o grande espaço aglutinador do templo. Trata-se, possivelmente, do mais
antigo deste tipo de pátios, comuns na arquitetura religiosa cristã de Goa, “traindo a
influência albertiana com modelo nas arcadas do Coliseu de Roma ou do Teatro de Marcelo”
(PEREIRA, s.d.). Este é um pátio de planta retangular, em que as galerias dos lados menores
têm seis arcos, enquanto as galerias dos lados maiores oito.
A fachada, inspirada em Il Gesú, em Roma, a igreja-mãe dos jesúitas. e cujo projeto
foi apenas definido em 1597, é dividida em três registos horizontais bem marcados por
cornijas salientes e por pilastras de ordem coríntia, dórica e jónica13, sendo rematada

12
Ver fig. 12 na tabela em apêndice.
13
Ver fig. 1 na tabela em apêndice.

15
superiormente por um frontão quadrangular no corpo central, no qual sobressai um enorme
emblema da Companhia de Jesus14 esculpido em baixo-relevo enquadrando a sigla IHS15, que
é, por sua vez, coroado por um outro frontão mais pequeno, desta vez triangular. A ligação
aos corpos laterais é feita por aletas com segmentos de vieiras invertidas, mas com pouca
profundidade, que acabam por atenuar a verticalidade do edifício (DIAS, s.d.: 292).
O vão axial tem um portal sobredimensionado de desenho erudito, em arco de volta
perfeita, semelhante ao que pertenceu ao colégio de São Paulo, com dupla coluna de fuste
estriado sobre pedestal16, e um bem desenhado entablamento reto, inspirado em Serlio. As
portas laterais de verga reta, ladeadas por pilastras, são mais simples, mas sobre o vão
retangular ficou um amplo espaço ocupado por uma muito decorativa cartela com as armas da
Companhia de Jesus, muito visível na figura 3 da ficha-técnica em apêndice. É curioso o
efeito contrastante que ficou entre a pedra magnificamente talhada e o material mais modesto
das paredes, o tijolo, por certo inicialmente revestido de argamassa e caiado de branco
(DIAS, s.d.: 292).
De acordo com a explicação de António Nunes Pereira “Interior e exteriormente, a
igreja é articulada por pilastras e entablamentos numa grelha modular, como é próprio da
arquitetura religiosa (e civil) de Goa. Os três grandes contrafortes erguidos na parede norte do
corpo da igreja datam de 1862, e evidenciam a desadequação das formas arquitetónicas e
tecnologias construtivas da arquitetura de raiz europeia ao clima das monções. Aqui, as
chuvas ininterruptas enfraqueciam as alvenarias de laterite das paredes exteriores sem
proteção, cujos telhados, sem beirado, se escondem atrás das balaustradas que as rematam.
Os gigantescos contrafortes foram a solução mais comum em Goa para a consolidação
adicional dos edifícios construídos por mestres de obra europeus” (PEREIRA, s.d.).
Ora, naturalmente não podemos deixar de discordar da ideia de Mário Tavares Chicó
que aproxima esta igreja da do Espírito Santo de Évora, pois aqui faltam as capelas laterais
dos flancos, as varandas superiores comunicantes, os arcos-capela laterais ao arco-cruzeiro e
o nártex coberto, já para não falar na questão das proporções (DIAS, 1999: 89). Além disso,
reconhecem‑se influências italianas, sobretudo nos portais do piso térreo; francesas, nas
janelas retangulares do segundo piso; e flamengas, nas janelas circulares envoltas em cartelas
de volutas do terceiro piso (PEREIRA, s.d.).

14
Ver fig. 9 na tabela em apêndice.
15
Iesus Hominum Salvator, expressão latina adotada pelos jesuítas.
16
Ver fig. 8 na tabela em apêndice.

16
Termino esta análise à Basílica do Bom Jesus de Velha Goa com as seguintes palavras
de António Nunes Pereira:
“A importância da Igreja do Bom Jesus vai muito para além do contexto cultural goês.
Historicamente, foi a segunda grande igreja dos jesuítas em Goa (mas a primeira dentro do
recinto da velha cidade), sendo a igreja da casa professa, a principal residência dos jesuítas e
centro da ação missionária da Companhia no Oriente. Arquitetónicamente, foi o edifício que
introduziu na Índia o tipo de igreja jesuíta portuguesa, de uma só nave e espaços de planta
retangular a ela adossados, ao modo de São Francisco de Évora, que viria a ser o modelo da
igreja de Goa nos dois séculos seguintes. Apesar da inexistência de capelas laterais trata‑se do
mesmo tipo arquitetónico, pois é o modo da articulação dos espaços que o caracteriza, e não a
existência (ou não) de determinados elementos espaciais. A possibilidade de este tipo já estar
representado em Goa através da primeira igreja do convento franciscano, não lhe retira o
caráter inaugural de uma época em que a adesão ao tipo arquitetónico de nave única se torna
definitiva em Goa.” (PEREIRA, s.d.).

CONSIDERAÇÕES FINAIS E PROBLEMÁTICAS


━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━

O objetivo desta pesquisa foi perceber a influência portuguesa, entender o modo de


habitar o espaço, o modo de executar, os materiais, as questões transcendentes ligadas à
arquitetura, a vivência do sítio, e como este todo complexo foi formado, através da
investigação dos conjuntos arquitetónicos religiosos e da visualização repetida do
documentário “O Dente de Buda”, onde pudemos melhor perceber o tema da luta da cultura
católica e ocidental dos portugueses contras as culturas do oriente. Como tal, os monumentos
históricos, tanto do nosso país, como do estrangeiro, devem ser bem cuidados para a nossa
geração mais jovem, sendo que o governo central deve fazer com que sejam mantidos, por
meio da realização de reparos frequentes.
Ora, não será demais indicar que, ao longo desta intensa pesquisa, existiram diversas
dificuldades, mais propriamente em termos de datações, quer de edifícios (assim como na
história de alguns deles), quer das cartografias, mas, também, na complexa, mas não
impossível, procura por informação fiável sobre a política das cidades e países abrangentes.
Assim sendo, naturalmente, foram surgindo múltiplas questões, ainda que provisórias, muitas
das quais consegui encontrar respostas através da bibliografia obrigatória da cadeira presente
no SIGARRA, sobretudo a obra literária de Pedro Dias, que aborda descrições muito

17
pormenorizadas dos monumentos e obras de arte construídas por nós, portugueses, no imenso
império índico, estudando a influência da arte portuguesa noutras culturas, que nunca
estiveram sob domínio político-militar português, mas que alteraram profundamente os
sistemas de produção artística, sendo que este livro esteve na base de todo o trabalho de
pesquisa ao fornecer-nos dados relevantes sobre o tema em questão. Igualmente importante
neste processo de investigação foi o site HPIP, com uma completa e clara análise sobre o
contexto da presença portuguesa em Goa, bem como da arquitetura da Basílica do Bom Jesus.
Retiro daqui, entre outras conclusões, que durante toda a história da arquitetura, as
formas destinadas a serem construídas foram grandes desafios para os mestres arquitetos, sem
ferramentas de alta precisão e desprovidos de conhecimentos especializado de engenharia,
sendo que era o desenho o elemento estruturador e de comunicação de ideias e do
pensamento da comunidade cristã. Cada povo, cada cultura, em determinada altura, criou a
sua própria maneira de transpor a representação da realidade para uma superfície plana para,
posteriormente, passarem para algo tridimensional e palpável (obras arquitetónicas, quadros,
esculturas, entre outros objetos artísticos), e a monumental Igreja e Casa Professa do Bom
Jesus, não foi exceção.

RECURSOS BIBLIOGRÁFICOS
━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━

ALMEIDA, João; FERNANDES, Hugo Sérgio; NOÉ; Paula (2020). Casa Professa
do Bom Jesus / Igreja do Bom Jesus / Basílica do Bom Jesus. Disponível via SIPA: Sistema
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Disponível via RTP Arquivos. Parte I:
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18
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Disponível via Público em:
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MATOS, Artur Teodoro; MARTINS, Guilherme D’Oliveira (2015).


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in Goa: An Illusion of Immanence. In Preserving Transcultural Heritage: Your Way or My
Way?. Lisboa: ARTIS-IHA-FAUL - ICOMOS Portugal.

19
SANTOS, Maria Sofia Branco dos (2019). A Arquitetura Portuguesa em Goa. Lisboa:
Universidades Lusíada. Dissertação do Mestrado Integrado em Arquitetura, sob orientação do
Prof. Doutor Arqt. Luís Manuel Pires Pereira.

SILVEIRA, Ângelo (1999). A Casa-Pátio de Goa. Porto: FAUP - Faculdade de


Arquitectura da Universidade Porto.

TERENO, Maria do Céu Simões (2012). Arquitetura Religiosa em Goa. Contributos


para a sua Investigação. Convento dos Remédios | Évora: Universidade de Évora.
Departamento de Arquitetura. Atas do Ciclo de Conferências sobre Religião e Património.

THOMAZ, Luís Filipe Ferreira Reis (1994): De Ceuta a Timor. Lisboa: Difel.
Oldenburg, Phillip. 2007. "India: History," Microsoft Encarta Online Encyclopedia 2007.
Archived 2009-11-01.

APÊNDICES
━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━

APÊNDICE I
FICHA-TÉCNICA DO OBJETO ARTÍSTICO

Designação Casa Professa do Bom Jesus / Igreja do Bom Jesus / Basílica do Bom
Jesus

Tipologia e Categoria Património material — Arquitetura Religiosa

Autor(es) Arquiteto: Domingos Fernandes (atrib. - 1586)


Escultores: A. Fonseca Lapa (1906) e Giovanni Battista Foggini (1697)
Projetista: Alexandre Valignano (1586)

Utilização Inicial Educativa: Colégio religioso

Utilização Atual Religiosa: Igreja

Religião Católica

Sacerdote Filipe Neri Ferrão

20
Identificador SIPA IPA.00011435

Diocese Arquidiocese de Goa e Damão

Localização Índia, Goa, Goa Norte, Goa Norte


Coordenadas: 15° 30' 02.791" N 73° 54' 43.989" E

Acessos Goa Norte, Tiswadi, Velha Goa (Ella), Old Goa Road, Goa 403402.
WGS84 (graus decimais) lat.: 15,500749; long.: 73,911259

Enquadramento Peri-urbano, isolado e destacado. Implanta-se em terreno plano do antigo


Terreiro dos Galos, inserido no conjunto monumental das Igrejas e
Conventos de Goa, envolvido por amplo espaço ajardinado e arborizado.
Na proximidade localizam-se, no setor norte-noroeste - norte-nordeste, a
uma distância média de cerca de 300m, a Capela de Santa Catarina, a
Igreja e Convento de São Francisco, com o Museu Arqueológico de Goa,
o Palácio Episcopal de Goa, e a Catedral de Goa; a nordeste, e a cerca de
600m o Arco dos Vice-Reis e o Convento dos Teatinos / Igreja de São
Caetano; e para poente, a distâncias entre os 400 e os 700m localizam-se
o Convento de São João de Deus, o Mosteiro e Igreja de Santa Mónica,
as ruínas da Igreja e Convento de Nossa Senhora da Graça, a Capela
Real de Santo António e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

Época Construtiva Séculos XVI-XVII

Início da Construção 1594

Fim da Construção 1605

Data da Consagração No dia 15 de maio de 1605, a igreja é consagrada pelo arcebispo D. Frei
Aleixo de Meneses.

Tendência Artística Inspiração no Maneirismo nórdico, "à moda flamenga", como refere
Dominante
Vítor Serrão.

Dados Técnicos Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais Estrutura em pedra da região (laterite) aparente, ou rebocada e pintada;

21
elementos da fachada da igreja e portal da casa professa em granito de
Baçaim (conjetural); argamassas à base de cal e areia; grades em ferro;
portas de madeira; vidros simples; pavimentos em mosaico cerâmico e
mármore; púlpito, retábulos e apainelados em talha pintada; painéis
pintados; tribunas em mármore; tetos de madeira; cobertura em telha
cerâmica.

Áreas do edifício Pátio Central; igreja, edifício residencial; duas alas; nave; capela-mor;
coro alto; falso transepto; pátio (comparável a um claustro); galerias;
sacristia; capela.

Elementos Abóbadas de aresta, pilares; abóbadas de berço, caixotões;


arquitetónicos entablamentos; pilastras toscanas; contrafortes; portais; janelas
retangulares e circulares; cartelas de volutas; arcos de volta inteira;
escadaria de dois lances, rosáceas.

Dimensões conhecidas A única nave da igreja mede cerca de 59 metros de comprimento e 17


metros de largura, elevando-se a cobertura do corpo a 18,5 metros.
A estrutura da sacristia é igual à de uma igreja, com cerca de 25 metros
de comprimento e completamente abobadada (DIAS, s.d.: 293).

Proteção Monumento de Importância Nacional / Incluído nas Igrejas e Conventos


de Goa

Propriedade Pública: Estado Indiano

Cronologia 1567 - O Geral da Companhia de Jesus, padre Francesco Borgia, dá


parecer favorável à construção de uma casa professa, apesar da
Companhia já ter no território goês um colégio e uma igreja;
1584 - Fundação da Casa Professa no Colégio de São Paulo, por ordem
do Geral Cláudio Acquaviva, ocupando o piso térreo do edifício, e
ficando o colégio nos pisos superiores;
1585 - Tornando-se cada vez mais evidente a impossibilidade de manter
as duas instituições num só edifício, o próprio visitador Valignano toma
a iniciativa de procurar um local para a Casa Professa; além disso, o

22
complexo situado na Carreira dos Cavalos mostrava-se cada vez mais
insalubre e inóspito; compram-se para o efeito umas casas no Terreiro
dos Galos, o que causa protestos por parte das outras ordens religiosas,
por se construir um terceiro edifício da Companhia no território;
1586 - Carta de Valignano para o Geral Acquaviva, em Roma, com as
plantas esquemáticas do edifício da Casa Professa, organizada em três
pisos;
1587 - É enviada de Roma uma planta para a igreja, revista pelo
arquiteto da Companhia Giovanni de Rosis, mas que Valignano não
segue porque, por esta altura, a casa já se encontrava em construção e
não podia ser parada;
04 março de 1593 - Data da morte do antigo capitão de Ormuz e
Cochim, D. Jerónimo de Mascarenhas, que deixa legado para as obras, e
cujo túmulo se encontra na igreja, na parede da nave, do lado do
Evangelho;
1594, 24 novembro - Início das obras de construção do templo, segundo
inscrição de lápide existente na igreja;
1598 - Carta anual regista a presença de 60 trabalhadores, estando
cerrada uma das capelas do cruzeiro, e estando prevista para breve o
fecho da abóbada da capela-mor;
1624 - Cerimónia solene de transladação do corpo de São Francisco
Xavier da igreja de São Paulo, onde tinha sido deposto quando veio de
Malaca, para a igreja do Bom Jesus;
1652, 29 fevereiro - Início da construção da nova sacristia, com
donativos da Baltasar de Veiga, segundo lápide existente na mesma;
1659 - Conclusão da capela de São Francisco Xavier;
1663 - Um incêndio destruiu grande parte do edifício;
1665 - A Companhia recorre a um empréstimo para as obras de
reconstrução;
1697 - Feitura do grande pedestal onde assenta o mausoléu de São
Francisco Xavier, executado por Giovanni Battista Foggini e oferecido
pelo Grão-duque da Toscânia, Cosme III de Médici, em agradecimento
da oferta do coxim que serviu de almofada ao Santo, pelo Procurador

23
Geral da Província de Goa, padre Francisco Sarmento;
1759 - O édito de expulsão da Companhia de Jesus chega ao território do
Estado da Índia, com aplicação efetiva pelo seu governo, o que resultou
na prisão imediata de 127 padres jesuítas, que foram reenviados para
Portugal; na sequência, o complexo do Bom Jesus passa para
administração direta do vice-rei e do arcebispo;
1774 - Decreto real ordena a transferência da igreja e residência
arquiepiscopal para o Bom Jesus;
1779 - Passam a realizar-se na igreja as cerimónias de posse dos
vice-reis;
1781 - Incêndio destrói a igreja;
1782 - Primeira exposição pública com caráter oficial do corpo de São
Francisco Xavier;
1835 - Após a extinção das ordens religiosas, o cadeiral do coro da igreja
de Nossa Senhora da Graça é transferido para a capela-mor do Bom
Jesus, onde permaneceu até 1964;
1862 - Construção de três grandes contrafortes para consolidação da
parede exterior norte da igreja, e substituição da cobertura da igreja;
1900, cerca - Substituição das janelas de cascas de ostra por janelas de
vidro;
1906 - Feitura de uma das imagens de São Francisco de Assis, por A.
Fonseca Lapa, com oficina em Gaia;
1932, 31 março - Classificação da igreja como Monumento Nacional,
pelo decreto n.º 1360; 1943 - por força da Concordata firmada em 1940
entre Portugal e a Santa Sé, a igreja é devolvida à Igreja Católica;
1946 - A igreja é elevada a Basílica Menor por Breve do Papa Pio XII,
reconhecendo o seu papel fundamental na evangelização do Oriente;
1956 - O Patriarca de Goa decide devolver a Basílica e Casa Professa
aos Jesuítas;
* As últimas grandes obras de engrandecimento da Casa Professa do
Bom Jesus tiveram lugar, em 1890, por ocasião das festas xaverianas.

Intervenção Realizada Comissão de Arqueologia: 1931 - renovação do teto; 1948 / 1949 / 1950

24
/ 1951 / 1952 - obras, durante as quais se procedeu à remoção do reboco
da maioria das fachadas da igreja.

Breve Descrição O edifício apresenta planta irregular e fachadas de três pisos, de grande
sobriedade, a principal perpendicular à igreja, solução menos frequente,
com fenestração regular e retilínea, de janelas encimadas por cornija
reta, e portal em granito com moldura encimada pelas insígnias da
Companhia e volutas, criando falso frontão (ALMEIDA, FERNANDES,
NOÉ, 2020).
Destaca-se o pátio retangular, paralelo ao templo com dois pisos,
desenvolvidos em arcadas de volta perfeita, com guarda em balaustrada,
intercalados por pilastras toscanas, suportando entablamentos, dórico e
jónico sobrepostos, sendo as alas térreas abobadadas e as do piso
superior cobertas por tetos de madeira (ALMEIDA, FERNANDES,
NOÉ, 2020).
A igreja segue o esquema da primeira arquitetura da Companhia, com
planta retangular e nave única, amplamente iluminado, ainda que sem
ter, de cada lado, as típicas capelas laterais intercomunicantes, com
transepto inscrito e capela-mor profunda, enquadrada por duas capelas
colaterais e ladeada por uma torre posterior (ALMEIDA, FERNANDES,
NOÉ, 2020).
A fachada principal organiza-se em três panos, definidos por pilastras de
ordem coríntia, dórica e jónica, sobrepostas, e três registos, terminando
em tabela com as insígnias da Companhia, rematada em frontão
triangular e entre aletas concheadas. Constituindo uma das fachadas
mais ricas da arquitetura goesa, é rasgada por portais em arco de volta
perfeita, por janelas encimadas por tabelas decoradas, no segundo
registo, e óculos circulares, no terceiro, enquadrados por colunas ou
pilastras, duplas no eixo central, formando panos em cantaria de granito,
que contrastam com o tom avermelhado da laterite utilizada na restante
estrutura, enobrecendo o conjunto (ALMEIDA, FERNANDES, NOÉ,
2020).
A fachada lateral esquerda, rematada em balaustrada com acrotérios

25
suportando pináculos em bola, e reforçada na nave por três grandes
contrafortes, organiza-se em três registos, separados por frisos e cornijas,
e vários panos, definidos por pilastras, rasgados por janelas retangulares
com frontão triangular, janelas de capialço e óculos circulares
sobrepostos, correspondendo no transepto e capela-mor a janelas com
frontão (ALMEIDA, FERNANDES, NOÉ, 2020).
Apresenta pavimento de mármore e cobertura de madeira, em masseira
sobre grandes mísulas decoradas, na nave, e em abóbada de berço,
formando caixotões decorados, nos braços do transepto e na capela-mor.
A meio da nave, no lado da Epístola, possui púlpito quadrado, em talha
dourada maneirista, de inspiração indo-portuguesa, com guarda plena
decorada com edículas albergando Evangelistas e outras imagens,
acedido por porta de verga reta, envolvido por profusa decoração em
talha, que se prolonga pelo baldaquino (ALMEIDA, FERNANDES,
NOÉ, 2020).
Na capela-mor, sobre o supedâneo, surge o retábulo-mor com estrutura e
remate arcaizante. Tem corpo reto e um eixo, definido por colunas
salomónicas e pilastras, rematando em entablamento e frontão
interrompido por tabela recortada, com uma Santíssima Trindade
horizontal, ladeado por quartelões, aletas e imagens de vulto
(ALMEIDA, FERNANDES, NOÉ, 2020).
A capela de São Francisco Xavier possui portais envolvidos por
estrutura em talha dourada, destacando-se pelas suas dimensões, tendo
nas paredes laterais amplos nichos facetados integrando janelas,
encimados por painéis pintados (ALMEIDA, FERNANDES, NOÉ,
2020).

Observações Conjunto "Churches and Convents of Goa", declarado pela UNESCO,


em 1986, como Património da Humanidade (Relatório da 10ª Sessão do
Comité - CONF 003 VIII). O conjunto arquitetónico da Basílica do Bom
Jesus consta da Lista de Monuments of National Importance in Goa do
Archaeological Survey of India, com o identificador N-GA-1.
A traça de Valignano para a Casa Professa, composta por três plantas,

26
conserva-se na Biblioteca Nacional de Paris (DIAS: 1998, p. 85). Na
planta do piso térreo, Valignano desenhou o local de implantação da
igreja, mas cuja legenda indica ainda não se ter decidido se seria de uma
ou três naves: "Lugar para la yglesia, la qual hasta agora no estamos
determinados se ha de ser una sola nave o de tres naves, mas para todo
ha lugar". A avaliação do projeto pelos mestres do Geral da Companhia,
de Roma, foi feita apenas sobre a dimensão e disposição da casa
professa, não definindo a organização espacial da igreja (Pereira: 2010,
p. 255).
Segundo Pedro Dias (DIAS: 1999, p. 289) trabalharam nas obras três
outros jesuítas: o irmão coadjutor Luis Castanho, que tomava conta dos
pedreiros e demais trabalhadores; o irmão Francisco Domingues
"homem entendido em obras"; e Diogo Ferrão que tomava conta da
pedreira de onde se retiravam os materiais para a construção.
A exposição do corpo de São Francisco de Xavier tem ocorrido, por
razões de segurança, a cada dez anos.

Referência no Minutos 19:34-20:00 (“O Dente de Buda” - Pt. II):


documentário (marca “Estas colunas e capitéis são puramente europeus. Esta é a Basílica
temporal) e respetiva Jesuíta do Bom Jesus de Velha Goa, com uma fachada de granito vindo
citação do norte da Índia, ocidental quanto baste, embora já com um ou outro
motivo indiano na decoração, nomeadamente as rosáceas no topo da
fachada.”

Estado de Conservação A Basílica do Bom Jesus, grande símbolo de Goa que guarda o túmulo
do "Apóstolo do Oriente", foi restaurada em 1952 pelo arquiteto
português Baltazar Castro, para a celebração do IV Centenário da Morte
de São Francisco Xavier. Os terrenos circundantes da basílica foram
escavados para recuperar o seu nível inicial; o reboco de cal foi retirado
das fachadas exteriores, deixando exposta a pedra laterítica; a torre
sineira foi consolidada com concreto e sua cobertura foi substituída por
uma cobertura com balaustrada; e uma nova cruz foi construída na parte
de trás da basílica. Se a mudança de imagem da basílica foi drástica (do
caiado de branco para o marrom-avermelhado da laterita), a exposição

27
da laterita aos efeitos climáticos acabou sendo um grande problema para
a sua conservação, principalmente após as monções anuais. Parte das
elites culturais goesas começou a criticar a valorização estética em
detrimento dos valores históricos e conservadores: a recriação de
imagens idealizadas em alguns monumentos deu-lhes uma forma que
nunca tiveram (SANTOS, 2017).
De acordo com o reitor da Basílica do Bom Jesus de Velha Goa, padre
Patrício Fernandes, a igreja construída pelos portugueses no século XVI,
classificada como património mundial, está “em grave risco” de
“colapso”, apelando a obras urgentes. Segundo o mesmo, a água das
chuvas infiltrou-se nas paredes, expostas aos elementos desde que, nos
anos 1950, durante uma exposição com as relíquias de São Francisco
Xavier, foi removido o estuque que recobria originalmente a fachada da
Basílica para que a igreja parecesse mais antiga. Por essa razão, as
paredes da igreja, construída com blocos de laterite, uma rocha porosa,
ficaram expostas às monções nos últimos 70 anos, provocando a sua
erosão. Não obstante, desde que os portugueses deixaram Goa em 1961,
o Governo indiano não voltou a rebocar as paredes. De acordo com o
reitor, não é a primeira vez que se alerta para o estado do monumento,
todavia a situação agravou-se nos últimos meses: “Pela primeira vez, há
tanta água que acabou por se infiltrar na pedra. A monção acabou em
Outubro e as paredes continuam molhadas”, afirmou. “Quando se passa
a mão pela pedra, há pedaços que caem ao chão”, acrescentou. Inclusive,
o reitor recordou que a última monção, em outubro de 2020, fez ruir a
fachada da igreja de São Roque, situada na localidade de Velim, no sul
de Goa, e teme que o mesmo aconteça à Basílica do Bom Jesus. Aliás, os
próprios arquitetos e engenheiros garantem que se o reboco das paredes
não for feito o mais rapidamente possível existe uma grande
probabilidade da mesma entrar em colapso (LUSA, 2012).
Em Abril de 2020, após as reclamações, os serviços de arqueologia
responsáveis pela conservação dos monumentos na Índia, o
Archaeological Survey of India (ASI) iniciaram algumas obras na
basílica, incluindo no telhado, mas a intervenção não chegou para

28
proteger o monumento, considerado uma das “sete maravilhas de origem
portuguesa no mundo”. Infelizmente, segundo o prelado, tem havido
resistência em proceder à intervenção, dado que a maioria das pessoas
sempre conheceram esta igreja sem reboco, por isso pensam que era
assim originalmente. O padre ainda contou que quando disse aos
técnicos do ASI que se teria que voltar a rebocar a igreja, responderam
que não seria necessário e que a mesma está bonita assim, o que levou o
próprio a criticar a inércia das autoridades em relação a um monumento
tão precioso para Goa (LUSA, 2012).
Para o padre, é urgente “mobilizar a opinião pública” e analisar como
deverá ser feito o restauro, recorrendo a peritos internacionais e
arquitetos para garantir um bom trabalho. “A cobertura de gesso e cal
dura centenas de anos, como se vê noutras igrejas em Goa”, declarou.
Ademais, a Lusa questionou os serviços de conservação de monumentos
em Goa e em Nova Deli por escrito, mas não recebeu resposta em tempo
útil (LUSA, 2012).
Enquanto uns defendem que algo deve ser feito para preservar o
monumento: enquanto a maioria aconselha o reboco da basílica com
reboco de cal, argumentando que o reboco preservará o monumento e
recuperará sua autenticidade histórica, outros argumentam com outra
hipótese: aplicar produtos químicos para preservar a pedra; substituir
pedras parcialmente danificadas por pedras novas; aplicação de gesso de
cal com pigmentos ou com fragmentos de laterita para manter a imagem
visual; etc (SANTOS, 2017).
Fernando Velho, membro do grupo independente Coletivo de Goa, que
defende a conservação de monumentos históricos naquele estado
indiano, apelou à intervenção de peritos portugueses para salvar a
Basílica do Bom Jesus. "Era preciso que especialistas portugueses se
reunissem com peritos locais e fizessem um relatório” sobre o restauro
da Basílica, apelou. “Por causa do aquecimento global, deixou de haver
estação seca e monção na Índia. Chove durante o ano todo. Todos os
meses chove mais, o que não acontecia antes, e as paredes não têm
oportunidade de secar”, disse o arquiteto (LUSA, 2012).

29
A expansão urbana da vizinha Pangim, capital do estado de Goa,
também ameaça o monumento. “O governo de Goa não definiu zonas
tampão, obrigatórias pela lei nacional”, disse o arquiteto, denunciando
“interesses imobiliários”. “É um problema que não existia no passado,
mas com a construção de uma auto-estrada muito perto da Basílica e o
aumento do betão naquela zona, toda a água é absorvida pela igreja”,
lamentou (LUSA, 2012).

Caracterização do O documentário "O Mundo de Cá", produzido pela RTP1 no ano de


Episódio Documental17 1995, diz respeito a uma série de episódios, sendo o intitulado “Dente de
Buda” (episódio 4, parte I e II). Com cerca de vinte e seis minutos, a
primeira parte do documentário apresenta-nos a sua temática fulcral e
sobre o qual estará toda a envolvente. A guerra conduzida por nós,
portugueses, contra os budistas, mostra de que forma a mesma afetou os
vários setores, entre eles culturais, artísticos, políticos e, sobretudo,
religiosos. Para nos situarmos no contexto, junta-se a este cenário uma
voz feminina cujo nome é desconhecido, seguida pela voz do
apresentador Paulo Varela Gomes, figura que nos irá conduzir nesta
viagem, onde o próprio se encontra fisicamente vigente. O trajeto
concetual começa em Khandia, a sede mais importante do Reino de
Celião na época, ressaltando a importância do Templo do Dente, e a sua
consequente destruição, rematando o seu pensamento com uma breve
explicação sobre a política portuguesa nesta região no século XVI, que,
após a sua conquista, levou à expansão da reeducação do sangue real e,
consequentemente, à conversão dos cingaleses à religião católica. Neste
momento surgem-nos imagens das ruínas da velha capital imperial da
Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Goa. Outro marco de referência
seria o Convento de Santa Mónica de Goa e a intitualização das
mulheres nobres no Convento.
No documentário é ainda abordado o domínio de Goa com a procura de
imposição do catolicismo e da cultura ocidental, levando à destruição do
Templo de Ganesh e, por conseguinte, à construção da Igreja de Nossa

17
Para mais detalhes, consultar as duas tabelas nos Apêndices II e III.

30
Senhora de Piedade, demonstrando a ideia recorrente da edificação de
igrejas em substituição dos templos destruídos. Na continuidade deste
tema, o narrador relata a relevância da política de Afonso de
Albuquerque no combate às religiões da Índia, no qual o confronto entre
os Jesuítas e as autoridades portuguesas foi uma das realidades a que se
assistia nestes tempos, ao tentarem impedir as peregrinações e a
conversão de um grande número de hindus.
No que diz respeito à segunda parte deste documentário, o mesmo
foca-se maioritariamente na província de Goa, bem como na evolução da
intolerância local face aos cultos religiosos. Neste seguimento, a procura
de conversões forçadas pelo arcebispo de Goa falhou por influência
Jesuíta, uma vez que estes religiosos, assim como os Franciscanos,
tentaram de alguma forma manipular a crença hindu. De igual modo, é
feita uma descrição das Igrejas católicas de Goa. A presença dos
mulçumanos também se fez refletir na Índia através das suas estruturas
islâmicas, como é exemplo a Igreja de São Francisco de Velha Goa.
Contudo, uma vez que a prosperidade de Goa era algo a ter em causa, o
cristianismo entra em concordância com os cultos rivais. Neste campo, a
arquitetura ganha o seu ímpeto como reflexo desta miscigenação entre
culturas. Num momento final, o apresentador acaba por concluir toda
esta viagem, descrevendo a hipocrisia religiosa de Linschoten18, bem
como os incumprimentos destas leis de cunho religioso.

Recursos de https://hpip.org/pt/heritage/details/614
Investigação em linha http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=114
35

18
Explorador neerlandês que viajou extensamente pelas zonas de influência portuguesa na Ásia, convivendo
intimamente com mercadores e navegadores portugueses, o que o terá levado a copiar mapas e a obter outras
informações sobre a navegação e práticas mercantis daquela nação na Ásia, que permitiram a entrada dos seus
compatriotas nas então denominadas Índias Orientais e, na senda destes, dos ingleses.

31
Imagens e Cartografia:

Fig. 1 — Vista externa da fachada nascente e adro envolvente. Basílica do Bom Jesus em Velha Goa (s.d.). Autor
desconhecido. Imagem disponível em:
<https://www.itinari.com/pt/basilica-of-bom-jesus-in-goa-the-most-famous-church-in-india-mqcj>.

32
Fig. 2 — Vista da fachada lateral da Basílica do Bom Jesus em Velha Goa (s.d.). Autor desconhecido. Imagem
disponível em: <https://www.viator.com/pt-BR/Goa-attractions/Basilica-of-Bom-Jesus/d4594-a6827>.

33
Fig. 3 — Pormenor da fachada nascente da Basílica do Bom Jesus em Velha Goa (27 de junho, 2009). Fotografia de
Narendhers. Imagem disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_do_Bom_Jesus>.

34
Fig. 4 — Desenho da fachada principal e adro envolvente da Igreja e Casa Professa do Bom Jesus em Velha Goa
(1878). Imagem extraída da pagina 308 de An historical and archæological sketch of the City of Goa, preceded by a
short statistical account of the Territory of Goa. Written by the authorization of the Government, by FONSECA, José
Nicolau da. Original mantido e digitalizado pela Biblioteca Britânica. Copiado de Flickr. Imagem disponível em:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:FONSECA(1878)_p308_GOA,_CHURCH_BOM_JESUS.jpg>.

35
Fig. 5 — Fachada nascente e adro envolvente da Igreja de Bom Jesus e Casa Professa - Velha Goa - Índia Portuguesa.
Edição de Christovam Fernandes, Nova Goa. Bilhete postal ilustrado da década de 1920, não circulado. Fonte coleção
particular João Cristiano Fontes. Imagem disponível em:
<https://www.postais-antigos.com/india-velha-goa-igreja-de-bom-jesus-e-casa-professa-velha-goa.html>.

Fig. 6 — Vista da fachada lateral da Basílica do Bom Jesus em Velha Goa com os três arcobotantes. Captura de ecrã do
Google Earth, em 27 de outubro de 2022.

36
Fig. 7 — Vista exterior da torre sineira da Basílica do Bom Jesus em Velha Goa. Captura de ecrã do Google Earth, em
27 de outubro de 2022.

Fig. 8 — Fachada principal: pormenor das colunas coríntias de fuste canelado, junto ao portal da Basílica do Bom Jesus
da Velha Goa. Captura de ecrã do documentário “O Dente de Buda” (Parte II), min. 19:44.

37
Fig. 9 — Fachada principal: pormenor do emblema da Companhia de Jesus, inscrito em cartela circular, da Basílica do
Bom Jesus em Velha Goa. Captura de ecrã do documentário “O Dente de Buda” (Parte II), min. 19:26.

38
Fig. 10 — Exterior da Basílica do Bom Jesus, Goa, Índia (s.d.). Autor desconhecido. Imagem disponível em:
<https://www.viajecomigo.com/2018/03/01/basilica-do-bom-jesus-goa-india/.

39
Fig. 11 — Vista geral da envolvente da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa, a Nascente (2009). Imagem disponível em:
<http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=11435>.

40
Fig. 12 — Pormenor do interior do Claustro da Casa Professa do Bom Jesus, Velha Goa (2006). Imagem disponível em:
<http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=11435>.

41
Fig. 13 — Interior da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa: pormenor da nave única coberta por forro de madeira e
capela-mor (s.d.). Autor desconhecido. Imagem disponível em:
<https://www.viajecomigo.com/2018/03/01/basilica-do-bom-jesus-goa-india/>.

42
Fig. 14 — Interior da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa: pormenor do altar-mor da Basílica (s.d.). Autor
desconhecido. Imagem disponível em: <https://travelshoebum.com/2018/04/11/heritage-walk-churches-of-old-goa/>.

43
Fig. 15 — Interior da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa: pormenor do Mausoléu de São Francisco Xavier (s.d.). Autor
desconhecido. Imagem disponível em:
<https://www.fabhotels.com/blog/why-is-basilica-of-bom-jesus-the-best-church-in-goa/>.

44
Fig. 16 — Interior da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa: pormenor dos arcos de volta perfeita decorados com motivos
vegetalistas que servem de passagem entre espaços, e a sacristia ao fundo (s.d.). Autor desconhecido. Imagem
disponível em: <https://travelshoebum.com/2018/04/11/heritage-walk-churches-of-old-goa/>.

45
Fig. 17 — Interior da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa: pormenor do sub-coro com cobertura em falsa abóbada de
aresta com caixotões (s.d.). Autor desconhecido. Imagem disponível em: <https://hpip.org/pt/heritage/details/612>.

46
Fig. 18 — Interior da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa: inscrição funerária de D. Jerónimo de Mascarenhas cinzelada
numa placa de metal assente sobre dois leões e encimada pelas armas dos Mascarenhas (2006). Imagem disponível em:
<http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=11435>.

47
Fig. 19 — Interior da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa: inscrição funerária de D. Jerónimo de Mascarenhas (2006).
Imagem disponível em: <http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=11435>.

48
Fig. 20 — Interior da Igreja do Bom Jesus em Velha Goa: pormenor de um dos leões que sustentam a placa funerária
de D. Jerónimo (2006). Imagem disponível em:
<http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=11435>.

49
Fig. 21 — Placa comemorativa da passagem de São Francisco Xavier (3 de março, 2009). Fotografia de Saurabh
Sharan. Imagem disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_do_Bom_Jesus>.

50
Fig. 22 — Placa da consagração da Basílica (30 de agosto, 2007). Fotografia de Vinayaraj. Imagem disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_do_Bom_Jesus>.

51
Fig. 23 — Túmulo de S. Francisco Xavier – Basílica do Bom Jesus, Goa, Índia (s.d.). Autor desconhecido. Imagem
disponível em: <https://www.viajecomigo.com/2018/03/01/basilica-do-bom-jesus-goa-india/>.

52
Fig. 24 — Relíquias de S. Francisco Xavier – Basílica do Bom Jesus, Goa, Índia (s.d.). Autor desconhecido. Imagem
disponível em: <https://www.viajecomigo.com/2018/03/01/basilica-do-bom-jesus-goa-india/>.

53
Fig. 25 — Fotos das Relíquias de S. Francisco Xavier – Basílica do Bom Jesus, Goa, Índia (s.d.). Autor desconhecido.
Imagem disponível em: < https://www.viajecomigo.com/2018/03/01/basilica-do-bom-jesus-goa-india/>.

54
Fig. 26 — Túmulo de Francisco de Xavier, na Basílica do Bom Jesus de Goa. Documento/Processo, [191?] – [191?].
Autor desconhecido. Imagem disponível em:
<https://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documents/300633/?q=igreja+bom+jesus+goa>.

55
Fig. 27 — Pormenor do púlpito em talha dourada presente do lado da Epístola, decorado com motivos vegetalistas,
sobre plintos com querubins encarnados, na Basílica do Bom Jesus em Velha Goa (s.d.). Autor desconhecido. Imagem
disponível em: <https://www.viajecomigo.com/2018/03/01/basilica-do-bom-jesus-goa-india/>.

56
Fig. 28 — Proportional analysis of the façade based on radius r, Church of Bom Jesus (s.d.). Autor desconhecido.
Imagem disponível em: <https://pt.scribd.com/document/387053165/Basilica-of-BOM-Jesus-Goa>.

Fig. 29 — Interior elevation and section, Church of Bom Jesus. Dimensions in goa palms (s.d.). Autor desconhecido.
Imagem disponível em: <https://pt.scribd.com/document/387053165/Basilica-of-BOM-Jesus-Goa>.

57
Fig. 30 — Plantas dos três pisos da Casa Professa de Bom Jesus de Goa, 1586 (Paris. Biblioteca Nacional). Imagem
disponível em: <https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3184.pdf>.

58
Fig. 31 — Mapa atual da localização exata da Igreja e Casa Professa do Bom Jesus que mostra que a mesma estava
junto ao rio. Captura de ecrã do Google Earth (27 de outubro, 2022).

Fig. 32 — Ilustração de Goa numa gravura alemã quinhentista, presente no atlas Civitates orbis terrarum, de Braun e
Hogenberg, 1600. Imagem disponível em: <https://www.wikiwand.com/pt/Fortaleza_dos_Reis_Magos_de_Goa>.

59
Fig. 33 — A Ilha e a Cidade de Goa Metropolitana da Índia e Partes Orientais que estão a 15 graus da Banda do Norte
(s.d.), in Histoire générale des Voyages, de la Harpe, 1750. A conquista de Goa ocorreu depois que o governador
português Alfonso de Albuquerque invadiu a cidade em 1510, apesar de não ter recebido ordens para tomar a cidade.
Ele se tornou o segundo europeu a conquistar Goa desde Alexandre, o Grande. Imagem disponível em:
<https://www.reddit.com/r/portugal/comments/fcga9f/mapa_de_goa/>.

Fig. 34 — Castes and Varnas. Sistema social hierarquizado da índia (s.d.). Imagem disponível em:
<https://factsanddetails.com/india/Religion_Caste_Folk_Beliefs_Death/sub7_2b/entry-4159.html>.

60
Fig. 35 — Descobrimentos, viagens e explorações portuguesas: datas e primeiros locais de chegada de 1415-1543,
principais rotas no Oceano Índico (azul), territórios portugueses no reinado de D. João III (verde) (s.d.). Imagem
desponível em: <https://factsanddetails.com/india/Religion_Caste_Folk_Beliefs_Death/sub7_2b/entry-4159.html>.

Fig. 36 — Viagem de Vasco da Gama no século XV (s.d.). Imagem disponível em:


<https://www.infoescola.com/historia/descoberta-do-caminho-para-as-indias/>.

61
Fig. 37 — Mapa de Goa, Estado Portugues da Índia (s.d.). Imagem disponível em:
<https://www.revistamilitar.pt/artigo/226>.

62
Fig. 38 — Descobrimentos e as marcas da globalização (s.d.). Imagem disponível em:
<https://nationalgeographic.pt/historia/grandes-reportagens/1094-descobrimentos-edespecial>.

63
Fig. 39 — Carta Nouvelle des Terres de Cucan de Canara de Malabar de Madura et de Coromandel (s.d.). Mapa
retirado de “Atlas Historique” publicado em Amesterdão entre 1705 e 1720. Imagem disponível em:
<https://www.antiquarius.it/en/central-asia/2906-carte-nouvelle-des-terres-de-cucan-de-canara-de-malabar-de-madura-e
t-de-coromandel.html>.

APÊNDICE II

TABELA SÍNTESE DO DOCUMENTÁRIO — “DENTE DE BUDA” PT. 1

01:00-02:00 Contexto da presença Portuguesa em Ceilão no século XVI e a sua política de


min manutenção da multiplicidade religiosa.
02:00 - 05:23 Paulo Varela Gomes explica a política religiosa que os portugueses pretendiam
min implementar no século XVI; relato de pequena estória sobre o vice-rei português,
D. Constantino Bragança e a relíquia budista que conseguiu saquear durante uma
batalha contra os nativos de Ceilão: um dente de Buda.
05.33 - 06:15 Contexto da presença Portuguesa em Goa. Paulo Varela Gomes relata a posse do
min dente pelos portugueses no século XVI.
06:15 - 07:25 Conquista de Ceilão e, consequentemente, procura da gente do sangue real
min (reeducação dos nobres); explicação sobre a política religiosa para o Ceilão do
vice-rei português.
07:25 - 08:57 Paulo Varela Gomes fala sobre a figura histórica do príncipe negro de Cândio em
min Lisboa.
09:27 - 12:00 Relata-se a conversão dos cingaleses à religião católica e comenta-se sobre a Igreja
min da Nossa Senhora da Graça, casa Mãe dos Agostinhos (ruínas da velha capital
imperial).
12:00 - 14.40 Relação do Convento de Santa Mónica de Goa com a intitualização das mulheres
min nobres no mesmo. Paulo Varela Gomes fala sobre esta Igreja e do seu construtor, D.
Frei Aleixo de Menezes, bem como da passagem das princesas de Ceilão neste local.
14:40 - 18:00 Métodos de conversão de cingaleses ao catolicismo e confronto português contra
min autóctones no século XVI; relato de uma história em Calutara sobre Indiril Bandara
(Domingos Correia), nobre da corte de Sitavaca.
18:00 - 19:20 Narração da história do rei de Sitavaca, Raja Singha e do rei de Kotte, Darma Palla e a
min insubmissão do reino de Kandia aos portugueses colonizadores; domínio de Goa e a

64
procura de imposição da política religiosa de evangelização católica em Ceilão
(destruição do templo de Ganesh, de Divar).
19:20 - 20:00 O motivo da destruição do templo de Ganesh e a consequente edificação da Igreja
min da Nossa Senhora da Piedade (exemplificação da futura prática corrente de
destruição de Templos em substituição de Igrejas).
20.00 - 20:15 Paulo Varela Gomes descreve a política de Afonso de Albuquerque de combate às
min religiões da Índia.
20:15 - 21:25 “Vingança” da destruição do Templo de Divar.
min
21:30 - 22:45 O apresentador descreve o confronto entre Jesuítas e autoridades portuguesas e os
min cultuosos de Ganesh, montando guarda no rio para impedir as peregrinações e a
conversão de um grande número de Hindus.
22:45 - 24:00 Igreja do Rosário e a procura de Goa como uma cidade portuguesa.
min
24:00 - 25.30 Paulo Varela Gomes explica os ornamentos de uma pedra que serve de decoração às
min escadas da Igreja dos Reis Magos de Bardez, em Goa (franciscana); relata as decisões
dos portugueses no século XVI no que diz respeito às religiões budista, hindu e
islamita e a destruição dos templos e mesquitas.
25:30 - Fim Catequização e educação dos órfãos.

APÊNDICE III

TABELA SÍNTESE DO DOCUMENTÁRIO — “DENTE DE BUDA” PT. 2

00:00 - 01:40 Presença dos Jesuítas na Índia, especificamente na província de Goa e a de


min Malabar, onde não havia proteção.
01:40 - 02:33 Sepultura de Diogo Rodrigues, capitão do forte de Rachol, na igreja de Nossa
min Senhora das Neves.
02:33 - 03:15 Análise do tipo de arte da Igreja do Seminário Jesuíta de Rachol de características
min luso-indianas e a destruição de pagodes; explicação sobre a cultura jesuíta nesta
parte da Índia.
03:15 - 03:39 Procura da proibição das conversões forçadas pelo arcebispo de Goa e o vice-rei,
min algo que falhou por influência jesuíta.

65
03:39 - 04:30 Manipulação da crença Hindu por franciscanos e padres jesuítas na conversão de
min hindus ao catolicismo no século XVI. (crença na impureza).
04:30 - 05:00 Descrição das Igrejas católicas de Goa, focando no coro da igreja de Curturim, em
min Margão, Goa.
05:00 - 06:00 Paulo Varela Gomes relata episódios de 1563 vividos por D. Gaspar de Leitão Pereira,
min bispo de Goa.
06:00 - 06:52 Margão Terreiro da Igreja Jesuíta, praça principal da cidade onde se devem grandes
min movimentos de proselitismo, as ramadas.
06:53 - 09:05 Intolerância religiosa portuguesa na Índia e a presença muçulmana (estruturas
min islâmicas e os escritos do famoso viajante e explorador berbere Ibn Battuta
referentes a crueldades e à “pureza”).
09:05 - 11:27 Sistemas de Castas Hindu e cartas de Diogo do Couto referentes à tradição de
min pureza Hindu, aprofundamento sobre a Carta de Voca; explicação da utilização do
esterco de vaca como forma de purificação.
11:27 - 13:00 Concordância entre cristianismo e cultos rivais em prol da prosperidade em Goa;
min Paulo Varela Gomes fala sobre a administração de Goa na época.
13:00 - 14:37 Arquitetura como testemunho da “civilização mestiça” ou miscigenação cultural,
min usando o exemplo de habitações de traça arquitectónica portuguesa do século XVIII;
Paulo Varela Gomes fala sobre as construções hindus e portuguesas e a tradição dos
alpendres.
14:37 - 15:00 A Igreja de São Francisco de Velha Goa, com realce para o pormenor das torres
min poligonais, e a sua influência muçulmana.
15:00 - 15:20 Exemplos de Influência Hindu em Igrejas Católicas.
min
15:20 - 16:10 Paulo Varela Gomes narra uma lenda de Talaulim, que está na origem da construção da
min Igreja de Santa Ana de Talaulim.
16:10 - 19.30 Descrição da fachada e interior da Igreja de Santa Ana de Talaulim, com destaque
min para as cornijas do púlpito, colunas torsas, pilastras, frontões, abóbadas e arcos; o
apresentador menciona a junção de culturas apesar desta proibição.
19:30 - 20:00 Gosto europeu na Basílica Jesuíta do Bom Jesus em Velha Goa.
min

66
20:00 - Fim Descrição da hipocrisia religiosa do neerlandês Linschoten, que residiu em Ceilão
no século XVI, e o incumprimento das leis religiosas; explicação dos decretos
intolerantes do Concílio de Goa.

ANEXOS
━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━

ANEXO 1
DATAS OU REFERÊNCIAS IMPORTANTES
NA HISTÓRIA DA ÍNDIA

4000 a.C. – Civilização Védica 2600-1900 a.C. – Civilizações do Indus &


Saraswati

600-400 a.C. – Jainismo e Budismo 321-184 a.C. – Período Maurya

300-600 – Idade de ouro das Artes & 280-550 – Império Gupta


Ciências Indianas

1206-1596 – As Invasões Muçulmanas 1526-1707 – O Império Mogul

1510 – A Invasão Portuguesa 1600 – A East-India Company

1858 -1947 – O Império Britânico 1878 – A luta pela Independência; Criação


do Indian National Congress

1947, 15 de agosto – Independência da 1950, 26 de janeiro - É adotada a


Índia Constituição da República

1952 – Eleições Gerais. Eleito o Governo 1954 – Jawaharlal Nehru, 1º Ministro adota
do Congresso o modelo socialista da sociedade

1962 – Guerra com a China; 3ª eleição 1964 – Falece J. Nehru. Sucede-lhe Lal
Geral Bahadur Shastri

67
1965 – Guerra com o Paquistão 1966 – Morre Lal Bahadur Shastri em
Tashkent, onde fora assinar o tratado de paz
com o Paquistão e sucede-lhe Indira Gandhi

1967 – Eleições gerais. O Congresso reduz 1969 – Nacionalização da Banca. O Partido


a maioria. Formam-se partidos regionais do Congresso divide-se. Indira Gandhi
governa, fazendo maioria com os Partidos
da Esquerda

1971 – Novas eleições. Indira Gandhi ganha 1975 – Indira Gandhi, acusada de fraude nas
com boa margem. Crise do Bangladesh. eleições. Decreta Estado de Emergência
Milhões de refugiados. Nasce a República
do Bangladesh

1977 – Eleições. Indira Gandhi perde. O 1980 – Novas eleições. Ganha Indira
partido Janata forma Governo e Muraji Gandhi e é 1ª Ministra
Dessai é o 1º Ministro

1984, julho – O Templo Dourado dos Sikh é 1984, outubro – Indira Gandhi é assassinada
assaltado e ocupado pelo Exército. por um guarda-costas sikh. Rajiv Gandhi é
Primeiro-Ministro e convoca a 8ª Eleição
Geral, ganhando-as por larga maioria

1985 – Rajiv ataca a corrupção e a 1989 – 9as Eleições Gerais. Gandhi é


ineficiência nas celebrações do Partido do derrotado. Governo minoritário de
Congresso. Define uma “Nova política J.P.Singh.
económica”

1991 – Cai o Governo de Singh. 1992 – Problemas religiosos causados pela


Convocadas novas eleições. Rajiv é demolição do Babri Masjid em Ayodhya
assassinado durante a campanha. Forma
Governo Narashima Rao lança reformas
económicas.

1995 – O Estado de Kerala declara 100% de 1996 – Eleições Gerais e o 1º Ministro é


literacia da população Dave Gowda, do Janata Dal

68
1998 – Novas Eleições Gerais. É 1º 1998 – Em maio, testes com armas
Ministro, Athal Bihari Vajpayee, do BJP nucleares

2004 – Eleições Gerais. Ganha Sónia 2009-2014 – Eleições Gerais. Ganha Sónia
Gandhi, Partido do Congresso. Indigita Gandhi, do Partido do Congresso. Indigita
Manmohan Singh como o 1º Ministro Manmohan Singh que é o 1o Ministro.
Narendra Modi, do BJP, é 1º Ministro; toma
posse em 26-V-2014

Quadro 1 — Datas ou referências importantes na história da Índia. Disponível no artigo


“PORTUGAL-ÍNDIA. Da herança portuguesa à Índia nos nossos dias” da autoria de Artur Teodoro de Matos e
Guilherme D’Oliveira Martins. Data de publicação: Agosto de 2015. Local: Lisboa. Editor: CEPCEP – Centro
de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa Universidade Católica Portuguesa.

69

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