Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fls. 9
_______________
MINISTÉRIO DA FAZENDA
8 SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL
5ª REGIÃO FISCAL
INTERESSADO CNPJ/CPF
DOMICÍLIO FISCAL
RELATÓRIO
1. A consulente informa que, em dezembro de 2000, alienou parte do seu
patrimônio, relativa ao acervo da XXXX, composto das seguintes contas:
b) Estoques;
SRRF/5ª RF/DISIT
Fls. 10
________________
d) Móveis e utensílios;
e) Fornecedores;
4. Manifesta, por fim, seu entendimento, que pretende ver confirmado, de que o
mencionado resultado tem natureza operacional, em razão da composição do acervo alienado
ser de contas do ativo e passivo operacional da empresa e, como tal, compor o cálculo do lucro
da exploração.
FUNDAMENTOS LEGAIS
5. O Decreto-Lei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, no seu art. 19 e respectivos
incisos, atualmente com a redação modificada pela Lei n.º 7.959, de 21 de dezembro de 1989,
instituiu o cálculo do lucro da exploração com o objetivo de servir como instrumento de
mensuração de incentivo fiscais visando ao estímulo a determinadas atividades econômicas.
Art. 19. Considera-se lucro da exploração o lucro líquido do período-base, ajustado pela
exclusão dos seguintes valores: (Redação dada pela Lei nº 7.959, de 21.12.1989)
I - a parte das receitas financeiras que exceder das despesas financeiras, sendo que, no
caso de operações prefixadas, considera-se receita ou despesa financeira a parcela que
exceder, no mesmo período, à correção monetária dos valores aplicados; (Redação dada
pela Lei nº 7.959, de 21.12.1989)
9. Dava-se, portanto, conforme bem mencionado pelo eminente Noé Winkler nos
seus comentários ao art. 544 do RIR/99 (Imposto de Renda – Doutrinas, Comentários,
Jurisprudência, etc – Editora Forense, 2a. Edição, Rio de Janeiro, 2002, p. 773 e ss), isenção ao
estabelecimento e não à atividade visada para merecer o favor fiscal. Acrescenta o mesmo
autor que
“Não tinha sentido, e fugia à lógica, isenção que favorecia resultados de determinado
empreendimento agrícola no Norte ou Nordeste, e neste resultado estivessem embutidos
polpudos lucros de especulação no mercado financeiro ou de capitais, produzidos com
recursos desviados da atividade específica à qual unicamente se destinava o benefício.”
11. Para tanto, o DL 1598/77, na sua opção por uma metodologia indireta de
apuração do resultado da atividade, prescreveu a aplicação de determinados ajustes com o
propósito de expurgar do lucro contábil aqueles resultados não relacionados com a atividade
visada pelo incentivo fiscal.
3
SRRF/5ª RF/DISIT
Fls. 12
________________
acompanhar de qualquer conceituação, situação comum no ordenamento jurídico, mas que por
vezes exige a integração de várias normas e de diversas informações para fins de interpretação.
13. No caso específico, impõe-se a integração do art. 187, IV, da Lei n.º 6.404/76
com o subseqüente Decreto-lei n.º 1.598/77, em cuja Seção III encontram-se descritas situações
cuja acomodação no grupamento de resultados não operacionais se devia, eminentemente,
como podemos ver do teor do art. 31, ao fato de serem decorrentes de resultados de capital,
quer ganhos ou perdas, mas sempre decorrentes da gestão de um patrimônio sem envolver o
desenvolvimento de uma determinada atividade produtiva.
17. Cabe, por oportuno, também observar que o acervo líquido alienado continuará
se beneficiando dos incentivos fiscais que incidam sobre a atividade que venha a ser
desenvolvida pelo comprador das carteiras negociadas, naturalmente desde que atendidas as
determinações legais. Ou, no caso de o acervo alienado não se constituir, quanto ao alienante,
nos elementos patrimoniais de gestão da atividade incentivada, o patrimônio remanescente à
cisão efetuada continuará se beneficiando do incentivo fiscal na medida dos resultados
operacionais que continue produzindo, residindo, repita-se, o favor fiscal, nos limites da
atividade produtiva eleita pela legislação como passível de estímulo especial.
18. Além disso, observe-se, por oportuno, que os itens patrimoniais alienados pela
consulente incluem elementos de ativo permanente – móveis e utensílios - cuja natureza de
ganho de capital é indiscutível, haja vista teor do Decreto-lei n.º 1.598/77 e do Parecer
Normativo 114/78. A natureza de ganho de capital relativamente a resultado positivo obtido na
alienação dos demais grupamentos patrimonias consistentes em contas do ativo e do passivo
encontrou seu fundamento nos demais argumentos antes esposados, bem como na IN SRF n.º
22, de 22 de fevereiro de 2001.
4
SRRF/5ª RF/DISIT
Fls. 13
________________
21. Visa, portanto, a referida regra, a estabelecer como limite de incentivos fiscais
calculados com base no lucro da exploração, e portanto voltados ao estímulo de determinadas
atividades produtivas, conforme prescrito na respectiva legislação concessória, a apuração de
resultados oriundos das atividades principais e acessórias da empresa capazes de justificar o
deferimento de benefícios tributários.
CONCLUSÃO
22. Em vista do exposto, respondo a presente consulta com a assertiva de que na
alienação de acervo constituído de bens, direitos e obrigações, o resultado apurado possui
natureza não operacional, devendo, portanto, ser excluído do lucro contábil para efeito de
cálculo do lucro da exploração.
ORDEM DE INTIMAÇÃO
23. À XXXX para ciência ao interessado, mediante cópia desta solução de consulta,
informando-lhe que da mesma não cabe recurso nem pedido de reconsideração, de acordo com
o § 2º do art. 10 da IN SRF nº 230, de 2002.
Superintendente