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DESMISTIFICANDO AS EMERGÊNCIAS

ONCOLÓGICAS NA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM

Ana Teresa Amorim Cruz Torres de Castro*

Resumo
O câncer ocupa uma posição de destaque no atual processo de adoecimento da população a ní-
vel mundial, sendo responsável por um elevado índice de mortalidade e um número exorbitan-
te de internações. Inexplicavelmente, ainda é dada pouca atenção ao estudo da oncologia nos
cursos de enfermagem e o profissional entra no mercado de trabalho despreparado para lidar
com a complexidade dos quadros emergenciais oncológicos, onde surgem inúmeras alterações
clínicas resultantes da evolução da doença e dos efeitos agressivos dos tratamentos. Como con-
sequência, multiplicam-se os riscos de ocorrerem erros ou atrasos no atendimento, que podem
resultar em danos irreversíveis ou mesmo levar o paciente a óbito. Numa tentativa de minimizar
a referida lacuna curricular, este artigo foi elaborado para ser um instrumento facilitador da ca-
pacitação do enfermeiro para atuar nas salas de triagem dos centros de referência em oncologia
ou nas enfermarias da especialidade. Foram selecionados os aspectos principais das emergên-
cias oncológicas, no âmbito da sua classificação, sintomatologia, fisiopatologia e causas relacio-
nadas ao câncer; a seguir, a revisão dos critérios para o atendimento inicial, métodos de diag-
nóstico e tratamento; por último, foi aplicada a Sistematização da Assistência de Enfermagem
às condições emergenciais em foco, destacando os pontos relevantes de atuação do enfermeiro.
A metodologia utilizada foi: revisão de literatura em livros da especialidade e fontes on-line re-
conhecidas cientificamente; elaboração de quadros-resumo para exposição de resultados; e aná-
lise descritiva dos assuntos de interesse para a enfermagem. Conclui-se que o enfermeiro tem,
imperativamente, que se capacitar para realizar um atendimento efetivo ao paciente oncológico,
mas, enquanto os cursos de enfermagem não incluem a oncologia na sua grade curricular, ele é
responsável por buscar, de forma autônoma, a sua qualificação, sendo importante o desenvolvi-
mento de instrumentos que facilitem a agregação de conhecimento atualizado, fomentando uma
prática resolutiva e segura.

Palavras-chave: Emergências oncológicas. Fisiopatologia do câncer. Métodos de diagnóstico e


tratamento oncológico. Sistematização da Assistência de Enfermagem.

* Enfermeira pela UESC, especialista em Emergência pela FMT e em Enfermagem oncológica pela Atua-
liza Cursos. Enfermeira nos setores de Clínica Médica e Clínica Oncológica no HSL/SCMI, coordenadora
da Comissão de Feridas. E-mail: atactc@gmail.com

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

1 Introdução 2 Metodologia
Emergências oncológicas são condições agudas cau- Foi realizada uma revisão integrativa de literatu-
sadas pelo câncer ou pelo seu tratamento, que re- ra em livros da especialidade e fontes on-line reco-
querem rápida intervenção por envolverem risco nhecidas cientificamente, acessando artigos origi-
de vida iminente ou risco de dano grave permanen- nais e de revisão nas bases de dados Scientific Ele-
te (CERVANTES; CHIRIVELLA, 2004 apud PAI- tronic Library Online (SciELO), Literatura Latino
VA et al., 2008). Com a evolução do conhecimento Americana do Caribe em Ciências da Saúde (LI-
das neoplasias e a melhoria das opções terapêuticas, LACS) e Biblioteca Virtual em Saúde (MEDLINE/
a sobrevida dos pacientes com câncer aumentou, BVS) e, ainda, dissertações de mestrado em onco-
mas isso resultou em um crescimento proporcional logia, publicações do Instituto Nacional do Câncer
na frequência com que essas emergências ocorrem (INCA) e do Ministério da Saúde (MS). No proces-
(MARADEI et al., 2010). so de pesquisa, foram utilizadas as palavras-chave:
emergências oncológicas, fisiopatologia do câncer,
Compreender os quadros destas condições agudas
métodos de diagnóstico e tratamento oncológico, e
é essencial para o enfermeiro emergencista e para
sistematização da assistência de enfermagem, ten-
aquele que trabalha em enfermaria oncológica, pois
do como critérios de inclusão o período entre 2004
são eles que fazem a triagem, tomam as condutas
e 2014 e os idiomas português/inglês. Foram ex-
iniciais na anamnese e exame físico, e são respon-
cluídos os artigos que não estavam disponíveis na
sáveis por passar informações concisas ao médico
íntegra no Brasil.
plantonista ou assistente. A formação acadêmica do
Enfermeiro, contudo, é ainda muito escassa no que Os resultados obtidos foram organizados em qua-
diz respeito à oncologia, o que faz com que mui- dros, visando à construção de instrumentos facili-
tos profissionais se sintam despreparados para lidar tadores do estudo para a enfermagem e que orien-
com a complexidade dos agravos oncológicos, em tem os profissionais na triagem dos centros de pron-
que as alterações clínicas se misturam com os qua- to atendimento em oncologia ou nas enfermarias
dros evolutivos das neoplasias e com os efeitos da da especialidade. Esses instrumentos resumem os
agressividade dos seus tratamentos (CAMARGOS aspectos principais das emergências oncológicas,
et al., 2011). no âmbito da sua classificação, sintomatologia, fi-
siopatologia, causas, diagnóstico e tratamento; e
Erros ou atrasos no atendimento podem resultar
procuram direcionar as intervenções prioritárias
em óbito ou danos irreversíveis. A capacitação dos
pelos critérios ABCDE, à semelhança do Advan-
profissionais para identificar rapidamente o proble-
ced Trauma Life Suporte (ATLS) e Advanced Car-
ma e instituir a terapêutica adequada pode modi-
diologic Life Suport (ACLS). Por último, foi aplica-
ficar o prognóstico ou melhorar significativamen-
da a Sistematização da Assistência de Enfermagem
te a qualidade de vida desses pacientes (MANZI et
(SAE) aos agravos em foco, através de análise des-
al., 2012).
critiva dos principais diagnósticos de enfermagem,
Com este artigo, pretendeu-se alertar o enfermei- relacionando as intervenções pertinentes.
ro para a situação negligenciada da oncologia na
sua formação e criar recursos que facilitem a com-
preensão dos quadros emergenciais do paciente on-
3 Resultados e discussão
cológico, permitindo agilizar a associação dos si- O câncer é, hoje, a segunda causa de morte no Bra-
nais e sintomas com as patologias, identificar os ca- sil, logo após as doenças cardiovasculares (PAIVA
sos que necessitam de intervenção prioritária e for- et al., 2015). Não é uma doença isolada, mas uma
necer orientações resolutivas. coleção de muitas doenças que partilham caracte-

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rísticas comuns (BOWER; WAXMAN, 2006). As sequências dos agravos como verdadeiras emer-
emergências oncológicas têm caráter multissistê- gências (HALFDANARSON et al., 2006). Elegeu-
mico e podem surgir tanto na fase inicial do cân- -se uma que permitiu englobar as condições agu-
cer, sendo a causa do diagnóstico, como no avan- das duma forma abrangente e elucidativa, dividin-
çar da doença, ou mesmo durante o tratamento do-as em quatro grupos distintos — 1) infecciosas
antineoplásico em curso, sendo efeito colateral do / inflamatórias, 2) metabólicas, 3) hematológicas e
mesmo. Por vezes, demoram meses a desenvolve- 4) mecânicas (VICTORINO, 2014). O grupo das
rem-se, outras, se manifestam em horas, poden- infecciosas / inflamatórias abrange a neutropenia
do evoluir rapidamente para estados irreversíveis febril, a cistite actínica e a retite; o das metabólicas
(FORTES, 2011). contém as síndromes de lise tumoral, hipercalce-
mia e secreção inapropriada do hormônio antidiu-
rético (ADH); o das hematológicas abrange a sín-
3.1 Classificação, fisiopatologia,
drome de hiperviscosidade sanguínea, coagulação
sintomatologia e causas
intravascular disseminada e a trombose / embo-
A revisão bibliográfica mostra diversas formas de lia; e, por fim, o grupo das emergências mecâni-
classificação dessas emergências. Alguns autores cas envolve a compressão medular, compressão da
restringem a divisão em dois grandes grupos — os veia cava superior, hipertensão intracraniana, tam-
agravos relacionados ao tumor e os provocados pelo ponamento cardíaco e as obstruções estruturais. O
seu tratamento (LEMME; LEISTER, 2010); outros Quadro 1, a seguir, mostra esta divisão e faz o elo
fazem a divisão em três tipos — emergências es- da sintomatologia de cada emergência com os ti-
truturais, metabólicas e secundárias ao tratamento pos de câncer ou terapia antineoplásica que ge-
(CERVANTES; CHIRIVELLA, 2004 apud PAIVA ralmente a causam, explicando resumidamente o
et al., 2008 e MANZI et al., 2012); tem ainda ou- processo fisiopatológico dos agravos. Este quadro
tros que propõem a divisão de acordo com os sis- será posteriormente complementado com outro
temas acometidos (FORTES, 2011) e, por último, que compila os meios de diagnóstico e tratamento,
há aqueles que consideram os sintomas e as con- para formar o produto final.

Quadro 1. Classificação das emergências oncológicas, com associação da fisiopatologia, sintomatologia e


causas predisponentes (continua)

Emergência Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

Alterações laboratoriais (con-


INFECCIOSAS / INFLAMATÓRIAS

tagem de neutrófilos menor


A maioria dos quimioterápicos afeta a me- que 500/mm3 ou menor que
NEUTROPENIA FEBRIL

dula óssea, que deixa de produzir os ele- 1000/mm3 com tendência à


mentos do sangue, reduzindo a produção de queda), febre (temperatura axi-
Quimioterapia,
neutrófilos. Como são eles que combatem lar maior que 37,8°c), calafrios,
radioterapia,
as bactérias invasoras, os vírus e os fungos, sudorese, dor de garganta, tos-
leucemia, linfo-
à medida que a sua contagem cai, o risco se, mucosite, dor abdominal,
mas, mieloma,
de infecção eleva-se. Abaixo de 100/mm3, o diarreia, feridas em ânus, disú-
metástases.
risco de sepse é grande. A radioterapia e al- ria, piúria, vômitos, dispneia,
guns tipos de câncer também podem afetar oligúria, sinais flogísticos em
diretamente a medula. ferida ou cateter, candidíase,
hipotensão, hiperglicemia, al-
terações de consciência.

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Quadro 1. Classificação das emergências oncológicas, com associação da fisiopatologia, sintomatologia e


causas predisponentes (continua)

Emergência Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

A irradiação dos tumores pélvicos pode cau-


OU HEMORRÁGICA
CISTITE ACTÍNICA

sar lesão irreversível na bexiga, que se desen-


Edema, hiperemia e dor na Radioterapia,
volve em três fases. A fase inicial ocorre de 4
INFECCIOSAS / INFLAMATÓRIAS

mucosa da bexiga, progredin- câncer de colo


a 6 semanas após o término da radioterapia
do para disúria severa e he- do útero, bexi-
e se caracteriza por inflamação da mucosa.
matúria persistente, disfunção ga, próstata, qui-
De seis meses a dois anos depois, ocorrem
vesical e anemia. mioterapia.
necrose do endotélio vascular e fibrose. Na
3ª fase, a bexiga contrai e torna-se friável.

Lesão no reto causada também pela irradia-


RETITE ACTINICA

ção dos tumores pélvicos. Pode ser aguda, se Diarreia, urgência retal, perda
Radioterapia,
ocorre durante o tratamento ou logo após, de muco e sangue, dor anor-
câncer de bexi-
com alterações histológicas limitadas à mu- retal, tenesmo, estenose, he-
ga, reto, próstata,
cosa; ou crônica, quando aparece até 2 anos morragia anal, formação de
testículos e gine-
após o tratamento, tendo alterações mais telangiectasias, úlceras e fístu-
cológicos.
graves de natureza vascular e fibrose da ca- las retovaginais.
mada subíntima.

A quimioterapia em tumores altamente sen-


Hiperuricemia, hiperfosfate-
síveis ou de crescimento rápido causa des-
mia, hipercalemia, hipocal-
truição celular acelerada, com liberação na
LISE TUMORAL

cemia, anúria, oligúria, urina Quimioterapia,


corrente sanguínea de grandes quantidades
turva com sedimentos, dor linfomas, leuce-
de fósforo, potássio e ácidos nucleicos (que
em flancos, náusea, vômito, mias.
se transformam em ácido úrico). Os três
diarreia, dor articular, disp-
cristalizam e causam obstruções nos túbulos
neia, arritmias, letargia, con-
renais, levando à insuficiência renal. Tam-
vulsões, tetania, parada car-
bém se depositam nas articulações e no co-
díaca.
ração, originando gota e arritmias.

80% dos casos ocorrem por secreção tumo-


Alterações laboratoriais (cál-
HIPERCALCEMIA

ral de um peptídeo relacionado ao parator-


METABÓLICAS

cio sérico acima de 10,5 mg/


mônio (PTH-rP) que estimula a reabsorção Mielomas, cân-
MALIGNA

dL ou 2,62 mmol/L), obsti-


do cálcio pelos ossos e pelos túbulos renais. cer de mama,
pação, letargia, confusão, dor
A reabsorção também pode ocorrer por su- pulmão, rim, ca-
óssea e abdominal, náuseas e
perprodução da vitamina D (comum nas beça e pescoço.
vômitos, poliúria, desidrata-
neoplasias hematológicas) ou por ação os-
ção, arritmias.
teolítica neoplásica.

Alterações laboratoriais (ní-


SECREÇÃO INAPROPRIA-

Síndrome de hiponatremia dilucional devi- Câncer de pul-


veis séricos de sódio menores
do à produção anormal de ADH, também mão, próstata,
que 136 mmol/L), fadiga, ce-
conhecido por vasopressina. Ele age sobre os gastrointestinais,
DA DE ADH

faleia, dificuldades de concen-


túbulos renais distais aumentando a permea- timoma, linfo-
tração e memória, anorexia,
bilidade, resultando em maior reabsorção de mas, mesotelio-
sede, náuseas, vômito, diar-
água pelo rim. A osmolaridade da urina au- ma, quimiotera-
reia, mialgia, cãibras, letargia,
menta muito em relação ao plasma, havendo pia (cisplatina,
oligúria, ganho de peso, con-
redução do sódio e dificuldade de excreção vincristina, ifos-
vulsões, alucinações, psicose,
da urina diluída. famida).
coma e morte.

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Quadro 1. Classificação das emergências oncológicas, com associação da fisiopatologia, sintomatologia e


causas predisponentes (continua)

Emergência Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

Variações de concentração em qualquer um


dos componentes do sangue (hemácias, leu-
Letargia, cefaleia, nistagmo,
HIPERVISCOSIDADE SANGUÍNEA

cócitos, plaquetas, lípidos e proteínas) resul-


alteração do nível de cons-
tam em alteração da viscosidade do sangue.
ciência, vertigem, surdez, ata-
Se chegar ao ponto de lentificar o fluxo san-
xia, parestesia, convulsões;
guíneo, ocorre a síndrome de hiperviscosi-
alterações visuais como papi- Mieloma múlti-
dade. As imunoglubulinas IgM, IgG ou IgA
ledema, dilatação dos vasos plo, leucemias,
são proteínas plasmáticas associadas a esta
retinianos, redução da acui- macroglobuline-
síndrome no câncer. A IgM, por ter um alto
dade visual ou cegueira; san- mia de Waldens-
peso molecular e as outras, pela tendência
gramentos (gastrointestinal, trom.
a se polimerizar. Excedendo o valor de 5 g/
nasal, gengival ou uterino),
dL, ocorre hiperviscosidade. O aumento dos
anemia dilucional, trombose,
leucócitos acima de 100.000/mcL (hiperleu-
hipertensão, priapismo, insu-
cocitose) também pode levar à agregação de
ficiência cardíaca e renal.
blastos nos capilares causando leucostase e
hiperviscosidade.

Eventos tromboembólicos e
sangramentos em vários lo-
Proteínas específicas procoagulantes do cân-
COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR

cais (pele, nariz, gengivas,


cer secretadas por células malignas ativam Adenocarcino-
pulmões, sistema nervoso
o sistema hemostático de forma descontro- mas secretores
HEMATOLÓGICAS

central, locais de punção, etc),


lada, resultando na deposição intravacular de mucina, cân-
equimoses, petéquias, púr-
DISSEMINADA

generalizada de fibrina na microvasculatu- cer de próstata,


puras. Se atingir a pleura ou
ra. Isto leva à formação de microtrombos e pulmão, gas-
pericárdio, dispneia e dor to-
oclusão vascular, comprometendo o fluxo trointestinais,
rácica. Pode levar ao choque.
sanguíneo para diversos orgãos. Por outro leucemias, em
Alterações laboratoriais em
lado, a contínua ativação da cascata de coa- especial, a leuce-
plaquetas, nível de fibrinogê-
gulação leva à sua falência, pelo consumo e mia promielocí-
nio, proteína C, antitrombi-
consequente depleção dos fatores de coagu- tica, quimiote-
na, tempo de protrombina e
lação e plaquetas, levando às manifestações rapia.
trombina, tempo parcial de
hemorrágicas.
tromboplastina ativada, entre
outros.

O câncer é um estado pré-trombótico por Acomete geralmente um dos


causar distúrbios na hemostase que resultam membros inferiores (embo-
em hipercoagulabilidade. Células malignas ra também possa ocorrer nos
Todos os tipos
TROMBOSE / EMBOLIA

induzem a ativação da coagulação através de membros superiores), cau-


de câncer, qui-
moléculas com propriedades procoagulan- sando dor intensa, aumento
mioterapia, ra-
tes, como o fator tecidual (FT), o pró-coa- de temperatura local, edema,
dioterapia, tera-
gulante neoplásico (CP) e diversas citocinas hiperemia, rigidez muscular,
pia hormonal,
inflamatórias como a interleucina 1 (IL-1) dificuldade de locomoção e
agentes antian-
e o fator de necrose tumoral (TNF). Várias formação de nódulos dolo-
giogênicos, imo-
reações em cadeia culminam com a trans- rosos em varizes. Se ocorrer
bilidade (acama-
formação da protrombina em trombina e a embolismo pulmonar, o qua-
dos).
atuação desta sobre o fibrinogênio, geran- dro evolui com dispneia, dor
do a fibrina para a formação do coágulo. Por torácica, hemoptise, taquicar-
outro lado, a fibrinólise é inibida. O fluxo de dia, hipotensão e choque.

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causas predisponentes (continua)

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sangue fica bloqueado. A estase venosa


HEMATOLÓGICAS

causada pela compressão vascular secun-


TROMBOSE /

dária à expansão tumoral também poten-


EMBOLIA

cializa a formação de trombos ao concen-


trar os fatores de coagulação numa deter-
minada área. Existe um risco grave de o
trombo se soltar, migrar para o pulmão e
causar um tromboembolismo pulmonar.

As metástases nos corpos vertebrais des-


Dor radicular ou local (torá-
troem a cortical e invadem o espaço epidu-
COMPRESSÃO

cica, lombosacra ou cervical)


ral comprimindo a medula. Podem tam- Câncer de mama,
MEDULAR

fraqueza muscular, paresias,


bém levar à fratura da vértebra e o desloca- próstata, pulmão,
espasmos, hiper-reflexia, im-
mento dos fragmentos ósseos para o espaço linfomas e mielo-
potência, retenção urinária,
epidural causa lesão direta ou compressão. ma múltiplo.
incontinência, constipação in-
Ocorre edema vasogênico intramedular que
testinal.
compromete a perfusão e causa necrose.

Obstrução do fluxo sanguíneo através da


VEIA CAVA SUPERIOR

veia cava superior, impedindo o retorno Dispneia / ortopneia, edema


COMPRESSÃO DA

venoso ao átrio direito do coração. A obs- de face, pescoço e membros


Câncer de pulmão,
trução pode ser causada por compressão superiores, dilatação venosa,
mama, linfoma de
do tumor ou dos linfonodos aumentados, estase jugular, circulação co-
Hodgkin e não-
invasão ou trombose intraluminal. A dre- lateral, dor torácica, disfagia,
-Hodgkin, timo-
nagem da cabeça, pescoço, tórax e mem- rouquidão, estridor, cefaleia,
ma.
bros superiores fica seriamente prejudica- pletora, alterações visuais e de
da, podendo causar anoxia cerebral e obs- nível de consciência.
trução brônquica.
MECÂNICAS

Cefaleia resistente a analgé-


sicos (pior em decúbito e ao
INTRACRANIANA

acordar), náuseas e vômitos,


HIPERTENSÃO

A elevação da pressão no tecido cerebral Metásteses cere-


vertigem, sintomas neurológi-
pode ser causada diretamente pela massa brais, sobretudo
cos focais como fraqueza mus-
tumoral, pelo edema cerebral perilesional, do câncer de pul-
cular, distúrbios da marcha, al-
sangramento intratumoral e bloqueio da mão, mama e me-
terações de campo visual e afa-
circulação liquórica levando à hidrocefalia. lanoma.
sia; alterações neurocognitivas
e convulsões que podem levar
ao status epilepticus.

Metástases do CA
O acúmulo excessivo de líquido ou sangue Dor epigástrica ou retroester-
de mama, pulmão,
no saco pericárdico (200 a 1000 ml) com- nal (piora na posição supi-
esôfago, cabeça
TAMPONAMENTO

prime o coração dificultando a expansão na), sensação de peito pesado,


e pescoço (raro),
CARDÍACO

de suas paredes, levando a um enchimento fadiga, disfagia, tosse, disp-


leucemias, linfo-
diastólico prejudicado e a um débito car- neia, rouquidão, distensão da
mas, mesotelioma,
díaco diminuído. Ocorre congestão venosa veia jugular, bulhas cardíacas
melanoma, sar-
sistêmica e, por fim, colapso circulatório. abafadas, taquicardia, pulso
coma, radiotera-
Além do volume de líquido, a velocidade parodoxal, atrito de fricção
pia em mediasti-
em que ocorre o acúmulo também é fator pericárdico (quando tumor
no, quimioterapia
importante no tamponamento. presente).
(raro).

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Quadro 1. Classificação das emergências oncológicas, com associação da fisiopatologia, sintomatologia e


causas predisponentes (conclusão)

Emergência Fisiopatologia Sinais e sintomas Causas

Sintomas dependentes do local


Podem ocorrer pelo crescimento tumoral da obstrução: VIAS AÉREAS V. AÉREAS CA
na luz de determinado orgão ou por inva- — dispneia, estridor, hemop- de pulmão brôn-
são de tumores oriundos de órgãos adja- tise, tosse, sibilos, abafamento quios, traqueia,
centes, ou ainda, por metástases. Os mais de sons pulmonares, cianose. laringe, tireoide,
graves são os localizados nas vias aéreas TRATO URINÁRIO — oligú- esôfago, timo-
impedindo a passagem do ar. Destacam- ria, hematúria, algia pélvica e mas, linfomas. T.
OBSTRUÇÕES

-se também, pela sua frequência, as obstru- lombar, edema, náuseas e vô- URINÁRIO CA
MECÂNICAS

ções na luz intestinal e nas vias urinárias, mitos, alterações neurológicas. de bexiga, prós-
que impedem a passagem dos alimentos e a TRATO INTESTINAL — obs- tata, rim, útero.
excreção das fezes e urina. Outra obstrução tipação ou diarreia, dor, dis- T.INTESTINAL
importante é a das vias biliares, que ocorre tensão abdominal, dificuldade CA de ovário, co-
quando um tumor impede o fluxo da bílis de eliminação de flatos, febre, loretal, estômago.
pelos ductos de drenagem (do fígado para a náuseas, êmese fecalóide, ha- V. BILIARES CA
vesícula ou desta para o duodeno), fazendo litose. VIAS BILIARES — ic- hepático, cabeça
com que a bílis se acumule no fígado e ge- terícia, prurido, colúria, fadi- do pâncreas, co-
re um aumento dos níveis de bilirrubina na ga, perda de peso, inapetência, langiocar-cino-
circulação sanguínea. dor em hipocôndrio direito, mas.
fezes claras e gordurosas.

Fontes: Organizado inicialmente em CASTRO, 2015; revisado e atualizado. Dados de: GATES; FINK,
2009; LOPES et al., 2013; PAIVA et al., 2008; VICTORINO, 2014; MEIS; LEVY, 2006; AFONSO, 2012;
CAMPOS, 2014; CAMARGOS et al., 2011; FORTES, 2011.

O conjunto de sinais e sintomas é vasto e, por ve- do, pela rapidez da visita ou outras dificuldades
zes, se mistura ou repete. Só faz sentido se houver na comunicação (a família nem sempre está pre-
conhecimento do histórico do paciente e da fisio- sente na visita) e procura o enfermeiro. A habili-
patologia associada a cada uma das condições. Is- dade de fornecer informações é essencial no cui-
to é importante para o enfermeiro emergencista e/ dado, pois dá segurança e tranquiliza o paciente,
ou da triagem poder levantar suspeitas diagnósti- minimizando a ansiedade e facilitando a aceita-
cas, dirigir a sua avaliação e verificar a necessida- ção do tratamento.
de de intervenção prioritária, passando informa-
ções concisas para o plantonista que irá atender o A literatura destaca, universalmente, a neutrope-
paciente. Nas enfermarias oncológicas, o conhe- nia febril (NF) como o agravo mais frequente nos
cimento da fisiopatologia e da sintomatologia dos atendimentos emergenciais oncológicos, pois é a
quadros emergenciais tem um interesse acrescido principal causa das infecções que, por sua vez, são
para além da passagem de informações ao médico as maiores responsáveis pela morbidade e morta-
assistente ou ao plantonista. Esse interesse é a ca- lidade em pacientes com câncer. Diversos fatores,
pacitação para fornecer explicações seguras sobre relacionados à doença-base ou ao tratamento, pre-
o quadro ao paciente e à família, após diagnóstico dispõem estes pacientes às infecções: diminuição
estabelecido. Muitas vezes, o paciente ou familiar da imunidade, esquemas quimioterápicos intensi-
não consegue obter, do médico que o assiste, as in- vos, uso de imunossupressores, antibioticoterapia
formações pretendidas sobre o que está acontecen- prévia, exposição ambiental a agentes patógenos,

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lesões na pele e mucosas, problemas anatômicos contradas no ambiente hospitalar (GATES; FINK,
relacionados aos tumores e uso de dispositivos in- 2009). O quadro pode evoluir para sepse se não for
vasivos como sondas, cateteres e acessos venosos iniciada prontamente a antibioticoterapia efetiva.
(GATES; FINK, 2009). A neutropenia em si não Neste caso, a infecção entra na corrente sanguínea
causa sintomas e só é descoberta através do hemo- produzindo uma resposta inflamatória descontro-
grama ou quando surge uma infecção. A presen- lada em todo o organismo, ocasionando mudan-
ça de febre é o sinal de alarme indicativo de emer- ças na temperatura, pressão arterial, frequência
gência e a sua associação à contagem baixa de neu- cardíaca e respiração. Se o quadro não for rever-
trófilos é o que define a neutropenia febril. Cerca tido, pode levar à lesão dos órgãos, gerando uma
de 50% dos pacientes que fazem quimioterapia de- disfunção orgânica denominada choque séptico,
senvolvem este agravo, uma vez que os quimiote- em que ocorrem alterações na atividade mental,
rápicos são citotóxicos e causam mielossupressão, eliminação de urina, níveis de glicemia e conta-
sendo mais branda nos tratamentos dos tumores gem de plaquetas (SOUZA, 2014). É imprescindí-
sólidos do que nos hematológicos. Após um ciclo vel que o enfermeiro esteja atento e saiba reconhe-
de quimioterapia, a contagem de neutrófilos come- cer e associar estes sinais, comunicando de ime-
ça a cair entre o 3º e o 7º dia (a depender da dose diato ao plantonista, pois o risco de óbito é extre-
e tipo de medicação utilizada), atingindo o valor mamente elevado.
mais baixo, nomeado Nadir, entre o 7º e o 14º dia, A trombose venosa profunda (TVP) ocupa o segun-
momento em que o paciente fica mais susceptível do lugar entre as emergências oncológicas mais fre-
às infecções. Depois disso, a tendência é a conta- quentes, uma vez que as células malignas induzem
gem de neutrófilos subir progressivamente. Caso a ativação da cascata de coagulação através da se-
isso não ocorra e se a neutropenia se prolongar, o creção de proteínas pró-coagulantes e da ocorrên-
risco de infecção eleva-se. A mielossupressão tam- cia de eventos que inibem a fibrinólise, resultando
bém pode ocorrer por interferência direta da neo- na formação de coágulos que se depositam na vas-
plasia, como acontece com as leucemias ou com as culatura, obstruindo o fluxo sanguíneo (sobretudo
síndromes mielodisplásicas, e com cânceres que nos membros inferiores). O câncer é, portanto, um
fazem ocupação medular (linfomas, mielomas ou estado de hipercoagulabilidade permanente e, com
metástases); ou induzida pela radioterapia, quan- alguma frequência, é descoberto após a investiga-
do o local irradiado é uma área que envolve produ- ção da causa de uma trombose, sobretudo em jo-
ção da medula óssea como o esterno, crânio, bacia vens. A estase venosa, que ocorre pela compressão
pélvica e ossos dos membros inferiores. Quase to- da vasculatura secundária à expansão tumoral ou a
dos os pacientes que desenvolveram neutropenia própria imobilidade em pacientes acamados, tam-
após um ciclo de tratamento de quimioterapia ou bém contribui para a ocorrência dos eventos trom-
radioterapia acabam desenvolvendo novamente bóticos, assim como alguns esquemas quimioterá-
nos tratamentos seguintes, com risco aumentado picos (sobretudo usados no câncer de mama e có-
a cada ciclo, daí a grande importância de se in- lon). Estudos apontados na literatura revelam que
vestigar bem o histórico na admissão (CAMPOS, alterações hemostáticas levando à hipercoagulabi-
2014). Cerca de metade das infecções em pacien- lidade ocorrem em 60% a 100% dos pacientes, con-
tes imunodeprimidos tem origem na flora bacte- tudo, nem sempre é constatada uma trombose e a
riana endógena do próprio paciente (Escherichia sua freqüência nos diferentes tipos de tumores não
coli, Enterobacter, klebsiella, etc). Com a admissão é a mesma. Estima-se que haja uma associação de
do paciente no hospital, esta flora pode transfor- neoplasias mais agressivas e menor sobrevida nos
mar-se rapidamente, adquirindo, em algumas ho- pacientes que apresentaram trombose, se compa-
ras, a aparência das bactérias multirresistentes en- rados aos pacientes com o mesmo tipo de câncer,

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porém sem um diagnóstico de evento trombótico. Esta última é uma condição potencialmente fatal,
A frequência do agravo também está diretamente quando o acúmulo de sangue no espaço pericár-
relacionada com a evolução da neoplasia, ou se- dico leva ao colapso circulatório. Pode ser causado
ja, quando mais avançada, mais frequente (MEIS; também pela presença de tumores torácicos pró-
LEVY, 2006). ximos ao coração ou pelo tratamento radioterápi-
co na região do mediastino. Em casos raros, a qui-
A trombose, embora seja uma condição dolorosa mioterapia com antraciclinas pode igualmente afe-
e capaz de interferir, profundamente, na qualidade tar as fibras miocárdicas, provocando o derrame
de vida do paciente, ao restringir a sua deambula- pericárdico.
ção e, consequentemente, a sua autonomia, não se-
ria considerada uma emergência verdadeira se não As síndromes da compressão medular (SCM) e da
houvesse o risco grave de o trombo embolizar pa- veia cava superior (SVCS), e a hipertensão intra-
craniana (HIC) são as emergências oncológicas
ra a vasculatura pulmonar e causar uma obstrução
mais exploradas na literatura, por serem os agra-
nesse local, cortando o suprimento sanguíneo para
vos estruturais mais comuns. A compressão medu-
partes do pulmão e gerando um quadro de insu-
lar é responsável por um número elevado de pa-
ficiência respiratória e cardíaca (BRUNNER; SU-
ralisias em pacientes com metástase óssea. Se não
DDARTH, 2009). O enfermeiro deverá desconfiar
for iniciado tratamento imediato, a lesão medular
de uma tromboembolia pulmonar (TEP) quando
torna-se irreversível, por isso, é tão importante o
houver um agravamento súbito do estado do pa-
diagnóstico precoce, com avaliação rápida do on-
ciente, com diagnóstico ou sintomas de trombo- cologista e encaminhamento emergencial para o
se, para um quadro de dispneia, dor torácica, he- tratamento radioterápico. Em alguns centros de
moptise, taquicardia, hipotensão e choque. O mé- referência, a irradiação chega a ser proporcionada
dico deve ser acionado de imediato para iniciar a no meio da noite ou durante o final de semana, a
terapia trombolítica, pois a embolia constitui uma fim de se evitar sequelas neurológicas permanentes
ameaça severa à vida. É considerada a segunda cau- (GATES; FINK, 2009). A suspeita diagnóstica deve
sa mais freqüente de óbito em pacientes com câncer ser levantada sempre que houver sintomas de dor
(MEIS; LEVY, 2006). nova na coluna e o paciente ser portador de doen-
ça metastática ou tumor primário com tropismo
Além da embolia pulmonar, a trombose também
para os ossos (pulmão, próstata, mama). Os sinais
pode evoluir para um outro tipo de emergência pela
e sintomas ocorrem em sequência, à medida que
falência da cascata de coagulação; trata-se da coa-
aumenta a compressão pela massa tumoral e pelo
gulação intravascular disseminada (CIVD), tam-
edema associado, resultando em isquemia e dano
bém referida no Quadro 1, que apresenta sintomas neural. Em primeiro lugar, ocorrem dor e hiper-
tanto de eventos trombóticos, gerados pela deposi- sensibilidade localizadas ao nível da lesão ou radi-
ção intravascular generalizada de fibrina na micro- cular. Em 70% dos casos, estes sintomas aparecem
vasculatura, quanto de eventos hemorrágicos, cau- na coluna torácica, 20% na lombossacra e 10% na
sados pelo consumo simultâneo e depleção dos fa- cervical. Pioram na posição supina e ao tossir, es-
tores de coagulação e plaquetas. Os sangramentos pirrar, carregar peso ou fazer esforço evacuatório.
podem se tornar extensos e incontroláveis, levan- A dor surge 4 a 6 semanas antes dos sinais neu-
do ao choque e à morte, se não houver intervenção rológicos que, inicialmente, se manifestam através
rápida e eficiente. O envolvimento da pleura ou do de sintomas de fraqueza bilateral nas pernas e difi-
pericárdio pode originar outros tipos de emergên- culdades motoras; e posteriormente evoluem com
cias, como o derrame pleural e o tamponamento acometimentos sensitivos como parestesia, espas-
cardíaco (GATES; FINK, 2009). mos e reflexos anormais. Por último, ocorre dis-

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função autonômica surgindo a impotência, reten- conforto respiratório agrava-se em posições que au-
ção ou incontinência urinária e intestinal. Quan- mentam a pressão intratorácica, como quando o
to mais rápido se desenvolve o défice neurológico, paciente se inclina, curva ou deita (GATES; FINK,
pior o prognóstico. Quando o tratamento é inicia- 2009). O tratamento visa ao alívio da obstrução e
do antes da perda da deambulação, quase sempre dos sintomas. Após as intervenções iniciais com
se consegue evitar a paraplegia, porém apenas 10% o uso de corticoides, diuréticos e oxigenoterapia,
dos pacientes que já estão paraplégicos antes do a radioterapia é o tratamento padrão para redu-
tratamento conseguem recuperar a deambulação ção tumoral nas obstruções causadas pelo câncer
(PAIVA et al., 2008). A participação da enferma- de pulmão e metástases; já as causadas pelos lin-
gem é de extrema importância na avaliação contí- fomas são tratadas com quimioterapia; e na obs-
nua da dor e de alterações no funcionamento mo- trução por trombose é utilizada terapia trombolíti-
tor, sensorial e dos sistemas excretores. A sua noti- ca ou inserção de stents (quando as condições exi-
ficação pode facilitar o diagnóstico oportuno e evi- gem o alívio rápido). Quando a doença não é tra-
tar a irreversibilidade do quadro. tada, evolui para quadros graves, semelhantes aos
da obstrução súbita, com colapso cardiovascular e
A síndrome da veia cava superior, embora seja con-
aumento da pressão intracraniana, levando ao ede-
siderada uma emergência oncológica, não costu-
ma cerebral, modificações do estado mental, con-
ma oferecer risco de vida imediato, pois a oclu-
vulsões e morte (PAIVA et al., 2008).
são da veia cava geralmente ocorre de forma gra-
dual, dando tempo ao organismo de criar meca- A hipertensão intracraniana é a principal respon-
nismos compensatórios através do desenvolvimen- sável por alterações neurológicas nos portadores
to de vias circulatórias colaterais. Quando ocorre de neoplasias e está diretamente relacionada com
oclusão súbita, com sintomas neurológicos presen- a metastização dos tumores para o cérebro. Quan-
tes, o agravo torna-se uma verdadeira emergência, do um dos volumes intracranianos — sanguíneo,
com ameaça iminente de morte (FORTES, 2011). liquórico ou parenquimatoso — aumenta progres-
A obstrução é, na maioria das vezes, causada por sivamente (devido ao efeito da massa da metásta-
compressão extrínseca de massas tumorais locali- se, ao edema perilesional, aos sangramentos ou ao
zadas no mediastino ou de linfonodos aumenta- bloqueio da circulação liquórica), ocorre uma des-
dos. Em 75% dos casos, está associada ao câncer compensação que eleva a pressão local, tendo co-
de pulmão, mas também pode ocorrer com o lin- mo consequência os quadros típicos de cefaleia,
foma ou metástases que resultam, principalmente, náuseas e vômitos, crises convulsivas e sintomas
do câncer de mama (PAIVA et al., 2008). A inva- neurológicos focais como a fraqueza muscular, os
são por tumor no interior da veia é rara. A oclusão distúrbios visuais, de marcha e de fala. A enferma-
por trombose está amplamente relacionada ao uso gem tem um papel importante na estabilização clí-
de dispositivos de acesso venoso central tipo por- nica do paciente, pois existem alguns fatores que
thocath nestes pacientes. O quadro clínico da sín- podem induzir o aumento da pressão intracrania-
drome é inconfundível, com presença de sintomas na e precisam ser rigorosamente controlados, co-
e achados físicos resultantes do défice de drenagem mo a dor, hipertermia, hipotensão, hiperglicemia,
venosa da porção superior do corpo, como disp- hipoventilação, hipóxia, hiponatremia e convul-
neia, tosse, disfagia, edema facial e de membros su- sões. É importante também posicionar o pacien-
periores, sufusão conjuntival e ingurgitamento de te com a cabeceira elevada para diminuir o vo-
veias colaterais do tórax, cabeça e pescoço. A inten- lume sanguíneo cerebral. O tratamento definitivo
sidade dos sintomas depende da velocidade, grau e com radioterapia ou cirurgia vai depender de fato-
localização da obstrução, da agressividade do tu- res prognósticos definidos pela idade do paciente,
mor e da efetividade da circulação colateral. O des- estado geral medido pelo Karnofsky Performance

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Status (KPS), número de metástases e doença pri- me através da hidratação severa e do uso de me-
mária controlada ou não (PAIVA et al., 2008). dicamentos, como o alopurinol ou rasburicase. Se
a prevenção falhar, terá que ser instituída terapia
Entre as emergências metabólicas, a mais comum é
específica para corrigir as anormalidades metabó-
a hipercalcemia maligna (HCM). Esta emergência
licas. E, se evoluir para falência renal, será necessá-
está associada a um mau prognóstico, pois é mais
rio o encaminhamento para hemodiálise (GATES;
frequente na fase terminal. Ocorre em 20% a 30%
FINK, 2009). Mediante uma sintomatologia vasta,
dos pacientes com doença avançada, quando o cál-
a enfermagem deverá avaliar atentamente a função
cio liberado pelos ossos está em quantidade maior
renal e as alterações cardíacas, neurológicas e gas-
que os rins podem excretar ou que os ossos podem
trointestinais.
reabsorver (SMELTZER; BARE, 2005 apud CA-
MARGOS et al., 2011). Os mecanismos envolvi- A secreção inapropriada de hormônio antidiuréti-
dos já foram citados no Quadro 1. Sem tratamento, co (SSIHA) é, tal como o nome indica, uma síndro-
existe um risco muito alto do paciente evoluir pa- me decorrente da produção anormal do hormô-
ra insuficiência renal, desidratação severa, coma e nio ADH, também chamado de vasopressina. Este
óbito (GATES; FINK, 2009). Os sintomas são múl- hormônio, secretado pela hipófise, tem a função fi-
tiplos e inespecíficos, podendo atingir praticamen- siológica de reter a água no organismo e costuma
te todos os sistemas. Muitas vezes, são confundi- ser liberado em resposta à hipotensão ou hipovo-
dos com outras comorbidades dos pacientes com lemia, mas alguns tumores e metástases podem in-
neoplasia avançada. O diagnóstico efetivo só é ob- duzir a sua liberação mesmo em condições normo-
tido através do doseamento dos níveis séricos do volêmicas, levando à redução do sódio e à retenção
cálcio e do controle da velocidade da sua elevação. excessiva de água, pela incapacidade de excreção
Os bifosfonatos e a hidratação rigorosa são consi- da urina diluída. Daí, a síndrome também ser cha-
derados os principais agentes terapêuticos (FOR- mada de hiponatremia dilucional. Alguns agentes
TES, 2011; SILVA, 2012). citotóxicos e determinados medicamentos de que
os pacientes oncológicos fazem uso (como a mor-
A síndrome da lise tumoral (SLT) também faz par-
fina e os antidepressivos tricíclicos) também po-
te do grupo das emergências metabólicas, apre-
dem potencializar a liberação de ADH. A síndro-
sentando-se como um distúrbio eletrolítico seve-
me é diagnosticada mediante análise laboratorial
ro. Ocorre quando um grande número de células
dos níveis séricos do sódio e da osmolaridade da
tumorais é destruído, liberando rapidamente uma
urina, em conjunto com o exame físico para deter-
quantidade elevada de substâncias intracelulares
minar o estado do volume intravascular. A enfer-
na circulação, como o potássio, fósforo e o ácido
magem tem um papel fundamental na monitoriza-
úrico. Os rins não são capazes de excretar o exces-
ção dos sinais de sobrecarga de líquidos, fazendo a
so de metabólitos, provocando, assim, a hiperca-
pesagem diária do paciente e controle da ingesta e
lemia, hiperfosfatemia, hipocalcemia e a hiperuri-
eliminação hídrica.
cemia. A destruição celular maciça normalmen-
te é induzida pela quimioterapia ou radioterapia As outras emergências apontadas no Quadro 1 fo-
aplicada a tumores de crescimento e divisão rápi- ram pouco citadas na literatura. A hiperviscosida-
dos, mas também pode ocorrer de forma espontâ- de sanguínea (HV) é mais rara e específica de algu-
nea em pacientes com câncer avançado (MANZI mas neoplasias hematológicas. Leva à oclusão dos
et al., 2010). Sem tratamento imediato, leva à fa- vasos sanguíneos e a problemas circulatórios. As
lência renal, arritmias cardíacas, convulsões, perda obstruções mecânicas, embora frequentes nos cân-
do controle muscular e óbito. Em pacientes identi- ceres avançados, podem ocorrer na luz de quase
ficados com alto risco, deve-se prevenir a síndro- todos os órgãos e o tratamento quase sempre é ci-

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rúrgico ou tem caráter paliativo. As mais impor- 3.2 Atendimento inicial, diagnóstico e
tantes foram referidas no Quadro 1. Por último, a tratamento médico
cistite e retite actínica são agravos inflamatórios re-
O atendimento inicial das condições agudas on-
sultantes da lesão às mucosas da bexiga e intestino,
cológicas, tal como qualquer urgência ou emer-
secundárias ao tratamento radioterápico na região
gência, deve seguir as prioridades práticas do AB-
pélvico-abdominal. Embora tenham uma frequên-
CDE priorizadas pelo ATLS e ACLS (AMERICAN
cia considerável, poucos autores as incluem nos seus
HEART ASSOCIATION, 2004 apud CAMARGOS
estudos sobre as emergências em oncologia.
et al., 2011).

Quadro 2. Adaptação das emergências oncológicas, às prioridades práticas do ABCDE (continua)

Prioridades Agravos Intervenções iniciais

1)
1) Obstruções mecânicas das vias aéreas
• medir sinais vitais, saturação oxigênio,
causadas por tumores localizados na re-
iniciar oxigenoterapia, administrar me-
1) Desobstru- gião da cabeça, pescoço e tórax.
dicações relaxantes de vias aéreas
ção das vias 1.1) Vômitos incoercíveis podem obstruir
aéreas • encaminhar para exames de imagem
Airway

as vias aéreas, comuns nos casos de lise


e tumoral, hipercalcemia, secreção inapro- • casos severos, encaminhar para cirurgia
priada de ADH, hipertensão intracrania- de cricostomia ou traqueostomia;
2) Controle da
na, sepse, obstruções do T. urinário e in- 1.1) aspirar orofaringe, elevar e lateralizar
coluna cervical
testinal. cabeça, passar sonda nasogástrica aberta
2) Síndrome da compressão medular. 2) imobilizar coluna, administrar medi-
cação para controle de dor e inflamação.

• ofertar oxigênio através de cateter nasal


A dispneia surge nos casos de sepse, lise até 5L ou máscara de reservatório até
15L, consoante necessidade;
Breathing

tumoral, tamponamento cardíaco, embo-


Garantir a
lia pulmonar, coagulação intravascular • monitorizar com oxímetro de pulso, ga-
boa ventilação
disseminada, compressão da veia cava su- sometria, monitor cardíaco;
perior e obstrução de vias aéreas. • encaminhar para exames de imagem e
colher exames laboratoriais.

• conter hemorragia: compressão dire-


ta, tampões de adrenalina e administra-
A circulação fica prejudicada ou ocor- ção de medicações anti-hemorrágicas;
Garantir a boa
Circulation

rem hemorragias na cistite e retite actíni- iniciar balanço hídrico; colher tipagem
circulação sang. sanguínea
ca, coagulação intravascular disseminada,
e controle de
trombose, síndrome de hiperviscosidade • puncionar 2 acessos calibrosos e fazer
hemorragia
sanguínea e choque séptico. reposição volêmica com soro ringer lac-
tato, soro fisiológico 0,9% e hemocon-
centrados (quando indicado)

Alterações neurológicas podem estar rela-


Avaliar nível cionadas à sepse, hipercalcemia maligna,
Desabilitie

de consciência hipertensão intracraniana, lise tumoral, hi-


• aplicar escala de coma de Glasgow.
/ défice neuro- perviscosidade sanguínea, compressão da
lógico veia cava, compressão medular, secreção
inapropriada de ADH e obstruções.

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Quadro 2. Adaptação das emergências oncológicas, às prioridades práticas do ABCDE (conclusão)

Prioridades Agravos Intervenções iniciais

Despir o paciente permitirá investigar


a presença de feridas infectadas e peté-
Exposition

quias, localizar tumores e edemas, veri-


Exposição ficar a coloração e temperatura de mem- • exame físico minucioso.
bros, avaliar a simetria e expansibilidade
torácica, dilatação de veias, distensão ab-
dominal, presença de ascite, etc.

Fontes: CASTRO, 2015; ATLS, 2012; CAMARGOS et al., 2011; BRUNNER; SUDDARTH, 2009.
O Quadro 2 faz uma adaptação das emergências nham o investimento diagnóstico que deveriam, e
oncológicas às prioridades do ABCDE, servindo um problema que poderia ser tratado (mesmo sem
para estabelecer diretrizes no atendimento e lem- haver a erradicação da doença-base), acaba levan-
brar o enfermeiro que, independentemente da do o paciente a óbito ou a um quadro irreversível.
doença-base, a conduta inicial passará sempre pela Por dificuldades de gestão político-financeira dos
estabilização do paciente, garantindo: serviços, nem sempre é possível um encaminha-
a | a desobstrução das vias aéreas e o controle cer- mento ágil para avaliação com oncologista; então,
vical; é necessário que os profissionais responsáveis pelo
b | a boa ventilação; atendimento dos pacientes oncológicos conheçam
os recursos diagnósticos e as opções terapêuticas
c | a boa circulação e o controle de hemorragias;
que são utilizadas para investigar e tratar as condi-
d | a avaliação do nível de consciência;
ções emergenciais neoplásicas.
e | a exposição para exame físico investigatório.
O Quadro 3 compila a relação desses recursos, tra-
O quadro destaca os agravos que poderão interfe-
zendo as abordagens mais apontadas na literatura.
rir em cada uma das prioridades e preconiza as in-
O seu interesse não se destina apenas aos médicos
tervenções iniciais para garantir a sobrevivência do
responsáveis pela prescrição, mas também ao enfer-
paciente e a sua estabilização, até ser possível o seu
meiro que forma o elo entre o paciente e os demais
encaminhamento para exames e avaliação com on-
serviços e/ou profissionais da instituição, e tem co-
cologista. O passo seguinte será coletar o histórico
mo funções colaborativas: ser o suporte para enca-
do paciente, para direcionar as suspeitas diagnós-
minhamento e agilização dos exames prioritários,
ticas. É importante verificar se o paciente já pos-
sui diagnóstico confirmado de doença oncológica, o preparo físico-emocional do paciente, a coleta de
se fez tratamento recente, avaliar exames já reali- amostras laboratoriais, o monitoramento dos resul-
zados, internamentos anteriores, alergias, medica- tados, a avaliação das alterações do quadro clínico
ções de uso domiciliar, existência de outras comor- do paciente, a administração das medicações, a ve-
bidades, entre outros. rificação da efetividade e efeitos colaterais dos tra-
tamentos, os cuidados após terapêuticas agressivas,
A falta de capacitação dos profissionais de saúde entre outros.
para fazer o reconhecimento e iniciar o tratamen-
to oportuno das emergências oncológicas faz com É importante salientar que as decisões sobre as abor-
que muitos dos sinais e sintomas destes agravos se- dagens diagnósticas e terapêuticas devem ser adap-
jam confundidos com a fase terminal da vida, prin- tadas à individualidade de cada paciente, com metas
cipalmente nos pacientes em cuidados paliativos. realistas, bom senso e escolhidas com a participação
Isso faz com que muitas destas condições não te- do paciente e familiares.

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Quadro 3. Recursos diagnósticos e opções terapêuticas utilizadas, atualmente, para investigar e tratar cada
uma das emergências oncológicas (continua)

Diagnóstico Tratamento

• Hemograma completo (leucóci- • Antibioticoterapia


NEUTROPENIA FEBRIL

tos <2000 e neutrófilos <1500) *Baixo risco: ciprofloxacino 500mg 12/12h + amoxicilina-clavula-
• Febre (T=37,8ºC) nato 1,5mg/dia
• Culturas de amostras de: sangue, *Alto risco: 1) monoterapia – cefepime ou ceftadizime ou carbape-
urina, escarro, fezes, lesão cutânea nêmico; 2) terapia combinada - cefepime ou ceftazidime + aminogli-
• Raio X de tórax cosideo. Com acréscimo de vancomicina quando indicado
• Outros: função renal, hepática, • Antifúngicos (cetoconazol)
coagulograma, proteina C reativa • Antivirais (aciclovir)

• Anti-inflamatórios (disúria)
• Anticolinérgicos / Antimuscarinicos (urgência urinária e noctúria)
• Flavoxato (espasmos da bexiga)
CISTITE ACTÍNICA OU

• Quadro clínico + Histórico • Oxigenoterapia hiperbárica


HEMORRÁGICA

• Cistoscopia • Intravesical: Irrigação da bexiga com soro fisiológico ou irriga-


• Tomografia computorizada de ção com alumen de potássio, nitrato de prata, formalina, pentas-
pelve sulfonato de sódio
• Outros: urina I, hemograma, coa- • Coagulação a laser endoscópica
gulograma, urocultura, creatini- • Injeção intramural de orgotein, toxina botulínica A e imunomo-
na, citologia urinária duladores
• Embolização das artérias ilíacas
• Derivação cirúrgica
• Cistectomia

• Sedativos e antiespasmódicos (Buscopam)


• Formadores de massa fecal (Plantarem)
• Analgésicos tópicos locais (Proctyl)
RETITE ACTÍNICA

• Banhos de assento mornos


• Quadro clínico + Histórico • Nutrição adequada
• Retosigmoidoscopia • Enemas de Sucralfato
• Colonoscopia • Instilação de solução de formalina
• Cauterização através eletrocoagulação com gás de argônio ou
eletrocoagulação endoscópica bipolar
• Oxigenoterapia hiperbárica
• Colostomia (casos mais resistentes)

• Hidratação venosa vigorosa


• Alopurinol (hiperuremia)
LISE TUMORAL

• Níveis séricos de fosfato, potássio,


• Bicarbonato de sódio (acidose metabólica)
ácido úrico, cálcio, creatinina
• Diuréticos (sobrecarga hídrica)
• pH da urina
• Hidróxido de alumínio (hiperfosfatemia)
• Gasometria arterial
• Glicose hipertônica e insulina regular (hipercalemia)
• Hemodiálise (casos não responsivos)

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Quadro 3. Recursos diagnósticos e opções terapêuticas utilizadas, atualmente, para investigar e tratar cada
uma das emergências oncológicas (continua)

Diagnóstico Tratamento

• Hidratação IV com solução salina 200 a 500 ml/h


• Diurético de alça (Furosemida)
HIPERCALCEMIA

• Doseamento do nível sérico de • Corticosteroides (hidrocortisona 200 a 300 mg durante 3 a 5 dias)


MALIGNA

cálcio ionizado e cálcio total • Eliminação de fármacos que pioram a hipercalcemia


(>10,5 mg/dL ou 2,62 mol/L) • Bifosfonato (pamidronato 60 a 90mg/ 90min IV ou Zoledronato
• Eletrocardiograma 4mg/15min IV)
• Calcitonina (4-8 UI/kg cada 6 a 12h)
• Outros: nitrato de gálio, plicamicina

• Diminuição do nível sérico de só-


dio (<130 mEq/L)
INAPROPRIADA DE AIH

• Diminuição da osmolaridade sé- • Restrição de líquidos para 500 a 1000 mL/dia


rica (<280 mOsm/kg) • Solução salina hipertônica endovenosa com administração con-
SECREÇÃO

• Elevação de sódio na urina (>20 comitante de furosemida


mEq) • Interromper o uso de morfina, diuréticos tiazídicos, antidepres-
• Elevação da osmolaridade uriná- sivos, neurolépticos e hipoglicemiantes orais
ria (>1400 mOsm/kg) • Quimioterapia
• Diminuição do nitrogênio, da • Outros: demeclociclina e lítio (inibem os efeitos renais do ADH)
ureia sanguínea, da creatinina, do
ácido úrico e da albumina
HIPERVISCOSIDADE

• Plasmaferese
• Viscosidade sérica (>5cP)
SANGUÍNEA

• Hidratação
• Doseamento de eletrólitos
• Flebotomia (100 a 200 ml de sangue)
• Níveis de Igs
• Quimioterapia (alquilantes / análogos dos nucleosídeos)
• Cultura de sangue periférico
• Evitar transfusão de concentrados de hemácias
VASCULAR DISSEMINADA

• Diminuição na contagem de pla-


COAGULAÇÃO INTRA-

quetas e dos níveis de fibrinogê-


nio, proteína C e de antitrombina • Controle do sangramento: transfusão de concentrados de pla-
• Aumento dos produtos de degra- quetas, crioprecipitados e plasma fresco congelado
dação da fibrina • Controle de eventos trombóticos: heparina, antitrombina III e
• Prolongamento do tempo de pro- inibidores fibrinolíticos
trombina, trombina e do tempo
parcial de tromboplastina ativada

• Raio X de coluna (torácica, lom- • Repouso no leito


COMPRESSÃO
MEDULAR

bossacra, cervical) • Corticosteroides (dexametasona 10 a 20 mg em bolus seguido de


• Ressonância nuclear magnética 4 a 8 mg 6/6h)
• Tomografia computorizada • Radioterapia (30 Gy em 10 aplicações)
• Cintilografia • Descompressão cirúrgica / laminectomia

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

Quadro 3. Recursos diagnósticos e opções terapêuticas utilizadas, atualmente, para investigar e tratar cada
uma das emergências oncológicas (continua)

Diagnóstico Tratamento

TVP – Exame físico


• Ultrassonografia com doppler • Anticoagulantes
TROMBOSE /
EMBOLIA

TEP – Angiotomografia computo- • Trombolíticos


rizada • Analgésicos
• Cintilografia pulmonar • Meias elásticas compressivas
• Angiografia pulmonar • Oxigenoterapia
• Ecocardiograma

• Repouso em decúbito elevado


• Oxigenoterapia
VEIA CAVA SUPERIOR
COMPRESSÃO DA

• Diuréticos de alça
• Raio X de tórax
• Corticosteroides (dexametasona)
• Tomografia computorizada de
• Anticoagulantes / trombólise
tórax
• Radioterapia
• Broncoscopia
• Quimioterapia
• Angioplastia / inserção de stents
• Cirurgia de bypass (pouco utilizada)

• Evitar dor, hipoventilação, hipóxia, hipotensão, hipertermia, hi-


perglicemia, hiponatremia e convulsões
• Ressonância nuclear magnética • Cabeceira elevada entre 15 e 30ºC
INTRACRANIANA

de crânio • Corticosteroides (dexametasona)


HIPERTENSÃO

• Tomografia computorizada • Diurético osmótico (manitol)


• Prognóstico de Karnofsky (KPS): • Derivação liquórica / ventriculostomia se hidrocefalia obstrutiva
idade maior ou igual a 65 anos,
• Ressecção cirúrgica (CIR) ou radiocirurgia (RCIR) se lesão única
mais lesões metastáticas e doen-
ça não controlável têm prognós- • CIR ou RCIR + radioterapia do sistema nervoso central se 1 a 3
tico ruim. metástases cerebrais
• Apenas radioterapia se mais de 3 metástases
• Quimioterapia se tumor quimiossensível
TAMPONAMENTO

• Ecocardiograma • Pericardiocentese percutânea


CARDÍACO

• Tomografia computorizada • Cirurgias: colocação de dreno pericárdico, janela pericárdica, pe-


• Ressonância magnética ricardiostomia subxifoide e pericardiotomia com balão percutâneo
• Eletrocardiograma (limitado) • Quimioterapia

1) Vias aéreas:
OBSTRUÇÕES

1)Vias aéreas: • traqueostomia (alívio rápido), broncoscopia rígida (para desobs-


• Raio X de tórax, tomografia com- trução e colocação de stents autoexpansivos), broncoplastia ou
putorizada, broncoscopia laser com CO2 (para dilatação provisória), radioterapia e qui-
mioterapia

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

Quadro 3. Recursos diagnósticos e opções terapêuticas utilizadas, atualmente, para investigar e tratar cada
uma das emergências oncológicas (conclusão)

Diagnóstico Tratamento

2) Trato urinário:
• Ultrassom do aparelho urinário, to-
mografia computorizada, ressonân-
cia nuclear magnética, função renal 2) Trato urinário:
(ureia, creatinina)
• cistostomia, cateterização vesical do tipo “duplo J’’ e nefrosto-
3) Trato intestinal: mia percutânea
OBSTRUÇÕES

• Raio X do abdômen, tomografia, 3) Trato intestinal:


ressonância nuclear magnética, he-
• descompressão por sonda nasogástrica, hidratação intravenosa
mograma, eletrólitos (diminuição
com reposição de eletrólitos, cirurgia (cecostomia, colostomia,
de sódio e potássio)
ressecção, anastomose)
4) Vias biliares:
4) Vias biliares:
• Tomografia computorizada do ab-
• Ressecção cirúrgica, drenagem biliar percutânea, quimioterapia
dômen, ressonância magnética, co-
langiorressonância, exames labora-
toriais (aumento das enzimas hepá-
ticas, fosfatase alcalina, bilirrubina)

Fontes: PAIVA et al., 2008; BRUNNER; SUDDARTH, 2009; FORTES, 2011; MEIS; LEVY, 2006; AFONSO,
2012; BRASIL et al., 2006.; BRANDÃO, 2015.

3.3 Diagnósticos e intervenções de enfer- fermagem, Implementação de Enfermagem e Ava-


magem: aplicando a SAE liação ou Evolução de Enfermagem. Neste artigo,
A Sistematização da Assistência de Enfermagem foi aplicada apenas a segunda e terceira fases do
PE às emergências oncológicas, uma vez que são
(SAE) é uma atividade privativa do enfermeiro,
as fases que abordam os pontos de interesse para
regulamentada pelo conselho de classe, que utili-
este estudo.
za método e estratégia de trabalho científico para
a identificação de situações de saúde/doença, sub- O diagnóstico de enfermagem é a fase do proces-
sidiando as ações de assistência de enfermagem (Re- so de enfermagem em que são analisados os dados
solução COFEN n° 272/2002) que são implementa- coletados e avaliados os problemas de saúde do pa-
das por toda a equipe. A SAE utiliza uma ferramen- ciente, servindo de base para se estabelecer o plano
ta metodológica, denominada “Processo de Enfer- de ação. O Quadro 4 descreve os principais diag-
magem” (PE), que é aplicada, de forma sequencial e nósticos de enfermagem passíveis de serem encon-
organizada, às ações de enfermagem, com o objetivo trados nas emergências oncológicas e estabelece a
de nortear o raciocínio crítico, ajudar o enfermei- sua relação com os respetivos agravos (em siglas)
ro a tomar decisões, prever e avaliar consequências, apontados por X, que, por sua vez, indica diagnós-
oferecendo maior autonomia à profissão (GAID- tico real ou potencial, conforme é representado na
ZINSK et al., 2008). O PE divide-se didaticamen- forma escura ou clara. Foi utilizado o sistema de
te em 5 fases ou etapas: Histórico de Enfermagem, classificação da North American Nursing Diagno-
Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de En- sis Association (NANDA).

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

Quadro 4. Relação dos principais diagnósticos de enfermagem encontrados nas emergências oncológicas
(continua)

Diagnósticos

SSIHA

TVP/E
CIDV
HCM

SVCS
SCM

HIC
SLT
RA

HS
NF

CA

TC

O
de enfermagem

X X X X X X A Padrão respiratório ineficaz


Desobstrução ineficaz
X X X X X A
das vias aéreas
X X X X X X X X AI (Risco de) aspiração

X X X X X X (Risco de) sangramento

X X X X X X X X X X X X X (Risco de) choque

X X X X X X X X X X (Risco de) confusão aguda

X X X X X X X X X (Risco de) quedas

X X X X X X (Risco de) infecção


Desequilíbrio na
X X X X X X I
temperatura corporal
X X X X X X X X X X X X X X Dor aguda / crônica
Eliminação urinária
X X X X X X X X U
prejudicada
(Risco de) desequilibrio
X X X X X X X X X X X X U
do volume de líquidos
X X X X X X X X X X Desequilibrio eletrolítico
(Risco de) Integridade
X X X X X X X X
da pele prejudicada
X X X X X X X AI Mucosa oral prejudicada

X X X X X X A Deglutição prejudicada
Nutrição alterada: menor
X X X X X X X X X X X
que as necessidades corporais
X X X X X X X X X X X Risco de glicemia instável

X X X X X X X X X X X X X X Mobilidade física prejudicada


Intolerância à atividade
X X X X X X X X X X X X X X
/ Fadiga
Perfusão tissular periférica
X X X X X X X X X X X X A
ineficaz
Perfusão tissular cardíaca
X X X X X X X X X X X
ineficaz
Perfusao trissular cerebral
X X X X X X X X X X
ineficaz

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

Quadro 4. Relação dos principais diagnósticos de enfermagem encontrados nas emergências oncológicas
(conclusão)

Diagnósticos

SSIHA

TVP/E
CIDV
HCM

SVCS
SCM

HIC
SLT
RA

HS
NF

CA

TC

O
de enfermagem

X X X X X X X U Perfusão tissular renal ineficaz

X B Prurido

X X X X I Diarreia

X X X I Constipação

X X X X X IU Náusea / Vômitos

X X Incontinência

X X X X X X X X X X Padrão de sono prejudicado

X X X X X X X X X X X Défice no autocuidado

X X X X X X X Distúrbio na imagem corporal

X X X X X X X X X X Medo / Ansiedade

X X X X X X X Depressão / Desesperança

X X X X X X X X Sentimento de impotência

X X X X X X Isolamento social

Legenda: “X” indica diagnóstico real / frequente; “X” indica diagnóstico potencial, de risco, ou encontra-
do quando o agravo evolui para as formas severas; “A, I, U ou B” são diagnósticos específicos das obstru-
ções localizadas, respectivamente, nas vias aéreas, intestinais, urinárias ou biliares.
Fontes: NANDA, 2015; BRUNNER; SUDDARTH, 2009; JOMAR; BISPO, 2014.

Os diagnósticos mais apontados são: dor, intole- Estabelecidos os diagnósticos, inicia-se a fase do
rância à atividade, mobilidade física prejudicada, Planejamento, em que o enfermeiro determina os
desequilíbrio de volume de líquidos, nutrição alte- resultados esperados e propõe as intervenções ne-
rada, perfusão tissular periférica ineficaz, déficit no cessárias para alcançar esses resultados. As inter-
venções devem ajudar a prevenir, melhorar ou con-
autocuidado, padrão de sono prejudicado e risco
trolar o quadro clínico, solucionando os problemas
de choque. Os diagnósticos de foro psicoemocio-
diagnósticos. A sua elaboração exige a integração de
nal são mais difíceis de se estabelecer, pois variam conhecimento científico, sensibilidade e compro-
muito, consoante a capacidade de enfrentamento misso. Por não ser objetivo deste artigo elaborar um
do paciente, do apoio sócio-familiar e das crenças plano de intervenção para cada um dos diagnósticos
pessoais. aqui encontrados, foi produzido, antes, um 5° Qua-

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

dro com as principais intervenções de cada uma das pais ações da sua competência na resolutividade das
emergências, englobando muitos dos problemas condições emergenciais oncológicas, sem excluir a
diagnosticados. Pretendeu-se, com isto, orientar a individualidade de cada caso.
prática assistencial do enfermeiro quanto às princi-

Quadro 5. Resumo das intervenções de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergências onco-
lógicas (continua)

Intervenções de enfermagem

• Monitorar sinais vitais e glicemia


• Realizar exame físico diário, avaliando possíveis portas de entrada a patógenos, lesões de
pele, sinais flogísticos, locais de punção, mucosite, edemas, alterações cardiorespiratorias,
nível de consciência, condições de higiene, dejeções, aceitação de dieta e queixas do paciente
• Atentar para sinais de sepse
NEUTROPENIA • Iniciar antibioticoterapia urgente
FEBRIL • Realizar balanço hidroeletrolítico
• Monitorar hemograma
• Fazer assepsia rigorosa em todos os procedimentos. Evitar invasivos
• Isolar neutropênicos graves
• Administrar analgésicos, antieméticos e outras medicações prescritas, monitorando sua
efetividade e efeitos colaterais

• Administrar analgésicos, anti-inflamatórios, anti-hemorrágicos e anticolinérgicos prescritos


• Passar sonda folley 3 vias e monitorar a irrigação vesical
• Monitorar hemograma e avaliar sinais de anemia no paciente
CISTITE • Controlar o balanço hídrico
ACTÍNICA OU • Manter o paciente sempre bem higienizado e confortável
HEMORRÁGICA • Cuidar da pele / Avaliar e tratar dermatites e radiodermites
• Realizar transfusão sanguínea quando necessário, monitorando possíveis reações
• Incentivar a verbalização de sentimentos a respeito da doença
• Orientar acompanhamento com psicólogo e/ou grupos de apoio

• Administrar analgésicos, antiespasmódicos, sedativos, anti-hemorrágicos, formadores de


massa fecal, instilações e enemas conforme prescrito, monitorando a efetividade
• Orientar banhos de assento
• Monitorar hemograma e eletrólitos
RETITE • Transfundir os casos de anemia severa, conforme prescrição. Monitorar possíveis reações
ACTINICA • Realizar balanço hídrico
• Avisar setor de nutrição para adequar dieta
• Avaliar integridade da pele e promover cuidados com dermatites, radiodermites e estomas
• Higienizar o paciente sempre que necessário
• Incentivar a verbalização de sentimentos a respeito da doença e oferecer apoio emocional

• Realizar hidratação agressiva, balanço hídrico e pesagem diária do paciente


LISE TUMORAL • Observar sinais e sintomas de insuficiência renal, sobrecarga hídrica, distúrbios eletrolíti-
cos e alterações gastrointestinais

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

Quadro 5. Resumo das intervenções de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergências onco-
lógicas (continua)

Intervenções de enfermagem

• Monitorar níveis séricos de fosfato, potássio, ácido úrico, cálcio, creatinina, pH da urina,
gasometria arterial
• Monitorar funções cardíacas e neurológicas: realizar ECG e aplicar escala de Glasgow
• Administrar medicações prescritas — alopurinol, bicarbonato, hidróxido de alumínio,
LISE TUMORAL diuréticos, antieméticos e analgésicos — avaliando sua efetividade e efeitos secundários
• Orientar os serviços de nutrição para evitar alimentos ricos em potássio
• Avaliar e dar suporte imediato em caso de convulsões ou parada cardíaca
• Fornecer oxigênio e aspirar vias aéreas se necessário, evitando broncoaspiração
• Incentivar o repouso e promover o aumento de horas de sono noturno

• Avaliar sinais e sintomas de hipercalcemia e instruir os familiares a reconhecê-los


• Monitorar cálcio sérico. Atentar >11mg/dL
• Monitorar ritmo e frequência cardíaca, realizar ECG quando alterados
• Realizar balanço hídrico e observar alterações renais, gastrointestinais e de pensamento
HIPERCALCE- • Administrar emolientes fecais e laxantes, antieméticos, analgésicos, corticosteroides, diu-
MIA MALIGNA réticos, bifosfonatos, calcitoninina, avaliando efetividade, efeitos colaterais e toxicidade
• Incentivar a ingestão de líquidos (2 a 3 L/ dia) ou fazer hidratação endovenosa se não
houver comprometimento cardíaco ou renal.
• Estimular a mobilidade física para evitar a desmineralização e clivagem óssea
• Promover ambiente seguro e supervisão durante deambulação para evitar quedas

• Realizar balanço hídrico


• Orientar a restrição da ingesta hídrica (<1000 mL)
• Monitorar sinais vitais, peso diário e densidade da urina
• Monitorar níveis séricos de sódio (<120 mmol/L) e outros eletrólitos, ureia, creatinina e
albumina
SECREÇÃO • Observar alterações de personalidade, nível de consciência, presença de edemas, altera-
INAPROPRIADA ções gastrointestinais e convulsões
DE AIH • Se prescrito, administrar soluções salinas hipertônicas seguidas de furosemida, avaliando
efetividade, assim como antiémeticos e anticonvulsivos
• Discutir com o médico a interrupção do uso de medicações que pioram o quadro, como a
morfina, diuréticos tiazídicos e antidepressivos
• Promover a higiene oral frequente e estimular a salivação
• Promover medidas de segurança ambiental

• Monitorar sinais vitais e hemograma


• Observar alterações do nível de consciência e queixas do paciente relativas a sangramen-
HIPERVISCOSI- tos, dor, alterações visuais, auditivas e neuromusculares
DADE
SANGUÍNEA • Supervisionar eliminações
• Avaliar sinais de anemia, choque hipovolêmico, insuficiência renal ou cardíaca, presença
de trombose ou priapismo

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

Quadro 5. Resumo das intervenções de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergências onco-
lógicas (continua)

Intervenções de enfermagem

• Orientar o paciente a fazer uma ingesta hídrica adequada e a urinar regularmente, pois a
HIPERVISCOSI- bexiga cheia pode precipitar o priapismo
DADE • Administrar analgésicos e anticonvulsivantes prescritos, se necessário
SANGUÍNEA • Promover ambiente seguro e implementar precauções em caso de convulsões
• Oferecer assistência e monitoramento nos procedimentos de plasmaferese e flebotomia

• Monitorar sinais vitais


• Documentar balanço hídrico
• Realizar exame físico rigoroso, avaliando a cor e temperatura da pele, presença de ede-
mas, inspecionando todos os orifícios corporais, locais de inserção de dispositivos e ex-
COAGULAÇÃO creções, em busca de sangramentos e eventos trombóticos
INTRAVASCU-
• Monitorar exames laboratoriais
LAR
DISSEMINADA • Avaliar nível de consciência, sons cardíacos, pulmonares e gastrointestinais, registrar
queixas de dor, distúrbios visuais e redução da diurese
• Evitar procedimentos invasivos, manter compressão após retirada de punções venosas,
aconselhar higiene oral com escova macia e evitar lâminas de barbear
• Assistir o paciente para minimizar a atividade física e manter um ambiente seguro

• Realizar avaliação dos membros buscando alterações na cor e temperatura da pele, pre-
sença de dor, edema, nódulos varicosos e rigidez muscular
• Administrar analgésicos, anticoagulantes e trombolíticos prescritos, observando possí-
TROMBOSE / veis sangramentos; aquecer membro afetado ou colocar meia elástica compressiva
EMBOLIA • Orientar repouso e desaconselhar massagem local para evitar descolocamento do trombo
• Atentar para sinais de evolução para tromboembolismo pulmonar — dispneia súbita, ta-
quipneia, taquicardia, dor torácica, tosse, hemoptise, estase jugular, síncope — oferecer
suporte imediato

• Realizar exame físico diário, avaliando queixas de dor na coluna, perda de sensibilidade,
disfunção motora, espasmos, fraqueza, incontinência, paralesia
• Monitorar a progressão do défice motor ou sensório a cada 8h
• Avaliar sistematicamente a dor e administrar rigorosamente analgésicos e anti-inflama-
tórios
• Monitorar os efeitos colaterais das medicações prescritas (Ex: opioides / constipação, de-
COMPRESSÃO xametasona / hiperglicemia)
MEDULAR • Instituir programas de reeducação intestinal e de bexiga
• Detetar sinais de infecção urinária e necessidade de aumentar hidratação
• Avaliar diariamente a integridade da pele, orientando medidas para prevenção de úlceras
de pressão decorrentes da imobilidade
• Instituir cuidados com a pele após radioterapia
• Mobilizar o paciente de forma segura
• Oferecer orientação e apoio emocional ao paciente e familiares

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

Quadro 5. Resumo das intervenções de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergências onco-
lógicas (continua)

Intervenções de enfermagem

• Elevar a cabeceira do leito, facilitando a respiração


• Monitorar sinais vitais, saturação do oxigênio, gasometria arterial, níveis de eletrólitos e
traçado do eletrocardiograma
TAMPONAMEN- • Avaliar pulso paradoxal, abafamento de sons cardíacos e pulmonares, ingurgitamento
TO CARDÍACO das veias cervicais, coloração e temperatura da pele, nível de consciência
• Medir balanço hídrico
• Administrar oxigenoterapia conforme prescrito e minimizar esforço físico do paciente
• Orientar o paciente a tossir e realizar inspirações profundas a cada 2h

• Identificar pacientes em risco de SVCS


• Monitorar a progressão das sequelas da síndrome, avaliando esforço respiratório, aumen-
to do edema, alterações cardiopulmonares e neurológicas
• Posicionar o paciente com cabeceira elevada, remover jóias e roupas apertadas
• Evitar puncionar ou aferir pressão em membros superiores
COMPRESSÃO • Medir balanço hídrico. Administrar líquidos com cautela para minimizar o edema
DA VEIA CAVA • Manter oxigenoterapia suplementar
SUPERIOR • Promover repouso, conservando energia
• Administrar corticoides, diuréticos e anticoagulantes prescritos, avaliando eficácia e mo-
nitorando efeitos colaterais
• Assegurar que as alterações de autoimagem são passageiras
• Orientar cuidados com a pele e avaliar dificuldades de deglutição pós-radioterapia
• Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia, se for o tratamento escolhido

• Posicionar o paciente com cabeceira elevada entre 15° e 30°


• Controlar sinais vitais, glicemia, dor, saturação de oxigênio e níveis séricos de eletrólitos
(sódio), prevenindo alterações que causem agravamento do quadro
• Monitorar episódios de vômitos, convulsões, alterações visuais, neurológicas e musculares
HIPERTENSÃO
• Administrar corticoides, diuréticos osmóticos, analgésicos, anticonvulsivos, antieméti-
INTRACRA-
cos, anti-hipoglicemiantes e oxigenoterapia, conforme prescrição e de acordo com a ne-
NIANA
cessidade, monitorando efeitos colaterais das medicações e efetividade
• Manter ambiente seguro, prevenindo quedas
• Promover cuidados com a pele após cirurgia ou radioterapia
• Monitorar efeitos da toxicidade da quimioterapia, se for o tratamento escolhido

Vias aéreas:
• Monitorar sinais vitais, gasometria arterial, coloração e temperatura da pele
• Administrar corticoides, nebulização e oxigenoterapia conforme prescrito
• Aspirar vias aéreas sempre que necessário
OBSTRUÇÕES
• Manter traqueostomia limpa e pérvea
• Realizar cuidados com a pele após radioterapia
• Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia (no caso de obstrução por tu-
mores quimiossensiveis)

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CASTRO, A.T.A.C.T. | Desmistificando as emergências oncológicas na assistência de enfermagem

Quadro 5. Resumo das intervenções de enfermagem pertinentes na resolutividade das emergências onco-
lógicas (conclusão)

Intervenções de enfermagem

Vias urinárias:
• Medir balanço hídrico, avaliar dor e alterações no nível de consciência
• Monitorar exames de função renal, alterações na coloração da urina
• Orientar cuidados de manutenção dos cateteres
• Promover a limpeza e integridade da pele, periósteo
Via intestinal:
• Avaliar distensão abdominal, vômitos incoercíveis, ausência de eliminação de flatos ou
fezes
• Realizar passagem de sonda nasogástrica aberta e controlar aspecto, frequência e quanti-
dade de eliminações
OBSTRUÇÕES • Monitorar hemograma, glicemia capilar e níveis de eletrólitos (sódio, potássio)
• Administrar hidratação venosa com reposição de eletrólitos, se necessário
• Administrar analgésicos para controle da dor
• Manter o paciente limpo e confortável. Orientar higiene oral frequente
• Promover cuidados pós-cirúrgicos e com estomas
Vias biliares:
• Avaliar presença de icterícia, prurido, coloração das dejeções, dor abdominal e alterações
do nível de consciência
• Monitorar níveis de enzimas hepáticas, fosfatase alcalina e bilirrubina
• Promover controle da dor, cuidados com drenos, lesões cirúrgicas e pele ao redor
• Monitorar e tratar efeitos da toxicidade da quimioterapia, se for o tratamento escolhido

Fontes: BRUNNER; SUDDARTH, 2009; MANZI et al., 2010; PAIVA et al., 2008; BRANDÃO, 2015.

Muitas são as dificuldades encontradas pelo enfer- paciente inviabiliza o raciocínio crítico e reduz as
meiro na aplicação da SAE, como falta de tempo, ações assistenciais à execução das prescrições mé-
falta de conhecimento, falta de prática, falta de re- dicas, roubando a autonomia da enfermagem. É ur-
cursos, falta de impresso adequado, falta de in- gente que, nas instituições, haja supervisão regular e
centivo institucional, entre outras. Não é por acaso efetiva do dimensionamento dos profissionais por
que a falta de tempo lidera a lista; cada vez mais, as parte dos conselhos de classe, com atribuição de
instituições reduzem o número de enfermeiros ao penalidades mediante os desvios dos números con-
mínimo e, com um dimensionamento inadequa- siderados seguros, de forma que a essência do cui-
do, a segurança do paciente fica seriamente com- dado não seja perdida e que a SAE acabe se tornan-
prometida. Profissionais esgotados e sobrecarrega- do uma utopia.
dos, ao invés de cuidarem do paciente na sua indi-
vidualidade fazendo um bom levantamento diag-
nóstico dos problemas e planejando intervenções
4 Conclusão
resolutivas, tornam-se “bombeiros” de enfermaria, O enfermeiro é o profissional de saúde que passa
tentando “apagar o fogo” quando a situação atin- mais tempo com o paciente e aquele que estabelece
ge um nível de gravidade severa, muitas vezes irre- o elo entre os demais elementos da equipe de saúde,
versível. O conhecimento superficial do quadro do por isso, é fundamental que compreenda a comple-

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xidade dos processos patológicos do paciente e fa- Deste modo, torna-se urgente corrigir as deficiên-
ça uma boa leitura dos sinais por ele apresentados. cias do ensino da enfermagem, incluindo a oncolo-
Sendo o câncer um conjunto de doenças responsá- gia nas suas grades curriculares. Mas, enquanto as
vel por um elevado número de condições emergen- propostas acadêmicas não são reformuladas, não se
ciais, milhares de internamentos e a segunda causa exime a responsabilidade do profissional pela per-
de morte no Brasil, excluir a oncologia da formação manente “auto” busca do conhecimento, atualização
do enfermeiro é criar uma lacuna relevante na sua e capacitação dentro da área em que atua. Este ar-
capacidade de atuar frente a estas condições, po- tigo cumpre a sua finalidade na medida em que fa-
dendo gerar erros ou atrasos no atendimento que cilita esta busca, ao dissecar, resumir e direcionar o
resultem em óbito ou danos permanentes. É inviá- conteúdo relevante da literatura sobre o tema, des-
vel exercer o “cuidado” sem compreender o que se mistificando, assim, as emergências oncológicas pa-
está passando, de fato, com aquele do qual se cuida. ra o enfermeiro.

DEMYSTIFYING THE ONCOLOGICAL EMERGENCIES IN NURSING CARE

Abstract
Cancer is at the top rank of the present illness process of the population at global level, being res-
ponsible for the high mortality rate and huge number of hospital admissions. Inexplicably, still
little attention is given to the oncology study in nursing courses and professionals enter the job
market unprepared to deal with the complexity of the cancer emergencies, arising numerous cli-
nical alterations, resultant from the disease progression and the aggressive effects of the treat-
ments. Consequently, there is an increased risk of occurring mistakes or delays in care, which can
result in irreversible damages, or even lead the patient to death. In an attempt to minimize the re-
ferred curricular gap, this article was designed to be a facilitating instrument for the capacitation
of the nurses that work in the screening rooms of the oncologic reference centers or in the spe-
cialty wards. The main aspects of oncological emergencies were selected, within the scope of their
classification, symptomatology, pathophysiology and cancer related causes; followed by a crite-
ria review for the initial care, diagnostic methods and treatment; finally, systematization of the
nursing care was applied to the emergency conditions in focus, highlighting the relevant points
of the nurses’ performance. The methodology used was: literature review in speciality book and
scientifically recognized online sources; elaboration of summary-tables for the presentation of re-
sults; and descriptive analysis of nursing subjects of interest. The conclusion is that nurses have,
imperatively, to be well capacitated to carry out an effective care to cancer patients, but while the
nursing courses have not oncology included in its curriculum, nurses are responsible for seeking
their own qualification, being important the development of instruments that help to facilitate the
aggregation of updated knowledge, promoting a safe and resolute practice.
Keywords: Oncological emergencies. Cancer pathophysiology. Diagnostic methods and oncolo-
gical treatment. Nursing care systematization.

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