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Diana Carneiro
A arte de ilustrar plantas é muito antiga e apreciada por povos do mundo inteiro. Desde o
tempo dos faraós no Antigo Egito os homens costumavam usar motivos vegetais para decorar
paredes, vasilhas e vestimentas.
Com o desenvolvimento das civilizações a arte botânica evoluiu, passando por etapas
diferentes até chegar à forma como é conhecida hoje em dia, caracterizada pela extrema
precisão morfológica e riqueza de detalhes. No entanto somente no século XVI, com o
surgimento dos primeiros herbários, surge a figura do ilustrador botânico, pessoa que se
especializa em ilustrar para a Ciência, contribuindo para a divulgação dos conhecimentos
científicos relacionados com a flora em geral.
Até pouco tempo atrás (fins do séc. IXX e começo do séc. XX), os naturalistas, cientistas
viajantes que percorriam os continentes conhecendo e registrando os ambientes, animais e
plantas, não possuíam outro recurso além dos próprios olhos, mãos e lápis para registrar o que
viam. Faziam seus primeiros esboços no próprio ambiente onde estavam e depois de
retornarem da viagem, em seus estúdios e laboratórios, elaboravam belíssimas pranchas
detalhadas que são consideradas, hoje, verdadeiras obras de arte.
A Ilustração Botânica é, em síntese, a arte de representar uma planta com a maior
fidelidade possível, garantindo perfeito reconhecimento do vegetal. Através de aprimoramento
técnico e artístico, o ilustrador capta todas as características formais da planta, traduzindo-as
num trabalho expressivo, capaz de sensibilizar o observador.
Na atualidade, mesmo possuindo equipamentos fotográficos de alta resolução, pantógrafos,
computadores gráficos de adiantada tecnologia, a arte botânica sobrevive pelos seguintes
motivos:
1. nem a fotografia é capaz de registrar uma imagem focalizando-a totalmente, isto é,
deixando a imagem nítida em todos os pontos, independentemente da posição e do tamanho do
vegetal. Essa é uma característica do desenho e de técnicas próprias desenvolvidas pelos
ilustradores;
2. desenhar e pintar são atividades especificamente humanas e como tais carregadas de
emoção e sensibilidade que permeiam toda atividade artística, trazendo uma satisfação enorme
para quem a pratica e também para quem observa os resultados. O uso de máquinas, de certa
forma bloqueia parte das sensações que o artista pode vivenciar no processo de produção
artística. Mesmo considerando os ensaios fotográficos como forma de arte, esta não se aplica no
caso de um registro botânico.
A computação gráfica, hoje em dia tão difundida, se presta a inúmeras tarefas que
facilitam o trabalho do desenhista em geral (quadrinistas, projetistas, designers, etc.), e também
ao científico mas ele somente logrará êxito em suas tarefas, se dominar perfeitamente a
linguagem do desenho, a noção de composição do trabalho gráfico, da finalização e resolução
de sua pintura. Em outras palavras, mesmo nos dias de hoje nada substitui a velha arte de
observar, desenhar e pintar da forma mais tradicional possível, como faziam os homens das
cavernas.
Diana Carneiro
Diana Carneiro