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Índice

01 INTRODUÇÃO

05 PORQUE VOCÊ DEVERIA TERMINAR TODAS AS SUAS MÚSICAS

13 PORQUE VOCÊ NÃO TERMINA AS SUAS MÚSICAS

29 O SISTEMA 10X

78 CONCLUSÃO

81 SEU PRÓXIMO PASSO IDEAL


01
Introdução
Nenhuma carreira artística jamais foi estabelecida para
artistas que não terminaram as suas músicas.

AUTOR DESCONHECIDO
"Salve, salve,
produtor"
Eu tenho utilizado essa saudação desde quando fundei a
PME-Experts, minha escola online de produção de música
eletrônica, em Dezembro de 2013.

De lá pra cá, aprendi muito sobre produção musical, carreira


e pessoas. Tive a oportunidade de trabalhar e fazer amizade
com grandes artistas e o privilégio de ter mais de 6700
alunos em nossos cursos e mentorias.

E, com toda a certeza, eu posso dizer que o maior


problema dos alunos é terminar as músicas que
começam. Durante muito tempo, eu tenho me questionado
qual a razão deste problema tão comum na vida de
produtores, dos mais iniciantes aos veteranos.

Quando eu comecei a produzir, no final de 2008, o maior


problema era a falta de informações. A gente aprendia na
base da tentativa e erro e com algumas informações que
eram transmitidas boca-a-boca. Na época, qualquer
informação era algo precioso.

De lá pra cá, muita coisa mudou. A informação já não é mais,


de forma alguma, restrita. Ela está disponível para qualquer
um, de graça ou com valores acessíveis.

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Vivemos a maior democratização
do conhecimento da história da
humanidade
E mesmo assim, o mesmo problema que existia antigamente
continua reinando na vida dos produtores - a dificuldade
de sair do loop de 32 e terminar as músicas que são
começadas.
Por algum motivo, parece que todo esse oceano de
informações à disposição das pessoas não tem ajudado
tanto assim e a maioria acaba morrendo na praia, desistindo
antes de colher os primeiros resultados.

A principal habilidade de um artista


não é sound-design, arranjo ou
mixagem...
É terminar as suas músicas!
Você começou a produzir por algum motivo. Eu não sei qual
é esse motivo, mas ele deve ser importante pra você. Caso
contrário, você não estaria gastando o seu tempo lendo
esse livro. Mas, seja qual for o seu objetivo, o que vai te
levar a alcançá-lo são suas músicas.

Neste livro, você vai aprender um método com 3 pilares que


irá destravar completamente os seus resultados na
produção de música eletrônica:

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Pilar #1 - Otimização
Pilar #2- Workflow
Pilar #3 - Storytelling
No primeiro pilar, você vai aprender a otimizar os seus
recursos e ferramentas de produção para ganhar
velocidade. Já no segundo pilar, você vai aprender o que
fazer em cada momento, ou seja, como desenvolver um
fluxo de trabalho eficiente. No terceiro pilar, por sua vez,
você vai aprender conceitos avançados sobre arranjo e
como criar músicas que prendem a atenção da pista.

Ou seja, primeiro, você vai "preparar o terreno". Isso vai te


fazer ganhar tempo.
Em seguida, você vai aprender a sequência de processos.
Isso vai fazer com que você produza com fluidez, sem travar.
Por fim, você vai aprender a criar músicas que realmente
funcionam na pista.

Acredite em mim, assim que você implementar esses 3


pilares na sua rotina, a sua entrega será consideravelmente
maior. Isso quer dizer mais músicas lançadas, evolução
constante, mais visibilidade, mais oportunidades e a
explosão do seu potencial.

Este não é um livro de conceitos e fundamentos da


produção musical. Já existem muitos materiais, cursos e
tutoriais sobre isso. O foco deste livro está nos processos
que trarão um resultado imediato pra você.

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3
É um material de fácil leitura e fácil assimilação. Já a
implementação de todos os processos vai dar um certo
trabalho, mas eu garanto que vai valer a pena.

Se você estiver disposto a investir apenas 3 minutos de


leitura, vá para o Capítulo 5 - Conclusão, onde eu resumo o
método. Se estiver disposto a investir 30 minutos, vá direto
para o Capítulo 4 - O Sistema 10X, onde o método em
questão é detalhado. Se estiver disposto a investir 1 hora de
leitura, leia o livro completo.

Se você realmente deseja aumentar a sua produtividade no


estúdio, não leia este livro, decore-o! Certamente, este
conhecimento te colocará numa posição de vantagem no
mercado da música eletrônica.

Boa leitura!

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02
Porque você
deveria
terminar
todas as suas
músicas
“Apenas deixe para amanhã o que você está disposto a
morrer tendo deixado de fazer”

PABLO PICASSO
10 grandes motivos pelos quais
você deveria terminar as músicas
que você começa.
1. Você é escravo dos seus hábitos

O ser humano não tem tanto controle assim sobre as suas


ações. Pelo contrário, somos escravos dos nossos hábitos.
Hábitos são construídos através da repetição de
comportamentos, sejam eles bons ou ruins.

Por exemplo, você começa a trabalhar em uma empresa e


todos os dias o pessoal toma um café após o almoço. Você
não tomava café antes desse emprego, mas decide
acompanhar as pessoas. No primeiro dia, percebe que seu
rendimento foi melhor após o almoço. Depois de algumas
semanas, tomar café já se tornou um hábito.

Uma vez que um hábito se instala, não é fácil romper com


ele. Portanto, não é fácil romper com a procrastinação, um
dos piores hábitos que acomete os produtores de música
eletrônica.

Se você não termina as suas músicas, é provável que você


procrastine em outras áreas da sua vida também. Quando
você, conscientemente, decide quebrar esse ciclo e terminar
a sua próxima música, independente do resultado, você está
substituindo um hábito ruim por um hábito virtuoso.

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2. Você tem dúvidas e problemas específicos

Durante a trajetória, do início até o fim de uma música,


surgem dúvidas e desafios que são específicos. Muitas
vezes, você não encontrará a solução pronta na internet.
Você vai ter que, por si só, encontrar a melhor maneira de
superar esses obstáculos. Isso, resumidamente, significa
exercitar a sua criatividade.

Diariamente eu recebo mensagens no Instagram do tipo


"Travei no Break! Não sei como fazer agora".

Meu amigo, a sua música é única, o seu arranjo, a história


que você está contando, tudo isso é muito singular. Você
não vai encontrar uma resposta pronta para esse problema.
Você precisa se esforçar e encontrar a solução sozinho.
Quanto mais você supera esses obstáculos específicos da
sua jornada, mais você se torna preparado para produzir as
SUAS próprias músicas. Essa é uma jornada solitária.
Acostume-se!

3. Você melhora a cada música

Eu produzo desde 2008. Se você me perguntar qual é a


minha melhor música até hoje, eu vou dizer que é a última
que eu fiz. A evolução nunca para! Então, não pense que
permanecer 6 meses em uma música é o caminho para a
perfeição.

A perfeição surge da repetição.


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Quando eu estava começando a produzir, eu conversei com
um professor de produção musical. Estávamos em um clube
em Campinas chamado Heaven and Hell e, mesmo estando
num ambiente de diversão, eu não perdia a oportunidade
de conversar com um produtor mais experiente e sugar
qualquer informação que eu pudesse.

Naquele dia, ele me disse que eu só teria algum resultado


depois de produzir 20 ou 30 músicas. Arrogantemente, eu
pensei "Comigo vai ser diferente. Daqui 3 músicas, eu já vou
estar voando..." Alguns anos depois, eu me dei conta que ele
estava certo.

Hoje em dia, eu não acredito mais que uma pessoa precise


criar 30 músicas para chegar num resultado minimamente
decente, mas continuo acreditando que o resultado vem do
volume de trabalho e que ficar meses "cozinhando" uma
música não é o melhor caminho.

4. Você constrói autoconfiança

Quando você termina os trabalhos que começa,


independente do resultado final, você alimenta a sua
autoconfiança. Quase nada é tão importante na sua carreira
como a sua autoconfiança. Ela é o que te mantém em um
estado de movimento e aceleração.

Proteger a autoconfiança deve ser uma meta de qualquer


pessoa, em qualquer profissão. E não tem nada que te ajuda
mais nesse processo do que terminar as músicas que você
começa.
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5. O tempo está passando

O bem mais precioso da sua vida é o seu tempo. E ele está


passando! A cada música que você termina, é mais um
degrau que você sobe para realizar o seu sonho. Quanto
mais você procrastina, mais você adia o seu sonho.

6. Você ativa o sistema de recompensa

Certa vez, eu visitei um nutricionista. Durante a pandemia,


eu parei de fazer academia e, consequentemente, comecei a
me alimentar mal e tomar cerveja todos os dias. Engordei
8kg e fui para 21% de gordura.

Não é tanto assim, mas eu já não me sentia bem comigo


mesmo. Enfim, comecei a seguir uma dieta simples, sem
muita frescura, a qual, inclusive, eu furava com certa
frequência.

Mas, quando retornei ao nutricionista, 3 meses depois, eu


tinha saído de 78kg para 71kg, além de ter reduzido a minha
gordura corporal para 16%. Mesmo distante da meta, que
era 10% de gordura corporal, saber que eu tive esse
resultado me motivou a continuar na dieta e nos
treinos. Isso porque o resultado, ainda que sutil, foi
evidente.

A cada música que você termina, sua


motivação para fazer melhor na próxima
aumenta. É um ciclo virtuoso.

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7. Você tem conteúdo para compartilhar

Sabemos que hoje em dia você precisa ter conteúdo para


postar nas redes sociais.
Youtube, Soundcloud, Mixcloud, Spotify, Instagram, Audius,
Facebook…
Você PRECISA estar presente nessas redes. Não tem
escapatória! É assim que é e ponto final.

O que você vai postar se não tiver músicas? Fotos do seu


café da manhã? Selfie no espelho do elevador? Tudo bem!
Isso é válido. Mas, você precisa postar conteúdos de
verdade, ou seja, a sua arte!

O que seria de um artista sem a sua audiência? Agora,


preste atenção no que eu vou te falar: O conteúdo define
a audiência.
Aquilo que você posta vai atrair pessoas que tem afinidade.
E você quer atrair pessoas com afinidade pela sua arte, não
somente pelo seu café da manhã.

8. Você não sabe se uma música é boa ou não até que


ela esteja finalizada

É comum você achar que a sua música, que ainda não está
pronta, está ruim. Mas, você não pode julgá-la nesse
momento. Depois de pronta, ocorre uma transformação
muito grande devido à lapidação e ajustes que você pode
fazer.
Somente depois de pronta é que você pode julgar se ficou
ruim ou não. E se não for boa, está tudo bem. Comece
outra! 10
9. A maior parte do que você precisa saber sobre
produção musical você vai aprender durante o
processo de produção

Você pode fazer todos os cursos do mundo. Quando você


for produzir a sua música, você vai se deparar com situações
e desafios que exigem um aprendizado específico. Você só
vai aprender a produzir suas músicas com qualidade
passando por cima desses problemas.

Vou dar um exemplo: Você compra um curso sobre


mixagem, que é excelente e te ensina vários fundamentos e
práticas importantes. Mas, o curso utiliza como exemplo
uma música que não tem nada a ver com a sua. Quando
você vai aplicar aqueles mesmos conceitos na sua música,
nem sempre funciona.

Você precisa encontrar novos caminhos por si só. Isso


te faz desenvolver habilidades específicas para produzir a
SUA música.

Lembre-se que nem todas as respostas que você precisa


estão nos cursos ou tutoriais. Você precisa ter a
determinação de encontrá-las sem ajuda de ninguém.

E nesse processo, você acaba descobrindo novos caminhos


e construindo as suas próprias técnicas. No fim das contas,
isso vai moldando a sua assinatura sonora.

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10. Ninguém ouve o que você não termina

Se você não termina as suas tracks, você permanece no


estado de invisibilidade. Essa é uma realidade dura mas tem
que ser dita. É frustrante, eu sei. Você já investiu um monte,
já estudou e trabalhou infinitas horas, mas enquanto suas
músicas não estiverem prontas, você é invisível.

Conclusão

Eu espero que essa introdução tenha despertado a vontade


de romper com esse ciclo que eu chamo de Loopite
Crônica. A Loopite Crônica é o que mantém os artistas na
invisibilidade.

Se libertar dessa "doença" é uma decisão. Agora, que você


já sabe porque deveria terminar suas músicas, vamos falar
sobre os principais motivos que te impedem de realizar esse
feito.

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03
Porque você
não termina
as suas
músicas
“Para alcançar grandes feitos, duas coisas são necessárias:
um plano e não ter tempo suficiente.”

LEONARD BERNSTEIN
Durante muito tempo, eu me questionei sobre o porquê de
nós produtores termos tanta dificuldade em terminar os
nossos trabalhos.
E quando eu falo nós, eu incluo 95% dos produtores.

Seria falta de conhecimento?

A resposta é: na maioria das vezes, não!

É difícil acreditar que uma pessoa que produz há 2, 3, 5 anos


não termina as suas músicas por falta de conhecimento.
Durante muito tempo me questionei sobre o real motivo
pelo qual os produtores não terminam as suas músicas.

E nessa busca, eu mergulhei nos estudos sobre psicologia,


neurociência, produtividade, hábitos e uma dezena de
outros assuntos. Entrevistei dezenas de artistas realmente
produtivos. Eu queria encontrar um caminho, uma fórmula
que pudesse ser aplicada por qualquer produtor.

A má notícia é que eu não descobri nenhuma fórmula ou


atalho, mas eu descobri processos e princípios que você
pode aplicar imediatamente para ter resultados muito mais
rápidos e finalmente SAIR DO LOOP!

E foi assim que surgiu o SISTEMA 10X

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O Sistema 10X é um método que simplesmente vai fazer
com que você termine 10X mais músicas, com mais
qualidade, criatividade e coerência.

Eu sei, isso parece uma promessa da Polishop.

Parece que não é verdade. E eu, como um estudante


dedicado da música eletrônica, sei do trabalho que é
aprender todas as habilidades que você precisa, e jamais
acreditaria numa promessa dessa...

...se eu não tivesse testado na prática e comprovado!

Acredite, o que você vai aprender nas próximas páginas tem


o poder de mudar completamente os seus resultados e te
colocar numa posição de vantagem nesse mercado.

Os Bastidores do Método
Em 2020, eu fui convidado a entrar em uma das maiores
agências do país, a Season Bookings. Desde quando eu
comecei a produzir, estar em uma grande agência era um
dos meus grandes sonhos.

Agora, eu teria a chance de tocar nos grandes festivais e ter


uma carreira mais profissional, com melhores cachês e
melhores oportunidades.

Entretanto, na reunião com o dono da agência, ele me


questionou sobre uma coisa que me fez suar frio.

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Ele me fez a seguinte pergunta: Você sabe o que significa
ser um artista da Season? Significa que VOCÊ tem a
responsabilidade de estar em evidência. VOCÊ tem que lançar
muitas músicas, o tempo todo! Além de tocar nos finais de
semana, você precisa ter muito material. Você tem certeza que
dá conta de cuidar disso tudo e ainda continuar com sua
empresa?

Eu não respondi na hora. Pedi um tempo para pensar


sobre essa ideia.

Além disso, não sei se você sabe, mas para rescindir o


contrato com uma agência grande existe uma multa BEM
alta. Naquele momento, a PME-Experts, minha empresa de
educação online em música eletrônica, estava em sua
melhor fase. Mais de 6000 alunos, muitos cursos, mentorias,
diferentes programas, muitos projetos novos...

Eu não poderia abandonar um projeto que eu estava


construindo há 7 anos. E a verdade é que a PME-Experts
ocupa grande parte do meu tempo e me sobra muito pouco
tempo para produzir minhas músicas. Eu crio basicamente
todos os conteúdos da PME, como este livro que você está
lendo, além de desempenhar inúmeras outras funções.
Minha equipe é pequena!

Depois de alguns dias refletindo, eu assinei o contrato com a


Season Bookings. Seja o que Deus quiser - pensei. Foi naquele
momento que eu decidi que eu precisava otimizar o meu
trabalho ao máximo.

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Assim, comecei a criar e testar uma série de processos. Em
seguida, testei várias maneiras de começar e terminar uma
música. Foi a primeira vez que eu me dediquei a um
experimento real com algumas semanas de duração.

Resultado: eu consegui manter tudo o que eu fazia para o


crescimento e manutenção da minha empresa e cumprir
com o combinado de manter uma frequência de
lançamentos a cada 4-8 semanas em labels importantes,
como a Tesseract, Zenon, Synk87 e Phantom. Eu tenho
cumprido a minha promessa e eu devo tudo isso aos
processos que eu criei.

São esses exatos processos que eu apelidei de Sistema


10X.

Nível de Conhecimento
Eu sei que talvez você deva estar pensando "eu não termino
as tracks porque eu ainda não tenho o conhecimento
suficiente para isso". Você está certo. E errado.

É claro que o conhecimento é importante. Você deve buscá-


lo o tempo todo até o resto da sua vida. Mas, não é por isso
que você não termina as suas tracks. Esse não é o principal
motivo.

Na verdade, existem 7 grandes motivos. Eu chamo de "Os 7


Cavaleiros da Invisibilidade".

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Os 7 Cavaleiros da
Invisibilidade
Estes são 7 inimigos que você precisa derrotar
urgentemente. A cada dia, eles estão te afastando dos seus
resultados.

1. INPUT X OUTPUT

De 2012 a 2019 eu tive uma escola de inglês. Até hoje eu me


pergunto porque diabos eu fui abrir uma escola de inglês.
Eu não tenho nada a ver com inglês. O resultado dessa
empresa foi que eu quebrei e acumulei uma dívida de mais
de 300 mil reais.

Mas, apesar de ter quebrado de forma apoteótica, eu


aprendi muita coisa nessa escola. Teve uma época que eu
não aguentava o turnover (troca) de professores. Então,
decidi que eu me tornaria um professor de inglês só para
garantir que os alunos teriam aulas quando algum professor
pedia demissão de uma hora pra outra.

Eu fui para um treinamento de professores e lá eles me


disseram que o maior erro de um estudante de inglês é
"muito input para pouco output". Em outras palavras, ouvir
demais, ler demais e produzir (falar, escrever) de menos.

Aquilo ficou marcado na minha memória!

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Pensa comigo...

Uma pessoa que faz intercâmbio, por exemplo, aprende


enquanto VIVENCIA as situações da vida real, ou seja, ele
aprende a falar FALANDO. Se ele está em um restaurante,
ele não precisa aprender 97 phrasal verbs para pedir um
hambúrguer. Ele só precisa aprender a pedir um fucking
hambúrger.

Ele aprende e coloca em prática imediatamente. O garçom


entende, traz a comida e pronto. Um grande erro que
cometemos é entrar no modo esponja e sair
consumindo conteúdos de forma indiscriminada, afinal,
o conteúdo hoje em dia é 100% acessível.

O que acontece é que você consome, consome, consome e


não assimila nada. Dias depois, já não lembra mais nada do
que aprendeu. A retenção do aprendizado depende de você
colocar em prática aquilo que acabou de consumir. Caso
contrário, seu cérebro vai deletar aquela informação em
muito pouco tempo! Em outras palavras, tem que haver um
equilíbrio entre Input e Output.

2. MULTITAREFA

Uma vez eu li uma frase no livro A Única Coisa, de Gary


Keller: "Se você correr atrás de 2 coelhos ao mesmo tempo,
você não vai pegar nenhum". O autor se referia à
multitarefa, ou seja, fazer várias coisas ao mesmo tempo.

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A verdade é que multitarefa não existe! Seu foco é
indivisível. Ou ele está em uma coisa ou está em outra. O
que acontece, na verdade, é um ping-pong com o seu foco.

Quando você se concentra em uma coisa, você está


queimando energia. Qualquer tipo de interrupção faz com
que o seu foco saia de onde estava e vá para outro lugar.
Então, quando você retorna para a tarefa que estava
fazendo, você gasta uma quantidade incrível de energia para
focar de novo. Desta forma, você sempre fica com a sua
atenção na superfície.

Como mencionado no livro FLOW, de Mihaly


Csikszentmihalyi, você produz as melhores ideias quando
está em estado de fluxo, que é quando sua concentração
está no nível máximo. É nesse momento que a mágica
acontece. Isso é o que alguns chamam de MOMENTUM.
Todas as melhores ideias da sua vida surgem durante o
estado de fluxo.

Resumindo, você acorda todos os dias com uma quantidade


limitada de energia para se concentrar, que alguns autores
chamam de willpower ou força de vontade. Essa energia só
se renova quando você dorme.

Se você divide a sua atenção o tempo todo, você só fica na


superfície, não produz em alta performance, não tem as
melhores ideias e gasta toda a sua energia praticamente à
toa.

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Isso serve para qualquer coisa na sua vida, sobretudo nas
tarefas que exigem concentração, como produzir ou
estudar.
Seja sincero, enquanto você lê esse livro, quantas vezes você
já parou pra dar uma conferida no celular? Quantas
mensagens você recebeu? Quantas vezes o seu fluxo foi
interrompido?

A atenção é a moeda do século! Se você entender isso,


você vai estar à frente de muita gente!

Da próxima vez que for produzir, experimente trancar a


porta, desligar o sinal da internet e o celular. Simplesmente
mergulhar na DAW!

3. EGO

O ser humano é um ser essencialmente social. Fazer parte


de um grupo é o que nos permitiu ter sucesso como
espécie. Nossos ancestrais que eram desvinculados de seus
grupos corriam riscos muito maiores na natureza e
acabavam sendo eliminados.

Esse instinto se mantém até hoje. Queremos ser aceitos,


reconhecidos, fazer parte de um grupo. É inconsciente, mas
um dos nossos maiores medos é o da exclusão, da
exposição ao ridículo. Por que eu estou falando sobre isso?

Uma das maiores razões de não terminarmos as nossas


tracks é o medo da desaprovação. É o medo do que os
outros vão pensar. Medo do julgamento!
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Esse pensamento é devastador e está muito relacionado à
sua identificação consigo mesmo, com seu ego.
Quando você aceita quem você é, entende o seu papel,
aceita e demonstra a sua vulnerabilidade, entende que você
não precisa provar nada pra ninguém, você começa a criar
coragem de se abrir para o mundo.

Entenda uma coisa: Muita gente vai achar o seu trabalho


ridículo. Vão te achar idiota. Vão te menosprezar. Vão dizer
"quem você pensa que é?". O grande segredo é se blindar
contra tudo isso. Só você precisa saber quem você é. A sua
autoconfiança precisa estar blindada o tempo todo.

Por outro lado, haverá pessoas que vão adorar o seu


trabalho e vão te elogiar. Quem sabe um dia vão tatuar a
capa do seu álbum. Isso também não pode afetar o seu
estado emocional. Você precisa se manter no eixo e não se
deixar alterar por críticas ou elogios.
Você nunca vai agradar a todos. E está tudo bem!

Eu já fui ridicularizado e caluniado na internet algumas


vezes. Hoje em dia, chamam isso de "cancelamento", né? Já
me deparei com textões de artistas falando mal de mim, do
meu trabalho. "Quem ele pensa que é?" era o tema central da
maioria desses textos.

É difícil não se identificar com isso. Mas, fazendo terapia, eu


percebi que toda a minha frustração vinha do meu ego, do
medo do julgamento. Não vou dizer que estou 100% curado
disso. É um processo. Mas, você precisa aprender a blindar
a sua mente para parar de querer aprovação e trabalhar,
trabalhar e trabalhar.
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4. COMPARAÇÃO

Você começa uma música com aquela empolgação e


esperança de fazer um excelente trabalho desta vez. Chega
um momento em que você ouve e compara com outras
tracks de artistas que você tem como referência. E, nesse
momento, você se dá conta de que existe um abismo entre
elas.
Não se preocupe. Isso acontece com todo mundo!

Princípio 01: Toda comparação é injusta.

Quando você ouve uma música no Spotify, tenha certeza


que ela já foi mixada, lapidada, masterizada, remixada,
remasterizada inúmeras vezes. O produtor mandou para
vários artistas amigos dele para pedir feedback. Fez
inúmeras melhorias ao longo de semanas.

Não compare os seus bastidores com os palcos dos outros.

Hoje em dia, temos acesso a muitas master-classes de


grandes artistas e podemos perceber que não existem
segredos na produção. As músicas deles, enquanto estão
incompletas, também são cheias de defeitos.

Princípio 02: A arte é pessoal

A vida que você vê no Instagram não é real.


As pessoas só compartilham seus melhores momentos. Os
artistas só publicam seus melhores trabalhos.
Mas, a SUA arte não tem nada a ver com isso.
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Sua jornada é única e individual. Você deve se comparar
consigo mesmo.
Certamente você vai ficar feliz com a própria evolução. Por
mais que seja um desejo de qualquer produtor estar no
nível dos grandes artistas (e esse desejo é legítimo), esse
objetivo deve ser apenas um norte.

A arte é uma transcrição daquilo que vibra dentro de você. É


como se você traduzisse os próprios sentimentos para uma
outra linguagem. Quanto menos interferência essa
tradução tiver, mais original será a sua arte. E para que
isso ocorra, você precisa parar de se comparar e focar em si
mesmo.

A jornada de outro artista é diferente da sua. Ele está em


outro momento. Provavelmente, alguns Km à sua frente.
Nada além disso!

Princípio 03: Tudo pode ser refeito

Trabalhamos com áudio digital. Qualquer coisa pode ser


deletada, recriada, corrigida. Você não encontra diamantes
prontos na natureza. É preciso um longo processo de
extração, separação e lapidação. Os diamantes, momentos
antes da lapidação, embora sejam diamantes, são feios.
Não espere produzir uma master-piece logo de cara e
lembre-se que sempre existe espaço para lapidação.

5. PRÁTICA INCONSISTENTE

Quantas horas por dia você precisa para se tornar um


profissional? 24
Esse assunto tem sido debatido há décadas. Inclusive, existe
um conceito famoso das 10.000 horas que foi disseminado
no livro Outliers, de Malcom Gladwell.

Entretanto, praticar por praticar não leva à perfeição. Se


fosse assim, todo motorista de Taxi poderia correr na
Fórmula 1. A minha mãe poderia cozinhar num restaurante
com estrela Michelin.

O violinista Nathan Milstein perguntou para seu professor,


Leopold Auer, quantas horas de prática diária eram
necessárias para atingir a maestria.

Ele respondeu "Pratique com seus dedos e você precisará do


dia inteiro. Pratique com a mente e você precisará de 1,5h
diária no máximo".
E como praticar com a mente?
Chamamos isso de Prática Deliberada.

A prática deliberada em si é tema para um livro inteiro. Mas,


podemos resumir em adquirir uma pequena dose de
conhecimento, colocar em prática, analisar os resultados,
repetir, comparar os resultados com os anteriores,
identificar as melhorias. Tudo isso de forma consciente,
deliberada, e não de forma automática.
É assim que você desenvolve técnicas.

Imagine que você quer criar um baixo. Você assiste 20


tutoriais. Quando vai colocar em prática, já era. Você não
consegue assimilar.

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Por outro lado, se você assistir um único tutorial e repetir
cada passo, depois analisar o resultado e repetir todo esse
processo com pequenas alterações, você assimila técnicas
novas a cada tutorial. Você gasta o seu tempo de uma forma
mais eficiente.

Por sinal, estudos comprovam que o máximo de eficiência


que você tem com a prática deliberada é de até duas horas
por dia. Mais do que isso, as melhorias são irrelevantes.

6. AUSÊNCIA DE PROCESSOS

Durante muitos e muitos anos, eu comecei as minhas


músicas de diferentes formas. Pelo kick e bass, pela bateria,
pela melodia, pelo hook...
A cada nova track, eu começava tudo do zero.

O resultado?

Poucos lançamentos por ano e músicas muito diferentes


umas das outras. Muito diferentes! Isso é negativo! Você
precisa ter uma assinatura sonora.

As pessoas precisam ouvir a sua música e saber que é sua.


Terminar muitas músicas e desenvolver uma assinatura
sonora depende de processos bem definidos os quais você
repete over and over again.
Vou explicar melhor...

Primeiro, você precisa desenvolver a sua técnica para


criação de kick, bass, bateria, synths etc.
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Segundo, as tarefas precisam ser separadas.

Composição -> Arranjo -> Mixagem -> Masterização.

Há muita confusão aqui e cada produtor faz de uma forma.


Mas, entenda que cada uma dessas tarefas é única e
diferente das outras.

Compor significa criar cada um dos elementos principais da


sua história. Isso inclui sound-design, sampling, criação de
melodias, harmonias, grooves. O arranjo é a arte de
transformar tudo isso em uma história. Já a mixagem é a
lapidação da história. A masterização, por sua vez, é a
adequação da obra aos padrões comerciais.

Isso não quer dizer que você não possa dar uma equalizada
ou uma comprimida em cada elemento enquanto estiver
compondo. Mas são tarefas distintas. Você precisa manter o
flow.
Tenha processos definidos!

7. MENTALIDADE

Provavelmente, a maneira como você lida com a produção é


a mesma maneira que você lida com outras coisas na sua
vida. Se você procrastina na produção, você deve
procrastinar em outras coisas também.
Deixa eu te contar um segredo:

Começar músicas novas é uma delícia.


Terminá-las é um pé no saco!
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A maneira como você encara isso vai determinar o seu
sucesso. Temos que parar de querer fazer somente as
coisas gostosinhas e treinar a mente para enfrentar o que é
necessário. Como mencionado no livro Can't Hurt Me, de
David Goggins, é necessário abraçar o desconforto,
enfrentar a dor, ser resiliente.

A maioria das pessoas não atinge o seu verdadeiro potencial


porque estão ocupadas demais procurando o conforto.
É mais gostoso comer uma caixa de bombons Lacta depois
de uma pizza de 4 queijos com Coca-cola do que comer um
filé de frango grelhado com brócolis e correr 5km na esteira.

É bem mais gostoso dormir até tarde do que acordar mais


cedo para estudar. É bem mais gostoso assistir um vídeo de
gatinhos no Youtube do que uma master-class sobre
mixagem em inglês.

A sua mente está o tempo todo te sacaneando para você


acumular energia e evitar gastar energia. Mas, você não é
sua mente e muito menos escravo dela!

Finalmente, chegou o momento de você conhecer o


Sistema 10X. As próximas páginas podem mudar o rumo das
suas produções para sempre.

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04
O Sistema
10X
"Workflow é entender seu trabalho, entender suas
ferramentas e depois não pensar mais nisso."

MERLIN MANN
O Sistema 10X é um conjunto de processos, ferramentas e
comportamentos que vão te ajudar a se expressar
livremente, com menos bloqueios criativos e com muito
mais resultado.

É até um pouco paradoxal se pensarmos na liberdade que é


inerente à arte versus processos, ferramentas e estratégias
lógicas. Se a arte deve ser livre, por que eu vou querer
aprender e incluir processos na minha rotina?

A disciplina é liberdade e quando pensamos em


processos, não estamos querendo engessar a produção,
muito menos limitar a criatividade. Pelo contrário, queremos
facilitar o nosso workflow e expandir o potencial criativo.

Imagine uma banda que está compondo um álbum. O


guitarrista pega a sua guitarra e cria um riff. O baterista
senta no banco e cria um groove. O vocalista pega o
microfone e canta uma letra. Os artistas se expressam
através de ferramentas pré-existentes.

Uma das premissas do Sistema 10X é deixar os


instrumentos prontos, afinados, ligados na tomada. É só
chegar e compor!

Não faz mais sentido isso?

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No processo de produção de uma música, existem tarefas
mais criativas e outras mais técnicas, embora, em algum
momento, existam pontos de intersecção entre elas.

Mas, para entrar em estado de fluxo e ter a máxima


performance no estúdio, é interessante que você entre em
uma espécie de imersão naquilo que está fazendo e não
desvie o foco.

Em outras palavras, se eu estou querendo compor uma


melodia e harmonia, eu vou ter resultados máximos se a
minha mente estiver focada somente nisso, e não em
sound-design, mixagem, masterização etc.

Organizar as nossas ferramentas e


otimizar os nossos recursos é essencial
para que a sua criatividade flua
livremente

O Sistema 10X é composto por 3 Pilares: Otimização,


Workflow e Storytelling.
O domínio destes 3 pilares vai te ajudar a ter mais tracks
prontas, mais coerência entre elas e, consequentemente, as
suas chances de ser notado pelo mercado também
aumentarão consideravelmente.

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PILAR #1 - OTIMIZAÇÃO
Imagine um cenário. Você senta para produzir uma nova
música. O primeiro passo é escolher/criar um kick. Então,
você começa tentando criar um com o VST Kick2 ou
qualquer outro. Uns 20 minutos depois, você desiste porque
não conseguiu criar nenhum que te agradasse.

Então, você começa a varrer as suas 672 pastas de samples.


No meio do caminho, você encontra um sample de um lead
imperdível. Então, você já o separa para usar depois e
retorna para a procura dos kicks.

No meio da busca, você encontra uma pasta que você nem


se lembrava e resolve dar uma conferida. Nesse processo,
você já perdeu quase 1 hora.
Depois de um longo tempo procurando um kick, você decide
voltar para a síntese e resolve assistir alguns tutoriais sobre
criação de kick.

Abrindo o Youtube, você recebe a recomendação de outro


vídeo que não tem nada a ver com o que estava buscando,
mas que tem uma chamada irresistível. Você precisa clicar!

Estamos falando de 1 kick.

A sua inspiração e força de vontade, nesse momento, já


estão gravemente enfraquecidas.
Você perdeu um dia e não encontrou o bendito kick!

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É por isso que precisamos otimizar os nossos recursos para
produzir mais rápido e sem distrações. Eu sei que isso pode
parecer meio óbvio e até mesmo beirar o ridículo, mas
acredite em mim, você precisa se organizar.

Eu criei 5 estratégias para otimizar o seu tempo de


forma eficaz. E já adianto, organizar todas elas dá um certo
trabalho. Você terá que estar disposto a investir alguns dias
nessa organização. Entretanto, é um trabalho que vai te
poupar muito, muito tempo no longo prazo.

Estratégia #1 - A Pasta Suprema

Há alguns anos, eu venho disseminando o conceito da Pasta


Suprema. Se você me acompanha de um tempo ou já fez
algum dos nossos treinamentos, esse termo já é familiar pra
você. A pasta suprema consiste em uma única pasta de
samples que você irá criar.

Nessa pasta vão estar somente os seus melhores samples.


É um processo de curadoria.
"Mas, Eduardo, qualquer sample pode ser utilizado em uma
música. Como eu vou saber quais são os melhores? Cada
música é diferente.".
Sim! Inevitavelmente, você vai perder a oportunidade de
colocar na sua música alguns samples que não vão estar na
Pasta Suprema, mas o tempo que você vai ganhar utilizando
somente essa pasta vai valer a pena!

Como criar a pasta suprema?

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Basicamente, eu gosto de manter algumas subpastas:

Na pasta Kicks, por exemplo, eu tenho cerca de 20 kicks


categorizados por tons. São kicks que eu sempre utilizo nas
minhas músicas há muito tempo.

Eu prefiro usar samples do que criar os meus próprios kicks


porque, simplesmente, existem kicks muito bons criados por
excelentes produtores. Por que eu não iria utilizá-los?
Além disso, a sua música já começa a ficar mais coerente a
partir daí.

"Mas, Eduardo, eu gosto de criar os meus kicks".


Tudo bem, crie uma pasta com os seus próprios kicks.
Não importa o que vai ter dentro da sua pasta suprema. Ela
precisa conter os elementos que você mais utiliza nas suas
músicas.

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Eu raramente vou criar um kick ou elementos da bateria do
zero. Eu uso samples!

Já os synth shots (plucks, stabs), eu crio do zero, em sua


maioria, mas eu gosto de ter alguns samples na manga
também.
Resumindo, você vai passar um dia inteiro ouvindo seus
samples e separando os melhores, organizando assim a sua
Pasta Suprema.
Isso dá trabalho, mas é um investimento.

Uma outra vantagem de você utilizar a pasta suprema é se


restringir a um número limitado de samples e loops. Desta
forma, você evita cair na armadilha da Paralisia da Análise.
Lembre-se que a criatividade depende de limitações.
Quanto mais possibilidades, menos criatividade.
Isso não quer dizer que você não irá mais adquirir novos
sample-packs, mas sempre que o fizer, basta inseri-los em
sua Pasta Suprema.

Estratégia #2 - Loopcloud

O Loopcloud é um recurso que melhorou muito o meu


workflow. É um aplicativo que funciona basicamente como o
Splice, através de uma assinatura mensal, com a qual você
tem o direito de baixar cerca de 100 samples por mês. Mas
a grande vantagem é que o aplicativo já coloca os samples
no BPM e no TOM da sua música com uma precisão muito
boa.
Imagine que você está produzindo uma parte da sua música
e deseja inserir algumas atmosferas.
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O aplicativo já vai te dar os samples sincronizados com o seu
BPM e no tom certo.
Além disso, ele possui vários outros recursos interessantes e
o melhor: você pode fazer o upload dos seus próprios
samples pra lá e utilizar todos os benefícios do aplicativo.
Quando eu assinei, era cerca de 7 dólares por mês.
Este aplicativo é absolutamente indispensável pra
mim!

Estratégia #3 - Seu banco de presets

Eu recomendo que você tente utilizar um único VST na


maioria das vezes. Assim, você acaba ganhando uma certa
intimidade com o instrumento e, consequentemente, mais
liberdade de criar o que deseja.

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Assim como os samples, eu imagino que você possua vários
bancos de presets, até mesmo os nativos que vem no VST.
Surfar nas pastas de presets é algo que pode gerar
resultados inesperados, mas que te faz perder muito tempo.
O ideal é criar o seu próprio banco de presets, mas é claro,
isso exige um certo conhecimento de síntese sonora.

Entretanto, mesmo que você não possua tanto


conhecimento assim, crie agora a sua pasta. Ela é só sua.
Você não vai vender, não vai compartilhar. Ela é para
otimizar o seu workflow. Nessa pasta você vai salvar não
somente os presets que você criar, mas outros que você
possui em diversos bancos e que te agradam.

Estratégia #4 - Canais Prontos

No Logic, chamamos de Channel Strips. No Ableton, podem


ser Effects Racks, Instrument Racks ou Drum Racks.

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Não importa o nome ou a DAW. O grande segredo aqui é
criar instrumentos prontos, com toda a cadeia de
processamentos.

A diferença é que você, geralmente, não cria esses


elementos com antecedência. Você os cria enquanto está
produzindo, mas o que os produtores acabam se
esquecendo é de salvá-los.

Pense comigo, você passou 1 hora criando um timbre num


VST e depois colocou mais 10 plugins para chegar num
resultado incrível. SALVE isso pra usar em outras tracks!
Não vamos entrar nos detalhes técnicos aqui sobre como
criar esses canais, até mesmo porque os nossos leitores
utilizam diferentes DAWs e cada uma tem suas
particularidades. Uma pesquisada no Youtube e você vai
encontrar toneladas de informações sobre isso.

Estratégia #5 - O Template 10X

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Talvez, essa seja a ferramenta mais importante de
todas. No meu programa avançado MENTORIA 10X,
dedicamos um módulo e 1 semana de trabalho na
construção deste template.

Durante a maior parte dos meus 11 anos de produção, eu


fui avesso aos templates. Sempre que eu tentava criar um,
eu acabava não utilizando, com o pensamento de que, na
próxima música, eu iria fazer algo melhor que aquilo. E
assim, a cada nova música, eu começava tudo do zero.

Resultado: muito tempo perdido, muitas tracks diferentes


demais entre si, a ponto de ser difícil tocá-las em um set e
tempo demais para terminar cada track. Em um
determinado momento, eu resolvi dar um basta nisso. Eu
estava frustrado por não conseguir fazer um set decente
com as minhas próprias músicas.

Uma vez, eu mandei 3 músicas para masterizar e o


engenheiro de áudio, lá de Londres, me falou "Man, suas
tracks são legais, mas elas são sonicamente muito
diferentes."

Naturalmente, eu tenho uma certa aversão a rotinas e


padrões. É um traço da minha personalidade que eu tento
melhorar a cada dia. Eu sempre quero tudo novo, sempre
quero me reinventar, descobrir novos caminhos. E isso tem
o seu lado bom, mas se você não tem uma rotina de
produção, com processos levemente padronizados, é difícil
otimizar, é difícil realizar a prática deliberada.

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Um dos fundamentos da prática deliberada é repetir uma
tarefa com uma pequena melhoria e verificar se aquela
pequena melhoria surtiu efeito.

Se eu mudo todos os processos a cada nova música, são


muitas variáveis para se observar e melhorar. O resultado é
que você evolui menos do que deveria porque não existe
prática deliberada, somente prática.

Um template permite que você utilize sempre os


mesmos processos para produzir. E então, você pode
otimizar, substituir e melhorar aquilo que já criou
anteriormente.
Vamos destrinchar o Template 10X aqui. Eu uso
basicamente 4 ou 5 grupos de canais, como você vai ver a
seguir.

Grupo 1 - KICK e BASS

Canal do KICK

Eu gosto de criar um canal MIDI com um Sampler (Drum


Rack no Ableton) e neste sampler eu vou colocar todos os
meus kicks da pasta suprema. Como todos eles já estão
nomeados com o tom, basta escolher um e eu já sei em que
tom a minha música vai estar.

Geralmente, eu não processo muito o kick. Um simples EQ já


é suficiente na maioria dos casos. Então, eu já deixo um EQ
no canal. Parece simples, mas leva um certo tempo para
criar um canal, abrir um Drum Rack, colocar todos os seus
samples lá, colocar um EQ, ajustar o volume. 32
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Tudo bem, não deve levar mais do que 2 minutos. Mas, são
2 minutos aqui, 3 ali, 5 ali, 25 ali… Soma tudo isso e você vai
perceber que o Template 10X vai te fazer economizar MUITO
tempo!

E não é só tempo, é energia, força de vontade, inspiração. A


cada 2, 3 ou 5 minutos que você está gastando ali, é o seu
tanque de energia diminuindo.

Caso você goste de sintetizar os seus kicks, você vai criar um


canal com o VST que você utiliza, geralmente o Kick2 ou o
Bazzism. Nesse caso, é interessante que você já tenha
alguns presets dos seus kicks favoritos.

Canal Sidechain

Eu gosto de ter um canal separado para sidechain. Por


vários motivos. Se você utiliza o próprio kick como sinal para
o sidechain, quando o kick não estiver tocando e você quiser
o efeito de "ducking" em algum elemento, não vai ser
possível.
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Por isso, eu crio um canal separado e pinto de branco ou
cinza pra eu saber que não existe sinal vindo dali. Falando
nisso, é importante desabilitar o sinal daquele canal. Você só
quer utilizar o kick como um parâmetro para o sidechain,
não para a saída de áudio.

O mesmo kick que você utilizar na sua música, você vai


colocar no canal do Sidechain.

Canal do Bass

Cada produtor tem o seu próprio jeito de criar os baixos.


Hoje em dia, com tantos tutoriais e cursos, é impossível não
conseguir aprender a criar um bass do jeito que você quer
pra sua música. Mesmo assim, você pode utilizar samples.
Não tem problema nenhum. Nesse caso, você vai criar um
canal com um sampler e inserir os seus samples de bass lá.

Se você for criar o seu bass em um VST, crie o melhor bass


que você puder, com todos os processamentos (Eq,
compressor, saturação etc). Esse é o momento de assistir a
tutoriais se você não sabe muito bem como criar.

Em nosso canal do Youtube tem vários vídeos sobre isso.


O baixo é um elemento que geralmente tem bastante
processamento.

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Eu gosto de deixar os principais plugins no canal, como Eq,
compressor com sidechain e saturação.
Faça um grupo com todos esses elementos. Eu geralmente
gosto de colocar um compressor (Glue Compressor) com
attack no máximo, release no mínimo, ratio 2:1 e um
threshold que permita uns 2-3 dB de redução de ganho.
Assim, os elementos do grupo já ficam mais coesos.

Grupo 02 - Bateria

Aqui eu gosto de ter vários canais. Eu crio cada elemento da


minha bateria em um canal separado. Acho melhor para
mixar e processar. Em cada canal, eu vou ter um Drum Rack
(sampler) com os melhores samples, além de
processamentos básicos, como EQ e compressor.

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Faça um grupo com todos esses elementos. Assim como nos
outros grupos, gosto de colocar um compressor (Glue
Compressor) com attack no máximo, release no mínimo,
ratio 2:1 e um threshold que permita uns 2-3 dB de redução
de ganho. Assim, os elementos do grupo já ficam mais
coesos.
Além disso, eu gosto de ter um EQ cortando os graves (de
100Hz pra baixo) para que o grupo não interfira no kick e
bass.
Grupo 03 - Atmosferas e FX

Eu já utilizei atmosferas e fx em 2 grupos separados, mas no


meu workflow, faz mais sentido produzir esses elementos
juntos.
Eu gosto de deixar uns 2 ou 3 canais com presets de
atmosferas em VSTs mas também deixo alguns canais de
áudio abertos porque eu uso bastante samples.
Além disso, gosto de ter uns 2 canais de FX, com presets de
uplifters e downlifters, além de outros canais de áudio para
os samples de FX.

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Faça um grupo com todos esses elementos. Eu geralmente
gosto de colocar um compressor (Glue Compressor) com
attack no máximo, release no mínimo, ratio 2:1 e um
threshold que permita uns 2-3 dB de redução de ganho.
Assim, os elementos do grupo já ficam mais coesos.
Além disso, eu gosto de ter um EQ cortando os graves (de
100Hz pra baixo) para que o grupo não interfira no kick e
bass.

Grupo 04 - Synths, Leads, Arps, Melodia

Uma coisa que eu descobri estudando centenas de músicas


no Spotify e Beatport:
A maioria das músicas, independente do gênero, possui:

1 Lead Principal (Pode ser a melodia, um arpejo ou um


synth)
2 - 3 synths rítmicos formando grooves
1 Synth fazendo uma "cama" (um arpejo de fundo, pads
ou outros elementos de preenchimento).

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É claro que esses números podem ter grandes variações,
mas isso é como se fosse um esqueleto básico de todas as
músicas. É com esses elementos que você começa. Eles
serão os principais.
Sendo assim, eu gosto de deixar uns 4-5 canais com um VST
(Serum) aberto, mesmo que no Init Preset. Em cada canal,
eu gosto de deixar um EQ, compressor e saturação.
Eu ainda não falei de Reverbs e Delays. Calma que vamos
chegar lá.

Faça um grupo com todos esses elementos. Eu geralmente


gosto de colocar um compressor (Glue Compressor) com
attack no máximo, release no mínimo, ratio 2:1 e um
threshold que permita uns 2-3 dB de redução de ganho.
Assim, os elementos do grupo já ficam mais coesos.
Além disso, eu gosto de ter um EQ cortando os graves (de
100Hz pra baixo) para que o grupo não interfira no kick e
bass.

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Canal Extra - Loopcloud

O último canal da minha música é o Loopcloud, a minha


plataforma de samples. Eu uso quando necessário.

Canais de Retorno (Return Channels)

Esses canais (bus) são extremamente importantes para o


workflow e também para a coesão e mixagem da sua
música. Como são canais paralelos, o efeito não é aplicado
diretamente no sinal de cada canal. Sendo assim, você corre
menos risco de poluir demais a mix com reverbs e delays,
por exemplo.

Vamos aos canais.

Eu gosto de ter os principais efeitos que eu utilizo em canais


de retorno. É importante lembrar que quando você vai
colocar um efeito em um canal de retorno o WET deve estar
em 100%.

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Return Channel 1 - Reverb curto (Decay de 0.3 - 0.7
segundos)
Return Channel 2 - Reverb longo (Decay de 1-10
segundos)
Return Channel 3 - Delay 1/4d
Return Channel 4 - Delay 1/8d
Return Channel 5 - Distorção/Saturação

Todos esses plugins podem ser nativos. Não tem problema


nenhum nisso!

Coloração

Organize os seus canais e grupos por cores. É uma tarefa


opcional, mas essa organização ajuda bastante no seu
workflow. Pra mim, kick e bass são sempre vermelhos,
synths são laranja, bateria é azul e atmosferas são
rosa/roxo.
Parece irrelevante, mas eu olho pra minha música já consigo
ter uma compreensão global dos elementos.

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PILAR #2 - WORKFLOW
O segundo pilar do Sistema 10X é o Workflow, ou seja, o seu
fluxo de trabalho. Basicamente, é uma sequência de
processos que você utiliza para produzir.

Entenda que eu não tenho o interesse de mecanizar a


produção. Mas, inevitavelmente, você segue uma sequência
de processos para produzir uma música. A minha intenção é
clarear esses processos.

Antes de falarmos sobre os processos que eu organizei, eu


preciso que você preste atenção em alguns conceitos
importantes:

Conceito #1 - A Regra do 1

Se você parar pra ouvir as músicas que se tornam HITs e


que funcionam na pista, vai perceber que elas tem uma
única ideia, uma única direção e uma única mensagem.

O público precisa entender a história de cada música. Uma


história tem personagens, protagonistas e coadjuvantes,
começo, meio e fim. Se a sua história é muito confusa, a
pista não entende e se dispersa.

Então, lembre-se sempre de tentar manter uma única ideia


e direção em cada música.

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Conceito #2 - A Preparação mental

Eu sempre busquei o autodesenvolvimento e pra mim não


existe separação entre profissional, pessoal e espiritual.
Você tem todo o direito de discordar de mim. Eu também
não quero impor nenhuma crença a ninguém. Mas, pra mim,
a minha arte é intimamente relacionada a aspectos sutis da
minha existência.

Eu encaro cada sessão de produção como uma jornada


imersiva, a qual eu levo com seriedade e respeito. É como se
eu fosse sentar para meditar. Existe uma preparação!
A primeira coisa é estabelecer uma rotina. Qual é o melhor
horário pra você produzir?

Na minha experiência, eu funciono melhor de manhã, logo


depois de acordar, fazer alguma atividade física e depois
meditar.

Pra você, pode ser diferente, mas é necessário reduzir os


ruídos da sua mente para poder ouvir a voz interna. Essa
"voz" é a sua intuição, a sua fonte de criatividade, o seu eu
verdadeiro. No fundo, a sua música é isso, uma tradução
daquilo que vibra dentro de você em uma linguagem sonora.

Poderia ser um quadro, uma escultura, qualquer coisa.


Mais uma vez, não quero converter ninguém à prática de
meditação ou a qualquer tipo de crença, mas acalmar a
mente antes de uma sessão é essencial.

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Conceito #3 - O Bloqueio das distrações

A preparação para uma sessão eficiente depende de você


desligar as distrações enquanto produz. Desligue o celular,
feche o e-mail, feche todas as abas do seu navegador. Se
possível, desligue o wifi. Faça isso durante 40-60 minutos.
Depois, se dê o direito de checar as redes sociais ou assistir
qualquer coisa que quiser no Youtube.

Conceito #4 - O Loop Mestre

O Loop Mestre é a sua caixa de materiais. É a matéria-prima


que será transformada em uma música. Há produtores que
não gostam muito dessa abordagem e preferem produzir de
forma linear, compondo cada elemento da música conforme
surge a necessidade no decorrer do arranjo. Não existe
certo e errado, mas nesse método, vamos compor um loop
com os elementos principais da sua música. Esse loop deve
ter 8 ou 16 compassos (32 ou 64 kicks).

O Loop Mestre vai ter algumas camadas:

Camada 1 - Kick e Bass


Camada 2 - Bateria
Camada 3 - Atmosferas e FX
Camada 4 - Synths, Leads, Plucks, Melodias, Pads…

Você pode criar divisões diferentes, da forma como fizer


mais sentido pra você. Este é um ponto de partida.

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Por qual camada começar?

Isso você vai descobrir na prática. Há produtores que


preferem começar pela melodia ou hook. Outros preferem
começar pelo kick e bass.

Pra mim, em todos os meus testes, o que mais funcionou foi


construir uma base rítimica, com kick e bass, depois alguns
elementos da bateria, em seguida partir para a parte de
ambiências/atmosferas, e então criar os synths. Eu testei
inúmeras formas, mas essa foi a que mais funcionou pra
mim, para o estilo que eu produzo.
E é exatamente por isso que a primeira fase do método
consiste em um DESAFIO DE 7 DIAS.

PASSO 01: O Desafio de 7 dias

Eu te desafio a criar uma ideia por dia, ao longo de 7 dias.


Um único loop completo, com todos os elementos
principais. Em cada dia, você vai começar de um jeito. Um
dia pelo kick e bass, outro pela bateria, outro pela melodia e
assim por diante.

Não existe certo e errado. Existe o que funciona pra você.


Esse é um momento de puro brainstorm, ou seja, você vai
vomitar as ideias sem nenhum tipo de preocupação com
padrões ou com a perfeição.
Simplesmente jogue as suas ideias na DAW com velocidade,
sem hesitar. Se esbarrar em alguma dificuldade, tente
resolver com os recursos e conhecimento que você tem.
Quando você entrar em uma sessão, você não pode permitir
qualquer tipo de interrupção. 32
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Desligue o celular, o sinal da internet. Você vai imergir
durante 40-60 minutos. É um exercício de foco! Resista a
tentação de checar as redes sociais ou buscar informações
em tutoriais.

Se restrinja aos recursos que você possui, à sua pasta


suprema e aos canais que você já criou no Template 10X.
Lembre-se que a criatividade depende de
limitações/resistência.
Sentou pra produzir? Só levante quando o loop estiver
pronto.

Você vai se surpreender com o primeiro resultado, mas


quando chegar no sétimo dia, você vai ficar chocado!
Sabe por que? Porque você repetiu o MESMO processo
durante 7 dias. Produziu com os mesmos elementos, fez
melhorias no processo.

Esse desafio vai te ajudar a desenvolver 3 coisas:


Seu workflow para começar as tracks.
A habilidade de brainstorming
Sua autoconfiança

PASSO 02: O Melhor dos 7

Se você fez o desafio, você vai ter 7 ideias de tracks, 7 Loops


Mestres.
Agora, você vai escolher o melhor e desenvolvê-lo.

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PASSO 03: O Esqueleto do Arranjo.

Chegou a hora de você transformar o seu Loop Mestre em


um esboço de arranjo.
Existem várias formas de fazer isso. Uma delas é o arranjo
subtrativo e a outra é o arranjo linear.

O Arranjo Subtrativo
Com essa técnica, você simplesmente irá duplicar o Loop
Mestre até chegar no tamanho da track que você deseja.
Em seguida, você irá desconstruir, deletando elementos
para criar variações de tensão e energia.

O Arranjo Linear
Essa é uma técnica parecida, mas ao invés de duplicar o seu
loop, você vai deixar o Loop Mestre parado e vai retirar
elementos dele para criar o seu arranjo. É como se fosse
uma caixa de materiais, de onde você retira os elementos e
constroi o seu arranjo de forma linear.

Eu, particularmente, gosto mais do arranjo linear. Eu


acredito que, com ele, a história acaba sendo mais
imprevisível, menos mecânica e mais natural.

É claro que você precisa entender um pouco sobre a criação


de histórias em um arranjo, mas não se preocupe que
vamos falar disso no terceiro pilar.

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PASSO 04: Preenchendo o Arranjo

Inevitavelmente, quando você transformar o Loop Mestre


em um arranjo completo, vai ficar faltando elementos. Você
vai perceber que falta preenchimento em algumas partes.
Novos elementos precisam ser adicionados. É claro que, na
maioria das vezes, eles serão elementos de preenchimento.
Não serão protagonistas como aqueles do Loop Mestre.
Mas, você vai notar que a sua track está um pouco crua.

Esse é o momento de ouvir calmamente cada seção da sua


track e observar o que está faltando.

PASSO 05 - Transições e Tensão

Depois que o arranjo está completo e com níveis de energia


adequados em cada seção, é hora de trabalhar as transições
e a criação de tensão.

Eu gosto de trabalhar as transições entre cada frase de 32.


Na música eletrônica, a cada 32 ou 64 kicks, os elementos
entram ou saem. Não precisa ser necessariamente assim,
mas se você analisar a imensa maioria das músicas, é assim
que elas funcionam. O ser humano já está
inconscientemente acostumado a isso.

Sempre no final de uma frase de 32, eu crio alguma tensão


para chamar a próxima frase, principalmente se um novo
elemento for entrar na próxima frase.

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Existem muitas formas de criar tensão no final de uma frase:
Elementos ao contrário (reverse)
Silêncio (retirada dos elementos)
Fills (viradas de bateria)
Risers/ Uplifters
Filltrar frequências
Alteração no ritmo
Tensão melódica
etc

Via de regra, eu crio um pouco de tensão no final de uma


frase para chamar a próxima. Chamamos isso de variações
de micro-tensão. Já entre as seções da track (intro, verso,
break, drop, outro…), chamamos de variações de macro-
tensão.

PASSO 06 - Técnica do Scanner

Quando a sua música termina?


Eu tenho uma teoria de que nenhuma música está 100%
completa.

Todas as músicas que você ouve não passaram de 95%. Se o


produtor abrir o projeto, ele vai achar alguma coisa que
precisa ser feita. Então, a verdade é que você nunca termina
uma música. Você vai até o máximo que dá pra ir e seja o
que Deus quiser.

Mas, eu desenvolvi uma técnica para finalizar as minhas


músicas. Eu basicamente passo um scanner na track inteira
várias vezes e vou consertando cada detalhe.
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Funciona assim:

Selecione um loop de 32
Ouça inúmeras vezes, observando se a tensão criada no
final do loop está correspondente à liberação/entrega do
começo da frase.
Observe a transição
Observe os níveis de energia. Falta algum elemento? Tem
elementos demais? Dá pra deletar alguma coisa?

Eu passo esse scanner frase por frase até chegar no fim da


música. Quando eu termino, eu repito esse processo
algumas vezes durante alguns dias.
É importante você descansar e ouvir no dia seguinte. Até
mesmo ficar um tempo longe do projeto.

PASSO 07 - Audição às cegas

Ouvir a sua track enquanto você olha para o projeto é


diferente de ouvir em outra plataforma. Por isso, quando a
música está quase pronta, eu exporto para ouvir sem o viés
visual. Nesse momento, pegue um caderno e faça anotações
sobre o que você acha que precisa ser feito para melhorar a
sua track.

Você vai se surpreender com os detalhes que você observa


quando não está ouvindo diretamente na sua DAW.
Você pode, inclusive, subir a track para o Soundcloud e ver a
waveform. É interessante porque você pode inserir
comentários diretamente onde você observa os pontos de
melhoria.
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Pronto, agora você tem uma track completa! O próximo
passo é exportar as faixas para mixar em outro projeto na
sua DAW. Alguns produtores mixam diretamente no mesmo
projeto. Mas, eu acredito fortemente que existem muitas
vantagens em criar um projeto separado para mixagem.

Vantagens de exportar as faixar de áudio e mixar em um


projeto separado:

As faixas estarão todas em áudio


Você vai focar exclusivamente na mixagem. É um outro
processo que não tem nada a ver com a produção. Por
isso, é recomendável separar as etapas.

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PILAR #3 - STORYTELLING
Storytelling é a arte de contar histórias com as suas músicas.
Toda música conta uma história, mesmo que sem letras. Os
artistas que dominam essa arte são aqueles que
colocam fogo na pista quando tocam. Suas músicas se
tornam irresistíveis aos espectadores. Estes são os mesmos
conceitos utilizados em filmes e séries para te manter preso
na poltrona durante horas!

Antes de falarmos sobre storytelling, você precisa entender


sobre alguns aspectos básicos sobre a anatomia da música
eletrônica.

ANATOMIA DA MÚSICA ELETRÔNICA

Por mais que cada música possa parecer única e inovadora,


você vai perceber que não existe tanta inovação assim. A
forma é a mesma, as estruturas são as mesmas, os
componentes anatômicos são os mesmos.

As seções da música eletrônica

A música eletrônica, tal qual a música "tradicional" ou pop


possui estruturas muito parecidas.
Na música pop temos:
Introdução
Verso
Refrão
Ponte
Outro (opcional)

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Observe as músicas POP ou até mesmo sertanejo mais
tocadas no Spotify e você vai notar que as estruturas são
muito, muito parecidas. Isso é um aspecto negativo da
indústria.

Mas, a verdade é que, ao longo dos últimos anos, foram


descobrindo quais são as estruturas exatas que mais tem
chances de fazer com que aquela composição se torne um
HIT. Até mesmo a duração das seções, BPMs e tonalidade
tem se tornado cada vez mais enlatados.

Na música eletrônica, os componentes anatômicos, ou seja,


as seções, são muito parecidas com as da música
tradicional.
Você vai notar que, na maioria das músicas, existe:

Introdução
Verso
Break + Build Up
Verso
Outro

Esta seria uma construção extremamente simples. Você


pode usar esses blocos da maneira como quiser. Sua música
pode ter 1, 2, 3 breaks. Não importa! Você é dono da sua
arte. Mas, o juíz é sempre o público.

32
60
Se a sua música tem muito break, a pista vai ficar entediada
e vai se dispersar.
Se ela não tiver alterações de energia e tensão, o público vai
ficar entediado.
A maneira como você constrói esses blocos é que vai tornar
a sua música mais ou menos interessante para o público.

Uma dica para aprender a construir esses blocos é estudar


músicas de artistas referência. Pode ter certeza que eles já
cometeram muitos erros e já testaram suas músicas em
muitas pistas. Portanto, sabem quais são as estruturas que
funcionam e as que não funcionam.

Isso que você viu agora é uma estrutura extremamente


básica. Entretanto, eu, particularmente, criei uma divisão um
pouco mais detalhada:

Introdução
Verso Construção
Verso Full (Refrão)
Break + Build Up
Verso Construção (Drop)
Verso Full (Refrão - Clímax)
Contraste (Quebra de padrão) - Opcional
Verso desconstrução
Outro

Como eu disse, você pode remanejar essas seções como


quiser! Eu, geralmente uso algo parecido com a estrutura a
seguir:

32
61
Introdução
Verso Construção
Verso Full
Break + Build up
Contraste
Verso construção ou Full
Break + Build Up
Verso construção
Clímax
Desconstrução
Outro

Se você está um pouco perdido, acalme-se! Vamos falar


sobre cada uma dessas seções agora.

INTRODUÇÃO

A introdução é uma seção que está presente na maioria das


músicas, mas não é obrigatória. No house e techno, por
exemplo, muitas músicas já começam no verso. Na música
pop, algumas já começam pelo refrão.

A introdução, como num filme, tem a função de apresentar


os personagens e estabelecer a vibe da música. E é aí que
muitos produtores se confundem, criando introduções que
não tem nada a ver com o resto da música.

É importante que a sua introdução tenha alguns dos


elementos que caracterizam a sua música. Ela serve para
introduzir o primeiro verso.

32
62
Sendo assim, eu geralmente gosto de construir a minha
introdução quando eu já compus os principais elementos da
música.

Não existem regras em relação à duração da intro e a parte


ruim é que, quando sua música é tocada em um set,
geralmente, a introdução será cortada.

Vamos falar mais pra frente sobre tensão, mas é importante


que a sua introdução crie uma tensão equivalente ao que
será entregue no primeiro verso (ou drop).

Esse é um erro que vejo muitos produtores cometendo. Ou


a tensão é muito baixa ou é muito alta. No primeiro caso, o
drop vai ser uma porrada muito intensa. No segundo, o drop
acaba sendo decepcionante.
Resumindo, temos 3 grandes objetivos com a introdução:

1. Apresentar alguns personagens da nossa história


2. Estabelecer o humor da música
3. Criar tensão para o primeiro verso.

VERSO

O primeiro verso da música é, basicamente, quando começa


o kick e o bass. O tamanho do verso pode variar. O verso é
uma seção da música que vai até o break. Eu gosto de dividir
em 2 partes: VERSO CONSTRUÇÃO e VERSO FULL.
Independente do gênero, a música eletrônica é, na maioria
das vezes, progressiva. Sendo assim, os elementos são
inseridos gradualmente, a cada frase de 32 ou 64.
32
63
Para manter a atenção do espectador, é interessante que
ocorra alguma variação a cada frase de 32 ou 64.
Na minha música, geralmente, eu começo o verso com kick,
bass e algum elemento mais atmosférico. Gradualmente,
vão entrando os hihats, percussão, snare, synths etc.
Então, chega um momento em que esse verso está bem
cheio, com várias camadas de elementos.

O nível de energia vai aumentando gradualmente, à medida


que novos elementos vão sendo inseridos, ocupando cada
vez mais o espectro.
Uma dica importante sobre a construção dos seus versos é
compor cada elemento em seu devido lugar no espectro,
como uma orquestra. Isso vai facilitar muito a mixagem.

Por exemplo, eu tenho um verso com:


Kick
Bass
Bateria
Leads
Pads
Fx

Se eu quiser inserir um arpejo, por exemplo, ao invés de


colocar na mesma oitava que os outros synths, eu vou
escolher uma oitava mais alta ou mais baixa, como uma
orquestra em que cada elemento possui o seu lugar, de
acordo com as frequências que ele ocupa.

Cada elemento que você insere no seu arranjo ocupa um


lugar no espectro. Quanto mais o espectro é preenchido,
maior o nível de energia. 32
64
BREAK + BUILD UP

Quando o seu verso está bastante preenchido, com um alto


nível de energia, é hora de construir um break.
Esse contraste entre níveis de energia é importante para
que a sua música seja confortável de ouvir na pista.
Principalmente no Brasil, temos uma cultura de break muito
forte. Brasileiro ama break e build-up mais do que outros
povos que eu conheço!

O break é o momento em que o nível de energia da sua


música vai ser drasticamente reduzido. Geralmente, são
utilizados mais elementos para criar emoção e atmosferas.
É um relaxamento, mas sem perder a direção da track. Você
pode utilizar as mesmas ambiências e melodias da
introdução, inserir vocais, percussões etc.

Um erro que eu vejo muita gente cometendo e que eu já


cometi várias vezes é criar breaks muito longos. Mais uma
vez, eu reafirmo, não existem regras na música e nada te
impede de criar um break de 8 minutos, mas a pista é quem
determina. Se o break é muito longo, a pista geralmente fica
entediada e se dispersa.

A minha dica é sempre começar do jeito mais simples, como


por exemplo, com um break de 8 compassos.
O break pode ser uma queda brusca, depois de um verso
carregado de energia, ou você pode começar a desconstruir
o seu verso antes de inserir o break.

32
65
Na sequência do break, vem a Build-Up, a subida que vai
levar ao drop. Assim como na introdução, o nível de tensão
que se cria na build-up deve ser correspondente ao que se
entrega no drop/verso.
A build-up pode ser construída de infinitas maneiras, com
uplifters, snare-rolls, kick-rolls, pads, elementos repetitivos
etc.

A minha sugestão é que você analise com calma as build-ups


de artistas que você gosta e tente desvendar as estratégias.
Anote os elementos que são utilizados pelos artistas. Isso vai
te trazer bons insights.

VERSO/DROP

Após a build-up, vem o momento mais extasiante da sua


música, o DROP. O drop é um apelido que demos ao verso.
Você pode soltar o drop carregado de elementos (Verso Full)
ou criar um verso construção, começando com kick, bass e
alguns elementos e ir construindo até chegar no Verso Full.

O processo é o mesmo que você utilizou na primeira parte


da música, entretanto, é interessante que o Verso Full
possua mais energia do que o verso antes do break.
Assim, não fica repetitivo.

Eu geralmente, separo algum synth mais pesado ou uma


nova camada de pratos para preencher mais e criar mais
peso. É nesse verso que eu vou construir o clímax da
música. O clímax momento de maior energia, com todos os
elementos principais tocando ao mesmo tempo.
32
66
OUTRO

Depois do clímax, a música começa a ser desconstruída


gradualmente. Isso é o que chamamos de OUTRO. É o
momento em que o DJ vai mixar a sua música, sincronizando
com o começo de outra música. Geralmente, a outro tem 8-
16 compassos.

SEÇÃO CONTRASTE

Essa é uma seção opcional, mas eu gosto de utilizar em


muitas músicas. Como eu geralmente crio um arranjo com 2
breaks, depois de algum deles, ao invés de voltar com um
verso normal, que o público já estava esperando, eu volto
com uma estrutura diferente, quebrando o padrão. É nesse
momento que muitos produtores utilizam o Triplet Bass.

Eu procuro não deixar essa seção muito longa, para não


perder a direção da música. Geralmente, depois de um
tempo, eu crio uma transição, que pode ser um mini-break,
e volto para o verso normal (drop/clímax).

A maneira como você vai organizar esses blocos é pessoal. A


única posição que você não pode alterar é a da intro e a da
outro. O resto, você pode configurar como quiser.
Entretanto, com a experiência de pista, você começa a
perceber o que funciona e o que não funciona.

Por isso, é interessante estudar o arranjo de produtores


experientes, que você sabe que já testaram aquelas músicas
em centenas de pistas.
32
67
ENERGIA E TENSÃO

Chegamos no momento em que você vai aprender os


segredos para criar histórias em suas tracks.
É claro que cada elemento da sua composição é um
personagem da sua história. Mas, personagens por si só não
fazem uma história.
Para cativar a atenção do espectador, você precisa dominar
a distribuição dos níveis de energia.

Você já deve saber que os níveis de energia variam no


decorrer do arranjo, mas agora você vai aprender detalhes
técnicos que são os verdadeiros segredos dos maiores
songwriters do mundo.

Um parênteses aqui. A música pop é uma indústria que gera


muito dinheiro. Como toda indústria, é feita para dar lucro. E
uma vez que tem dinheiro envolvido na jogada, os
songwriters pesquisam de forma científica a aceitabilidade
de diferentes arranjos pelo público. Inclusive, há
pesquisadores do MIT que desenvolveram um algoritmo
para isso.

Existe um interesse global para identificar os segredos dos


HITs, embora eles nunca tenham alcançado um alto nível de
precisão. Em outras palavras, se uma música vai dar certo
ou não, é sempre um mistério.

Mas, é fato que existem estratégias que funcionam para


manter o público engajado com a sua música o tempo todo
e a distribuição de energia é uma delas.
32
68
Esse gráfico mostra como os níveis de energia são
distribuídos ao longo de uma música.
Você pode notar que na introdução os níveis são baixos e
vão crescendo gradualmente até o primeiro break. Depois
temos uma nova construção, mais um break e no final o
nível de energia está no máximo. É o que eu chamo de
Clímax, o drop final.
O clímax é importante porque é a resolução do conflito da
sua história, como se fosse a batalha final.

Como dosar os níveis de energia

1. Espectro

Aqui a regra é simples. Quanto mais o espectro estiver


preenchido, maior o nível de energia. Isso é totalmente
relacionado ao arranjo. Existem momentos da sua música
em que está tocando somente as atmosferas e pads. O nível
de energia, portanto, é baixo. Já num drop, o espectro está
preenchido com inúmeras camadas de elementos, como
uma orquestra.

69
2. Dinâmica - Volume

É um pouco óbvio, mas quanto maior o volume, maior a


energia. É um conceito básico, mas é importante que ele
seja claro pra você. Desta forma, você pode, por exemplo,
dar uma potência maior pro drop final reduzindo o volume
da build-up.

3. Ritmo

Quanto mais espaçadas forem as notas de um determinado


elemento, menor o nível de energia. Quanto mais rápida for
a repetição, maior o nível de energia.
Em termos práticos, se você tem um hihat tocando em um
ritmo 1/4, o nível de energia é mais baixo do que se ele
estiver tocando 1/16.

Imagine os primeiros 8 compassos (ou 32 kicks) da sua


música com kick, bass e um hihat no ritmo 1/4.
Na próxima frase, esses elementos permanecem, mas entra
uma caixa.
O que aconteceu com o nível de energia?
Isso mesmo. Aumentou!

Você criou um degrau no nível de energia através do


preenchimento do espectro.
Se na próxima frase você mantiver os mesmos elementos,
mas aumentar a repetição do hihat para 1/8 , o nível de
energia também vai aumentar devido à alteração do ritmo.

Então temos algo mais ou menos assim:


32
70
Dosando os níveis de energia, você começa a criar histórias.
Vamos imaginar uma música completa:

Essa é uma estrutura simples, mas que funciona.


Quando você conhece os blocos que constituem a música e
como dosar os níveis de energia em cada seção, você não
trava mais!

Basicamente, é uma questão de orquestração. Inserir e


retirar elementos + alterar o ritmo desses elementos.
É muito interessante observar como isso acontece em
orquestras ou, principalmente, num show do Hans Zimmer.
Se você nunca assistiu um show dele, por favor, faça isso.
Mas faça com muita atenção e você vai ver o que é
storytelling.

32
71
Você vai perceber como as histórias são criadas com:

Espectro (novos músicos entrando e aumentando a


energia)
Dinâmica (a intensidade com que os instrumentos são
tocados)
Ritmo (a velocidade com que os instrumentos são
tocados)

Agora que você já conhece os níveis de energia, vamos falar


sobre TENSÃO. A tensão é o fio condutor entre um degrau e
outro. É o que torna sutil a transição de cada degrau. Caso
contrário, as transições seriam todas bruscas.

A tensão é o que conecta e introduz as seções da sua


música.
Essa tensão entre as seções é chamada de MACRO-TENSÃO.

É como se você criasse uma antecipação para cada


elemento que vai entrar.
Você pode introduzir ou retirar os elementos de forma
brusca. Existem vários tipos de transições, que vamos ver à
frente.

32
72
Mas, se você sempre faz de forma brusca, a sua música
acaba sendo um pouco decepcionante para o espectador.
Portanto, eu sempre gosto de criar alguma tensão quando
vou inserir novos elementos. Vamos conhecer em breve
várias maneiras de criar tensão. Não se preocupe!

Mas, só para elucidar o que estamos conversando, imagine


que eu vou inserir um snare na próxima frase. Ao invés de
simplesmente colocar um snare, eu crio uma pequena
tensão, que gera uma expectativa na pista, como por
exemplo, um pequeno silêncio de 1 compasso (4 kicks) antes
de o snare entrar. Ou talvez, um elemento ao contrário, um
pequeno riser/uplifter ou um crash ao contrário.

Assim, a sua música ganha movimento, dinâmica e está


sempre prendendo a atenção da pista.

MICRO-TENSÃO

Diferente da macro-tensão que é aquela gerada entre as


seções de uma música, a micro-tensão é gerada dentro de
uma frase de 32. Vou dar o exemplo mais simples para que
você possa entender.

Na figura a seguir, temos uma frase de 32, ou seja, 8


compassos. No final da frase perceba que tem um crash-
reverse (ao contrário).
É interessante gerar uma tensão no final de uma frase de 32
para dar conforto ao expectador. É como se isso servisse
para ele, inconscientemente, se situar. Lembre-se que o
cérebro quer entender o que está acontecendo.
32
73
Desta forma, você indica que acabou uma frase e vai
começar outra. É como se fosse um capítulo de uma série
que sempre termina com alguma tensão para que você não
resista em assistir o próximo. O próximo episódio, logo no
início, traz a resolução daquele conflito e depois cria outro.
Assim, você fica preso assistindo 8 episódios de uma vez.

Essa tensão pode ser gerada no final da frase de 32, mas


você também pode gerar uma pequena tensão na metade
desta frase.
Na verdade, como eu já disse milhões de vezes, não existem
regras, mas estamos partindo das estruturas mais simples
para que a compreensão seja efetiva.

TENSÃO X LIBERAÇÃO

Se você já assistiu alguma série como Lost ou Breaking Bad,


é provável que você já tenha maratonado, de um episódio
para outro, sem conseguir desligar a TV.

Acontece que os roteiristas entendem muito bem o conceito


de Tensão X Liberação, ou Antecipação X Gratificação.
Via de regra, no final de um episódio, um grande conflito é
gerado. Cria-se uma tensão que não é resolvida. O episódio
acaba.

32
74
Você não enxerga outra alternativa para a sua vida senão
assistir o próximo episódio, que começa com a resolução do
conflito anterior (gratificação). E o ciclo se repete.

Na música eletrônica não é diferente. A cada frase de 32,


cria-se uma tensão (antecipação), que faz com que as
pessoas criem uma certa expectativa de que algo irá
acontecer. Na próxima frase, ocorre a liberação e as pessoas
"relaxam".

Um exemplo bem simples é o do crash ao contrário no final


da frase, gerando tensão/expectativa e o crash normal no
início da próxima frase, gerando alívio/gratificação.

Isso é o que rouba a atenção das pessoas. Repare nas


músicas que você gosta. É sempre esse mesmo padrão.

COMO CRIAR TENSÃO

Existem muitas maneiras de criar tensão. De maneira geral,


quando se quebra um padrão do que está acontecendo na
sua música, isso já cria tensão.

Vou dar um exemplo muito comum:

Imagine um verso com kick, bass e bateria. No último


compasso da frase de 32, o produtor filtra as frequências
graves do kick e bass. Isso quebra o padrão sônico.

Outro exemplo:

32
75
Retirar os últimos 4 kicks e baixos da frase. Isso também
quebra um padrão sônico e rítmico. Inserir um silêncio
quebra um padrão. Uma virada de bateria no final da frase
também quebra o padrão.

6 Formas de Criar TENSÃO

1. Tensão dinâmica

É quando você cria um aumento gradual na dinâmica


(volume) e repetição de determinados elementos.

Ex:
Snare roll
Kick roll
Aumento gradual no decay (ex.: Hihats)

2. Tensão espacial

É quando você cria uma alteração espacial dos elementos,


geralmente de forma gradual.

Ex:
Reverb

3. Tensão rítmica

É quando o espectador está acostumado com um ritmo e o


padrão deste ritmo é quebrado. Geralmente, o ritmo é
acelerado.

32
76
4. Tensão tonal

É quando ocorre uma alteração no espectro. Geralmente,


quando os graves são filtrados com um hipass filter.

Ex.:
Filtrar os graves do kick e bass.

5. Tensão no pitch

É quando elementos tonais sofrem uma variação gradual no


pitch (tonalidade).

Ex:
Uplifters
Downlifters
Synth Risers

6. Tensão melódica/harmônica

Aqui você vai precisar estudar um pouco de teoria musical,


mas existem intervalos que criam tensão e pedem uma
resolução (para a nota fundamental). O intervalo mais
utilizado é a Quinta. Por exemplo, se você estiver fazendo
uma progressão de acordes na escala de Dó Menor (Cm) , o
acorde Sol Menor (Gm) gera uma tensão e pede para voltar
para a tônica (Cm).

Outro exemplo são os intervalos dissonantes.


Os intervalos de 2ª, 7ª maiores e menores são considerados
intervalos dissonantes, pois pedem resolução. São muito
utilizados em filmes de terror. 32
77
05
Conclusão

"Cada conquista começa com a decisão de tentar."

JOHN F KENNEDY
Um breve resumo
Nos primeiros capítulos, você entendeu a importânica de
terminar as suas músicas e as razões pelas quais a maioria
dos produtores tem dificuldades nisso.

Em seguida, você conheceu a solução para acelerar o seu


workflow e terminar muito mais músicas: O Sistema 10X. O

Sistema 10X é composto por 3 Pilares:

- Otimização
- Workflow
- Storytelling

No primeiro pilar - Otimização, o foco é otimizar os seus


recursos para acelerar o processo de produção. Dentre as
estratégias, você aprendeu:

1. A Pasta Suprema
2. O Loopcloud
3. Seu banco de presets
4. Canais prontos
5. O Template 10X.

No segundo pilar - Workflow, o foco é acelerar o seu método


de produção. Para tanto, sugerimos que, após a conclusão
das tarefas do pilar número 1, você siga os seguintes
passos:

32
79
1. Sete dias de brainstorming - Criação de uma ideia por dia
durante uma semana.
2. Escolha da melhor das 7 ideias.
3. Transformar o Loop Mestre em um esqueleto de arranjo.
4. Lapidar o arranjo.
5. Lapidar as transições e níveis de tensão
6. Técnica do scanner.
7. Audição às cegas.

No terceiro pilar - Storytelling, você aprendeu quais são os


componentes da Anatomia da música eletrônica e os
ingredientes para criar histórias.

Os principais blocos que constituem a anatomia da música


eletrônica são:

- Introdução
- Verso Construção
- Verso Full
- Break
- Build Up
- Verso Clímax
- Verso Contraste
- Outro

Além disso, a criação de histórias envolventes é realizada


com base na dosagem dos níveis de energia e tensão.

32
80
06
Seu próximo
passo ideal
Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se
não puder andar, rasteje, mas continue em frente de
qualquer jeito.
MARTIN LUTHER KING
Espero que este livro tenha clareado alguns conceitos que
possam permitir a sua evolução na produção musical.

Nenhuma jornada para uma conquista relevante é simples e


fácil. Na produção de música eletrônica não é diferente. É
necessário estar em movimento, avançando dia após dia,
ainda que seja apenas um passo.

Se você deseja avançar nesse conhecimento e se


aprofundar no método Sistema 10X, eu sugiro que você
entre no meu programa avançado, onde eu ensino com
profundidade todos os temas que foram abordados neste
livro.

Muito obrigado por ter adquirido este material. Te desejo


uma excelente jornada a partir de agora. Que seus sonhos
possam se concretizar o mais breve possível e...

...Nos vemos no palco!

Eduardo Juliato

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82
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelo privilégio de eu ter
recebido a minha vida.
Agradeço à minha equipe da PME-Experts que se dedica
ao trabalho com amor e boa vontade.
Agradeço à minha esposa, Priscila, pelo apoio incondicional
e por despertar em mim as minhas melhores virtudes.

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