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RITUAL

FUNERAL MAÇÔNICO

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INTRODUÇÃO

A Muito Respeitável Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás


não possui Ritual para velórios aos seus membros falecidos, sejam eles
realizados dentro ou fora dos Templos. Da mesma forma não autoriza
nenhum procedimento ritualístico, fora do Templo, no velório ou no
momento do sepultamento.

Os acontecimentos desta natureza são copiados de outras potências


maçônicas, sem o parecer da Grande Loja, cuja prática pelas nossas
Oficinas, além de comprometer os usos e costumes, geram dúvidas,
despadronização e procedimentos inconvenientes.

Com o objetivo de padronizar e atender os anseios, achou-se por bem


implantar o Ritual de “Funeral Maçônico”, a ser aplicado em Cerimônias
Fúnebres, quando do falecimento de Irmãos regulares.

Em vigor em várias Grandes Lojas do Brasil, o Ritual de “Funeral


Maçônico” ou “Cerimônia de Corpo Presente” trata-se de Sessão
Ritualística realizada no interior do Templo, com o corpo presente.

O velório, no entanto, deverá acontecer em outro local, podendo ser nas


dependências da Loja, se houver espaço apropriado, na sala dos Passos
Perdidos, por exemplo, exceto no interior do Templo.

O falecimento de um Irmão não impõe, em regra, à sua Loja,


o dever de realizar maçonicamente o seu funeral de corpo presente, no
Templo.

Esse dever existirá quando o Irmão, em vida, tiver manifestado


por escrito, ou verbalmente em Loja, com registro em balaústre, o desejo
de que uma parte de suas exéquias fosse maçonicamente executada. Ou
seja, fosse realizado ritualisticamente o seu funeral.

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Mesmo assim, por ocasião do passamento do Irmão, cabe ao
Venerável, ou através do Irmão Hospitaleiro, informar à cunhada-viúva
que consta em Loja o desejo daquele Irmão de que uma parte do seu
cerimonial fúnebre fosse desenvolvido no Templo, ao qual ela e os
familiares poderão assistir.

Somente com o seu consentimento é que - mesmo existindo


o pedido do Irmão falecido - o corpo poderá ser trasladado para o
desenvolvimento do ritual fúnebre no Templo.

É de inteira e exclusiva responsabilidade da Loja o traslado do


corpo, esteja onde estiver na cidade de seu domicílio, para o Templo e
vice-versa, bem como o transporte dos principais familiares, estando na
mesma cidade, para assistirem ao cerimonial maçônico.

Não tendo o Irmão falecido deixado manifestação de vontade


quanto ao seu funeral maçônico, ainda assim poderá ele ser realizado,
se houver solicitação clara e inequívoca da cunhada-viúva naquele
sentido, caso em que então, tocará aos familiares a providência quanto
ao encaminhamento do corpo ao Templo e sua remoção após finda a
cerimônia; salvo se as condições financeiras da família não permitirem
esse custeio, quando então caberá à Loja o correspondente dispêndio.

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INSTRUÇÕES ESPECIAIS

1º O Mestre Arquiteto providenciará com devida antecedência


para que estejam revestidos de crepe preto os Altares dos Oficiais.

2º Os candelabros nos Altares e os malhetes também estarão


envoltos em crepe, devendo cada um ser enlaçado por um ramo de
acácia.

3º Os batentes dos malhetes deverão ter sobre si um revestimento


que permita que as batidas neles desferidas ecoem surdas, como convém
à seriedade e tristeza do momento.

4º Os suportes do ataúde deverão ser colocados no espaço que


entremeia o Altar dos Juramentos e o centro das Colunas B e J. Se
necessário, o Altar dos Juramentos poderá ser deslocado para um pouco
mais próximo dos degraus de acesso ao Oriente.

5º A única musicalidade possível é a execução da Marcha Fúnebre


de Chopin, nos momentos ritualisticamente previstos e precisamente
indicados.

6º Uma vez colocado o ataúde em seus suportes no interior do


Templo, é colocada na cabeceira uma vela amarela em pedestal alto e
outras duas, de mesma cor e também em pedestais altos, aos pés, sendo
uma à direita e outra à esquerda, formando triângulo entre elas. Todas as
três velas só serão acesas no momento ritualisticamente previsto.

7º O Mestre Arquiteto providenciará para que haja uma cesta ou


bandeja, de tamanho médio, contendo ramos com folhas de acácia.

8º O ataúde será alojado no centro da Sala dos Passos Perdidos (o


lado dos pés para a saída), em redor do qual estarão dispostas as cadeiras
para os familiares, já estando ali, devidamente paramentados, os Irmãos

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do Quadro e Irmãos visitantes regulares.

9º O Guarda do Templo e o Mestre de Harmonia irão para o


interior do Templo poucos minutos antes da entrada dos demais Irmãos.

10º São dispensados os sinais e posturas maçônicas, à exceção


daqueles que o Ritual Fúnebre refere.

11º Far-se-ão somente a abertura e fechamento do Livro da Lei,


com as simplificações ritualisticamente previstas, sem a transmissão da
P∴ S∴ e a formação da Abóbada pelos Diáconos.

12º O Venerável tomará as providências que se fizerem necessárias para


que o início da sessão fúnebre seja rigorosamente observado o horário
marcado, não admitindo, durante a Sessão, qualquer ato ou pronunciamento
que ultrapasse aqueles que estarão no Ritual, considerando que o corpo
deverá estar o maior tempo possível à disposição dos seus Familiares.

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RITUAL FÚNEBRE

Os Irmãos estarão paramentados normalmente, inclusive com


seus Colares e Jóias. Caso a Loja não possua local apropriado para
acomodação do corpo e dos familiares enquanto os Irmãos entram no
Templo, tal providência (a entrada) deverá ser tomada antes da chegada
do corpo às dependências da Loja.

ABERTURA

M∴ CCER∴ (Em voz baixa, convidará os Irmãos a formarem o


cortejo de entrada. Organizado, pedirá total silêncio
por pequeno espaço de tempo, findo o qual dará uma
batida surda na porta que será aberta pelo Guarda do
Templo.)

(Tendo todos os Irmãos entrados, tomando seus lugares


e permanecendo em pé, o Mestre de Cerimônias
aguardará ordens.)

VEN∴ (*) ATENÇÃO! A partir deste momento estão


suspensos todos os sinais ou gestos maçônicos, a não
ser os exigidos pelo Ritual.

Irmão Mestre de Cerimoniais, fazei transportar o


corpo do Irmão F..... para este Templo e convidai
seus familiares a ocuparem os lugares que lhes estão
reservados.

G∴ TEMP∴ (Abre as duas folhas da porta do Templo, não as


fechando até que se consume a entrada do ataúde.)

M∴ CCER∴ (Convida 4 Irmãos para acompanharem-no à Sala


dos Passos Perdidos, a fim de conduzirem o ataúde.

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Na Sala, faz o convite aos familiares. Posiciona-se à
frente, sendo seguido pelos Familiares, e atrás destes,
o esquife transportado pelos quatro Irmãos. Chegado
à porta do Templo, fará uma ligeira parada para que
se cumpra a ordem do Venerável e em seguida a
entrada.)

M∴ HARM∴ (À saída do Mestre de Cerimônias, inicia execução,


em baixo volume, da Marcha de Chopin.)

VEN∴ (Ao perceber a chegada do Mestre de Cerimônias à


porta do Templo.)

(*) De pé, meus Irmãos, sem sinal de ordem.

(Consumada a entrada e o posicionamento do esquife,


sendo os familiares orientados para tomarem seus
lugares, onde permanecerão de pé:)

(Caso as condições sejam favoráveis, o esquife será


aberto.)

VEN∴ (*)

1º VIG∴ (*)

2º VIG∴ (*)

VEN∴ Irmão Mestre de Cerimônias, convidai o Past Master,


para abertura do Livro da Lei.

(Descobre-se)

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(O Mestre de Cerimônias cumpre a ordem.
Chegados ao Altar, o Past Master, passa diretamente
à abertura do Livro da Lei em ECLESIÁSTICO,
cap. 38, versículos 16-18 e 20-23 e lê (texto abaixo);
em seguida, sobrepõe-lhe o Esquadro sobre o
Compasso, como no 1º Grau. Isto feito, retornam
aos ses lugares. NÃO SE ABRIRÁ O PAINEL.)

TEXTO:

Filho, derrama tuas lágrimas por um morto, entoa um lamento


fúnebre pra mostrar a tua dor, depois enterra o cadáver segundo o
costume e não deixes de honrar a sua sepultura. Chora amargamente,
bate no peito, observa o luto segundo merece o morto, um ou dois dias,
por causa da maledicência do povo, depois consola-te de tua tristeza.
Não abandones teu coração à tristeza, agasta-a. Lembra-te de teu próprio
fim. Na esqueças: não há volta, de nada servirás ao morto e ainda te
prejudicarás.

Lembra-te de minha sentença, que será também a tua: eu ontem,


tu hoje! desde que um morto repousa, deixa repousar a sua memória,
consola-te quando seu espírito partir.

VEN∴ (*) Em nome do Grande Arquiteto do Universo e de


São João nosso Padroeiro, estão abertos os trabalhos
fúnebres desta Augusta e Respeitável Loja Simbólica
“....... “ nº..., como último tributo ao nosso Irmão
F.........., que passou para o Oriente Eterno.

(*) Sentemo-nos.

VEN∴ (*) Meus Irmãos, vamos iniciar os trabalhos fúnebres


em homenagem ao Caríssimo Irmão F......, diante de
seus despojos materiais.

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Irmão Mestre de Cerimônias, acenda as velas que
circundam o esquife.

(Cumprida a ordem, deslocam-se para estar ao redor do ataúde: O


Venerável (portando o malhete sem posição de rigor), que ficará à
cabeceira; o 1º Vigilante (portando o malhete sem posição de rigor), ao
pé que corresponda à sua Coluna; o 2º Vigilante (portando o malhete sem
posição de rigor), idem; o Orador, na lateral Norte ao lado do Venerável;
o Secretário, na lateral Sul e também ao lado do Venerável; o Mestre de
Cerimônias, no meio do esquife pela lateral Sul.) (Plano a Seguir)

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M∴HARM∴ (Tomadas às posições acima indicadas, faz cessar a
música fúnebre.)

VEN∴ (*) Todos de pé, por favor.

VEN∴ Curvemo-nos diante dos restos mortais do nosso


querido e sempre lembrado Irmão F....

É na grandiosidade da Criação que reconhecemos o


quanto é frágil a vida humana!

Na universalidade das leis sábias do Grande Arquiteto


do Universo, na sua própria justeza e equilíbrio, se nos
deparam aspectos paradoxais como este.

Quando o ideal nos impele, quando tudo nos parece


sorrir na vida, quando ela mais está solicitando de
nós em qualquer de suas múltiplas facetas, eis que a
frigidez da morte surge e nos oferece a violência de
seu impacto, desafiando a nossa compreensão e até
mesmo o evoluir de nossa mente. Todavia, corpo,
alma, coração, obras, a vida prodigiosa do espírito, não
se extinguem no estreito âmbito do esquife.

1º VIG∴ Já alcançamos hoje, mais do que ontem, a possibilidade


de justificar a compreensão e o equilíbrio com que
recebemos o impacto doloroso. (Pausa)

Cumpre-nos ter resignação, caríssimos Irmãos e


Familiares, coordenando coração e inteligência, ante
este evento fúnebre e a saudade que ele nos imporá.

2º VIG∴ Prestemos nossa última homenagem ao Irmão e amigo


que inerte, insensível, relegado, dorme aparentemente

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um sono chamado “eterno”.

ORAD∴ Se foi um crente de qualquer religião, ou se nas suas


cogitações teológicas divagou o seu livre pensamento,
com isso nunca nos preocupamos e por isso mesmo,
muito menos agora, quando ficamos privados do seu
convívio terreno e amorável. Em qualquer hipótese,
teve ele sempre a nossa estima. Gozou da tolerância
que temos em relação aos vários caminhos que se
procuram e se palmilham para chegar ao Princípio
Criador – o Grande Arquiteto do Universo – o Eterno
Indefinível.

VEN∴ Sempre sentimos o Irmão que partiu, como um coração


constantemente aberto às solicitações do Bem.

1º VIG∴ Cultuou a Honra, na Terra, assim como soube cultuar o


seu Deus.

2º VIG∴ Aqui na Terra sempre reconheceu o Trabalho como


um dever social nobre, fosse ele intelectual, manual ou
técnico.

VEN∴ Em paz com a idéia de DEUS, morreu com o supremo


conforto, convicto de que iria penetrar num mundo
ignoto, onde poderia aguardar o galardão do seu
procedimento na Terra.

As preocupações teológicas, que lhe permitiram a


liberdade do seu pensamento fizeram-no convicto de
que ao morrer, findar-se-ia sua peregrinação neste
mundo e que a matéria que lhe proporcionou a alma
grande e forte, mercê da lei inexorável da transformação
da matéria, reintegrar-se-ia à Natureza, substituindo,
ainda indefinido, o espírito na sua imortalidade. Uma
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volta a Deus do que era de Deus! Consolou-o também,
ao extinguir-se-lhe a vida, a serena tranqüilidade de
consciência.

1º VIG∴ Se encontrou amparo na Religião, ele então se despede


da vida com toda a serenidade, pesaroso somente
pela dolorosa separação daqueles a quem idolatrava,
aqui associados, presentes conosco nesta última
homenagem.

2º VIG∴ Se o seu espírito de liberdade pôde colocá-lo em paz


com a idéia de Deus e simplificar a sua crença, então
soube resignar-se à precariedade da matéria, voltando
o seu pensamento, somente para os entes que sempre
foram caros ao seu coração.

VEN∴ Em qualquer caso, nós que tanto o prezamos em vida,


dilatamos esta homenagem para elevar nossos rogos ao
Grande Arquiteto do Universo para que ilumine, inspire
e dê conforto aos seus entes queridos aqui presentes,
consolando-os nesse tão doloroso transe que a eles
e a nós atinge e que tanto nos compunge. Caríssimos
Irmãos e Familiares, silenciemos por um momento.

1º VIG∴ Silenciemos todos.

2º VIG∴ Silenciemos todos.

VEN∴ Sentai-vos, meus Irmãos e Familiares.

(Não se sentarão os que estiverem


ao redor do esquife. Pausa de 2 minutos.)
M. HARM∴ (Durante a pausa executa a Marcha
Fúnebre em surdina.)

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VEN∴ (Após a pausa) - Irmão Mestre de Cerimônias, tomai os
verdejantes ramos de acácia – a árvore que temos como
símbolo da Vida Eterna cujo ponto de partida é a Morte
– e fazei a distribuição de suas folhas aos presentes.

M∴ CCER∴ (Cumpre a ordem.)

VEN∴ Irmão Orador, queira ressaltar as qualidades do nosso


falecido Irmão F............

ORAD∴ (Fará breve e conciso pronunciamento, situando-o na


atuação do Irmão falecido em relação às diretrizes
tradicionais e filosóficas da Ordem.)

(Terminada a entrega das folhas)

VEN∴ Caríssimos Irmãos e Visitantes, cubramos o morto com


as folhas de Acácia, prestando-lhe nosso derradeiro
tributo.

1º VIG∴ Cubramos o morto com as folhas de Acácia.

2º VIG∴ Cubramos o morto com as folhas de Acácia.

VEN∴ (Dá uma batida surda de malhete sobre o ataúde e lança


sobre o morto suas folhas (pequena porção) de Acácia,
executando uma volta completa ao redor do esquife
(sentido horário), ato e comportamento que serão
seguidos pelo Orador, Secretário, 1º e 2º Vigilantes e
Mestre de Cerimônias (exceto as batidas de malhete
que só serão efetuadas pelo Venerável e Vigilantes). Na
seqüência e igualmente, os demais Irmãos e, por fim, os
Familiares. Terminada a cerimônia das folhas de Acácia
e já estando todos em seus lugares, permanecerão em

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pé.)

VEN∴ (Dará uma outra batida de malhete no caixão fúnebre,


observando-se uma vez mais, um minuto de silêncio,
após o qual, dirá:)

VEN∴ Caros Familiares, está findo o cerimonial com que os


Maçons, invocando o Grande Arquiteto do Universo,
rendem tributo a um Irmão que partiu para a Eternidade,
deixando entre nós todos, um vazio e uma saudade
imensa que o tempo não fará desaparecer.

VEN∴ (*) De pé, meus Irmãos e familiares.

Procedamos o encerramento de nossos trabalhos.

VEN∴ M∴ (*)

1º VIG∴ (*)

2º VIG∴ (*)

ORAD∴ (Ao convite do Irmão M∴ de CCer∴, O Past Máster


posta-se de pé sem estar à ordem junto ao Altar dos
Juramentos e aguarda.)

(O Venerável descobre-se.)

1º VIG∴ Em nome do Grande Arquiteto do Universo e de São


João nosso Padroeiro, estão encerrados os trabalhos
fúnebres e fechada esta Augusta e Respeitável Loja
Simbólica “..............” nº.....

O PAST MASTER (Sem se ajoelhar, executa o fechamento do Livro


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da Lei e retorna ao seu lugar, acompanhado do Irmão
Mestre de Cerimônias.)

(Cobre-se.)

VEN∴ Irmão Mestre de Cerimônias, com a mesma formalidade


de entrada, retirai o corpo de nosso Irmão F.... para a
Sala dos Passos Perdidos que será acompanhado por
seus Familiares.

M∴ HARM∴ (Aumenta o volume da Marcha Fúnebre.)

G∴TEMP.´. (Abre as duas folhas da Porta de Templo.)

M∴ CCER∴ (Convida 4 Irmãos para a retirada do esquife (se


possível os mesmos que o introduziram no Templo) e
convida os Familiares a acompanhá-los, na seguinte
ordem: Familiares à frente, em seguida o ataúde e por
último os Irmãos.)

M∴ HARM∴ (Faz cessar a Marcha Fúnebre.)

(Na Sala dos Passos Perdidos, será providenciada a retirada


imediata do esquife e dos Familiares para o lugar onde estavam, no velório,
ou, se estiver no horário próprio, diretamente para o sepultamento. Neste
momento, na Sala dos Passos Perdidos, poderão os Irmãos dispensar à
cunhada-viúva e sobrinhos, bem como aos demais parentes, as devidas
condolências.)

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