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ID: 93795606 09-07-2021 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2

EULÁLIA PEREIRA
consultora da Ordem dos
Contabilistas Certificados (OCC)
comunicacao@occ.pt

E-commerce – novas regras em IVA

O
s avanços tecnológicos das relativamente a estas prestações de possibilidade de optarem pela aplicação da fornecedor presumido, sendo responsáveis
últimas décadas conduziram serviços ser declarado e pago num único regra de localização do EM de destino. pela cobrança do IVA nas vendas à
à digitalização em todos os EM (o denominado Estado-membro de Os fornecedores que já tenham registo de distância de bens importados de valor
domínios do comércio. Entre eles, identificação) através do balcão único IVA nos EM onde anteriormente tenham inferior a 150 euros. As plataformas
o comércio eletrónico e as vendas à (regime extra-União). ultrapassado os limiares de tributação serão também as responsáveis pela
distância de bens conheceram um O denominado MOSS (minibalcão das vendas à distância, e que pretendam cobrança do IVA nas importações de
crescimento explosivo na União único) deixa, portanto, de se apresentar agora aderir a este regime devem bens, independentemente do seu valor,
Europeia(UE) e em todo o mundo. em versão “mini”, para passar a ser proceder ao pedido de cancelamento sempre que o fornecedor não se encontre
Com vista a modernizar as regras do um completo balcão único, já que de registo junto das autoridades fiscais registado na UE e os bens sejam expedidos
IVA aplicáveis ao comércio eletrónico passa a incluir todas as transações com dos EM em causa e registar-se no balcão a partir de um território terceiro.
transfronteiriço, assegurar maior adquirentes não sujeitos passivos da UE. único. Estas novas regras obrigam as plataformas
neutralidade no tratamento das empresas O alargamento do balcão único O regime de balcão único é ainda eletrónicas estabelecidas fora da UE a
estabelecidas na UE e introduzir simplifica, assim, o cumprimento de estendido aos chamados fornecedores terem que se registar ou nomear um
mecanismos de simplificação do obrigações fiscais em matéria de IVA, sem presumidos, ou seja, às plataformas de intermediário estabelecido na UE para
cumprimento das obrigações de IVA deixar de assegurar a efetiva cobrança do comércio eletrónico, que se substituem cumprir com as obrigações do IOSS.
decorrentes destas operações, as regras em imposto no EM do consumo. na cobrança do IVA devido ao fornecedor Aquando do registo no balcão único para
sede deste imposto sofreram profundas Outra grande simplificação passa pela dos bens/serviços a consumidores finais. as importações, as autoridades fiscais no
alterações desde 1 de julho último. aplicação das regras de faturação do EM Um fornecedor ou fornecedor presumido EM de identificação emitirão um número
As regras em matéria de IVA em vigor, de identificação do balcão único e não do que utilize o regime da União ou extra- de identificação de IVA do balcão único
em especial para a importação de bens EM de cada adquirente. União terá de apresentar uma declaração que só poderá ser utilizado para declarar
comerciais por consumidores finais, de IVA trimestral no balcão único ao EM as vendas à distância de bens importados
preveem uma isenção de IVA para Regime da União de identificação na qual declara todas as ao abrigo do regime de importação e não
operações de importação de valor até vendas de bens/serviços elegíveis, bem para quaisquer outras entregas de bens ou
22 euros. Nestas circunstâncias, esta Além das prestações de serviços como, efetuar o respetivo pagamento prestações de serviços que um fornecedor
isenção de IVA implica uma distorção de telecomunicações, serviços de do IVA. A repartição do imposto pelos ou uma interface eletrónica possa
grave da concorrência em detrimento radiodifusão e televisão ou serviços EM de consumo será feita entre as efetuar. Com efeito, o regime de IOSS
dos fornecedores da UE. Para repor eletrónicos transfronteiriços prestados autoridades fiscais desses EM e o de deve ser perfeitamente separável das
a igualdade de condições para os a particulares (não sujeito passivos) por registo do balcão único. demais operações dos sujeitos passivos
comerciantes da UE e proteger as fornecedores estabelecidos na UE, as fornecedores.
receitas fiscais dos Estados-membros novas regras alargam o leque a entregas Regime de importação (IOSS) Optando pela utilização deste regime
(EM) da UE, procede-se à abolição desta e outras prestações de serviços que especial, um fornecedor ou uma interface
isenção de IVA aquando da importação podem ser declarados neste regime, Foi criado um regime especial para as eletrónica (fornecedor presumido) terá
e à alteração das regras aplicáveis às nomeadamente as vendas à distância quer vendas à distância de bens importados de assegurar a apresentação mensal de
vendas à distância de bens importados diretamente pelos fornecedores quer pelas de países terceiros para a UE, com vista uma declaração do balcão único para
em consonância com o princípio da plataformas eletrónicas (fornecedores a facilitar a declaração e o pagamento do as importações ao EM de identificação
tributação no destino. presumidos) estabelecidos na UE ou IVA devido na venda de bens de baixo relativamente a todas as entregas elegíveis
Assim, os operadores económicos que fora da UE. Aplicando-se aqui também valor, ou seja, bens expedidos numa de bens vendidos a adquirentes em toda a
prestem serviços de telecomunicações, o já referido no regime extra-União em remessa com um valor intrínseco não UE e efetuar mensalmente o pagamento
serviços de radiodifusão e televisão, termos de simplificação administrativa e superior a 150 euros. do IVA ao EM de identificação.
serviços eletrónicos transfronteiriços, cobrança do imposto. Importa notar que este limiar se aplica ao Nas situações em que não seja utilizado
bem como outras prestações de serviços Em matéria de localização das operações, valor da remessa dos bens, e não a cada o regime de balcão único para declarar as
localizadas para efeitos de tributação passa a prever-se a tributação no EM artigo individual. vendas à distância de bens importados,
noutro EM diferente da identificação e de destino dos bens, nas vendas à Este regime, comummente referido é instituído um regime especial para a
vendas à distância de bens, a pessoas que distância intracomunitárias de bens, como regime de importação, permite declaração (declaração mensal global)
não sejam sujeitos passivos (consumidores) sendo eliminados os atuais limiares de que os fornecedores que vendam bens e pagamento do IVA nas importações
na UE, passam a dispor de três regimes tributação das vendas à distância na UE, expedidos ou transportados de um país de pequenas remessas (até 150 euros)
para efeito do cumprimento das que eram fixados por EM. terceiro a adquirentes (particulares) na que pode ser utilizado pelos operadores
obrigações, em sede de IVA, de forma No entanto, para apoiar os pequenos UE, cobrem ao adquirente o IVA sobre postais, pelos operadores de correio
simplificada. operadores económicos estabelecidos as vendas à distância de bens de baixo expresso ou, em geral, pela pessoa que
num único EM e que marginalmente valor importados e declarem e paguem apresenta os bens à alfandega por conta do
Regime Extra-União possam efetuar vendas à distância este IVA através do balcão único para as destinatário dos bens.
intracomunitárias de bens, determina- importações (IOSS). Quando o valor intrínseco das entregas
É alargado o âmbito de aplicação do se que, quando o montante das vendas Desta forma, se for utilizado o balcão de bens, por remessa, de um fornecedor
regime especial para os sujeitos passivos transfronteiriças, conjuntamente com os único para as importações, a importação subjacente for superior a 150 euros,
não estabelecidos na UE. serviços de telecomunicações, radiodifusão (introdução em livre prática) de bens de não é possível utilizar o balcão único ou
Este regime passa a abranger todas as e televisão e serviços eletrónicos prestados baixo valor para a UE está isenta de IVA o regime da declaração mensal global
prestações de serviços (incluindo os a não sujeitos passivos de outros EM, na esfera do fornecedor ou fornecedor para as importações. Nestes casos, os
serviços de telecomunicações, serviços não seja globalmente superior, no ano presumido, sendo o IVA cobrado e pago fornecedores ou as interfaces eletrónicas
de radiodifusão e televisão ou serviços civil em curso ou no ano civil anterior pelo adquirente como parte do preço de (fornecedores presumidos) não devem
eletrónicos) cujo lugar da prestação a 10 000 euros, as operações em causa compra. Ou seja, não há cobrança de indicar o número do balcão único para
seja na UE e prestadas por sujeitos se consideram efetuadas no EM de IVA aquando da entrada dos bens no as importações, procedendo a alfandega à
passivos não estabelecidos na UE a estabelecimento do prestador. território da UE, que é a regra geral, mas cobrança dos direitos aduaneiros (quando
adquirentes que não sejam sujeitos O referido limite de 10 000 euros é aquando da compra pelo consumidor. forem devidos) e do IVA, aquando da
passivos (consumidores), passando estas aferido pelo montante global deste tipo de Para assegurar a efetiva cobrança do importação sobre o valor total da remessa,
entidades a não ter de se registar para operações, na UE, e não aferido por cada imposto devido nas transações efetuadas sendo o despacho e o pagamento efetuado
efeitos de IVA em cada um dos EM EM. Confere-se, contudo, aos sujeitos por intermédio de plataformas eletrónicas, diretamente pelo adquirente particular
de consumo,podendo o IVA devido passivos que reúnam estas condições a estas passam a ser consideradas como um (em procedimento similar ao atual).

INFORMAÇÃO ELABORADA PELA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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