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O novo RITI e as alterações das regras do

IVA para o comércio eletrónico

Módulo 1

Rui Bastos

Mestrado em Fiscalidade

Junho de 2021
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o
comércio eletrónico

MÓDULO 1
CAPÍTULO I – ABORDAGEM GLOBAL AO RITI
1. Regras gerais
2. Regras especiais
CAPÍTULO II – QUICK FIXES 2020 (parte)
1. Notas introdutórias
2. Prova da expedição ou transporte nas TIB
3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)

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CAPÍTULO I – ABORDAGEM GLOBAL AO RITI

1. REGRAS GERAIS
1.1. Operações com consumidores finais (B2C)
1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2C)
1.2.1. Normativo aplicável às TIB
1.2.2. Normativo aplicável às AIB
1.2.3. Retificação das transações intracomunitárias
2. REGRAS ESPECIAIS
2.1. AIB efetuadas pelo Estado e sujeitos passivos isentos
2.2. Bens sujeitos a IEC
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CAPÍTULO I – ABORDAGEM GLOBAL AO RITI

2. REGRAS ESPECIAIS (cont.)


2.3. Meios de transporte novos (MTN)
2.4. Transferências de bens
2.5. Vendas à consignação
2.6. Operação “pura” triangular
2.7. Vendas com instalação ou montagem
2.8. Vendas à distância intracomunitárias [2.8.1., 2.8.2. e 2.8.3.]
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

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1. REGRAS GERAIS

1.1. Operações com consumidores finais (B2C)


1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2C)
1.2.1. Normativo aplicável às TIB
1.2.2. Normativo aplicável às AIB
1.2.3. Retificação das transações intracomunitárias

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1.1. Operações com consumidores finais (B2C)

 Preâmbulo do RITI (DL n.º 290/92, de 28/12): pontos 5 e 6 (…)


 Em 01/01/1993 foram abolidas as fronteiras fiscais ostensivas dentro
do território aduaneiro da UE, deixando de existir quaisquer controlos
fiscais fronteiriços.
 Significa que passou a vigorar, no âmbito de operações B2C, o
denominado “princípio da tributação no país de origem”, isto é, o
consumidor final passou a suportar o IVA à taxa do país de origem,
liquidado pelo respetivo fornecedor.
 TB isenta de IVA (tributação no destino) → (…) + adquirente, de outro
EM, SP/IVA e n.º de IVA (VAT number) válido no VIES.
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1.1. Operações com consumidores finais (B2C)

 Mercado interno na UE: será este, porventura, um dos elementos


mais visíveis e com mais impacto na vida das pessoas.
 Exemplo: Cidadão português, residente em PT, que se desloca a ES
para fazer compras ou que vai passar 15 dias de férias em Paris →
Pagamento do IVA em ES ou em FR, respetivamente, liquidado pelos
fornecedores (e prestadores de serviços) às taxas aí vigentes.
 Exceções: Meios de transporte novos – Tributação no destino! (Regras
especiais – Ponto 2.3.); Vendas à distância – Alteração das regras a
partir de 01-07-2021: Tributação no destino/origem (Regras especiais –
Ponto 2.8.) (opção por inscrição no Balcão Único (OSS) - Capítulo III).

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1.1. Operações com consumidores finais (B2C)

 Importante diferença comparativamente com operações que


envolvam consumidores finais de países terceiros, as quais
constituem exportações (isentas no EM de origem) ou importações
(tributadas no EM de destino).
 Particular que realiza importações é SP.
 Venda de bens a particular de país 3.º, quando os bens são
expedidos para o país terceiro pelo fornecedor, é uma exportação,
isenta de IVA (comprovação da isenção…).
 Venda de bens a particular de país 3.º, quando os bens são
expedidos pelo próprio particular → exportação, isenta de IVA…
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1.1. Operações com consumidores finais (B2C)

 Particularidade: “Exportações turísticas” (Regime “Tax Free”): Vendas


de bens transportados na bagagem pessoal dos viajantes → Isenção
(condicionada à prova da saída dos bens).
 Exceções à isenção (IVA na origem):
- Bens destinados a barcos desportivos/recreio, a aviões de turismo, e
- Bens transportados nas bagagens dos viajantes residentes em outros EM/UE.
 DL n.º 19/2017, de 14/02 (início em 01/07/2017; adiamento para 01/01/2018
e, depois, 01-07-2018); revogou o DL n.º 295/87, de 31-07); Portaria
185/2017, de 14/02; Ofício Circulado n.º 30192, de 31/07/2017;
Desmaterialização de procedimentos; LOE/2018: ≥ € 50 s/IVA (antes: ≥ € 75).

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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

1.2.1. Normativo aplicável às TIB


- Operações triangulares
1.2.2. Normativo aplicável às AIB
- Operações triangulares
1.2.3. Retificação das transações intracomunitárias
- Quadro resumo

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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

 Preâmbulo do RITI (DL n.º 290/92, de 28/12): pontos 1, 3 e 4 (…)


 Vigora, desde sempre, antes e depois de 01-01-1993, o princípio da
tributação no país de destino.
 Até àquela data existiam os tradicionais controlos fronteiriços,
efetuados pelas autoridades alfandegárias (ocorrendo
exportações/importações), sendo que, após tal data, deixaram de
existir as ditas fronteiras físicas (ostensivas), sendo o IVA liquidado
pelo próprio aquirente através do mecanismo da inversão do SP ou
da autoliquidação (reverse charge).
 Importações → AIB; Exportações → TIB
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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

 A realidade atual, em que o IVA é devido no EM de destino em


operações B2B, leva-nos a questionar a existência de um verdadeiro
mercado interno na UE, tendo em conta que a aplicação do princípio
do destino implica, em princípio, a existência de fronteiras fiscais.
 Fronteiras fiscais virtuais: controlo através de um sistema informático,
denominado VIES (Vat Information Exchange System), cujos dados
são obtidos através das DR apresentadas pelos vendedores, nos
respetivos EM, dados esses acessíveis pelas autoridades tributárias
dos EM de destino (pressupõe a interconexão dos sistemas
informáticos dos EM – cooperação administrativa automática).

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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

 Mas… são frequentes os casos de fraude ao IVA (fraude “carrossel”).


 A este propósito, refere-se no último parágrafo do preâmbulo do RITI:
“A construção de uma rede intereuropeia de informações sobre IVA
culminará um sistema de controlo fiável e moderno, capaz de explorar
as sinergias resultantes da cooperação e interligação dos diferentes
sistemas nacionais, até hoje voltados quase exclusivamente para a
fiscalização do cumprimento de lei fiscal no interior das fronteiras de
cada Estado. É um novo campo de cooperação comunitária que está a
nascer e é nele que está o futuro da segurança fiscal dos Estados
europeus.”

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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

 Regime de tributação no destino aplicável, em regra, quando o


comprador e vendedor se encontram registados nos respetivos EM
no regime geral do IVA, dispondo de um n.º de IVA válido no VIES.
 Tal significa, portanto, que, no âmbito de operações B2B, a uma única
transação correspondem duas operações:
- EM de origem → TIB isenta de IVA (isenção completa)
- EM de destino → AIB sujeita a IVA (autoliquidação)
 Interrupção da cadeia de liquidações e deduções → Fraude
“carrossel”: “missing trader” + um ou vários “buffers” + “broker”; entre
outros tipos existentes de fraude ao IVA…
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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

 Configuração normal (operação intracomunitária) – formalismos…

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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

OBRIGAÇÕES DO FORNECEDOR
- De faturação
 Solicitação de NIF válido ao cliente;
 Confirmação da validade do NIF;
 Emissão da fatura até ao 15.º dia do mês seguinte.
- Declarativas
 Inscrição das transmissões na DP (C7);
 Preenchimento da DR (operação tipo1).

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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

OBRIGAÇÕES DO ADQUIRENTE
- De liquidação
 Fornecimento do NIF
 Obtenção da fatura
 Liquidação do IVA
 Utilização do direito à dedução
- Declarativas
 Inscrição na DP do valor das AIB (C12) e do IVA liquidado (C13),
bem como, se for caso disso, do IVA dedutível (C20 a C24).

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1.2. Operações entre sujeitos passivos (B2B)

 Seguidamente, nos pontos 1.2.1. e 1.2.2., iremos referir-nos às


normas do CIVA e do RITI aplicáveis às TIB e AIB, partindo-se de
dois exemplos muito simples.
 Como se verá, enquanto que ao nível das TIB o normativo aplicável
se encontra disperso pelo CIVA e pelo RITI, já no que se refere às
AIB estarão em causa, essencialmente, normas pertencentes ao RITI.

 Nota: As referências efetuadas a artigos sem referência expressa do


diploma a que pertencem reportam-se ao RITI.

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Exemplo: Empresa ALFA SA, sediada em PT, vendeu, em 18-06-2021


(data de emissão da fatura), mercadorias, no valor de 15.000, a uma
empresa com sede na República Checa (CZ), que foram rececionadas
pelo cliente checo, acompanhadas da fatura, no dia 22-06.
Conceito
 Não consta no RITI um conceito de TIB. No entanto, estamos perante
uma transação que no EM de destino tem a denominação de AIB,
encontrando-se esta perfeitamente definida no art.º 3.º, RITI. Uma
AIB é a operação realizada no país de destino pela contraparte
(cliente) numa TIB.
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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Uma TIB é, desde logo, uma TB, tal como se encontra definida no
art.º 3.º, n.º 1, CIVA (implica a transmissão do direito de propriedade
de bens corpóreos), com a particularidade de os bens transmitidos
num EM da UE terem como destino outro EM da UE.
 Uma TIB beneficiará, em princípio, de uma isenção (completa) se
realizada entre SP (operações B2B) registados no sistema VIES (o
que se pressupõe ser o caso das empresas do exemplo), dando-se a
tributação, como referido no país de destino, ou seja, no exemplo
apresentado, na República Checa.

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Incidência
 Art.º 1.º, n.º 1, alínea a), CIVA: Estão sujeitas a IVA (i) as TB (e
prestações de serviços), desde que (ii) efetuadas em PT, (iii) a título
oneroso, (iv) por um SP agindo como tal.
 No caso em apreço, a operação descrita está sujeita a IVA em PT,
enquanto TB, porquanto se verificam todos os pressupostos
elencados na norma (i a iv), a saber:
i) Art.º 3.º, n.º 1, CIVA: Está em causa a transferência do direito de propriedade
sobre bens corpóreos, a título oneroso, como tal estamos perante uma TB (a
operação qualifica-se como tal).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

ii) Art.º 6.º, n.º 1, CIVA: A operação considera-se efetuada ou localizada em PT,
uma vez que é aqui que os bens se encontram quando se inicia o transporte
(PT é o local de partida), logo, a operação é cá tributável, ou seja, a TB está
aqui sujeita a IVA.
iii) Quanto ao requisito da onerosidade, encontra-se expresso, como vimos,
quer na alínea a), n.º 1, art.º 1.º, CIVA, quer, também, no n.º 1, art.º 3.º, CIVA,
verificando-se tal requisito no exemplo: à prestação da empresa ALFA
(entrega/transmissão dos bens) corresponde uma contraprestação por parte da
empresa CZ (pagamento do preço).
iv) Art.º 2.º, n.º 1, alínea a), CIVA: A empresa ALFA é sujeito passivo (SP) de
IVA, uma vez que exerce de um modo independente e com caráter de
habitualidade uma atividade empresarial (de produção ou comércio).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Facto gerador
 Art.º 7.º, n.º 1, alínea a), CIVA: Nas TB o facto gerador ocorre no
momento em que os bens são postos à disposição do adquirente,
sendo esse o momento a partir do qual o imposto é devido. Em
função dos dados do enunciado, e na falta de mais elementos
(nomeadamente o incoterm utilizado) → Dia 18/06.
 Operação isenta, parecendo inócuo discutir o facto gerador do imposto, mas
é uma norma de incidência e a ocorrência do facto tributário é determinante
para outros efeitos que não a simples liquidação do imposto. Acresce que a
uma TIB no EM de origem corresponde uma AIB, sujeita a IVA e não isenta.

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Exigibilidade
 Art.º 8.º, n.º 1, alínea a), CIVA: O imposto é exigível na data da
emissão da fatura se emitida dentro do prazo ou, caso contrário, na
data limite para a sua emissão (5.º dia útil posterior).
 No caso em apreço, tratando-se de uma TIB, o prazo para a emissão
da fatura está previsto no n.º 2, art.º 27.º, RITI, ou seja, prolonga-se
até ao 15.º dia do mês seguinte ao da verificação do facto gerador.
 A fatura foi emitida dentro do prazo legal, devendo a operação ser
incluída na DP (e na DR) respeitante ao mês de junho, embora não
possa falar-se propriamente de exigibilidade em função da isenção.

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Não se aplicam às TIB as regras respeitantes aos adiantamentos,


desde logo porque, conforme referido, a operação está isenta.
 No entanto, mesmo na CZ, onde ocorre a AIB, sujeita e não isenta,
também não haverá exigibilidade quanto a eventuais adiantamentos
(norma equivalente ao n.º 2, art.º 13.º, RITI)
 Adiantamentos são irrelevantes no que se refere a operações
intracomunitárias (tal como são também nas restantes operações
internacionais), como tal, não se verifica a exigibilidade quanto aos
mesmos, nem deverão ser declarados para efeitos de controlo das
operações (sistema VIES).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Isenção
 Art.º 14.º, n.º 1, alínea a): A operação em apreço, está isenta ao
abrigo desta norma do RITI, segundo a qual estão isentas de IVA:
“As transmissões de bens, efectuadas por um sujeito passivo dos referidos na
alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º, expedidos ou transportados pelo vendedor, pelo
adquirente ou por conta destes, a partir do território nacional para outro Estado
membro com destino ao adquirente, quando este seja uma pessoa singular ou
colectiva registada para efeitos do imposto sobre o valor acrescentado em outro
Estado membro, que tenha utilizado e comunicado ao vendedor o respectivo
número de identificação para efectuar a aquisição e aí se encontre abrangido
por um regime de tributação das aquisições intracomunitárias de bens;”

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Sem ter em conta as alterações recentes processadas pela Lei n.º


49/2020, de 29-08 – aditamento da parte sublinhada e do n.º 2
(relacionado com a necessidade de apresentação da DR como
condição necessária para a aplicação da isenção); matéria tratada no
Capítulo II – “Quick Fixes 2020”,
 Na prática é necessária a verificação cumulativa das seguintes duas
condições:
- Saída física dos bens para outro EM (prova?)
- Adquirente ter NIF válido no VIES atribuído por outro EM (condição
necessária?)
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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Caso não se verifique qualquer uma das duas condições, a operação


não beneficiará de isenção.
 Mais adiante serão analisadas em pormenor ambas as condições.
 Vejamos alguns exemplos, diferentes do exemplo em análise (que
constitui a configuração normal de uma operação intracomunitária),
passando a apresentar-se algumas “operações triangulares”, sendo
que, parte delas, não constituem TIB:

- Exemplos 1 a 9 (…)

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 1:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT, a partir do EM1, é uma TIB isenta de
IVA, porquanto se verificam as duas condições anteriormente elencadas (operação “pura”
triangular, à qual são aplicáveis regras especiais, aplicáveis no EM2 e no EM3, tema a abordar
no ponto 2.6.).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 2:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT não é uma TIB, nem se encontra isenta
de IVA (falha a primeira condição supramencionada).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 3:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT1, à luz do conceito colocado


inicialmente, é uma TIB, mas não se encontra isenta de IVA (falha a segunda condição
supramencionada). A operação realizada pela empresa PT2 é uma TIB, isenta de IVA
(verificam-se as duas condições).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 4:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT, à luz do conceito colocado inicialmente,
é uma TIB, mas não se encontra isenta de IVA. Opções da empresa chinesa: 1) Registo em
PT…; 2) Registo no Outro EM…; 3) Registo num terceiro EM (operação “pura” triangular,
abrangida por regras especiais a abordar no ponto 2.6.).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 5:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT não é uma TIB (os bens são oriundos de
um país terceiro), nem se encontra isenta de IVA, beneficiando, isso sim, de uma não
sujeição em PT.

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 6:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT não é uma TIB (os bens não saem de um
EM para outro), nem se encontra isenta de IVA, beneficiando, tal como no exemplo anterior,
de uma não sujeição em PT.

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 7:

Comentário: Em PT ocorre uma importação, embora, em princípio, isenta de IVA, sendo


que, embora em PT não exista propriamente uma TB, ficciona-se a existência de uma TIB
isenta de IVA (regras especiais a abordar no ponto 2.9.).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 8:

Comentário: Em PT ocorre uma importação isenta de IVA, seguida de uma TIB isenta de IVA
(regras especiais a abordar no ponto 2.9.)

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 9:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT não é uma TIB, embora possa beneficiar
da isenção aplicável às exportações, desde que seja efetuada a prova da saída dos bens do
território aduaneiro da UE (documento alfandegário apropriado).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Exemplo 9 (cont.): 3 hipóteses para que se aplique uma isenção:


 1.ª hipótese – Isenção prevista no art.º 6.º, DL n.º 198/90 (implica que
empresa do outro EM esteja registada (IVA) em PT (NIF 980…).
 2.ª hipótese – Isenção prevista na alínea a), n.º 1, art.º 14.º, CIVA
(despacho de exportação em nome da empresa, com identificação do
destinatário na casa 8…; hipótese viável se entidades relacionadas).
 3.ª hipótese – Isenção prevista na alínea b), n.º 1, art.º 14.º, CIVA
(despacho de exportação em nome da empresa do outro EM e
emissão de um outro documento aduaneiro (sem a casa n.º 8
preenchida; ponto 2.3 do Ofício Circulado n.º 15327/2015).
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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Retomando… Empresa ALFA deverá emitir uma fatura sem IVA,


mencionando a isenção prevista na alínea a), n.º 1, art.º 14.º, uma
vez que se encontram verificados os todos os pressupostos previstos
na norma (o ónus da prova é da empresa ALFA).
 TB está a ser realizada por um SP (alínea a), n.º 1, art.º 2.º), uma vez
que a mesma realiza operações que conferem o direito à dedução
(como é o caso da presente operação, ao abrigo do art.º 19.º, n.º 2).
 Por outro lado, bens foram expedidos a partir de PT com destino a
outro EM (PT → CZ), não sendo relevante, para este efeito, quem
efetuou o transporte, podendo ser o vendedor, o adquirente ou um
terceiro por conta destes.
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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Acresce que a empresa CZ, em princípio, estará registada para


efeitos de IVA no seu EM, terá utilizado o seu n.º de IVA para efetuar
a aquisição e encontrar-se-á em CZ abrangida por um regime de
tributação das AIB, ou seja, terá um n.º de IVA válido no VIES.
 Retomemos as duas condições anteriormente mencionadas para que
se aplique a isenção, as quais, no fundo, constituem as principais
questões suscitadas na vida prática em torno do art.º 14.º:
- 1.ª - Como comprovar a saída dos bens para outro EM?
- 2.ª - Será a validade do NIF no VIES condição necessária para a
aplicação da isenção?
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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Resposta à 1.ª questão - Comprovação da saída dos bens


 É pacífico que às TIB não se aplica o disposto no n.º 8, art.º 29.º,
CIVA (não há intervenção da Alfândega, logo, não existem os
“documentos alfandegários apropriados”).
 RITI é omisso… Tal não significa, no entanto, que não seja exigível
prova documental.
 A prova da saída dos bens é exigível, desde logo, porque as
isenções, enquanto desvios às regras gerais de tributação,
pressupõem a prova da verificação dos respetivos pressupostos e um
deles é, indubitavelmente, a saída física dos bens para outro EM.
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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Anteriormente às recentes alterações (Capítulo II – “Quick Fixes


2020”), regia o Ofício-circulado n.º 30009, de 10-12-1999
(Comprovação das TIB), entretanto revogado (a nosso ver
indevidamente), que aludia aos “meios gerais de prova”,
nomeadamente: documentos comprovativos do transporte (CMR,
AWB, B/L), contratos de transporte celebrados, faturas das empresas
transportadoras, guias de remessa e/ou declarações dos adquirentes
de que efetuaram as correspondentes AIB.
 Situações em que a prova é difícil (AT…): Transporte pelo fornecedor
(guias de remessa) ou, mais difícil ainda transporte pelo cliente.

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Se o adquirente assumir e comprovar a realização da AIB, não


haverá, em princípio, atritos com a AT (inexistência de divergências
no VIES), mas, ainda assim, podem existir desconfiança…
 Adicionaremos ao elenco dos documentos de prova já mencionados
os seguintes: mensagens de correio eletrónico trocadas, notas de
encomenda e documentos comprovativos dos pagamentos.
 Transporte pelo cliente: recolha da matrícula da viatura e uma
declaração assinada pelo motorista (a maior ou menor densidade ao
nível da prova dependerá da natureza dos bens e do tipo de cliente).
 No limite, prova testemunhal… (é admissível em direito).
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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Resposta à 2.ª questão - Condição da validade do n.º de IVA no VIES


 A alínea a), n.º 1, art.º 14.º, alude (i) à necessidade de o adquirente
estar registado para efeitos de IVA em outro EM, (ii) ter utilizado (e
comunicado ao vendedor) o n.º de IVA atribuído por esse EM para
efetuar a aquisição e (iii) encontrar-se aí abrangido por um regime de
tributação das AIB (parte sublinhada aditada pela Lei n.º 49/2020 –
Capítulo II, “Quick Fixes 2020”).
 Entendimento da AT: para que a isenção opere, adquirente terá de
dispor de um n.º de IVA (VAT number) válido no VIES à data da
operação (se n.º válido → OK!).

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1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Mas, será que o normativo vigente, até às alterações recentes, exigia


mesmo a validade do n.º de IVA no VIES?
 A letra da lei não o referia expressamente, mas a parte final da alínea
a), n.º 1, art.º 14.º, parecia indiciar ser necessário o registo válido no
VIES, por parte do cliente comunitário, sendo que, na prática, para
evitar quaisquer problemas, o vendedor deveria confirmar a validade
do NIF do cliente no sistema VIES.
 A norma em apreço (alínea a) n.º 1, art.º 14.º) resulta da transposição
do n.º 1, art.º 138.º, Diretiva IVA, o qual, anteriormente às recentes
alterações (“Quick Fixes 2020”), dispunha o seguinte:

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

“Os Estados–Membros isentam as entregas de bens expedidos ou


transportados, para fora do respectivo território mas na Comunidade,
pelo vendedor, pelo adquirente ou por conta destes, efectuadas a outro
sujeito passivo ou a uma pessoa colectiva que não seja sujeito passivo
agindo como tal num Estado-Membro diferente do Estado de partida da
expedição ou do transporte dos bens.”
 Norma da Diretiva IVA e do RITI possuem uma redação distinta,
especialmente na parte final, exigindo-se na Diretiva IVA apenas,
contrariamente ao RITI, que o adquirente seja um SP agindo como tal
num EM diferente do EM de partida.
 N.º 1, art.º 138.º, Diretiva IVA, possui o chamado “efeito direto”…
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Jurisprudência do TJUE, seguida pelo STA (Acórdão de 03-05-2018,


processo n.º 0696/17), os requisitos materiais (substanciais)
necessários para que se aplicasse a isenção eram:
- Saída física dos bens de um EM para outro EM;
- Transmissão do direito de propriedade;
- Adquirente SP agindo como tal nas operações em causa.
 Segundo o ponto II do sumário do acórdão do STA antes referido:
“II – O registo do adquirente dos bens como SP de IVA no EM de entrega, constitui uma
exigência formal que, de per si, não põe em causa o direito do fornecedor à isenção do
IVA, verificados que estejam os requisitos materiais, de fundo, do direito à isenção de IVA
de uma entrega intracomunitária na acepção do artigo 138.º, n.º 1, da Diretiva IVA.”

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 STA apoiou-se em vários acórdãos do TJUE, nomeadamente nos


acórdãos Euro-Tyre BV (proc.º C-21/16, de 09-02-2017), MecseK Gabona
(proc.º C-273/11, de 06-09-2012), Teleos PLC (proc.º C-409/2004, de 27-09-2007).

 No acórdão Euro Tyre BV (proc.º C-21/16, de 09-02-2017) esteve


envolvida a AT portuguesa, que recusou a aplicação da isenção num
caso em que o adquirente ES não estava registado para efeitos de
operações intracomunitárias, nem inscrito no sistema VIES.
 TJUE: nem a Diretiva IVA, nem a sua jurisprudência, referem, como
requisitos materiais de TIB, que o adquirente deva dispor de n.º de
identificação de IVA ou de estar registado no sistema VIES.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 O tribunal elencou apenas dois casos em que o desrespeito de uma


exigência formal poderia implicar a perda do direito à isenção:
(i) Participação intencional numa fraude, ou
(ii) Violação formal impedir a prova da exigência de fundo.
 TJUE: Diretiva IVA deve ser interpretada no sentido de que se opõe “a
que a AT de um EM recuse isentar de IVA uma entrega intracomunitária pelo simples
motivo de, no momento dessa entrega, o adquirente, sedeado no território do EM de
destino e titular de um n.º de identificação de IVA válido para as operações nesse
Estado, não estar inscrito no sistema VIES nem se encontrar abrangido por um regime
de um regime de tributação das aquisições intracomunitárias, ainda que não exista
nenhum indício sério que sugira a existência de fraude e que esteja demonstrado que
os requisitos materiais estão demonstrados.”.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Perante esta tendência jurisprudencial, vislumbravam-se alterações


no plano legislativo que visassem, não apenas harmonizar a prova do
transporte (1.ª questão suscitada), mas, também, clarificar esta
questão, no sentido de a validade do n.º de IVA passar a constituir
uma condição material adicional para isentar as TIB.
 Capítulo II – “Quick Fixes 2020”…
 Nova redação do art.º 138.º da Diretiva IVA… N.º 1 passou a ter duas
alíneas (a segunda impõe a comunicação do n.º de IVA) e foi aditado
o n.º 1-A relacionado com a entrega da DR com informações corretas
(esta norma corresponde ao novo n.º 2 do art.º 14.º do RITI).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Direito à dedução
 Art.º 19.º, n.º 2: Isenção completa (acresce às restantes previstas na
alínea b), n.º 1, art.º 20.º, CIVA).
 Verdadeira isenção: Empresa ALFA não liquida IVA mas pode deduzir
o IVA suportado nas operações passivas (reembolsos…)
Obrigação de faturação
 Art.º 29.º, n.º 1, alínea b), CIVA: Obrigação genérica…
 Art.º 27.º, n.º 2: Faturas relativas a TIB emitidas o mais tardar até ao
15.º dia do mês seguinte àquele em que os bens foram colocados à
disposição do adquirente (derrogação do prazo geral de 5 dias úteis).
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Art.º 27.º, n.º 3: Fatura deve ser emitida pelo valor total da TIB, ainda
que existam adiantamentos (derrogação da alínea c), n.º 1, art.º 36.º, CIVA).
 Art.º 27.º, n.º 4: Obrigação de emissão de fatura prevista na alínea b),
n.º 1, art.º 29.º, CIVA, não abrange os adiantamentos relativos a TIB.
 Art.º 27.º, n.º 5: Faturas respeitantes a TIB devem conter o n.º de IVA
do SP vendedor e do adquirente, precedidos do prefixo do EM que os
atribuiu (no nosso caso, PT e CZ) + local de destino dos bens.
 Nota: O art.º 28.º contém requisitos especiais aplicáveis nos casos de faturas
respeitantes a transmissões intracomunitárias de meios de transporte novos
(TIMTN, matéria abordada no próximo capítulo).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Obrigações declarativas
 Art.º 29.º, n.º 1, alínea c), CIVA: Obrigação de entrega de DP.
 Art.º 41.º, n.º 1, CIVA: Data limite de entrega das DP (dia 10 do 2.º
mês seguinte ou dia 15 do 2.º mês seguinte (enquadramento no RNM ou no
RNT depende do VN ser > ou < € 650.000).
C7 (Q6) DP + DR (cruzamento).
 Art.º 23.º, n.º 1, alínea c): Obrigação apresentação da DR.
 Art.º 30.º, n.º 1: DR enviada até ao dia 20 do mês seguinte (RNM) ou
até ao dia 20 do mês seguinte ao trimestre (RNT).
 RNT: DR mensal (DP trimestral) se TIB ˃ € 50.000…
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

 Art.º 30.º, n.º 3: Determinadas operações isentas pelo art.º 14.º, CIVA
(embarcações e aeronaves, entre outras), não devem constar na DR.
 Art.º 30.º, n.º 4: Obrigação de envio de DR só se verifica nos períodos
em que ocorram as operações que aí devam ser declaradas (TIB +
Prestações Serviços abrangidas pela regra geral de localização).

 Imagens da Declaração Recapitulativa (DR) → (…)


 Imagens da Declaração Periódica (DP) → (…)

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.1. Normativo aplicável às TIB

Obrigações contabilísticas
 Art.º 44.º, n.º 1, CIVA: Contabilidade organizada de forma a permitir o
controlo do imposto, com os dados necessários ao preenchimento da
DP. Segundo alínea a), n.º 2, deverão ser objeto de registo as TB.
N.º 3, alínea c): TB deverão ser registadas de forma a evidenciar “o
valor das operações isentas com direito à dedução”.
 Art.º 31.º: Para efeitos da alínea a), n.º 2, art.º 44.º, CIVA, os SP
devem proceder ao registo das operações de forma a evidenciar as
TB isentas nos termos do art.º 14.º.
 Diretriz Contabilística n.º 11 – “IVA intracomunitário”.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Exemplo: A empresa ALFA adquiriu um equipamento industrial (ativo


fixo tangível) a uma empresa com sede em Espanha, pelo valor de
30.000. O equipamento foi rececionado em 22-06-2021 e veio
acompanhado da respetiva fatura (datada de 21-06).
Conceito
 De acordo com o art.º 3.º do RITI: “Considera-se, em geral, aquisição
intracomunitária a obtenção do poder de dispor, por forma correspondente ao
exercício do direito de propriedade, de um bem móvel corpóreo cuja
expedição ou transporte para território nacional, pelo vendedor, pelo
adquirente ou por conta destes, com destino ao adquirente, tenha tido início
noutro Estado membro.”
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Em síntese, uma AIB consiste numa aquisição de bens corpóreos


transportados a partir de um EM da UE com destino a outro EM. A
sujeição a IVA dá-se em PT se este for o país (EM) de destino.
Todavia, para que haja sujeição a IVA em PT terão de verificar-se
outras condições, matéria tratada em seguida (incidência).

 Nota: Neste capítulo, as referências a artigos sem menção expressa


do diploma a que pertencem reportam-se ao RITI.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Incidência
 Art.º 1.º, n.º 1, alínea a): Estão sujeitas a IVA (i) as AIB, (ii) efetuadas
em território nacional, (iii) a título oneroso, (iv) por um SP (dos
referidos no n.º 1 do art.º 2.º), quando… (parte restante mais adiante)
 Operação sujeita a IVA porquanto se verificam todos os pressupostos
elencados na norma (i a iv), a saber:
i) Art.º 3.º, n.º 1: Está em causa a transferência do direito de
propriedade sobre bens corpóreos, cuja expedição ou transporte para
PT teve início noutro EM, como tal estamos perante uma AIB (a
operação qualifica-se como tal).
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

ii) Art.º 8.º, n.º 1: AIB localiza-se (considera-se efetuada) em PT pois o


local de chegada da expedição ou transporte dos bens situa-se aqui.
 Princípio da tributação no país de destino.
iii) Onerosidade: verifica-se, uma vez que à prestação da empresa ES
(entrega dos bens) corresponde uma contraprestação por parte da
empresa ALFA (pagamento do preço).
iv) Art.º 2.º, n.º 1, alínea a): Consideram-se SP, para efeitos de op.
intrac. (regime normal), as entidades que exerçam atividades que
conferem o direito à dedução, total ou parcialmente, o que é o caso da
empresa ALFA (enquadramento no regime normal). [alíneas b) e c)…]
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Art.º 1.º, n.º 1, alínea a): Estão sujeitas a IVA as AIB, efetuadas em
TN (…) por um SP, quando… o vendedor seja um SP, agindo como
tal, devidamente registado para efeitos de IVA noutro EM, que:
- Não esteja aí abrangido por um regime de isenção das pequenas
empresas (em PT → art.os 53.º a 59.º, CIVA - REI);
- Não efetue em PT a instalação/montagem dos bens… (ponto 2.7.);
- Nem os transmita no âmbito do regime particular das vendas à
distância (ponto 2.8. e Capítulo III - alteração do regime em 01/07/2021).
 Exemplos diferentes do caso em análise (operações triangulares).
- Exemplos 10 a 15 (…)
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Exemplo 10:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT, no EM3, constitui uma operação
assimilada a uma AIB; a AIB realizada em PT pela empresa do EM2 encontra-se isenta, não
havendo lugar a IVA no EM2 caso sejam aí cumpridas algumas condições (operação “pura”
triangular, a abordar no ponto 2.6.).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Exemplo 11:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT constitui uma operação assimilada a


uma AIB, declarada na DP como tal, embora não sujeita a IVA se verificadas algumas
condições; a empresa PT realiza no EM2 uma AIB isenta de IVA (operação “pura” triangular
a abordar no ponto 2.6.).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Exemplo 12:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT não é uma AIB, mas sim uma importação
(cujo valor tributável terá subjacente a fatura emitida pelo operador do outro EM).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Exemplo 13:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT não constitui uma AIB, mas sim uma
operação interna (aplicando-se, em princípio, o reverse charge); a empresa da Suíça realiza
em PT uma AIB, seguida de uma transmissão interna [situação semelhante à apresentada no
exemplo 4; opções da empresa da Suíça: 1) Registo em PT…; 2) Registo no Outro EM…; 3)
Registo num terceiro EM (nesta última hipótese, passa a estar-se perante uma operação
“pura” triangular, abrangida por regras especiais a abordar no ponto 2.6.)].

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Exemplo 14:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT é uma AIB assimilada, não sendo uma
importação pois os bens encontram-se em “livre prática”; a importação ocorre no outro EM,
sendo realizada pela empresa PT, encontrando-se, em princípio, isenta (regras especiais a
abordar no ponto 2.9).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Exemplo 15:

Comentário: A operação realizada pela empresa PT é uma AIB, não sendo uma importação
pois os bens encontram-se em “livre prática”; a importação ocorre no outro EM, sendo
realizada pela empresa aí estabelecida, encontrando-se, em princípio, isenta (regras
especiais a abordar no ponto 2.9.).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Regressando ao exemplo, a empresa ALFA realiza em PT uma AIB,


sujeita aqui a IVA, devendo proceder à autoliquidação do IVA (reverse
charge), no âmbito da adoção do princípio da tributação no destino.
Facto gerador
 Art.º 12.º, n.º 1: Nas AIB, o imposto é devido no momento em que os
bens são colocados à disposição do adquirente, sendo aplicável, em
idênticas condições, o disposto no art.º 7.º, CIVA, para as TB. No
nosso exemplo, na falta de dados adicionais, nomeadamente quanto
ao incoterm utilizado, considera-se que o facto gerador, e a
exigibilidade, ocorre no dia 21-06.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Exigibilidade
 Art.º 13.º, n.º 1: Nas AIB o imposto torna-se exigível:
a) No 15.º dia do mês seguinte àquele em que o imposto é devido;
b) Na data emissão da fatura, se emitida antes do prazo da alínea a).
 N.º 2: Contudo, a exigibilidade não ocorre na data da fatura se a
mesma respeitar a pagamentos parciais que precedam o facto
tributário (colocação dos bens à disposição), disposição esta
aplicável aos adiantamentos, os quais se assumem, assim, como
irrelevantes nas operações intracomunitárias (ponto 1.2.1.).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Isenções nas AIB


 Art.º 15.º: Percorridas as várias alíneas dos n.os 1 e 2, verifica-se que
as mesmas não se aplicam ao caso em apreço.
 N.º 1: Isenta de IVA: a) As AIB cuja transmissão no território nacional
seja isenta do imposto; b) As AIB cuja importação seja isenta do
imposto nos termos do art.º 13.º do CIVA; c) (…).
 N.º 2: Aplica-se à operação “pura” triangular: isenta de IVA a AIB que
o operador B, sediado no EM2, realiza no EM3 (ponto 2.6.).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Valor tributável
 Art.º 17.º, n.º 1: Na determinação do valor tributável das AIB é
aplicável o disposto no art.º 16.º, CIVA, para as TB internas.
 N.º 3: No caso de viaturas, com inclusão do ISV…
Taxas
 Art.º 18.º, n.º 1: As taxas aplicáveis às AIB são as previstas no art.º
18.º, CIVA, para as transmissões dos mesmos bens.
 N.º 2: Taxas aplicáveis são as que vigoram no momento em que o IVA
é exigível (idêntico ao n.º 9, art.º 18.º, CIVA).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Dedução
 Art.º 19.º, n.º 1: IVA pago pelas AIB (autoliquidação) é dedutível.
Regra análoga às previstas nas alíneas c) e d), n.º 1, art.º 19.º, CIVA,
aplicáveis às operações internas em que ocorre o reverse charge.
 Art.º 20, n.º 1: Direito à dedução do IVA devido pelas AIB nasce no
momento em que o mesmo se torna exigível, nos termos do art.º 13.º
(liquidação e dedução). Idêntico ao n.º 1, art.º 22.º, CIVA.
 N.º 2: Dedução pode ser efetuada na DP em que o imposto foi
considerado a favor do Estado, “ainda que não tenha sido emitida a
fatura pelo vendedor” (liquidação com base em documento interno).
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Pagamento
 Art.º 22, n.º 1: IVA exigível pelas AIB, a entregar nos termos do n.º 1,
art.º 27.º, CIVA, deve ser apurado tendo em conta o disposto no art.º
19.º e nos n.os 1 e 2, art.º 20.º (que regulam o direito à dedução);
Pagamento nos prazos previstos no n.º 1, art.º 41.º, CIVA.
 Restantes n.os do art.º 22.º contêm regras especiais relacionadas com
o pagamento do IVA em situações particulares: AIB efetuadas pelo
Estado e SP isentos, AIB sujeitos a IEC e de meios de transporte
novos (MTN) (pontos 2.1., 2.2. e 2.3, respetivamente).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Obrigação de liquidação
 Art.º 23.º, n.º 1, alínea a): Empresa ALFA deve liquidar o IVA devido
pela AIB (regra de inversão do sujeito passivo / autoliquidação).
Obrigações declarativas
 Em PT, contrariamente a ES, não há uma DR relativa a AIB
(discriminação dos valores por fornecedor de outro EM).
 Art.º 29.º, n.º 1, alínea c), CIVA: Estabelece a obrigação de
apresentação de DP; no que se refere a AIB deverão constar: Base
tributável C12/DP e IVA liquidado C13/DP.

 Imagens da Declaração Periódica (DP) →


O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

Obrigação de faturação
 Art.º 27.º, n.º 1: IVA devido pelas AIB deve ser liquidado pelo SP na
fatura emitida pelo vendedor (ou em documento interno emitido pelo
próprio SP, caso a fatura não tenha sido emitida).
Obrigações contabilísticas
 Art.º 31.º, n.º 1: Para cumprimento do disposto no n.º 1, art.º 44.º,
CIVA, devem ser objeto de registo: a) As AIB efetuadas pelo SP (…).
 N.º 3: É aplicável o disposto no n.º 4, art.º 44.º, CIVA (a seguir…).
 N.º 4: Registo deve ser efetuado após receção das faturas (ou
emissão de documento interno).
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.2. Normativo aplicável às AIB

 Art.º 31.º, n.º 3 – Remissão para o n.º 4, art.º 44.º, CIVA:


“As operações mencionadas nas alíneas b) e c) do n.º 2 (importações e
aquisições de bens e serviços) registadas de forma a evidenciar:
a) Operações cujo imposto é total ou parcialmente dedutível (v. líquido);
b) Operações cujo imposto é totalmente excluído do direito à dedução;
c) Aquisições de gasóleo, GPL, gás natural e biocombustíveis;
d) O valor do imposto dedutível, segundo a taxa aplicável.”

 Diretriz Contabilística n.º 11 – “IVA intracomunitário”.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.3. Retificação das transações intracomunitárias

 Resumo dos procedimentos a adotar caso haja retificações das


operações intracomunitárias (TIB e AIB) posteriores à ocorrência da
operação inicial (descontos e devoluções), baseando-nos na
elaboração do quadro em doutrina administrativa bastante antiga,
mas que, a nosso ver, se mantém perfeitamente atual.
• Retificação do valor das transmissões intracomunitárias: Informação n.º 1106,
de 21-01-1994, Serviços de Administração do IVA.
• Retificação do valor das aquisições intracomunitárias: Informação n.º 1292,
de 27-03-1997, Direção de Serviços do IVA.
• José Soares Roriz (1999), “A contabilização do IVA”, 2.ª Edição /revista e
aumentada), APECA, p.100-101.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1.2.3. Retificação das transações intracomunitárias

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2. REGRAS ESPECIAIS

2.1. AIB efetuadas pelo Estado e sujeitos passivos isentos (art.º 5.º);
2.2. Bens sujeitos a IEC (art.º 6.º)
2. 3. Meios de transporte novos (art.º 6.º)
2.4. Transferências de bens (art.º 7.º)
2.5. Vendas à consignação (art.º 7.º-A) (…)
2.6. Operação “pura” triangular (art.º 8.º)
2.7. Vendas com instalação ou montagem (art.º 9.º)
2.8. Vendas à distância intracomunitárias (artigos 10.º e 11.º) (…)
2.9. Importações de bens destinados a outros EM (art.º 16.º)
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

 Preâmbulo do RITI (DL n.º 290/92, de 28/12): ponto 7 (…)


 Regime particular aplicável às AIB efetuadas por SP que apenas
praticam operações que não conferem o direito à dedução (SP
totalmente isentos pelo art.os 9.º/53.º, CIVA) e por “não SP
institucionais” (art.º 2.º, n.º 2, CIVA – Estado e demais PC direito
público), ou seja, o regime aplica-se às entidades referidas nas
alíneas b) e c), n.º 1, art.º 2.º.
 Tais entidades não estão obrigadas à apresentação de DP, nem têm
um n.º IVA válido no VIES, pelo que, em condições normais,
suportariam imposto no EM de origem.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

 Pretende-se evitar que estes contribuintes, que não deduzem o IVA


no seu EM (o IVA é, por conseguinte, um custo), explorem as
diferenças das taxas nos vários EM [15% - 25%], o que aconteceria
se o imposto fosse suportado no EM de origem sem quaisquer limites
quantitativos – distorções de concorrência: “escolha” de fornecedores
estabelecidos em EM com taxas do IVA mais baixas.
 IVA é pago no EM de origem enquanto as compras não
ultrapassarem num ano civil o montante de € 10.000, salvo opção em
contrário, passando a ser devido no destino, quando aquele limite for
ultrapassado no ano anterior ou no ano em curso.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

 Art.º 5.º: Não sujeição das AIB efetuadas se o valor global das
mesmas não ultrapassar € 10.000/ano (s/ IVA) ou, tratando-se de
uma única aquisição, não exceda, por si só, esse valor.
 Art.º 25.º, n.º 1: Deverão apresentar uma declaração de início /
alterações (validação do n.º de IVA no VIES) nos seguintes prazos:
a) Até ao final do mês seguinte àquele em que tenham excedido o
limite de € 10.000 (Q11, C8);
b) Antes de efetuarem uma AIB que ultrapasse, por si só, o limite
(Q11, C8);

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2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

c) Antes de efetuarem AIB, independentemente do seu valor, se


efetuarem a opção do n.º 3, art.º 5.º (Q13, C3) – Opção válida por 2
anos, findo o qual poderão voltar a beneficiar da derrogação.

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2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

 As declarações referidas produzem efeitos a partir da data da sua


apresentação (n.º 2), ou seja, as entidades em causa passarão a ter
n.º de IVA válido no VIES e o IVA passa a ser devido no destino.
 Se AIB não ultrapassarem € 10.000, os SP poderão voltar a beneficiar
do regime de não sujeição das AIB.
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2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

 Art.º 29.º: Pelas AIB sujeitas a imposto, deverão apresentar uma DP


até ao final do mês seguinte àquele em que se verifica a exigibilidade,
a qual, em princípio, ocorre na data de emissão da fatura de compra
(alínea b), n.º 1, art.º 13.º).
 N.º 2 : DP só será apresentada nos períodos em que existam AIB.
 Dado o tipo de SP em causa, não haverá lugar à dedução de
imposto, logo, imposto a pagar.
 DP (ad hoc) será também apresentada quando ocorra o reverse
charge pela aquisição de serviços previstos no art.º 6.º, conforme o
disposto no art.º 27.º, n.º 3, CIVA [Notas finais, alínea b)].
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2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

 Art.º 22.º, n.º 2: IVA devido pelas AIB (e pelas aquisições de certos
serviços) deverá ser pago até ao final do mês seguinte (prazo DP).
Exemplo: A sociedade ALFA, Lda., com sede em Barcelos, que se
dedica exclusivamente à construção de edifícios para venda, iniciou a
sua atividade em agosto de 2020, tendo ficado enquadrada no regime
de isenção (art.º 9.º, n.º 30). Posteriormente, efetuou as seguintes AIB:
- 05/09/2020 – Materiais de construção em Espanha – € 5.000
- 06/10/2020 – Materiais de construção em Itália – € 6.000
- 20/10/2020 – Betoneira no Luxemburgo – € 50.000
- 05/01/2021 – Computador em Espanha – € 3.000
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 Resolução: Partindo do princípio de que não foi efetuada a opção


prevista no n.º 3, art.º 5.º, virá que:
- 1ª aquisição (€ 5.000) será tributada em ES, dado verificarem-se as
condições previstas no art.º 5.º, n.º 1 (não sujeição da AIB em PT).
- 2ª aquisição (€ 6.000) será também tributada em IT. Por ter sido
ultrapassado o limite de € 10.000 → declaração alterações até ao final
de novembro de 2020.
- 3ª aquisição ultrapassa por si só o limite, logo, antecipação da entrega
da declaração de alterações para um momento anterior ao da aquisição.
A tributação ocorre em PT: C12 e C13, sem dedução.
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2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

- 4ª aquisição o IVA é devido em PT de forma análoga (DP a apresentar


até ao final de fevereiro de 2021: C12 e C13, sem dedução.
 Observações ao caso prático:
(i) Se em 2021 não for ultrapassado o limite de € 10.000, poderá voltar a
beneficiar, em 2022, do regime de derrogação, devendo entregar, em janeiro de
2022, uma declaração de alterações (art.º 25.º, n.os 4 e 6)
(ii) Em 2020, se a declaração de alterações fosse apresentada apenas em
novembro, poderia pagar IVA duas vezes quanto à 3ª aquisição, pois o IVA é
devido em PT (23%) e não no LX (17%). Liquidação indevida…
(iii) Em 2020, apenas teria que apresentar a DP relativa a outubro (até ao final
de novembro). Próxima DP, relativa a janeiro 2021 a entregar até fevereiro.

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2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

 Notas finais (desenvolvimentos no Manual):


a) TIB efetuadas por SP totalmente isentos (art.º 53.º - OK!; art.º 9.º - ???);
b) Aquisição de serviços intracomunitários por SP totalmente isentos;

Exemplos: SP enquadrado o art.º 53.º, CIVA, que exerce a atividade de


alojamento local e que paga comissões à Booking ou Airbnb); SP enquadrado
no art.º 9.º/53.º, CIVA, que adquire um software, por via eletrónica, a um
fornecedor estrangeiro; SP enquadrado no art.º 9.º/53.º, CIVA que adquire um
serviço de consultoria a um prestador de serviços estrangeiro.

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2.1. AIB efetuadas pelo Estado e SP isentos

 Notas finais (desenvolvimentos no Manual):


c) Operações intracomunitárias (AIB/TIB) efetuadas por contribuintes do REPR
(saída do regime);
d) Importações de bens efetuadas pelo Estado em outros EM [assimiladas a AIB
(alínea b), n.º 1, art.º 4.º), logo, regime particular de derrogação em apreço];
e) Importações efetuadas em outros EM por SP isentos [regras normais
conduzem estas operações ao regime de derrogação; assimilação a AIB (alínea
a), n.º 1, art.º 4.º); duas situações: 1) Importação com valor igual ou inferior a
€10.000; 2) Importação com valor superior a € 10.000, beneficiará de uma
isenção (ponto 2.9.) e a AIB (assimilada) será tributada em PT].

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2.2. Bens sujeitos a IEC

 RITI não contém regras específicas relativas às AIB/TIB sujeitos a


IEC, quando os adquirentes / transmitentes são SP do regime normal.
 Tais bens estão abrangidos por regras específicas de detenção,
circulação e controlo, sendo objeto de regras próprias previstas no
CIEC, nomeadamente, quanto a regras de circulação e documentos
de acompanhamento, nos art.os 32.º e 33.º.
 Estes bens circulam em regime de suspensão de IVA e de IEC no
território da UE, sendo transacionados entre depositários autorizados
(titulares de entrepostos fiscais) ou para operadores registados,
conforme art.os 21.º a 31.º do CIEC.

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2.2. Bens sujeitos a IEC

 Em virtude da aplicação de um regime de suspensão, IVA e IEC


apenas são exigíveis aquando da introdução no consumo → IVA (e
IEC) devido sempre no EM de destino/consumo.
 Regras particulares do RITI (AI destes bens) aplicam-se apenas a:
- A) Adquirentes abrangidos pelo art.º 5.º, n.º 1 → As AIB sujeitos a IEC
estão excluídas do regime especial, ou seja, não entram no cálculo do
limite de € 10.000;
- B) Adquirentes particulares e os bens sujeitos a IEC são vendidos à
distância → Não se aplicam os limites das “vendas à distância”
(tributação no destino independentemente dos montantes).
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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Preâmbulo do RITI (DL n.º 290/92, de 28/12): ponto 6 (…)


 Regime particular determina que a tributação (veículos terrestres,
embarcações e aeronaves) ocorra sempre no EM de destino,
independentemente da qualidade do vendedor ou comprador, ou seja,
mesmo que os adquirentes ou transmitentes sejam particulares
(isenção completa aplicável no EM de origem).
 Bens de grande valor (bens sensíveis) → tendência para exploração
das diferenças das taxas nos vários EM… Desvios na localização das
aquisições que iriam gerar distorções de concorrência, com prejuízo
para os EM que praticassem taxas de IVA mais altas.

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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Todos aqueles que não deduzem o IVA no seu EM (IVA é custo)


tendem, em teoria, a explorar as diferenças nas taxas se o imposto
for liquidado no EM de origem:
- Os particulares evidentemente, mas pouco ou nada haverá a fazer,
a não ser em situações específicas, como é este caso concreto dos
MTN e das vendas à distância;
- Os SP isentos também, daí o regime particular (art.º 5.º);
- No caso de MTN, mesmo os SP que deduzem o IVA normalmente,
tenderiam a explorar as diferenças nas taxas → IVA não dedutível e
diferenças na determinação do valor tributável (ISV, ou não).
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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Art.º 1.º: Estão sujeitas a IVA: (…) b) As AIMTN efetuadas em PT por


toda e qualquer pessoa (incluindo particulares e SP do art.º 5.º); (…)
e) As TIMTN efetuadas por qualquer pessoa [embora se aplique uma
isenção – art.º 14º, n.º 1, alínea b)];
 Art.º 2.º, n.º 2: São considerados SP: a) Os particulares que efetuem
AIMTN; b) Todas as pessoas que ocasionalmente efetuem TIMTN.
 Conjugação das normas mencionadas (artigos 1.º, 2.º e 14.º) →
Tributação ocorre sempre (qualquer que seja o adquirente ou o
transmitente) no EM de destino (ou de registo, matrícula ou licença
dos MTN), aplicando-se uma isenção completa no EM de origem.

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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Art.º 6.º, n.º 1, alínea b): Conceito meios de transporte:


- Veículos terrestres: motor com cilindrada > 48 cm3;
- Embarcações: comprimento > 7,5 metros;
- Aeronaves: peso total na descolagem >1.550 kg.
 Art.º 6.º, n.º 2: Conceito de MTN: Não são considerados novos (i.e.,
são considerados usados), aqueles que tenham, simultaneamente:
- Veículos terrestres: + 6 meses e + 6.000 km;
- Embarcações: + 3 meses e + 100 horas navegação;
- Aeronaves: + 3 meses e + 40 horas voo.

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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Abrangidos os “falsos usados”, i.e., quando a 2ª transmissão ocorre


num curto espaço de tempo e/ou tenham tido pouca utilização.
 Exemplo: automóvel com + 6.000 km e - 6 meses é considerado
novo, o mesmo acontecendo com outro com + 6 meses e - 6.000 km.
 Meios de transporte não novos, i.e., usados, será aplicável o regime
normal das transações intracomunitárias, sem prejuízo da aplicação
do regime especial da margem de lucro em vigor na UE (DL n.º
199/96, de 18-10, que transpõe a Diretiva n.º 94/5/CE, de 14-02).
 AIMTN que não possuam as caraterísticas previstas serão tratadas
normalmente, como se de quaisquer outros bens se tratasse.
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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Exemplo: Barco novo com 6 metros: i) Aquisição por particular → IVA


liquidado na origem; ii) Aquisição por SP isento → IVA liquidado no
destino ou na origem (limite de € 10.000); iii) Aquisição por SP regime
normal → autoliquidação (em princípio sem dedução).
 Art.º 8.º, n.º 4: São tributáveis as AIMTN sujeitos a registo, licença ou
matrícula em território nacional (princípio do destino).
 Art.º 14.º, n.º 1, alínea b): Isenção de IVA aplicável às TIMTN
efetuadas por qualquer tipo de entidades (isenção completa aplicável
na origem que evita a dupla tributação, pois o IVA é sempre devido no
EM de destino (ou de registo, licença ou matrícula).

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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Art.º 17.º, n.º 3: Nas AIB sujeitos a ISV o valor tributável incluirá este
imposto, ainda que não liquidado simultaneamente.
 Art.º 22.º, n.os 3 e 4: Contêm as regras específicas relativas ao
pagamento do imposto nas AIMTN:
- N.º 3: MTN sujeitos a ISV, o IVA devido pelas AIB será pago
juntamente com aquele imposto (alínea a), n.º 6) na Alfândega,
exceto no caso de as aquisições serem efetuadas por “operadores
registados” (ou “operadores reconhecidos”) para efeito de ISV.
- N.º 4 [+ n.º 6, alínea b)]: SP isentos, Estado e particulares – AIMTN
não sujeitos a ISV, entregam IVA na Alfândega (restantes… DP).
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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Competência para a liquidação e local de pagamento:

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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Competência para a liquidação e local de pagamento:

 Algumas conclusões/observações quanto às regras de liquidação e


pagamento: (…)
 Exemplos 1 a 3 (…)
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2.3. Meios de transporte novos (MTN)

 Art.º 23.º, n.º 1, alínea b): Todos os SP previstos no art.º 2.º, incluindo
particulares, são obrigados a emitir faturas quando efetuem, mesmo
que ocasionalmente, TIMTN.
 Art.º 28.º: Todas as pessoas que efetuem operações com MTN são
obrigadas a emitir (n.º 2) / exigir (n.º 1) faturas que contenham todos
os requisitos previstos nas várias alíneas do n.º 1 deste artigo.
 Art.º 31.º: As pessoas referidas nos n.os 3 e 4 do art.º 22.º (todas as
pessoas…), deverão comprovar o pagamento do IVA junto das
entidades competentes para efetuar o registo, conceder a licença ou
atribuir a matrícula aos MTN.
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2.4. Transferências de bens

 Há certos movimentos de bens, efetuados pelo mesmo SP, entre EM


diferentes, que suscitam problemas particulares, daí o art.º 4.º, n.º 1,
alínea a) e o art.º 7.º, n.º 1, equipararem determinadas operações
(autoconsumos/meras transferências) a AIB/TIB.
 Conceito de AIB (art.º 3.º, RITI), tal como o de TB (art.º 3.º, CIVA),
apela à transmissão do direito de propriedade, pelo que, em princípio,
só as operações com essa configuração seriam tributáveis.
 No entanto, há operações internas que, embora não cabendo no
conceito de TB (não existe uma venda), são assimiladas a AIB/TIB,
pois implicam movimentos de bens que deverão ser controlados.

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2.4. Transferências de bens

 Assegurar a tributação no EM consumo das transferências de bens


entre EM para as necessidades da própria empresa que as efetua.
 Transferências são assimiladas a AIB no EM de chegada e a TIB
isentas no EM de saída (isenção aplica-se como se as transmissões
em causa fossem efetuadas para outros SP (tributação no destino).
 Visa-se, nomeadamente:
- O controlo fiscal dos movimentos físicos de bens entre EM;
- Evitar distorções de concorrência (SP mistos…);
- Diferenças exclusões do direito à dedução nos vários EM.

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2.4. Transferências de bens

 Pretende-se que a receita reverta para o EM de destino e, ao mesmo


tempo, evitar a fraude e evasão fiscais, daí que se ficcionem
determinadas operações a TIB/AIB.
 Assim, em princípio, qualquer transferência de bens será assimilada a
uma transmissão de bens efetuada a título oneroso.
 Será importante, no entanto, ter em conta as várias exceções
previstas no n.º 2, art.º 7.º, que afastam a aplicação do exposto
anteriormente a um conjunto amplo de transferências de bens.
 Transferências de bens não serão TIB/AIB se forem, por exemplo,
temporárias (bens regressam, num determinado prazo, à origem).
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2.4. Transferências de bens

 Art.º 4.º, n.º 1, alínea a): Assimila a AIB a afetação por um SP às


necessidades da sua empresa, em PT, de um bem expedido a partir
de outro EM onde o bem tenha sido produzido, extraído,
transformado, adquirido ou importado pelo SP, no âmbito da sua
atividade (AIB sujeitas a IVA pela alínea d), art.º 1.º).
 Art.º 7.º, n.º 1: Assimila a TIB a transferência de bens expedidos ou
transportados pelo SP para o território de outro EM para as suas
necessidades, por exemplo, para exercer aí a sua atividade (TIB
estão isentas pela alínea c), n.º 1, art.º 14.º)
 Registos de IVA noutros EM; 2 (ou mais) n.os de IVA (válidos/VIES).

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2.4. Transferências de bens

 Transferências internas de bens: a um dos n.os IVA estará associada


uma TIB (isenta) e ao outro uma AIB (tributada), pretendendo-se, tal
como já referido, o controlo de movimentos de bens (sistema VIES).
 Assim, quaisquer transferências internas de bens de/para outros EM
serão tratadas, em princípio, como se de aquisições/transmissões
para outros SP se tratassem (obrigações declarativas e outras).
 Em princípio, qualquer chegada de bens oriundos de outro EM
constitui uma AIB e qualquer partida de bens para outro EM uma TIB.
 No entanto, não será sempre assim face às importantes restrições
previstas nas várias alíneas do n.º 2, art.º 7.º.
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2.4. Transferências de bens

 Art.º 7.º, n.º 2: Limitação de alcance do n.º anterior (n.º 1) e do art.º


4.º, n.º 1, alínea a), não sendo consideradas afetações assimiladas a
TIB/AIB, as operações mencionadas nas suas várias alíneas.
 Exclusão do conceito de transmissão de bens (TIB). Contudo, por
força da remissão prevista no art.º 4.º, n.º 3, aplicar-se-á também,
com as necessárias adaptações, às AIB.
 Transferências de bens previstas nesta disposição, não são
consideradas TIB, logo, as operações que lhes correspondem, no
outro EM, também não deverão ser consideradas AIB.
 Situações não controladas pelo sistema VIES.
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2.4. Transferências de bens

 Art.º 7.º, n.º 2: não são consideradas transmissões de bens (TIB),


nem aquisições (AIB – art.º 4.º, n.º 3), as seguintes transferências de
bens (análise das várias alíneas e exemplificação no Manual):
a) Destinados a serem instalados ou montados noutro EM e as
vendas à distância para outros EM.
b) Destinados a serem transmitidos a bordo de um navio, de um avião
ou de um comboio durante um transporte intrac. de passageiros.
c) Que consistam em operações de exportação (ou assimiladas)
isentas pelo art.º 14.º, CIVA ou em transmissões isentas pelo art.º
14.º, RITI.
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2.4. Transferências de bens

d) De gás, através do sistema de distribuição de gás natural, de


eletricidade, de calor e de frio.
e) Destinados a serem objeto de peritagens ou de quaisquer
trabalhos efetuados ao SP noutro EM e depois reexpedidos para o
TN com destino ao SP.
f) Destinados a serem temporariamente utilizados em prestações de
serviços a efetuar pelo SP noutro EM.
g) Destinados a serem temporariamente utilizados pelo SP, por um
período inferior a 24 meses, em outro EM, quando a importação dos
bens, nas mesmas circunstâncias, beneficiasse do regime de
importação temporária com isenção total de direitos.
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2.4. Transferências de bens

 Art.º 31.º, n.º 1: Regula as obrigações contabilísticas, sendo que,


relativamente à temática em apreço, deverão ser objeto de registo:
b) As transferências de bens (temporárias) para outro EM que não se
consideram TIB;
c) As afetações bens que não se consideram AIB pelo art.º 4.º, n.º 3;
d) Bens recebidos, oriundos de outros EM, para serem objeto de peritagens
ou quaisquer outras prestações de serviços;
e) Os bens enviados pelo SP para outro EM para serem objeto de peritagens
ou outras prestações de serviços.
 Exemplos no Manual…

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2.4. Transferências de bens

 Abolição das fronteiras (01/01/1993), tornou necessário compatibilizar


os procedimentos contabilísticos com as novas regras das operações
intracomunitárias (Diretriz Contab. n.º 11 – “IVA intracomunitário”).
 Bens objeto de transferência temporária: registos da empresa
deverão comprovar a situação em que os bens se encontram;
separação (existências ou imobilizado) em subcontas.
 Nas existências a desagregação poderá ser a seguinte: Existências
em Armazém; Existências em trânsito (território nacional, países
comunitários, outros países); Existências em poder de terceiros
(território nacional…).
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2.4. Transferências de bens

 Segundo o art.º 86.º, CIVA: “Salvo prova em contrário, presumem-se


adquiridos os bens que se encontrarem em qualquer dos locais em
que o contribuinte exerce a sua atividade e presumem-se transmitidos
os bens adquiridos, importados ou produzidos que não se
encontrarem em qualquer desses locais.”.
 Pois bem, a forma de provar, por exemplo, que um bem que não se
encontra nas instalações da empresa não foi vendido (ou seja, o
modo de ilidir a presunção), será precisamente através de
documentos e de registos contabilísticos e extra-contabilísticos.

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2.4. Transferências de bens

 Casos particulares desenvolvidos no Manual (com exemplos):


- Transferência de bens para depósito e venda noutro EM (…)
- Importação de bens seguida de venda (…)
- Caso específico dos moldes:
1. Moldes fabricados no território nacional (3 hipóteses: moldes
são, ou não, enviados para o cliente comunitário) (…)
2. Moldes recebidos de clientes comunitários (…)

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2.5. Vendas à consignação

 Regime novo, criado pela Lei n.º 49/2020: transposição das Diretivas
(UE) 2018/1910 e 2019/475, alterando o Código do IVA e o RITI,
inserindo-se nas chamadas “Quick Fixes 2020”.
 Até às alterações, não existia no RITI (contrariamente ao CIVA)
qualquer regra especial aplicável às vendas à consignação
(transferências de bens equiparadas a TIB/AIB).
 Lei n.º 49/2020 colmatou uma lacuna evidente; Alterações RITI: art.º
4.º (aditamento do n.º 3), art.º 7.º (aditamento do n.º 4), art.º 12.º (aditamento
do n.º 3), art.º 23.º [n.º 1, alínea c)], art.º 30.º (n.º 4) e art.º 31.º [n.º 1, alíneas
f) e g)]; acresce, ainda, o aditamento do art.º 7.º-A.

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2.5. Vendas à consignação

 O novo regime instituído obrigou à alteração da DR e respetivas


instruções de preenchimento, alterações processadas pela Portaria
n.º 215/2020, de 10-09.
 Publicação do Ofício Circulado n.º 30226, de 02-10-2020, que
revogou o Ofício-Circulado n.º 30113, de 20-10-2009.
 Tratando-se de um tema que se insere nas denominadas “Quick
Fixes 2020”, o mesmo será desenvolvido no Capítulo II (ponto 4.)

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2.6. Operação “pura” triangular

 Operações triangulares são aquelas em que o circuito físico das


mercadorias não coincide com o circuito dos documentos (faturas).
 Quanto à operação que denominamos de “pura” triangular, trata-se da
única operação triangular expressamente regulada no RITI,
envolvendo, necessariamente, três operadores (A, B e C)
estabelecidos em três EM diferentes (EM1, EM2 e EM3) sem que as
mercadorias saiam do território da UE.
Nota: A operação pura triangular consta nos exemplos 1 e 4 (opção 3),
ponto 1.2.1., e nos exemplos 10 e 11, ponto 1.2.2..

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2.6. Operação “pura” triangular

 Art.º 8.º, n.º 1: Regra geral de localização (AIB) – a tributação ocorre


no EM de chegada (de destino) dos bens (situação normal em que o
IVA é, em geral, liquidado pelo adquirente registado nesse EM).
 E se o adquirente estiver estabelecido num EM diferente daquele
onde ocorre a chegada dos bens?
 Por vezes o local de destino final dos bens ainda não é conhecido no
momento das transações como sucede nas vendas sucessivas.
Poderá não haver tributação no EM de chegada dos bens…
 Na prática, poderá ser vantajoso, em termos de custos de transporte,
a entrega ser feita pelo fornecedor junto do cliente do seu cliente.
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2.6. Operação “pura” triangular

 Exemplo: Vendedor 1 (A) – DE; Adquirente 1 / Vendedor 2 (B) – PT;


Destinatário / Adquirente 2 (C)– FR.
 Art.º 8.º, n.º 2: Localização excecional da AIB no EM que atribuiu o n.º
IVA ao abrigo do qual foi efetuada a aquisição, salvo se for feita a
prova de que os bens foram tributados no EM de chegada.
 “Mecanismo de segurança”: Visa a eficácia do controlo das
transações intracomunitárias, impondo a tributação no EM de registo
do adquirente, quando os bens tenham como destino outro EM.
 Prova de que os bens foram tributados no EM de chegada poderia
ser difícil de conseguir.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.6. Operação “pura” triangular

 Conjugação dos n.os 1 e 2, art.º 8.º, sem qualquer mecanismo de


simplificação, poderia conduzir a uma situação de dupla tributação:
EM chegada bens e EM registo do adquirente.
 A operação “pura” triangular tem a seguinte configuração:
- A registado no EM1, vende bens a B registado no EM2, que, por
sua vez, os revende a C registado no EM 3.
- Os bens faturados por A a B e por B a C, são enviados diretamente
de A para C, ou seja, do EM1 para o EM3.
 Esquematicamente: (…)

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2.6. Operação “pura” triangular

 Comentários:
(i) Não se verifica uma AIB no EM2, nem uma TIB efetuada a partir daí para o
EM3, dado que os bens não passam pelo EM2. Esta operação deverá ser
efetivamente tributada no EM3 (destino dos bens).

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2.6. Operação “pura” triangular

(ii) Apesar de as regras gerais de territorialidade afastarem o EM2 da tributação,


o facto de o adquirente B utilizar um n.º de IVA atribuído por esse EM faria
acionar o “mecanismo de segurança” (art.º 8.º, n.º 2) impondo aí também a
tributação (B deveria liquidar o imposto com base na fatura emitida por A).
(iii) Se o adquirente B provasse que a mercadoria foi sujeita a tributação no
EM3 não teria que liquidar IVA. Caso a prova fosse apresentada posteriormente
poderia regularizar-se o imposto liquidado pela AIB. Sem a prova de tributação
no EM3 → liquidação de imposto no EM2.
(iv) O imposto liquidado por B no EM2 (na ausência de prova) não seria
dedutível, mas apenas regularizável (caso a prova viesse a ser conseguida).

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2.6. Operação “pura” triangular

(v) Na ausência de medidas de simplificação que evitassem a dupla tributação


decorrente da aplicação do “mecanismo de segurança”, operador B deveria
adotar um dos seguintes procedimentos alternativos:
- Hipótese 1: registo no EM 1 (EM do vendedor), onde faria uma aquisição de
bens interna ao A (o imposto suportado seria dedutível), seguida de uma TIB
isenta para o EM 3 (C faria uma AIB);
- Hipótese 2: registo no EM 3 (EM do destinatário), onde faria uma AIB
tributada (o imposto liquidado seria, em princípio, dedutível), seguida de uma
transmissão interna nesse EM para C.

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2.6. Operação “pura” triangular

 Nas operações “puras” triangulares” (três SP estabelecidos em EM


diferentes), foi instituída uma “medida de simplificação”,
nomeadamente no que respeita à (não) obrigatoriedade do
adquirente B se registar noutro EM (art.º 8.º, n.º 3).
 Medida simplificadora: A sua aplicação coloca B (adquirente dos
bens, mas não o seu destinatário) nas condições da 2.ª hipótese
anterior, mas com algumas particularidades.
 A simplificação essencial consiste em dispensar B de se registar no
EM 3, embora a operação seja aí tributada, libertando ao mesmo
tempo esse operador de qualquer ónus relacionado com o IVA.

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2.6. Operação “pura” triangular

 Esquematicamente:

i) Relativamente à AIB que B efetua no EM3 encontrar-se-á isenta de


IVA nesse EM (art.º 15.º, n.º 2, aplicável se PT for o EM3);
ii) A subsequente transmissão interna, efetuada por B a C no EM3, será
aí tributada, mas o devedor do imposto será C, que irá tratar a aquisição
interna como se se tratasse de uma AIB (art.º 24.º, n.º 5 e art.º 31.º, n.º
5, aplicáveis se PT for o EM3);

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2.6. Operação “pura” triangular

iii) O EM2, onde B se encontra registado, não irá tributar a “AIB”


presumida, decorrente da aplicação do “mecanismo de segurança”,
desde que sejam cumpridos determinados procedimentos declarativos e
de faturação (previstos no n.º 3, art.º 8.º, aplicável se PT for o EM2).
 Na operação “pura” triangular, PT poderá estar na posição de EM1,
EM2 ou EM3, aplicando-se regras distintas…
 Seguidamente coloca-se PT nas três posições: 1.º no EM1, 2.º no
EM2 e 3.º no EM3.

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2.6. Operação “pura” triangular

1.º) Se PT for o EM1 (EM de origem dos bens ou do vendedor A):


 Considera-se que A faz uma TIB isenta de IVA pela alínea a), n.º 1,
art.º 14.º (DR: op. tipo 1), dado verificarem-se as duas condições aí
previstas, a saber:
- Bens saem de PT com destino a outro EM (EM3);
- Adquirente (B) registado no EM2 tem n.º de IVA válido no VIES;
+ Pressupõe-se que A apresentou a DR (indicando NIF de B).
 Procedimentos de A: Deveria emitir fatura (s/ IVA), mencionar a operação no
C7/DP e apresentar a DR onde iria mencionar o n.º de IVA do B atribuído
pelo EM2, o valor da transação, op. tipo 1 (TIB normal).
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2.6. Operação “pura” triangular

2.º) Se PT for o EM2 (EM do adquirente B):


 Apesar do disposto no art.º 8.º, n.º 2, a “AIB” (presumida) não será
tributada pois, em princípio, B estará em condições de provar que a
mercadoria será tributada no EM3; aplica-se o disposto no n.º 3, art.º
8.º (mecanismo simplificação), não sendo a operação tributada se:
- Os bens forem adquiridos por B para proceder à sua subsequente
transmissão no EM 3 e a operação for incluída na DR: op. tipo 4;
- O adquirente dos bens (C) for um SP registado nesse EM;
- O adquirente (C) for expressamente designado na fatura como devedor de
imposto pela transmissão de bens efetuada no EM3.

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2.6. Operação “pura” triangular

 Caso B não atuasse em conformidade e não conseguisse provar que


a operação foi tributada no EM3, deveria liquidar imposto pela “AIB”
ocorrida no EM2 (art.º 8.º, n.º 2) e não o poderia recuperar → o
imposto só poderia ser deduzido por anulação da operação e apenas
se B pudesse provar que houve tributação no EM3 (art.º 19.º, n.º 3).
 Procedimentos de B: Deveria emitir fatura em que designasse C como
devedor do imposto, devendo também constar que se trata de bens que
foram diretamente do EM1 para o EM 3.
 Em termos declarativos: i) Fatura emitida por A seria tratada como uma “AIB”,
declarada no C14, sem IVA (IVA devido apenas no EM3). ii) Fatura emitida a
C seria mencionada no C08 e na DR (com o n.º de IVA de C), op. tipo 4.

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2.6. Operação “pura” triangular

3.º) Se PT for o EM3 (EM do destinatário C):


 Considera-se que B efetua em PT (EM3) uma AIB, seguida de uma
transmissão interna a C, embora B não tenha que se registar em PT
nem cumprir aqui quaisquer outras obrigações fiscais.
 Relativamente à AIB efetuada por B em PT está isenta pelo art.º 15.º,
n.º 2, pois verificam-se todas as condições aí previstas, a saber:
- AIB está a ser efetuada por um SP (B) que não se encontra registado em
PT (EM3);
- Bens foram expedidos diretamente para um EM (EM3) diferente do que
emitiu o n.º de IVA do adquirente (EM2);

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2.6. Operação “pura” triangular

- Bens foram adquiridos para serem transmitidos em território nacional (EM3)


por B a um SP de IVA aqui registado (C);
- Adquirente (C) foi expressamente designado na fatura como devedor do
imposto pela transmissão de bens realizada em PT.
 No que se refere à TB interna realizada por B em PT, as obrigações
inerentes deverão ser cumpridas pelo destinatário/adquirente C (n.º 5,
art.º 24.º), conforme a fatura emitida pelo B, devendo C tratar a
operação como uma AIB (n.º 5, art.º 31.º).
 Procedimentos de B: Não terá que cumprir quaisquer procedimentos no EM3;
 Procedimentos de C: Deverá tratar a aquisição interna efetuada ao B como
se de uma AIB se tratasse, logo, C12 e C13 (+ dedução).
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.6. Operação “pura” triangular

 Conclusão: Obrigações declarativas descritas têm a ver com o


controle das operações, através do VIES. De facto, a uma TIB
declarada num EM terá que estar associada uma AIB declarada no
outro EM, e assim sucede nas situações que estamos a tratar, pois:
- A registado no EM1 declara no C7/DP e na DR (op. tipo 1) uma TIB para B
registado no EM2. Este declara no C14 a correspondente “AIB” (embora não
liquide IVA);
- B registado no EM2 declara uma “TIB” na DR, op. tipo 4 (a operação não
vai ao C7/DP, mas sim ao C8/DP) identificando como adquirente o operador
C registado no EM3, o qual irá declarar a “AIB” no C12 e liquidar o imposto
no C13 (imposto dedutível – C20 a C24).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.7. Vendas com instalação ou montagem

 Operações que envolvem TB (vendas de bens), mas que contêm uma


componente, menos significativa (em regra), de prestação de serviços
(instalação ou montagem), devendo, em sede de IVA, ser qualificadas
como um todo, TB, pese embora às mesmas se apliquem regras
especiais, mormente no caso de operações intracomunitária.
 Exemplos: Fornecimentos de elevadores, escadas rolantes, balanças
para pesar camiões, fornos e outros equipamentos pesados para a
indústria, caixilharias de madeira ou alumínio, mobiliário à medida,
etc. (normalmente os bens são enviados em peças/componentes,
carecendo de ser montados no local indicado pelo cliente).

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2.7. Vendas com instalação ou montagem

 Num contexto intracomunitário, a expedição de bens para outro EM


seguida de instalação ou montagem dos bens nesse EM, pelo
fornecedor ou por sua conta, são consideradas operações internas aí
localizadas (operações internas efetuadas pelo fornecedor no EM da
instalação ou montagem), não constituindo TIB/AIB.
 N.º 2, art.º 7.º, CIVA: Bens apenas se consideram colocados à
disposição do adquirente (facto gerador do imposto) no momento em
que a instalação e montagem estiver concluída, i.e., o facto tributário
ocorre integralmente no EM da instalação e montagem.
 Art.º 1.º, alínea a): Receção de bens não é uma AIB sujeita a IVA.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.7. Vendas com instalação ou montagem

 Art.º 7.º, n.º 2, alínea a): Exclui do conceito de TIB, as transferências


de bens para serem objeto de instalação ou montagem noutro EM.
 Tais transferências de bens não constituirão uma TIB no EM de
origem (EM do fornecedor), nem uma AIB no outro EM (EM da
instalação ou montagem), aplicando-se, neste caso, o art.º 4.º, n.º 3.
 Art.º 9.º, n.º 1: Não são tributáveis em território nacional as TB
transportados por um SP (ou por um terceiro por sua conta) para
outro EM, quando os bens em causa se destinem a ser objeto de
instalação ou montagem nesse outro EM (não sujeição a IVA).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.7. Vendas com instalação ou montagem

 Art.º 9.º, n.º 2: Já serão, no entanto, tributáveis as TB expedidos ou


transportados a partir do território de outro EM por um SP desse EM,
quando os bens se destinem a ser instalados ou montados em PT
pelo fornecedor ou por um terceiro por sua conta (sujeição a IVA).
 Não são TIB/AIB, mas sim de operações internas, logo, não são
comunicadas ao sistema VIES.
 Não possuindo o vendedor sede ou EE no EM da instalação ou
montagem, será o adquirente, se SP, o responsável pela liquidação
do IVA (reverse charge) - alínea g), n.º 1, art.º 2.º, CIVA (ou
disposição equivalente aplicável em outro EM).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.7. Vendas com instalação ou montagem

 Caso o cliente/adquirente não possua a qualidade de SP (B2C),


deverá o vendedor registar-se para efeitos de IVA no EM onde ocorre
a instalação/montagem a fim de liquidar o imposto que aí é devido
(tais operações não se encontram abrangidas pelo novo Balcão Único
a vigorar a partir de 01-07-2021, Capítulo III).
 Art.º 31.º, n.º 2, alíneas b) e c): Deverão ser objeto de registo
contabilístico, quer as vendas de bens, realizadas por operadores PT,
com instalação/montagem noutro EM (não sujeitas a IVA em PT, art.º
9.º, n.º 1), quer, também, as vendas de bens, realizadas por
operadores de outros EM, com instalação/montagem em PT (sujeitas
a IVA em PT, art.º 9.º, n.º 2).
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.7. Vendas com instalação ou montagem

 Exemplo 1: A, estabelecido em Portugal, vende a um seu cliente


espanhol B, SP de IVA, um equipamento, tendo ficado obrigado a
proceder à sua instalação em Espanha (os técnicos da empresa A
deslocaram-se a Espanha para prestar o serviço de instalação).
 Exemplo 2: A, estabelecido em França, vende a B, cliente português,
SP de IVA, um determinado equipamento, ficando contratualmente
obrigado a proceder à sua montagem em Portugal. A subcontratou
técnicos portugueses para a montagem, serviço esse faturado ao A e
incluído por este no preço de venda do equipamento.
 Resolução no Manual (…)

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.7. Vendas com instalação ou montagem

 Ficha doutrinária/informação vinculativa considerada bastante


interessante (pela sua diversidade), onde estão envolvidas, entre
outras, operações que poderão ser qualificadas como TIB normais
(assunto abordado no ponto 1.2.1.), como “vendas com instalação ou
montagem” e, ainda, outras como “vendas à distância
intracomunitárias” (tema tratado no ponto seguinte, ponto 2.8.).
Informação Vinculativa, processo n.º 13873, despacho de 18-09-2018,
assunto: Localização de operações – Produção e montagem de caixilharia de
alumínio, com ou sem montagem, destinada ao mercado nacional e comunitário
– Aquisição de madeira, destinada ao mercado comunitário onde pode, ou não,
ser aplicada em imóveis. (reproduzida no Manual)

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8. Vendas à distância intracomunitárias

 Preâmbulo do RITI (DL n.º 290/92, de 28/12): ponto 8 (…)


 Regime profundamente alterado pela Lei n.º 47/2020, de 24-08,
passando os operadores que realizem este tipo de operações a ficar
abrangidos, por opção, pelo novo “Balcão Único” (OSS – One Stop
Shop), tema tratado no Capítulo III.
 Novas regras (substantivas), pressupondo a existência de um “Balcão
Único” que permita a simplificação da sua aplicação (regras
procedimentais), entram em vigor no dia 01-07-2021.
 1.º motivos que justificam a existência do regime e, depois,
diferenciação: regime antes e depois de 30-06-2021.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.1. Razões que justificam a existência do regime

 Visa, essencialmente, operações B2C, mais concretamente


operações efetuadas por fornecedores com a qualidade de SP,
obviamente, mas em que os adquirentes não têm n.º de IVA válido no
VIES, ou seja, em rigor, abrange as operações em que os
adquirentes são SP abrangidos pelo art.º 5.º ou particulares
(consumidores finais e equiparados), essencialmente estas.
 Regime não será aplicável, seja qual for a natureza dos bens
expedidos, se o adquirente for um SP que efetue operações que
confiram o direito à dedução ou uma entidade que, embora abarcada
pelo art.º 5.º, esteja abrangida pelo regime normal das AIB.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.1. Razões que justificam a existência do regime

 Regime visa, sobretudo, as vendas à distância efetuadas a


particulares (B2C), as quais, na ausência deste regime particular,
seriam tributáveis no EM de origem sem quaisquer limites (sujeição a
IVA, ao abrigo do n.º 1, art.º 6.º, CIVA, sem que se aplique qualquer
isenção, nomeadamente a da alínea a), n.º 1, art.º 14.º, RITI).
 Pretende-se corrigir os efeitos nefastos (distorções de concorrência)
que resultariam da aplicação sistemática do princípio da tributação na
origem às aquisições de bens efetuadas por particulares residentes
em EM diferentes daquele em que está estabelecido o vendedor, sem
que aqueles se desloquem ao estabelecimento deste.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.1. Razões que justificam a existência do regime

 A expedição ou transporte é efetuada pelo fornecedor (ou por sua


conta), sendo que, se não existisse este regime, as empresas que se
dedicassem a efetuar vendas à distância para particulares de outros
EM, instalar-se-iam nos EM onde vigoram taxas de IVA mais baixas,
remetendo os produtos, a partir daí, para os clientes.
 Com tal procedimento, os preços seriam mais reduzidos, logo, mais
concorrenciais, devido exclusivamente a fatores fiscais → “escolha
fiscal” do fornecedor do EM a partir do qual efetuava as vendas.
 Ausência de regras especiais → distorções de concorrência →
Prejuízo para os EM com taxas de IVA mais altas…

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.1. Razões que justificam a existência do regime

 Não são os particulares a adquirir pessoalmente os bens noutros EM,


mas é o vendedor que realiza os negócios à distância, colocando os
bens junto dos adquirentes (particulares e equiparados), sendo o
transporte efetuado com a sua intervenção (direta ou indireta).
 Caso contrário, aplicar-se-ão as regras habituais: Adquirentes
particulares → IVA na origem; Adquirentes isentos → IVA na origem
ou no destino… (ponto 2.1.)
 Publicidade através de catálogos, rádio, televisão (televendas) ou
internet, encomendas (pelo correio, pelo telefone ou pela internet) e
envio para cliente, normalmente através dos serviços postais.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.1. Razões que justificam a existência do regime

 É indiferente se as despesas de envio são pagas pelo adquirente.

Art.º 5.º-A, REIVA (n.º 282/2011), aditado pelo RE n.º 2019/2026, de 21-11-
2019: Considera-se que os bens foram expedidos ou transportados pelo
fornecedor ou por conta deste, inclusive se o fornecedor intervier indiretamente
no transporte ou na expedição dos bens, em especial nos seguintes casos:
a) Quando a expedição ou o transporte dos bens for subcontratada pelo
fornecedor a um terceiro que entrega os bens ao adquirente;
b) Quando a expedição ou o transporte dos bens for efetuada por um
terceiro, mas o fornecedor assumir a responsabilidade total ou parcial pela
entrega dos bens ao adquirente;
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.1. Razões que justificam a existência do regime

c) Quando o fornecedor faturar e cobrar as despesas de transporte ao


adquirente, repercutindo-os depois num terceiro que organiza a expedição ou
o transporte dos bens;
d) Quando o fornecedor promover, por qualquer meio, os serviços de entrega
de um terceiro ao adquirente, puser em contacto o adquirente e um terceiro
ou fornecer a um terceiro as informações necessárias para a entrega dos
bens ao consumidor.
 No entanto, os bens não são considerados expedidos ou transportados pelo
fornecedor ou por sua conta se o adquirente transportar ele próprio os bens
ou se o adquirente organizar a entrega dos bens com um terceiro e o
fornecedor não intervier de forma direta ou indireta para efetuar ou ajudar a
organizar a expedição ou o transporte desses bens.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 De acordo com as regras vigentes até 30-06-2021, o vendedor


deverá liquidar IVA no seu EM, à taxa aí vigente, enquanto as suas
vendas para outros EM não forem significativas.
 Deste modo, cada EM estabeleceu o seu próprio limite, dentro de um
intervalo fixado pela UE [€ 35.000 e € 100.000], sendo que PT, tal
como a maioria dos EM, optou pelo limite mais baixo.
 Será a ultrapassagem dos limites que irá determinar o momento a
partir do qual o vendedor terá que se registar no EM dos adquirentes
(ou nomear um representante) a fim de liquidar imposto às taxas aí
vigentes.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Art.º 1.º, alínea a): A entrada dos bens em território nacional não
constitui uma AIB sujeita a IVA, no caso de o vendedor de outro EM
transmitir os bens nas condições previstas nos n.os 1 e 2 do art.º 11.º
(vendas à distância provenientes de outros EM).
 Art.º 7.º, n.º 2, alínea a): As transferências de bens cuja transmissão
não é tributável em PT ao abrigo dos n.os 1 a 3 do art.º 10.º (vendas à
distância com origem em PT), não são consideradas TIB para efeitos
de RITI (e vice-versa, isto é, as vendas à distância provenientes de
outros EM, ao abrigo do art.º 4.º, n.º 3 e art.º 11.º, também não serão
AIB no EM de destino).

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2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Seguem-se os dois artigos que constituem a essência do regime:


- Art.º 10.º: “Vendas à distância localizadas fora do território nacional”
(vendas à distância para outros EM ou vendas à distância efetuadas
em outros EM a partir de PT).
- Art.º 11.º: “Vendas à distância localizadas no território nacional”
(vendas à distância provenientes de outros EM ou vendas à distância
efetuadas em PT a partir de outros EM).
 Regime aplica-se quando o fornecedor (vendedor) é um SP e o
adquirente não se encontre abrangido por um regime das aquisições
intracomunitárias (art.º 5.º) ou seja um particular.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Encontram-se excluídos os MTN, os bens a instalar ou a montar e os


bens sujeitos a IEC [art.º 10.º, n.º 1, alínea b) e art.º 11.º, n.º 1, alínea
b)], situações em que são aplicáveis regras específicas.
 Não obstante, no caso de bens sujeitos a IEC vendidos à distância
para particulares, o regime será aplicável, embora com a
particularidade de não existirem quaisquer limites quantitativos.
 Ou seja, nas TB sujeitos a IEC com destino a particulares, aplica-se
sistematicamente o regime, o que significa que são sempre tributadas
no EM de destino, independentemente do seu montante.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

Art.º 10.º: Vendas à distância localizadas fora do território nacional


(vendas à distância para outros EM)
 Não estarão sujeitas a IVA em PT a partir do momento em que o
vendedor português ultrapasse o limite a partir do qual as vendas
passam a estar sujeitas noutros EM, conforme os limites aí vigentes.
 Pode haver opção pela tributação no EM de destino,
independentemente do limite fixado por esse EM, opção efetuada em
declaração de alterações (não existe um campo específico para esta
opção, logo, deverá utilizar-se o Q40 destinado a “observações”).
 Permanência no regime de opção durante pelo menos 2 anos).
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2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

Art.º 11.º: Vendas à distância localizadas no território nacional (vendas à


distância provenientes de outros EM)
 As empresas de outros EM que vendam à distância para clientes PT
valores superiores a € 35.000, no ano civil anterior ou em curso,
deverão liquidar IVA em PT, devendo aqui registar-se ou nomear
representante, para cumprir as suas obrigações fiscais.
 Deverão declarar o início de atividade, até ao fim do mês seguinte
àquele em que for ultrapassado o limite de € 35.000 – Q11, C09.
 Imagem da declaração de início de atividade → (…)

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2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Alteração ao art.º 26.º, n.º 2, RITI (LOE/2008): Declaração de início


de atividade “produz efeitos desde a data, inclusive, da transmissão
de bens em que aquele montante tenha sido excedido”
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Exemplo (caso real ocorrido em 2007): Feira internacional de equipamentos


para medicina dentária na Exponor; Empresa espanhola e empresa
portuguesa; Ao tempo a taxa de IVA em ES era de 16% e em PT de 21%;
Equipamentos com um valor aproximado de € 8.000/cada;
Vendas/encomendas foram efetuadas nos 3 dias em que decorreu a feira;
Equipamentos foram depois, no próprio mês, enviados de ES para PT;
Empresa ES efetuou vendas de valores muito avultados com aplicação da
taxa de IVA ES…
 Se o limite não for ultrapassado num determinado ano, os SP
poderão cessar a sua atividade em PT.
 Pode haver opção por tributação em PT → Vendas ˂ € 35.000.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Vendas à distância de bens expedidos ou transportados a partir de


um país terceiro (desenvolvimentos no Manual).
 Concluindo, está-se perante um regime misto, pois o IVA é liquidado
no EM de origem até um limite e no EM de destino a partir daí.
 Possui algumas “semelhanças” com regime especial do art.º 5.º (…)

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Os limites em vigor nos vários EM são os seguintes:


Estados membros Moeda nacional Equivalente em euro
Alemanha € 100 000
Áustria € 35 000
Bélgica € 35 000
Bulgária 70 000 BGN 35 000
Chipre € 35 000
Croácia 270 000 HRK 36 231
Dinamarca 280 000 DKC 37 668
Eslováquia € 35 000
Eslovénia € 35 000
Espanha € 35 000
Estónia € 35 000
Finlândia € 35 000

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Os limites em vigor nos vários EM são os seguintes:


França € 35 000
Grécia € 35 000
Hungria 8 800 000 HUF 35 000
Irlanda € 35 000
Itália € 35 000
Letónia € 35 000
Lituânia € 35 000
Luxemburgo € 100 000
Malta € 35 000
Países Baixos € 100 000
Polónia 160 000 PLN 35 000
Portugal € 35 000
República Checa 1 140 000 CZQ 42 148
Roménia € 35 000
Suécia 320 000 SEK 33 794

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Conclusões:
 Regime, ao existir o registo em outros EM, encontra-se obsoleto, pois
desconsidera as potencialidades do “Balcão Único”, sistema já implementado
para outro tipo de operações (serviços de “TV/net/voz”) e que permite, por
opção, liquidar o IVA a partir de um único EM de registo à taxa que vigora nos
outros EM (EM dos clientes).
 Acresce que, face às diferenças de taxas que vigoram nos EM, pode
provocar distorções de concorrência: limites vigentes atualmente, apesar de
individualmente (por EM) serem relativamente baixos, numa base agregada
permitem efetuar vendas com a aplicação da taxa do EM de origem a valores
que podem ser avultados.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.2. Regras vigentes até 30-06-2021

 Conclusões:
 Mesmo considerando a aplicação do limite mais baixo em todos os EM,
poderão estar em causa, no limite, vendas a rondar o montante de €
900.000/ano (€ 35.000 x 26 = € 910.000).
 Regime foi criado há quase 30 anos (01-01-1993), num momento em que
ainda não existia a internet, sendo as vendas em apreço efetuadas,
essencialmente, por correspondência, através de catálogos deixados nas
caixas de correio (“meia dúzia” de operadores), ou seja, num contexto diverso
daquele que se vive atualmente, especialmente após a pandemia (Covid 19):
Encerramento do comércio em espaços físicos → Crescimento exponencial
do “comércio eletrónico” ou, por outras palavras, das “vendas à distância”.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.3. Regras vigentes a partir de 01-07-2021

 Regime profundamente alterado a partir de 01-07-2021, passando o


IVA a ser devido no EM destino (EM dos clientes), sem quaisquer
limites fixados por cada um desses EM.
 Tal significa que, na ausência de mecanismos de simplificação, face
às novas regras de localização, a necessidade de registo em outros
EM aumentaria exponencialmente.
 Face às fortes implicações das novas regras, permite-se que, por
opção, os operadores se inscrevam no OSS (One Stop Shop), de
modo a evitar o registo nos EM de residência dos clientes, permitindo
que a liquidação do IVA seja feita no EM de registo à taxa que vigora
no EM dos clientes (liquidação do IVA na origem à taxa do destino).
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.3. Regras vigentes a partir de 01-07-2021

 IVA continuará a ser liquidado no EM de origem, à taxa aí vigente, se


as vendas à distância, para todos os restantes EM da UE, não
ultrapassarem o montante de € 10.000 no ano civil anterior ou no ano
civil em curso, aplicando-se o regime de derrogação previsto no art.º
6.º-A, CIVA (medida simplificadora para microempresas: não têm de
se registar em outros EM ou de, por opção, se registarem no OSS).
 Pese embora a introdução das novas regras, previstas na Lei n.º
47/2020, de 24-08, tenha implicado a ocorrência de várias alterações
ao RITI, as alterações mais relevantes ocorreram nos art.os 10.º e
11.º, os quais constituem, como vimos, a essência do regime.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.3. Regras vigentes a partir de 01-07-2021

 Alterações às vendas à distância intracomunitárias:


- Transposição para o Código do IVA da definição do conceito de “vendas à
distância intracomunitária de bens”;
- Alteração do limiar (que variava entre € 35.000 e € 100.000 em cada EM,
para € 10.000 aplicável a toda a UE) a partir do qual as referidas
transmissões estão sujeitas a IVA no EM de consumo;
- Inclusão no limiar de € 10.000, até ao qual o IVA é liquidado no EM de
origem, que até aqui era aplicável apenas aos serviços descritos no tópico
seguinte, das vendas à distância intracomunitárias de bens;
- Alargamento às vendas à distância do regime especial de Balcão Único, até
aqui aplicável apenas às prestações de serviços de “TV/net/voz” efetuadas a
não SP.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.3. Regras vigentes a partir de 01-07-2021

 Alínea q), n.º 2, art.º 2.º, CIVA (aditada) → Conceito de “Vendas à


distância intracomunitárias de bens”, considerando-se como tal:
“As transmissões de bens expedidos ou transportados pelo fornecedor ou por
conta deste, inclusive quando o fornecedor intervenha indiretamente no
transporte ou na expedição dos bens, a partir de um Estado-Membro que não
seja o Estado-Membro de chegada da expedição ou transporte com destino ao
adquirente, quando se verifiquem, simultaneamente, as seguintes condições:
i) O adquirente não se encontre abrangido por um regime de tributação das
aquisições intracomunitárias no Estado-Membro de chegada da expedição ou
transporte dos bens, ou seja um particular;
ii) Os bens não sejam meios de transporte novos nem bens a instalar ou
montar.”
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.3. Regras vigentes a partir de 01-07-2021

 Transposição para o conceito do que constava no corpo do n.º 1, e


nas respetivas alíneas a) e b), dos art.os 10.º e 11.º (RITI): vendas
efetuadas a partir de um EM para outro EM, efetuadas a clientes
particulares ou a entidades com n.º de IVA inválido no VIES.
 Art.º 1.º, alínea a) e art.º 7.º, n.º 2, alínea a): mera alteração da
remissão para os art.os 10.º e 11.º.
 Artigos que constituem a essência do regime (art.os 10.º e 11.º) foram
profundamente alterados/simplificados (parte do conteúdo passou,
como vimos, para a alínea q), n.º 2, art.º 1.º, CIVA, supratranscrita).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.3. Regras vigentes a partir de 01-07-2021

Art.º 10.º: Vendas à distância localizadas fora do território nacional


“Não obstante o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 6.º do Código do IVA, não são
tributáveis:
a) As vendas à distância intracomunitárias de bens quando o lugar de
chegada da expedição ou transporte dos bens com destino ao adquirente se
situe fora do território nacional;
b) As vendas à distância de bens importados em território nacional quando o
lugar de chegada da expedição ou transporte dos bens com destino ao
adquirente se situe fora do território nacional.”

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.3. Regras vigentes a partir de 01-07-2021

Art.º 11.º: Vendas à distância localizadas no território nacional


“São tributáveis:
a) As vendas à distância intracomunitárias de bens quando o lugar de
chegada da expedição ou transporte dos bens com destino ao adquirente se
situe em território nacional;
b) As vendas à distância de bens importados em outro Estado-Membro
quando o lugar de chegada da expedição ou transporte dos bens com destino
ao adquirente se situe em território nacional;
c) As vendas à distância de bens importados em território nacional quando o
lugar de chegada da expedição ou transporte dos bens com destino ao
adquirente se situe neste território, se o IVA devido por essas vendas for
declarado ao abrigo do regime especial aplicável às vendas à distância de
bens importados.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.8.3. Regras vigentes a partir de 01-07-2021

 Recorde-se que, caso os vendedores não ultrapassem o limite anual


de € 10.000 (para toda a UE), aplica-se a derrogação prevista no art.º
6.º-A, CIVA, dando-se a tributação no EM do vendedor (EM de
origem), salvo opção em contrário.
 Em consequência destas alterações, com muito mais frequência do
que anteriormente, os operadores passariam a ter de se registar
noutros EM quando realizassem vendas à distância para clientes aí
domiciliados. Contudo, fruto da possibilidade de inscrição, por opção,
no regime de Balcão Único (Capítulo III), a necessidade de registo
noutros EM será, em princípio, meramente residual.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 Nota prévia: Este tipo de operações foi retratado nos exemplos 7 e 8,


ponto 1.2.1., que aqui se colocam novamente, e nos exemplos 14 e
15, ponto 1.2.2., colocando-se, no presente capítulo, o exemplo 14.
 Começa por se apresentar uma figura ilustrativa da presente temática
→ UE enquanto União Aduaneira:

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 UE dispõe, desde 01-01-1993, de uma fronteira externa comum,


havendo que regular as situações em que um bem é importado num
EM, cumprindo aí todas as formalidades alfandegárias, entrando, por
isso, em “livre prática” (passa a ser equipado a um bem com origem
na UE), e, depois, é expedido para o território de outro EM.
 No fundo, após a importação ocorrida num EM, caso os bens se
desloquem em livre prática para outros EM, seguem-se operações
intracomunitárias (TIB/AIB), sendo importante salientar o conceito de
importação, que expressamente exclui os bens oriundos de países
terceiros que se encontrem em livre prática.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 De facto, segundo o n.º 1, art.º 5.º, CIVA:


“Considera-se importação a entrada em território nacional de: a) Bens
originários ou procedentes de países terceiros e que não se encontrem em livre
prática (…)”.
 No mesmo sentido, segundo o art.º 30.º da Diretiva IVA:
“Entende-se por «importação de bens» a introdução na Comunidade de um bem
que não se encontre em livre prática na aceção do artigo 24.º do Tratado.”
 Art.º 16.º: Importação de bens beneficiará de isenção se os bens
tiverem como destino outro EM e a respetiva transmissão
subsequente, efetuada pelo importador, for isenta pelo art.º 14.º.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 Evita-se que o importador suporte IVA na importação relativamente a


bens que têm como destino outros EM, uma vez que se trata de
imposto que, sendo liquidado pela Alfândega (salvo aplicação do
regime de autoliquidação), seria dedutível, logo, reembolsável, dado
que, após a importação, ocorre uma TIB à qual se aplica uma isenção
completa - art.º 14.º, n.º 1, alíneas a) ou c).
 A situação descrita, em que é aplicável a isenção na importação
prevista no art.º 16.º (do nosso RITI), poderá representar-se através
da seguinte figura (exemplo 8, ponto 1.2.1.):

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 Evita-se que o importador suporte IVA na importação relativamente a


bens que têm como destino outros EM, uma vez que se trata de
imposto que, sendo liquidado pela Alfândega (salvo aplicação do
regime de autoliquidação), seria dedutível, logo, reembolsável, dado
que, após a importação, ocorre uma TIB à qual se aplica uma isenção
completa - art.º 14.º, n.º 1, alíneas a) ou c).
 A situação descrita, em que é aplicável a isenção na importação
prevista no art.º 16.º (do nosso RITI), poderá representar-se através
da seguinte figura (exemplo 8, ponto 1.2.1.): (…)

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 Está em causa uma empresa PT que adquire bens a uma empresa


chinesa e que, posteriormente, os revende a um cliente sediado em
outro EM. A importação, ocorrida em PT, beneficiará da isenção do
art.º 16.º.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 Todavia, também será aplicável a isenção do art.º 16.º, na situação


seguinte (exemplo 7, ponto 1.2.1.), em que não há propriamente uma
TIB com origem no EM onde ocorre a importação (PT) e com destino
a outro EM:

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 O exemplo anterior pode ser adaptado a uma situação em que a


importação é feita por uma empresa PT em outro EM (exemplo 14,
ponto 1.2.2.).

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 Neste caso, no outro EM não há propriamente um comprador e vendedor,


verificando-se que aquele país é apenas um território de passagem dos bens.
A importação, ocorrida no outro EM, beneficiará também da isenção prevista
numa disposição análoga ao art.º 16.º, desde que sejam aí cumpridos alguns
formalismos por parte da empresa PT (importadora) ou por um representante.
 Art.º 4.º, n.º 1, alínea a): Assimila a uma AIB a afetação por um SP às
necessidades da sua empresa, em PT, de bens produzidos (…) ou
importados pelo SP no território de outro EM.
 Conjugação com art.º 1.º, alínea d): Importação efetuada em outro EM, por
um SP PT, de bens que tenham como destino PT, será considerada uma AIB,
sujeita a IVA.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 A importação ocorre no EM onde os bens dão entrada no território


comunitário, aplicando-se aí uma isenção (norma equivalente ao art.º
16.º), devendo, para efeitos de controlo (VIES), ser aí declarada pelo
importador, ou pelo seu representante, uma TIB – operação também
assimilada, ao abrigo de uma disposição equivalente ao art.º 7.º, n.º
1, isenta de IVA por força de uma disposição análoga ao nosso art.º
14.º, n.º 1, alínea c).
 Manual: Análise detalhada do art.º 16.º e colocação de dois casos
práticos (resolvidos).

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2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 Conclui-se que as empresas PT que realizem importações em outros EM


poderão aí beneficiar de um regime análogo ao previsto no art.º 16.º,
“transformando” as suas importações em AIB, com a vantagem, entre outras,
de evitarem o pagamento do IVA liquidado “à cabeça” nas importações
efetuadas em PT (sem prejuízo do diferimento no pagamento previsto nos
n.os 3 e 4, art.º 28.º, CIVA, concedido mediante caução, e sem prejuízo,
também, do mecanismo de autoliquidação do IVA instituído em PT em 2017).
 Nas operações internas os SP deduzem o IVA ainda que não se encontre
pago aos fornecedores (princípio da dedução imediata). Não é o caso das
importações, pois o IVA só é dedutível depois de pago à Alfândega com base
no “recibo”. Será esse o documento apropriado para deduzir o imposto pago
na importação [art.º 19.º, n.º 1, alínea b) e n.º 2, alínea b)].

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 O facto de o IVA poder ter que ser pago “à cabeça”, quando a sua
dedutibilidade apenas se materializa dois, ou mais, meses depois (com a
apresentação da DP), pode colocar problemas de tesouraria às empresas.
 Esse facto, entre outros, motivou uma prática que consistia em desviar as
importações para outros EM, convertendo as importações em AIB:
- Desalfandegamento em outro EM → Isenção na importação → AIB →
Liquidação e dedução em simultâneo → Eliminação do ónus financeiro
associado ao pagamento do IVA antecipadamente.
- Terá sido esse o motivo para a alteração ao art.º 28.º, n.os 3 e 4, CIVA
(OE/2007) → diferimento do pagamento do IVA, mediante garantia.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2.9. Importações de bens destinados a outros EM

 Terá sido também esse o motivo que terá levado o legislador, em 2017, a
instituir o mecanismo da autoliquidação do IVA na importação, aplicável por
opção (aditamento dos n.os 8 e 9, art.º 27.º, CIVA).
 Porém, tal regime (autoliquidação) apenas é aplicável a SP enquadrados no
RNM, para além de, para poder ser exercida a opção, os SP terem de
cumprir as restantes condições previstas no n.º 8, art.º 27.º, CIVA.
 Cumpre também salientar que, muitas vezes, não por motivos fiscais, mas
sim por motivos que se prendem com a própria logística dos transportes, os
operadores continuam a proceder a importações em outros EM:
 Exemplo: Transporte marítimo da China até Roterdão (Holanda), seguido de
transporte rodoviário até Portugal).
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CAPÍTULO II – QUICK FIXES 2020

1. Notas introdutórias
- Enquadramento (Direito da UE)
2. Prova da expedição ou transporte nas TIB
- Regulamento de Execução
3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)
- Registo de IVA no VIES
- Declaração recapitulativa

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1. Notas introdutórias

 No passado dia 1 de janeiro de 2020 entraram em vigor um conjunto de


disposições legislativas em matéria de IVA denominadas de “Quick Fixes
2020” (“soluções rápidas para 2020”).
 Aquelas medidas vieram a ser objeto da publicação de notas explicativas
emitidas pela Direção-Geral da Fiscalidade e da União Aduaneira da
Comissão Europeia (DG TAXUD).
 Lei n.º 49/2020, de 24-08: Transposição da Diretiva (UE) 2018/1910, de 04-
12-2018, e transposição da Diretiva (UE) 2019/475, de 18-02-2019, que
altera as Diretivas 2006/112/CE e 2008/118/CE, alterando, a partir de 01-01-
2020, o RITI e o CIVA, incluindo-se as suprarreferidas “Quick Fixes 2020”.

O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1. Notas introdutórias

 Génese: Conclusões do ECOFIN, de 08-11-2016, convite à Comissão para


apresentar propostas sobre determinadas melhorias no atual sistema comum
do IVA, tendo sido sinalizadas quatro áreas:
- Prova documental exigida para se beneficiar de isenção nas TIB;
- N.º de IVA deve constituir uma condição material adicional para a aplicação
da isenção no que se refere a uma TIB e não um requisito meramente formal;
- Critérios uniformes e melhorias legislativas que conduzam a uma maior
segurança jurídica e a uma aplicação mais harmonizada das operações em
cadeia, incluindo as operações triangulares;
- Alteração das regras do IVA a fim de permitir que a simplificação do regime
das vendas à consignação seja aplicada de modo uniforme na UE.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
1. Notas introdutórias

 04-10-2017: Comissão propôs alterações à Diretiva IVA e ao REIVA em


relação às quatro áreas, que viriam a ser adotadas pelo Conselho em 04-12-
2018, materializando-se nos seguintes atos jurídicos:
i. Diretiva (UE) 2018/1910, 04-12-2018, que altera a Diretiva 2006/112/CE
(Diretiva IVA): Três medidas – i) Clarificação do papel do número de
identificação para efeitos de IVA; ii) Tratamento das operações em cadeia; iii)
Simplificação do regime das vendas à consignação.
ii. Regulamento de Execução (UE) 2018/1912, de 04-12-2018, que altera o
Regulamento de Execução (UE) n.º 282/2011 (REIVA): Especificação das
condições em que a isenção nas TIB pode ser aplicada – Duas presunções
ilidíveis em matéria de prova do transporte dos bens (consoante seja
efetuado pelo vendedor ou pelo adquirente - aditamento do art.º 45.º-A.
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1. Notas introdutórias

 Prova do transporte: Ofício circulado n.º 30218, de 03-02-2020 e Ofício


circulado n.º 30231, de 28-01-2021.
iii. Regulamento (UE) 2018/1909, de 04-12-2018, que altera o Regulamento
(UE) n.º 904/2010: Troca de informações para efeitos do controlo da correta
aplicação do regime da consignação industrial.

- Ofício Circulado n.º 30225: Trata das três medidas de simplificação (Lei n.º
49/2020), onde se insere o novo regime das vendas à consignação.
- Ofício Circulado n.º 30226: respeita à alteração da DR (Portaria n.º 215/2020),
em resultado das alterações ao regime das vendas à consignação (revoga o
Ofício Circulado n.º 30113, de 20-10-2009).
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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

 Art.º 45.º-A, REIVA (aditado) → Elenca como meios de prova para a


comprovação da saída física das mercadorias (TIB) os seguintes:
- N.º 3, alínea a): Documentos relacionados com o transporte ou a expedição
dos bens, tais como uma declaração de expedição CMR assinada, um
conhecimento de embarque, uma fatura do frete aéreo, uma fatura emitida
pelo transportador dos bens;
- N.º 3, alínea b): Outros documentos – i) uma apólice de seguro relativa ao
transporte ou à expedição dos bens ou documentos bancários comprovativos
do pagamento do transporte ou da expedição; ii) documentos oficiais emitidos
por uma entidade pública, por exemplo um notário, que confirmem a chegada
dos bens ao EM de destino; iii) um recibo emitido por um depositário no EM
de destino, que confirme a armazenagem dos bens nesse EM.

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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

 Agregação em dois grupos, a título exemplificativo, dos documentos,


consoante estejam relacionados especificamente com o transporte/expedição
em causa propriamente dito, inevitavelmente emitidos pelo transportador
(alínea a) do n.º 3) ou de forma indireta (alínea b) do n.º 3).
 Para efeitos da aplicação da isenção nas TIB, presume-se que os bens foram
expedidos ou transportados a partir de um EM para fora do respetivo território
mas na Comunidade em qualquer dos seguintes casos:
- Sendo a expedição ou transporte efetuados pelo vendedor ou por um
terceiro agindo por sua conta (v.g. transportadora), quando vendedor está na
posse de: i) Pelo menos, dois elementos de prova não contraditórios a que se
refere o n.º 3, alínea a); ii. Emitidos por duas partes independentes uma da
outra, do vendedor e do adquirente.
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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

 Ofício Circulado n.º 30218, de 03-02-2020 elenca como exemplos destes


documentos: Fatura emitida ao vendedor pelo transportador dos bens e
declaração de expedição CMR assinada pelo adquirente, em nada
acrescentando, como se vê, ao que é referido pelo próprio articulado.
- Em alternativa: i) qualquer um dos elementos a que se refere o n.º 3, alínea a);
ii) em conjunto com qualquer um dos elementos de prova não contraditórios a
que se refere o n.º 3, alínea b), que confirmem o transporte ou a expedição
emitidos por duas partes independentes uma da outra, do vendedor e do
adquirente.
 A referida instrução administrativa elenca como exemplos: – Fatura emitida
ao vendedor pelo transportador dos bens; – Documentos oficiais emitidos por
uma entidade pública (notário), que confirmem a chegada dos bens.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

- Sendo a expedição ou transporte efetuados pelo adquirente ou por um


terceiro agindo por sua conta, o vendedor deverá estar na posse de: i) uma
declaração escrita do adquirente, que deve fornecer ao vendedor até ao 15.º do
mês seguinte ao da entrega dos bens, a qual deve incluir a seguinte informação:
 Indicar que os bens foram por ele transportados ou expedidos, ou por
terceiros agindo por conta do adquirente, e mencionando o EM de destino
dos bens e a data de emissão;
 O nome e endereço do adquirente, a quantidade e natureza dos bens, a data
e o lugar de chegada dos bens e, no caso de entregas de meios de
transporte, o número de identificação dos meios de transporte, e a
identificação da pessoa que aceita os bens por conta do adquirente; (…)

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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

 E, cumulativamente com aquela declaração, deverá ainda estar na posse dos


elementos elencados no ponto anterior, ou seja:
ii. Pelo menos dois elementos de prova não contraditórios a que se refere o n.º
3, alínea a), emitidos por duas partes independentes uma da outra, do vendedor
e do adquirente (que a AT exemplifica com: - Um conhecimento de embarque
(Bill of lading); - Fatura emitida ao adquirente pelo transportador dos bens); ou
iii. Qualquer um dos elementos a que se refere o n.º 3, alínea a), em conjunto
com qualquer um dos elementos de prova não contraditórios a que se refere o
n.º 3, alínea b), que confirmem o transporte ou a expedição, emitidos por duas
partes independentes uma da outra, do vendedor e do adquirente (que a AT
exemplifica com: - Um conhecimento de embarque (Bill of lading); - Uma apólice
de seguro emitida ao adquirente, relativa ao transporte ou à expedição).
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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

 Trata-se de uma presunção legal (que pode ser ilidida pela AT).
 No entanto, conforme de refere nas “notas explicativas” das Quick Fixes 2020
não é possível aplicar a presunção no sentido inverso, ou seja, o facto de as
condições da presunção não estarem preenchidas não significa
automaticamente que a isenção da TIB não se aplique.
 Ou seja, quando a presunção não se aplica, a situação continua a ser igual à
situação anterior à entrada em vigor do artigo 45.º-A, REIVA.
 Assim, estranha-se que o Ofício Circulado n.º 30218, de 03-02-2020 tenha
procedido à revogação, sem mais, do Ofício Circulado n.º 30009, de 10-12-
1999, cujo teor continua, salvo melhor opinião, a servir de referência para
meios alternativos de prova numa circunstância em que não é possível ao SP
beneficiar da referida presunção.
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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

 O que sucede se o fornecedor ou o adquirente efetuar o transporte utilizando


meios de transporte próprios?
 Neste caso, a presunção não se aplica uma vez que não está preenchido o
requisito estabelecido no art.º 45.º-A, n.º 1, alíneas a) e b), subalínea ii),
REIVA, em relação aos elementos de prova não contraditórios a emitir por
duas partes diferentes, independentes entre si, do vendedor e do adquirente.
 No entanto, como referido, o facto de as condições do art.º 45.º-A, n.º 1, não
estarem preenchidas não significa automaticamente que a isenção do artigo
138.º da Diretiva IVA e art.º 14.º do RITI, não se aplique.
 Caberá ao fornecedor provar, com os meios que possui à sua disposição,
como poderá ser a declaração do cliente com a informação supra retratada…

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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

 e indicação da matrícula da viatura que transportou os bens, uma guia de


remessa assinada por este ou os meios de pagamento, que as condições
para a isenção em causa se encontram preenchidas.
 No que se refere à “declaração escrita” emitida pelo destinatário dos bens,
não existem regras específicas no REIVA, sendo razoável esperar que os EM
sejam flexíveis a este respeito e não imponham limitações rigorosas,
nomeadamente, apenas um documento em papel, mas também aceitem uma
versão eletrónica, desde que contenha todas as informações exigidas.
 O tema em apreço foi, porventura, aquele que mais dúvidas gerou no ano de
2020, até porque a doutrina da AT, verdadeiramente, nada acrescentava,
sendo que, inclusivamente, revogou a doutrina anterior.

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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

Ofício Circulado n.º 30231, de 28-01-2021


 Assunto: “IVA – Isenção das TIB; Condições de aplicação da isenção;
Complemento aos ofícios circulados n.os 30218 e 30225, de 03-02 e 02-10,
respetivamente.”.
 A AT vem defender aquele que já era (e sempre foi) o nosso entendimento,
ou seja, o de que os meios de prova não se esgotam naqueles que se
encontram expressamente previstos no REIVA.
“8. No entanto, o artigo 45.º-A não determina que a expedição ou o transporte
só possam ser objeto de prova na forma nele prescrita. Continuam, assim, a
poder ser utilizados os meios gerais de prova admissíveis em direito, a ser
objeto de apreciação e valoração na análise global da prova e dos elementos da
operação. O valor dos meios de prova de que o sujeito passivo disponha não
fica excluído ou desqualificado pelo facto de não poderem integrar a presunção.

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2. Prova da expedição ou transporte nas TIB

9. De qualquer forma, não deixa de ser do interesse do sujeito passivo munir-se


dos meios de prova elencados e poder beneficiar da presunção daí resultante,
pois, nesse caso, considera-se provado a expedição ou o transporte
intracomunitário, ficando assim satisfeito o ónus da prova que sobre ele recai
com maior certeza e segurança jurídicas.”
 Congratulamo-nos com esta tomada de posição, merecendo-nos apenas o
seguinte comentário: Face a este novo entendimento, não deveria ser
repristinado o referido Ofício Circulado?
 É que, em bom rigor, o mesmo mantém-se perfeitamente atual, indo
precisamente no sentido do “novo” entendimento, supra descrito, com a
vantagem de o complementar com exemplos concretos de documentação
pertinente para o efeito, justificando-se, assim a sua manutenção.
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3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)

 TJUE tem vindo a considerar que exigência de um n.º de IVA válido no VIES
constitui uma exigência meramente formal no que respeita ao direito de
isenção (conforme acórdãos mencionados no Manual).
 Com a Diretiva 2018/1910, propõe-se que a inclusão do n.º de IVA do
adquirente no VIES, atribuído por um EM diferente do EM de partida do
transporte dos bens, passe a constituir, para além da condição relativa ao
transporte dos bens para fora do EM de entrega, uma condição substantiva
para a aplicação da isenção, justificando tal facto com da luta contra a fraude.
 Esta alteração, permite reforçar o controlo sobre o comércio intracomunitário
de bens entre SP e, em simultâneo, obstaculiza a ocorrência de situações
abusivas ou fraudulentas que a não consideração da exigência do n.º de IVA
do adquirente como condição substancial para a isenção estava a potenciar.
O novo RITI e as alterações das regras do IVA para o comércio eletrónico Junho de 2021
3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)

 Para tal, promove à alteração do art.º 138.º da Diretiva IVA, reestruturando o


n.º 1 (desagregando-o em duas alíneas), sendo que a alínea a) corresponde
ao anterior teor do artigo 138.º, n.º 1, e aditando uma nova condição, prevista
na alínea b), para a aplicação da isenção, sem a qual o fornecedor deverá
tributar a operação, que consiste em dois elementos, a saber:
- O SP a quem a entrega é efetuada está identificado para efeitos de IVA num
EM diferente do EM em que tem início a expedição ou o transporte dos bens;
e
- Este SP a quem a entrega é efetuada indicou este n.º de IVA ao fornecedor.
 O reflexo desta alteração da Diretiva IVA no RITI é a alteração da alínea a),
n.º 1, art.º 14.º, que passa a ter a seguinte redação:

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3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)

[Estão isentas] “As transmissões de bens, efetuadas por um dos sujeito passivo
referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º, expedidos ou transportados pelo
vendedor, pelo adquirente ou por conta destes, a partir do território nacional
para outro Estado-Membro com destino ao adquirente, quando este seja uma
pessoa singular ou coletiva registada, para efeitos do imposto sobre o valor
acrescentado, em outro Estado-Membro, que tenha utilizado e comunicado ao
vendedor o respetivo número de identificação para efetuar a aquisição e aí se
encontre abrangido por um regime de tributação das aquisições
intracomunitárias de bens;”
 Aditamento da parte sublinhada.
 Desenvolvimentos no Manual (…)

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3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)

 Desenvolvimentos no Manual:
- Comunicação a posteriori (regularização);
- Pedido do n.º pendente (regularização);
 N.º 5, art.º 35.º, CIVA (aditado pela LOE/2013), prevê que as declarações a
que se referem os art.os 32.º (de alterações) e 33.º (de cessação), devem
produzir efeitos, no que diz respeito ao VIES, à data da apresentação.
 Impede-se a alteração, com efeitos retroativos, dos elementos relativos ao n.º
de IVA do SP no registo, salvo quando se trate de declaração de início de
atividade, conferindo uma maior segurança jurídica, seja aos intervenientes
em operações intracomunitárias, seja às AT dos EM, na consulta aos dados
disponibilizados no VIES.
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3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)

Declaração Recapitulativa
 Aditado ao art.º 138.º da Diretiva IVA o n.º 1-A, de acordo com o qual:
“A isenção prevista no n.º 1 não se aplica caso o fornecedor não tenha cumprido
a obrigação prevista nos artigos 262.º e 263.º relativa à apresentação de um
mapa recapitulativo ou do mapa recapitulativo por ele apresentado não constem
as informações corretas relativas a essa entrega exigidas no artigo 264.º, a
menos que o fornecedor possa justificar devidamente essa falha a contento das
autoridades competentes.”.
 Assim, a nosso ver, verdadeiramente inovador, face ao tratamento que o RITI
já dava a estas questões, é o disposto no novo n.º 2, art.º 14.º, RITI, aditado.

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3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)

“A isenção prevista na alínea a) do número anterior não tem aplicação quando o


sujeito passivo transmitente não cumprir a obrigação prevista na alínea c) do n.º
1 do artigo 23.º, salvo se o sujeito passivo, em casos devidamente justificados,
corrigir a falta detetada, sem prejuízo da penalidade que ao caso couber.”
 Esta condição, reportada à entrega atempada e adequada da DR, suscita a
questão do inevitável desfasamento temporal entre a emissão da fatura e a
posterior entrega da referida DR.
 Isenção aplica-se desde que as condições do art.º 138.º, n.º 1, Diretiva IVA,
estejam cumpridas, uma vez que estas são as únicas condições aplicáveis no
momento da entrega para determinar se a isenção se aplica ou não.
 Há casos em que a falha se pode considerar justificada (3 exemplos…)

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3. Registo no VIES do n.º IVA do adquirente (…)

FIM DA APRESENTAÇÃO

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