Você está na página 1de 13

1.

INTRODUÇÃO
Nota-se no Corpo de Bombeiros a falta de um manual de utilização e operação de
aparelho desencarcerador. Este manual visa preencher esta lacuna, porém deve-se se ressaltar
que as pesquisas em relação a esta atividade devem persistir por não ser um material
completo, devido a alta inovação tecnológica na área.
Nas páginas que seguem foram colocados alguns conceitos, utilidades e cuidados na
manutenção e no uso do aparelho desencarcerador de marca LUKAS, por ser o mais utilizado
no Corpo de Bombeiros do Paraná.

2. CONCEITO
Aparelho de desencarceramento é um sistema de resgate ou conjunto de salvamento,
dotado de capacidade e dispositivos que o torna adequado para o serviço de retirada de vítima
presa em ferragens, é composto basicamente por uma moto-bomba e ferramentas hidráulicas.

3. HISTÓRICO
O ano é 1970 e faltam mais algumas voltas para o término dos testes de uma
competição na ensolarada tarde no autódromo de Daytona, nos Estados Unidos. De repente, a
exemplo do que já ocorrera centenas de vezes, um dos automóveis derrapa na pista e se choca
contra uma muralha de concreto a 250 km/h. várias equipes de resgate correm para o local e
constatam que o piloto, ainda vivo, está com as pernas presas nas ferragens do carro.
Os equipamentos que possuem para o desencarceramento são moto abrasivos,
alavancas, serras manuais, tirfor, etc. Devido ao derramamento de combustível ninguém se
atreve a usar a moto serra e trinta preciosos minutos são perdidos até a efetiva remoção do
piloto. Daí, a constatação que ninguém queria aceitar: o piloto não resiste e deu-se o óbito.
O Senhor George Hurst, dono de uma fábrica de câmbios de alta performance que
levava o seu nome, não se conforma com a tragédia, pois o piloto era seu filho. Nascia da
determinação do pai, o projeto de um equipamento que pudesse afastar e cortar ferragens sem
encostar ou traumatizar a vítima.

O departamento de engenharia da empresa trabalhou durante um ano, para chegar ao


protótipo dos desencarceradores hidráulicos, parecidos ao que conhecemos hoje
4. ESPECIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO

 Moto-bomba - gerador elétrico conjugado com uma bomba hidráulica, podendo funcionar
com bateria elétrica ou motor à combustão, por ter um motor silencioso facilita a
comunicação e não estressa a vítima com o ruído, além de ser mais leve que a tradicional.

CARACTERÍSTICAS:

Motor GS-2T

COMBUSTÍVEL ------------------------------------ gasolina pura


ÓLEO LUBRIFICANTE --------------------------- SAE 10w -30
RESERVATÓRIO DE GASOLINA-------------- 2.50 L
RESERVATÓRIO DE ÓLEO --------------------- 0.6 L
AUTONOMIA --------------------------------------- 1:10 h

Bomba Hidráulica

PRESSÃO DE TRABALHO ------------------------ 9.135 PSI


RESERV. DE FLUÍDO HIDRÁULICO ----------- 4 L
FLUÍDO HIDRÁULICO ----------------------------- óleo mineral
PESO ( CONJUNTO) --------------------------------- 37 KG

 Cortadores ou Alicate de Corte - ferramenta hidráulica que possui duas lâminas em


forma de meia-lua ou bico-de-papagaio, que deslizam uma sobre a outra, proporcionando
um corte eficiente, o modelo existente no CB é o LS 200B.

CARACTERÍSTICAS:

Cortador LS 200B

FORÇA DE CORTE -------------------------------------- 12000Kgf


ABERTURA ----------------------------------------------- 100mm
TEMPO DE ABERTURA -------------------------------- 2.5 a 3s
PESO -------------------------------------------------------- 12.5Kg

• Expansor ou cunha expansiva- ferramenta equipada com braços que em sua extremidade
tem ponteiras substituíveis e que podem ser utilizadas para abertura ou separação de chapas
(retirada da poita de um veículo acidentado) ou ainda no tracionamento de partes ( elevação
da coluna de direção para retirar vítima do volante do veículo com o uso do jogo de
correntes) no CB é utilizado o modelo LSP 40.

CARACTERÍSTICAS:

Expansor LSP 40

FORÇA DE AFASTAMENTO ------------------------- 4000Kgf


FORÇA DE TRAÇÃO ----------------------------------- 3500Kgf
CURSO DE AFASTAMENTO ------------------------- 630mm
CURSO DE TRAÇÃO ----------------------------------- 510mm
TEMPO DE ABERTURA ------------------------------- 4.5 a 6.5s
PESO -------------------------------------------------------- 17Kg
 Extensor ou Cilindro de hidráulico- equipamento hidráulica aplicável em qualquer tipo
de resgate e salvamento onde se queira a elevação de uma carga, o CB possui o LTR
3,5/820 que funciona em três estágios.

CARACTERÍSTICAS:

Cilindro LTR 3,5/820

FORÇA TRAB. POR ESTÁGIOS ------------------- 24, 12 e 3.5 ton


CURSO DO EMBOLO -------------------------------- 820mm
COMPRIMENTO MAX. ------------------------------ 1265mm
COMPRIMENTO MIN. ------------------------------- 445mm
PESO ----------------------------------------------------- 20.8Kg

 Carretel para enrolar mangueiras- pode-se


enrolar/desenrolar rapidamente até duas mangueiras e que
somado no dispositivo de depósito de ferramentas
permite que duas ferramentas hidráulicas já fiquem
acopladas na ferramenta para pronto uso, poupando
tempo e preservando melhor o material.

 Bomba manual integrada para corte e expansão-


quando há necessidade de mobilidade absoluta, sem
bomba hidráulica ou mangueiras, tem baixo peso,
porém menos força e tempo de abertura alto, é ideal
em ambientes gasados onde existe risco de explosão,
pode ser transportado em motos como no Japão.

Existem ainda outras ferramentas que o existem o CBPR não adquiriu ou que somente
alguns postos possuem.
 Ferramenta com bateria integrado para corte e expansão.

 Kit LUKAS para VTR.


 Moto esmeril ou moto abrasivo.

 Almofada pressurizada por ar comprimido.

Outros equipamentos também são bastante úteis, como aparelho de corte reduzido, serra
para separar e tirar vidros, o dispositivo que quebra vidro com segurança e protetor contra
abertura tardia de airbags.

5. NORMAS E SEQUÊNCIAS DE OPERAÇÃO


-

5.1 ACIONAMENTO DO MOTOR A GASOLINA

- Certifique-se que o sistema encontra-se despressurizado;


- Conecte as mangueiras que estão ligadas ao conjunto nas ferramentas através dos plugues
de conexão rápida, obedecendo a igualdade de cores.
- Abrir a válvula de combustível girando cerca de ¼ de volta em sentido anti-horário, ou seja
que a mesma fique no sentido da mangueira.

- Posicionar a alavanca de comando de partida na posição "START" ou "CHOQUE"


(afogado). Quando o motor estiver quente, posicione em "FAST".
- Puxe a manopla de acionamento, primeiramente retirando a folga ai sim puxar rapidamente
o cordão para evitar retrocesso e dar a partida no motor.
- Mova o comando do acelerador para a posição desejada de rotação, na faixa entre "SLOW"
e "FAST".
- Pressurize o sistema.
- Pela alça e punho segurar a ferramenta hidráulica atuando com o dedo polegar no comando
de operação.
- Ao final da operação despressurizar o sistema.
- Desligar o motor passando o comando do acelerador para a posição “STOP”.
- Fechar a válvula de combustível.
- Desconectar as mangueiras e protegê-las com as tampas apropriadas.

Observação quanto as mangueiras:

- Nas conexões entre mangueiras e ferramentas, executar primeiro a ligação da mangueira de


retorno (azul) e a seguir, a de pressão (amarela ou vermelha ). Para desconexão proceder de
maneira inversa;
- Se apenas uma ferramenta for utilizada, o operador deverá fazer um curto-circuito (conexão
da pressão com o retorno) no par de mangueiras não utilizados;
- Para maior rapidez nas operações de socorro e evitar a troca no sentido de movimentação
nos braços é recomendável deixar essa conexão permanentemente realizada.
- Durante a operação ou ao ser guardada, as mangueiras não deverão estar submetidas a
dobras;
- Por ser a parte mais sensível, os plugues de conexão rápida nunca deverão ficar submetidos
a sujeira e ou calor;
- Não deixar submetidos a pressão quando fora de uso. Sendo assim despressurizar antes de
desligar o motor

5.2 UTILIZAÇÃO DO ALICATE DE CORTE

- Durante o corte, nenhuma força lateral — geralmente causado pelo incorreto


posicionamento da ferramenta deve ser exercido nas laminas. alem disso, estas deverão ser
posicionadas perpendicularmente a peça a ser cortada.
- Caso as laminas se afastem, em suas extremidades, mais que 3mm, a ferramenta deve ser
reposicionada
- Para melhor aproveitamento do dispositivo de corte, a peça deverá ser posicionada o mais
próximo possível do centro das laminas (mais próximo do pino central).
- Não corte peças em que as extremidades possam estar soltas.

Importante: O corte de objetos muito duros, mais comumente aço, não deverá ser realizado,
pois tais metais tem a característica de quebrarem quando sob tensão, desta forma dois
problemas poderão ocorrer: Ferimentos na vitima ou no operador, ocasionados por
fragmentos projetados e quebra dos braços ou laminas da ferramenta. Ex: corte do feixe de
molas e coluna de direção.
CORRETO INCORRETO
5.3 UTILIZAÇÃO DO EXPANSOR OU CUNHA EXPANSIVA

- O operador deverá durante o trabalho de expansão procurar manter a maior área de contato
possível entre as ponteiras da ferramenta e a peça, o que diminui o perigo de resvalamento
dos braços;
- As partes serrilhadas na parte externa das ponteiras, devem ser adaptadas no intervalo entre
as partes da peça a serem separadas, tanto quanto possível, mantendo-se a ferramenta
perpendicular a superfície;
- Se a abertura não for grande suficiente para introduzir as duas ponteiras, abrir os braços de
expansão e encaixar uma das ponteiras na abertura fechar os braços e curvar o material, agora
amassado, para fora. Repetir a operação até que na abertura se encaixem as ponteiras.

5.4 UTILIZAÇÃO DE CORRENTES NO EXPANSOR

Principalmente em acidentes automobilísticos os jogos de corrente são úteis, quando,


devido ao impacto da colisão, a coluna de direção comprime a vítima contra a poltrona do
carro. Com esse dispositivo, fica criada então, mais uma opção de salvamento através do
levantamento da coluna.

- Abrir o braço da ferramenta no ponto máximo de afastamento.


- Conectar as correntes aos dispositivos de engate dando tensão adequada, deixando no
mínimo dois elos de segurança.
- Ancorar uma corrente em um ponto fixo (ex: na suspensão do veículo) e outra no ponto a
ser tracionado (a coluna de direção), utilizando-se dos ganchos existentes nas extremidades
das mesmas.
- Executar o fechamento do braço da ferramenta
- Durante a elevação de carga ninguém deverá permanecer em baixo do objeto erguidos
- O encaixe do gancho na corrente é feito com a introdução do elo na abertura do gancho e
não com a ponta deste sendo introduzida no elo;
- Se quando do fechamento dos braços a distância de tração obtida não for suficiente, tornar a
abri-los e reajustar as correntes para efetivar novo fechamento.

5.5 UTILIZAÇÃO DO CILINDRO HIDRÁULICO

- Ao posicionar o cilindro para iniciar a extensão deve-se ter certeza de que ele não vai sofrer
nem um tipo de resvalamento.
- Não submeter o cilindro a forças laterais causados por mau posicionamento do mesmo sob a
carga.
- O cilindro não é projetado para tração, sendo totalmente proibido o seu uso para esse fim.

6. OBSERVAÇÕES GERAIS

- Antes de qualquer operação, certificar-se que os níveis de combustível, óleo do motor e


fluido hidráulico, encontram-se corretos.
- Evitar pequenos trancos na operação acionando e retornando o comando, para não causar
danos ás válvulas intentas do aparelho e sobre carregar desnecessariamente o motor; Para
movimentar o comando de operação, pouca força é necessária. O uso de força demasiada não
fará com que o dispositivo feche ou abra mais rapidamente.
- Os plugues de conexão rápida deverão permanecer isentos de sujeiras. Para isso, mantê-los
com as respectivas tampas quando paradas, ou adaptar urna tampa a outra quando em
operação -

- As bombas hidráulicas durante a operação devem permanecer niveladas para evitar entrada
de ar e proporcionar o correto bombeamento de fluido hidráulico.
- Após a utilização das ferramentas os braços devem ser fechados até que distem 10 a 15mm
um do outro, desta forma, o dispositivo estará mecânica e hidraulicamente aliviado;
- Quando tiver que realizar um trabalho que ofereça perigo a vítima como a quebrar um
vidro, proteja-a com uma capa de incêndio.
- Nunca ligar o equipamento sem ter as mangueiras em sua posição, sob pena de desperdício
de grande quantidade de fluido hidráulico, que será expedido pelos terminais.
- Nunca altere os dispositivos do aparelho, sob pena de alterar suas capacidades e produzir
danos.
- A operação só deverá ser feita com o uso adequado de EPI, tais como luvas e óculos
apropriados.

7. OPERAÇÕES COM AS FERRAMENTAS


7.1 TERMINOLOGIAS DE VEÍCULO

1. Pilar "A"
2. Pilar "B"
3. Pilar "C"
4. Lado da Dobradiça
5. Lado da Fechadura
6. Canaleta do Teto
7. Painel do Quarto Traseiro
8. Canaleta do Chassis
9. Painel do Paralama
7.2 DEFINIÇÃO DOS PILARES

7.3 COMO CRIAR ABERTURA NA PORTA COM PÉ DE CABRA

Introduza a parte plana do pé de cabra, com as pontas para cima na abertura


da porta, gire a ferramenta para cima e para baixo para criar a abertura.
A abertura é ideal para se conseguir abrir a porta.
7.4 COMO CRIAR UMA ABERTURA COM ELEVAÇÃO DA CUNHA

Introduza a cunha na abertura da janela, conserve um ângulo descendente e abra a


ferramenta em seu ponto máximo. A porta começara a deformar e enrolar-se para
baixo e para fora.

Tenha precaução, uma vez que ao criar a abertura a porta poderá abrir-se de uma
só vez.

7.5 COMO CRIAR UMA ABERTURA COMPRIMINDO COM A CUNHA

Abra a cunha o suficiente para colocar a ferramenta na porta como no desenho. As


pontas da cunha devem estar 20cm dentro da porta para podermos dar o movimento
adequado. Após retire a ferramenta com cuidado.

Com a abertura pronta é só colocar a cunha para abrir a porta.


7.6 COMO CRIAR UMA ABERTURA COMPRIMINDO A CHAPA FRONTAL

Abra a cunha e introduza na abertura da chapa frontal. Comprima com a ferramenta


de forma que se faça uma abertura ao lado da dobradiça.

Coloque então a cunha na abertura de forma que arrebente as dobradiças, arrancando


toda porta.

7.7 LEVANTAMENTO DA COLUNA DE DIREÇÃO COM CORRENTE

Após colocado o dispositivo de engate na cunha tracione as correntes com a cunha na


abertura máxima. repita a operação caso necessário.
7.8 ALTERNATIVAS PARA LEVANTAMENTO DA COLUNA DE DIREÇÃO

Apoiando o cilindro hidráulico na canaleta do chassi e na coluna de


direção é possível erguer o mesmo.

Também é possível fazer o mesmo com a cunha expansiva, porém


apoiando-a na parte interna do chassi.

7.9 LEVANTAMENTO DO PAINEL COM CUNHA E CILINDRO

1. Comprima a canaleta do
chassi com as pontas da
cunha expansiva no ponto
atrás do ângulo de contato da
cunha. Coloque um calço sob
a canaleta do chassi. As
pontas da cunha servirão de
apoio para o cilindro.

2. Faça os cortes conforme o


desenho.

3. A base do cilindro deve


apoiar-se no chassi e na cunha.
2
7.10 LEVANTAMENTO DO PAINEL COM O EXPANSOR

Faça dois cortes no pilar "A" e coloque abaixo do chassi calços para firmá-
lo.

Introduza então a cunha nos cortes e abra-a de forma a levantar o painel.

7.11 DOBRAGEM DO TETO

Corte os pilares "A" na altura mais baixa possível, se for o caso corte os pilares "B"
também. Faça cortes então na canaleta do teto.

Após feito os cortes utilizando a própria força dobre o teto.


7.12 CRIAÇÃO DA TERCEIRA PORTA

CORTE

CORTE
Corte ou elimine o pilar "B" e nos lugares indicados na carroceria. Posicione
então a cunha na janela e puxe.

Faça o mesmo procedimento do anterior posicionando o cilindro na curva do pilar


"B" ou do pilar "A"

Cad 3° BM EDUARDO

Você também pode gostar