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MÚSICA: (Atividades) CÁLICE - (CALE-SE)

Chico Buarque e Milton Nascimento


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga


Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai, afasta de mim esse cálice


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado


Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim esse cálice


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim esse cálice


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno


Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
ANÁLISE DAS METÁFORAS DA MÚSICA CÁLICE
“Cálice” uma das músicas mais panfletárias do Chico Buarque, somando-se o fato dele ter como
parceiro a genialidade do Gil, fizeram uma grande obra. A análise é extensa por conta de que
todos os versos vêm imbuídos de metáforas usadas para contar o drama da tortura no Brasil no
período da ditadura militar

01 – Levando em consideração o sentido metafórico do poema, no


que tange ao título da canção, podemos inferir que.
a) O título remete ao sangue de cristo, uma vez que nas liturgias
cristãs o cálice ofertado simboliza o sangue de Jesus.
b) Remete a agonia de Jesus no calvário.
c) É uma expressão totalmente ambígua, pois não tem nada a ver
com o sentimento do calvário.
d) A ambiguidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo do
verbo calar, remete à atuação da censura durante o regime.
e) Todas as alternativas estão corretas.
02 – Em relação ao sentido metafórico do verso: “Pai, afasta de
mim esse cálice”.
a) Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância;
b) Remete a impossibilidade de aceitar aquele quadro social;
c) O verso denuncia os métodos de torturas e repressão;
d) Significa a imposição de ter que aguentar a dor e aceitá-la como
algo banal e corriqueiro;
e) O “eu lírico” está admitindo a dificuldade de aceitar passivamente
as imposições.
03 – “De vinho tinto de sangue” na bíblia, esse conteúdo é o sangue
de Cristo, na música é:
a) O vinho ofertado nas liturgias cristãs.
b) O sangue de Jesus.
c) O sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.
d) O sangue dos políticos envolvidos nas mortes.
e) A sena de violência entre os mortos e feridos.
04 – Relacione os versos com seus respectivos sentidos atribuídos
na música de Chico Buarque.
(A) Como beber dessa bebida amarga.
(B) Tragar a dor.
(C) Engolir a labuta.
(D) Mesmo calada a boca resta o peito.
(E) Esse silêncio todo me atordoa
(F) Atordoado, eu permaneço atento
(G) Outra realidade menos morta;
Relacione
(B) aguentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro.
(F) mesmo sobre tortura o “Eu lírico” permanece em estado de
alerta como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por
vir.
(D) mesmo tendo a liberdade cerceada, resta o desejo escondido e
inviolável dentro do peito.
(A) remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as
pessoas eram subjugadas de forma desumana.
(G) o “Eu lírico” remete anseia por uma realidade na qual os
homens não tivessem sua individualidade e seus direitos anulados.
(E) tal verso denuncia os métodos de torturas e repressão,
utilizados para conseguir o silencio das vítimas, fazendo-as
perderem os sentidos.
(C) Aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e
passiva.
05 – “Silêncio na cidade não se escuta”. A palavra silêncio está
implicitamente relacionada à:
a) censura
b) a falta de pessoas pelas cidades devido ao Estado de sítio
decretado pelo governo;
c) as mortes ocorridas durante esse período;
d) a ignorância dos ditadores em relação ao cidadão comum;
e) todas as respostas estão corretas.
06 – Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de
metáforas para mostrar suas descrenças naquele regime político e
rebaixa a figura da “pátria mãe” a condição de puta. O verso que
remete a essa afirmativa seria:
a) De que me vale ser filho da santa;
b) De muito gorda a porca já não anda;
c) Quero inventar meu próprio pecado;
d) Atordoado, eu permaneço atento;
e) Melhor seria ser filho da outra.
07 – “Silêncio na cidade não se escuta”. A figura destacada na frase
é?
a) hipérbole
b) antítese
c) paradoxo
d) metonímia
e) hipérbato
08 – O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre
econômico” e todos eram obrigados a aceitar essa realidade como
uma verdade absoluta. A frase que melhor expressa esta ideia é:
a) Atordoado eu permaneço atento;
b) Quero lançar um grito desumano;
c) Essa palavra presa na garganta;
d) Esse pileque homérico do mundo;
e) Tanta mentira tanta força bruta.
09 – “Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me
engano”. Através desta mensagem o “Eu lírico” admite:
a) dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime;
b) as torturas e prisões geralmente ocorriam na calada da noite;
c) que tudo era reprimido;
d) por viver em um regime repressor as decisões eram tomadas de
forma clandestina;
e) todas as alternativas estão corretas.
10 – Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por
vias pacíficas e ordeiras, uma das possibilidades, por conta de tanto
desespero, seria partir para o confronto. Essa ideia está implícita
nos seguintes versos:
a) Esse silêncio todo me atordoa;
b) Essa palavra presa na garganta;
c) Silêncio na cidade não se escuta;
d) Quero lançar um grito desumano, que é uma maneira de ser
escutado;
e) Outra realidade menos morta.
11 –O porco é o símbolo da gula, e está entre os sete pecados
capitais, retomando a temática da religiosidade o “Eu lírico” afirma: “
De muito gorda a porca já não anda”. Além da simbologia religiosa
a frase acima também faz referência a:
a) a inoperância dos governantes frente ao regime;
b) ao sistema ditador, que, de tão corrupto e ineficiente, já não
funcionava;
c) as atitudes cruéis dos ditadores que não tinham piedade de seus
desafetos;
d) as intensas prisões ocorridas;
e) todas as alternativas estão corretas.
12 – “De muito usada a faca já não corta”. A afirmativa acima traz
implícita a seguinte conclusão a respeito daquele momento político:
a) inoperância e desgaste de uma ferramenta política utilizada à
exaustão;
b) apelo que sejam diminuídas as dificuldades;
c) que o instrumento mais usado para assassinar os “delinquentes”
era uma faca;
d) o instrumento usado para punir os prisioneiros políticos não
funcionava como antes.
e) Nenhuma alternativa está correta.
13 – “Como é difícil, pai, abrir a porta”. A porta simboliza.
a) entrada para o regime de escuridão;
b) saída de um regime violento;
c) um novo tempo;
d) todas as alternativas estão corretas;
e) as alternativas b e c estão corretas.
14 – “Quero inventar o meu próprio pecado”. Subtende-se que com
esses versos o “eu lírico”.
a) expressa a vontade de libertar-se das imposições;
b) almeja definir por si só seus erros, sem que os outros
apontem;
c) defende a criação de suas próprias regras;
d) deseja urgente uma real liberdade;
e) todas as alternativas estão corretas.
15 – “Quero perder de vez tua cabeça/minha cabeça perder teu
juízo”. Nos versos acima, encontra-se implícita a(s) seguinte(s)
mensagem(s).
a) desejo pelo próprio juízo e não o do opressor;
b) quer decapitar a cabeça da ditadura;
c) deseja libertar-se do juízo imposto pelo regime militar;
d) almeja ser dono de suas próprias ideias.
e) todas as alternativas estão corretas

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