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A noite caiu e ele naquela hesitação. Terminara o turno. Tinha dois dias de
folga pela frente. A vontade de os passar na casa dos pais, lá na aleia, era
enorme. Mas fizera-se noite muito depressa eu caminho era cheio de
assombrações. Nem um colega naquela noite para o acompanhar.
Finalmente chegou ao Esteiro. Viu que a taberna ainda estava aberta. Sem
vontade de beber, pensando no último trecho que estava ali bem na frente,
depois da Portela, pediu um copo de vinho, sentou no banco de madeira e foi
conversando com o taberneiro.
Naquele momento a vontade era pedir um lugar para dormir e passar ali a
noite. Foi conversando, tomando o vinho sem vontade, matutando no que
fazer. Estava tão perto. Como justificar o pedido? Mostrar ao taberneiro que
estava com medo de prosseguir a viagem? Mostrar que não era homem?
Mas…e a alma penada?
Perto da Capela da Baralha olhou para o Oldeiro e se apavorou. Não era uma
alma penada, eram várias caminhando lentamente. O que fazer? Voltar para o
Esteiro? Entrar na capela e esperar o amanhecer? O problema é que a capela
era exatamente o lugar das almas penadas. Com certeza entrariam ali antes do
raiar do dia.
Ousou olhar mais uma vez para o lado das almas e aí viu alguma coisa
estranha. Parecia que no meio estava a tia Justina. Mas que é isto?
Perguntava-se a si mesmo.
Sou eu Acácio. Ando aqui com as ovelhas a pelar no oldeiro, comem melhor
agora.
Ah! tia Justina o medo que eu tive. Pensava que eram um monte de almas
penadas.
Nada disso. São as minhas ovelhas. Vai logo Acácio que se faz tarde. Eu
também vou logo meter as ovelhas no curral. Já estão fartas. Boa noite.
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JOSE CORTES DOS REIS ANTUNES