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Pastoral do Crisma Paróquia de Montelavar - Sintra

5.4 - Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica .

Estes quatros atributos,que estão ligados entre si, mostram traços essenciais da Igreja e da
sua missão. A Igreja não os tem por si mesma; é Cristo que através do Espírito Santo, torna a
sua Igreja una, santa, católica e apostólica.Também é Ele que a convida a realizar, cada uma
destas qualidades.

Só pela fé se reconhece, que a Igreja recebe estas propriedades da sua fonte divina. As suas
manifestações históricas constituem sinais, que falam com clareza, à razão humana. A Igreja,
por causa da sua santidade, da sua unidade católica e da sua permanente perseverança, é a
grande fonte de credibilidade e a prova evidente da sua missão divina.

A Igreja é una.

Eis o mistério sagrado da unidade da Igreja:


A Igreja é una pela sua fonte. Neste mistério, o modelo divino e o princípio, é a unidade de um
só Deus, na Trindade das Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
A Igreja é una pelo seu Fundador. O próprio Filho encarnado, príncipe da paz, pela sua cruz,
reconciliou todos os homens com Deus.Restabeleceu a união de todos, num só Povo e num só
Corpo.
A Igreja é una pela sua “alma”. O Espírito Santo que habita nos crentes, que completa e rege
toda a Igreja, realiza a admirável comunhão dos fiéis, e une-os tão intimamente a Cristo, que
Ele é o princípio da Unidade da Igreja.

A única Igreja de Cristo, é aquela que o nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou
a Pedro,para que fosse seu pastor.Confiou-lha, assim, como aos outros Apóstolos, para a
expandirem e regerem. Esta Igreja,foi constituída e organizada neste mundo. È a Igreja
Católica, que é governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos que estão em comunhão
com ele.

Cristo dá sempre à sua Igreja o dom da unidade. A Igreja tem de orar e trabalhar,dia a dia, para
manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade dos seus discípulos: “Que todos sejam um. Como tu,
Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia, que tu me
enviaste” (Jo 17,21). O desejo de reencontrar a unidade de todos os cristãos é um dom de
Cristo, e um convite do Espírito Santo.

Portanto, a Igreja é una, pois tem um só Senhor, professa uma só fé, nasce dum só Baptismo,
forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista de uma única esperança, no fim da
qual serão superadas todas as divisões.

A Igreja é santa.

A Igreja é, aos olhos da fé, infalivelmente santa; ou seja, não é perfeita, mas é santa. Cristo,
Filho de Deus,juntamente com o Pai e o Espírito Santo, amou a Igreja como sua Esposa, e por
ela Se entregou para a santificar.Formou um só corpo com a Igreja, e encheu-a com o dom do
Espírito Santo, para a glória de Deus.

A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele, e nele torna-se também santificante. Todas as
obras da Igreja, são para a santificação dos homens em Cristo, e para a glória de Deus. A
Igreja guarda e administra, todos os meios de salvação. É nela que adquirimos a santidade
pela graça de Deus.

Já na terra, a Igreja tem a beleza da verdadeira santidade, embora imperfeita.

Cristo, santo, inocente e imaculado, não conheceu o pecado, mas veio ao mundo, para redimir
os pecados do seu povo. A Igreja, reune dentro de si os pecadores e é, ao mesmo tempo,
santa. Porém, necessita purificar-se, constantemente, através da penitência e da renovação.
Todos os membros da Igreja devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles, o “joio” do
pecado, continua misturado com o “trigo” do Evangelho, até ao fim dos tempos. A Igreja reúne,
pecadores apanhados pela salvação de Cristo, mas ainda em via de santificação. A igreja é,
portanto, o povo santo de Deus.
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A Igreja é católica.

A palavra “católico” significa “universal”. A Igreja é católica no sentido da totalidade e da


integralidade.

Ela é católica porque tem Cristo presente. Onde está Jesus Cristo, está a Igreja Católica. Nela
subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça, ou seja, recebe dele todos os
meios de salvação, tais como: confissão de fé, correcta e completa, vida sacramental integral e
ministério ordenado na sucessão apostólica. Este é o sentido da totalidade da Igreja católica.

Ela é católica, porque é enviada a todos os povos,em missão por Cristo, e abrange todos os
tempos. Todos os homens são chamados a pertencer ao novo Povo de Deus. Por isso, este
Povo, permanece uno e único, e estende-se por todo o mundo, para que se cumpra o desígnio
da vontade de Deus.Ele, no início, formou uma só natureza humana e, por fim,reuniu todos os
seus filhos que andavam dispersos.Este carácter de universalidade que marca o povo de Deus,
é um dom do próprio Senhor, com o qual a Igreja Católica, de maneira eficaz e eterna, revê
toda a humanidade, com todos os seus bens, orientada por Cristo Cabeça, na unidade do seu
Espírito. Este é o sentido da integralidade da Igreja católica.

A Igreja é, por sua própria natureza, missionária. Pois, a missão é uma exigência da
universalidade que caracteriza a Igreja Católica, na qual Jesus confia. “Ide, portanto, e fazei
que todos os povos se tornem discípulos, ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei. E,
eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos tempos.” (Mt 28,19-20)

A Igreja é apostólica.

A Igreja é apostólica por ser fundada sobre os Apóstolos.

O Senhor dotou a sua comunidade duma estrutura firme, que permanecerá até à plena
consumação do Reino. Jesus escolheu Doze Apóstolos, ficando Pedro como chefe. Eles são
as pedras da fundação (“alicerces”) da Igreja de Cristo. Os Apóstolos, continuam a missão de
Jesus: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21).

O que garante a originalidade, a autenticidade da Igreja Católica e a sua continuidade até hoje,
é a sucessão apostólica, desde os primeiros Apóstolos escolhidos directamente por Jesus. Isto,
além de ser um facto divino, é um facto histórico e inegável.

Além desta sucessão, que vem directamente de Cristo, não há legitimidade e infalibilidade para
actuar em seu Nome. Só a Igreja Católica, por graça especial de Deus, guarda intacta esta
sucessão.

Muito cedo, a Igreja teve consciência, de que a sua “identidade e missão” estavam ligadas, e
dependiam do colégio dos Doze Apóstolos, dos seus sucessores e dos Bispos. Quando nos
primeiros séculos surgia uma doutrina nova, às vezes uma heresia, o critério da avaliação era o
da apostolicidade.Por exemplo: esta doutrina está de acordo, com o que ensinaram os
Apóstolos? Está em conformidade, com o que ensina a Igreja de Roma, onde foram
martirizados Pedro e Paulo?” Estas eram as perguntas mais importantes, para se avaliar a
nova doutrina. Procediam assim, porque os Apóstolos foram as testemunhas oculares do
Senhor, e receberam directamente Dele, tudo o que ensinavam.

Jesus garantiu aos Apóstolos que quem os ouvisse, era o mesmo que ouvi-Lo a Ele e ao Pai.
Um dia disse-lhes: “Quem vos ouve, a Mim me ouve, e quem vos rejeita a Mim rejeita; e quem
Me rejeita, rejeita aquele que Me enviou” (Lc 10,16).

Para que a transmissão do Evangelho, e da graça recebida pelos Sacramentos, chegasse aos
confins da terra e dos tempos, os Apóstolos prepararam os pastores das comunidades,para
serem seus sucessores.

Perante as necessidades daquele tempo, os Apóstolos definiram as “normas” da Igreja, que


deram origem à Sagrada Tradição Apostólica. A sua principal preocupação era, que a “sã
doutrina, fosse fiel àquilo que tinham recebido de Jesus. Essa Tradição Apostólica é tão
importante e legítima, como a própria Bíblia.
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Foi nesta ordem e sucessão, que a Tradição dada à Igreja desde os Apóstolos, e a sua
pregação da verdade, chegaram até nós.

O tríplice sentido da apostolicidade da Igreja é:


 Ela foi e continua a ser construída sobre o “fundamento dos apóstolos”, testemunhas escolhidas e
enviadas em missão, pelo próprio Cristo;
 Ela conserva e transmite, com a ajuda do Espírito que nela habita, o ensinamento, o depósito precioso
da verdade e as salutares palavras ouvidas da boca dos apóstolos;
 Ela continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos próprios apóstolos, até à volta de Cristo,
graças aos que lhes sucedem na missão pastoral, que são: o colégio dos Bispos, assistidos pelos
presbíteros (padres), em união com o sucessor de Pedro (Papa), pastor supremo da Igreja.

A Igreja Católica é também chamada, de Romana por ter a sua sede, a Santa Sé, em Roma.
Esta denominação, embora não seja uma exigência doutrinária, tem razão de ser. Porque ao
firmar a sede da Sua Igreja, precisamente no coração do Império Romano, o que quis destruir a
Igreja, e sacrificou milhares de mártires, Cristo mostrou ao mundo, que a Sua Igreja é
invencível, e que nunca será vencida pelos poderes deste mundo.

5.5 - A constituição hierárquica e a organização da Igreja.

O próprio Cristo é a fonte do ministério da Igreja. Institui-a, deu-lhe autoridade, missão,


orientação e finalidade, para apascentar e aumentar o povo de Deus. Cristo Senhor instituiu na
sua Igreja, uma variedade de ministérios que fazem bem ao nosso Corpo. Pois, os ministros
são revestidos do poder sagrado e, servem os seus irmãos, para que todos formem o povo de
Deus, e cheguem à salvação.

O enviado do Senhor fala e age não por autoridade própria, mas, em virtude, da autoridade de
Cristo. Não é um simples membro da comunidade, pois fala-lhe em nome de Cristo. Ninguém
pode conceder a graça, a si mesmo . Ela tem de ser dada ou oferecida, pelos ministros
sagrados da graça, que são autorizados e habilitados através de Cristo. Dele, o Papa, os
Bispos e os Presbíteros (padres) recebem a missão e o poder sagrado, de agir na pessoa de
Cristo-Cabeça. Os diáconos recebem a força de servir o Povo de Deus na Liturgia, da palavra e
da caridade, em comunhão com o Bispo e seus presbíteros. Estes ministérios da Igreja são
concedidos por um sacramento específico (Sacramento da Ordem).

Intimamente ligado à natureza sacramental do ministério da Igreja, está o seu carácter de


serviço. Com efeito,os ministros dependem de Cristo, que lhes dá a missão e a autoridade.
Eles são verdadeiros “servos de Cristo”.
De igual modo, é de natureza sacramental do ministério eclesial, a existência dum carácter
colegial. É certo, que desde o início do seu ministério, o Senhor Jesus institui os Doze.Foram
escolhidos em conjunto e são enviados do mesmo modo. A sua união fraterna está ao serviço
da comunhão de todos os fiéis. Por isso, todo o Bispo exerce o seu ministério no colégio
episcopal, em comunhão com o Bispo de Roma, sucessor de Pedro (o Papa). Os presbíteros
cumprem o seu ministério, no presbitério da diocese, sob a direcção do seu Bispo.
Por fim, é de natureza sacramental do ministério da Igreja, que exista um carácter pessoal. “ Tu,
segue-me” (Jo 21,22). Cada um, é chamado individualmente, para ser testemunha pessoal.
Assume a sua responsabilidade diante daquele que lhe dá a missão, e age em benefício de
todas as pessoas.

Para manter a Sua Igreja na pureza da fé, transmitida pelos Apóstolos, Cristo concedeu-lhe
uma participação na sua própria infalibilidade, a fim de nos garantir a possibilidade de
professarmos, sem erro, a fé autêntica. Isto, foi-nos dado pelo Magistério Vivo da Igreja, ofício
pastoral, que a Igreja tem, de interpretar verdadeiramente a Palavra de Deus, escrita ou
transmitida, ser depositária das verdades da nossa fé, e de nos ensinar.

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