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08/09/2020 Dívida, moradia e trabalho: uma agenda feminista para o pós-pandemia Editora Elefante

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CONTATO

Dívida, moradia e
trabalho: uma agenda
feminista para o pós-
pandemia
É necessário explicitar as lutas que estão
atravessando agora mesmo esta crise, ressaltar as
demandas dos feminismos e dos movimentos contra
a precarização, e, nalmente, insistir que, se o mundo
está mudando, é porque a chamada normalidade era
e segue sendo o problema.
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25 DE MAIO DE 2020  POR TADEU BREDA SITE

Por Verónica Gago e Luci Cavallero


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Publicado em Anfibia
Tradução: Estela Rosa, Medium
BLOG DA
 
ELEFANTE
O vírus acelerou em todo o planeta a
compreensão do neoliberalismo em seus Os livros não
precisam da Amazon
mecanismos perversos sobre corpos concretos.
3 de setembro de 2020
Alguém imagina o que seria desta pandemia
sem o debate que o feminismo e outras Psicodelia brasuca 1
militâncias vêm fazendo sobre a politização dos de setembro de 2020

cuidados, dos trabalhos essenciais



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Fita isolante #15 29 de
D e i x einvisibilizados,
seu e-mail o endividamento público, os agosto de 2020
extrativismos, a violência machista?
Q U E R O R E CO
E Bcampo
ER! de ▼
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batalha do capital contra a vida não é abstrato, Pertencer à terra,


está composto de cada uma das lutas contra a não o contrário 29 de
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precariedade que estão atravessando agora agosto de 2020

CONTATO
mesmo esta crise.
Quando o corona vai
Das imagens de dor que circulam faz semanas, embora? #9 25 de
não há trivialidade possível. O vírus acelerou de agosto de 2020

forma simultânea em todo o planeta a


Nossa seleção
compreensão do neoliberalismo em seus industrial de
mecanismos mortíferos sobre corpos concretos. doenças 22 de agosto de
Poderíamos dizer que isto não é uma novidade. O 2020

neoliberalismo mostrou que convive


Fita isolante #14 22 de
perfeitamente com máquinas de morte: as que agosto de 2020

acontecem nas fronteiras e nos campos de


Descon nar os
refugiadxs, para lembrar as mais brutais. Mas
animais para
agora o vírus, que não discrimina por classe e
descon nar a
não seleciona segundo o passaporte, montou um humanidade 17 de
ensaio geral da vida neoliberal como um agosto de 2020

espetáculo que vemos acontecer online, com um


As Amazônias que
contador necropolítico em tempo real. A partir
vão e as que chegam
disto, há dois lugares de enunciação que não nos 15 de agosto de 2020
resultam eficazes. Um rápido atestado de óbito
para o capitalismo (que inclui desde o editorial Fita isolante #13 15 de
agosto de 2020
do Washington Post passando por teóricos
consagrados) ou, em contraponto, uma
insistência de que a pandemia confirma o
controle capitalista totalitário sobre a vida.

Queremos enunciar a partir de nossa prática no


interior do movimento feminista, para nos
perguntarmos quais são as lutas que
empurraram para a crise de legitimidade do

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D e i x eneoliberalismo
seu e-mail atual e marcar os campos
abertos hoje mesmo, na crise e,
Q U E Rportanto, o
O R E C E B E R ! que ▼
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está em jogo como possíveis saídas. Queremos,


por isso, pôr em ação as chaves de leitura que o
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feminismo produziu para compreender o futuro
CONTATO
que se está criando agora mesmo. Ou alguém
imagina o que seria essa pandemia sem a prévia
politização dos cuidados, sem a militância pelo
reconhecimento das tarefas de reprodução e a
valorização das infraestruturas de trabalhos
invisibilizados, sem a denúncia do
endividamento público e privado, sem a
contundência das lutas anti-extrativistas para
defender os territórios dos saques das
corporações?

Não foi do nada que surgiu hoje vocabulário e


práticas para denunciar os efeitos do desmonte
da saúde pública, da superexploração dos
trabalhos precários e migrantes e o aumenta da
violência doméstica no isolamento. A nível
mundial, os movimentos sociais estão em alerta
porque no fim da pandemia existe o risco de
ficar mais endividadxs por acumulação de
aluguéis e serviços não pagos, por alimentos que
não deixam de aumentar, pelo aumento da
dívida dos estados que decidirem salvar os
bancos. Todos os dias se denunciam os desvios
securitistas, militaristas e racistas da crise. É
necessário explicitar as lutas que estão
atravessando agora mesmo esta crise, ressaltar
as demandas dos feminismos e dos movimentos
contra a precarização em geral. E, finalmente,


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insistir que se o mundo está mudando é porque,
Deixe seu e-mail

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como se lê em alguns muros, a chamada


normalidade era e segue sendo o problema.
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Queremos propor então uma série de pontos que
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atualizam uma agenda aberta, coletiva, que
existia antes da pandemia e que nos serve, como
recurso comum, para respirar e imaginar saídas.

Estender a quarentena às finanças

A medida que avançam os números de corpos


infectados pelo vírus, as bolsas de todo o mundo
vão caindo. Mais uma vez, as finanças exibem
sua dependência da força de trabalho quando se
trata de manter os valores. Os governos pró-
austeridade da Europa deram meia volta e
desviaram recursos para os serviços sociais de
emergência, mas reforçando traços
nacionalistas ou securitistas. Na Argentina, a
emergência deslocou a renegociação da dívida
com o FMI, enquanto o próprio FMI — junto ao
Banco Mundial — pediu o perdão da dívida para
alguns países para aliviar os efeitos da
pandemia.

No entanto, isso não anula o problema do


endividamento público e privado. Mas também
nos cria a exigência de expandir a quarentena
financeira além da pandemia. Uma semana
antes de que surgir o primeiro caso de
coronavírus na Argentina, as feministas


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marchávamos com uma bandeira que dizia “A
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dívida é com a gente” e “Vivas, livres e sem
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dívidas nos queremos!”, pondo imagens


concretas ao diagnóstico que agora se tornou
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sentido comum: que o capital explora nossas
CONTATO
vidas precarizadas tenhamos ou não salário.

Sabemos que uma possibilidade que se lança


nesta crise a nível global é o relançamento da
dívida privada como maneira de completar a
renda que não é suficiente para pagar aluguéis
que se acumularão, para comprar alimentos
cada vez mais caros e para pagar serviços
públicos. Um novo ciclo de endividamento foi o
que se mostrou como solução na Europa e
Estados Unidos para retomar o consumo depois
da crise de 2008. Há capacidade para que desta
vez essa “saída” não seja nossa opção?

Com base em demandas específicas dos


movimentos sociais, vários governos adiaram o
pagamento de empréstimos pessoais e
hipotecários, suspenderam ordens de despejo e
concederam renda extraordinária para a
quarentena. A pergunta é o que acontecerá
quando estas medidas forem relaxadas e,
sobretudo, que não consigam evitar o
endividamento pessoal para atravessar a crise.
Fica evidenciada uma disputa pelo destino e o
montante das despesas sociais. Legitimados
como extraordinários pela emergência sanitária,
não podem ser tratados apenas como medidas
de exceção, porque são o pontapé inicial de uma
reorganização necessária e urgente do uso dos

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D e i x edinheiro
s e u e - m a i l público e da reorientação da estrutura
tributária. QUERO RECEBER! ▼
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Sabemos que os subsídios sociais que parecem


meras transferência monetários estão
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carregados de valores morais que legitimam ou
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deslegitimam formas de vida. Desde o bordão de
que os subsídios incentivam a vagabundagem
(uma discussão que remonta o século XVIII) aos
mandatos de gênero combinados com cortes no
orçamento, podemos ver qual população é
selecionada a cada momento para assumir
privações e punições. Agora, diante do suspense
global da austeridade como medida emergencial,
a disputa é como se determina politicamente a
quem é dada a ajuda e como deixar de ter caráter
transitório.

A batalha pelo público nada mais é que uma


batalha pela redistribuição da riqueza. Quem
contêm o colapso são xs trabalhadorxs da saúde
e as redes e organizações populares que
produzem desde máscaras até a partilha de
alimentos. Hoje mais do que nunca é possível
questionar a segmentação classista no acesso à
saúde.

Aqui se lança também uma concepção sobre o


trabalho, sobre quem produz valor e sobre que
modos de vida merecem ser assistidos, cuidados
e pagos.

Nesse sentido, aqui se inscrevem as


reivindicações pela renda básica, universal, por
uma renda de cuidados e o que, de modo geral,


se Cupom
poderia pensar
de desconto paracomo umcompra:
sua primeira “salário feminista”.
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D e i x eTodas medidas
seu e-m ail indissolúveis, para que sejam
efetivas, da ampliação dos serviços
QUERO REpúblicos.
CEBER! ▼
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O ambiente doméstico como laboratório do


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capital
CONTATO
 

O atraso de alguns governos em decretar a


quarentena ou o deboche sobre a gravidade da
pandemia em outros marcou cenários políticos
bem diversos. Estão os líderes que em uma
performance de virilidade decadente apostaram
em um malthusianismo social com
consequências catastróficas — como vemos nos
Estados Unidos, Grã Bretanha e como se anuncia
no Brasil e na Índia. Poderíamos pensar em cada
uma destas respostas como uma particular
conjunção entre um neoliberalismo que não se
deixa morrer e formas fascistas que vem em sua
salvação. Há outros líderes que cortaram as
medidas de segurança dxs trabalhadorxs —
como no Chile e no Equador ou até certo
momento na Itália. Na Argentina, no entanto, o
governo se antecipou com medidas sanitárias e
econômicas para a contenção dos efeitos da
pandemia. A quarentena como medida pública
está sendo eficaz em reduzir a quantidade de
contágios por dia, um marco para países com
sistemas de saúde devastados por anos de
políticas neoliberais.

Por outro lado, como se insiste especialmente


nas perspectivas feministas, sabemos que há
múltiplas formas de quarentena, segmentadas

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por gênero, raça e classe e, mais ainda, que nem


Deixe seu e-mail

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todos os corpos têm a possibilidade de ficar em


uma casa, e os confinamentos implicam em
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abusos e violências machistas para muitxs.
CONTATO
Neste panorama aparece a complexidade,
revelada a seguir, do que implicam medidas
sanitárias globais e generalizadas. Por isso,
vemos como as lutas por direito à moradia se
interconectam e se complexificam com as
denúncias de aumento da violência machista.

O recorde de feminicídios em tempos de


quarentena exibe algo que já vínhamos
diagnosticando: a implosão de lares, verdadeiros
campos de guerra para muitas mulheres,
lésbicas, travestis e trans que ensaiam táticas de
fuga e que agora, com o vírus, passam 24 horas
com seus agressores. A barulheira feminista de
segunda passada na Argentina trouxe voz para
esta violência surda. Houve panelaço nas ruas
das favelas, nas sacadas e quintais, inventando
formas de protesto para evidenciar que a
quarentena não deve ser sinônimo de
isolamento.

Porque a casa não pode ser um lugar de


especulação imobiliária nem de violência
machista, e que quando passar esta pandemia
restará um horizonte em relação à luta pelo
acesso à moradia e uma reflexão ainda mais
profunda: onde e como queremos morar? O que
significa produzir uma espacialidade feminista
queCupom
problematize o #ficaemcasa proposto pelos

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D e i x egovernos,
seu e-mail não apenas contrapondo como
alternativa à violência machista
Q U E R Oa Rconstrução
ECEBER! de ▼
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abrigos? Também aqui a pergunta que se reitera


é por que lar é sinônimo de família nuclear
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heterossexual: é nestas famílias que
CONTATO
aconteceram 12 feminicídios nos primeiros 10
dias de quarentena. Estes diagnósticos são
profusos graças a uma politização feminista que
os trouxeram à tona desde o primeiro momento
e que desfizeram a ilusão de espaço doméstico
como lugar seguro.

Queremos dar um passo além e nos perguntar


como o capital aproveitará esta medida de
confinamento para reconfigurar as formas de
trabalho, os modos de consumo, os parâmetros
de renda e as relações de sexo e gênero. Mais
concretamente: estamos diante de uma
reestruturação das relações de classe que toma
como primeiro plano o âmbito da reprodução?

A politização do espaço doméstico é uma


bandeira feminista. Dissemos que ali se produz
valor, que os cuidados que mantêm a vida são
historicamente invisibilizados e imprescindíveis,
que o confinamento entre quatro paredes é uma
ordem política de hierarquias patriarcais.
Podemos ler aqui uma tradução do capital que
busca aproveitar esta crise super-explorando o
espaço doméstico? Será que o imperativo do
teletrabalho, da escola em casa, do home-office,
está levando ao máximo a exigência de
produtividade a essa casa-fábrica que funciona
porta adentro e todos os dias da semana sem

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D e i x elimite
s e u e - mde
ail horário? Quem pode assegurar que
terminada a emergência sanitária
Q U E R O Resses
E C E B Eavanços
R! ▼
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na flexibilização do trabalho que atomizam xs


trabalhadorxs e que xs precarizam ainda mais
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vão retroceder?
CONTATO
Voltamos a nos perguntar: de que tipo de casas
falamos? Interiores com pouco espaço, saturados
com cargas familiares, agora também devem ser
produtivos em trabalhos que há alguns uns dias
eram feitos em escritórios, fábricas, oficinas,
comércios, escolas e universidades. Há uma
exigência de hiperatividade enquanto nos
movemos menos. O capital minimiza os custos:
nós, trabalhadorxs, pagamos o aluguel e os
serviços de “nosso” local de trabalho; nossa
reprodução social se não “precisamos” de
transporte para ir trabalhar fica mais barato;
enquanto o delivery por aplicativos assegura
logísticas precárias de entrega.

O espaço doméstico também excede às casas: é


composto pelos espaços dos bairros e
comunidades, que são super-explorados diante
da crise, que inventam redes com recursos
escassos e que faz tempo já falam de uma
situação de emergência.

A leitura feminista do trabalho torna-se uma


chave antineoliberal geral

A quarentena amplifica a cena da reprodução


social: quer dizer, a evidência da infraestrutura


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que mantém a vida coletiva e da precariedade
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que suporta. Quem mantémQaU Equarentena?
RO RECEBER! ▼
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Todos os cuidados, as tarefas de limpeza e


manutenção, os múltiplos trabalhos do sistema
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de saúde e de agricultura, hoje são uma
CONTATO
infraestrutura imprescindível. Qual é o critério
para declará-los como tal? Que expressam
o limite do capital: aquilo que a vida social não
pode prescindir para continuar. Também existe
toda uma logística e partilha do capitalismo de
plataforma que, apesar de confiar na metafísica
dos algoritmos e no GPS, dependem de um corpo
concreto. Esses corpos, em geral imigrantes, são
os que cruzam a cidade deserta, os que permitem
— com sua exposição — manter e abastecer o
refúgio de muites.

Trata-se de áreas de trabalho que tem traços de


trabalho feminilizado e precário. As tarefas
historicamente desprezadas, mal pagas, não
reconhecidas ou diretamente declaradas como
não-trabalho se revelam como a única
infraestrutura insubstituível. Uma espécie de
inversão do banquete do reconhecimento. O
trabalho comunitário desempenha um papel
fundamental aqui: dos centros de saúde à coleta
de lixo, dos refeitórios às creches, substituíram o
que foi privatizado, despido e subfinanciado
sucessivamente. Tão insubstituíveis são estas
tarefas que em muitos bairros se tornou
impossível pensar em uma quarentena que
implique em um confinamento em cada casa,
surgindo a frase “Fique em seu bairro”.


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D e i x eEstas
s e u e -infraestruturas
mail coletivas são as
verdadeiras tramas da interdependência,
Q U E R O R E C E B E Rnas
! ▼
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quais a reprodução é delegada, ainda que siga


sendo desprezada. Se isto estava claro apenas
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em países de terceiro mundo, hoje é o cenário
CONTATO
imediatamente global.

É sobre estas tarefas que o movimento feminista


fez uma pedagogia do reconhecimento nos
últimos anos, chamando greves internacionais e
aprofundando diagnósticos que evidenciaram a
precarização como uma economia específica da
violência. Hoje, esse diagnóstico é capa de todos
os jornais do planeta. A partir desta constatação,
é necessário pensar na reorganização global dos
trabalhos — seus reconhecimentos, salários e
hierarquias — durante e pós-pandemia. Falando
de outra maneira: a pandemia pode ser também
o ensaio geral de outra organização de trabalho.
Não podemos ser ingênuas a respeito disso.
Haverá uma tentativa de corrigir a crise de
legitimidade do neoliberalismo com mais
fascismo: mais medo, mais ameaças de outrxs
como inimigxs e tudo o que leva a uma
elaboração paranóica da incerteza
compartilhada.

A greve em disputa ou quem tem o poder de


“parar”

Poderíamos dizer que o freio de mão do mundo


que foi acionado pela pandemia parece um


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simulacro de “greve”. Depois da enorme
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paralisação feminista internacional na América
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Latina (ainda que na Itália já não tenha


acontecido pelo coronavírus e na Espanha as
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feministas tenham sofrido acusações por tê-la
CONTATO
feito), não deixa de ser impressionante essa
“inversão” da paralisação, da detenção em nível
global. E ainda assim a pandemia não deixa de
se encher, em seu interior, de chamados à greve:
de aluguéis, dxs trabalhadorxes da Amazon, dxs
metalúrgicxs na Itália, de trabalhadorxs da
saúde, de estudantes.

Como afirmaram as feministas da Coordenadora


8M do Chile, é necessário uma greve das tarefas
que não sejam essenciais para a reprodução da
vida. Sem dúvida, a greve em tempos de
coronavírus é um elemento em disputa. Por um
lado, como já dissemos, nesta “paralisação” do
mundo dos trabalhos feminilizados — esses que
visibilizamos com a greve feminista — se
evidenciam como os únicos que não podem
parar. E isso hoje está mais claro que nunca. Por
outro lado, há uma exigência de greve dos
pagamentos: aluguéis, hipotecas, serviços
básicos, juros de dívidas. Diante de tarefas
essenciais, a receita financeira e imobiliária é o
que deve parar de extrair valor e de manter as
promessas de austeridade no futuro.

O campo de batalha do capital contra a vida se


lança hoje sobre que trabalhos são declarados
essenciais e como remunerá-los de acordo com
esse critério, implicando em uma reorganização

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ail trabalho. O campo de batalha do
capital contra a vida se lança
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coletiva que tenhamos de suspender a extração


de rendas (financeira, imobiliária, das empresas
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transnacionais do agronegócio responsáveis pelo
CONTATO
colapso ecológico) e de modificar as estruturas
tributárias. Este campo de batalha não é
abstrato. É composto de cada luta durante a
crise, de cada iniciativa concreta. O desafio é
conectar as demandas que surgem de diversos
territórios e transformá-las em um horizonte
futuro aqui e agora.

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