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RESUMO
Há pelo menos duas décadas profissionais finlandeses vêm atuando sobre a crise psicótica
através da abordagem Open Dialogue (OD), a qual baseia-se em 7 princípios e na ação
territorial. Há 2 anos iniciamos em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, Brasil, um projeto
chamado Roda de Diálogo (RD), baseado nos 7 princípios do OD, porém com algumas
diferenças visando adaptar o OD para nossa realidade. Nesta roda de conversa apresentarei
essas adaptações, assim como alguns resultados, já muito animadores. Por último um relato de
uma dessas experiências.
1
Médico psiquiatra e psicanalista. Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul, SC. Apoiador
matricial e vice-coordenador da residência médica em medicina geral de família e
comunidade. E-mail: fontesdias67@gmail.com.
Há pelo menos duas décadas profissionais finlandeses vêm atuando sobre a crise
psicótica através da abordagem Open Dialogue (OD), a qual baseia-se na ação territorial e em
7 princípios, a saber (SEIKKULA; ALAKARE, 2007):
1- Resposta imediata. O primeiro encontro deve ocorrer dentro de 24 horas após o primeiro
contato com a equipe profissional.
2- Inclusão da rede social. O paciente, sua família e outros membros da rede social são
sempre convidados para o primeiro encontro.
3- Flexibilidade e mobilidade. Estas são garantidas adaptando-se a resposta terapêutica às
necessidades variadas e específicas de cada caso. A assistência tem que ser móbil: ir às casas,
onde os próprios recursos das pessoas são mais acessíveis (FREITAS; AMARANTE, 2015).
4- Responsabilização. O primeiro profissional contactado deve se responsabilizar por
organizar o primeiro encontro e convidar a equipe que fará a intervenção.
5- Garantia de continuidade. A equipe se responsabiliza pelo tratamento pelo tempo
necessário.
6- Tolerância à incerteza. O relacionamento entre os participantes dos encontros deve ser
construído de modo que todos sintam-se seguros. Isso acontece através de encontros
frequentes e através da escuta e resposta a todas as falas e pontos de vista (SEIKKULA;
OLSON, 2003).
7- Dialogismo. Nos encontros, o foco é primeiramente promover o diálogo e secundariamente
promover mudanças no paciente e/ou família (SEIKKULA; ALAKARE, 2007). O diálogo
promove um novo entendimento sobre a situação, proporcionando sentido àquilo que está sem
sentido. O objetivo da equipe na construção do diálogo é seguir os temas e o modo de falar
que os membros da família utilizam (SEIKKULA et al. 2003).
Em 2015, iniciamos as primeiras ações baseadas no OD em duas unidades básicas
de saúde, com acompanhamento de 3 pacientes (2 em crise paranoica e um em crise maníaca),
os quais saíram das crises em no máximo 15 dias e somente o paciente em crise maníaca fez
uso de medicamentos. Todos retornaram para o trabalho.
Em 2016 decidimos ampliar as ações para todas as unidades e envolvendo mais
profissionais da saúde mental e atenção básica. O nome escolhido para a abordagem foi Roda
de Diálogo (RD), sugerindo uma fusão entre nossas rodas de conversa e o dialogismo do
modelo finlandês e apresentando algumas diferenças:
1- Participação de profissionais de nível médio e superior.
2- Capacitação através de educação permanente.
3- Pacientes com diagnóstico de psicose, porém não somente esquizofrenia.
4- Os encontros ocorreram até 3 vezes na semana.
5- Pelo menos um profissional esteve em todos os encontros.
6- Influência psicanalítica no embasamento teórico.
APRESENTAÇÃO DE CASO
RESULTADOS
REFERÊNCIAS
SEIKKULA, Jaakko; OLSON, Mary E. The open dialogue approach to acute psychosis:
Its poetics and micropolitics. Family process, v. 42, n. 3, p. 403-418, 2003.
SEIKKULA, Jaakko et al. Open dialogue approach: treatment principles and preliminary
results of a two-year follow-up on first episode schizophrenia. Ethical Human Sciences
and Services, v. 5, n. 3, p. 163-182, 2003.