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COESÃO E COERÊNCIA
"Todos os estudos procuram demonstrar que a coerência é profunda, subjacente à
superfície linguística do texto, não linear, não marcada explicitamente na estrutura da
superfície", enquanto que a coesão é explicitamente revelada através de marcas
linguísticas, índices formais na estrutura da sequência linguística e superficial do texto,
sendo, portanto, de caráter linear". " Os elementos linguísticos da coesão não são nem
necessários, nem suficientes para que a coerência seja estabelecida. Haverá sempre
necessidade de recurso a conhecimento exteriores ao texto (conhecimento de mundo,
dos interlocutores, da situação, de normas sociais, etc.)"
(Koch e Travaglia, 1990, comentando Charolles, 1989).
COERÊNCIA TEXTUAL
(2) O SHOW
O cartaz
O desejo
O pai
O dinheiro
O ingresso
O dia
A preparação
A ida
O estádio
A multidão
A expectativa
A música
A vibração
A participação
O fim
A volta
O vazio
(3a) A: O telefone!
B: Estou no banho!
A: Certo.
(4) Petróleo
É utilizado no transporte, na produção de energia e nos mais diferentes tipos de
indústria, através de seus numerosos subprodutos, sendo, por isso fundamental à vida
humana.
Embora a produção brasileira seja insuficiente para o consumo interno, o país tem
envidado esforços para, dentro em breve, não depender mais de sua importação.
(6) João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os
mísseis são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço. Segundo a teoria da
Relatividade o espaço é curvo. A geometria Rimaniana dá conta desse fenômeno.
(Marcushi, 1983, p.31)
(7) João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida, cuja
frente dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o
horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, João,
sentado nos degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e
observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente,
viu um cavalo que descia para a sua casa. As árvores e as folhagens não permitiam ver
distintamente: entretanto observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto
verificou que o visitante era seu filho Guilherme, que há 20 anos tinha partido para
alistar-se no exército, e, em todo este tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme,
ao ver seu pai, desmontou imediatamente, correu até ele, lançando-se nos seus braços e
começando a chorar.
Koch e Travaglia, 1989, p. 33)
AS TRANSIÇÕES
Alguns dos conectores que acabamos de estudar também aparecem com freqüência
iniciando frases, como se fossem uma espécie de ponte entre um pensamento e outro.
O conhecimento desses termos de transição ajuda a dar maior organicidade ao
pensamento, fazendo o texto progredir mais fácil. Mas é preciso uma advertência: não
devemos usá-los a cada frase começada. Se fizermos assim, tornaremos o texto pesado.
Também não devemos cair no oposto: ignorá-los completamente. Nosso texto correrá o
risco de ficar cansativo, quando não incompreensível. Saber usar os termos de transição
deve ser uma preocupação constante de quem deseja escrever bem. Eles são muito úteis
ao mudarmos de parágrafo porque estabelecem pontes seguras entre dois blocos de
ideias.
COESÃO TEXTUAL
Ulysses era impressionante sob vários aspectos, o primeiro e mais óbvio dos quais
era a própria figura. Contemplado de perto, cara a cara, ele tinha a oferecer o contraste
entre as longas pálpebras, que subiam e desciam pesadas como cortinas de ferro, e
os olhos claríssimos, de um azul leve como o ar. As pálpebras anunciavam profundezas
insondáveis. Quando ele as abria parecia estar chegando de regiões inacessíveis, a
região dentro de si onde guardava sua força.
Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 21-10-92.