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Cynthia Elsa Saide Buana

Donato Abílio Alberto Marsane

Francisco Carlos

Horton dos Santos Ricardo

Relação entre nível de infestação e perdas. Nível económico de ataque.

(Licenciatura em Agro-pecuária)

Universidade Rovuma

Extensão do Niassa

2021
Cynthia Elsa Saide Buana

Donato Abílio Alberto Marsane

Francisco Carlos

Horton dos Santos Ricardo

Relação entre nível de infestação e perdas. Nível económico de ataque.

(Licenciatura em Agro-pecuária)

Trabalho de pesquisa da Cadeira de


Culturas Alimentares e Industriais a ser
entregue, ao Departamento de Ciências
Agrárias e Alimentares, para fins
avaliativos sob orientação da docente:
Engª. Sofia António Pereira

Universidade Rovuma

Extensão do Niassa

2021
Introdução

O presente trabalho de pesquisa tem como tema a Relação de infestação e perdas; Nível
económico de ataque, onde será abortado os

A protecção integrada (PI) procura combater os inimigos das culturas de forma económica,
eficaz e com menores inconvenientes para o Homem e o ambiente. Deste modo, recorre-se à
utilização racional, equilibrada e integrada de todos os meios de luta disponíveis (genéticos,
culturais, biológicos e químicos) com o objectivo de manter as populações dos inimigos das
culturas a níveis tais que não causem prejuízos. Torna-se necessário efectuar a estimativa do
risco, isto é, a observação atenta e contínua da cultura, de modo a detectar os seus potenciais
inimigos e avaliar, através da intensidade do seu ataque, os possíveis estragos ou prejuízos
que possam causar.
Nível de infestação e perdas

A avaliação da indispensabilidade de intervenção


A estimativa do risco, que abrange a determinação da intensidade de ataque e o
esclarecimento sobre os factores de nocividade, procura esclarecer o potencial biótico dos
inimigos de uma cultura, presente num determinado momento e local, e o risco de prejuízos,
apesar das medidas indirectas adoptadas para reduzir a nocividade desses inimigos.
Perante os resultados da estimativa do risco, recorre-se, então, aos níveis económicos de
ataque ou a modelos de desenvolvimento de doenças ou pragas para avaliar a
indispensabilidade de intervenção com meios directos de luta. A informação mais abundante
sobre este tema é relativa a pragas causadas por artrópodes (insectos e ácaros), abordando-se
também, de forma limitada, esta problemática em relação a doenças e a infestantes.

A estimativa do risco de pragas


A estimativa do risco corresponde à avaliação da natureza e da importância de inimigos da
cultura, potencialmente capazes de causar prejuízos. A relação entre a dimensão da população
de uma praga e os estragos ou prejuízos causados na cultura será analisada em a propósito do
nível económico de ataque.

De acordo com Baggiolini (27) deve procurar-se esclarecer:


 Qual a natureza do inimigo, procedendo à sua identificação;
 Quanto, ou seja, a dimensão da população ou a sua intensidade de ataque;
 Como poderá o ataque ser condicionado por factores de nocividade da praga.
O agricultor ou o técnico que procede às observações no campo terá de dispor de formação
adequada sobre a natureza e bioecologia das pragas e, em particular, dos inimigos-chave e dos
inimigos ocasionais normalmente presentes na sua cultura. Será, assim, possível efectuar a
rápida identificação da praga ou dos sintomas do seu ataque. No caso de pragas menos
frequentes ou de identificação complexa terá que recorrer à ajuda dos serviços oficiais ou
privados de protecção integrada ou de outra natureza.
Nível económico de ataque

Em protecção integrada tem-se em conta o nível de ataque que a cultura pode suportar sem
riscos económicos, pois não se trata de erradicar o inimigo da cultura, mas aceitar a sua
presença desde que não ultrapasse um certo nível de referência – nível económico de ataque
(NEA) – que corresponde à intensidade de ataque do inimigo da cultura a que se devem
aplicar medidas limitativas ou de combate, para impedir que a cultura corra o risco de
prejuizos superiores ao custo das medidas de luta a adaptar, acrescidos dos efeitos
indesejáveis que estas possam causar. Com base na estimativa do risco e no nível económico
de ataque, procede a tomada de decisão e à selecção dos meios de luta.

Segundo a Global Crop Pest (2007), o nível económico de ataque é a densidade do organismo
nocivo ou intensidade de sintomas no qual causa prejuízos de igual valor ao custo de controlo.
O ataque é exprimido em número de insectos, pústulas ou sintomas por planta, folha ou por
quantidade de raízes.
Avaliação dos níveis de ataque
Segeren (1996), salienta que se o ataque tiver atingido a parte da planta que deve ser colhida
e, caso os sintomas sejam muito claros, pode-se fazer uma avaliação dos danos no campo. Os
danos são estimados planta por planta, avaliando uma amostra de 1 a 5 por cento das plantas
do campo, escolhidas ao acaso.

Para Bezerril (1992) existe uma relação entre o ataque e os danos. Esta relação tem que ser
estudada em ensaios específicos. Não é possível calcular a percentagem de danos, apenas com
os dados de avaliação de ataque, sem conhecer esta relação. Contudo, com alguma
experiência no campo pode obter-se o nível de ataque como uma indicação sobre a
necessidade de iniciar-se ou não com o combate. O nível de ataque pode ser avaliado por
contagem ou estimativa do número de indivíduos duma praga presentes por folhas, planta,
litro de solo, etc.
Normalmente, o grau de ataque vário bastante de planta para planta. Por isso, é necessário
avaliar um certo número de plantas por campo, para se obter uma ideia sólida sobre o nível de
ataque. Assim, torna-se muito trabalhoso contar exactamente o número de plantas com danos
ou indivíduos. Com a atribuição dum índice de ataque realiza-se uma classificação dos
sintomas das diferentes classes. É atribuído um índice para cada praga ou doença a cada
planta observada no campo, e calcula-se depois por praga ou doença a média do campo
(Bezerril, 1992).
Importância da avaliação de ataque
Para os agricultores:
Os agricultores são os que decidem se devem ou não ser tomadas medidas de controlo; assim,
eles deverão ter um fundamento realístico, de modo que as decisões sejam vantajosas. Pois,
decidir combater uma praga pela aplicação de pesticidas em todas as plantas enquanto apenas
uma percentagem baixa de plantas está infectada, significa um valor dos custos de controlo
relativamente mais elevado do que o valor das perdas provocadas pela praga. Por outro lado,
um agricultor pode esperar com o combate até que a praga cause danos, essa medida não é
correcta pois, os danos podem ser mais elevados que os custos de combate (Segeren, 1996).
Para as estruturas agrícolas:
Os dados colectados da situação fitossanitária deverão servir, por um lado, para que se tomem
medidas na importação ou não de pesticidas; na preparação duma campanha de combate às
pragas migratórias e, por outro, na planificação da investigação na área de Protecção de
Plantas; na preparação duma acção de apoio alimentar (no caso da praga ou doença provocar
uma calamidade); como também para estudar o comportamento geral das pragas e doenças e
desse modo, identificar a época do ano em que elas normalmente ocorrem. Dessas
informações podem elaborar-se recomendações para o calendário de sementeira, de modo a
evitar maior incidência, ou avisar os camponeses atempadamente, da provável ocorrência
duma certa praga ou doença (Segeren, 1996).

O nível prejudicial de ataque e o nível económico de ataque


O conceito de protecção integrada, adoptado por Stern et al., admite a tolerância da presença
de populações de pragas a níveis que não causem prejuízos. Nesse sentido foram definidos os
conceitos de:
 Nível prejudicial de ataque (NPA) 2: a densidade de população mais baixa que
causará prejuízos3, ou seja a redução de produção com importância económica;
 Nível económico de ataque (NEA) 4: a densidade a que devem ser tomadas medidas
de combate para impedir que o aumento da população atinja o nível prejudicial de
ataque.
Para melhor esclarecer o significado económico de NPA foi proposto por Headley, em 1972
(53), que o NPA corresponde à densidade da população em que o custo das medidas de
combate iguale o prejuízo causado pela praga. A diversidade de factores, a considerar nos
conceitos de NPA e de NEA, foi analisada por Baggiolini, em 1969. O recurso ao nível
prejudicial de ataque tem implícita a comparação de duas questões:
 A estimativa dos prejuízos, directos e indirectos, efectuada através da estimativa do
risco, em que se procede à avaliação da intensidade de ataque da população da praga,
por adequados métodos de amostragem, e à ponderação dos factores de nocividade
bióticos, abióticos, culturais e económicos;
 A estimativa do custo do tratamento abrange as despesas relativas ao custo do
pesticida e da sua aplicação e a ponderação, frequentemente difícil e complexa, dos
efeitos secundários indesejáveis do pesticida, como os desequilíbrios biológicos
resultantes da destruição de auxiliares e a consequente intensificação das pragas, a
contribuição para a ocorrência de resistência de pragas ao pesticida, os resíduos
tóxicos nos produtos agrícolas, na água e no solo, e a destruição de abelhas,
organismos aquáticos, aves e fauna selvagem.
O cálculo do nível prejudicial de ataque
Para a tradução prática do nível prejudicial de ataque (NPA) pretende-se esclarecer qual a
população de artrópodes, e mais raramente de fungos e de infestante, que será responsável por
prejuízos da cultura em valor idêntico ao do custo do tratamento a realizar no seu combate.
O custo do tratamento pode ser estimado a partir do custo do pesticida utilizado por unidade
(ex.: árvore, hectare) e da sua aplicação. Perante a dificuldade ou impossibilidade de avaliar
com rigor, em termos matemáticos, deve pelo menos proceder-se, na tomada de decisão, à
ponderação do custo dos efeitos secundários, como:
 A presença de auxiliares ajudando ao combate a pragas ou a destruição de auxiliares,
com consequências, porventura desastrosas, para a futura intensificação da praga;
 A presença de resíduos tóxicos nos produtos agrícolas, desvalorizando ou mesmo
impedindo a sua comercialização;
 E o fomento de resistência da praga ao pesticida utilizado e a outros com similar modo
de acção.
Os prejuízos causados pela praga serão variáveis consoante a natureza da praga e dos seus
estados de desenvolvimento (ovo, larva, ninfa, adulto), a natureza dos órgãos da cultura
atacados, a ocorrência de factores abióticos (ex.: temperatura, chuva) e bióticos (ex.:
auxiliares), condicionantes da dinâmica da praga e, ainda, as práticas culturais adoptadas e o
valor económico da produção da cultura.
Stone & Pedigo pretendem ter efectuado, pela primeira vez, em 1972, o cálculo matemático
rigoroso do NPA num estudo sobre prejuízos causados em soja pelo lepidóptero noctuídeo
desfolhador Plathypena scabra.
De facto, só raras vezes se dispõe de rigorosas determinações de prejuízos, sendo mais
frequente, através de simples experimentação e via empírica, proceder ao cálculo do NPA,
estabelecendo relações matemáticas entre a dimensão da população de estados da praga e os
prejuízos causados, com posterior consequência na redução da produção devido ao menor
valor comercial de frutos, às desfolhas ou à perturbação no desenvolvimento de flores e de
frutos. Desde que se disponha de dados adequados, o nível prejudicial de ataque (NPA) pode
ser calculado pela expressão:
C=ExNxVxK

Onde:
 C – custo do tratamento (ex. /kg);
 E – redução da produção causada por uma unidade de praga (ex.: 1 adulto, 1 ovo, 1
larva, 1 postura);
 N – número de unidades de praga;
 V – valor do mercado do produto agrícola (ex. preço da unidade de produção, •/kg);
 K – proporção da redução de produção causada pela praga que pode ser evitada pelo
tratamento que frequentemente não é eficaz a 100% (ex. 0,6; 0,9).
O nível prejudicial de ataque será, portanto:

C
( NPA=N ) =
ExVxK

O cálculo do nível económico de ataque a partir do nível prejudicial de ataque


Para evitar prejuízos é indispensável intervir (ex. tratamento insecticida) ao nível económico
de ataque (NEA) de forma a evitar que a praga atinja o NPA. Mas são numerosos os factores
que condicionam o tempo que separa os níveis NEA e NPA, ou seja, a evolução decorrente da
dinâmica de crescimento da população, nomeadamente:
 A espécie da praga e seus estados de desenvolvimento;
 A cultura, sua fenologia e sensibilidade ao ataque da praga;
 Os factores de nocividade bióticos (ex.: auxiliares);
 Os factores de nocividade abióticos (ex.: temperatura, humidade relativa, chuva,
vento);
 Os factores culturais (ex.: adubação, poda, rega);
 Os factores económicos (ex.: valor da produção agrícola no mercado);
 A natureza dos prejuízos (directos ou indirectos);
 A rapidez de concretização do tratamento (ex.: área a tratar de 500 m 2 ou 20 há de
vinha) e o nível de eficácia do tratamento (ex.: insecticida a adoptar).
Pedigo (70), além da opção mais utilizada da relação rígida entre o NPA/NEA
(ex.: 80%) de fundamentação não devidamente esclarecida, refere o modelo:

−x
NEA=NPA x C
Onde:

 C – aumento da população por unidade de tempo (ex. semana);


 X – período de tempo expresso em semanas (ex. 4 semanas).
Conclusão
Referência Bibliográfica

Bezerril, R. M.; Tood, J. W.; 1992. Maneio integrado da taça do repolho, Plutella xylostella
(L.) no Planalto do Ibiapaba- Ceará. Horticultura Brasileira, v. 10, n.1, p 49.
Global Crop Pest. (2007) – consultado em Dezembro de 2014 em http://www.nysaes.com.
Segeren P.; 1996. Os Princípios Básicos da Protecção das Plantas- Ministério da Agricultura
e Pescas, Departamento de Sanidade Vegetal – Maputo. Talekar,
STERN, V. M., SMITH, R. F., BOSCH, R. & HAGEN, K. S. (1959) – The integrated control
concept. Hilgardia, 29 (2): 81-101.

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