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Área 01, Aula 8

Vigilância Ambiental

1
CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde

ProEpi - Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo

2ª Edição

Janeiro de 2020
Copyright © 2018, Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo.

Todos os direitos reservados.

A cópia total ou parcial, sem autorização expressa do(s) autor(es) ou com o intuito de
lucro, constitui crime contra a propriedade intelectual, conforme estipulado na Lei nº
9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais), com sanções previstas no Código Penal, artigo
184, parágrafos 1° ao 3°, sem prejuízo das sanções cabíveis à espécie.
Expediente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde - CONASEMS
QUADRO GERAL DA ORGANIZAÇÃO
DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente – Wilames Freire Bezerra

Vice-Presidente – Charles Cezar Tocantins


Vice-Presidente – Cristiane Martins Pantaleão

Secretário Executivo - Mauro Guimarães Junqueira

Diretora Administrativo – Jose Eduardo Fogolin Passos

Diretor Financeiro – Hisham Mohamad Hamida

Diretora Financeiro-Adjunto – Orlando Jorge Pereira de Andrade de Lima

Diretor de Comunicação Social – Maria Célia Valladares Vasconcelos

Diretora de Comunicação Social–Adjunto – Iolete Soares de Arruda

Diretora de Descentralização e Regionalização – Soraya Galdino de Araújo Lucena

Diretora de Descentralização e Regionalização–Adjunto – Stela dos Santos Souza

Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares – Diego Espindola de Ávila

Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares- Adjunto- Carmino Antônio de Souza

Diretor de Municípios de Pequeno Porte - Débora Costa dos Santos

Diretora de Municípios de Pequeno Porte–Adjunto – Murilo Porto de Andrade

Diretor de Municípios com Populações Ribeirinhas e em Situação de Vulnerabilidade – Januário Carneiro Neto

Diretor de Municípios com Populações Ribeirinhas e em Situação de Vulnerabilidade – Adjunto – Vera Lucia
Quadros

1º Vice-Presidente Regional - Região Centro Oeste – Maria Angélica Benetasso

2º Vice-Presidente Regional - Região Centro Oeste – Douglas Alves de Oliveira

1º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste – Normanda da Silva Santiago

2º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste – Leopoldina Cipriano Feitosa

1º Vice-Presidente Regional - Região Norte – Marcel Jandson Menezes

2º Vice-Presidente Regional - Região Norte – Rondinelly da Silva e Souza

1º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste – Andreia Passamani Barbosa Corteletti

2º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste – Eduardo Luiz da Silva

1° Vice-Presidente Regional – Região Sul - Pablo de Lannoy Sturmer

2° Vice-Presidente Regional – Região Sul - Adriane da Silva Jorge Carvalho

Conselho Fiscal 1º Membro – Região Norte – Oteniel Almeida dos Santos

Conselho Fiscal 1º Membro – Região Nordeste – Jose Afranio Pinho Pinheiro Junior

Conselho Fiscal 2º Membro – Região Nordeste - Artur Belarmino de Amorim

Conselho Fiscal 1º Membro - Região Centro-Oeste – Edimar Rodrigues Silva

Conselho Fiscal 2º Membro - Região Centro-Oeste– Patricia Marques Magalhães

Conselho Fiscal 1º Membro - Região Sudeste - José Carlos Canciglieri

Conselho Fiscal 2° Membro – Região Sudeste - Maria Augusta Monteiro Ferreira

Conselho Fiscal 1º Membro - Região Sul - João Carlos Strassacapa

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Conselho Fiscal2º Membro – Região Sul- Manuel Rodriguez del Olmo

Representantes no Conselho Nacional de Saúde – Arilson da Silva Cardoso e José Eri Borges de Medeiros

RELAÇÃO NACIONAL DOS COSEMS


COSEMS - AC - Daniel Herculano da Silva Filho - Tel: (68) 3212-4123
COSEMS - AL - Izabelle Monteiro Alcântara Pereira - Tel: (82) 3326-5859
COSEMS - AM - Januário Carneiro da Cunha Neto - Tel: (92) 3643-6338 / 6300
COSEMS - AP - Marcel Jandson Menezes - Tel: (96) 3271-1390
COSEMS - BA - Stela Santos Souza - Tel: (71) 3115-5915 / 3115-5946
COSEMS - CE - Sayonara Moura de Oliveira Cidade - Tel: (85) 3101-5444 / 3219-9099
COSEMS - ES - Tel: (27) 3026-2287 - Catia Cristina Vieira Lisboa
COSEMS - GO - Tel: (62) 3201-3412 - Verônica Savatin Wottrich
COSEMS - MA - Tel: (98) 3256-1543 / 3236-6985 - Domingos Vinicius de Araújo Santos
COSEMS - MG - Tels: (31) 3287-3220 / 5815 - Eduardo Luiz da Silva
COSEMS - MS - Tel: (67) 3312-1110 / 1108 - Rogério dos Santos Leite
COSEMS - MT - Tel: (65) 3644-2406 - Marco Antonio Noberto Felipe
COSEMS - PA - Tel: (091) 3223-0271 / 3224-2333 - Charles César Tocantins de Souza
COSEMS - PB - Tel: (83) 3218-7366 - Soraya Galdino de Araújo Lucena
COSEMS - PE - Tel: (81) 3221-5162 / 3181-6256 - Orlando Jorge Pereira de Andrade Lima
COSEMS - PI - Tel: (86) 3211-0511 - Auridene Maria da Silva Moreira de Freitas Tapety
COSEMS - PR - Tel: (44) 3330-4417 - Carlos Alberto de Andrade
COSEMS - RJ - Tel: (21) 2240-3763 - Maria da Conceição de Souza Rocha
COSEMS - RN - Tel: (84) 3222-8996 - Maria Eliza Garcia Soares
COSEMS - RO - Tel: (69) 3216-5371 - Vera Lucia Quadros
COSEMS - RR - Tel: (95) 3623-0817 - Jeovan Oliveira da Silva
COSEMS - RS - Tel: (51) 3231-3833 - Diego Espíndola de Ávila
COSEMS - SC - Tel: (48) 3221-2385 / 3221-2242 - Alexandre Lencina Fagundes
COSEMS - SE - Tel: (79) 3214-6277 / 3346-1960 - Enock Luiz Ribeiro
COSEMS - SP - Tel: (11) 3066-8259 / 8146 - Jose Eduardo Fogolin Passos
COSEMS - TO - Tel: (63) 3218-1782 - Jair Pereira Lima

EQUIPES DO PROJETO

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EQUIPE TÉCNICA

Alessandro Aldrin Pinheiro Chagas


Flávio Alexandre Cardoso Álvares
Kandice de Melo Falcão

EQUIPE TÉCNICO-OPERACIONAL

Alessandro Aldrin Pinheiro Chagas


Catarina Batista da Silva Moreira
Flávio Alexandre Cardoso Álvares
Jônatas David Gonçalves Lima
Joselisses Abel Ferreira
Kandice de Melo Falcão
Luiz Filipe Barcelos
Murilo Porto de Andrade
Soraya Galdino de Araújo Lucena
Sandro Haruyuki Terabe
Wilames Freire Bezerra

Sobre o CONASEMS

Fazendo jus ao tamanho e à diversidade do Brasil, o Conselho Nacional de


Secretarias Municipais de Saúde representa a heterogeneidade dos milhares de
municípios brasileiros.

Historicamente comprometido com a descentralização da gestão pública de


saúde, o CONASEMS defende o protagonismo dos municípios no debate e
formulação de políticas públicas e contribui para o aumento da eficiência, o
intercâmbio de informações e a cooperação entre os sistemas de saúde do país.

Conheça nossas três décadas de atuação acessando www.conasems.org.br.

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Equipe Técnica da Associação Brasileira de Profissionais de
Epidemiologia de Campo - ProEpi

Equipe técnica

Coordenação Pedagógica - Hirla Arruda


Tecnologia da Informação 1ª versão - Renato Lima/ Edmo Filho
Tecnologia da Informação 2º versão - João Gabriel Brandão
Conteudista - Walter Ramalho
Apoio Técnico ao Núcleo Pedagógico 1ª versão - Danielly Xavier
Revisão 1ª versão - Daniel Coradi/ José Alexandre Menezes/ Sara Ferraz
Revisão 2º versão - Daniele Queiroz/ Sarah Mendez/ Sara Ferraz
Design Instrucional - Guilherme Duarte
Ilustração 1ª versão - Guilherme Duarte/ Mauricio Maciel
Ilustração 2º versão - Guilherme Duarte

Supervisão – Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia


de Campo – ProEpi
Sara Ferraz

Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade de Brasília


Jonas Brant

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Sobre a ProEpi

Fundada em 2014, a Associação Brasileira de Profissionais de


Epidemiologia de Campo une pessoas comprometidas com a saúde pública e
estimula a troca de ideias e o aperfeiçoamento profissional entre elas. Ofertando
dezenas de horas de conteúdo profissionalizante em nossa plataforma de ensino
a distância, curadoria de notícias, treinamentos presenciais e a mediação de
oportunidades de trabalho nacionais e internacionais, a ProEpi busca contribuir
para o aprimoramento da saúde pública no Brasil e no mundo.

Apenas nos últimos dois anos, 5 materiais de ensino a distância já


alcançaram mais de 3.000 pessoas pelo Brasil e países parceiros, como
Moçambique, Paraguai e Chile, e mais de 30 treinamentos levaram os temas
mais relevantes para profissionais de saúde pública, como comunicação de risco
e investigação de surtos. Além do público capacitado com nossos conteúdos
educacionais, unimos 10.000 seguidores no Facebook e impactamos
semanalmente cerca de 30.000 com nossa curadoria de notícias.

A ProEpi também atua na resposta a emergências de saúde pública ao


redor do mundo. Foram mais de duas dezenas de profissionais de saúde
enviados para missões em Angola, Bangladesh e África do Sul que contribuíram
para o bem-estar da população local e vivenciaram experiências de trabalho
transformadoras.

Você pode fazer parte dessa evolução ao tornar-se membro de nossa rede:
converse conosco escrevendo para contato@proepi.org.br.

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Sobre a ferramenta EAD autoinstrutiva em Entomologia
Aplicada à Saúde Pública

Os insetos são os animais mais bem-sucedidos do planeta e encontram


no Brasil condições muito favoráveis para sua multiplicação. Em nosso clima
quente e, em geral, úmido, eles encontram as circunstâncias ideias para
sobreviver, se reproduzir e transmitir doenças. Como consequência, são motivo
de preocupações cada vez maiores por parte da população e dos profissionais
de saúde de todo o país.

Pensando em preparar estes profissionais para os desafios do


enfrentamento das doenças transmitidas pelos insetos - em especial por Aedes
aegypti - o CONASEMS desenvolveu em parceria com a ProEpi, via TRPJ nº
0125/2017, a ferramenta EAD autoinstrutiva em Entomologia Aplicada à Saúde
Pública.

Neste material, serão apresentados conceitos fundamentais para a


identificação das espécies de maior importância médica, informações sobre seu
comportamento, ciclo de vida e as doenças transmitidas por elas. Temas como
a importância da Vigilância Epidemiológica, os métodos de captura, transporte e
armazenamento de insetos e os indicadores entomológicos para as principais
espécies também serão abordados. Por fim, temas de aplicação prática como os
métodos de controle vetorial, o manejo integrado de vetores e os conceitos de
segurança no trabalho serão discutidos.

As aulas estão cheias de convites para que o profissional reflita sobre sua
realidade local e interaja com seus colegas, além de exercícios que destacam e
promovem a fixação dos conceitos mais fundamentais de cada tema. O objetivo
é que o profissional se sinta preparado para aplicar em seu município as técnicas
aprendidas aqui.

Sucesso!

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Sumário

1 - A estruturação da Vigilância em Saúde Ambiental no Brasil ...................... 10

2 - Competências dos entes federados ........................................................... 17

3. Atuação da Vigilância em Saúde Ambiental ................................................ 18

3.1 - Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – Vigiagua .... 19

3.2 - Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos


– Vigipeq ......................................................................................................... 22

3.3 - Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres –


Vigidesastres .................................................................................................. 27

3.4 Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores físicos -Vigifis ...... 28

Vamos relembrar? .......................................................................................... 30

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AULA 8 - Vigilância Ambiental

Olá,

Nas duas aulas anteriores, você conheceu as características


da Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis e
da importância do controle de vetores e das zoonoses.

Já apresentamos a Vigilância Sanitária e a Vigilância


Epidemiológica e agora chegou a hora de conhecer a
Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) ou “Vigilância
Ambiental”. A VSA estuda a relação entre o ambiente e a
saúde da população. Você vai conhecer a história dessa
vigilância, as iniciativas governamentais e a organização dos
serviços pelo país. Ao final, você será capaz de:

• Descrever o histórico e a estruturação da Vigilância


Ambiental no Brasil;
• Identificar as competências dos entes federados
referentes à Vigilância Ambiental;
• Explicar a atuação da Vigilância Ambiental no campo
da Saúde Coletiva;
• Compreender a implementação da Vigilância
Ambiental no SUS.

1 - A estruturação da Vigilância em Saúde Ambiental no Brasil

Importante

A Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) é a área responsável pelas ações de detecção


de mudanças nos determinantes e condicionantes do meio ambiente que podem
influenciar na saúde humana.

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Vigilância em Saúde Ambiental realizando coleta de água para consumo humano, próximo ao Complexo Industrial do Pecém -
CE - Fonte: Própria

Assim como as demais áreas da Vigilância em Saúde, a Vigilância Ambiental teve


origem com Hipócrates, na Grécia.

Em sua obra “Dos ares, das águas e dos lugares” ele estabeleceu uma relação entre
a saúde humana e o ambiente, como podemos ver no trecho a seguir:

[...] Quem deseja estudar corretamente a ciência da medicina deverá proceder


da seguinte maneira. Primeiro, deverá considerar quais efeitos pode produzir
cada estação do ano, visto que as estações não são todas iguais, mas diferem
amplamente tanto em si mesmas como nas mudanças. O ponto seguinte se
refere aos ventos quentes e aos frios, principalmente aqueles universais, mas
também aqueles peculiares de cada região. Deverá também considerar as
propriedades das águas, pois tal como elas diferem em sabor e peso, também
suas propriedades se diferenciam. Portanto, ao chegar a um povoado que lhe é
desconhecido, o médico deverá examinar sua posição em relação aos ventos e
ao sol, pois uma face norte, sul, oriente e ocidente, tem cada uma um
determinado efeito. Deverá considerar tudo isso com o maior cuidado assim
como também saber de onde os nativos buscam a água, se usam águas
pantanosas, suaves, ou então se são duras e vêm de lugares altos e rochosos,
ou são salobras e ásperas. Também o solo, se é plano e seco, ou com bosques
e com águas abundantes [...] (HIPÓCRATES apud CAIRUS., 2005).

Apesar dos esforços de Hipócrates, foi apenas depois da metade do Século XX que o
movimento ambientalista ganhou força, proporcionando melhor compreensão da

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relação entre ambiente e saúde e passando a considerar suas dimensões políticas e
sociais.

O movimento foi possível devido ao avanço da transição epidemiológica e ao aumento


do risco à saúde por doenças crônicas e degenerativas, ligadas ao estilo de vida das
populações nos países em desenvolvimento e bastante expostos a condições
adversas.

Complexo
Industrial do Porto do Pecém, situado em uma das praias do Ceará. Fonte:
Própria

O consumo desordenado de recursos naturais, como ilustrado nas fotos acima, resulta
na degradação dos sistemas físicos, biológicos e sociais. A degradação ambiental
levou a epidemiologia das doenças transmissíveis ao esgotamento e trouxe a temática
ambiental para as práticas da Saúde Pública.

Destaque

A estruturação da VSA foi uma resposta do setor saúde ao movimento mundial em


que todas as atividades humanas se associam em busca do desenvolvimento
sustentável. O setor saúde passa a ter um interlocutor natural junto aos outros
setores, estabelecendo um inter-relacionamento entre questões de desenvolvimento,
ambiente e saúde buscando dar respostas para o atendimento das necessidades e
para a melhoria da qualidade de vida das populações (MACIEL,1999).

Um dos marcos mais significativos para a construção da VSA foi a incorporação das
dimensões políticas, sociais e econômicas como geradoras de impactos ambientais
debatidas na Conferência de Estocolmo, organizada pelas Nações Unidas em 1972.

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Como resultado, 113 nações assinaram a Declaração de Estocolmo sobre Meio
Ambiente Humano, que recomenda a busca do equilíbrio na relação entre o homem
e o ambiente.

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, Estocolmo, Suécia, 1972

A aproximação das agendas de promoção da saúde e preservação do meio ambiente


foi concretizada no Canadá, com a publicação do Relatório Lalonde pelo Ministério
de Bem-Estar e Saúde, em 1974, no qual o ambiente foi caracterizado como um dos
fatores que explicam a ocorrência de doenças.

Para o desenvolvimento de ações de promoção da saúde foram criados cinco planos:

• Construção de políticas públicas saudáveis;

• Criação de meio ambiente favorável;

• Desenvolvimento de habilidades;

• Reforço da ação comunitária;

• Reorientação dos serviços de saúde.

Princípios da Carta de Ottawa

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A estruturação da VSA no âmbito do Sistema Único de Saúde ocorreu a partir dos
movimentos internacionais e nacionais que trouxeram à tona a relação entre saúde e
ambiente e a apresentação de grandes acontecimentos que fortaleceram a VSA nos
últimos anos.

No Brasil em 1986, ocorreu a VIII Conferência Nacional de Saúde. O evento foi


influenciado pelas ideias do movimento da Reforma Sanitária, que considerava a
saúde com um conceito mais amplo que a ausência de doenças. O movimento definia
saúde como o resultado das condições de vida e do meio ambiente dos povos.

8ª Conferência Nacional de Saúde”. Fonte: Fiocruz. Foto: Álvaro Pedreira Disponível em:
http://www.ccs.saude.gov.br/cns/timeline.php

Os resultados da conferência apontaram a necessidade de políticas públicas capazes


de combater os danos causados por um modelo de desenvolvimento econômico de
exploração não sustentável dos recursos naturais, que é um dos principais
responsáveis pelos impactos ambientais que causam danos à saúde humana.

Além disso, a Reforma Sanitária propôs a ideia de que a saúde é um direito de todos
e dever do estado, apresentando propostas de uma reformulação do sistema de saúde
por meio da implantação de um sistema único (Brasil, 2009).

A Reforma Sanitária também influenciou a construção da Constituição Federal,


promulgada em 1988, que incluiu boa parte dos conceitos propostos pelo movimento.

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Logo do Sistema Único de Saúde

Com a criação do SUS, a Lei Orgânica do SUS trouxe a definição de meio ambiente
como um dos fatores determinantes e condicionantes da saúde e conferiu à saúde
pública a responsabilidade de promover ações que visem garantir à população
condições de bem-estar físico, mental e social.

A Vigilância em Saúde Ambiental


como instância burocrática surgiu com
a criação da Fundação Nacional de
Saúde (Funasa), por meio do Decreto
nº 3.450/2000, que estabeleceu como
competência “a gestão do sistema
nacional de vigilância em saúde
ambiental”.

Com a criação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), em 2003, uma de suas


competências passou a ser a gestão do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde
Ambiental (SINVSA), compartilhada com os Estados, municípios e o Distrito Federal
em articulação com fóruns intra e intersetoriais e o controle social. Assim, a área de
Saúde Ambiental foi incorporada ao Ministério da Saúde, para atuar de forma integrada
com as vigilâncias sanitária e epidemiológica, no âmbito da SVS.

Atualmente, no Brasil estão entre as competências da VSA as seguintes áreas: água


para consumo humano, ar, solo, contaminantes ambientais e substâncias químicas;
desastres naturais, acidentes com produtos perigosos; fatores físicos e ambiente de
trabalho.

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Saiba Mais

Você já pensou em como o consumo humano afeta o ambiente?

Sabendo que a saúde e o ambiente estão intrinsecamente relacionados, qual o dano


que o descarte de resíduos de consumo humano pode acarretar para o ambiente?

Você pode encontrar algumas respostas no documentário “A história das Coisas”!

A História das Coisas. Direção: Louis Fox. Free Range Studios, 2007. Disponível em
meio eletrônico (21 min). Título original: Story of Stuff.

Fonte: The Story of Stuff (2007)

Exercitando

De acordo com o que você estudou até agora, complete a frase com as palavras
corretas.

1. A Vigilância em Saúde ______________ é a área responsável pelas ações de


detecção de ______________ nos determinantes e ______________ do meio
ambiente que podem ______________ a saúde humana.

2. A Lei Orgânica do SUS trouxe a ______________ de ______________ como


um dos fatores ______________ e ______________ da saúde.

3. Atualmente, no Brasil estão entre as competências da VSA as seguintes áreas:


água para consumo humano, ______, _______ contaminantes ___________ e
substâncias químicas; desastres naturais, acidentes com produtos perigosos;
fatores físicos e ambiente de trabalho.

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2 - Competências dos entes federados

A construção da vigilância em
saúde ambiental como área
teórica e institucional da Saúde
Pública no SUS é recente. O
SINVSA, após duas décadas de
implantação, avançou em sua
estruturação e funcionamento.
Atualmente, o sistema está
presente em todos os 26 Estados
e no Distrito Federal.

Os municípios com maior porte e poder de articulação costumam exercer as atividades


de VSA de uma forma satisfatória. Muitos municípios, porém, ainda encontram
dificuldades e precisam avançar na prática da VSA, no que se refere à estrutura e
atuação.

Essa realidade é fruto de dificuldades de se trabalhar com o ambiente e saúde, que é


um trabalho abrangente, multidisciplinar e intersetorial, uma característica própria da
VSA. Para que sua função seja plenamente exercida, é necessária uma equipe de
técnicos de diferentes áreas e uma articulação constante com outras entidades,
mesmo as externas ao setor de saúde.

A própria concepção federativa adotada no SUS, onde os estados e municípios são


autônomos para a gestão da saúde, permite diferentes configurações do setor de
vigilância em saúde ambiental.

Sendo assim, uma parte dos municípios e estados seguem o modelo adotado no
Ministério da Saúde, onde a vigilância em saúde ambiental está institucionalmente
albergada na vigilância em saúde, como um de seus componentes, ligada, algumas
vezes, à vigilância epidemiológica. Outros municípios adotam secretarias ou
departamentos exclusivos para a vigilância em saúde ambiental, garantindo maior
autonomia institucional, em detrimento, algumas vezes, de uma boa articulação entre
as vigilâncias.

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Enquanto os entes federativos se organizam de maneira independente, a esfera
federal é responsável por articular a viabilização da gestão da VSA em um país
continental e desigual e pela observância dos princípios e diretrizes do SUS.

Exercitando

Considerando o que aprendeu até agora, marque verdadeiro ou falso.

a) ( ) Os municípios com maior porte e poder de articulação conseguem


exercer plenamente as atividades de vigilância em saúde ambiental.

b) ( ) A construção da vigilância em saúde ambiental como área teórica e


institucional da Saúde Pública no SUS é recente.

c) ( ) A esfera federal da vigilância em saúde ambiental não é responsável por


articular a viabilização da gestão da vigilância em saúde ambiental em um país
continental e desigual.

d) ( ) Todos os municípios e estados seguem o modelo adotado na Secretaria


de Vigilância em Saúde.

3. Atuação da Vigilância em Saúde Ambiental

Destaque

O principal objetivo da VSA é a produção e interpretação de informações para o


planejamento e execução de ações relativas às atividades de promoção da saúde e
de prevenção e controle de doenças e agravos relacionados a fatores ambientais.

Para cumprir com seus objetivos, a VSA, no âmbito do Ministério da Saúde, é


organizada nas seguintes áreas técnicas:

• Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – Vigiagua;

• Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos –


Vigipeq;

• Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos Desastres –


Vigidesastres;

• Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores físicos -Vigifis.

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3.1 - Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano –
Vigiagua

Fonte: CGVAM/SVS/MS

A água utilizada para consumo humano é um bem essencial que visa garantir saúde e
qualidade de vida à população, quando distribuída em quantidade suficiente e com
qualidade que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido na legislação vigente.

O Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano


(Vigiagua) constitui-se em um conjunto de ações adotadas continuamente para
garantir à população o acesso à água em quantidade suficiente e qualidade compatível
com o padrão de potabilidade, tendo em vista a legislação vigente, como parte
integrante das ações de promoção da saúde e prevenção dos agravos transmitidos
pela água.

Importante

A legislação que garante a potabilidade da água é a Portaria MS nº 2.914/2011,


disponível em: bit.ly/portaria2914,

O Vigiagua que tem como principais objetivos reduzir as mortes causadas por doenças
e agravos de transmissão hídrica e, melhorar as condições de abastecimento de água
para consumo humano.

Hepatite A, giardíase, amebíase ou disenteria amebiana, leptospirose, cólera,


ascaridíase ou lombriga e febre tifoide são apenas algumas doenças que podem ser
transmitidas pela água.

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O Vigiagua monitora a qualidade da água sistematicamente e informa a população
sobre a qualidade da água. São monitorados, por meio de coletas e análises
laboratoriais, a qualidade da água para consumo humano tanto de sistemas de
abastecimento oficiais como de fontes alternativas, sejam elas individuais ou coletivas.

Ações no âmbito do Vigiagua são realizadas nas três esferas de governo, com
atribuições específicas para o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde dos
Estados, Distrito Federal e municípios. De acordo com os dados do SISAGUA (Sistema
de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) para os
dados agregados no Brasil (2014: 67,22%; 2015: 73,19%; 2016: 73,26; e 2017:
78,31%) mostram uma tendência de crescimento do percentual dos municípios
brasileiros que desenvolvem alguma ação do Vigiagua.

Representação espacial do percentual da população com informações sobre a forma de abastecimento de água cadastrada no
Sisagua. Adaptado: Aristeu et. al 2019 Fonte: Sisagua (02/02/2018).

Representação espacial dos cenários da implantação do Vigiagua, Brasil 2016

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Fonte: Indicadores institucionais do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano 2016.
Disponível: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/20/Indicadores-Institucionais-Vigiagua---2016.pdf

Você Sabia

Em algumas regiões do país é comum a escassez de água ou o seu fornecimento


irregular, portanto são necessárias atividades estratégicas para verificar a qualidade
da água que é fornecida para essas populações. Saiba mais sobre atuação do
Vigiagua em situações de seca e estiagem acessando o link:

Clique aqui

Folder sobre os cuidados que os “pipeiros” devem ter ao fornecer água em seus
caminhões.

Disponível: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/28/FOLDER-PIPEIROS-cuidados-com-a-agua-do-
carro-pipa.pdf

21
Exercitando

Levando em consideração os objetivos da Vigilância da Qualidade da Água para


Consumo Humano (Vigiagua), marque a resposta correta.

a) ( ) não precisa informar a população a qualidade da água e riscos à saúde.

b) ( ) monitora sistematicamente a qualidade da água consumida pela


população.

c) ( ) ações no âmbito do Vigiagua são realizadas apenas pelas Secretarias de


Saúde dos estados.

d) ( ) ( ) Somente gerencia o risco a saúde decorrente das águas provenientes


de fontes naturais.

3.2 - Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes


Químicos – Vigipeq

O Programa Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Áreas


Contaminadas por Contaminantes Químicos (Vigipeq) constitui-se em um conjunto de
ações direcionadas a populações sob risco de exposição a contaminantes químicos
nas águas subterrâneas e superficiais, no solo, no ar, na flora e na fauna com o objetivo
de recomendar e executar medidas de promoção da saúde, prevenção dos fatores de
risco e atenção à saúde.

O Vigipeq está estruturado em três grandes componentes, hoje fundidos pelo Decreto
n° 6.860 de 2009:

• Exposição humana em áreas contaminadas por contaminantes químicos


(Vigisolo);

• Exposição humana a substâncias químicas prioritárias (Vigiquim);

• Exposição humana a poluentes atmosféricos (Vigiar).

O Vigisolo

Diante do processo da modernização e suas consequências, como a poluição e


degradação ambiental, a industrialização acelerada e o uso de novos métodos

22
tecnológicos na agricultura, a humanidade está sujeita a riscos decorrentes da
exposição a inúmeros agentes potencialmente tóxicos.

Como componente da Vigilância em Saúde Ambiental, o Vigisolo é a área do Vigipeq


que se preocupa com a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Áreas
Contaminadas, cujas ações são direcionadas a situações de exposição humana a
contaminantes químicos no solo.

Flor nascendo em solo fértil - Fonte: pixabay (Licença CC0)

São adotadas duas formas de vigilância:

• Proativa: na tentativa de antecipação ao problema, aplica-se a prevenção e a


promoção da saúde;

• Reativa: nas situações em que um problema já instalado é identificado.

Sua prática compreende um conjunto de ações relativas à coleta, processamento e


análise de dados, além do fluxo e divulgação de informações sobre a atenção integral
à saúde das populações expostas a áreas atingidas por contaminantes químicos no
país.

Destaque

Principais ações do Vigisolo

• Identificar e priorizar áreas com populações expostas ou potencialmente


expostas a contaminantes químicos;

23
• Desenvolver estratégia de gestão para atuação em áreas com populações
expostas ou potencialmente expostas, incluindo avaliação de risco à saúde
humana e protocolos de acompanhamento da saúde da população;

• Coordenar e estimular ações intrasetoriais entre as áreas de vigilância


ambiental, epidemiológica, sanitária, saúde do trabalhador, atenção básica e
laboratórios de saúde pública;

• Desenvolver, implementar, qualificar e realizar análise sistemática dos dados do


sistema de informação de vigilância em saúde de populações expostas ou
potencialmente expostas em áreas contaminadas;

• Definir e monitorar indicadores;

• Elaborar e implementar programa de comunicação de risco à saúde;

• Apoiar a capacitação de profissionais;

• Realizar articulação intersetorial, com destaque para os órgãos ambientais;

• Apoiar o desenvolvimento de ações de educação em saúde e mobilização


social;

• Apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas.

No período entre os anos 2004 e 2014, 2.039 municípios registraram áreas com
populações expostas ou potencialmente expostas a contaminantes químicos,
representando 36% dos municípios brasileiros.

24
Áreas cadastradas com população expostas ou potencialmente expostas, por UF, Brasil, 2004-2014 / atualizado em 31/09/2014
Fonte: MS/SVS/DSAST/CGVAM/SISSOLO - disponivel em: http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-
ambiental/vigipeq/vigisolo/dados-e-acompanhamento-das-populacoes

O Vigiquim Contaminantes químicos

Homem aplicando agrotóxicos na plantação Fonte: Pixabay (Licença CC0)

Também representam riscos à saúde pública a contaminação dos ambientes naturais,


do solo, das águas superficiais e subterrâneas, do ar e dos alimentos por substâncias
químicas. A avaliação da exposição humana a contaminantes químicos presentes no
ambiente é uma das competências da Vigilância em Saúde de Populações Expostas
a Contaminantes Químicos (Vigipeq), que busca articular ações de saúde integradas
como prevenção, promoção, vigilância e assistência à saúde. Para viabilizar a
implantação dessa Vigilância, foram selecionadas cinco substâncias prioritárias:

• asbesto/amianto;

• benzeno;

• agrotóxicos;

• mercúrio;
• chumbo.

A vigilância das intoxicações por agrotóxicos é executada por vigilância passiva, por
meio da notificação compulsória dos casos atendidos por profissionais de saúde.
Esses dados orientam ações de vigilância em saúde relacionadas aos agrotóxicos.

Nas secretarias estaduais e municipais de saúde, o funcionamento adequado do


sistema depende de intensa articulação e cooperação entre a Vigilância em Saúde
Ambiental e as outras vigilâncias. Depende também de outros órgãos, como as
secretarias estaduais do Trabalho, do Meio Ambiente e da Agricultura.

25
O Vigiar

Poluição do ar por uma usina de energia - Fonte: pixabay (Licença CC0)

O Vigiar é a área do Vigipeq que se preocupa com a Vigilância em Saúde Ambiental


relacionada à Qualidade do Ar. Se responsabiliza no componente de exposição
humana a poluentes atmosféricos e desenvolve ações visando a promoção da saúde
da população afetada.

Ainda que a poluição atmosférica não esteja restrita às grandes metrópoles ou pólos
industriais, o seu campo de atuação prioriza as regiões críticas, chamadas Áreas de
Atenção Ambiental Atmosférica de Interesse para a Saúde (conhecidas como 4 AS):

• áreas metropolitanas;

• centros industriais;

• áreas sob impacto de mineração;


• áreas sob influência de queima de biomassa.

As ações do Vigiar constituem-se na identificação da população em áreas prioritárias


das 4 AS e a consequente avaliação do risco, de forma a direcionar as atividades de
cuidado, vigilância e promoção à saúde. Para otimizar recursos, foram definidos como
prioridades os poluentes: SO2 – Dióxido de Enxofre; CO2 – Dióxido de Carbono; e
partículas inaláveis - PM 10 (10 micrômetros) e PM 2,5 (2,5 micrômetros).

Como nas outras áreas do Vigipeq, sua ação exige grande articulação com outros
órgãos ambientais, de desenvolvimento urbano e industrial.

26
3.3 - Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos
Desastres – Vigidesastres

O Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental dos Riscos Associados aos


Desastres (Vigidesastres) é um conjunto de ações realizadas de forma contínua para
reduzir a exposição da população aos riscos de desastres podendo ser naturais ou
não, tais como inundações, deslizamentos, secas e incêndios florestais.

Resultado do rompimento de barragem na Samarco, no município de Mariana-MG

Fonte: https://www.otempo.com.br/economia/desastres-reduzem-o-peso-da-industria-na-economia-mineira-1.2135277

A atuação é baseada na gestão do risco, contemplando ações de redução, manejo e


remediação dos desastres, bem como das doenças e agravos decorrentes deles. Além
disso, atua no acompanhamento das mudanças climáticas e seus efeitos à saúde
humana.

O Vigidesastres baseia-se nas diretrizes e princípios federais e das secretarias


estaduais e municipais de saúde (ou órgãos equivalentes).

Duas ações estão diretamente ligadas às esferas estaduais e federal: a elaboração de


planos de contingência e a instituição de comitês de saúde em desastres.

O gerenciamento do desastre e a recuperação dos efeitos à saúde humana conta com


as fases de Redução, Gerenciamento e Recuperação:

Redução do risco: destina-se a atividades de eliminação ou redução do risco para


que se possa diminuir o impacto dos desastres.

27
Gerenciamento dos Desastres: contempla atividades de enfrentamento ao impacto
dos desastres e seus efeitos à saúde humana, objetivando salvar vidas e diminuir as
perdas materiais.

Recuperação dos efeitos: etapa posterior ao evento, consiste em medidas que visam
o restabelecimento das condições de vida da comunidade afetada. Engloba aspectos
de curto prazo - como o abastecimento da água e esgotamento sanitário, a energia
elétrica e o sistema de comunicação - mas também se preocupa com as soluções
permanentes e de longo prazo.

Situações de risco epidemiológico após enchentes Foto: acervo SVS/MSAÚDE

3.4 Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores físicos -


Vigifis

O Vigifis tem por objetivo a proteção da saúde da população decorrente da exposição


a radiações Ionizantes (RI) e não ionizantes (RNI), que se caracterizam pela fonte de
exposição, e não pela natureza da radiação.

O Vigifis atua no desenvolvimento de modelos de vigilância em saúde ambiental,


relacionados à exposição humana à radioatividade natural elevada, em resposta às
demandas crescentes vindas da população e de profissionais da área de saúde em
regiões conhecidas como de alta concentração de minérios radioativos; bem como na
preparação, prevenção e resposta do setor saúde em casos de emergências rádio
nucleares.

28
Profissional operando máquina de Raio X. Fonte: https://www.folhacapital.com.br/portal/noticias/view/946/hospital-regional-de-
xambioa-conta-com-nova-sala-de-raio-x

Saiba Mais

Você conhece o funcionamento da esfera federal da Vigilância Ambiental?

Para entender melhor como ela funciona, explore a página da Vigilância em Saúde
Ambiental do Ministério da Saúde, disponível

Clique aqui

Exercitando

Conhecendo as competências e atribuições do Vigidesastres, complete a frase com as


palavras corretas.

a) ( ) Redução do risco: destina-se a atividades de ______________ ou


______________ do risco para que se possa diminuir o
__________________________.

b) ( ) Gerenciamento dos Desastres: contempla atividades de enfrentamento


ao __________________________ e seus efeitos à saúde ______________,
objetivando __________________________ e diminuir as ______________
materiais.

29
Vamos relembrar?

Nesta aula você aprendeu sobre a Vigilância em Saúde


Ambiental e conheceu sua história. Compreendeu como a
VSA se organiza no setor saúde e a importância da
articulação intersetorial para que a VSA cumpra
adequadamente sua função.

Comparou as competências dos entes federais e aprendeu


sobre a estruturação e o funcionamento do SINVSA. Agora
você já sabe que o sistema está presente em todos os 26
estados e no Distrito Federal e que seus principais objetivos
são a produção e interpretação de informações para o
planejamento e execução de ações de prevenção e
promoção da saúde.

Por fim, conheceu as áreas da Vigilância Ambiental:


Vigiagua, Vigipeq, Vigidesastres e Vigifis. Você deve ter
notado que cada uma delas é responsável pela vigilância de
aspectos específicos da prevenção e controle de doenças e
agravos relacionados ao meio ambiente.

Na próxima aula você vai aprender sobre o processo saúde-


doença. Será que saúde é apenas a ausência de doenças?
Conversaremos sobre este e outros assuntos.

Até lá!

30
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31
Referências

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implantação no Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, v. 40, n.
1, p. 170-7, fev. 2006.

BARRET F. Disease and Geography: the history of an idea. Toronto: York


University; 2000.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Organização Mundial da


Saúde. Regulamento Sanitário Internacional 2005. 79 p.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Vigilância em


Saúde. Brasília: CONASS; 2011. (Coleção Progestores - para entender a
gestão do SUS, V. 6).

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Texto promulgado


em 5 de outubro de 1988. Diário Oficial da República Federativa do Brasil 1988;

BRASIL. Decreto nº 7.336 de 19 de outubro de 2010. Aprova a Estrutura


Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das
Funções Gratificadas do Ministério da Saúde, e dá outras providências.
Diário Oficial da União 2010; 20 out.

BRASIL. Instrução Normativa MS/SVS nº 1 de 7 de março de 2005.


Regulamenta a Portaria nº 1.172/2004/GM, no que se refere às
competências da União, Estados, Municípios e Distrito Federal na área de
Vigilância em Saúde Ambiental. Diário Oficial da União 2005; 8 mar/22 mar.

BRASIL. Lei nº 8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições


para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Diário Oficial da União 1999; 19 set.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Subsídios para a


Construção da Política Nacional de Saúde Ambiental. Brasília: Ministério da
Saúde; 2009.

32
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de saúde ambiental para o
setor saúde. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde; 1999.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto


Promoção da Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento


de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos do Sistema
Único de Saúde (SUS) no Brasil. In: Franco-Netto G, Rohlfs DB, Sales LBF,
Vasconcelos CH, Cabral AR, Mello RM, Daniel MHB, Louvandini P, Rangel CF,
Freire MM, Lins GAI, Santos CM, Silva EL, Cerutti DF, Padilha JBD, Alonzo HGA,
Lemos AF. Vigilância em saúde ambiental no Sistema Único de Saúde: 10 anos
de atuação pela sustentabilidade no Brasil. p. 221-235. Brasília: Ministério da
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BRASIL. Portaria n. 70, de 23 de dezembro de 2004. Estabelece os critérios e


a sistemática para habilitação de Laboratórios de Referência Nacional e
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Epidemiológica e Ambiental em Saúde. Diário Oficial da União, 2004.

BRASIL. Portaria nº 3.252 de 22 de dezembro de 2009. Aprova as diretrizes


para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios e dá outras providências.

BRASIL. Portaria nº 518, de 5 de outubro de 2004. Estabelece os


procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade e
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BRASIL. Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde. Brasília:


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BRASIL. Subsídios para construção da política nacional de saúde


ambiental. Brasília, 2005. Brasília, n. 37, p. 54, 24 fev. 2005b.

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CÂMARA VM. Reflexões sobre a saúde ambiental no Brasil. Caderno de


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FRANCO NETTO, G.; CARNEIRO, F. F. Vigilância ambiental em saúde.


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FRANCO-NETTO, G, ALONZO HGA. Notas sobre a Governança da Saúde


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Graduação em Saúde Coletiva; 2010.

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LALONDE M. A new perspective on the health of Canadians: A working
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Cuidados Primários de Saúde: relatórios da Conferência Internacional sobre
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Roméro MA, Bruna GC. Curso de gestão ambiental. Barueri: Manole, 2004; p.
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RIBEIRO H. Saúde Pública e Meio Ambiente: evolução do conhecimento e da


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Sistema de Informações sobre a Vigilância da Qualidade da Água para
Consumo Humano. www.saude.gov.br/Sisagua. Dados acessados em
dezembro de 2015.

MACIEL FILHO, Albertino Alexandre et al. Indicadores de Vigilância


Ambiental em Saúde. Inf. Epidemiol. Sus [online]. 1999, vol.8, n.3, pp.59-66.
ISSN 0104-1673. http://dx.doi.org/10.5123/S0104-16731999000300004.

35
Respostas dos exercícios (em ordem de aparição)

De acordo com o que você estudou até agora, complete a frase com as palavras
corretas.

1. Lei Orgânica do SUS trouxe a definição de meio ambiente como um dos


fatores determinantes e condicionantes da saúde.

2. A Vigilância em Saúde Ambiental é a área responsável pelas ações de


detecção de mudanças nos determinantes e condicionantes do meio
ambiente que podem influenciar a saúde humana.

2. Considerando o que aprendeu até agora, marque verdadeiro ou falso.

a) (V) Os municípios com maior porte e poder de articulação conseguem


exercer as atividades de vigilância em saúde ambiental.

b) (V) A construção da vigilância em saúde ambiental como área teórica e


institucional da Saúde Pública no SUS é recente.

c) (F) A esfera federal da vigilância em saúde ambiental não é responsável


por articular a viabilização da gestão da vigilância em saúde ambiental em
um país continental e desigual.

d) (F) Todos os municípios e estados seguem o modelo adotado na


Secretaria de Vigilância em Saúde.

3. Levando em consideração os objetivos da Vigilância da Qualidade da Água


para Consumo Humano (Vigiagua), marque a resposta correta.

a) ( ) não precisa informar a população a qualidade da água e riscos à


saúde.

b) (X) monitora sistematicamente a qualidade da água consumida pela


população.

c) ( ) apoia o desenvolvimento de ações de educação em saúde e não apoia


a mobilização social.

d) ( ) Somente gerencia o risco a saúde.

36
4. Conhecendo as competências e atribuições do Vigidesastres, complete a
frase com as palavras corretas.

1. Redução do risco: destina-se a atividades de eliminação ou redução do


risco para que se possa diminuir o impacto dos desastres.

2. Gerenciamento dos Desastres: contempla atividades de enfrentamento


ao impacto dos desastres e seus efeitos à saúde humana, objetivando
salvar vidas e diminuir as perdas materiais.

37

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