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Área 01, Aula 2

Conceitos básicos e objetivos da Vigilância em


Saúde
CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
ProEpi - Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo

2ª Edição
janeiro de 2020
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lucro, constitui crime contra a propriedade intelectual, conforme estipulado na Lei nº
9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais), com sanções previstas no Código Penal, artigo
184, parágrafos 1° ao 3°, sem prejuízo das sanções cabíveis à espécie.
Expediente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde - CONASEMS
QUADRO GERAL DA ORGANIZAÇÃO
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente – Wilames Freire Bezerra
Vice-Presidente – Charles Cezar Tocantins
Vice-Presidente – Cristiane Martins Pantaleão
Secretário Executivo - Mauro Guimarães Junqueira
Diretora Administrativo – Jose Eduardo Fogolin Passos
Diretor Financeiro – Hisham Mohamad Hamida
Diretora Financeiro-Adjunto – Orlando Jorge Pereira de Andrade de Lima
Diretor de Comunicação Social – Maria Célia Valladares Vasconcelos
Diretora de Comunicação Social–Adjunto – Iolete Soares de Arruda
Diretora de Descentralização e Regionalização – Soraya Galdino de Araújo Lucena
Diretora de Descentralização e Regionalização–Adjunto – Stela dos Santos Souza
Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares – Diego Espindola de Ávila
Diretor de Relações Institucionais e Parlamentares- Adjunto- Carmino Antônio de Souza
Diretor de Municípios de Pequeno Porte - Débora Costa dos Santos
Diretora de Municípios de Pequeno Porte–Adjunto – Murilo Porto de Andrade
Diretor de Municípios com Populações Ribeirinhas e em Situação de Vulnerabilidade – Januário Carneiro Neto
Diretor de Municípios com Populações Ribeirinhas e em Situação de Vulnerabilidade – Adjunto – Vera Lucia Quadros
1º Vice-Presidente Regional - Região Centro Oeste – Maria Angélica Benetasso
2º Vice-Presidente Regional - Região Centro Oeste – Douglas Alves de Oliveira
1º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste – Normanda da Silva Santiago
2º Vice-Presidente Regional - Região Nordeste – Leopoldina Cipriano Feitosa
1º Vice-Presidente Regional - Região Norte – Marcel Jandson Menezes
2º Vice-Presidente Regional - Região Norte – Rondinelly da Silva e Souza
1º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste – Andreia Passamani Barbosa Corteletti
2º Vice-Presidente Regional - Região Sudeste – Eduardo Luiz da Silva
1° Vice-Presidente Regional – Região Sul - Pablo de Lannoy Sturmer
2° Vice-Presidente Regional – Região Sul - Adriane da Silva Jorge Carvalho
Conselho Fiscal 1º Membro – Região Norte – Oteniel Almeida dos Santos
Conselho Fiscal 1º Membro – Região Nordeste – Jose Afranio Pinho Pinheiro Junior
Conselho Fiscal 2º Membro – Região Nordeste - Artur Belarmino de Amorim
Conselho Fiscal 1º Membro - Região Centro-Oeste – Edimar Rodrigues Silva
Conselho Fiscal 2º Membro - Região Centro-Oeste– Patricia Marques Magalhães
Conselho Fiscal 1º Membro - Região Sudeste - José Carlos Canciglieri
Conselho Fiscal 2° Membro – Região Sudeste - Maria Augusta Monteiro Ferreira
Conselho Fiscal 1º Membro - Região Sul - João Carlos Strassacapa
Conselho Fiscal2º Membro – Região Sul- Manuel Rodriguez del Olmo
Representantes no Conselho Nacional de Saúde – Arilson da Silva Cardoso e José Eri Borges de Medeiros

RELAÇÃO NACIONAL DOS COSEMS


COSEMS - AC - Daniel Herculano da Silva Filho - Tel: (68) 3212-4123
COSEMS - AL - Izabelle Monteiro Alcântara Pereira - Tel: (82) 3326-5859
COSEMS - AM - Januário Carneiro da Cunha Neto - Tel: (92) 3643-6338 / 6300
COSEMS - AP - Marcel Jandson Menezes - Tel: (96) 3271-1390
COSEMS - BA - Stela Santos Souza - Tel: (71) 3115-5915 / 3115-5946
COSEMS - CE - Sayonara Moura de Oliveira Cidade - Tel: (85) 3101-5444 / 3219-9099
COSEMS - ES - Tel: (27) 3026-2287 - Catia Cristina Vieira Lisboa
COSEMS - GO - Tel: (62) 3201-3412 - Verônica Savatin Wottrich
COSEMS - MA - Tel: (98) 3256-1543 / 3236-6985 - Domingos Vinicius de Araújo Santos
COSEMS - MG - Tels: (31) 3287-3220 / 5815 - Eduardo Luiz da Silva
COSEMS - MS - Tel: (67) 3312-1110 / 1108 - Rogério dos Santos Leite
COSEMS - MT - Tel: (65) 3644-2406 - Marco Antonio Noberto Felipe
COSEMS - PA - Tel: (091) 3223-0271 / 3224-2333 - Charles César Tocantins de Souza
COSEMS - PB - Tel: (83) 3218-7366 - Soraya Galdino de Araújo Lucena
COSEMS - PE - Tel: (81) 3221-5162 / 3181-6256 - Orlando Jorge Pereira de Andrade Lima
COSEMS - PI - Tel: (86) 3211-0511 - Auridene Maria da Silva Moreira de Freitas Tapety
COSEMS - PR - Tel: (44) 3330-4417 - Carlos Alberto de Andrade
COSEMS - RJ - Tel: (21) 2240-3763 - Maria da Conceição de Souza Rocha
COSEMS - RN - Tel: (84) 3222-8996 - Maria Eliza Garcia Soares
COSEMS - RO - Tel: (69) 3216-5371 - Vera Lucia Quadros
COSEMS - RR - Tel: (95) 3623-0817 - Jeovan Oliveira da Silva
COSEMS - RS - Tel: (51) 3231-3833 - Diego Espíndola de Ávila
COSEMS - SC - Tel: (48) 3221-2385 / 3221-2242 - Alexandre Lencina Fagundes
COSEMS - SE - Tel: (79) 3214-6277 / 3346-1960 - Enock Luiz Ribeiro
COSEMS - SP - Tel: (11) 3066-8259 / 8146 - Jose Eduardo Fogolin Passos
COSEMS - TO - Tel: (63) 3218-1782 - Jair Pereira Lima
EQUIPES DO PROJETO

EQUIPE TÉCNICA
Alessandro Aldrin Pinheiro Chagas
Flávio Alexandre Cardoso Álvares
Kandice de Melo Falcão

EQUIPE TÉCNICO-OPERACIONAL
Alessandro Aldrin Pinheiro Chagas
Catarina Batista da Silva Moreira
Flávio Alexandre Cardoso Álvares
Jônatas David Gonçalves Lima
Joselisses Abel Ferreira
Kandice de Melo Falcão
Luiz Filipe Barcelos
Murilo Porto de Andrade
Soraya Galdino de Araújo Lucena
Sandro Haruyuki Terabe
Wilames Freire Bezerra
Sobre o CONASEMS
Fazendo jus ao tamanho e à diversidade do Brasil, o Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde representa a heterogeneidade dos milhares de
municípios brasileiros.
Historicamente comprometido com a descentralização da gestão pública de saúde, o
CONASEMS defende o protagonismo dos municípios no debate e formulação de
políticas públicas e contribui para o aumento da eficiência, o intercâmbio de
informações e a cooperação entre os sistemas de saúde do país.
Conheça nossas três décadas de atuação acessando www.conasems.org.br.
Equipe Técnica da Associação Brasileira de Profissionais de
Epidemiologia de Campo - ProEpi

Equipe técnica
Coordenação Pedagógica - Hirla Arruda
Tecnologia da Informação 1ª versão - Renato Lima/ Edmo Filho
Tecnologia da Informação 2º versão - João Gabriel Brandão
Conteudista - Walter Ramalho
Apoio Técnico ao Núcleo Pedagógico 1ª versão - Danielly Xavier
Revisão 1ª versão - Daniel Coradi/ José Alexandre Menezes/ Sara Ferraz
Revisão 2º versão - Daniele Queiroz/ Sarah Mendez/ Sara Ferraz
Design Instrucional - Guilherme Duarte
Ilustração 1ª versão - Guilherme Duarte/ Mauricio Maciel
Ilustração 2º versão - Guilherme Duarte

Supervisão – Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de


Campo – ProEpi
Sara Ferraz
Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade de Brasília
Jonas Brant
Sobre a ProEpi
Fundada em 2014, a Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia
de Campo une pessoas comprometidas com a saúde pública e estimula a troca de
ideias e o aperfeiçoamento profissional entre elas. Ofertando dezenas de horas de
conteúdo profissionalizante em nossa plataforma de ensino a distância, curadoria de
notícias, treinamentos presenciais e a mediação de oportunidades de trabalho
nacionais e internacionais, a ProEpi busca contribuir para o aprimoramento da saúde
pública no Brasil e no mundo.
Apenas nos últimos dois anos, 5 materiais de ensino a distância já
alcançaram mais de 3.000 pessoas pelo Brasil e países parceiros, como
Moçambique, Paraguai e Chile, e mais de 30 treinamentos levaram os temas mais
relevantes para profissionais de saúde pública, como comunicação de risco e
investigação de surtos. Além do público capacitado com nossos conteúdos
educacionais, unimos 10.000 seguidores no Facebook e impactamos semanalmente
cerca de 30.000 com nossa curadoria de notícias.
A ProEpi também atua na resposta a emergências de saúde pública ao redor
do mundo. Foram mais de duas dezenas de profissionais de saúde enviados para
missões em Angola, Bangladesh e África do Sul que contribuíram para o bem-estar
da população local e vivenciaram experiências de trabalho transformadoras.
Você pode fazer parte dessa evolução ao tornar-se membro de nossa rede:
converse conosco escrevendo para contato@proepi.org.br.
Sobre a ferramenta EAD autoinstrutiva em Entomologia Aplicada à
Saúde Pública
Os insetos são os animais mais bem-sucedidos do planeta e encontram no
Brasil condições muito favoráveis para sua multiplicação. Em nosso clima quente e,
em geral, úmido, eles encontram as circunstâncias ideias para sobreviver, se
reproduzir e transmitir doenças. Como consequência, são motivo de preocupações
cada vez maiores por parte da população e dos profissionais de saúde de todo o
país.
Pensando em preparar estes profissionais para os desafios do enfrentamento
das doenças transmitidas pelos insetos - em especial por Aedes aegypti - o
CONASEMS desenvolveu em parceria com a ProEpi, via TRPJ nº 0125/2017, a
ferramenta EAD autoinstrutiva em Entomologia Aplicada à Saúde Pública.
Neste material, serão apresentados conceitos fundamentais para a
identificação das espécies de maior importância médica, informações sobre seu
comportamento, ciclo de vida e as doenças transmitidas por elas. Temas como a
importância da Vigilância Epidemiológica, os métodos de captura, transporte e
armazenamento de insetos e os indicadores entomológicos para as principais
espécies também serão abordados. Por fim, temas de aplicação prática como os
métodos de controle vetorial, o manejo integrado de vetores e os conceitos de
segurança no trabalho serão discutidos.
As aulas estão cheias de convites para que o profissional reflita sobre sua
realidade local e interaja com seus colegas, além de exercícios que destacam e
promovem a fixação dos conceitos mais fundamentais de cada tema. O objetivo é
que o profissional se sinta preparado para aplicar em seu município as técnicas
aprendidas aqui.
Sucesso!
Sumário
1 - Conceito da Vigilância em Saúde 10

Vigilância epidemiológica 13

Imunização 14

Vigilância em saúde ambiental 17

Vigilância em saúde do trabalhador 18

Vigilância sanitária 18

Abordagem One Health ou Saúde Única 20

Vamos relembrar? 29

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AULA 2- Conceitos básicos e objetivos da Vigilância em Saúde
Olá!
Na aula passada conhecemos um pouco da história e evolução da
Vigilância em Saúde.

A partir de agora, iremos estudar e


conhecer os “Conceitos básicos e
objetivos da Vigilância em Saúde”.

Direcionamos nosso aprendizado para entender melhor o modelo


de gestão centrado na Vigilância em Saúde.
Você vai estudar como a vigilância em saúde é abordada no
cotidiano das instituições, como é aplicada às rotinas de trabalho
dos profissionais de saúde e conhecer as diferentes formas de
melhorar os cenários de saúde.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer o conceito da Vigilância em Saúde;
• Conhecer os objetivos, estrutura e aplicação da Vigilância
em Saúde
• Conhecer conceitos importantes para a compreensão da
saúde;
• Conhecer a Abordagem One Health.

1 - Conceito da Vigilância em Saúde

Como vimos brevemente na aula passada, a Vigilância em Saúde é definida como o processo
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de informações sobre
eventos relacionados à saúde, visando o planejamento e a implementação de medidas de
saúde pública, incluindo a regulação, intervenção e atuação sobre os condicionantes e
determinantes da saúde, para a proteção e promoção da saúde da população, prevenção e
controle de riscos, agravos e doenças.

A vigilância é uma das atividades mais antigas da Saúde Pública e alcança todos os níveis de
atenção à saúde, abrangendo serviços públicos e privados. Está relacionada às práticas de
atenção e promoção da saúde dos cidadãos e aos mecanismos adotados para prevenção de
doenças. Além disso, integra diversas áreas do conhecimento e aborda diferentes temas, tais

10
como política e planejamento, territorialização, epidemiologia, processo saúde-doença,
condições de vida e situação de saúde das populações, ambiente e saúde e processo de
trabalho. Todos esses temas são pautados na integralidade da atenção à saúde, o que
pressupõe a inserção de ações de vigilância em todas as instâncias e pontos da Rede de
Atenção à Saúde do SUS, mediante articulação e construção conjunta.

Devido à essa complexidade, a vigilância se distribui entre: epidemiológica, sanitária,


ambiental, imunizações, controle de vetores, e saúde do trabalhador.

Ao visualizar as imagens acima, possivelmente algumas cenas parecerá familiar, pois


representam parte da atuação da Vigilância em Saúde em diferentes áreas como na detecção,
controle e prevenção de doenças transmissíveis, na promoção da saúde, na interação com o
laboratório, no controle de vetores e investigação epidemiológica de campo.

Portanto, a Vigilância em Saúde, sendo uma instância governamental, precisa agir com
determinação para fortalecer a estrutura e a organização dos serviços e aumentar a
capacidade de resposta do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS). Além das
atividades de rotina relacionadas à coleta de dados, a Vigilância em Saúde deve estar

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preparada para detectar e responder adequadamente às emergências em saúde pública,
estruturada para o previsível, para o inusitado e para o futuro.
“Preparar-se para o inevitável, prevenindo o indesejável e controlando o que for
controlável”
(Peter Drucker)

As diretrizes orientadoras que regulamentam e definem responsabilidades relativas ao SNVS


no Brasil estão descritas nas Portarias publicadas pelo Ministério da Saúde (3.252/2009 e
1.378 de 2013).

O artigo 4º da portaria cita que as ações de Vigilância em Saúde abrangem toda a população
brasileira e envolvem práticas e processos de trabalho voltados para:

I - a vigilância da situação de saúde da população, com a Saiba Mais


produção de análises que subsidiem o planejamento,
Na portaria Nº 1.378 estão
estabelecimento de prioridades e estratégias,
descritas as orientações e
monitoramento e avaliação das ações de saúde pública;
diretrizes de funcionamento do
II - a detecção oportuna e adoção de medidas adequadas
Sistema Nacional de Vigilância
para a resposta às emergências de saúde pública;
em Saúde pela União, Estados,
III - a vigilância, prevenção e controle das doenças Distrito Federal e Municípios.
transmissíveis;
Clique aqui
VI - a vigilância das doenças crônicas não transmissíveis,
A partir da Resolução N° 588, de
dos acidentes e violências;
12 de julho de 2018 art. 1°, fica
V - a vigilância de populações expostas a riscos instituída a Política Nacional de
ambientais em saúde; Vigilância em Saúde (PNVS).
VI - a vigilância da saúde do trabalhador; Trata-se de um documento

VII - vigilância sanitária dos riscos decorrentes da norteador do planejamento das


ações de Vigilância em Saúde,
produção e do uso de produtos, serviços e tecnologias de
com definições claras de
interesse a saúde; e
responsabilidades, princípios,
VIII - outras ações de vigilância que, de maneira rotineira
diretrizes e estratégias.
e sistemática, podem ser desenvolvidas em serviços de
E você pode consultar na íntegra
saúde públicos e privados nos vários níveis de atenção,
acessando o link abaixo.
laboratórios, ambientes de estudo e trabalho e na própria
comunidade. Clique aqui

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Agora iremos conhecer alguns conceitos dos componentes da Vigilância em Saúde, que é
formada pela vigilância epidemiológica, imunização, vigilância ambiental e saúde do
trabalhador, vigilância sanitária e controle de vetores.

Vigilância epidemiológica

A vigilância epidemiológica tem a finalidade de estudar a ocorrência de doenças e outros


agravos prioritários, seus fatores de risco e suas tendências na população de um território em
um determinado tempo, além de planejar, executar e avaliar medidas de prevenção e de
controle. Um exemplo bem atual é a ocorrência de sarampo e as medidas de controle por meio
de vacinação.

O Ministério da Saúde estabelece a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças,


agravos e eventos de saúde pública nos serviços. Os serviços de saúde devem estar
preparados para identificar na população, a ocorrência de sintomas e sinais que possam
sugerir uma doença ou agravo de causa desconhecida, ou o comportamento não usual de uma
doença definida, como também nos casos de doenças emergentes. A detecção precoce
desses fenômenos é fundamental para o desencadeamento de ações que visem solucioná-los.

Nos aprofundaremos nessa temática no decorrer das aulas.

Saiba Mais

A ocorrência de suspeita ou confirmação de eventos de saúde pública, doenças e agravos


listados, de acordo com a portaria vigente (PRC n° 4, de 28 de setembro de 2017, Anexo 1

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do Anexo V (Origem: PRT MS/GM 204/2016, Anexo 1), e/ou a notificação de surto, são de
comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de
saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados.
É facultado a estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua
região.
Veja quais doenças devem ser notificadas no link abaixo:

Clique aqui

Imunização

As ações de vacinação estão entre as diretrizes e responsabilidades para a execução de


Vigilância em Saúde e estão definidas em legislação nacional que aponta que a sua gestão é
compartilhada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.

Para aprimorar as ações de imunizações no país, foi necessário a realização de investimentos


com o objetivo de adequar sua Rede de Frio, instituir a vigilância de eventos adversos pós-
vacinas e a universalidade de atendimento, aprimorar os sistemas de informação, além de
descentralizar as ações e garantir a capacitação e atualização técnico-gerencial para seus
gestores em todos os âmbitos. Com a Lei 8080/1990 houve a descentralização, o que colocou
o município como o executor primário e direto das ações de saúde, entre elas as de vacinação.

O acesso universal e gratuito a vacinas eficazes, seguras e de qualidade vem permitindo


importantes resultados sobre as doenças imunopreveníveis, acarretando mudanças no padrão
de adoecimento e morte da população brasileira.

Agora que você já conhece os conceitos de vigilância epidemiológica e imunização vamos


relembrar alguns momentos históricos para o Brasil, nos quais a “INFORMAÇÃO PARA AÇÃO”
foi aplicada com sucesso, visite o Saiba Mais!

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Saiba Mais

ELIMINAÇÃO DA POLIOMIELITE
A eliminação da pólio é um excelente exemplo de sucesso da integração das ações de
vigilância epidemiológica e imunização!
A pólio era uma doença que assombrava os pais no início do século XX, caso a criança fosse
contaminada ela poderia passar o resto de seus dias ligada a uma máquina conhecida como
pulmão de aço* (imagens abaixo), além de causar danos irreparáveis em sua musculatura
esquelética.
O Brasil registrou o último caso da doença em 1989 e recebeu o certificado de eliminação da
pólio em 1994 graças à grande proporção de crianças vacinadas. No entanto, até que a
doença seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou
continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é
importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante, entre
outras medidas.
Desde 1988, registramos uma redução de 99,9% nos casos de pólio em todo o mundo. Há
mais de dois anos, casos do vírus selvagem da pólio só foram registrados em dois países:
Afeganistão e Paquistão, segundo o site da Iniciativa Global Para a Erradicação da Pólio
(tradução livre).
Ficou curioso? Visite o site da maior iniciativa global contra a poliomielite e o ENDPolio

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Campanha de Imunização - Fonte: Ministério da Saúde

Outro ótimo exemplo é o da eliminação do vírus autóctone da rubéola: No Brasil,o trabalho


exitoso de ações conjuntas da vigilância e assistência à saúde, conseguiu eliminar o vírus da

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rubéola. O país desenvolveu uma série de ações estratégicas, ao longo dos anos, para atingir
esse objetivo, como campanhas de prevenção e a intensificação das ações de rotina de
vacinação desde 2004. Em 2008, o Ministério da Saúde, em parceria com estados e
municípios, vacinou 67,9 milhões pessoas durante a campanha nacional contra a doença,
que alcançou 96,7% do público-alvo, formado por 70,1 milhões pessoas, entre 20 e 39 anos.
Nas Américas, foram vacinadas mais de 250 milhões adolescentes e adultos contra rubéola e
sarampo. Vale destacar que a melhoria da qualidade das ações de vigilância epidemiológica
e do diagnóstico dos possíveis genótipos circulantes também foi fundamental nessa
estratégia.
Em maio de 2005, o Ministério da Saúde estabeleceu que todas as internações hospitalares,
relativas a agravos de notificação compulsória da Classificação Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados à Saúde (CID 10), fossem avaliadas pela equipe da vigilância
epidemiológica em âmbito hospitalar ou pela vigilância epidemiológica do estado ou do
município. Essa grande estratégia de ações para eliminação da rubéola conjuntamente com o
sarampo contou com a presença de assessores técnicos de vigilância da rubéola e sarampo
do Ministério da Saúde em cada um dos estados brasileiros. Esses assessores,
desempenharam papel importante na interlocução entre municípios, estados e o Ministério da
Saúde, sobretudo relacionadas às informações epidemiológicas, investigação imediata de
casos suspeitos e estratégias de vacinação da população. A soma desses fatores levou à
ausência de novos casos autóctones desde 2009.
Em 2018, o Brasil enfrentou a reintrodução do vírus do sarampo, com a ocorrência de surtos
em 11 Estados, um total de 10.326 casos confirmados. Em 2019, foram confirmados 5.346
casos da doença concentrados em 13 Unidades Federadas e quatro óbitos foram
confirmados. O Ministério da Saúde encaminhou aos estados o quantitativo de 19,4 milhões
de doses da vacina tríplice viral para atender à demanda dos serviços de rotina e a realização
de ações de bloqueio, além da intensificação e campanha de vacinação para prevenção de
novos casos de sarampo.
Mais detalhes sobre a reintrodução do Sarampo no Brasil e atual cenário epidemiológico,
podem ser vistos no boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde “Situação do
Sarampo no Brasil – 2018-2019” e no Boletim Epidemiológico do Sarampo nº 27 de 25 de
setembro de 2019.

Clique aqui

16
Pulmões de aço: caixa torácica submetida a pressão negativa externa, haveria o seu deslocamento permitindo a ventilação pulmonar.
Acesso em: http://www.medicinaintensiva.com.br/pulmao-aco-historia-fotos.htm

Vigilância em saúde ambiental

Outro componente da vigilância em saúde, é a


Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) que
consiste em um conjunto de ações que
proporcionam o conhecimento e a detecção de
mudanças nos fatores determinantes e
condicionantes do meio ambiente que
interferem na saúde humana, com a finalidade
de identificar as medidas de prevenção e
controle dos fatores de risco ambientais
relacionados às doenças ou a outros agravos à
saúde.

É também atribuição da VSA os procedimentos de vigilância epidemiológica das doenças e


agravos à saúde humana, associados a contaminantes ambientais, especialmente os
relacionados com a exposição a agrotóxicos, amianto, mercúrio, benzeno e chumbo.

As áreas de atuação da VSA são:

a) Vigilância da água para consumo humano;

b) Vigilância em saúde de populações expostas a poluentes atmosféricos;

c) Vigilância da qualidade do solo;

d) Vigilância de contaminantes ambientais e substâncias químicas;

e) Vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos decorrentes de desastres e

f) Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores físicos.


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Veremos os detalhes de cada uma delas na aula de vigilância em saúde ambiental.

Vigilância em saúde do trabalhador

A Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) é um dos componentes do Sistema Nacional


de Vigilância em Saúde e tem como objetivos gerais promover ações de promoção da saúde
e de redução da morbimortalidade da população trabalhadora, por meio da integração de ações
que intervenham nos agravos e seus determinantes decorrentes dos modelos de
desenvolvimento e processos produtivos.

A especificidade de seu campo é dada por ter como objeto a relação da saúde com o ambiente
e os processos de trabalho, abordada por práticas sanitárias desenvolvidas com a participação
dos trabalhadores em todas as suas etapas.

A Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende uma atuação contínua e sistemática, ao


longo do tempo, no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores
determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes
de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, organizacional e epidemiológico, com a
finalidade de planejar, executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a
eliminá-los ou controlá-los (Portaria GM/MS Nº 3.120/98).

Vigilância sanitária

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A Vigilância Sanitária (VISA) é a parcela do poder de polícia destinada à proteção e promoção
da saúde, que tem como principal objetivo impedir que a saúde humana seja exposta a riscos,
regulando os processos e produtos que interferem na saúde das pessoas por meio da
fiscalização e do monitoramento, aplicando infrações e intimações, interditando
estabelecimentos, apreendendo produtos e equipamentos, entre outras ações.

A forma de atuação da VISA objetiva combater as causas dos efeitos nocivos à saúde da
população, em razão de alguma distorção sanitária, na produção e na circulação de bens, ou
na prestação de serviços de interesse à saúde.

A ação comunicativa da vigilância sanitária busca mobilizar e motivar a população a aderir às


práticas sanitárias que estimulam mudanças de comportamento, formação da consciência
sanitária e a promoção da saúde.

Nas últimas décadas, mesmo com todo o aparato e avanços da Vigilância em Saúde, diversos
fatores têm propiciado emergência ou reemergência de doenças e agravos que desafiam a
saúde pública. Para produzir evidências e responder questionamentos sobre mudanças nos
determinantes e condicionantes do adoecimento, é necessário que haja compreensão e
monitoramento dos diversos contextos da sociedade, na economia, política, hábitos e
comportamentos das pessoas de uma comunidade, assim como a intensa urbanização e a
mobilidade da população.

Exercitando

Complete as sequências abaixo com o termo adequado: Vigilância sanitária, vigilância


ambiental, imunizações, epidemiológica

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a) A vigilância ____________________ tem como ações a coleta, análise e divulgação de
informações em saúde, de forma contínua e sistemática.

b) A vigilância de condições de intoxicação do ar, solo e água para consumo humano é


uma das ações da vigilância ________________.

c) A ____________________________ é o único componente da vigilância em saúde que


possui poder de polícia e pode interditar estabelecimentos comerciais e de saúde.

d) As ações de ______________________ tem o objetivo de eliminar, erradicar e controlar


doenças imunopreveníveis.

3 - Abordagem One Health ou Saúde Única

No português, o termo “One Health” significa Saúde Única, ele tem ganhado espaço gradativo
dentro das discussões científicas que tratam de questões ligadas à epidemiologia e reflete a
integração entre saúde humana e atualmente, representa uma visão integrada da saúde
composta por três áreas indissociáveis: humana, animal e ambiental, que propõe a atuação
conjunta e a adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de doenças e
agravos trabalhando nos níveis local, regional, nacional, com o objetivo de reduzir os riscos
para a saúde global.

Fonte:http://portal.cfmv1.gov.br/uploads/files/folder_SU.pdf

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Apesar de estarem sendo utilizados há pouco tempo, os
conceitos que embasam essa abordagem são bem antigos. Na
Grécia antiga, Hipócrates defendeu a ideia de que a saúde
pública estava ligada a um ambiente saudável. Muitos séculos
depois, no século XIX, o médico patologista alemão Rudolf
Virchow já afirmava que entre animais e medicina humana não
há divisórias; e nem deveria haver. Ele foi o responsável por
difundir o termo zoonose.

Observe esta imagem, podemos ver a dimensão de pensar em


uma única saúde, vamos refletir:

É importante saber que as interações ecológicas entre humanos e animais acontecem em


diversos ambientes, de diferentes maneiras e que podem ser responsáveis pela transmissão
de doenças entre homens e animais, as conhecidas zoonoses e que, segundo a Organização
Mundial da Saúde Animal, cerca de 60% das doenças humanas são zoonóticas.
21
O conceito de One Health, que vimos acima, foi encorajado a ser aplicado pelos governos
durante a Conferência Ministerial Internacional sobre Influenza Aviária e Pandêmica, realizada
na Índia, em 2007, que contou com a presença de representantes de 111 países e de 29
organizações internacionais. No ano seguinte, organizações internacionais como a
Organização Mundial de Saúde Animal, Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organizações
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação passam a desenvolver estratégias
conjuntas dentro do conceito One Health, cujo objetivo é tentar reduzir os riscos de emergência
e disseminação de doenças infecciosas resultantes da interface entre animais, humanos e
ecossistemas.
Portanto, o conceito Saúde Única consiste numa estratégia
mundial adotada pela Organização Mundial da Saúde
Animal, tendo como objetivo a colaboração interdisciplinar Destaque
entre entidades e/ou organismos de todos os temas No mundo, estima-se que as
relacionados com a saúde das pessoas e animais. Baseia- zoonoses causem 2,5 bilhões
se na aplicação de práticas corretas relacionadas com a de casos de doença e 2,7
prevenção, vigilância e detecção de doenças animais milhões de mortes anualmente.
(incluindo as zoonoses, que são doenças infecciosas 5 doenças novas humanas
capazes de serem naturalmente transmitidas entre animais surgem a cada ano. Três delas
e seres humanos) da inocuidade dos alimentos e segurança são de origem animal.
alimentar e ainda, aplicações na área das resistências a
agentes antimicrobianos.

Devido às contingências nacionais relacionadas com a crise econômica, a relação entre


espécies pecuárias e o homem tem-se refletido na introdução de práticas incorretas por parte
do operador econômico. Os custos associados à atividade pecuária como fonte de emprego e
subsistência implicam, algumas vezes na falha de rastreios periódicos obrigatórios de doenças
zoonóticas (brucelose e tuberculose) e dos tratamentos profiláticos, nomeadas como
desparasitações, com prejuízo grave para saúde pública.

A redução da procura do apoio médico veterinário na resolução das patologias clínicas


associadas ao efetivo pecuário, tem como consequências a transmissão rápida da doença a
todo o efetivo, gerando agravamento das patologias, caindo, muitas das vezes, ao
descumprimento das normas de bem-estar animal e/ou morte dos animais.

A negligência nos cuidados preventivos e tratamentos médico-veterinários dos animais de


estimação, por parte do criador, associada à resistência na aplicação de medidas profiláticas
e tratamentos veterinários tem-se refletido em prejuízos na luta contra as zoonoses.
22
Tem-se verificado, ainda, um acréscimo do número de animais domésticos abandonados, esta
realidade acarreta graves riscos para a saúde pública, por serem estes animais potenciais
portadores/reservatórios de doenças zoonóticas diversas.

Em resumo:
Fator (Causa) Mudança (Efeito)

A população está crescendo e se expandindo Como resultado, mais pessoas vivem em contato próximo com animais
para novas áreas geográficas. selvagens e domésticos. O contato próximo fornece mais oportunidades
para que doenças passem entre animais e pessoas.

A terra sofre mudanças climáticas e Interrupções nas condições ambientais e habitats fornecem novas
aumentou o uso indevido da terra, como oportunidades para doenças passarem para os animais.
desmatamento e práticas agrícolas
intensivas.

Aumento de viagens internacionais e As doenças e patógenos podem se espalhar rapidamente pelo mundo.
comércio.

Saiba mais

A conectividade entre as populações humana, animais e produtos podem levar a


reemergência de muitas doenças. Por isso, é necessária a abordagem One Health para
entender melhor as zoonoses e doenças infecciosas.
A priorização dessas doenças significa realizar vigilância, planejar atividades de resposta a
surtos e criar estratégias de prevenção de doenças para reduzir a contaminação e mortes em
pessoas e animais.

Fonte: http://bioemfoco.com.br/noticia/one-health-conceito-saude-unica/

23
Por exemplo, a febre do vale do Rift (RVF) é causada pelo vírus RVFV que afeta seres
humanos e ruminantes. É transmitido pela picada de mosquitos contaminados, pelo contato
com o sangue do animal infectado ou ao beber o leite cru. Já causou vários surtos na África e
no Oriente. O vírus pode causar doenças graves tanto em pessoas como animais. Ao impedir
a RVF através da vacinação dos animais, menos pessoas serão infectadas por mosquitos
portadores do vírus ou por contato direto com um animal doente, caso das pessoas que
manipulam a carne no abate e veterinários. Além de proteger os animais em que as pessoas
confiam como alimento ou fonte de renda.
Veja o que o Centro de Controle de Doenças dos EUA produziu sobre essa temática!!

Clique aqui

Depois de tudo que aprendemos até aqui, podemos dizer que é muito importante que haja a
integração das ações de todas os componentes da vigilância em saúde entre si e com os
demais setores da saúde e fora dela, pensando que as previsões para um cenário
epidemiológico futuro podem ser alteradas tanto pela emergência ou reemergência de uma
doença transmissível ou uma zoonose que se dissemine rapidamente pelo mundo, ou ainda
pelo desenvolvimento de estratégias mais eficientes de prevenção e controle que podem
produzir alterações importantes nas tendências das taxas de morbimortalidade de doenças
transmissíveis e não transmissíveis. Algumas estratégias de integração foram muito bem-
sucedidas no Brasil recorrendo em grandes avanços para a saúde pública do país. Para
conhecer essas estratégias, acesse o “Saiba mais”.

Saiba Mais

Redução da mortalidade infantil: Um importante exemplo de resultado fundamentado em


estratégias integradas das vigilâncias e assistência com outros setores fora da saúde que
impactam sobretudo nos fatores condicionantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
mostrou em seu relatório publicado em 2016, que o Brasil reduziu a mortalidade infantil 20%
acima da média mundial. A Organização das Nações Unidas (ONU) previa a redução em 2/3
(66%) da mortalidade no período. No Brasil, a redução foi de 73%, passando de 60,8 óbitos
por mil nascidos vivos em 1990 para 16,4 em 2015. Globalmente, a taxa de mortalidade de
menores de cinco anos caiu de 91 mortes por mil nascidos vivos em 1990 para 43 mortes por
mil nascidos vivos em 2015, queda de 53%.
O sucesso no combate à morte de crianças entre 1990 e 2015, segundo a OMS, é decorrente
de um conjunto de ações e políticas públicas aplicadas no País. Entre as ações estão a

24
ampliação da cobertura da atenção básica, do acesso à vacinação, das taxas de aleitamento
materno e do nível de escolaridade da mãe, além da diminuição da pobreza obtida pelo
programa Bolsa Família. Essas ações se somam a outras políticas que levaram à quase
extinção de internações por desnutrição, por doenças imunopreveníveis (sarampo, difteria,
tétano neonatal, poliomielite, varíola, rubéola, meningites) e por diarreia ou pneumonia.
Programa Nacional de Controle do Tabagismo: Em novembro de 2005, a adesão do Brasil à
Convenção-Quadro da OMS para Controle do Tabaco (CQCT/OMS) foi ratificada pelo
Congresso Nacional e em janeiro de 2006 promulgada pelo Presidente da República. Com
isso, a implementação nacional desse tratado internacional de saúde pública ganhou o status
de uma Política de Estado. Ao longo dos últimos anos, o Programa Nacional de Controle do
Tabagismo se destaca na articulação para implementação dessa política, principalmente
quanto a educação, comunicação, treinamento e conscientização do público; nas medidas de
redução de demanda relativas à dependência e nas medidas para o abandono do tabaco.
Além disso, por meio de seu trabalho em rede, cria uma capilaridade que contribui na
promoção e no fortalecimento de um ambiente favorável à implementação de todas as
medidas e diretrizes de controle do tabaco no país, ainda que não estejam diretamente sob a
governabilidade do setor saúde (Brasil, 2011). Destaca-se como medidas regulatórias a
proibição de propagandas no rádio e TV e a proibição de fumar em locais fechados.

Caixas de cigarro - Fonte: Desconhecida

25
Visto tudo isso, como será a saúde amanhã?

Saiba Mais

Ficou curioso com as previsões do futuro na área da saúde? Acesse e acompanhe o projeto
"Saúde Amanhã" da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Clique aqui

O “Saúde Amanhã” também tem um artigo sobre o planejamento em Saúde chamado


“Epidemiologia: informação para o planejamento em saúde”, de Marina Schneider.

Clique aqui

Para Refletir
O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde está composto por Subsistemas coordenados pelo
Ministério da Saúde. São esses:
Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, de doenças transmissíveis e de agravos e
doenças não transmissíveis;
Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, incluindo ambiente de trabalho;
Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública, nos aspectos pertinentes à Vigilância em
Saúde;
Sistemas de informação de Vigilância em Saúde;
Programas de prevenção e controle de doenças de relevância em saúde pública, incluindo o
Programa Nacional de Imunizações;
Política Nacional de Saúde do Trabalhador; e
Política Nacional de Promoção da Saúde.
Você já teve contato com alguma dessas vigilâncias? Como foi a experiência?

A partir da sua vivência de trabalho na vigilância, sugerimos a leitura do Boletim Eletrônico


Epidemiológico para estimular a reflexão sobre o trabalho integrado entre diferentes setores da
Vigilância em Saúde e da Assistência à Saúde.

Clique aqui

26
Exercitando:

1 - Atribua o termo adequado a cada um dos conceitos a seguir:

A) Saúde Única

B) Zoonoses

C) Vigilância sanitária

a) ( ) Consiste numa estratégia mundial que tem como objetivo a colaboração


interdisciplinar entre entidades e/ou organismos de todos os temas relacionados com a
saúde das pessoas e animais.

b) ( ) Objetiva combater as causas dos efeitos nocivos à saúde da população

c) ( ) São doenças infecciosas capazes de serem naturalmente transmitidas entre


animais e seres humanos.

2 - Complete cada frase com as palavras corretas:

a) _______________é uma das atividades mais antigas da ____________e alcança todos


os níveis de atenção à saúde. Integra diversas áreas do conhecimento e aborda diferentes
temas, tais como política e planejamento, territorialização, _________________, processo
saúde-doença, condições de vida e situação de saúde das populações. Portanto, a Vigilância
em Saúde, sendo uma instância governamental, precisa agir com determinação para fortalecer
a estrutura e a organização dos serviços e aumentar a ______________do Sistema Nacional
de Vigilância em Saúde (SNVS)

Opções: Epidemiologia, Saúde Pública, Capacidade de resposta, Vigilância.

Para refletir
Todo o conteúdo abordado até agora pode ser útil para que possamos refletir sobre como
ocorre a integração entre as diferentes áreas da vigilância. É sempre necessário e possível
integrar todas as áreas? Quais ações propiciam essa integração?

Agora vamos exercitar um pouco o raciocínio de vigilância em saúde adquirido até agora e
mergulhar na nossa cidade fictícia chamada “Epicity” para entendermos muitos dos desafios
da Vigilância em Saúde.

Epicity é um município que possui um pouco mais de 800 mil habitantes, do interior do estado
de Campos Novos, em um país chamado Proepilândia.

27
A cidade está enfrentando um surto de sífilis e há preocupação especial, por parte das
autoridades sanitárias locais, em relação às grávidas porque a doença está relacionada com
complicações na gestação e malformações fetais.

Na tentativa de controlar a transmissão vertical da doença, o município passou a realizar


teste rápido para detecção de sífilis em todas as grávidas acompanhadas pelo pré-natal na
atenção primária à saúde.

As grávidas diagnosticadas com a doença passaram a ser notificadas por meio da ficha de
notificação compulsória específica, seguindo o fluxo de informação para a Secretaria
Municipal de Saúde de Epicity e depois para a Secretaria Estadual de Saúde de Campos
Novos.

O estado encaminha rotineiramente os casos ao Ministério da Saúde de Proepilândia, por


meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Foi possível analisar o cenário epidemiológico da sífilis no município, utilizando os dados das
notificações. Dessa maneira, o estado e o município puderam estimar a quantidade de
insumos necessários para o tratamento das grávidas e de seus parceiros.

Além disso, uma campanha para a prevenção da sífilis foi realizada, incentivando o uso de
preservativos durante as relações sexuais e bem como a realização de testagem na
população com fatores de risco para o adoecimento por sífilis

Agora, liste cinco estratégias implementadas em Epicity na tentativa de conter a epidemia de


sífilis em gestantes:

Aplicação do teste rápido;

Notificação compulsória dos casos de sífilis em gestante por meio do sistema oficial de
notificação (SINAN);

Análise do cenário epidemiológico da sífilis no município;

Estimativa e compra de insumos e medicamentos para a assistência dos acometidos com


sífilis; e

Campanha de prevenção da sífilis no município.

O conjunto das ações pode ser definido como o processo de trabalho de vigilância e controle
do zika vírus em Epicity.

28
Vamos relembrar?

Nessa aula você conheceu o conceito, os objetivos, a


estrutura e aplicação da Vigilância em Saúde.
Conheceu a portaria onde os Estados, Distrito Federal
e municípios são fortalecidos no papel de gestores da
vigilância, para ampliar as ações denominadas de
Vigilância em Saúde, que são:
• Vigilância Epidemiológica
• Imunizações
• Vigilância em Saúde Ambiental
• Vigilância da Saúde do Trabalhador
• Vigilância Sanitária
• Abordagem One Health
Na próxima aula, vamos aprofundar os conhecimentos
sobre as diferenças entre cada uma das vigilâncias e
apresentaremos o significado de promoção da saúde e
riscos em saúde.

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Ajude o conhecimento a chegar mais longe!
Se você foi beneficiado(a) por este conteúdo, considere contribuir para que
ele alcance mais pessoas.
Fazendo uma doação para a ProEpi, você viabiliza o desenvolvimento e a
tradução para outros idiomas de mais recursos educacionais como esse, ajudando
colegas a se capacitarem e protegerem melhor a saúde da população.
Mais de 3.000 pessoas já foram beneficiadas por nossos cursos a distância e
outras centenas participaram de nossos treinamentos presenciais em áreas como
Investigação de Surto, Comunicação de Risco e Gestão de Projetos de Vigilância
em Saúde.
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Referências

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Métodos, Aplicações. Koogan G, editor. Rio de Janeiro, 2011. 699 p.

BRASIL, MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. A SAÚDE E A HIGIENE PÚBLICA NA ORDEM


COLONIAL E JOANINA. Arquivo Nacional. Disponível em:
http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=
2168&sid=163.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE,


DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Guia de Vigilância
Epidemiológica. 7. ed. Brasília, 816 p. (2009).

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE,


DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Ministério da Saúde
confirma relação entre vírus Zika e microcefalia. http://por
talsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-
svs/21016-ministerio-da-saude-confirma-relacao-entre-viruszika-e-microcefalia
(acessado em 30/Nov/2015)

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes


da Silva. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O controle do tabaco no Brasil: uma
trajetória. Rio de Janeiro: INCA, 2012.

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1988 /37 (S-5): 1-18.14p. Disponível em: < www.cdc.gov/mmwr/preview/
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