Você está na página 1de 56

1

capa
2

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS


CÂMARA TÉCNICA

CUIDADOS PALIATIVOS:
manual de orientações quanto a competência técnico-científica, ética e legal dos
profissionais de enfermagem

v. 1

BELO HORIZONTE-MG
2020
3

2020, Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais

Cuidados paliativos: manual de orientações quanto a competência técnico-científica,


ética e legal dos profissionais de enfermagem, v. 1

Obra produzida em 3 volumes.

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Disponível em: https://www.corenmg.gov.br/manuais/

Coordenação Adjunta da Câmara Técnica:


Andréia Oliveira de Paula Murta

Membros:
Alexandre Ernesto Silva
Ana Cláudia Mesquita Garcia
Graziella Eugênio Tocafundo
Kátia Poles

Colaboração:
Octávia Maria Silva Gomes Lycarião
Débora Martins Silva
Rayssa Ayres Carvalho

Revisão ortográfica:
Eduardo Durães Júnior

C755c Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais


Cuidados paliativos: manual de orientações quanto a competência
técnico-científica, ética e legal dos profissionais de enfermagem [texto] /
Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais. -- Belo Horizonte:
Coren-MG, 2020.
56 p. : il. color.

v. 1 (Obra em 3 volumes)
ISBN

1. Profissional de enfermagem – orientações. 2. Cuidados Paliativos.


CDD 610.73
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Meissane Andressa da Costa Leão CRB6/2353
4

PLENÁRIO DO COREN-MG (2018-2020)

DIRETORIA DO COREN-MG:
Presidente: Carla Prado Silva
Vice-Presidente: Lisandra Caixeta de Aquino
Primeiro-Secretário: Érico Pereira Barbosa
Segundo-Secretário: Gustavo Adolfo Arantes
Primeira-Tesoureira: Vânia da Conceição Castro Gonçalves Ferreira
Segunda-Tesoureira: Vanda Lúcia Martins

DEMAIS MEMBROS EFETIVOS DO PLENÁRIO:


Christiane Mendes Viana
Elânia dos Santos Pereira
Ernandes Rodrigues Moraes
Fernanda Fagundes Azevedo Sindeaux
Iranice dos Santos
Jarbas Vieira de Oliveira
Karina Porfírio Coelho
Lucielena Maria de Souza Garcia Soares
Maria Eudes Vieira

SUPLENTES:
Alan Almeida Rocha
Cláudio Luís de Souza Santos
Enoch Dias Pereira
Elônio Stefaneli Gomes
Gilberto Gonçalves de Lima
Gilson Donizetti dos Santos
Jaime Bernardes Bueno Júnior
Kássia Juvêncio
Linda de Souza Leite Miranda Lima
Lívia Cozer Montenegro
Maria Magaly Aguiar Cândido
Mateus Oliveira Marcelino
Simone Cruz de Melo
Valdecir Aparecido Luiz
Valéria Aparecida dos Santos Rodrigues

COMITÊ PERMANENTE DE CONTROLE INTERNO


Elânia dos Santos Pereira
Iranice dos Santos
Jarbas Vieira de Oliveira

DELEGADAS REGIONAIS
Efetiva: Carla Prado Silva
Suplente: Lisandra Caixeta Aquino
5

SEDE:

Rua da Bahia, 916 – 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 9º, 10º, 11º, 12º e 13º andares
Centro - Belo Horizonte/MG
CEP: 30160-011
Telefone: (31) 3238-7500
www.corenmg.gov.br

SUBSEÇÕES:

GOVERNADOR VALADARES TEÓFILO OTONI


Av. Sete de Setembro, 2716 R. Dr. Manoel Esteves, 323
1º andar, Edifício Medical Center Salas 105 e 107
Centro - Governador Valadares, MG Centro - Teófilo Otoni, MG
CEP: 35.010-172 CEP: 39.800-090
Telefone: (33) 3279-5076 Telefone/Fax: (33) 3522-1661
Fax: (33) 3279-5078
UBERABA
JUIZ DE FORA Av. Leopoldino de Oliveira, 3490
R. Batista de Oliveira, 470, Sala 701 Sala 601
Centro - Juiz de Fora, MG Centro – Uberaba, MG
CEP: 36.010-120 CEP: 38.010-000
Telefone/Fax: (32) 3213-3302 Telefone: (34) 3338-3708

MONTES CLAROS UBERLÂNDIA


R. Correia Machado, 1025 Av. Getúlio Vargas, 275
Edifício Premier Center Sala 605
Salas 103, 104 e 105 Centro - Uberlândia, MG
Centro- Montes Claros, MG CEP: 38.400-299
CEP: 39.400-090 Telefone: (34) 3210-0842
Telefone: (38) 3215-9992 / 3216-9100
VARGINHA
PASSOS Praça Champagnat, 29 - 2º andar
R. Dr. Manoel Patti, 170-A Sala 200, Edifício Sílvio Massa
Salas 2 e 4 Centro - Varginha, MG
Centro – Passos, MG CEP: 37.002-150
CEP: 37.900-040 Telefone/Fax: (35) 3222-3108
Telefone: (35) 3526-5821
UAI Divinópolis
POUSO ALEGRE Rua Goiás, 206
R. Bernardino de Campos, 39 Centro - Divinópolis, MG
Sala 2 CEP: 35.500-001
Centro - Pouso Alegre, MG Telefone: (37) 3214-2212 / 3213-6473
CEP: 37.550-000
Telefone/Fax: (35) 3422-1961 UAI Patos de Minas
Avenida José de Santana, 1307
Centro - Patos de Minas, MG
CEP: 38.700-528
Telefone: (34) 3821-3445
3823-9723/ 7419/ 7519/ 9750
6

LISTA DE SIGLAS

CP Cuidados Paliativos
DNA Ácido Desoxirribonucleico
KPS Karnofsky Performance Scale
LET Limitação de Esforço Terapêutico
NYHA New York Heart Association
OMS Organização Mundial de Saúde
ONR Ordem de Não Ressuscitar/Não Reanimar
PPS Palliative Performance Scale
PR Prognóstico Reservado
SUS Sistema Único de Saúde
VEF1 Volume Expiratório Forçado
WHO World Health Organization
7

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .....................................................................................................8

1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DOS CUIDADOS PALIATIVOS ...............................10

2 DOR TOTAL ..........................................................................................................15


2.1. Abordagem da dor total ...................................................................................16

3 MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA......................................................................22

4 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE PARA CUIDADOS PALIATIVOS ...................28


4.1. Paciente adulto .................................................................................................28
4.1.2. Critérios de inclusão .....................................................................................31
4.2. Criança e adolescente .....................................................................................37

5 ASPECTOS BIOÉTICOS E LEGAIS EM CUIDADOS PALIATIVOS DE


ENFERMAGEM .........................................................................................................43
5.1.Cuidados paliativos como direito humano ......................................................44
5.2. Não iniciar, limitar ou suspender terapêutica.................................................47
5.3 Legislação em enfermagem e cuidados paliativos.........................................49
8

APRESENTAÇÃO

Prezadas e prezados colegas profissionais de Enfermagem, é com grande


satisfação que lhes apresento a publicação “Competência Técnico-Científica, Ética e
Legal dos Profissionais de Enfermagem em Cuidados Paliativos: Manual de
Orientações”, desenvolvido por profissionais que integram a Câmara Técnica do
Coren-MG.
Diante de um quadro de adoecimento ou condição que se encontra em
estágio progressivo, irreversível e que ameace a continuidade da existência
humana, é essencial promover conforto e qualidade de vida sempre que possível.
Neste processo de cuidado, o profissional de enfermagem possui um papel
essencial.
Afinal, somos nós que temos capacidade para potencializar os cuidados
paliativos, uma vez que acompanhamos os pacientes 24 horas por dia. Esta
proximidade contribui para que possamos avaliar os sintomas que os levam ao
sofrimento, além da possibilidade que temos de aliviá-los. Outro aspecto
fundamental é proporcionar uma comunicação clara e honesta – que muitas vezes
envolve mais a escuta que a fala –, o que é essencial para proporcionar conforto
àqueles por nós assistidos.
Nesse processo, a compaixão, essa capacidade proativa de fazer algo que
diminua o sofrimento humano, é requisito fundamental para a prática da
Enfermagem em cuidados paliativos, que consiste no conhecimento da evolução
natural de doenças, das diversas formas de avaliar quem necessita deste tipo de
cuidado e das medidas e intervenções necessárias para controle e alívio de
sintomas.
Mas o atual manual não tem a pretensão de esgotar o assunto, que é bem
extenso. Ao todo, serão três volumes. Neste que é o primeiro deles, objetivou-se
abordar importantes questões ligadas aos cuidados paliativos, como Dor Total,
Modalidades de Assistência, Critérios de Elegibilidade para Cuidados Paliativos para
pacientes adultos e pediátricos e Aspectos Bioéticos e Legais em Cuidados
Paliativos e Enfermagem.
Espero que o conteúdo desta publicação, assim como dos demais volumes,
seja muito útil e possibilite uma Enfermagem em cuidados paliativos cada vez
melhor.
9

Enf.ª Carla Prado Silva


Presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-
MG)
10

1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Alexandre Ernesto Silva

O avanço tecnológico na área da saúde, que se deu principalmente a partir da


segunda metade do século XX, transformou o cenário das doenças rapidamente
mortais em doenças crônicas. Dessa forma, as pessoas passaram a viver por mais
tempo com essas enfermidades (BRAGA et al., 2016).
Em tais condições, vê-se a possibilidade de outras formas de cuidado
adaptadas às necessidades dessa população, visando à diminuição do sofrimento e
à manutenção da vida com qualidade (MARCUCCI; CABRERA, 2015).
Nesse contexto, os Cuidados Paliativos ganham importância ao tornar-se um
modo de assistir pessoas, cuja doença ou condição encontra-se em estágio
progressivo, potencialmente irreversível e que ameace a continuidade da vida
(SANTANA; PESSINI; SÁ, 2017).
A concretização dos cuidados paliativos ocorreu historicamente no ano de
1967, com a fundação do St. Christopher’s Hospice, na Inglaterra, mediante o
estabelecimento e ações específicas de uma enfermeira inglesa e administradora
social e pública, que posteriormente tornou-se médica e capelã, DameCicely Mary
Strode Saunders (CAPELAS et al., 2016). O objetivo cerne de DameCicely foi
amenizar o sofrimento humano tanto na dimensão física, quanto nas dimensões
psicossociais e espirituais da pessoa enferma e de seus familiares.
Paliativo é uma palavra de origem latina: pallium, que significa capa ou manto
protetor, fazendo referência ao manto que, na Idade Média, cobria os viajantes e
peregrinos cristãos como proteção para o mau tempo durante suas viagens. Na
ação paliativa, os sintomas relacionados a uma doença ou condição que leve ao
sofrimento são “cobertos”, aliviados ou prevenidos para promover conforto e
qualidade de vida sempre que possível (SILVA et al., 2018).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito mais recente
de cuidado paliativo é:
Uma abordagem que melhora a qualidade de vida das pessoas (adulto,
adolescente, criança) e seus familiares quando enfrentam problemas
11

inerentes a uma doença potencialmente fatal. Previne e alivia sofrimento


através da identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros
problemas, sejam eles físicos, psicossociais ou espirituais (OMS, 2017).

A terapêutica paliativa está associada à intervenção multiprofissional voltada


para o controle de sintomas, para a qualidade da comunicação, reverenciando a
escuta qualificada, e para a preservação da qualidade de vida da pessoa cujo
adoecimento ou situação ameaça a continuidade da vida.
Diferente do “não ter nada o que fazer”, o cuidado paliativo tem por objetivo
buscar que a pessoa viva tão ativamente quanto possível, sem os propósitos de
antecipar a morte nem de prolongar a vida. Essa terapêutica contempla a condição
especial e as necessidades singulares de cada pessoa e não da doença. Implica na
conservação da capacidade cognitiva, condição para que a autonomia da pessoa
possa ser exercida e respeitada em todas as situações e decisões (SILVA et al.,
2018).
O Cuidado Paliativo se baseia em princípios, não em protocolos. Em 2002, a
OMS reafirmou os princípios dos cuidados paliativos que regem a atuação da equipe
multidisciplinar, sendo eles:
1. Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis;
2. Afirmar a vida e considerar a morte como um processo natural da vida;
3. Não acelerar nem adiar a morte;
4. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao usuário;
5. Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao usuário viver tão
ativamente quanto possível, até o momento da sua morte;
6. Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença
do usuário e ao enfrentar o luto;
7. Abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos usuários e
seus familiares, incluindo acompanhamento no luto;
8. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da
doença;
9. Deve ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras
medidas de prolongamento da vida com qualidade, e incluir todas as
investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações
adversas. (WHO, 2002).

Os Cuidados Paliativos, além de uma filosofia, contemplam ações


multiprofissionais que objetivam aliviar o sofrimento humano por meio do controle
dos sintomas biopsicossocial e espiritual, buscando promover autonomia e melhor
autoestima. O estabelecimento de canais eficazes de comunicação, contemplando
aqui a escuta ativa, é outro objetivo dos cuidados paliativos.
O trabalho em equipe é um dos modos de organizar e executar a atividade
construída por meio da reciprocidade entre múltiplas intervenções técnicas e da
interação dos profissionais das diversas áreas de conhecimento e de saber, o que
12

se configura e se concretiza pela comunicação e articulação de ações.


A justificativa do trabalho em equipe para o cuidado paliativo é a
compreensão de que o sofrimento da pessoa é uma experiência singular e integra
as esferas física, psicológica, social e espiritual, logo a abordagem do sofrimento
deve estar referida e fundamentada nessa multidimensionalidade. Com esse
paradigma, a pessoa, agente de sua história de vida, e sua família, devem estar
contempladas nos planos terapêuticos, consideradas as singularidades religiosas,
emocionais e socioculturais desse contexto.
O plano terapêutico singular, compartilhado pela equipe, é o reconhecimento
e o acolhimento do sofrimento, dos desejos e das necessidades da pessoa e de sua
família para articulação de ações de diferentes naturezas, no qual cada profissional
da equipe aborda o sofrimento da pessoa a partir do seu saber técnico. O plano de
cuidado, elaborado a partir da articulação das ações, da integração dos saberes e a
interação dos profissionais, se dá por meio da mediação da linguagem. Portanto, a
comunicação entre os profissionais é o denominador comum do trabalho em equipe
(PEDUZZI, 2001).
O Enfermeiro conduz a construção conjunta do plano terapêutico singular, no
que concerne às ações da enfermagem, orientado pelo Processo de Enfermagem,
fundamentando suas condutas nas necessidades humanas básicas de seus
pacientes e nas necessidades de conhecimento e apoio a seus familiares e
cuidadores (ALMEIDA; SALES; MARCON, 2014; BRASIL, 2009).
Os requisitos básicos para atuação da enfermagem paliativa consistem no
conhecimento da evolução natural de doenças, das diversas formas de avaliar as
pessoas que necessitam dessa modalidade de cuidado, das medidas e intervenções
farmacológicas e não farmacológicas para controle e alívio de sintomas, assim como
na capacidade de estabelecer uma comunicação eficaz no curso da
doença/condição de saúde, estendendo-se para o período de luto. A compaixão, ou
seja, a capacidade proativa de fazer algo que diminua o sofrimento humano, quando
este for identificado, é requisito fundamental para a prática da enfermagem em
cuidados paliativos (CAPELAS et al., 2016).
Os profissionais de enfermagem têm importante capacidade de potencializar
os cuidados paliativos, tendo em vista a proximidade contínua com pacientes e seus
cuidadores, tornando-se, neste contexto, gerenciadores do cuidado. Contemplam
também a acessível e natural capacidade para avaliar a funcionalidade do paciente,
13

os sintomas que levam ao sofrimento, além da possibilidade facilitada em promover


educação em saúde no dia-a-dia, antever e prevenir possíveis complicações e
conflitos que possam prejudicar a assistência paliativa, trabalhando no sentido de
aliviar sintomas e proporcionar uma comunicação clara e honesta (SILVA et al.,
2018).
Diante da importância dos cuidados paliativos e da atuação dos profissionais
de enfermagem neste processo de cuidado em suas diferentes dimensões, o
Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais decidiu publicar o Manual de
Cuidados Paliativos, que será organizado em quatro volumes. Neste volume inicial,
objetivou-se abordar questões importantes no contexto dos cuidados paliativos,
como Dor Total, Modalidades de Assistência, Critérios de Elegibilidade para
Cuidados Paliativos para pacientes adultos e pediátricos e Aspectos Bioéticos e
Legais em Cuidados Paliativos e Enfermagem.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Carla Simone Leite de; SALES, Catarina Aparecida; MARCON, Sônia
Silva. The existence of nursing in caring for terminally ills’life: a phenomenological
study. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 48, n. 1, p. 34-40, 2014.
Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3610/361033335004.pdf. Acesso em: 8
nov. 2019.

BRAGA, Patrícia Pinto et al. Oferta e demanda na atenção domiciliar em saúde.


Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, p. 903-912, 2016. Disponível em:
https://www.scielosp.org/article/csc/2016.v21n3/903-912/pt/. Acesso em: 8 nov. 2019.

CAPELAS, Manuel Luís et al. Cuidados paliativos: o que é importante saber. Patient
Care, p. 16-20, maio 2016. Disponível:
https://www.researchgate.net/profile/Manuel_Capelas/publication/305659147_Cuida
dos_Paliativos_O_que_e_importante_saber/links/57989fc108aeb0ffcd089a34/Cuida
dos-Paliativos-O-que-e-importante-saber.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº. 358, de 15 de outubro


de 2009. Dispõe sobre a Sistematização de Enfermagem e a implementação do
Processo de Enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o
cuidado pelo profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Brasília, DF:
Cofen, 2009. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-
3582009_4384.html. Acesso em: 8 nov. 2019.
14

MARCUCCI, Fernando Cesar Iwamoto; CABRERA, Marcos Aparecido Sarria. Morte


no hospital e no domicílio: influências populacionais e das políticas de saúde em
Londrina, Paraná, Brasil (1996 a 2010). Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 3, p.
833-840, 2015. Disponível: https://www.scielosp.org/article/csc/2015.v20n3/833-
840/pt/. Acesso em: 08 nov. 2019.

SANTANA, Júlio César Batista; PESSINI, Leocir; SÁ, Ana Cristina de. Vivências de
profissionais da saúde frente ao cuidado de pacientes terminais. Enfermagem
Revista, v. 20, n. 1, p. 1-12, 2017. Disponível:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/enfermagemrevista/article/view/15410.
Acesso em: 8 nov. 2019.

SILVA, Alexandre Ernesto et al. Cuidado paliativo em atenção domiciliar: Núcleo


de Educação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2018. Disponível em:
https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/11608. Acesso em: 8 nov. 2019.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Definition of palliative care. Disponível em:


http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/. Acesso em: 8 nov. 2019.

______. Palliativecare. Disponível em:


http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs402/en/. Acesso em: 8 nov. 2019.
15

2 DOR TOTAL

Kátia Poles
Débora Martins Silva
Octávia Maria Silva Gomes Lycarião

A dor é um dos sintomas mais comuns e temidos pelo paciente em cuidados


paliativos, interferindo diretamente em sua qualidade de vida e de seus familiares.
Neste sentido, são necessárias ações específicas voltadas para o manejo efetivo da
dor, nas suas mais variadas dimensões, visando o alívio do sofrimento e a promoção
da dignidade dos pacientes em cuidados paliativos (SAMPAIO; MOTTA; CALDAS,
2019).
De acordo com a Associação Internacional de Estudos da Dor
(INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF PAIN, 1994), a dor é
conceituada como uma experiência sensorial e emocional desagradável, que é
descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais. Assim, a dor é sempre
subjetiva e cada indivíduo aprende a utilizar esse termo através de suas
experiências de vida. Nesse contexto, considera-se que o sistema que envolve a
percepção da dor é extremante complexo, ou seja, fatores emocionais são de
importância fundamental na mediação do processamento da dor (NASCIMENTO et
al.; 2020).
Considerando que cada dor é única, ela também é sempre a que a pessoa
refere, com sua história, personalidade, contexto, momento. A mesma dor, em
diferentes situações, pode nem ser percebida ou ser muito forte, dada a distração ou
atenção oferecidas a ela. Para tratá-la, é necessária a compreensão da
complexidade e da realidade de todas as dimensões envolvidas no processo
(CARVALHO, 1999; MELLO et al., 2019).
O conceito de dor total foi elaborado por Cicely Saunders (1993), enfermeira,
médica e assistente social, que dedicou sua vida aos pacientes em cuidados
paliativos no século passado, na Inglaterra. Para ela, mesmo quando não era mais
possível curar, era possível cuidar, possibilitando que a pessoa viva tão plena e
dignamente quanto possível. Além disso, ela foi responsável por conceituar a dor
total a partir da observação dos elementos emocionais, psicológicos, sociais e
espirituais que se relacionam com a dor (NAIME, 2013).
16

Os componentes da dor total compreendem quatro dimensões, a saber: dor


física, que se manifesta em decorrência do dano tecidual gerado pela doença; dor
psíquica/emocional, caracterizada pelo sofrimento emocional diante da
inevitabilidade da morte; dor social, experimentada em função de alterações nos
relacionamentos sociais/familiares e dor espiritual, em virtude da perda de sentido
na vida (MINSON et al.; 2012).

Figura 1 - Componentes da dor

Fonte: Elaborado pela autora Katia Poles

2.1. Abordagem da dor total

A complexidade da dor, entendida nas suas dimensões física,


psíquica/emocional, social e espiritual, determina a importância da atuação da
equipe de enfermagem no âmbito dos cuidados paliativos. Tendo como referência os
pilares centrais dessa filosofia, a abordagem e o tratamento do paciente em final de
vida devem ser implementados mediante o trabalho interdisciplinar (Médico,
Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Psicólogo, Fisioterapeuta, Farmacêutico,
Assistente Social, Capelão, Voluntários, entre outros), em que todos se centram na
mesma missão e objetivos, traçados de modo personalizado para cada paciente.
17

Cabe ao Enfermeiro, ao Técnico e ao Auxiliar de Enfermagem a avaliação


sistemática da dor e a conduta adequada mediante tal avaliação, de acordo com a
prescrição estabelecida pela equipe de cuidados paliativos. Além disso, é necessário
que a dor seja reavaliada para verificação da efetividade da intervenção proposta.
Cabe ainda ressaltar que a dor é considerada, por muitos autores, como o quinto
sinal vital. Isso implica que ela deve ser sistematicamente avaliada, tratada e
reavaliada (ARAUJO; ROMERO, 2015; BARROS; LUIZ; MATHIAS, 2019;
SCHROEDER et al., 2019).
Os aspectos da abordagem da dor total são ilustrados na figura a seguir.

Figura 2 - Aspectos da abordagem da dor total

Fonte: Elaborador pela autora Katia Poles

A OMS propõe algumas orientações para alívio da dor, a saber (WHO, 2018):
• acreditar sempre nas queixas do paciente.
• avaliar antes de tratar: estabelecer uma causa clara; conhecer as
experiências anteriores do paciente - colher história detalhada da dor
(semiologia); proceder a um exame físico cuidadoso e a eventuais exames
complementares úteis; caracterizá-la quanto à sua intensidade, qualidade,
cronologia, repercussão nas atividades diárias e no modo de alívio.
18

• avaliar o estado psicológico/emocional, social e espiritual do paciente


(conhecer o peso de outras variáveis além das físicas).
• adotar uma estratégia terapêutica mista: métodos farmacológicos e não-
farmacológicos.
• explicar de modo acessível ao paciente e família a causa do sintoma e
envolvê-los no plano terapêutico.
• rever... Rever... Rever: rever e avaliar periodicamente a dor, toda
intervenção e eficácia.
• registrar todas as ocorrências relativas à avaliação, medidas implementadas
para analgesia, resultados e eficácia obtida, reações e dúvidas do paciente
e família.
Os profissionais de enfermagem (Auxiliar, Técnico de Enfermagem e
Enfermeiro) podem, dentro das suas competências técnico-científicas, oferecer
efetivo alívio da dor, utilizando os mais variados recursos e saberes disponíveis,
através de um cuidado que alie esta competência e humanismo.
Com relação ao aspecto legal, de acordo com o Decreto nº. 94.406, de 1987,
que regulamenta a Lei Federal nº 7.498 de 1986, cabe ao Auxiliar de Enfermagem,
dentre outras funções:
• observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua
qualificação;
• executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de
outras atividades de Enfermagem, tais como a administração de
medicamentos por via oral e parenteral;
• prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente.

Considerando que a dor é denominada como o “quinto sinal vital”, o


reconhecimento e identificação deste sinal são de competência do Auxiliar, e,
portanto, também de competência do Técnico de Enfermagem e do Enfermeiro. Da
mesma forma, reconhece-se como competência legal de todos os profissionais de
enfermagem a administração de medicamentos por via oral e parenteral – uma das
atividades que podem estar diretamente relacionadas ao alívio da dor, além das
atividades de assistência, higiene e conforto aos pacientes em cuidados paliativos.
19

No art. 11 da Lei Federal 7498, de 1986, estão descritas as atividades


privativas do Enfermeiro, dentre elas a “prescrição de medicamentos estabelecidos
em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde”. No
contexto dos cuidados ofertados em Cuidados Paliativos, o Enfermeiro pode realizar
prescrição de medicamentos devidamente aprovados em protocolos institucionais,
favorecendo o acesso ao tratamento e alívio da dor. Ademais, este profissional
possui competência para prescrição dos cuidados de enfermagem direcionados ao
conforto e tratamento desta condição desagradável, muitas vezes vivenciada pelos
pacientes em cuidados paliativos.
Com relação aos aspectos éticos, de acordo com a Resolução Cofen nº. 564
de 2017, configuram-se como deveres dos profissionais de Enfermagem:
Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito dos direitos,
riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistência de Enfermagem.
Art.40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, riscos e
consequências decorrentes de exames e de outros procedimentos,
respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu representante legal.
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou de seu
representante legal na tomada de decisão, livre e esclarecida, sobre sua
saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar, realizando ações
necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais.
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa no que
concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos que deseja ou não
receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e
autonomamente, suas vontades.

Considerar a pessoa humana não simplesmente como um corpo, não a


reduzindo à biologia, pura e simplesmente, é um grande desafio. Faz-se necessário
lançar um olhar atento e contínuo às várias manifestações da dor, que se traduzem
não apenas no corpo, mas também na alma.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Lucimeire Carvalho de; ROMERO, Bruna. Pain: evaluation of the fifth vital
sign. A theoretical reflection. Revista Dor, v. 16, n. 4, p. 291-296, 2015. Disponível
em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-
00132015000400291&script=sci_arttext. Acesso em: 8 nov. 2019.

BARROS, Marcela Milrea Araújo; LUIZ, Bruna Viana Scheffer; MATHIAS, Claice
Vieira. Pain as the fifth vital sign: nurse's practices and challenges in a neonatal
intensive unit care. BrJP, v. 2, n. 3, p. 232-236, 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2595-31922019000300232&script=sci_arttext.
Acesso em: 8 nov. 2019.
20

BRASIL. Decreto nº. 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498,


de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras
providências. Brasília, DF, 1987. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-
9440687_4173.html. Acesso em: 6 jun. 2020.

______. Lei nº. 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício da enfermagem, e dá outras providências. Brasília, DF, 1986. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7498.htm. Acesso em: 6 jun. 2020.

CARVALHO, M. M. M. J. Dor: um estudo multidisciplinar. São Paulo: Summus, 1999.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº. 564, de 06 de


novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, conforme o anexo desta Resolução, para observância e respeito dos
profissionais de Enfermagem. Brasília, DF: Cofen, 2017. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html. Acesso em: 6 jun.
2020.

NASCIMENTO, Júlio César Coelho do et al. Percepção da enfermagem sobre


avaliação da dor oncológica. Biológicas & Saúde, v. 10, n. 32, p. 51-61, 2020.
Disponível em:
https://ojs3.perspectivasonline.com.br/biologicas_e_saude/article/view/1937. Acesso
em: 16 jun. 2020.

INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF PAIN. Terminology.


Washington: IASP, ©1994. Disponível em: https://www.iasp-
pain.org/Education/Content.aspx?ItemNumber=1698. Acesso em: 8 nov. 2019.

MELLO, Bruna Schroeder et al. Nursingoutcomes for pain assessment


ofpatientsundergoingpalliativecare. Revista brasileira de enfermagem, v. 72, n. 1, p.
64-72, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
71672019000100064&script=sci_arttext. Acesso em: 8 nov. 2019.

MINSON, Fabíola Peixoto et al. Procedimentos intervencionistas para o manejo da


dor no câncer. Einstein, v. 10, n. 3, p. 292-295, 2012. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/eins/v10n3/v10n3a06.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020.

NAIME, F. F. Manual do tratamento da dor: Dor aguda e dor de origem


oncológica: tratamento não invasivo. Barueri, SP: Manole, 2013.
21

ONG, Chi-Keong; FORBES, Duncan. Embracing Cicely Saunders's concept of total


pain. Bmj, v. 331, n. 7516, p. 576-577, 2005. Disponível em:
https://www.bmj.com/content/331/7516/576.5.short. Acesso em: 08 nov. 2019.

PEDROSO, Rene Antonio; CELICH, Kátia Lilian Sedrez. Dor: quinto sinal vital, um
desafio para o cuidar em enfermagem. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 15, n. 2,
p. 270-276, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
07072006000200011&script=sci_arttext. Acesso em: 8 nov. 2019.

SAMPAIO, Simone Garruth dos Santos Machado; DA MOTTA, Luciana Branco;


CALDAS, Celia Pereira. Medicamentos e Controle de dor: Experiência de um Centro
de Referência em Cuidados Paliativos no Brasil. Revista Brasileira de
Cancerologia, v. 65, n. 2, 2019. Disponível em:
https://rbc.inca.gov.br/revista/index.php/revista/article/view/365/479. Acesso em: 16
jun. 2020.

TEIXEIRA, M. J; FIGUEIRÓ, J. A. B. Dor: epidemiologia, fisiopatologia, avaliação,


síndromes dolorosas e tratamento. São Paulo: Moreira Júnior, 2001.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Definição de cuidados paliativos. Genebra,


2002. Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/. Acesso em:
8 nov. 2019.
22

3 MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA

Kátia Poles
Débora Martins Silva

Os cuidados paliativos podem ser oferecidos em diferentes cenários, tanto em


nível ambulatorial quanto hospitalar. Ao se pensar no cenário em que o paciente
permanecerá na fase de final de vida, o ideal é priorizar o melhor interesse dele e da
família, levando em consideração as possibilidades estruturais, financeiras e sociais
da unidade familiar. Sempre que possível, o desejável é que o paciente tenha
oportunidade de contato e convívio com as pessoas de seu entorno social e familiar.
Nesse sentido, a unidade de terapia intensiva é o último lugar a se considerar para
os pacientes em cuidados paliativos (GOMES; OTHERO, 2016).
A condição ideal para o desenvolvimento de um atendimento satisfatório deve
compreender uma rede de ações composta por consultas ambulatoriais, assistência
domiciliar e internação em unidade de baixa e média complexidade, quando
necessário. Nesses casos, a internação pode ser considerada quando não se
consegue o manejo de ocorrências clínicas e a oferta de cuidados de final de vida
em nível ambulatorial ou domiciliar (ABREU, FORTES, 2014). Desta forma, devem
ser observadas as seguintes modalidades de assistência em cuidados paliativos:
23

Figura 3 - Modalidades de assistência em cuidados paliativos

Fonte: Elaborador pela autora Katia Poles.

Home care: É o tratamento supervisionado por uma equipe especializada e


ministrado na casa do paciente por profissionais de enfermagem, os quais podem
atuar administrando medicamentos, avaliando o estado do indivíduo e prestando
cuidados básicos como banho, alimentação, etc. Nessa modalidade de assistência,
a família pode ou não auxiliar nos cuidados prestados pela equipe. O home care
ainda não é muito difundido no Brasil, visto que somente pacientes da assistência
suplementar são usualmente contemplados para se beneficiar desse tipo de
assistência (MARCUCCI; CABRERA, 2015).
Cuidado domiciliar: visa proporcionar ao paciente um cuidado mais próximo
da rotina da família, evitando hospitalizações desnecessárias e diminuindo o risco de
infecções, além de estar no aconchego do lar. Essa modalidade confere mais
conforto e serenidade, além de poder garantir a autonomia do paciente e família.
Embora possa parecer tendencioso defender o domicílio como local preferencial de
cuidados, por enfatizarmos os aspectos mais subjetivos do tratamento nesse
ambiente, devemos avaliá-lo de maneira crítica e observar seus prós e contras.
Como vantagens, podem ser citados os seguintes fatores: maior proximidade com
familiares e amigos, maior sensação de conforto e proteção, flexibilização da rotina
de acordo com as preferências do paciente e da família. Já como desvantagens, é
24

importante considerar as dificuldades no acesso a medicações e insumos, as


dificuldades de acesso da equipe de atenção domiciliar fora dos dias e horários de
funcionamento da unidade e também para a emissão do atestado de óbito
(RODRIGUES, 2009; BRASIL, 2013).
Cuidados hospitalares: São os cuidados ministrados no final de vida,
enfatizando o alívio dos sintomas e que proporcionam apoio emocional, social e
espiritual para o paciente e sua família. No geral, esse tipo de cuidado é oferecido
nas enfermarias ou unidades especializadas em cuidados paliativos. Uma das
maiores desvantagens do ambiente hospitalar é o fato de o paciente estabelecer
associação com procedimentos invasivos e, por vezes dolorosos, como punções
venosas ou arteriais, sondagens (urinárias, nasogástricas, etc.), drenagens e
intubação (ATTY; TOMAZELLI, 2018).
Cuidado ambulatorial: esse tipo de cuidado é oferecido por uma equipe
multiprofissional de cuidados paliativos, a qual acompanha o paciente em nível
ambulatorial, através de consultas periódicas. As orientações são passadas para a
família, que assume integralmente os cuidados ao paciente. Quando do agravo do
quadro clínico, o paciente pode passar a ser acompanhado por uma equipe de
assistência domiciliar, ou então, necessitar de cuidados hospitalares (KOHLER;
CERCHIARO; LEVITES, 2016).
Hospitais dia ou centros de convivência: São locais onde o paciente pode
receber os tratamentos sem necessidade de internação, ou seja, eles passam o dia
em tais instituições e retornam para o seu domicílio à noite. Geralmente, os hospitais
dia ou centros de convivência funcionam de segunda a sexta, em horário comercial,
exceto finais de semana e feriados. Costumam ainda oferecer atividades de
socialização, importantes para os pacientes em final de vida (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA, 2015).
Hospices: São instituições de média complexidade, como um hospital
especializado em cuidados paliativos e que têm por característica principal a
excelência da prática clínica associada ao trabalho muito bem articulado de uma
equipe multiprofissional, com espaços apropriados para tal fim. São locais
destinados especificamente aos cuidados de pacientes em final de vida
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA, 2015).
Os profissionais de enfermagem possuem competência técnico-científica para
cuidar do ser humano na sua totalidade, atuando nas dimensões físicas, emocionais,
25

sociais e espirituais. Observa-se, com frequência, em ambientes pouco


humanizados, pacientes muitas vezes carentes de afeto, atenção, solidariedade,
compaixão e empatia. Independente da modalidade em que o paciente e a família
serão acompanhados, faz-se necessário refletir sobre a viabilidade, vantagens e
desvantagens de cada uma delas com intuito de adequar às demandas específicas
de cada situação.
Sob o aspecto legal, o Decreto nº. 94.406 de 1987 dispõe, em seu art. 8º, que
é atividade privativa do Enfermeiro, a “organização e direção dos serviços de
Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras
desses serviços". (BRASIL, 1987). Portanto, em qualquer modalidade de assistência
em cuidado paliativo, as atividades técnicas e auxiliares devem ser supervisionadas
pelo Enfermeiro. Além disso, também se caracteriza como atividade privativa deste
profissional a prescrição da assistência de Enfermagem que, de acordo com a
Resolução Cofen nº. 358 de 2009, deve ser realizada de modo deliberado e
sistemático, em todos os ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado
profissional de enfermagem (COFEN, 2009).
Ainda de acordo com o Decreto Regulamentador, ao Técnico de Enfermagem
cabe assistir ao Enfermeiro, no planejamento, programação, orientação e supervisão
das atividades de assistência de Enfermagem. O Auxiliar de Enfermagem executa
as atividades auxiliares de nível médio atribuídas à equipe de Enfermagem,
cabendo-lhe, entre outras, prestar cuidados e conforto ao paciente e zelar por sua
segurança.
Em relação ao aspecto ético, a Resolução Cofen nº 564 de 2017, que aprova
o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, dispõe que é dever dos
profissionais de Enfermagem:
Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de
vida à pessoa e família no processo do nascer, viver, morrer e luto.
Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e terminais com
risco iminente de morte, em consonância com a equipe multiprofissional,
oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis para assegurar o conforto
físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade da pessoa ou de
seu representante legal. (COFEN, 2017).

REFERÊNCIAS

ABREU, Carolina Becker Bueno de; FORTES, Paulo Antônio de Carvalho. Questões
éticas referentes às preferências do paciente em cuidados paliativos. Revista
26

Bioética, v 22, n 2, p. 299-308, 2014. Disponível em:


https://www.scielo.br/pdf/bioet/v22n2/12.pdf. Acesso em: 20 nov. 2020.

ATTY, Adriana Tavares de Moraes; TOMAZELLI, Jeane Glaucia. Cuidados paliativos


na atenção domiciliar para pacientes oncológicos no Brasil. Saúde em Debate, v. 42,
p. 225-236, 2018. Disponível em:
https://www.scielosp.org/article/sdeb/2018.v42n116/225-236/pt/. Acesso em: 20 nov.
2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Domiciliar. Brasília, DF:


Ministério da Saúde, v. 2, 2020. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_domiciliar_melhor_ca
sa.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020.

______. Decreto nº. 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498,


de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras
providências. Brasília, DF, 1987. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-
9440687_4173.html. Acesso em: 6 jun. 2020.

______. Lei nº. 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício da enfermagem, e dá outras providências. Brasília, DF, 1986. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7498.htm. Acesso em: 6 jun. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº. 564, de 06 de


novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, conforme o anexo desta Resolução, para observância e respeito dos
profissionais de Enfermagem. Brasília, DF: Cofen, 2017. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html. Acesso em: 6 jun.
2020.

______. Resolução nº. 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a


Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de
Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado
profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Brasília, DF: Cofen, 2009.
Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html. Acesso
em: 6 jun. 2020.

KOHLERI, Lívia Benini; CERCHIAROI, Ana Cláudia Borin; LEVITESII, Marcelo


Rozenfeld. Cuidados paliativos ambulatoriais e qualidade de vida em pacientes
oncológicos. Sociedade Brasileira de Medicina de Família, Bela Vista-SP, v. 3, n.
21, p. 101-105, 2016. Disponível em:
http://associacaopaulistamedicina.org.br/assets/uploads/revista_rdt/4613f3ef3919fa1
f48317cbbd3fd0b2c.pdf#page=7. Acesso em: 20 nov. 2020.
27

MARCUCCI, Fernando Cesar Iwamoto; CABRERA, Marcos Aparecido Sarria. Death


in hospital and at home: population and health policy influences in Londrina, State of
Paraná, Brazil (1996-2010). Ciência & saúde coletiva, v. 20, p. 833-840, 2015.
Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2015.v20n3/833-840/en/. Acesso
em: 22 nov. 2020.

RODRIGUES, Luís Fernando. Modalidades de atuação e modelos de assistência em


Cuidados Paliativos. In: CARVALHO, Ricardo Tavares de; PARSONS, Henrique
Afonseca (Org.) Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2. ed. São Paulo: ANCP,
2012. p. 86-93. Disponível em: http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-
content/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.pdf. Acesso em: 9
out. 2020.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Vamos falar de


cuidados paliativos. Rio de Janeiro: SBGG, 2015. Disponível em:
https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/05/vamos-falar-de-cuidados-paliativos-
vers--o-online.pdf. Acesso em: 22 nov. 2020.
28

4 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE PARA CUIDADOS PALIATIVOS

Graziella Eugênio Tocafundo


Débora Martins Silva
Octávia Maria Silva Gomes Lycarião

A decisão da elegibilidade para cuidados paliativos no Brasil ainda encontra


grandes impasses e desafios. Para muitos, a inclusão de um paciente nesta
abordagem é preocupante, pois evidencia que o indivíduo está em processo de
terminalidade da vida. Apesar da comunicação e prognóstico do paciente para
abordagem paliativa serem responsabilidade privativa do profissional médico, a
intervenção e prestação de cuidados a este paciente devem ser baseadas nos
conhecimentos e habilidades de uma equipe multiprofissional que auxilie o paciente
e sua família na adaptação das transformações impostas pela doença (BRASIL,
2013; MARCUCCI et al. 2016; LEITE et al. 2019).
O profissional Enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar,
participa da indicação do paciente aos cuidados paliativos. Trata-se de um desafio
para a equipe de saúde realizar a avaliação correta quanto à indicação de Cuidados
Paliativos (CP) e determinar qual paciente é elegível.
Neste contexto, reconhece-se a importância do conhecimento de quem é o
paciente em seu contexto social, psicológico e espiritual, quanto a seu diagnóstico,
funcionalidade atual, em que fase da doença se encontra, de modo que possam ser
obtidas ferramentas que proporcionem ações para que seja prestado o cuidado
qualificado (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2012).

4.1. Paciente adulto

Quem é o paciente?
Ter o conhecimento de quem é o paciente faz-se fundamental, pois deve-se
considerar a sua história de vida, de forma a estar ciente dos seus valores, idade,
29

estado civil, morbidades, estado nutricional, estrutura familiar, suporte social,


crenças, hábitos, medos e expectativas, sendo interessante a presença de uma
equipe com o máximo de multidisciplinariedade (CARVALHO, 2018).

Qual a funcionalidade do paciente?


A funcionalidade prévia do paciente refere-se principalmente à sua
capacidade de realização de atividades diárias, podendo assim verificar o grau de
dependência dele anteriormente à internação, pois nem sempre ele será internado
(CAMPBELL, 2011, p. 11-14).
A avaliação funcional no momento atual deverá ser efetivada por meio da
observação e dos questionamentos feitos ao paciente e a seus familiares, bem como
pela realização de um comparativo em relação à funcionalidade de como ele era
antes do evento atual, por exemplo, como era de 2 a 3 semanas anteriores. Faz-se
importante ressaltar que a avaliação da funcionalidade deve servir também para
diferenciar a queda funcional decorrente de algum processo agudo reversível de
uma queda de performance decorrente da patologia de base (CARVALHO, 2018).

Qual o diagnóstico?
Em relação ao diagnóstico, é primordial a sua definição para que possam ser
traçados os possíveis agravamentos decorrentes dele, ainda levando em conta as
morbidades que podem vir associadas e que são potenciais agravadores de piora
clínica do paciente (CARVALHO, 2018).
De forma a ser mais didático em relação à evolução natural das doenças de
acordo com o seu diagnóstico, foram estabelecidas curvas funcionais, através das
quais se observa o comportamento geral da doença. Essas curvas foram divididas
em três grandes grupos (CARVALHO, 2018):

A) Doenças Oncológicas

Doenças oncológicas são aquelas que envolvem uma desordem na regulação


celular, replicação e inibição como resultado de um acúmulo de mutações no DNA.
As causas das lesões genéticas e transformação das mesmas em desordens
neoplásicas são caracterizadas de formas dadas ao seu desencadeamento,
podendo ser provocadas por fatores virais, químicos, físicos e hereditários
30

(MORALLEN et al., 2007).

Figura 4 - Curva funcional do câncer

Fonte: Instituto de saúde e gestão hospitalar, 2014.

O paciente mantém-se estável em suas fases iniciais, porém em um dado


momento ocorre a progressão da doença e a baixa de funcionalidade é abrupta,
levando-o à morte (CAMPBELL, 2011).

B) Doenças Crônicas

Neste grande grupo, inserem-se doenças de origem cardiopulmonares, renais


e hepáticas, as quais durante a evolução natural compreendem períodos de crises
com pioras agudas.

Figura 5 - Curva funcional das doenças crônicas

Fonte: Instituto de saúde e gestão hospitalar, 2014.

A funcionalidade anterior não mais é recuperada e o paciente, a cada crise,


fica mais dependente (CAMPBELL, 2011).

C) Doenças Neurodegenerativas / Fragilidade

Incluem-se, neste grupo, indivíduos portadores de doenças neurológicas, tais


31

como demências (de todos os tipos), Parkinson, sequelas de acidentes vasculares


encefálicos, doenças neurodegenerativas e síndrome de fragilidade (CAMPBELL,
2011).

Figura 6 - curva funcional de doenças neurodegenerativas

Fonte: Instituto de saúde e gestão hospitalar, 2014.

A perda de funcionalidade expressiva apresenta-se após um evento clínico


agudo e, normalmente, com comprometimento significativo, e permanece com perda
funcional lenta e piora gradual contínua, numa situação em que a retomada ao
estado funcional anterior é muito difícil (CARVALHO, 2018).

4.1.2. Critérios de inclusão

Pergunta surpresa
A pergunta surpresa é aquela que fará o profissional de saúde posicionar-se
perante a possibilidade do seu paciente falecer num período curto de tempo e indica
intuitivamente a condição de terminalidade em que ele se encontra. A resposta varia
de três meses a um ano, em que a frase consiste conforme o quadro abaixo
(ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2012):
32

Quadro 1 - Pergunta surpresa

PERGUNTA SURPRESA

Para pacientes portadores de doenças graves, incuráveis e progressivas e que


ameacem a continuidade da vida, deve-se fazer a seguinte pergunta:
“Você ficaria surpreso caso o paciente” … morresse nos próximos dias, semanas
ou meses?’
A resposta dessa pergunta deve ser intuitiva levando-se em conta dados clínicos e
comorbidades associadas, entre outros.

Fonte: Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2012.

Diante da resposta, em que não há surpresa diante da possibilidade da morte


do paciente em um curto tempo, indica-se um cuidado paliativo predominante a
exclusivo, devendo o paciente receber cuidados não invasivos com ênfase em
conforto, ponderando algumas terapêuticas como antibioticoterapia, hemotransfusão
e hemodiálise e terá todo empenho da equipe em controle de sintomas como dor,
náusea, dellirium, dentre outros, que variam desde necessidades básicas de higiene
a auxílio em questões espirituais.

Ferramentas Auxiliares

Algumas ferramentas de medida de funcionalidade/prognóstico em pacientes


de cuidados paliativos são usadas em formas de escalas, dentre as quais podemos
destacar a Palliative Performance Scale (PPS). A PPS define o estado funcional de
qualquer paciente que se encontra dentro dos critérios de inclusão, podendo ser
usada em qualquer fase da doença (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS
PALIATIVOS, 2012).
33

Quadro 2 - Escala de Performance Paliativa (PPS)

Atividade e
Nível de
% Deambulação evidência da Auto-cuidado Ingestão
consciência
doença

Normal; sem
100 Completa evidência de Completo Normal Completa
doença
Normal; sem
90 Completa evidência de Completo Normal Completa
doença
Com esforço;
alguma
80 Completa Completo Normal Completa
evidência de
doença.
Incapaz para
o trabalho;
Normal ou
70 Reduzida alguma Completo Completa
reduzida
evidência de
doença.
Incapaz para
realizar Períodos de
Assistência Normal ou
60 Reduzida hobbies; confusão ou
ocasional Reduzida
doença. completa
significativa
Dificuldade
para qualquer Períodos de
Sentado ou Assistência Normal ou
50 trabalho; confusão ou
deitado considerável Reduzida
doença completa
extensa
Períodos de
Assistência Normal ou
40 Acamado Idem confusão ou
quase completa Reduzida
completa
Períodos de
Dependência
30 Acamado Idem Reduzida confusão ou
completa
completa
Ingestão Períodos de
20 Acamado Idem Idem limitada a confusão ou
colheradas completa
Cuidados Confusão ou
10 Acamado Idem Idem
com a boca em coma
0 Morte - - - -
Fonte: Instituto de saúde e gestão hospitalar, (2014, p. 11).

Trata-se de uma ferramenta aplicada a todos os tipos de pacientes em que


quanto mais próximo de 0, pior o prognóstico. Quanto à forma de uso, deve-se fazer
da esquerda para direita e de cima para baixo, iniciando-se do nível de consciência
34

do paciente seguindo ao nível de deambulação, podendo ser excluídos alguns itens.


Prevalecerá a linha que mais se assemelha à condição do paciente em questão
(ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2012; BAIK et al., 2018;
LEITE et al., 2019).
Outra escala que pode ser utilizada é a Karnofsky Performance Scale (KPS),
escala considerada objetiva, prática e que passou por mais de 50 anos de validação
com pacientes oncológicos e não oncológicos. O nível de funcionalidade é avaliado
pelo profissional de saúde com uma porcentagem variando de 100% (normal, sem
queixas, sem evidência de doença) até 0% (óbito). Por relacionar-se estritamente
com níveis de angústia de sintomas, o KPS é usado frequentemente como uma
ferramenta de prognóstico para prever a expectativa de vida (SANVEZZO;
MONTANDON; ESTEVES, 2018; ACADEMIA NASCIONAL DE CUIDADOS
PALIATIVOS, 2012).

Quadro 3 - Escala de Karnofsky (KPS)

GRADUAÇÃO SIGNIFICADO

100 Normal: ausência de queixas; sem evidências de doença

90 Capaz de realizar atividades normais; sinais e sintomas minimos de doença


Atividade normal com esforço; alguns sinais ou sintomas de doença.
80
Incapacidade apara grande esforço físico, consegue deambular
Não requer assistência para cuidados pessoais, mais é incapaz de realizar
70
atividades normais, como tarefas caseiras e trabalhos ativos
Requer assistência ocasional, mas consegue realizar a maioria dos seus
60
cuidados pessoais
50 Requer considerável assistência e frequentes cuidados médicos
Incapacitado; requer cuidados especiais e assistência, autocuidado limitado.
40
Permanece mais de 50% do horário vigil sentado ou deitado
Severamente incapacitado, indicado hospitalização, embora a morte não seja
30
iminente
Muito doente, necessário internação hospitalar e tratamento suporte.
20
Completamente incapaz de realizar autocuidado. Confinado à cama
10 Moribundo, processo de morte progredindo rapidamente
Fonte: Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar, 2014.

Seu uso é simples, de cima para baixo, compondo-se de perguntas mais


objetivas e mantendo como resposta a linha em que mais se encaixa a condição
35

atual do paciente avaliado.


Ressalta-se que existem vários outros instrumentos de medida de
funcionalidade e prognósticos, que deverão se encaixar na realidade de cada
serviço, porém, os acima citados são os mais usuais, não havendo consenso em
relação a melhor ferramenta a se utilizar.
Além da utilização de escalas de grau de capacidade e dependência funcional
abordadas anteriormente, outros métodos devem ser associados na definição dos
critérios de elegibilidade para cuidados paliativos no paciente adulto. Dentre eles, a
avaliação das condições do paciente, que são:
● Doença progressiva, incurável e avançada;
● Poucas possibilidades de resposta às terapêuticas curativas ou quando
as complicações decorrentes destas forem inaceitáveis;
● Evolução clínica oscilante, caracterizada pelo surgimento de várias crises
de necessidades ou reagudizações recorrentes;
● Grande impacto emocional ou social para o doente e sua família,
relacionado de maneira explícita ou não à proximidade da morte;
● Prognóstico de vida reservado (estimado em menos de seis meses);
● Necessidade de adequação terapêutica ou das ações de investigação
clínica;
● Internação prolongada sem evidência de melhora;
● Ser portador de uma doença progressiva e incurável e preferir não ser
submetido a tratamento de prolongamento da vida (ACADEMIA NACIONAL DE
CUIDADOS PALIATIVOS, 2012; MAURIZ; WIRTZBIKI; CAMPOS, 2014).
Além dos critérios relacionados às condições do paciente, faz-se necessário o
uso de critérios objetivos conforme a doença de base, que estimem um período de
sobrevida inferior a seis meses ou prejuízo importante e irrecuperável da qualidade
de vida. Quando há a associações destes critérios, os Cuidados Paliativos devem
ser iniciados pela equipe assistente juntamente com uma equipe interdisciplinar. Os
critérios conforme a doença de base são:
● DOENÇAS ONCOLÓGICAS:
o Qualquer paciente com câncer metastático ou inoperável
● DOENÇAS CARDÍACAS:
o Classe funcional NYHA IV
o Fração de ejeção < 20%
36

o Refratariedade ao tratamento otimizado, incluindo vasodilatadores


o Outros fatores de mal prognóstico: arritmia sintomática resistente, história de
parada cardíaca, embolia cardiogênica, história de acidente vascular cerebral
● DOENÇAS PULMONARES:
o Dispnéia incapacitante
o VEF1 < 30%
o Cor pulmonale
o Hipoxemia em oxigenioterapia com retenção de CO2
o Perda de peso não intencional

● SÍNDROMES DEMENCIAIS:
o Incapacidade de andar (restrito ao leito ou cadeira);
o Dependência considerável ou completa para atividades de vida diária;
o Incontinências;
o Impossibilidade de comunicação (menos de seis palavras inteligíveis);
o Comprometimento nutricional a despeito de suporte adequado;
o Albumina sérica < 2,5 mg/dl;
o Visitas frequentes à emergência por sintomas de descompensação clínica.

● SÍNDROME DE FRAGILIDADE:
o Confinamento ao leito
o Úlceras de pressão
o Perda de peso não intencional
o Albumina sérica < 2,5 mg/dl
o Visitas frequentes à emergência por sintomas de descompensação clínica

● ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – FASE AGUDA:


o Paciente comatoso, com pelo menos um dos seguintes critérios (a partir do 3°
dia de coma):
o Respostas de tronco cerebral anormais
o Resposta verbal anormal
o Ausência de retirada a estímulo doloroso
o Creatinina sérica > 1,5mg/dL
37

● ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – FASE CRÔNICA:


o Baixo status funcional PPS < 40%)
o Inabilidade de manter hidratação e oferta calórica com pelo menos um dos
seguintes:
✔Perda de peso >10% nos últimos 6 meses ou >7,5% nos últimos 3
meses
✔Albumina sérica < 2,5g/dL
✔História atual de pneumonia aspirativa não responsiva a intervenções
de fonoterapia
✔Disfagia severa a ponto de impedir o paciente de receber fluidos ou
alimentação necessários para sustentar a vida (sem receber nutrição
ou hidratação artificial) (ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS
PALIATIVOS, 2012; MAURIZ; WIRTZBIKI; CAMPOS, 2014).

4.2. Criança e adolescente

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a definição de


cuidados paliativos na criança e adolescente refere-se ao cuidado prestado no
contexto do seu corpo, mente e espírito, bem como suporte a todos da sua família
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018).
O início da oferta dos cuidados paliativos deve ocorrer no momento do
diagnóstico da doença crônica, mantendo-se concomitante à terapia modificadora da
doença (SILVA et al., 2019).
Quanto aos cuidados paliativos, em se tratando de criança e adolescente,
pode-se delimitar em quatro grandes grupos que deles necessitam, devido à
cronicidade das patologias e do quanto causam limitação à vida:
38

Quadro 4 - Grupos funcionais - criança e adolescente

Condições em que o tratamento Ex: Doenças oncológicas e


GRUPO 1
curativo é possível, porém pode falhar. cardíacas.

Condições que exigem tratamentos


Ex: Fibrose cística, distrofia muscular
longos na tentativa de melhorar a
GRUPO 2 de Durchenne, epidermólise bolhosa,
qualidade de vida e a morte prematura
HIV.
são inevitáveis.

Condições progressivas, com


tratamentos paliativos, sem Ex: Mucopolissacaridose,
GRUPO 3
possibilidade de cura, com tratamentos osteogêneseimperfecta.
prolongados (anos).

Condições irreversíveis e não


progressivas e que promovem grande
GRUPO 4 Ex: Paralisia cerebral.
vulnerabilidade, susceptíveis a muitas
complicações e morte prematura.
Fonte: (SILVA et al., 2019, p. 54).

A ideia errônea de que os cuidados paliativos só devem entrar quando


medidas curativas não forem alcançadas pode interferir na abordagem precoce de
questões importantes, como a proporcionalidade de condutas invasivas.
Quando iniciados os cuidados paliativos logo no diagnóstico de doenças
crônicas e incuráveis em crianças, o percurso da doença, morte e luto, é esperado
que o processo seja vivido com mais tranquilidade devido ao suporte prestado tanto
aos familiares quanto à equipe, levando em conta o controle de sintomas do
paciente e abordagem psicológica adequada (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
1998).
Os cuidados paliativos em crianças diferem-se dos relacionados aos adultos,
pois embora a definição e os princípios dos cuidados paliativos se apliquem a toda a
vida, nelas eles exigem atenção aos aspectos físicos, de desenvolvimento,
psicossociais, éticos, fenômenos espirituais e relacionais exclusivos (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2018).
Diante da realidade de que o profissional de enfermagem é aquele que mais
está próximo ao paciente por prestar cuidados diretos, é de suma importância ter o
conhecimento de ferramentas que auxiliem no seu cotidiano. Em se tratando
daqueles Enfermeiros que lidam diretamente com pacientes paliativos, o
39

conhecimento de ferramentas específicas que ofereçam a possibilidade de uma


visão mais clara do momento em que se encontra o paciente favorece um cuidado
mais específico e proporcional.
No contexto dos Cuidados Paliativos, é de competência técnico-científica dos
profissionais de enfermagem atuar de maneira a reduzir o sofrimento e promover
conforto e dignidade humana à pessoa com doença grave e sua família, numa
perspectiva de atendimento às necessidades humanas básicas afetas de ordem
física, emocional, espiritual e social.
Sob o ponto de vista legal, de acordo com o Decreto nº. 94.406, de 1987, que
regulamenta a Lei nº. 7.498, de 1986, é de competência de todos os profissionais de
Enfermagem prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua
segurança. Já a prestação de cuidados de maior complexidade técnica e que exijam
conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas é
privativa do Enfermeiro. Além disso, como integrante da equipe de saúde, cabe ao
Enfermeiro a participação nos programas e nas atividades de assistência integral à
saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de
alto risco.
Importante ressaltar que a Lei Federal n°. 12.842, de 10 de julho de 2013,
dispõe como atividades privativas do profissional médico a determinação do
prognóstico relativo ao diagnóstico nosológico e a indicação de internação e alta
médica nos serviços de atenção à saúde. Desta forma, o Enfermeiro possui
competência técnico-científica para aplicar as ferramentas disponíveis de avaliação
e sugerir a inclusão do paciente em cuidados paliativos, de acordo com os critérios
de elegibilidade, sendo a definição do diagnóstico médico e determinação do
prognóstico do paciente de competência médica.
Com relação ao aspecto ético, de acordo com a Resolução Cofen nº. 564, de
2017, é direito dos profissionais de saúde, “participar da prática multiprofissional,
interdisciplinar e transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade,
observando os preceitos éticos e legais da profissão." A resolução ainda dispõe em
seu capítulo II, "Dos Deveres", art. 48º que é dever dos profissionais de Enfermagem
"prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de vida à pessoa e
família no processo do nascer, viver, morrer e luto". Nos pacientes que se encontram
em cuidados paliativos, os profissionais devem, em consonância com a equipe
multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis para assegurar o
40

conforto físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade da pessoa ou de


seu representante legal.

REFERÊNCIAS

RODRIGUES, Luís Fernando. Modalidades de atuação e modelos de assistência em


Cuidados Paliativos. In: CARVALHO, Ricardo Tavares de; PARSONS, Henrique
Afonseca (Org.) Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2. ed. São Paulo: ANCP,
2012. p. 86-93. Disponível em: http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-
content/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.pdf. Acesso em: 9
out. 2020.

BAIK, Dawon et al. Usingthepalliative performance scaletoestimatesurvival for


patientsattheendoflife: a systematic review oftheliterature. Journalofpalliative
medicine, v. 21, n. 11, p. 1651-1661, 2018. Disponível em:
https://www.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/jpm.2018.0141. Acesso em: 16 jun.
2020.

BRASIL. Decreto nº. 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498,


de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras
providências. Brasília, DF, 1987. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-
9440687_4173.html. Acesso em: 22 jun. 2020.

______. Lei nº. 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício da enfermagem, e dá outras providências. Brasília, DF, 1986. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7498.htm. Acesso em: 22 jun. 2020.

______. Lei nº. 12.842, de 10 de julho de 2013. Dispõe sobre o exercício da


medicina. Brasília, DF, 2013. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12842.htm. Acesso
em: 22 jun. 2020.

CAMPBELL, Margaret L. Nurse to nurse: cuidados paliativos: em enfermagem.


Porto Alegre: McGraw, 2011, p11-14.

CARVALHO, Ricardo T. et al. Manual de residência de cuidados paliativos. São


Paulo: Manole, 2018.
41

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº. 564, de 06 de


novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, conforme o anexo desta Resolução, para observância e respeito dos
profissionais de Enfermagem. Brasília, DF: Cofen, 2017. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html. Acesso em: 22
jun. 2020.

INSTITUTO DE SAÚDE E GESTÃO HOSPITALAR. Protocolo Cuidados Paliativos,


2014. [S.l.:s.n.], 2014. Disponível em:
https://www.isgh.org.br/intranet/images/Servicos/Protocolos/isgh_protoco_cuidado_p
aliativo.pdf. Acesso em: jul. 2020.

LEITE, Adriana Coutinho et al. Caracterização de pacientes elegíveis para cuidados


paliativos em unidades de internação de um hospital universitário. Revista online de
pesquisa: cuidado é fundamental, p. 710-715, 2020. Disponível em:
http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/9454. Acesso
em: 16 jun. 2020.

MARCUCCI, Fernando Cesar Iwamoto et al. Identificação de pacientes com


indicação de Cuidados Paliativos na Estratégia Saúde da Família: estudo
exploratório. Cadernos Saúde Coletiva, v. 24, n. 2, p. 145-152, 2016. Disponível
em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-
462X2016000200145&script=sci_arttext. Acesso em: 16 jun. 2020.

INSTITUTO DE SAÚDE E GESTÃO HOSPITALAR. Protocolo Cuidados Paliativos,


2014. [S.l.:s.n.], 2014. Disponível em:
https://www.isgh.org.br/intranet/images/Servicos/Protocolos/isgh_protoco_cuidado_p
aliativo.pdf. Acesso em 22 jun. 2020.

MORALLEN, Andréa G. et al. Enfermagem Oncológica. Barueri, SP: Manole, 2007.

SANVEZZO, Vitória Marques de Sá; MONTANDON, Diego Santiago; ESTEVES,


Larissa Sapucaia Ferreira. Instrumentos de avaliação de funcionalidade de idosos
em cuidados paliativos: uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, v. 21, n. 5, p. 604-615, 2018. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/rbgg/v21n5/pt_1809-9823-rbgg-21-05-00604.pdf. Acesso
em: 16 jun. 2020.

SILVA, Alexandre Ernesto et al. Cuidado paliativo em atenção domiciliar. Belo


Horizonte: Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de
Minas Gerais (Nescon/UFMG), 2018. Disponível em:
https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/11608. Acesso em: 8 nov. 2019.
42

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Cancer pain relief and palliative care in


children. Geneva, 1998. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/42001/9241545127.pdf?sequence=1
&isAllowed=y. Acesso em: 10 dez. 2019.

WORLD HEALTH ORGANIZATION.


Integratingpalliativecareandsymptomreliefintopaediatrics, 2018. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/274561/9789241514453-
eng.pdf?ua=1. Acesso em: 22 jun. 2020.
43

5 ASPECTOS BIOÉTICOS E LEGAIS EM CUIDADOS PALIATIVOS DE


ENFERMAGEM
Ana Cláudia Mesquita Garcia
Octávia Maria Silva Gomes Lycarião

Os cuidados paliativos têm a finalidade de proporcionar melhor qualidade de


vida a pessoas com doenças graves, a seus familiares e cuidadores. É importante
lembrar que esta abordagem de cuidados busca o conforto e o alívio do sofrimento
não apenas no período de fim de vida próximo à morte, mas desde o diagnóstico
dessas doenças. Assim, podemos considerar que um dos principais desafios éticos
em cuidados paliativos é ter a sabedoria prática para tomar decisões adequadas
para uma assistência de saúde de qualidade, que permita aos pacientes e seus
familiares experimentarem paz, dignidade e solidariedade desde o diagnóstico da
doença até o período de luto (TABOADA, 2015).
Antes da abordagem de questões específicas referentes aos cuidados
paliativos, é importante relembrar quais são as atribuições dos profissionais da
equipe de enfermagem, composta pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem e
pelo Auxiliar de Enfermagem (BRASIL, 1986).
As atividades privativas do Enfermeiro são: direção do órgão de enfermagem
integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de
serviço e de unidade de enfermagem; organização e direção dos serviços de
enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras
desses serviços; planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação
dos serviços da assistência de enfermagem; consultoria, auditoria e emissão de
parecer sobre matéria de enfermagem; consulta de enfermagem; prescrição da
assistência de enfermagem; cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves
com risco de vida e cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que
exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas
(BRASIL, 1986).
Já ao Técnico de Enfermagem cabe participar da programação da assistência
de Enfermagem; executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as privativas
do Enfermeiro; participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em
44

grau auxiliar e participar da equipe de saúde (BRASIL, 1986).


Ao Auxiliar de Enfermagem cabe especialmente: observar, reconhecer e
descrever sinais e sintomas; executar ações de tratamento simples; prestar cuidados
de higiene e conforto ao paciente e participar da equipe de saúde (BRASIL, 1986).
À luz da legislação descrita, Lei Federal n°. 7498/1986, entende-se que as
competências dos Auxiliares de Enfermagem são também dos profissionais
Técnicos de Enfermagem e Enfermeiros.

5.1. Cuidados paliativos como direito humano

Fundados em uma firme crença na compaixão e na dignidade da pessoa


humana, os cuidados paliativos alinham-se estreitamente com os princípios dos
direitos humanos no atendimento ao paciente (LUCA et al., 2017). A Lei
Internacional de Direitos Humanos há muito tempo considera os cuidados paliativos
integrais ao direito à saúde e à disponibilidade de medicamentos essenciais para o
controle da dor como um dos componentes principais do direito (BRENNAN, 2007;
LOHMAN; AMON, 2015). No Brasil, recentemente foi publicada a Resolução nº. 41,
de 31 de outubro de 2018, que dispõe sobre as diretrizes para a organização dos
cuidados paliativos, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com esta resolução, os cuidados
paliativos deverão ser ofertados em qualquer ponto da rede de atenção à saúde,
notadamente: Atenção Básica, Atenção Domiciliar, Atenção Ambulatorial, Urgência e
Emergência e Atenção Hospitalar (BRASIL, 2018).
No entanto, apesar da necessidade e da importância da inserção dos
cuidados paliativos na rede de atenção à saúde, há alguns mitos que podem causar
confusão quanto ao entendimento do que se trata esta abordagem de cuidados. É
comum ouvir que cuidados paliativos têm a ver com o abandono do paciente pela
equipe de saúde; que dependendo do estado de progressão/avanço da doença, “já
não há mais nada o que fazer”; ou ainda que cuidados paliativos referem-se
simplesmente à inclusão de opioides (como a morfina) na prescrição médica.
Comumente há a percepção de que receber um encaminhamento ao serviço de
cuidados paliativos significa quase que uma sentença de morte. Também, é usual
45

que profissionais de enfermagem entendam, de forma equivocada, que pacientes


em cuidados paliativos tenham suas demandas reduzidas quanto à necessidade de
medidas de conforto, de cuidados relacionados à higiene, de medicação, entre
outros. Neste contexto, é extremamente importante nos lembrarmos de que esta
pessoa enferma, por mais que esteja em processo de fim de vida, ou mesmo em
processo ativo de morte, ainda estará viva até que a morte chegue. Portanto, estas
pessoas devem ser cuidadas com dignidade e respeito, inclusive depois do óbito.
Vale lembrar aqui as palavras de Cicely Saunders, fundadora dos cuidados
paliativos modernos:
Ao cuidar de você no momento final da vida, quero que você sinta que me
importo pelo fato de você ser você, que me importo até o último momento
de sua vida e, faremos tudo que estiver ao nosso alcance, não somente
para ajudá-lo a morrer em paz, mas também para você viver até o dia de
sua morte (SAUNDERS, 2004).

Reafirmar a vida e a morte como processos naturais e não apressar ou adiar


a morte são alguns dos princípios que orientam a prática dos cuidados paliativos
(WHO, 2018). Portanto, nesta abordagem de cuidados, entende-se que a morte é
um processo natural que faz parte da experiência humana neste mundo. Por meio
dos cuidados paliativos busca-se, na medida do possível, o alcance da ortotanásia
(e, se possível, a kalotanásia), evitando-se a eutanásia, a distanásia e a mistanásia.
Estes termos serão um pouco mais abordados a seguir.
A eutanásia trata-se de um ato cometido por terceiros que visa
provocar/adiantar a morte para cessar o sofrimento do paciente (KIRA, 2012;
CAMPOS et al., 2016). É comum que a eutanásia seja confundida com suicídio
assistido, no entanto, este trata-se da abreviação da vida feita pela própria pessoa
que está com uma doença grave, incurável e/ou terminal. Nesse caso, o enfermo é
auxiliado por outra pessoa (profissional médico ou não), que lhe proporciona os
meios para que possa, por si mesmo, pôr fim à sua vida (DADALTO, 2019).
Já a distanásia pode ser entendida como o prolongamento do processo de
morrer com sofrimento a partir da perspectiva do paciente. Trata-se da atitude
médica que, buscando salvar a vida do paciente em terminalidade da doença,
submete-o a grande sofrimento. Nesta conduta não se prolonga a vida propriamente
dita, mas o processo de morrer (PESSINI, 1996; PINTO, 2012; CANO et al., 2020).
Vale ressaltar que o prolongamento da vida a qualquer custo se fortaleceu à medida
que os avanços tecnológicos ocorreram, a partir do século XX (D’ARCO et al.,
46

2016). A utilização da tecnologia pode ser devastadora para o enfermo, a partir do


momento que esta é utilizada como instrumento de cura aos pacientes fora desta
possibilidade, transformando-se em um recurso causador de sofrimento (D’ARCO et
al., 2016). Sem perspectivas de melhora, o doente é levado a sofrer em decorrência
da obstinação terapêutica, ou seja, do emprego exagerado de medidas para o
prolongamento da vida biológica, sem garantia de benefícios para o paciente,
podendo inclusive, causar danos (LIMA, 2006; CALVO, 2016). Neste contexto, vale
refletir também a respeito da futilidade terapêutica, entendida como o emprego de
um tratamento não eficaz. O conceito de futilidade médica é antigo na história, de
modo que os médicos gregos prudentes tinham a obrigação de não tratar as
doenças “incuráveis”, isto é, aquelas nas quais a intervenção médica não
influenciaria os resultados (LANTOS et al., 1989).
O termo mistanásia é originário do grego (mys = infeliz; thanathos = morte;
“morte infeliz”) e diz respeito à morte miserável, precoce e evitável. Trata-se da
morte infligida pelos três níveis de governo por meio da manutenção da pobreza, da
violência, das drogas, da falta de infraestrutura e de condições mínimas para a vida
digna (FERREIRA, 2019).
Ortotanásia significa boa morte ou morte digna, morte correta. Traduz a morte
desejável, natural, no tempo certo, na qual não há interferência humana para o
prolongamento artificial da vida (por meio de procedimentos que acarretam aumento
do sofrimento) ou para o adiantamento proposital da morte (JUNGES, 2010; CANO
et al., 2020).
A kalotanásia, assim como a ortotanásia, diz respeito também à morte correta
e no tempo certo, no entanto, agrega aspectos culturais e estéticos à morte,
enfatizando a participação ativa de quem está morrendo, com a distribuição dos
bens, presença dos familiares no momento da morte, cenas de despedida, entre
outros valores importantes que, na concepção do paciente, lhe garantam uma boa
morte (KÓVACS, 2014). O termo kalós diz respeito à beleza, estética e dignidade no
processo de fim de vida vivido com nobreza, virtude e significado (KÓVACS, 2014).
A Figura 7 apresenta, de forma resumida, as definições dos termos eutanásia,
distanásia, ortotanásia, kalotanásia e mistanásia.
47

Figura 7 - Definições dos termos eutanásia, distanásia, ortotanásia, kalotanásia e mistanásia

Fonte: Elaborado pela autora Ana Cláudia Mesquita Garcia, baseando em KIRA, (2012),
CAMPOS et al. (2016); PESSINI, (1996); PINTO, (2012); CANO et al. (2020); FERREIRA,
(2019); JUNGES (2010); KÓVACS (2014);

Como abordagem que visa à busca pela qualidade de vida e pelo alívio do
sofrimento físico, psicológico, social e espiritual entre pessoas com doenças graves
e suas famílias/cuidadores, os cuidados paliativos devem ser disponibilizados a toda
a população. Espera-se que o maior número possível de pessoas tenha acesso a
esta abordagem de cuidados, visto que os cuidados paliativos são um direito
humano a ser garantido.

5.2. Não iniciar, limitar ou suspender terapêutica

O desenvolvimento tecnológico e o consequente aumento na sobrevivência e


hospitalização de pessoas gravemente doentes acarretam questões éticas e
humanas que não podem ser ignoradas (KENNY, 2003; LEE et al., 2010). Por
exemplo, atualmente, o desenvolvimento tecnológico possibilita manter viva uma
pessoa usando suporte de vida na UTI. No entanto, há que se pensar na questão da
obstinação terapêutica, uma vez que o prolongamento da vida nem sempre é
benéfico para o paciente (CALVO, 2016).
As decisões de não iniciar, limitar ou suspender terapêutica são uma
realidade no contexto dos cuidados paliativos, mais especificamente no período de
48

fim de vida (SANTOS, ALMEIDA, 2015). Ainda, estas decisões precedem grande
parte das mortes nos serviços de urgência e nas unidades de cuidados intensivos,
representando um tema de extrema complexidade (WILKINSON; SAVULESCU,
2011; LEE et al. 2010; MAZUTTI; NASCIMENTO; FUMIS, 2016).
A dignidade do paciente durante a sua doença e na aproximação à morte é a
base do processo relacionado às decisões de não iniciar, limitar ou suspender
terapêutica. Assim, é importante ressaltar que a tomada de tais decisões não pode,
em hipótese alguma, representar o abandono do paciente ou a suspensão de
tratamento que visa o alívio do sofrimento e, na medida do possível, o bem-estar
físico, psicológico, social e espiritual do paciente (SANTOS, ALMEIDA, 2015).
Neste contexto, é importante atentar para o significado de termos muitas
vezes utilizados de forma equivocada no contexto dos cuidados paliativos, como os
apresentados abaixo:
● Limitação de Esforço Terapêutico (LET) / Fora de Possibilidade
Terapêutica (FPT): O uso destas expressões tem sido questionado.
Estudiosos afirmam que a “limitação” não se restringe exclusivamente à
terapêutica, mas abrange também os procedimentos diagnósticos. Ainda,
este termo pode levar ao entendimento errôneo de que a “limitação de
esforço”, seja por parte do profissional de enfermagem ou mesmo de toda a
equipe de saúde, trata-se de não se empreender esforços para o melhor
tratamento do paciente assistido. Estar “fora de possibilidade terapêutica”
pode remeter ao “não há mais nada a se fazer”. Assim, tem sido proposta a
utilização da expressão “adequação de medidas” nas discussões pertinentes
à LET (HERREROS et al., 2012);
● Prognóstico Reservado (PR): Diz respeito a um prognóstico que é
incerto ou que pressupõe um desenlace negativo. Geralmente, o PR está
relacionado à ausência de possibilidades curativas (SILVA, 2008);
● Ordem de Não Ressuscitar/Não Reanimar (ONR): consiste na
manifestação expressa da recusa de reanimação cardiopulmonar por
paciente com doença avançada em progressão, em fase terminal de vida, em
perda irreversível de consciência ou que possa apresentar parada cardíaca
não tratável (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002; PUTZEL et al. 2016).

Mediante a complexidade que envolve a decisão de não iniciar, limitar ou


49

suspender terapêutica, esta deve ser encarada como um processo, que visa sempre
o melhor interesse do paciente e considera a proporcionalidade do tratamento
(SANTOS, ALMEIDA, 2015).

5.3 Legislação em enfermagem e cuidados paliativos

Os profissionais de Enfermagem, como os demais membros da equipe


multiprofissional, têm um papel ímpar na assistência em cuidados paliativos.
Portanto, é imprescindível que estes profissionais atuem de forma íntegra e correta,
orientados pelo Código de Ética de Enfermagem (Resolução Cofen nº. 564/2017).
Vale lembrar que, de acordo com este mesmo Código de Ética, os profissionais que
compõem a equipe de Enfermagem (Auxiliar de Enfermagem, Técnico de
Enfermagem e Enfermeiro) têm respaldo para a prestação de assistência de
Enfermagem em Cuidados Paliativos.
De acordo com o art. 48 do Código de Ética de Enfermagem, o profissional
deve “prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de vida à pessoa
e família no processo do nascer, viver, morrer e luto”. Ainda, “nos casos de doenças
graves incuráveis e terminais com risco iminente de morte, em consonância com a
equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis para
assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade da
pessoa ou de seu representante legal”.
Quanto à autonomia do paciente, o art. 42 diz que o profissional de
enfermagem deve “respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou de
seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclarecida, sobre sua saúde,
segurança, tratamento, conforto, bem-estar, realizando ações necessárias, de
acordo com os princípios éticos e legais”. Neste sentido, podemos falar um pouco
sobre as Diretivas Antecipadas de Vontade relacionadas ao fim de vida, que são um
tipo de documento no qual a pessoa informa suas vontades em relação ao
tratamento médico que quer ou não receber no final de sua vida (MONTEIRO;
SILVA JUNIOR, 2019). De acordo com o Código de Ética, o profissional de
enfermagem deve “respeitar as diretivas antecipadas da pessoa no que concerne às
decisões sobre cuidados e tratamentos que deseja ou não receber no momento em
50

que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, suas vontades”.


Assim, é importante que o paciente tenha sua autonomia respeitada e
garantida pelos profissionais de Enfermagem, uma vez que a doença leva a um
processo de perdas e limitações que, possivelmente, só poderão ser superadas,
minimizadas e reorganizadas mediante o exercício da autonomia da pessoa enferma
(OLIVEIRA, SILVA, 2010).
No contexto apresentado neste volume e especificamente neste capítulo, faz-
se importante reiterar ainda o disposto no art. 74 da Resolução Cofen n°. 564/2017–
Capítulo III - DAS PROIBIÇÕES: “Promover ou participar de prática destinada a
antecipar a morte da pessoa e art. 79: “Prescrever medicamentos que não estejam
estabelecidos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprovada em
instituição de saúde, exceto em situações de emergência.” Em relação às definições
de condutas assistenciais e aplicação de critérios de elegibilidade para cuidados
paliativos, o profissional de enfermagem possui o direito, disposto no art. 4° desta
resolução, de “Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar
com responsabilidade, autonomia e liberdade, observando os preceitos éticos e
legais da profissão”. (COFEN, 2017, grifo nosso).
Por fim, todas as pessoas acometidas por doenças graves têm direito à
assistência à saúde que vise ao alívio do sofrimento e a melhora da qualidade de
vida, o que reforça a necessidade de que os cuidados paliativos, como direito
humano, estejam acessíveis à população. Neste sentido, e conforme já exposto, os
profissionais de Enfermagem devem agir conforme seu Código de Ética, que preza
pelo respeito, pela dignidade e pela autonomia da pessoa, família e comunidade
assistidas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº. 7. 498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício da enfermagem, e dá outras providências. Brasília: Cofen, 1986.
Disponível em: http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-
1986_4161.html. Acesso em: 15 dez. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução nº. 41, de 31 de outubro de 2018. Brasília,


DF: Ministério da Saúde, 2018. Disponível http://www.in.gov.br/materia/-
51

/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/51520746/do1-2018-11-23-resolucao-n-
41-de-31-de-outubro-de-2018-51520710. Acesso em: 15 dez. 2019.

BRENNAN, Frank et al. Palliative care as an international human right. Journal of


pain and symptom management, v. 33, n. 5, p. 494-499, maio 2007. Disponível:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0885392407001558. Acesso em:
15 dez. 2019.

CAMPOS, Carolina Lopes Cançado et al. Eutanásia. Revista Jurídica, v. 5, n. 1,


2016. Disponível em:
http://periodicos.redebatista.edu.br/index.php/RJ/article/view/228. Acesso em: 23 jun.
2020.

CANO, Carlos Wilson Alencar et al. Finitude da vida - compreensão conceitual da


eutanásia, distanásia e ortotanásia. Revista Bioética, v. 28, n. 2, 2020. Disponível
em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/1537/2396.
Acesso em: 23 jun. 2020.

D’ARCO, Cláudia et al. Obstinação terapêutica sob o referencial bioético da


vulnerabilidade na prática da enfermagem. Mundo Saúde, v. 40, n. 3, p. 382-389,
2016. Disponível:
https://www.researchgate.net/profile/Margareth_Priel/publication/310662741_Obstina
cao_terapeutica_sob_o_referencial_bioetico_da_vulnerabilidade_na_pratica_da_enf
ermagem/links/5a1433f9a6fdcc63d152bbe7/Obstinacao-terapeutica-sob-o-
referencial-bioetico-da-vulnerabilidade-na-pratica-da-enfermagem.pdf. Acesso em: 2
dez. 2019.

DADALTO, Luciana. Morte digna para quem? O direito fundamental de escolher seu
próprio fim. Pensar-Revista de Ciências Jurídicas, v. 24, n. 3, p. 1-11, 2019.
Disponível em: https://periodicos.unifor.br/rpen/article/view/9555. Acesso em: 2 dez.
2019.

FERREIRA Sidnei. A mistanásia como prática usual dos governos. Jornal do


Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, n. 324, p. 5,
mar./abr. 2019. Disponível em: http://www.cremerj.org.br/jornais/download/235.
Acesso em: 8 nov. 2019.

FREIRE, Elga René. Futilidade médica, da teoria à prática. Arquivos de Medicina, v.


29, n. 4, p. 98-102, 2015. Disponível em:
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0871-
34132015000400003&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 2 dez. 2019.
52

HERREROS, B.; PALACIOS, G.; PACHO, E. Limitación de les fuerzo terapéutico.


Revista Clínica Española, v. 212, n. 3, p. 134-40, 2012. Disponível em:
https://medes.com/publication/72855. Acesso em: 8 nov. 2019

JUNGES, José Roque et al. Reflexões legais e éticas sobre o final da vida: uma
discussão sobre a ortotanásia. Revista Bioética, v. 18, n. 2, p. 275-288, 2010.
Disponível em:
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/download/564/537.
Acesso em: 8 nov. 2019

KENNY, Nuala P. The death of children: Our failures and possibilities. Paediatr
Child Health. v. 8, n. 6, p. 337, 2003. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2795453/. Acesso em: 8 nov. 2019.

KIRA, C. M. Sedação paliativa. In.: ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS


PALIATIVOS. Manual de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.

KOVÁCS, Maria Julia. A caminho da morte com dignidade no século XXI. Revista.
Bioética, v. 22, n. 1, p. 94-104, 2014. Disponível em:
http://www.bioetica.org.br/library/modulos/varias_bioeticas/arquivos/Varias_Dignidad
e.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.

LANTOS, J. D. et al. The illusionoffutility in clinicalpractice. American Journal of


Medicine, v. 87, n. 1, p. 81-84, jul. 1989. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/2741985/. Acesso em: 8 nov. 2019.

LEE, K.J.; TIEVES, K.; SCANLON, M. C. Alterations in end-of-life support in the


pediatric intensive care unit. Pediatrics, v. 126, p. 4, p. 859-864, out. 2010.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20819890/. Acesso em: 8 nov. 2019.

LIMA, Cristina. Medicina High Tech, obstinação terapêutica e distanásia. Sociedade


Portuguesa de Medicina, v. 13, n. 2, p.79-82, abr./jun. 2006. Disponível em:
https://www.spmi.pt/revista/vol13/vol13_n2_2006_079_082.pdf. Acesso em: 8 nov.
2019.

LOHMAN, D.; AMON, J. J. Evaluating a human rights-based advocacy approach to


expanding access to pain medicines and palliative care: global advocacy and case
studies from India, Kenya, and Ukraine. Health Hum Rights, v. 17, n. 2, p. 149–65,
dez. 2015. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26766856/. Acesso em: 8
nov. 2019.
53

LUCA, Gabriela Barros de et al. Palliative care and human rights in patientcare: an
Armenia case study. Public Health Reviews, v. 38, n. 1, p. 18, 2017. Disponível em:
https://publichealthreviews.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40985-017-0062-7.
Acesso em: 15 dez. 2019.

MAZUTTI, Sandra Regina Gonzaga; NASCIMENTO, Andréia de Fátima; FUMIS,


Renata Rego Lins. Limitação de suporte avançado de vida em pacientes admitidos
em unidade de terapia intensiva com cuidados paliativos integrados. Revista
Brasileira de Terapia Intensiva, v. 28, n. 3, p. 294-300, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
507X2016000300294&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 23 jun. 2020.

MONTEIRO, Renata da Silva Fontes; SILVA JUNIOR, Aluísio Gomes da. Advance
Directive: historical course in Latin America. Revista Bioética, v. 27, n. 1, p. 86-97,
2019. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/bioet/v27n1/1983-8042-bioet-27-01-
0086.pdf. Acesso em: 23 jun. 2020.

OLIVEIRA, Aline Cristine de; SILVA, Maria Júlia Paes da. Autonomia em cuidados
paliativos: conceitos e percepções de uma equipe de saúde. Acta Paulista de
Enfermagem, v. 23, n. 2, p. 212-217, abr. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
21002010000200010&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 8 nov. 2019.

PESSINI Léo. Distanásia: até quando investir sem agredir? Revista Bioética, v. 4, n.
1, p. 1-11, 1996. Disponível em:
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/394/357.
Acesso em: 8 nov. 2019.

PINTO, C. S. Procedimentos sustentadores de vida em Cuidados Paliativos: uma


questão técnica e bioética. In: ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS.
Manual de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009, p. 195-201.

PUTZEL, E. L.; HILLESHEIN, K. D.; BONAMIGO, E. L. Ordem de não reanimar


pacientes em fase terminal sob a perspectiva de médicos. Revista Bioética, v. 24, n.
3, p. 596-602, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/bioet/v24n3/1983-
8042-bioet-24-03-0596.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.

SANTOS, Susana; ALMEIDA, Filipe. Decisões de não iniciar, limitar ou suspender


terapêutica nas unidades de cuidados intensivos pediátricos. Arquivos Medicina, v.
29, n. 3, p. 80-85, jun. 2015. Disponível em:
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0871-
34132015000300004. Acesso em: 8 nov. 2019.
54

SERRANO, I. Calvo. Nursing Care in the Limitation of Therapeutic Effort: right to life,
right to die. Revista de enfermeria, Barcelona-Spain, v. 39, n. 10, p. 8-17, 2016.
Disponível em: https://europepmc.org/article/med/30252394. Acesso em: 2 dez.
2019.

SILVA, Silvana Maria Aquino da. Quando o tratamento oncológico pode ser fútil? Do
ponto de vista da psicóloga. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 54, n. 4, p. 397-
399, 2008. Disponível em:
https://rbc.inca.gov.br/site/arquivos/n_54/v04/pdf/397_400__Quando_o_Tratamento_
Oncol%C3%B3gico_Pode_Ser_Futil_psicologa.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.

SAUNDERS, Cicely. Oxford Textbook of Palliative Medicine. 3. ed. Oxford: Oxford


University Press, 2004.

TABOADA, P. Bioethical principles in palliative care. In: BRUERA E, HIGGINSON I,


VON GUNTEN CF, MORITA T, (Ed.) Text book of Palliative Medicine. Boca Raton:
CRC Press; 2015.

WILKINSON, D. J. C; SAVULESCU J. Knowing when to stop: futility in the intensive


care unit. Curr. Opin. Anaesthesiol, v. 24, n. 2, p. 160-165, abr. 2011. Disponível
em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3252683/. Acesso em: 8 nov.
2019.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Definition of Palliative Care. 2018. Disponível


em: https://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/. Acesso em: 8 nov. 2019.
55
56

Você também pode gostar