Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
capa
2
CUIDADOS PALIATIVOS:
manual de orientações quanto a competência técnico-científica, ética e legal dos
profissionais de enfermagem
v. 1
BELO HORIZONTE-MG
2020
3
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
Membros:
Alexandre Ernesto Silva
Ana Cláudia Mesquita Garcia
Graziella Eugênio Tocafundo
Kátia Poles
Colaboração:
Octávia Maria Silva Gomes Lycarião
Débora Martins Silva
Rayssa Ayres Carvalho
Revisão ortográfica:
Eduardo Durães Júnior
v. 1 (Obra em 3 volumes)
ISBN
DIRETORIA DO COREN-MG:
Presidente: Carla Prado Silva
Vice-Presidente: Lisandra Caixeta de Aquino
Primeiro-Secretário: Érico Pereira Barbosa
Segundo-Secretário: Gustavo Adolfo Arantes
Primeira-Tesoureira: Vânia da Conceição Castro Gonçalves Ferreira
Segunda-Tesoureira: Vanda Lúcia Martins
SUPLENTES:
Alan Almeida Rocha
Cláudio Luís de Souza Santos
Enoch Dias Pereira
Elônio Stefaneli Gomes
Gilberto Gonçalves de Lima
Gilson Donizetti dos Santos
Jaime Bernardes Bueno Júnior
Kássia Juvêncio
Linda de Souza Leite Miranda Lima
Lívia Cozer Montenegro
Maria Magaly Aguiar Cândido
Mateus Oliveira Marcelino
Simone Cruz de Melo
Valdecir Aparecido Luiz
Valéria Aparecida dos Santos Rodrigues
DELEGADAS REGIONAIS
Efetiva: Carla Prado Silva
Suplente: Lisandra Caixeta Aquino
5
SEDE:
Rua da Bahia, 916 – 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 9º, 10º, 11º, 12º e 13º andares
Centro - Belo Horizonte/MG
CEP: 30160-011
Telefone: (31) 3238-7500
www.corenmg.gov.br
SUBSEÇÕES:
LISTA DE SIGLAS
CP Cuidados Paliativos
DNA Ácido Desoxirribonucleico
KPS Karnofsky Performance Scale
LET Limitação de Esforço Terapêutico
NYHA New York Heart Association
OMS Organização Mundial de Saúde
ONR Ordem de Não Ressuscitar/Não Reanimar
PPS Palliative Performance Scale
PR Prognóstico Reservado
SUS Sistema Único de Saúde
VEF1 Volume Expiratório Forçado
WHO World Health Organization
7
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .....................................................................................................8
3 MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA......................................................................22
APRESENTAÇÃO
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Carla Simone Leite de; SALES, Catarina Aparecida; MARCON, Sônia
Silva. The existence of nursing in caring for terminally ills’life: a phenomenological
study. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 48, n. 1, p. 34-40, 2014.
Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3610/361033335004.pdf. Acesso em: 8
nov. 2019.
CAPELAS, Manuel Luís et al. Cuidados paliativos: o que é importante saber. Patient
Care, p. 16-20, maio 2016. Disponível:
https://www.researchgate.net/profile/Manuel_Capelas/publication/305659147_Cuida
dos_Paliativos_O_que_e_importante_saber/links/57989fc108aeb0ffcd089a34/Cuida
dos-Paliativos-O-que-e-importante-saber.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.
SANTANA, Júlio César Batista; PESSINI, Leocir; SÁ, Ana Cristina de. Vivências de
profissionais da saúde frente ao cuidado de pacientes terminais. Enfermagem
Revista, v. 20, n. 1, p. 1-12, 2017. Disponível:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/enfermagemrevista/article/view/15410.
Acesso em: 8 nov. 2019.
2 DOR TOTAL
Kátia Poles
Débora Martins Silva
Octávia Maria Silva Gomes Lycarião
A OMS propõe algumas orientações para alívio da dor, a saber (WHO, 2018):
• acreditar sempre nas queixas do paciente.
• avaliar antes de tratar: estabelecer uma causa clara; conhecer as
experiências anteriores do paciente - colher história detalhada da dor
(semiologia); proceder a um exame físico cuidadoso e a eventuais exames
complementares úteis; caracterizá-la quanto à sua intensidade, qualidade,
cronologia, repercussão nas atividades diárias e no modo de alívio.
18
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Lucimeire Carvalho de; ROMERO, Bruna. Pain: evaluation of the fifth vital
sign. A theoretical reflection. Revista Dor, v. 16, n. 4, p. 291-296, 2015. Disponível
em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-
00132015000400291&script=sci_arttext. Acesso em: 8 nov. 2019.
BARROS, Marcela Milrea Araújo; LUIZ, Bruna Viana Scheffer; MATHIAS, Claice
Vieira. Pain as the fifth vital sign: nurse's practices and challenges in a neonatal
intensive unit care. BrJP, v. 2, n. 3, p. 232-236, 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2595-31922019000300232&script=sci_arttext.
Acesso em: 8 nov. 2019.
20
PEDROSO, Rene Antonio; CELICH, Kátia Lilian Sedrez. Dor: quinto sinal vital, um
desafio para o cuidar em enfermagem. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 15, n. 2,
p. 270-276, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
07072006000200011&script=sci_arttext. Acesso em: 8 nov. 2019.
3 MODALIDADES DE ASSISTÊNCIA
Kátia Poles
Débora Martins Silva
REFERÊNCIAS
ABREU, Carolina Becker Bueno de; FORTES, Paulo Antônio de Carvalho. Questões
éticas referentes às preferências do paciente em cuidados paliativos. Revista
26
Quem é o paciente?
Ter o conhecimento de quem é o paciente faz-se fundamental, pois deve-se
considerar a sua história de vida, de forma a estar ciente dos seus valores, idade,
29
Qual o diagnóstico?
Em relação ao diagnóstico, é primordial a sua definição para que possam ser
traçados os possíveis agravamentos decorrentes dele, ainda levando em conta as
morbidades que podem vir associadas e que são potenciais agravadores de piora
clínica do paciente (CARVALHO, 2018).
De forma a ser mais didático em relação à evolução natural das doenças de
acordo com o seu diagnóstico, foram estabelecidas curvas funcionais, através das
quais se observa o comportamento geral da doença. Essas curvas foram divididas
em três grandes grupos (CARVALHO, 2018):
A) Doenças Oncológicas
B) Doenças Crônicas
Pergunta surpresa
A pergunta surpresa é aquela que fará o profissional de saúde posicionar-se
perante a possibilidade do seu paciente falecer num período curto de tempo e indica
intuitivamente a condição de terminalidade em que ele se encontra. A resposta varia
de três meses a um ano, em que a frase consiste conforme o quadro abaixo
(ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS, 2012):
32
PERGUNTA SURPRESA
Ferramentas Auxiliares
Atividade e
Nível de
% Deambulação evidência da Auto-cuidado Ingestão
consciência
doença
Normal; sem
100 Completa evidência de Completo Normal Completa
doença
Normal; sem
90 Completa evidência de Completo Normal Completa
doença
Com esforço;
alguma
80 Completa Completo Normal Completa
evidência de
doença.
Incapaz para
o trabalho;
Normal ou
70 Reduzida alguma Completo Completa
reduzida
evidência de
doença.
Incapaz para
realizar Períodos de
Assistência Normal ou
60 Reduzida hobbies; confusão ou
ocasional Reduzida
doença. completa
significativa
Dificuldade
para qualquer Períodos de
Sentado ou Assistência Normal ou
50 trabalho; confusão ou
deitado considerável Reduzida
doença completa
extensa
Períodos de
Assistência Normal ou
40 Acamado Idem confusão ou
quase completa Reduzida
completa
Períodos de
Dependência
30 Acamado Idem Reduzida confusão ou
completa
completa
Ingestão Períodos de
20 Acamado Idem Idem limitada a confusão ou
colheradas completa
Cuidados Confusão ou
10 Acamado Idem Idem
com a boca em coma
0 Morte - - - -
Fonte: Instituto de saúde e gestão hospitalar, (2014, p. 11).
GRADUAÇÃO SIGNIFICADO
● SÍNDROMES DEMENCIAIS:
o Incapacidade de andar (restrito ao leito ou cadeira);
o Dependência considerável ou completa para atividades de vida diária;
o Incontinências;
o Impossibilidade de comunicação (menos de seis palavras inteligíveis);
o Comprometimento nutricional a despeito de suporte adequado;
o Albumina sérica < 2,5 mg/dl;
o Visitas frequentes à emergência por sintomas de descompensação clínica.
● SÍNDROME DE FRAGILIDADE:
o Confinamento ao leito
o Úlceras de pressão
o Perda de peso não intencional
o Albumina sérica < 2,5 mg/dl
o Visitas frequentes à emergência por sintomas de descompensação clínica
REFERÊNCIAS
Fonte: Elaborado pela autora Ana Cláudia Mesquita Garcia, baseando em KIRA, (2012),
CAMPOS et al. (2016); PESSINI, (1996); PINTO, (2012); CANO et al. (2020); FERREIRA,
(2019); JUNGES (2010); KÓVACS (2014);
Como abordagem que visa à busca pela qualidade de vida e pelo alívio do
sofrimento físico, psicológico, social e espiritual entre pessoas com doenças graves
e suas famílias/cuidadores, os cuidados paliativos devem ser disponibilizados a toda
a população. Espera-se que o maior número possível de pessoas tenha acesso a
esta abordagem de cuidados, visto que os cuidados paliativos são um direito
humano a ser garantido.
fim de vida (SANTOS, ALMEIDA, 2015). Ainda, estas decisões precedem grande
parte das mortes nos serviços de urgência e nas unidades de cuidados intensivos,
representando um tema de extrema complexidade (WILKINSON; SAVULESCU,
2011; LEE et al. 2010; MAZUTTI; NASCIMENTO; FUMIS, 2016).
A dignidade do paciente durante a sua doença e na aproximação à morte é a
base do processo relacionado às decisões de não iniciar, limitar ou suspender
terapêutica. Assim, é importante ressaltar que a tomada de tais decisões não pode,
em hipótese alguma, representar o abandono do paciente ou a suspensão de
tratamento que visa o alívio do sofrimento e, na medida do possível, o bem-estar
físico, psicológico, social e espiritual do paciente (SANTOS, ALMEIDA, 2015).
Neste contexto, é importante atentar para o significado de termos muitas
vezes utilizados de forma equivocada no contexto dos cuidados paliativos, como os
apresentados abaixo:
● Limitação de Esforço Terapêutico (LET) / Fora de Possibilidade
Terapêutica (FPT): O uso destas expressões tem sido questionado.
Estudiosos afirmam que a “limitação” não se restringe exclusivamente à
terapêutica, mas abrange também os procedimentos diagnósticos. Ainda,
este termo pode levar ao entendimento errôneo de que a “limitação de
esforço”, seja por parte do profissional de enfermagem ou mesmo de toda a
equipe de saúde, trata-se de não se empreender esforços para o melhor
tratamento do paciente assistido. Estar “fora de possibilidade terapêutica”
pode remeter ao “não há mais nada a se fazer”. Assim, tem sido proposta a
utilização da expressão “adequação de medidas” nas discussões pertinentes
à LET (HERREROS et al., 2012);
● Prognóstico Reservado (PR): Diz respeito a um prognóstico que é
incerto ou que pressupõe um desenlace negativo. Geralmente, o PR está
relacionado à ausência de possibilidades curativas (SILVA, 2008);
● Ordem de Não Ressuscitar/Não Reanimar (ONR): consiste na
manifestação expressa da recusa de reanimação cardiopulmonar por
paciente com doença avançada em progressão, em fase terminal de vida, em
perda irreversível de consciência ou que possa apresentar parada cardíaca
não tratável (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002; PUTZEL et al. 2016).
suspender terapêutica, esta deve ser encarada como um processo, que visa sempre
o melhor interesse do paciente e considera a proporcionalidade do tratamento
(SANTOS, ALMEIDA, 2015).
REFERÊNCIAS
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/51520746/do1-2018-11-23-resolucao-n-
41-de-31-de-outubro-de-2018-51520710. Acesso em: 15 dez. 2019.
DADALTO, Luciana. Morte digna para quem? O direito fundamental de escolher seu
próprio fim. Pensar-Revista de Ciências Jurídicas, v. 24, n. 3, p. 1-11, 2019.
Disponível em: https://periodicos.unifor.br/rpen/article/view/9555. Acesso em: 2 dez.
2019.
JUNGES, José Roque et al. Reflexões legais e éticas sobre o final da vida: uma
discussão sobre a ortotanásia. Revista Bioética, v. 18, n. 2, p. 275-288, 2010.
Disponível em:
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/download/564/537.
Acesso em: 8 nov. 2019
KENNY, Nuala P. The death of children: Our failures and possibilities. Paediatr
Child Health. v. 8, n. 6, p. 337, 2003. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2795453/. Acesso em: 8 nov. 2019.
KOVÁCS, Maria Julia. A caminho da morte com dignidade no século XXI. Revista.
Bioética, v. 22, n. 1, p. 94-104, 2014. Disponível em:
http://www.bioetica.org.br/library/modulos/varias_bioeticas/arquivos/Varias_Dignidad
e.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.
LUCA, Gabriela Barros de et al. Palliative care and human rights in patientcare: an
Armenia case study. Public Health Reviews, v. 38, n. 1, p. 18, 2017. Disponível em:
https://publichealthreviews.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40985-017-0062-7.
Acesso em: 15 dez. 2019.
MONTEIRO, Renata da Silva Fontes; SILVA JUNIOR, Aluísio Gomes da. Advance
Directive: historical course in Latin America. Revista Bioética, v. 27, n. 1, p. 86-97,
2019. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/bioet/v27n1/1983-8042-bioet-27-01-
0086.pdf. Acesso em: 23 jun. 2020.
OLIVEIRA, Aline Cristine de; SILVA, Maria Júlia Paes da. Autonomia em cuidados
paliativos: conceitos e percepções de uma equipe de saúde. Acta Paulista de
Enfermagem, v. 23, n. 2, p. 212-217, abr. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
21002010000200010&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 8 nov. 2019.
PESSINI Léo. Distanásia: até quando investir sem agredir? Revista Bioética, v. 4, n.
1, p. 1-11, 1996. Disponível em:
http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/394/357.
Acesso em: 8 nov. 2019.
SERRANO, I. Calvo. Nursing Care in the Limitation of Therapeutic Effort: right to life,
right to die. Revista de enfermeria, Barcelona-Spain, v. 39, n. 10, p. 8-17, 2016.
Disponível em: https://europepmc.org/article/med/30252394. Acesso em: 2 dez.
2019.
SILVA, Silvana Maria Aquino da. Quando o tratamento oncológico pode ser fútil? Do
ponto de vista da psicóloga. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 54, n. 4, p. 397-
399, 2008. Disponível em:
https://rbc.inca.gov.br/site/arquivos/n_54/v04/pdf/397_400__Quando_o_Tratamento_
Oncol%C3%B3gico_Pode_Ser_Futil_psicologa.pdf. Acesso em: 8 nov. 2019.