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CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS GERAIS

CÂMARA TÉCNICA
GRUPO DE TRABALHO DE TRANSPORTES NO ÂMBITO DE SAÚDE

COMPETÊNCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA E
ÉTICO-LEGAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NAS DIVERSAS
MODALIDADES DE TRANSPORTE EM SAÚDE:

Manual de Orientações

V. 2

BELO HORIZONTE-MG
2020
2020, Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais
Competência técnico-científica e ético-legal da equipe de enfermagem nas
diversas modalidades de transporte em saúde: manual de orientações, v. 2.

Obra produzida em dois volumes

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a
fonte.

Disponível em: http://www.corenmg.gov.br

Coordenação da Câmara Técnica:


Andréia Oliveira de Paula Murta

Membros:
Cristiano Melo de Azevedo
Laura Regina Alves Cafaggi
MonikeTathe Vieira Pedrosa
Octavia Maria Silva Gomes Lycarião

Colaboração:
Rayssa Ayres Carvalho

Revisão ortográfica:
Eduardo Durães Júnior

Ficha Catalográfica

C755c Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais.


Competência técnico-científica e ético-legal da equipe de
enfermagem nas diversas modalidades de transporte em saúde:
manual de orientações / Conselho Regional de Enfermagem de
Minas Gerais. -- Belo Horizonte: Coren-MG, 2020.
35p.
v. 2

ISBN

1. Enfermagem – modalidades de transporte em saúde

Elaborada pela Bibliotecária Meissane Andressa da Costa Leão CRB6/2353


PLENÁRIO DO COREN-MG (2018-2020)

DIRETORIA DO COREN-MG:
Presidente: Carla Prado Silva
Vice-Presidente: Elisandra Caixeta de Aquino
Primeira-Secretária: Érico Pereira Barbosa
Segunda-Secretária: Gustavo Adolfo Arantes
Primeira-Tesoureira: Vânia da Conceição Castro Gonçalves Ferreira
Segunda-Tesoureira: Vanda Lúcia Martins

DEMAIS MEMBROS EFETIVOS DO PLENÁRIO:


Christiane Mendes Viana
Elânia dos Santos Pereira
Ernandes Rodrigues Moraes
Fernanda Fagundes Azevedo Sideaux
Iranice dos Santos
Jarbas Vieira de Oliveira
Karina Porfírio Coelho
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SUPLENTES:
Alan Almeida Rocha
Claudio Luis de Souza Santos
Elcio Aparecido da Silva
ElônioStefaneli Gomes
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Gilson Donizetti dos Santos
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KássiaJuvencio
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Luciana de Oliveira Bianchini
Maria Magaly Aguiar Cândido
Mateus Oliveira Marcelino
Simone Cruz de Melo
Valdecir Aparecido Luiz
Valéria Aparecida dos Santos Rodrigues

COMITÊ PERMANENTE DE CONTROLE INTERNO


Elânia dos Santos Pereira - Auxiliar de enfermagem
Iranice dos Santos – Auxiliar de enfermagem
Jarbas Vieira de Oliveira – Enfermeiro

DELEGADAS REGIONAIS
Efetiva: Carla Prado Silva
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SEDE:

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SUBSEÇÕES: R. Dr. Manoel Esteves, 323


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TEÓFILO OTONI 3823-9723/ 7419/ 7519/ 9750
6

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................... 7

1- OUTROS TIPOS DE TRANSPORTE........................................................ 8

1.1 Transporte em saúde de material biológico............................................... 8

1.1.1 Transporte de sangue e hemocomponentes .......................................... 14

1.1.2 Transporte de órgãos e tecidos humanos para fins de transplante ........ 18

1.1.3 Transporte de imunobiológicos .............................................................. 24

CONCLUSÃO ....................................................................................... 32

APÊNDICE ............................................................................................ 34
7

APRESENTAÇÃO

Prezado profissional de Enfermagem,

Dando continuidade ao conteúdo do “Manual de Orientações Quanto à


Competência Técnico-Científica, Ético-Legal dos Profissionais de Enfermagem nas
Diversas Modalidades de Transporte em Saúde”, apresentamos agora o volume 2
da publicação.
Assim como o volume 1, que tratou do transporte de pessoas, o presente
manual foi elaborado pelo Grupo de Trabalho de Transportes da Câmara Técnica
(GT Transportes), formado por profissionais de Enfermagem altamente qualificados
no tema. Agora, o foco é o deslocamento de material biológico, dos resíduos dos
serviços de saúde e das equipes de saúde.
Após dois anos de trabalho intenso, conseguimos reunir informações
essenciais sobre um assunto tão importante para a Enfermagem. Nesta edição, você
encontrará orientações sobre como transportar hemocomponentes, órgãos e tecidos
humanos para fins de transplante e imunobiológicos.
Da mesma forma que na primeira publicação, este volume é uma resposta a
uma das dúvidas recebidas com mais frequência pelos profissionais que fazem parte
da Câmara Técnica do Coren-MG sobre qual seria a competência dos profissionais
de Enfermagem na realização das diversas modalidades de transporte em saúde.
Esperamos que nos dois volumes do manual você possa encontrar respostas
aos seus questionamentos e, com isso, desenvolver seu trabalho de maneira cada
vez melhor.

Tenha uma ótima leitura.

Enf.ª Carla Prado Silva


Presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG)
8

1 OUTROS TIPOS DE TRANSPORTE


1.1 Transporte em saúde de material biológico

Octávia Maria Silva Gomes Lycarião

Materiais biológicos humanos constituem-se em tecido ou fluido integrante do


organismo humano, infecciosos ou não, tais como excrementos, células, tecidos,
órgãos ou fluidos corporais, de origem humana ou isolados a partir destes. São
consideradas amostras de materiais biológicos de pacientes aquelas coletadas
diretamente de seres humanos, a exemplo de sangue e seus componentes, órgãos
e tecidos, excreções, secreções e amostras de fluidos do corpo (ANVISA, 2015).
O transporte de amostras de materiais biológicos pode ser realizado a partir
de diversos objetivos, dentre os quais, diagnóstico, ensino ou pesquisa, nos níveis
nacional e internacional. Normalmente, estas amostras precisam ser transportadas a
partir do momento de sua coleta até a análise/objetivo final. O processo do
transporte de materiais biológicos pode ocorrer dentro de uma única instituição ou
entre diferentes instituições na mesma cidade ou entre cidades, estados e países.
Desta forma, pode ser necessária a utilização de diferentes tipos de transporte
(terrestre, fluvial ou aéreo) no envio deste material (AIRES et al. 2015).
A Resolução de Diretoria Colegiada n° 20, de 10 de abril de 2014, define e
estabelece padrões sanitários para o transporte de material biológico de origem
humana em suas diferentes modalidades e formas, visando à garantia da
segurança, redução dos riscos sanitários e preservação da integridade do material
transportado. As atividades relacionadas ao transporte de materiais biológicos
devem ser devidamente padronizadas e registradas por todos os profissionais
envolvidos (ANVISA, 2014).

Aspecto técnico-científico
No dia a dia dos serviços de saúde, o transporte dos materiais biológicos faz-
se necessário em algumas situações, como para o encaminhamento de amostras de
materiais para exames, no processo de coleta, transfusão de sangue e
hemocomponentes e no transplante de órgãos e tecidos humanos. Neste contexto,
observa-se, com frequência, a atuação dos profissionais de enfermagem, os quais
9

possuem competência técnica – científica para realizar o transporte de materiais


biológicos.
Para a realização deste tipo de transporte, recomenda-se que o profissional
de enfermagem participe das atividades com responsabilidade, autonomia e
liberdade, preservando a comunicação adequada entre os membros da equipe
envolvidos. Além disso, torna-se importante que os profissionais detenham
conhecimento sobre prevenção de acidentes e que contem com auxílio na
supervisão, planejamento das tarefas e aquisição de habilidades para aumentar a
biossegurança (NEGRINHO et al., 2017).

Aspecto ético-legal
Sob o ponto de vista legal, não há impedimento para que a enfermagem
realize atividades de transporte de materiais biológicos. Trata-se de atividade
administrativa relacionada à assistência, mas que pode ser considerada de menor
complexidade técnica, e, por isso, qualquer pessoa, desde que capacitada, tem
condições de realizá-la.
O Decreto Regulamentador n° 94.406/87 elenca, em seu artigo 8°, as
seguintes atividades privativas dos Enfermeiros:
- Organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades
técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços;
- Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos
serviços da assistência de Enfermagem(...);
- Participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático
de danos que possam ser causados aos pacientes durante a assistência de
Enfermagem;
- Participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de
saúde, particularmente nos programas de educação continuada e
- Participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de
prevenção de acidentes e doenças profissionais e do trabalho.
Observa-se que o Enfermeiro é o responsável por organizar este processo de
trabalho, capacitar os profissionais e avaliar os fatores relacionados à assistência.
Isso inclui, também, a observação quanto ao dimensionamento adequado de
profissionais de enfermagem para que a eles possa ser designado o trabalho de
assistência.
10

Tais atividades não devem caber prioritariamente à assistência de


enfermagem, posto que somente pode ser realizada por profissionais habilitados.
Aos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem cabe assistir o Enfermeiro nas
atividades privativas e contribuir com a prestação de uma assistência de qualidade e
livre de danos. Estes profissionais devem estar sob supervisão do Enfermeiro
(BRASIL, 1987).
Em relação às questões éticas, a Resolução Cofen n° 564/17 dispõe como
direitos dos profissionais de enfermagem exercer a Enfermagem com liberdade,
segurança técnica, científica, ambiental e com autonomia e, ainda, “exercer cargos
de direção, gestão e coordenação, no âmbito da saúde ou de qualquer área direta
ou indiretamente relacionada ao exercício profissional da Enfermagem.”
Desta forma, conclui-se que os profissionais de enfermagem possuem
competência técnico-científica, ético-legal para realizar transporte em saúde de
materiais biológicos, como descrito no quadro a seguir:

QUADRO 1 - COMPETÊNCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA, ÉTICO-LEGAL DOS


PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO TRANSPORTE EM SAÚDE DE
MATERIAIS BIOLÓGICOS
O profissional de enfermagem possui competência técnico-científica, ética e legal
para a realização do transporte de materiais biológicos, desde que haja
dimensionamento adequado de profissionais.

Conforme Lei Federal nº 7.498/86 e Decreto Regulamentador nº 94.406/87, ao


Enfermeiro compete a organização e direção dos serviços de enfermagem e de
suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços.

Compete ao Técnico e ao Auxiliar de Enfermagem realizar o transporte de


materiais biológicos, sob orientação e supervisão do Enfermeiro.
Fonte: BRASIL, 1986; BRASIL, 1987.

Os profissionais envolvidos no transporte de materiais biológicos devem


dispor de equipamentos de proteção individual e coletiva, devendo ainda estar
vacinados, de acordo com as normas de saúde do trabalhador. Ademais, todas as
atividades críticas do transporte devem ser registradas pelos profissionais, por meio
físico ou eletrônico. O serviço responsável por esta atividade deve ainda contar com
instruções escritas, padronizadas, atualizadas e disponíveis a todo o pessoal
11

envolvido no processo de transporte dos materiais biológicos humanos (ANVISA,


2015).
No quadro abaixo, estão descritas as atribuições dos profissionais de
enfermagem no transporte de materiais biológicos.

QUADRO 2 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO


TRANSPORTE DE MATERIAIS BIOLÓGICOS
ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO

Realizar treinamentos acerca dos requisitos técnicos e legais estabelecidos na


legislação vigente sobre transporte de materiais biológicos, considerando as
características gerais do material que está sendo transportado (conservação e
risco biológico)

Participar da criação dos procedimentos operacionais padronizados para as fases


do transporte nas quais sua equipe participa, mantendo-os disponíveis a toda
equipe de enfermagem envolvida, por meio físico ou virtual

Promover uma logística adequada a ser utilizada para o trânsito, objetivando o


transporte seguro dos materiais
ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO, TÉCNICOS E AUXILIARES DE
ENFERMAGEM
Participar de treinamentos de forma a compreender toda a regulamentação
relativa à embalagem, rotulagem, transporte e documentação de transporte de
materiais biológicos

Adotar providências cabíveis em caso de acidente, avaria ou outro fato que


exponha o transportador, a população ou ambiente ao risco do material biológico
humano durante o trânsito, tais como: informar as autoridades locais competentes
sobre o fato, comunicar ao remetente e ao destinatário o ocorrido, dar destino aos
resíduos gerados de acordo com as informações fornecidas pelo remetente e
demais medidas de proteção à população e ao meio ambiente, quando couber,
documentar, registrar e arquivar as medidas adotadas

Transportar o material biológico de forma segura, obedecendo às normas de


biossegurança, com o propósito de assegurar a integridade e conservação, além
de prevenir a contaminação do material e do pessoal envolvido no transporte.
Utilizar devidamente os Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Verificar a integridade do recipiente em que está acondicionado o material


biológico, bem como realizar controle eficaz de sua temperatura
12

Transportar os materiais biológicos com a devida documentação, conforme


legislação vigente, para assegurar a rastreabilidade do processo
Documentar e registrar em documentos próprios sobre as questões de
acondicionamento e armazenamento do material biológico, durante o período de
recebimento, transporte e entrega do mesmo ao destinatário
Fonte: COFEN, 2016; ANVISA, 2014; ANVISA, 2015.

REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Manual de transporte de
material biológico humano para fins de diagnóstico clínico. Brasília: Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, 2015.Disponível em:
https://www.pncq.org.br/uploads/2015/not%C3%ADcias/Manual%20de%20Transport
e%20de%20Material%20Biolo_gico.pdf. Acesso em: 17 abr. 2020.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria


Colegiada - RDC Nº 20, de 10 de abril de 2014. Dispõe sobre regulamento sanitário
para o transporte de material biológico humano. Brasília: Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, 2014. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2867956/(1)RDC_20_2014_COMP.pdf/f
da4b2b9-fd01-483d-b006-b7ffcaa258ba. Acesso em: 17 abr. 2020

AIRES, Caio Augusto Martins. et al. Biossegurança em transporte de material


biológico no âmbito nacional: um guia breve. Revista Pan-Amazônica de Saúde.
Pará, v. 6, n. 2, p. 73-81, 2015. Disponível em:
http://scielo.iec.gov.br/pdf/rpas/v6n2/v6n2a10.pdf. Acesso em: 8 jun. 2020.

BRASIL. Decreto nº. 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº7.498,


de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, DF, 1987. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D94406.htm. Acesso em: 8
jun. 2020

BRASIL. Lei nº 7.498, de 25de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício da enfermagem, e dá outras providências. Presidência da República,
Brasília, DF, 1986. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7498.htm. Acesso em: 8 jun. 2020

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen nº 509, de 15


março de 2016. Anotação de Responsabilidade Técnica, pelo Serviço de
Enfermagem, bem como as atribuições do Enfermeiro Responsável Técnico, que
passam a ser regidas por esta Resolução. Brasília, DF: Cofen, 2016. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05092016-2_39205.html. Acesso em: 17
abr. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen nº 564, de 06


novembro de 2020. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem. 'Brasília, DF:
13

Cofen, 2017. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-


5642017_59145.html. Acesso em: 17 abr. 2020.

NEGRINHO, Nádia Bruna da Silva. et al. Fatores associados à exposição


ocupacional com material biológico entre profissionais de enfermagem. Revista
Brasileira de Enfermagem, [online], v. 70, n. 1, p. 133-138, jan./fev. 2017.
Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2670/267049841018.pdf. Acesso em: 8
jun. 2020
14

1.1.1Transporte de sangue e hemocomponentes

Octávia Maria Silva Gomes Lycarião


Cristiano Melo de Azevedo

O transporte é considerado um dos pontos importantes de controle no ciclo do


sangue, dada a necessidade de assegurar a obtenção de produtos com qualidade e
a segurança transfusional. Para que este processo ocorra de forma adequada, é
preciso seguir os requisitos estabelecidos pelas normas vigentes, que buscam
garantir a integridade, a estabilidade do material biológico transportado e a redução
dos riscos de exposição a microrganismos infecciosos durante o transporte. Várias
rotas de transporte podem ocorrer, tanto internas quanto externas aos serviços de
hemoterapia, considerando ainda as diversas finalidades do transporte de sangue e
componentes, que podem ser: triagem laboratorial, processamento, estoque,
distribuição, transfusão, pesquisa e realização de testes pré-transfusionais (ANVISA,
2016). A Portaria Conjunta n° 370, de 7 de maio de 2014, dispõe sobre regulamento
técnico-sanitário para o transporte de sangue e componentes, que é aplicável a
todos os profissionais envolvidos no transporte de sangue e hemocomponentes, tais
como remetente, transportador, destinatário, dentre outros. Esta Portaria visa à
garantia da segurança, minimização de riscos sanitários e preservação do material.
Em seu parágrafo único, do art. 3°, considera “sangue e componentes as amostras
de sangue de doadores transportados para triagem laboratorial, bolsas de sangue
transportadas para processamento, hemocomponentes transportados para estoque,
procedimentos especiais, transfusão e produção industrial e amostras de sangue de
receptores para teste laboratorial pré-transfusional”(ANVISA, 2014).
Desta maneira, considera-se como premissa inicial do processo regulatório de
transporte de sangue e componentes a garantia de meios para conservação das
propriedades terapêuticas e qualidade destes materiais durante o trânsito destes.
Por ser considerado um dos pontos críticos de controle no ciclo do sangue, caso
ocorram falhas neste processo, estas podem levar a consequências negativas na
terapêutica do paciente (ANVISA, 2016). Recomenda-se, portanto, que as atividades
desenvolvidas durante o transporte do sangue e de seus derivados estejam
15

descritas em procedimentos operacionais padrão e que sejam realizadas por


profissionais devidamente capacitados.

Aspecto técnico-científico e ético-legal


Os profissionais de enfermagem envolvidos no processo de transporte de
hemoderivados deverão receber treinamento específico, o que precisa ocorrer
sempre que houver alterações nos procedimentos (ANVISA, 2014). Os treinamentos
específicos devem levar à compreensão sobre as normativas existentes acerca do
acondicionamento, rotulagem, transporte e documentação de transporte de
substâncias infecciosas.
Os profissionais de enfermagem possuem competência técnica, ética e legal
para realizar o transporte de sangue e hemoderivados. No âmbito da equipe de
enfermagem, compete ao profissional Enfermeiro as funções de “planejar, executar,
coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos hemoterápicos e de
Enfermagem nas Unidades, visando assegurar a qualidade do sangue,
hemocomponentes e hemoderivados, coletados e infundidos”, conforme
estabelecido no Anexo I, Item IV da Resolução Cofen n° 629/2020. Cabe, no
entanto, a todo profissional de enfermagem, a oferta de assistência de enfermagem
livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência (COFEN, 2017).
Neste contexto, as competências dos profissionais de enfermagem estão
descritas no quadro a seguir.

QUADRO 3 - COMPETÊNCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA, ÉTICO-LEGAL DOS


PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO TRANSPORTE EM SAÚDE DE
SANGUE E HEMODERIVADOS

Os profissionais de enfermagem possuem competência técnico-científica, ética e


legal para a realização do transporte de sangue e hemoderivados.

Conforme Lei Federal n° 7.498/86 e Decreto Regulamentador n° 94.406/87, ao


Enfermeiro compete a organização e direção dos serviços de enfermagem e de
suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços.

Compete ao Técnico e ao Auxiliar de Enfermagem realizar o transporte de


hemoderivados, sob orientação e supervisão do Enfermeiro.
Fonte: BRASIL, 1986; BRASIL, 1987.
16

Quanto às atribuições dos profissionais de enfermagem no transporte de


sangue e de derivados, ressalta-se que aquelas descritas no Quadro 4 aplicam-se
também ao transporte de hemoderivados, considerando as devidas especificidades,
disponíveis nas regulamentações vigentes.
A seguir estão discriminadas algumas destas especificidades:

QUADRO 4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO


TRANSPORTE EM SAÚDE DE SANGUE E HEMODERIVADOS

ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO

Realizar ou participar da elaboração dos protocolos e Procedimentos Operacionais


Padrão: limpeza e higienização das caixas e veículos, manutenção da
temperatura ideal das cargas, carregamento da carga no veículo, procedimento
em caso de atrasos, acidentes ou outras não conformidades, descarregamento e
entrega da carga, documentos da carga, manuseio, conferência, dentre outros
Manter as operações de transporte registradas e padronizadas por meio de
instruções escritas atualizadas, aprovadas e disponíveis à consulta de toda a
equipe
Participar do planejamento do transporte, considerando as rotas, logística, tempo e
temperatura que deve ser mantida

Realizar treinamentos sistemáticos com a equipe, a fim de proporcionar acesso a


todas as informações específicas acerca deste transporte

ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO, TÉCNICOS E AUXILIARES DE


ENFERMAGEM

Garantir meios de conservação de suas propriedades terapêuticas e manutenção


da qualidade do produto durante o trânsito deste material
Utilizar barreiras individuais e coletivas (equipamento de proteção individual - EPI
e equipamento de proteção coletiva - EPC) para a sua proteção e para proteger os
pacientes, os materiais e o ambiente
Garantir a temperatura adequada em todo o trajeto, bem como a integridade física
deste material
Compreender toda a regulamentação relativa à embalagem, rotulagem, transporte
e documentação de transporte de substâncias infecciosas
Tomar providências cabíveis, caso ocorram acidentes, vazamentos ou outras
avarias que exponham o material infeccioso durante o transporte ao responsável
17

por ele

Evitar o manuseio da embalagem ou reduzi-lo ao mínimo necessário


Conferir adequadamente as informações dos rótulos, etiquetas, marcações e as
características gerais do material que está sendo transportado
Portar documentação específica exigida para o transporte de sangue e derivados,
segundo legislações vigentes, que permita a rastreabilidade da expedição/carga
transportada
Fonte: ANVISA, 2016

REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Manual de vigilância sanitária
para o transporte de sangue e componentes no âmbito da hemoterapia. 2. ed.
Brasília, DF: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2016. Disponível em:
https://www.pncq.org.br/uploads/2015/not%C3%ADcias/Manual%20de%20Transport
e%20de%20Material%20Biolo_gico.pdf. Acesso em: 17 abr. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria conjunta nº 370, de 7 de maio de 2014.


Dispõe sobre regulamento técnico-sanitário para o transporte de sangue e
componentes. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2014/poc0370_07_05_2014.html.
Acesso em: 17 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do
exercício profissional da enfermagem, e dá outras providências. Presidência da
República, Brasília, DF, 1986. Disponível em: Acesso em:
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html. 8 jun.
2020.

BRASIL. Decreto nº. 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº7.498,


de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, DF, 1986. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D94406.htm. Acesso em: 8
jun. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen nº 629, de 09


março de 2020. Aprova e Atualiza a Norma Técnica que dispõe sobre a Atuação de
Enfermeiro e de Técnico de Enfermagem em Hemoterapia. Brasília, DF: Cofen,
2020. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-629-
2020_77883.html. Acesso em: 17 abr. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen nº 564, de 06
novembro de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de
EnfermagemBrasília, DF: Cofen, 2017. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html. Acesso em: 17
abr. 2020.
18

1.1.2 Transporte de órgãos e tecidos humanos para fins de transplante

Octávia Maria Silva Gomes Lycarião


Cristiano Melo de Azevedo
Laura Regina Alves Cafaggi

A Resolução de Diretoria Colegiada nº 66, de 21 de dezembro de 2009, que


dispõe sobre o transporte no território nacional de órgãos humanos em hipotermia
para fins de transplantes, estabelece que tal tarefa deve ser realizada de forma
organizada e coordenada com todos os envolvidos (remetente, transportador,
destinatário) em tempo adequado, garantindo a qualidade, segurança e integridade
do material transportado.
Para efeito deste Regulamento considera-se o transporte como o conjunto
de atividades relacionadas ao acondicionamento, embalagem, rotulagem,
sinalização, transferência, armazenamento temporário, transbordo, entrega
e recebimento do órgão humano transportado. (ANVISA, 2009).

Em relação ao transporte de órgãos e tecidos humanos, o anexo da


Resolução Cofen n° 611/2019 dispõe de normas para atuação da equipe de
enfermagem no processo de doação e transplante destes materiais, considerando
privativo do Enfermeiro “executar e/ou supervisionar o acondicionamento do órgão
até a cirurgia de implante do mesmo, ou transporte para outra instituição,
observando as disposições da Portaria MS n° 2.600/2001” (COFEN, 2019).
Destarte, a participação do Enfermeiro durante o processo de transporte de
órgãos e tecidos humanos irá colaborar para o sucesso do transplante realizado. Isto
porque suas atribuições englobam estratégias que garantem o transporte adequado,
a integridade do órgão ou tecido transportado e, assim, minimizam impactos para o
transplante que será realizado no receptor.

Aspecto técnico-científico e ético-legal

Sob o aspecto técnico-científico, torna-se imperativo reiterar a participação do


Enfermeiro durante o processo de transporte de órgãos e tecidos humanos para fins
19

de transplante, para execução de suas atividades privativas, considerando as


especificidades e a complexidade técnica desta atividade.
A Resolução Cofen n°611/2019 cita ainda que compete aos profissionais de
enfermagem “participar de todo processo de doação de órgãos e tecidos para
transplante, de acordo com sua competência técnica e legal”, incluindo-se aqui,
também, o transporte. Considerando a Lei do Exercício Profissional, acrescenta-se
que Técnicos e Auxiliares de Enfermagem devem estar supervisionados pelo
Enfermeiro.
O profissional de enfermagem deve “exigir documento de identificação da
pessoa responsável pelo transporte do órgão/tecido, autorizado pela CNCDO”
(COFEN, 2019).
Quanto ao aspecto ético, o art. 82 da Resolução Cofen nº 564/2017 proíbe
aos profissionais de enfermagem “a colaboração direta ou indiretamente, com outros
profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da legislação
referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução
assistida ou manipulação genética”.
No quadro abaixo, estão descritas as competências técnico-científicas, ético-
legais da equipe de Enfermagem no transporte de órgãos e tecidos humanos para
fins de transplante.

QUADRO 5 - COMPETÊNCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA, ÉTICO-LEGAL DOS


PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO TRANSPORTE DE ÓRGÃOS E
TECIDOS HUMANOS PARA FINS DE TRANSPLANTE

O profissional de enfermagem possui competência técnico-científica, ética e legal


para a realização do transporte de órgãos e tecidos humanos.
Compete ao Enfermeiro executar e/ou supervisionar o acondicionamento do órgão
até a cirurgia de implante do mesmo, ou transporte para outra instituição, em
situações de transplante.

Compete ao Técnico de Enfermagem participar de todo processo de doação de


órgãos e tecidos para transplante, de acordo com sua competência técnica e legal,
estabelecida pela Lei do Exercício Profissional, supervisionado pelo Enfermeiro.
Desta forma, cabe a este profissional assistir o Enfermeiro no que se refere ao
acondicionamento e transporte de órgãos, para fins de transplante.

O Auxiliar de Enfermagem poderá participar de tarefas de transporte relacionadas


20

ao transplante, desde que delegadas e supervisionadas pelo Enfermeiro, ao nível


de sua qualificação.
Fonte: BRASIL, 1987; COFEN, 2019

As atribuições da equipe de enfermagem no transporte de órgãos e tecidos


para fins de transplante estão abaixo descritas, considerando as normativas citadas
na RDC n° 66 de 2009 e recomendações da Central de Notificação, Captação e
Distribuição de Órgãos - CNCDO.
Nestas centrais, existem equipes especializadas e estabelecimentos de saúde
autorizados para realizar diagnóstico de morte encefálica, retirada de órgãos e
tecidos e transplantes e enxertos (BRASIL, 2017).

QUADRO 6 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO


TRANSPORTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS PARA FINS DE TRANSPLANTE

ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO

Portar adequadamente o documento de identificação da pessoa responsável pelo


transporte do órgão/tecido, autorizado pela CNNCDO

Executar e/ou supervisionar o acondicionamento do órgão destinado ao


transplante até a cirurgia de implante do mesmo, ou transporte para outra
instituição
Controlar e supervisionar a temperatura das caixas térmicas nas quais os órgãos e
tecidos serão acondicionados nos momentos que antecedem o transporte, durante
o transporte e até o início do processo de transplante
Controlar a temperatura das caixas térmicas nas quais os órgãos e tecidos estão
acondicionados na fase perioperatória

Documentar e registrar em documentos próprios (plano de transporte) as questões


sobre acondicionamento e armazenamento do órgão ou tecido, durante o período
de recebimento, transporte e entrega do mesmo ao destinatário

Proporcionar condições para o aprimoramento e capacitação dos Profissionais de


Enfermagem envolvidos com o processo de doação, através de cursos e estágios
em instituições afins, considerando as funções desempenhadas pela categoria
profissional específica
21

Manter escritas, atualizadas e disponíveis para a equipe de enfermagem as


instruções sobre acondicionamento e armazenamento de órgãos humanos no
transporte

ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO, TÉCNICOS E AUXILIARES DE


ENFERMAGEM

Participar dos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde,


relacionado ao transporte de tecidos e órgãos humanos para fins de transplante

Transportar os órgãos humanos de forma segura, obedecendo às normas de


biossegurança, com o propósito de assegurar a integridade e conservação, além
de prevenir a contaminação do material e do pessoal envolvido no transporte.
Utilizar devidamente os Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Transportar os órgãos para transplantes acompanhados da devida documentação,


conforme legislação vigente, para assegurar a rastreabilidade do processo

Não transportar órgãos humanos para fins de transplantes com outro tipo de carga
que ofereça risco em relação à contaminação cruzada

Adotar providências cabíveis em caso de acidente, avaria ou outro fato que


exponha o transportador, a população ou ambiente ao risco do material biológico
humano durante o trânsito, tais como: informar as autoridades locais competentes
sobre o fato, comunicar ao remetente e ao destinatário o ocorrido, dar destino aos
resíduos gerados de acordo com as informações fornecidas pelo remetente e
demais medidas de proteção à população e ao meio ambiente, e, quando couber,
documentar, registrar e arquivar as medidas adotadas

Exigir documento de identificação da pessoa responsável pelo transporte do


órgão/tecido, autorizado pela CNCDO

Fonte: ANVISA, 2009; ANVISA, 2014; COFEN, 2019; BRASIL, 2009.

O transporte de materiais biológicos é considerado uma atividade complexa,


que pode ser executada pelos profissionais de enfermagem, levando em conta as
competências de cada categoria profissional. Para realização destes transportes,
devem ser observados os requisitos específicos de segurança e manutenção da
qualidade dos produtos transportados, descritos nas regulamentações vigentes
(ANVISA, 2015).
22

O profissional de enfermagem envolvido nesta tarefa deve estar efetivamente


capacitado e ainda obedecer às normas de biossegurança, de forma a prevenir
riscos de exposição direta ao material biológico humano.
É importante ressaltar que tais atividades podem ser delegadas aos
profissionais de enfermagem em instituições que possuam dimensionamento
adequado, garantindo assim segurança técnica tanto ao transporte quanto à
assistência aos pacientes.

REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria
Colegiada - RDC nº 66, de 21 de dezembro de 2009. Dispõe sobre o transporte no
território nacional de órgãos humanos em hipotermia para fins de transplantes.
Brasília: AgênciaNacional de Vigilância Sanitária, 2014. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2009/rdc0066_21_12_2009.html.
Acesso em: 17 abr. 2020.

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria


Colegiada - RDC Nº 20, de 10 de abril de 2014. Dispõe sobre regulamento sanitário
para otransporte de material biológico humano. Brasília: Agência Nacional de
VigilânciaSanitária, 2014. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2867956/(1)RDC_20_2014_COMP.pdf/f
da4b2b9-fd01-483d-b006-b7ffcaa258ba. Acesso em: 17 abr. 2020

BRASIL. Ministério da Saúde. Central Estadual de Transplantes (CET), [2017?].


Disponível em:https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-
orgaos/centralestadual-de-transplantes-cet. Acesso em: 5 jun. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.600, de 21 de outubro de 2009. Aprova


o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes. Brasília: Ministério da
Saúde, 2009. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt2600_21_10_2009.html.
Acesso em: 17 abr. 2020.

BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício profissional da enfermagem, e dá outras providências. Presidência da
República, Brasília, DF, 1986. Disponível em: Acesso em:
http://www.cofen.gov.br/lein-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html. 8 jun.
2020.

BRASIL. Decreto nº. 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº7.498,


de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, DF, 1987. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/19801989/D94406.htm.
Acesso em: 8jun. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen nº 611, de 30 de
julho de 2019. Atualiza a normatização referente à atuação da Equipe de
23

Enfermagem no processo de doação de órgãos e tecidos para transplante, e dá


outras providências. Brasília, DF, 2019. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-611-2019_72858.html. Acesso em: 17
abr. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen nº 564, de 06


novembro de2020. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem. Brasília, DF, 2016. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-
cofen-no5642017_59145.html. Acesso em: 17 abr. 2020.
24

1.1.3 Transporte de imunobiológicos

Octávia Maria Silva Gomes Lycarião


MonikeTathe Vieira Pedrosa

Imunobiológicos são substâncias terapêuticas, capazes de propiciar ou induzir


imunidade específica ao organismo, quando inoculadas. A imunidade ativa é
adquirida através da administração das vacinas e a imunidade passiva por meio da
administração de anticorpos contra uma infecção específica. Quando colhidos dos
seres humanos, os anticorpos recebem o nome de imunoglobulinas, quando
colhidos dos animais são chamados de soros (BRASIL, 2014). Portanto, os
imunobiológicos constituem-se de vacinas, soros e imunoglobulinas, substâncias
capazes de atuar no sistema imunológico do organismo, protegê-lo contra doenças
ou reduzir possíveis agravos (BRASIL, 2017a).
Os imunobiológicos são produtos sensíveis às alterações de temperatura e à
presença de luz e, desta forma, necessitam ser adequadamente armazenados e
transportados, a fim de preservar sua qualidade e capacidade de resposta no
organismo. Estes são alguns dos objetivos do PNI (Programa Nacional de
Imunizações), que preza pela garantia da qualidade dos imunobiológicos destinados
à população. A PNI conta com a Rede de Frios, que normatiza e avalia todo o
processo de conservação dos imunobiológicos, desde a etapa de recebimento (do
laboratório produtor) até o momento em que estas substâncias são recebidas pelos
usuários, o que inclui o transporte. Toda a estrutura da Rede de Frios é organizada
de forma a garantir que os imunobiológicos permaneçam conservados a uma
temperatura entre +2°C e +8°C na instância local ou -20°C em instância central.
Ademais, os laboratórios produtores destas substâncias padronizam suas
apresentações e condições ideais de armazenamento, o que deve ser observado
pelo profissional responsável pelo transporte (BRASIL, 2017a).
O transporte de imunobiológicos da Rede de Frios do PNI pode ser realizado
pelas vias terrestre, aérea ou aquática, a depender das condições logísticas dos
locais de origem e destino e do volume de imunobiológicos que serão transportados.
Reitera-se a importância do controle da temperatura e de outros aspectos que
possam comprometer as características de origem do produto durante o transporte,
25

conforme previsto no art. 61 da Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe


sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os
insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, e dá
outras providências:
[...] os produtos que exijam condições especiais de armazenamento e
guarda, os veículos utilizados no seu transporte deverão ser dotados de
equipamento que possibilite acondicionamento e conservação capazes de
assegurar as condições de pureza, segurança e eficácia do produto.
(BRASIL, 1976).

Outras recomendações durante o transporte de imunobiológicos precisam ser


observadas, a exemplo da necessidade de preservação das cargas à exposição a
choques mecânicos, a utilização dos equipamentos apropriados e de termômetros
tipo “data loggers” (que monitoram a temperatura no percurso e registram o
momento e o intervalo de tempo durante o qual o imunobiológico possa ter sido
exposto a eventuais alterações de temperatura), devidamente calibrados. As caixas
de poliuretano são bastante indicadas para o transporte entre instâncias da Rede de
Frios pelas características apresentadas, tais como durabilidade, facilidade de
higienização e maior resistência do material construtivo. Informa-se ainda que, em
transportes por via aquática e dependendo do percurso, é recomendável que o
barco seja equipado com gerador (fonte de energia), a fim de que se mantenha a
temperatura adequada. O monitoramento desta deve ocorrer durante todo o trajeto
(BRASIL, 2017a).
Independente da via de trajeto utilizada, em havendo quaisquer ocorrências
ao longo do percurso (relacionadas às condições ideais de preservação ou à
integridade do produto transportado) estas deverão ser devidamente registradas e
comunicadas à instância responsável. Observa-se, pela natureza destas e das
outras informações descritas, que a capacitação das pessoas envolvidas, o
desenvolvimento de competências e o treinamento permanente dos profissionais
envolvidos no transporte de imunobiológicos tornam-se essenciais (BRASIL, 2017).

Atuação da Equipe de Enfermagem no transporte de imunobiológicos


Aspectos técnico-científicos e ético-legais
O transporte dos imunobiológicos constitui-se em atividade de menor
complexidade técnica, que não está prevista como privativa para nenhuma profissão
26

da área da saúde e que, portanto, pode ser realizada por qualquer pessoa
devidamente capacitada.
Dentre as categorias profissionais que desenvolvem atividades relacionadas à
Rede de Frios, considera-se que os profissionais de enfermagem detêm
conhecimento técnico-científico para realizá-las. Apesar do Manual de Rede de Frios
(2017), citar somente o Enfermeiro e o Auxiliar de Enfermagem, no âmbito da equipe
de enfermagem, para execução dessas atividades, entende-se que o Técnico de
Enfermagem também possui competência para participar desta equipe,
considerando o disposto na Lei Federal n° 7.498/1986.
De acordo com o Manual de Rede de Frios do Programa Nacional de
Imunizações (2017), o transporte de imunobiológicos pode ser realizado:

- Entre grandes distâncias e entre diferentes instâncias (federal,


estadual, municipal e local)
Os serviços que optarem por realizar o transporte de imunobiológicos
contando com profissionais de enfermagem devem dispor de quantitativo suficiente
de pessoal, especificamente para realizar esta função;
- Entre distâncias menores, como é o caso do transporte de
imunobiológicos para atividades de saúde extramuros (ex: vacinação da
população residente na zona rural, vacinação em domicílio, dentre outras).
Nestas situações, o acondicionamento e transporte dos imunobiológicos são
inerentes às atividades desenvolvidas pelos profissionais de enfermagem que
compõem as equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Equipes de Saúde da
Família (ESF) ou até mesmo dos laboratórios que prestam estes serviços.
No âmbito da equipe de enfermagem, é função do Enfermeiro responsável
pelo serviço realizar cálculo de dimensionamento de pessoal de enfermagem,
prevendo esta atividade. O Enfermeiro é também o profissional responsável por
organizar o serviço, utilizando-se de instrumentos administrativos, tais como manual
de normas e rotinas, protocolos e procedimentos operacionaispadrão. Cabe ainda a
este profissional promover a qualidade e desenvolvimento de uma assistência de
enfermagem segura, através da promoção de treinamentos e educação continuada
da equipe (COFEN, 2016).
Sob o viés ético, a Resolução Cofen n° 564/2017 dispõe sobre os direitos dos
profissionais de enfermagem na participação da prática multiprofissional,
27

interdisciplinar e transdisciplinar e na ocupação de cargos de direção, gestão e


coordenação, no âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente
relacionada ao exercício profissional da Enfermagem. E ainda, no âmbito dos
deveres dos profissionais, dispõe sobre o dever de aprimorar os conhecimentos
técnico-científicos, ético-políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da
pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão.
Portanto, os profissionais de enfermagem possuem competência técnico-
científica, ética e legal para realizar o transporte de imunobiológicos.

QUADRO 7 - COMPETÊNCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA, ÉTICO-LEGAL DOS


PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO TRANSPORTE DE
IMUNOBIOLÓGICOS

O profissional de enfermagem possui competência técnico-científica, ética e legal


para a realização do transporte de imunobiológicos.

O Enfermeiro possui competência técnico-científica e ético-legal, conforme Lei


Federal n° 7.498/86 e Decreto n° 94.406/87, para a organização e direção dos
serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas
prestadoras desses serviços.

O Técnico e o Auxiliar de Enfermagem possuem competência técnico-científica e


ético-legal para executar tarefas referentes à conservação e aplicação de vacinas
sob supervisão do Enfermeiro, conforme Decreto Regulamentador n° 94.406/87.
Fonte: Brasil, 1986; Brasil, 1987.

Considerando as competências de cada membro da equipe de enfermagem,


estão descritas abaixo as atribuições dos profissionais de enfermagem no transporte
de imunobiológicos, considerando que, conforme Lei Federal n° 7.498/86 e Decreto
n° 94.406/87, cabe ao Enfermeiro supervisionar e avaliar as ações da equipe de
enfermagem.
Importante reiterar a necessidade de registros formais das ações de
enfermagem realizadas no transporte de imunobiológicos, atividades também
previstas no art. 36 da Resolução Cofen nº 564/2017: “Registrar no prontuário e em
outros documentos as informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar
de forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras.” A Resolução
Cofen n° 429/2012 dispõe sobre a necessidade do registro, em documentos próprios
28

da área, de informações inerentes ao gerenciamento dos processos de trabalho,


sendo obrigatório, conforme disposto na Resolução Cofen n° 545/2017, o uso do
carimbo “em todo documento firmado, quando do exercício profissional, em
cumprimento ao Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem”.

QUADRO 8 -ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO


TRANSPORTE EM SAÚDE DE IMUNOBIOLÓGICOS

ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO
Realizar ou participar da elaboração dos protocolos e Procedimentos Operacionais
Padrão descrevendo os tipos de transporte (aéreo, marítimo, terrestre, etc)
necessários durante toda a rota e especificando em que condições ocorrem
(caminhão refrigerado, por exemplo) e por quanto tempo

Garantir que os monitores de temperatura sejam calibrados periodicamente, a fim


de que operem dentro das especificações do fabricante e capazes de registrar a
temperatura a cada intervalo de tempo

Participar do planejamento e caracterização das rotas, que é o mapeamento


detalhado da origem até o destino, considerando todos os nós logísticos e o(s)
tipo(s) de transporte, bem como o tempo de cada etapa
Manter as operações de transporte registradas e padronizadas por meio de
instruções escritas atualizadas, aprovadas e disponíveis à consulta de toda a
equipe
Realizar treinamentos sistemáticos com a equipe, a fim de proporcionar acesso a
todas as informações específicas acerca deste transporte

ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO, TÉCNICOS E AUXILIARES DE


ENFERMAGEM

Conhecer, monitorar, controlar e documentar as atividades de armazenagem,


distribuição e transporte de produtos sensíveis à temperatura, buscando sempre a
otimização da cadeia de frio
Participar periodicamente das capacitações oferecidas pelo serviço nos temas
relacionados à conservação, armazenamento e transporte de imunobiológicos
Monitorar a temperatura dos imunobiológicos ao longo de todo o transporte e
registrar as temperaturas mínima e máxima

Garantir meios de conservação de suas propriedades terapêuticas e manutenção


da qualidade do produto durante o trânsito deste material
29

Utilizar barreiras individuais e coletivas (equipamento de proteção individual - EPI


e equipamento de proteção coletiva - EPC) para a sua proteção e para proteger os
materiais e o ambiente
Tomar providências cabíveis, caso ocorram acidentes, vazamentos ou outras
avarias que exponham o material durante o transporte, e comunicar o fato ao
responsável pelo transporte
Portar documentação específica exigida para o transporte de imunobiológicos,
segundo legislações vigentes, que permita a rastreabilidade da expedição/carga
transportada
Fonte: ANVISA, 2017; BRASIL, 2017a; BRASIL, 2017b.

O transporte de imunobiológicos deve ser executado no contexto da


Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), ou seja, do planejamento e
organização da assistência de enfermagem nos serviços de saúde. Estas são
atribuições do profissional Enfermeiro, no âmbito da equipe de enfermagem. Porém,
cabe também aos outros profissionais, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, a
participação e a responsabilidade em aplicar os protocolos, treinamentos e
planejamentos realizados. O transporte de imunobiológicos é parte da gestão de um
grande processo, englobado no Programa Nacional de Imunização (PNI), que se
caracteriza por especial impacto social e na saúde pública.

QUADRO 9 – INFORMAÇÕES IMPORTANTES

Em nosso país, orientações legais são expressas em relação ao


armazenamento do sangue e derivados e são, por analogia, aplicáveis aos
imunobiológicos da Rede de Frios. Isto ocorre porque ambos dependem do
controle adequado de temperaturas e da uniformidade da distribuição desta no
interior dos equipamentos de refrigeração apropriados para armazenamento.
Neste sentido, faz-se importante observar, conforme descrito no Manual de
Rede de Frios do Programa Nacional de Imunizações:
• RDC nº 34, de 11 de junho de 2014, que dispõe sobre as boas práticas no ciclo do
sangue;

• Portaria Ministerial n° 158, de 4 de fevereiro de 2016, que revisou os requisitos de


temperatura para conservação do sangue e hemocomponentes.
30

O transporte e o armazenamento das vacinas devem ainda obedecer a


orientações e normas vigentes, dada sua composição (vírus ou bactérias vivos
atenuados), tais como:

• ABNT NBR7500:2013 – Identificação para o transporte terrestre, manuseio,


movimentação e armazenamento de produtos;

• ABNT NBR15481:2013 – Transporte rodoviário de produtos perigosos – requisitos


mínimos de segurança;

• ABNT NBR 7501:2011 – Transporte terrestre de produtos perigosos – terminologia;

• ABNT NBR 9735:2014 – Conjunto de equipamentos para emergências no


transporte terrestre de produtos perigosos.
FONTE: BRASIL, 2017.

REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria
Colegiada (RDC) nº 197, de 26 de dezembro de 2017. Dispõe sobre os requisitos
mínimos para o funcionamento dos serviços de vacinação humana. Brasília, DF:
ANVISA, 2017. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/3388061/RDC_197_2017_.pdf/316268f4
-2645-42b6-b948-21412fc60f75. Acesso em: 8 jun. 2020.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia para a qualificação de


transporte dos produtos biológicos. Brasília, DF: ANVISA, n. 2, abr. 2017b.
Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/3364738/%281%29GUIA+PARA+A+QU
ALIFICA%C3%87%C3%83O+DE+TRANSPORTE+DOS+PRODUTOS+BIOL%C3%9
3GICOS+final.pdf/f4ac9ff6-6877-4880-99d8-19dd404bdaab. Acesso em: 8 jun. 2020.

BRASIL. Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976. Dispõe sobre a Vigilância


Sanitária a que ficam sujeitos os Medicamentos, as Drogas, os Insumos
Farmacêuticos e Correlatos, Cosméticos, Saneantes e Outros Produtos, e dá outras
Providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6360.htm.
Acesso em: 8 jun. 2020.

BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício profissional da enfermagem, e dá outras providências. Disponível em:
Acesso em: http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-
1986_4161.html. 8 jun. 2020.

BRASIL. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº7.498,


de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras
providências. Presidência da República, Brasília, DF, 1987. Disponível em:
31

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D94406.htm. Acesso em: 8


jun. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual dos Centros de Referência para


Imunobiológicos Especiais. 4. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014.
Disponível em:
https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/137/2016/07/manual_CRIE_7out14.pdf.
Acesso em: 8 jun. 2020

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de rede de frio do Programa Nacional de


imunização. 5. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017a. Disponível em:
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/rede_frio_2017_web_VF.pdf. Acesso em:
19 nov. 2018.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº 429, de 30 de maio de


2012. Dispõe sobre o registro das ações profissionais no prontuário do paciente, e
em outros documentos próprios da enfermagem, independente do meio de suporte –
tradicional ou eletrônico. Brasília, DF: Cofen, 2012. Disponível
em:http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-n-4292012_9263.html. Acesso em: 8 jun.
2020.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº 509, de 15 de março de


2016. Atualiza a norma técnica para Anotação de Responsabilidade Técnica pelo
Serviço de Enfermagem e define as atribuições do Enfermeiro responsável técnico.
Brasília, DF: Cofen, 2016. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-
no-05092016-2_39205.html. Acesso em: 8 jun. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº 545, de 9 de maio de


2017. Atualiza a norma que dispõe sobre a forma de anotação e o uso do número
de inscrição pelos profissionais de enfermagem. Brasília, DF: Cofen, 2017.
Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05452017_52030.html.
Acesso em: 8 jun. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº 564, de 6 de novembro


de 2017. Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Brasília,
DF: Cofen, 2017. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-
5642017_59145.html. Acesso em: 8 jun. 2020.
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CONCLUSÃO

O “Manual de Orientações quanto à competência técnico-científica, ético-legal


da equipe de enfermagem nas diversas modalidades de transporte em saúde” foi
construído com base na Lei Federal n°. 7.498, de 25 de junho de 1986, no Decreto
n°. 94.406, de 08 de junho de 1987, nas resoluções do Sistema Cofen/Conselhos
Regionais de Enfermagem e no referencial bibliográfico mais atualizado sobre as
questões inerentes ao transporte no âmbito dos serviços de saúde.
A assistência de enfermagem prestada com qualidade deve ser o objetivo
buscado por todos os profissionais nas atividades em que executa. Neste sentido, as
considerações técnico-científicas e ético-legais devem ser norteadoras das decisões
tomadas diariamente por estes profissionais. A busca por atualização dos
conhecimentos, pautados em bibliografias publicadas e reconhecidas deve compor o
fazer profissional. Aliado a isto devem estar as condutas éticas bem estabelecidas e
o seguimento das legislações que sedimentam o exercício da enfermagem.
A conduta ética durante a realização do transporte deve ser observada pelos
profissionais de enfermagem à luz da Resolução Cofen n° 564/2017, que traz como
direitos o aprimoramento de seus conhecimentos técnico-científicos, ético-políticos,
socioeducativos, históricos e culturais que dão sustentação à prática profissional e a
aplicação do processo de Enfermagem como instrumento metodológico para
planejar, implementar, avaliar e documentar o cuidado à pessoa, família e
coletividade. A recusa sobre a execução de atividades que não sejam de sua
competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao
profissional, à pessoa, à família e à coletividade também é direito dos profissionais
de enfermagem.
Desta forma, estes profissionais devem manter-se atualizados para a
realização de transportes, o que pode ocorrer através da participação de
capacitações realizadas na instituição em que trabalha, como também pela própria
busca individual do conhecimento necessário para realizar suas atribuições. O
direito de recusar-se a realizar de atividades que não sejam de sua competência
técnico-científica, ética e legal caminha junto com o dever de somente aceitar
encargos ou atribuições quando apto para o desempenho seguro. Portanto, é
resguardado o direito de recusa a realizar atividades que não sejam de sua
competência, da mesma forma em que há o dever de prestar assistência livre de
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danos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência. Observa-se que para


todo direito há um dever correspondente. O profissional de enfermagem deve ter
discernimento e responsabilidade ao se recusar a realizar qualquer procedimento e
analisar a situação frente ao custo-benefício e riscos para o paciente, com bom
senso e responsabilidade, lembrando que possui autonomia e responde por seus
atos.
Dentre os deveres ainda dispostos na Resolução Cofen n° 564/2017 está o de
“registrar no prontuário e em outros documentos as informações inerentes e
indispensáveis ao processo de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica, legível,
completa e sem rasuras.” Ademais, o registro da assistência de enfermagem no
prontuário do paciente é um direito do paciente, segundo a Cartilha dos Direitos dos
usuários do SUS e é a única forma de respaldo que os profissionais efetivamente
possuem no caso de judicializações.
O Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais espera que através
deste manual, estes e outros pilares da assistência de enfermagem no transporte
sejam fortalecidos, divulgados e sobretudo empregados no cotidiano de seus
profissionais.
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APÊNDICE

APÊNDICE A - QUADRO RESUMO DAS COMPETÊNCIAS

TIPO DE
COMPETÊNCIA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
TRANSPORTE

TRANSPORTE DE PESSOAS

Compete ao Enfermeiro participar de todos os


transportes primários. Ao Técnico de Enfermagem
TRANSPORTE compete auxiliar o Enfermeiro. Não compete ao Auxiliar
PRIMÁRIO de Enfermagem participar da assistência a paciente
graves, com risco de vida.

Compete ao Enfermeiro participar de todos os


EVENTOS transportes primários. Ao Técnico de Enfermagem
ESPORTIVOS E compete auxiliar o Enfermeiro. Não compete ao Auxiliar
FESTIVIDADES de Enfermagem participar da assistência a paciente
graves, com risco de vida.

Compete ao Enfermeiro definir qual categoria da


TRANSPORTE enfermagem irá realizar o transporte. Compete ao
SECUNDÁRIO OU Enfermeiro, ao Técnico e ao Auxiliar de Enfermagem
ENTRE PONTOS DE realizá-lo. Não compete ao Auxiliar de Enfermagem
ATENÇÃO participar desse tipo de transporte, em caso de paciente
graves, com risco de vida.

PODE SER PRIMÁRIO OU SECUNDÁRIO


AÉREO Seguir as orientações acima descritas.

Compete ao Enfermeiro, ao Técnico e ao Auxiliar de


Enfermagem. Compete ao Enfermeiro definir qual
categoria da enfermagem irá realizar o transporte, exceto
nos casos de transporte de pacientes graves e com risco
INTERNO OU
de vida, em que o Enfermeiro deverá estar presente em
INTRAMUROS
todos os transportes. Não compete ao Auxiliar de
enfermagem participar desse tipo de transporte, em caso
de paciente graves, com risco de vida.
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Não é obrigatória que a equipe de enfermagem realize


esse transporte, mas pode ser realizado por qualquer
ELETIVO profissional da equipe de enfermagem (Enfermeiro,
Técnico ou Auxiliar de Enfermagem).

TRANSPORTE DE PESSOAS EM SITUAÇÃO ESPECIAL

PESSOAS PRIVADAS PODE SER PRIMÁRIO OU SECUNDÁRIO


DE LIBERDADE Seguir as orientações acima descritas.

Compete ao Enfermeiro definir qual categoria da


enfermagem irá realizar o transporte. Compete ao
MULHERES Enfermeiro e ao Técnico de Enfermagem realizá-lo. Ao
GESTANTES EM Técnico de Enfermagem compete auxiliar o Enfermeiro.
TRABALHO DE PARTO Não compete ao Auxiliar de Enfermagem participar da
assistência a paciente graves, com risco de vida.

Compete ao Enfermeiro definir qual categoria da


enfermagem irá realizar o transporte. Compete ao
Enfermeiro participar de todos os transportes de
pacientes graves e com risco de vida. Ao Técnico de
RECÉM-NASCIDOS Enfermagem compete auxiliar o Enfermeiro. Não
compete ao Auxiliar de Enfermagem participar da
assistência a paciente graves, com risco de vida.

Não é obrigatório ser realizado pela enfermagem, mas


TRANSPORTE DO
pode ser realizado por qualquer categoria da
CORPO
enfermagem.

REGULAÇÃO DO TRANSPORTE EM SAÚDE

REGULAÇÃO DO Não é obrigatório ser realizado pela enfermagem, mas


TRANSPORTE pode ser realizado por qualquer categoria da
ELETIVO enfermagem.

REGULAÇÃO DO
Não compete a equipe de enfermagem. O Enfermeiro
TRANSPORTE
poderá participar da equipe, junto ao médico regulador.
PRIMÁRIO

OUTROS TIPOS DE TRANSPORTE

Não é obrigatório ser realizado pela enfermagem, mas


CARGAS pode ser realizado por qualquer categoria da
enfermagem.
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Não é obrigatório ser realizado pela enfermagem, mas


IMUNOBIOLÓGICOS pode ser realizado por qualquer categoria da
enfermagem.

Não é obrigatório ser realizado pela enfermagem, mas


SANGUE E
pode ser realizado por qualquer categoria da
HEMOCOMPONENTES
enfermagem.

ÓRGÃOS E TECIDOS Compete ao Enfermeiro. Não compete aos profissionais


HUMANOS de nível médio da enfermagem.

Não é obrigatório ser realizado pela enfermagem, mas


RESÍDUOS pode ser realizado por qualquer categoria da
enfermagem.
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