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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF

CURSO DE DIREITO

ARBITRAGEM COMO MEIO ALTERNATIVO E CÉLERE DE ACESSO À


JUSTIÇA, SOBRE BENS MATERIAIS DISPONÍVEIS.

FRANCISCO JOSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

FORTALEZA
2015
FRANCISCO JOSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

ARBITRAGEM COMO MEIO ALTERNATIVO E CÉLERE DE ACESSO À


JUSTIÇA, SOBRE BENS MATERIAIS DISPONÍVEIS.

Artigo Científico apresentado ao Curso de


Direito da Faculdade Integrada da Grande
Fortaleza – FGF, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Direito.

ORIENTADOR: Prof. Me. Walber Nogueira


da Silva.

FORTALEZA
2015
FRANCISCO JOSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

ARBITRAGEM COMO MEIO ALTERNATIVO E CÉLERE DE ACESSO À


JUSTIÇA, SOBRE BENS MATERIAIS DISPONÍVEIS.

Este artigo foi julgado adequado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em
Direito e aprovado em sua forma final pelo curso de Direito da Faculdade Integrada da
Grande Fortaleza – FGF.

Fortaleza, 15 de Dezembro de 2015.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Professor Me. Walber Nogueira da Silva.


Presidente

_____________________________________________

Professor Me. Holmes Cordeiro Neto


Examinador

_____________________________________________

Professor Me. José Diego Martins de Oliveira Silva


Examinador
Dedico a minha esposa, Flávia Barbosa, com
todo amor e carinho, pela compreensão e
companheirismo acima de tudo.
AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi elaborado através de muito empenho e árdua dedicação. Desde já, só
tenho a agradecer às pessoas que foram importantes em mais um desafio de minha vida.
Primeiramente, a Deus, pela saúde e proteção e sua presença constante me dando
forças nos momentos difíceis.
As minhas filhas, Rebecca Sofia e Sarah Rilde, por serem adolescentes pacientes nos
momentos em que não estive presente, e nos períodos dedicados exclusivamente aos estudos.
Ao meu orientador, Professor Me. Walber Nogueira da Silva, pela paciência que teve
na minha orientação e acima de tudo, por ser um excelente facilitador de conhecimentos no
meio acadêmico.
RESUMO

O presente artigo tem por temática central, uma abordagem sobre acesso à justiça,
apresentando como escopo para retratar a arbitragem como meio de acesso à justiça viável, e
mais célere, diante da situação crítica do Judiciário no que concerne sua efetividade em
solução de lides, uma vez que não satisfaz a maioria dos postulantes ao ingressarem com suas
petições nos tribunais do país. Não tem este trabalho a pretensão de esgotar o tema, uma vez
que foram postos aqui apenas pontos para que se possa conhecer a seriedade e efetividade do
instituto em questão. A propositura do tema; arbitragem como meio alternativo e célere no
acesso á justiça, se dá pelo pouco entendimento que se tem e por conta disto, pessoas físicas
ou jurídicas procuram o judiciário com o fim de resolver conflitos plenamente viáveis de
resolução mais rápida se os mesmo procurassem em solução extrajudicial. Neste sentido, faz-
se uma referência aos escritos na legislação vigente que trata a matéria, tomando por base a
Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Buscando, sobretudo, fundamentação na
Constituição Federal de 1988. A pesquisa realizada tem ainda, como apoio teórico, registros
disponíveis em autos impressos e livros que torna o argumento pesquisado, ainda mais
manifesto e preciso. Há aqui exposta uma contribuição analítica dos autores. O método de
estudo utilizado é o dedutivo, tratando o conhecimento de acordo com acepção clássica. Parte
do geral para o individual. As doutrinas estudadas justamente com os dispositivos reguladores
fundamentam a aplicabilidade do tema aqui abordado. Será salientado como se dá a
instituição da arbitragem e como as partes assim aderem à referida instituição para resolução
de suas lides.

Palavras chave: Acesso à justiça, Arbitragem, Bens Materiais disponíveis.


ABSTRACT

This article is the central theme, an approach to access to justice, having as scope to portray
arbitration as a means of access to viable justice, and faster, given the critical situation of the
judiciary as regards its effectiveness in litigations solution since it does not meet most of the
candidates to join with their petitions in the country's courts. Does this work intend to exhaust
the subject, since they were put here only points so that you can know the seriousness and
effectiveness of the institute in question. The theme of the filing; arbitration as an alternative
and faster means of access to justice, is through little understanding what you have and
because of this, individuals or companies seeking justice in order to solve fully viable
conflicts faster resolution if even seek an extrajudicial solution . In this sense, a reference is
made to the writings in the legislation dealing with the matter, based on Law No. 9307 of 23
September 1996. Seeking mainly basis in the Constitution of 1988. The survey has also as
theoretical support, records available in printed records and books that makes the argument
researched, even more manifest and accurate. There is here exposed an analytical contribution
of the authors. The study method used is deductive, treating the knowledge according to
classical sense. From the general to the individual. Doctrines just studied with regulatory
devices establish the applicability of here discussed topic. It will be noted how is the
institution of arbitration and to the parties so adhere to the institution for the resolution of
their labors.

Keywords: Access to Justice, Arbitration, Real Materials available.


ARBITRAGEM COMO MEIO ALTERNATIVO E CÉLERE DE ACESSO À
JUSTIÇA, SOBRE BENS MATERIAIS DISPONÍVEIS.

ARBITRATION AS ALTERNATIVE WAY AND ACCESS EXPEDITE THE JUSTICE


OF GOODS MATERIALS AVAILABLE.

Artigo original
Autor: Francisco José Barbosa de Oliveira, graduando do curso de direito.
Instituição: Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF
Telefone: (85) 988681599/ 996889797
E-mail: prbarbosa12@yahoo.com.br
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10
2 ACESSO À JUSTIÇA..........................................................................................................12
2.1 TEORIA DO CONFLITO..................................................................................................14
2.1.1 Métodos consensuais de resolução de conflitos........................................................16
2.2 ARBITRAGEM..................................................................................................................18
2.2.1 Convenção arbitral.....................................................................................................20
2.2.2 Cláusula compromissória ou arbitral.......................................................................20
2.2.3 Autonomia da cláusula compromissória ou arbitral...............................................24
2.2.4 Compromisso arbitral................................................................................................24
2.3 DOS ÁRBITROS................................................................................................................26
2.4 SENTENÇA ARBITRAL...................................................................................................27
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................................30
4 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS......................................................................31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................32
REFERÊNCIAS......................................................................................................................33
10

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo científico tem como característica uma análise teórica do que seja a
arbitragem como proposta, enquanto instituto extrajudicial de solução de conflitos, tendo
como base apenas referenciais bibliográficos de alguns autores conhecidos no que se refere ao
assunto estudado e exposto neste trabalho.

O que propomos a apresentar como resultado de pesquisa são relatos de cunho


científico sobre o assunto, utilizamos escritos de autores estudiosos da área. Procuramos
apresentar questões de ponto de vista teórico. Buscamos ainda, base nos dispositivos legais
que regulam a arbitragem no Brasil, no caso específico, bem como da Constituição Federal
(1988) vigente no país.

Num primeiro momento, buscamos entender a legislação que trata o assunto, desde a
Lei especial que regula a matéria, 9307/96, até os amplos debates em torno da arbitragem.
Para tanto, lançamos mão de dispositivos legais que disciplinam o assunto. São eles: A
Constituição de 1988, em seu artigo art. 5º, inciso XXXV, no que pese a constitucionalidade
da Lei Especial aqui estudada que versa sobre o tema; Código de Processo Civil, Lei no
5.869, de 11 de janeiro de 1973; Lei Juizados Espaciais, nº 9.099, de 26 de setembro de 1995;
Código Civil, Lei N° 10.406, de 10 de janeiro de 2002,.

Em seguida, analisamos o referencial teórico que me deu suporte para o


desenvolvimento de ideias claras e sequenciais dentro deste objeto de estudo, desta forma,
neste trabalho priorizamos assim, a pesquisa bibliográfica.

Abordamos no capítulo 1, no que se refere ao acesso ao Judiciário as dificuldades


encontradas pelos postulantes de causas ali submetidas, tomando por base estas dificuldade no
que bem salienta, citando aspectos doutrinários em escritos de Ferraz Neto e Azevedo, para
abordar esta problemática.

No capítulo 2, abordamos algumas formas de surgimento dos conflitos e como são


encarados pelos envolvidos, tomando como exemplo o conteúdo exposto como afirma Yarn
apud Azevedo (2012, p. 27); “O conflito pode ser definido como um processo ou estado em
11

que duas ou mais pessoas divergem em razão de metas, interesses ou objetivos individuais
percebidos como mutuamente incompatíveis”.

Partindo para o capítulo 3, tratamos do tema específico da arbitragem, trazendo os


meios pelos quais as partes aderem ao instituto de forma consensual e voluntária, baseado na
Lei 9.307/96, não esquecendo, entretanto, de expor também o funcionamento da arbitragem
na esfera judiciária, como está explícito na Lei 9.099/95, que trata dos Juizados Especiais, a
partir do artigo 24.

Mencionamos ainda no capítulo 4, que para este instituto extrajudicial de resolução de


conflitos, são necessárias pessoas capazes de exercer o direito, levanta-se ainda de acordo
com a Lei arbitral 9307/96, que o árbitro de preferência tenha formação adequada, ou que seja
especialista no tema que vai arbitrar. Para que assim, possa atuar e dar segurança às partes,
que por sua vez, tenham assegurada, não somente uma sentença rápida, mas que seja justa.
Conforme expõe (SCAVONE JUNIOR, 2014, p. 94).

Com a finalidade de expor o quanto o instituto é eficiente e célere, além, claro, de se


encontrar totalmente embasado em lei, narramos como se dá a sentença que é equiparada à
sentença judicial, tomando por base o que estabelece a Lei 9307/96, que regula o instituto, em
seu artigo 23 que traz a seguinte redação; “A sentença arbitral será proferida no prazo
estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da
sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro”.

Durante toda a exposição, objetivamos apresentar a arbitragem de acordo com a lei e


os doutrinadores naquilo que seria pertinente para abordagem do tema, apresentar a
arbitragem como meio viável e célere para solução das mais variadas lides no que tange
direitos patrimoniais disponíveis, como assevera Lima (1998, p. 65); “O procedimento arbitral
só encontra guarida nos direitos patrimoniais disponíveis”.

O tema em questão pressupõe relevante contribuição acadêmica para a sociedade no


que diz respeito ao acesso à justiça, não de maneira a impor somente a possibilidade do
Judiciário, porém de trazer uma relevante opção com clara vantagem na maioria dos aspectos
do instituto.
12

A técnica, pesquisa jurídico-teórico, trabalha uma estratégia tendo como objeto uma
análise da norma específica, buscando na realidade social, onde está inserido seu objeto de
estudo, a resposta para problemática em questão, havendo o entendimento que a solução está
devidamente fundamentada nas normas constitucionais e doutrinárias.
As partes que compõem o trabalho são: referencial teórico, onde foi trabalhado o
tema em apreço, explicitando os objetivos em um estudo voltado para Lei específica e
doutrinas.
Procedimentos metodológicos em que foi descrito o método que parte do geral para o
individual em uma técnica de análise da norma jurídica isolada do contexto.
Na análise de dados e resultados, parte do ponto onde foi observado o problema,
tendo como fundamentação o marco teórico específico e doutrinário.
As considerações finais, não admitindo fatos ou argumentos novos, apresentaram as
conclusões em resposta aos objetivos propostos no trabalho científico.

2 ACESSO À JUSTIÇA

É notório que no Brasil, o sistema Judiciário, é ineficiente para atender a demanda,


não suprindo às necessidades daqueles que o buscam com o intuito de solucionar suas lides.
Isto se deve ao número insuficiente de serventuários da justiça, bem como a estrutura muitas
vezes precária, o aumento da população. Por estes e outros fatores o tramite processual torna-
se moroso e ineficaz.

Para Ferraz Neto, (2008, p 45,46) é longa a espera por um julgamento no Poder
Judiciário;

Quem já teve a necessidade de recorrer ao poder judiciário sabe quão penoso é a


espera para alcançar o almejado provimento jurisdicional, pois os processos se
arrastam, em média, de quatro a seis anos para serem julgados em primeira
instância, depois dessa espera, surge à via crúcis dos recursos – na maioria dos casos
procrastinatórios – que elevam o tempo médio de julgamento para dez anos.

Devido a esta problemática, várias foram as mudanças introduzidas no ordenamento


jurídico brasileiro visando dá celeridade aos processos, como por exemplo; a criação dos
Juizados especiais, dentre outras. Porém, estas medidas não foram suficientes.
13

O acesso à justiça é uma preocupação de toda sociedade em tempos atuais. Em muitos


países, o Poder Judiciário atende aos anseios da sociedade que quer ter suas lides solucionadas
de forma rápida e objetiva. No Brasil é uma garantia constitucional, está previsto o artigo 5º,
XXXV da Constituição Federal, que diz: “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário, lesão ou ameaça de direito.”.

A Garantia de acesso à justiça não se restringe apenas ao texto da Constituição


Federal. É o que fica claro no art. 8°, da 1ª Convenção Pacto de São José da Costa Rica, a
qual foi acolhida pelo sistema jurídico brasileiro quando o Brasil tornou-se signatário.

Toda pessoa tem direito de ser ouvida, com as garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal contra ela, ou para
que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal
ou de qualquer natureza.

Desta forma, vemos o caráter de garantia fundamental de direitos humanos no que se


refere ao acesso à justiça e que abrange todas as áreas do direito. Entretanto, embora esta
garantia venha expressa na Constituição Federal e em outros dispositivos, por si só não
garante o êxito na realização da justiça.

Segundo Leonardo Greco apud Cesar (2002, p 75) “O acesso à justiça não estará
concretamente assegurado, se o Estado não oferecer a todos a possibilidade de receber
aconselhamento jurídico a respeito de seus direitos”.

Como a citação acima, entende-se que a justiça como traz a Constituição Federal deve
ser para todos sem distinção econômica, financeira, grau de instrução ou qualquer outro tipo
de situação que possa parecer impedimento.

A ineficiência em atingir os anseios da população por certo se constitui na principal


causa que barra o acesso à justiça de forma efetiva, pois se manifesta por várias razões, como
afirma Stumpf (2009, p 15),

A lentidão também conhecida com morosidade do Poder Judiciário, em regra é


atribuída com mais ênfase a causas externas, sem que se ignore existência de muitos
outros fatores a influenciá-la, decisivamente ou não, como origem e solução no
próprio Judiciário.
14

Ainda segundo o autor, as causas internas, que poderiam melhorar o atendimento, são
aquelas que estão ao alcance do Judiciário, como por exemplo: as questões administrativas,
no que se refere ao desempenho de atividades burocráticas, de juízes e servidores, em que
aqueles têm um papel fundamental neste processo com o objetivo de dar celeridade aos
julgamentos.

O que se vê, é que a garantia de acesso à justiça, prevista na Carta Magna, não a
assegura, na verdade, se configura em acesso ao Judiciário, tendo em vista as dificuldades do
processo como aqui já exposto, seria necessário tornar o sistema mais acessível, segundo
Cappelletti e Garth, (1998 p. 03),

A expressão “acesso à Justiça” é reconhecidamente de difícil definição, mas serve


para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico — o sistema pelo qual
as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os
auspícios do Estado. Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos;
segundo, ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos. (...)
a justiça social, tal como desejada por nossas sociedades modernas, pressupõe o
acesso efetivo.

Desta forma, se faz necessário criar ou fazer uso de dispositivos que além de
assegurar o acesso, que também lhe assegure uma decisão justa, e célere. O que se vê muitas
vezes é um descontentamento pela demora e complexidade em muitos casos.

Segundo Ferraz Neto (2008, p 43) o acesso à justiça a que se refere: “...Não é o
acesso aos Tribunais, nem o simples ato de ajuizar o pleito. Vai além, traduzindo-se no desejo
de obtenção de provimento judicial, que é a justiça materializada, consubstanciada no
princípio da igualdade das partes”.

É claro que quem vai ao Judiciário não se contenta em apenas ter o direito de
ingressar ou até mesmo de ser ouvido, e sim, que sua lide seja resolvida e no menor decurso
de tempo possível e ainda, que a sentença seja satisfatória.

2.1 TEORIA DO CONFLITO

Para Ferraz Neto (2008, p. 23) “Nas civilizações antigas, quando surgia um conflito,
o homem se utilizava da autotutela, ou seja, fazia justiça com as próprias mãos” Com o tempo
15

e a evolução social, o homem procurou outras formas de resolver seus conflitos, não somente
pela força.

Isto posto, entende-se, que a ideia do monopólio do Estado no que se refere à justiça,
visa coibir a direito do mais forte ou em termos, dos mais poderosos, para que assim possa ter
garantido a todos o direito de pleitear junto aos órgãos jurisdicionais as suas lides com
possibilidades amplas e claras de obter êxito, é o que bem define Bacellar (2012, p. 18),

A ideia de monopólio do Estado surgiu exatamente para limitar o poder do mais


forte, evitando abusos e a aplicação generalizada daquilo que se denominava
autotutela pelo exercício de uma forma de aplicação de justiça privada. A
importância do monopólio jurisdicional é fato incontestável e assegura aos cidadãos
a tranquilidade de não precisar se armar para a luta ou fazer valer seus direitos por
meio do exercício da força.

São várias as situações no mundo hodierno em que podem surgir conflitos, e é quando
eles surgem que as pessoas recorrem ao judiciário para encontrar uma solução geralmente
heterocompositivas, ou seja, as lides são solucionados por um órgão ou uma pessoa supra
partes. É o que afirma Yarn apud Azevedo (2012, p. 27); “O conflito pode ser definido como
um processo ou estado em que duas ou mais pessoas divergem em razão de metas, interesses
ou objetivos individuais percebidos como mutuamente incompatíveis”.

Ainda sobre o conflito aborda o autor Azevedo (2012, p. 27), como este é
contemplado numa perspectiva negativa por parte das pessoas envolvidas.

Em regra, intuitivamente se aborda o conflito como um fenômeno negativo nas


relações sociais que proporciona perdas para, ao menos, uma das partes envolvidas.
Em treinamentos de técnicas de habilidades de mediação, os participantes
frequentemente são estimulados a indicarem a primeira ideia que lhes vem a mente
ao ouvirem a palavra conflito. Em regra, a lista é composta pelas palavras; guerra,
briga, disputa, agressão, tristeza, violência, raiva, perda, progresso.

Esta é a concepção de conflito que as pessoas levam ao Judiciário, com o fim de


encontrar uma solução que lhe seja favorável, e que possa sair com vantagem sobre o
oponente na lide. Em contrapartida, segundo ainda o autor, constata-se que quando os
participantes são levados a ver algo positivo no conflito a concepção muda. É o que afirma na
citação abaixo: Azevedo (2012, p. 28,29).

...Constata-se que do conflito podem surgir mudanças e resultados positivos.


Quando questionados sobre aspectos positivos do conflito (i. e. “O que pode surgir
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de positivo em razão de um conflito?”)- ou formas positivas de se perceber o


conflito – em regra, participantes de treinamentos em técnicas e habilidades de
mediação apresentam dentre outros os seguintes ponto: Paz, entendimento, solução,
compreensão, felicidade, afeto, crescimento, ganho, aproximação.

Verifica-se que as partes no conflito, saem de uma postura de adversários para


cooperadores, que os termos utilizados acima são contrários aos apresentados anteriormente,
por uma proposta de consenso para resolução de conflitos que trazem a mediação, conciliação
entre outras formas extrajudiciais, que tragam com resolução uma abordagem consensual em
sua formação, com características autocompositivas, de resolução de conflitos.

Além dos problemas citados, a falta de conhecimento e confiança na solução de


conflitos por meios autocompositivos, ou mesmo, heterocompositivos, porém, de adesão
consensual, como é o caso da arbitragem, leva ao número excessivo de processos, e claro, o
longo tempo para resolução.

2.1.1 MÉTODOS CONSENSUAIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

Quando as partes vão ao judiciário com o objetivo único de saírem vencedores em


uma lide sem se importarem em ceder, tudo leva a um processo demorado pela falta de
flexibilidade, o objetivo da mediação, autocompositiva, e da arbitragem, heterocompositiva e
extrajudicial, mas, consensual na adesão e escolha dos árbitros, e de outros meios de
resolução de conflitos de formas autocompositiva, é fazer as partes chegarem inicialmente à
resolução de suas lides de forma mais célere. Maia Neto, (et al, 2014, p. 25),

Os mecanismos de solução de conflitos podem ser divididos em dois grupos: os


autocompositivos, com características cooperativas, e os heterocompositivos, com
características decisórias. Figuram no primeiro grupo a negociação, cuja sistemática
é direta entre as partes; a mediação e a conciliação, cujos processos são conduzidos
por terceiros. No segundo grupo, aparecem a arbitragem, cuja natureza é voluntária,
e a jurisdição estatal, de submissão compulsória.

Na autocomposição as próprias partes buscam uma solução para o conflito de forma


consensual, podem eleger de comum acordo um terceiro imparcial para conduzir a questão,
sendo que na mediação este terceiro auxilia as partes a chegar a uma conclusão final sem
opinar ou sugerir, o que difere, por exemplo, da conciliação, onde o terceiro pode sugerir
alternativas para resolver a lide. É o que bem salienta, Maia Neto, (et al, 2014, p. 19)

Na autocomposição, as próprias partes buscam, consensualmente, uma solução para


seu conflito de interesses. Essa forma de composição do litígio aparece quando não
17

há a sujeição forçada de um dos litigantes. É muito utilizada em nosso ordenamento


jurídico, da seguinte forma: (i) renúncia: é a abdicação que o titular faz do seu
direito, sem transferi-lo a quem quer que seja; é o abandono voluntário do direito3 ;
(ii) reconhecimento jurídico do pedido: trata-se da livre sujeição do réu à pretensão
do autor, pondo fim ao conflito; é exatamente o inverso da renúncia; (iii) transação:
nesta forma de composição, o autor renuncia parcialmente à sua pretensão, enquanto
o réu reconhece a procedência da parte não renunciada – tudo de comum acordo

Os métodos de característica decisória tem como marco principal o poder de decisão


de um terceiro. É assim que define Scavone Júnior (2014 p. 20), “A heterocomposição é a
solução de um conflito pela atuação de um terceiro dotado de poder para impor, por sentença,
a norma aplicável ao caso que lhe é apresentado”.

No que se refere à arbitragem, embora prevaleça no processo a pretensão, contestação,


produção probatória e sentença, e que tenha sua decisão por um terceiro imparcial, forma
heterocompositiva, é constituída sempre de forma consensual, conforme define Barcellar
(2012 p. 39)

Não há dúvidas de que o método adversarial na forma heterocompositiva (pretensão,


contestação, produção probatória e sentença) é adotado na arbitragem. Entretanto, na
origem, a arbitragem sempre é consensual e pode continuar mantendo essa
característica mesmo com a solução pela forma heterocompositiva. Entretanto, na
origem, a arbitragem sempre é consensual e pode continuar mantendo essa
característica mesmo com a solução pela forma heterocompositiva.

Por ser uma alternativa extrajudicial, quando configura uma opção das partes, ou
judicial quando segundo Art 24 e 26 da Lei 9099/95, não houver conciliação, as partes
poderão optar pelo juízo arbitral, neste sentido dar celeridade ao processo uma vez acordado
em juízo, é o que traz o art. 24;

Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo
juízo arbitral, na forma prevista nesta Lei.
§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independentemente de termo de
compromisso, com a escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o
Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do Juiz, na forma
dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo decidir por eqüidade.
Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias subseqüentes, o árbitro
apresentará o laudo ao Juiz togado para homologação por sentença irrecorrível.
18

Esta é uma questão fática que pode dirimir de forma mais célere os conflitos, seria o
acesso dos postulantes aos meios alternativos de justiça no sentido de resolução de suas lides
no que se refere a bens materiais disponíveis, e que seja confiável. Esta é a proposta da
arbitragem regulada pela Lei 9.307/96 Lei arbitral, conhecida como Lei Marco Maciel, bem
como a arbitragem especial praticada nos juizados especiais regulada por esta mesma Lei e os
dispositivos textuais da Lei 9.099/95 em seus artigos 24 a 26, não havendo assim conflitos
entre ambos.

2.2 A ARBITRAGEM

É um instituto alternativo, extrajudicial e voluntário, entre pessoas físicas ou jurídicas


capazes de contratar, no âmbito dos direitos patrimoniais disponíveis, sem a tutela do Poder
Judiciário, no caso de instituição privada. As partes litigantes elegem uma ou mais pessoas
denominadas árbitros ou juízes arbitrais em cláusula compromissória, de acordo com o Art. 4°
da Lei 9.307/96.

Para Scavone Júnior (2014, p. 55) “arbitragem é o meio privado e alternativo de


solução de conflitos decorrentes de direitos patrimoniais disponíveis através do árbitro,
normalmente um especialista na matéria controvertida, que apresentará uma sentença
arbitral”.

A arbitragem é o meio pelo qual as partes buscam soluções para seus conflitos quando
se trata de direitos patrimoniais disponíveis. Neste sentido, pode ser utilizada em qualquer
área do direito, com amparo em Lei. Especialista seria a pessoa com conhecimento e domínio
na causa em questão.

A arbitragem é disciplinada pela Lei 9307/1996. Neste diapasão assevera CAHALI,


(2012, p. 77):

A arbitragem ao lado da jurisdição estatal representa uma forma heterocompositiva


de solução de conflitos. As partes capazes, de comum acordo, diante de um litígio,
ou por meio de uma cláusula contratual, estabelecem que um terceiro, ou colegiado,
terá poder para solucionar a controvérsia, sem a intervenção estatal, sendo que a
decisão terá a mesma eficácia que uma sentença judicial.

Uma das diferenças da arbitragem para os outros institutos extrajudiciais, é que os


árbitros proferem sentença com teor judicial sem precisar de homologação do Judiciário,
19

salvo sentença estrangeira, e ainda assim tem caráter de título executivo se uma das partes não
cumprir a resolução proferida por sentença.

Scavone Junior, (2014, p. 59) afirma com base no art. 5° e 10, II, da LA que;

Arbitragem institucional: também conhecida como arbitragem administrada, é


aquela em que as partes optam, na cláusula arbitral ou no compromisso, por se
submeter à arbitragem perante uma entidade especializada, que tratará dos aspectos
formais, intimações, secretaria e, até, da escolha dos árbitros; Arbitragem ad hoc: é a
arbitragem avulsa, ou seja, as partes não se submetem a uma entidade especializada
para administrar a arbitragem e tratam de todo o procedimento.

A Lei da arbitragem traz duas modalidades de adesão; cláusula arbitral ou


compromissória, que é aquela prevista nos contratos, ou seja, as partes acertam sem que haja
litígio, e sim para futuros ou eventuais controvérsias, especificam em contrato o tribunal
arbitral, ou árbitros que serão acionados para solucioná-los, e o compromisso arbitral, quando
as partes não aderiram antecipadamente à arbitragem e diante de um conflito nomeiam
árbitros para solução.

Segundo ainda o dispositivo legal, a arbitragem pode ser de direito ou de equidade. Por
ser um meio simples e rápido para resolução de conflitos prevalece à vontade das partes, será
de direito quando observar a legislação vigente no Brasil ou no estrangeiro. Já no modelo de
equidade as partes dão ao arbitro discricionariedade para solucionar a lide, é o que versa o
Art. 2º e § 1º da Lei, ou ainda como reza o § 2º basear-se nos princípios gerais do direito.

Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes.
§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas
na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base
nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de
comércio.

A arbitragem segundo a Lei 9.307/96, Lei Arbitral, em seu Art. 1º, “As pessoas
capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos
patrimoniais disponíveis”, É um meio alternativo de resolução de conflitos, adequado a
controvérsias que versem sobre direitos materiais disponíveis, isto posto, por ser alternativo,
não fere o princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário, Art. 5º
XXXV “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”
Constituição Federal de 1988.
20

Note que o texto acima, da Lei Arbitral, fala de pessoas capazes, ou seja, é necessário
que tenham capacidade jurídica para se valer da arbitragem. Importante ainda frisar que a
capacidade jurídica segundo o Código Civil em seu Art. 1º “são as pessoas capazes de contrair
direitos e obrigações,” isto é ao que se refere à capacidade adquirida pela pessoa natural
nascida com vida o mesmo dispositivo em seu artigo 2º. Scavone Júnior (2014, P. 21) se
refere ao tema da seguinte forma;

O que se quer afirmar, diferentemente do que pensam alguns autores, é que as


pessoas podem ser representadas ou assistidas na convenção de arbitragem, desde
que respeitados os limites decorrentes da matéria, que deve versar sobre direitos
patrimoniais disponíveis. Assim, com respeito a posições em sentido contrário, nada
obsta que, circunscritos aos limites de mera administração impostos à representação,
tutela e curatela, os pais, tutores ou curadores possam representar ou assistir os
incapazes, firmando cláusulas ou compromissos arbitrais que versem sobre direitos
patrimoniais disponíveis desses mesmos incapazes .

Isto é possível, que os incapazes façam uso da arbitragem, pois os representantes e


assistentes tem a responsabilidade de administrar os bens de seus tutelados ou curatelados, e,
lógico, em contratos que não fujam a esfera dos bens matérias disponíveis e que possam ser
objeto de arbitragem.

2.2.1 CONVENÇÃO ARBITRAL

É a forma pela qual a arbitragem é constituída, vale sempre salientar que é de acordo
com a vontade das partes, estabelecendo os meios que serão utilizados, bem como a escolha
efetiva dos árbitros e funcionamento da arbitragem, se de acordo com as leis em vigor no
Brasil ou no estrangeiro, ou ainda, se a opção será pelos princípios gerais do direito. É o que
estabelece o Art. 3º da Lei 9.307/96; “As partes interessadas podem submeter a solução de
seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula
compromissória e o compromisso arbitral”.

2.2.2 CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA OU ARBITRAL

A arbitragem não se constitui em uma obrigação, haja vista, que ninguém é obrigado
se submeter a qualquer meio alternativo ou extrajudicial de solução de conflitos. Toda via,
assevera Scavone Junior (2014 p. 71), “... se as ‘partes’ convencionarem a arbitragem, em
21

razão da manifestação volitiva livre e consciente, pelo princípio da autonomia da vontade, o

que foi estabelecido entre elas se torna obrigatório: pacta sunt servanda”.
Segundo ainda Scavone Junior (2014, p. 74) “... a cláusula arbitral, espécie de
convenção de arbitragem mediante a qual os contratantes se obrigam a submeter seus futuros
e eventuais conflitos que possam surgir do contrato à solução arbitral.” Neste sentido, o que se
pode perceber é que a referida cláusula se dá antes do surgimento de conflitos é uma causa
futura.
Prescreve ainda a letra da Lei que deve ser por escrito no próprio contrato ou a parte
conforme Art. 4º § 1º , como exposto abaixo;

Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um


contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a
surgir, relativamente a tal contrato.§ 1º A cláusula compromissória deve ser
estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento
apartado que a ele se refira.

Como visto, não há previsão legal que a cláusula conste no instrumento do contrato a
que se vincula, pode ser em documento apartado, inclusive em época diferente da assinatura
do referido pacto, pois, o que a caracteriza é que seja pactuada antes do surgimento do
conflito.
A cláusula compromissória pode ser ainda cheia ou vazia, denomina-se cheia àquela
que traz em seu bojo todos os elementos essenciais para instituição da arbitragem, podendo
inclusive conter regras de algum tribunal arbitral, bem como, prescrever todo procedimento
que se dará como dita o art. 19 da Lei 9307/96. Conforme expõe Cahali, (2012, p. 115).
Assim considera-se aquela disposição contratual na qual contenham os elementos
previstos no art. 5º da Lei 9307/96; indicação de arbitragem institucional, ou
especificação da clausula de forma como será promovida a instituição da arbitragem,
principalmente no que se refere à nomeação de árbitros para que se viabilize a
instalação do juízo arbitram. De uma forma objetiva: será considerada cheia clausula
que contemple o quanto necessário para se dá inicio à arbitragem (19 da lei 9307/96)

Ainda, deve a cláusula cheia contemplar, “todas as condições essenciais para o


estabelecimento da arbitragem, aquela redigida de maneira clara, fazendo consignar como
indicação de árbitros, do procedimento, da forma, dos critérios de julgamento e dos prazos”
como assim escreve Bacellar (2012 p. 131), bem como questões como a sede e o local dos
22

atos procedimentais, a escolha da Lei aplicável, responsabilidades e despesas com o


procedimento, dentre outras que assim couberem de comum acordo.
Para Cahali, (2012, p. 115), “podem as partes aproveitar a liberdade de contratar e
estabelecer o máximo de regras possíveis relativas á organização e ao desenvolvimento da
arbitragem”. Como se vê, com a cláusula compromissória, nascem os meios e formas de como
se dará o procedimento arbitral, à vista disso, pode-se convencionar desde a opção dos
árbitros, instituição, bem como regras específicas de como procederão aos atos praticados.

Cláusula vazia, também conhecida como cláusula em branco. Neste tipo de cláusula as
partes não entram em detalhes sobre o funcionamento da arbitragem, embora traga em
contrato que os litígios serão submetidos, conforme surjam, ao juízo arbitral, deixando assim
vários pontos vagos a serem tratados posteriormente. Como bem relata Cahali, (2012, p. 118),
abordando o tema;
Também chamada cláusula em branco, como o próprio nome sugere, a previsão da
arbitragem desta forma traz uma lacuna quanto à forma de instauração do
procedimento arbitral, que deverá ser suprida por compromisso arbitral quando do
surgimento do conflito, celebrado entre as partes diretamente, ou por intermédio do
Judiciário.

Nota-se nesta cláusula, que há a necessidade de se formular quando do advento do


conflito, o compromisso arbitral, que, por conseguinte, passará a disciplinar os ditames
arbitrais, uma vez que a referida convenção, como se verá adiante, é utilizada até mesmo
quando não há previsão contratual para arbitragem. É um acordo celebrado entre as partes
quando surge um conflito, com o objetivo de submeter sua resolução a este meio de solução.
Ainda segundo Cahali, (2012, p. 118), “mesmo sendo cláusula vazia, já há a renúncia
ao Judiciário com relação às partes, quanto à matéria constante no contrato o que vincula os
contratantes”. Como já abordado anteriormente, não há a obrigatoriedade no Brasil, em se
fazer uso dos meios extrajudiciais para resolução de lides, entretanto, uma vez as partes
voluntariamente elegendo a arbitragem estão vinculadas a esta.
Havendo cláusula vazia, e se uma das partes, no momento em que surge uma
divergência, recusar-se a submeter-se à arbitragem, neste caso, deverá à parte interessada,
buscar primeiramente solução extrajudicial nos termos do texto da Lei da arbitragem, em seu
artigo art. 6º.
23

Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte


interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via
postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de
recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o compromisso
arbitral.
Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, comparecendo, recusar-
se a firmar o compromisso arbitral, poderá a outra parte propor a demanda de que
trata o art. 7º desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente,
tocaria o julgamento da causa.

Uma vez convocada, de forma livre, desde que tenha comprovante de recebimento e
havendo recusa, doravante, pode a parte autora, submeter à causa ao Judiciário conforme o
disposto no artigo 7º da Lei Arbitral.
Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da
arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para
comparecer em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência
especial para tal fim.

Ainda nas palavras de Cahali (2012, p. 123)


Aliás, nota-se, neste particular, que o artigo acima transcrito fala em citação do réu
para comparecer em audiência a fim de lavrar-se o compromisso, e não citação para
apresentar contestação. Daí a perspectiva de se ter uma participação contributiva do
réu para adequada elaboração do compromisso. Ou seja, pretende a lei contar com a
colaboração do demandado para viabilizar, da melhor maneira possível, a
instauração do procedimento arbitral.

Observa-se, entretanto, que o julgamento no Judiciário, não é relativo ao mérito


contratual em si, ou seja, o que dispõe o contrato, e sim, lavrar-se o compromisso, o objetivo
do juízo ou tribunal é instaurar o procedimento arbitral, uma vez que segundo o § 7º do artigo
7º da Lei arbitral; a sentença valerá como compromisso arbitral.
Para Bacellar (2012 p. 133), “A decisão do juiz nesse caso, complementando o vazio
da cláusula compromissória, firma e adjudica o próprio compromisso, determinando todas as
condições para a instauração efetiva do juízo arbitral”.
Nos contratos de adesão, por ser a arbitragem instituto de anuência consensual, nestas
espécies de contrato, é imperativo que o aderente manifeste expressamente seu desejo em
solucionar pendências contratuais via juízo arbitral, deste jeito, exposto na Lei estudada em
seu art. 4º § 2º:
Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente
tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua
instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a
assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.
24

Neste tipo de contrato, em que o aderente não tem participação na elaboração do


mesmo, se faz necessário a total clareza, inclusive, se constar no contrato, deve estar em
negrito e para ter validade deve constar a assinatura específica aprovando tal cláusula
contratual.

2.2.3 AUTONOMIA DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA


A cláusula compromissória é completamente autônoma do contrato a ela submetido,
uma vez se houver algum tipo de vicio, ou até mesmo a nulidade do referido acordo, esta por
sua vez não será nula conforme dispositivo da Lei, artigo 8º da Lei nº 9.307/96;
Art. 8º A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que
estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nu-
lidade da cláusula compromissória. Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de
ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e
eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula
compromissória.

Esta é uma caraterística da cláusula arbitral, embora no mesmo documento seja tida
como transação autônoma em relação ao contrato, isto se torna importante, pois havendo
dúvida sobre a nulidade do contrato, deverá ainda este, ser submetido ao juízo arbitral que por
sua vez decidirá sobre a questão de nulidade. Igualmente, deve-se observa se o vicio que torna
nulo o contrato não anula também a cláusula compromissória, como por exemplo: venda de
imóvel de incapaz sem a aquiescência do Judiciário.

2.2.4 COMPROMISSO ARBITRAL


A principal característica do compromisso arbitral é que o mesmo é instituído após o
surgimento de algum litígio com relação ao contrato, onde as partes podem eleger a
arbitragem para solucioná-lo. É o que prescreve o Art. 9º  da Lei 9307/96: “O compromisso
arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou
mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial”, é o que relata os parágrafos 1º e 2º do
artigo citado;

§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o


juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular,
assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público.
25

O compromisso arbitral é extrajudicial quando firmado após o conflito, no entanto,


antes da ação judicial. Por outro lado, será judicial, no momento em que as partes tendo uma
demanda no Judiciário decidem dar termo a disputa judicial em curso para submetê-la a
arbitragem, conforme discorre dispositivo legal citado acima, art. 9º parágrafos 1º e 2º.
Por tanto, ainda citando Scavone Junior (2014 p. 78) “o compromisso arbitral permite
que qualquer controvérsia decorrente de direitos patrimoniais disponíveis possa ser
solucionada através da arbitragem e não somente as controvérsias contratuais”.
Ainda traz o dispositivo legal aqui estudado à forma escrita, para o compromisso
arbitral, nesta acepção, tomando por base o que preceitua o art. 104 III do Código Civil, que
define que a validade dos negócios jurídicos requer; forma prescrita em Lei. Exige-se aqui, o
que preceitua a Lei.
Pode-se então, asseverar, neste sentido, que se o compromisso arbitral não trouxer em
sua formação o que prescreve a Lei em seu artigo 10, será nulo, como bem define Scavone
Junior (2014, p. 78)
Portanto, se faltarem, como requisitos de validade que são, o resultado será um
compromisso arbitral nulo nos termos do art. 104 do CC, segundo o qual a validade
dos negócios jurídicos, além do agente capaz e objeto lícito, possível, determinado
ou determinável, exige a presença inafastável da forma prescrita em lei. Se o art. 10
da Lei de Arbitragem prescreve a forma e, demais disso, a menciona expressamente
como obrigatória, outra não pode ser a conclusão senão a nulidade absoluta do
compromisso arbitral que não a respeite.

Assim prescreve o artigo 10 e 11 da lei, no que se refere aos requisitos exigíveis para se
firmar o compromisso arbitral:
10. Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:
I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes;
II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a
identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros;
III - a matéria que será objeto da arbitragem; e
IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral.

Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter:


I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem;
II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por eqüidade, se assim
for convencionado pelas partes;
III - o prazo para apresentação da sentença arbitral;
IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem,
quando assim convencionarem as partes;
26

V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas


com a arbitragem; e
VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros.
Nota-se que o termo, “poderá”, no artigo 11 torna os requisitos ali listados
prescindíveis, não trazendo assim, invalidade ao compromisso na falta de algum deles.
Todavia, vale observar que os referidos requisitos são imprescindíveis não com o condão de
invalidar o compromisso, e sim, para facilitar o procedimento, afim de que prováveis lacunas
não sejam preenchidas pelos árbitros. Condições estas se ausentes, poderão ser supridas por
decisão do árbitro (art.21, § 1.º, da LA).

2.3 DOS ÁRBITROS

Os árbitros devem ser pessoas capazes e que gozem de confiança das partes,
segundo dispõe a Lei da arbitragem, Art. 13, caput, “Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e
que tenha a confiança das partes”.

Vale salientar que a capacidade aqui mencionada, não é somente a capacidade de


gozar de direitos como prescreve o Código Civil em seu art. 1º, e sim, a capacidade de
exercício pessoal do direito, e não de titularidade de direito. É neste contexto, a capacidade de
fato, conforme define Scavone Junior (2014, p. 94),

Posta assim a questão, tratando-se de pessoa natural, o árbitro deve ser


absolutamente capaz, ou seja, deve ter capacidade de exercício pessoal dos direitos,
o que significa dizer que não pode estar incluído em nenhuma das causas de
incapacidade relativa ou absoluta, determinadas, respectivamente, nos arts. 3º e 4º
do CC, sendo que a cessação das incapacidades se dá pela cessação das causas que a
determinam e, para os menores, está disciplinada pelo art. 5º do CC.

Neste sentido, o árbitro, deve ser absolutamente capaz, uma vez que a arbitragem
exige o exercício pessoal do direito não podendo assim ser representado, o que na prática
acontece com os absoluta ou relativamente incapazes.

O árbitro pode ser especialista em qualquer área. Entretanto, a rotina que se estabelece
é jurídica, o que facilita aos operadores de direito, mas deve-se observar a causa em si para
que se possa fazer a opção pelo árbitro que tenha domínio do tema em questão. É o que
escreve Cahali (2012, p. 153),
27

A especialidade do árbitro por sua vez, pode ser em qualquer área de conhecimento,
inexistindo “reserva de mercado” aos advogados ou bacharéis em direito. Por certo a
maestria em ciências jurídicas é a rotina da arbitragem, direcionando a verificação
da habilidade do árbitro na matéria objeto de demanda. Porém, em determinadas
situações, quer-se o conhecimento técnico em outras matérias, como engenharia,
contabilidade, administração, metrologia, medicina, informática etc., e desta forma,
o árbitro poderá ser um profissional assim qualificado.

Na arbitragem, a função do árbitro nomeado será a de conduzir o processo


arbitral, de forma semelhante ao processo judicial, porém, muito mais rápido, menos formal e
em alguns casos, de baixo custo. Onde à decisão deverá ser dada por pessoas especialistas na
matéria, que é objeto da controvérsia, dando assim maior celeridade ao processo, não havendo
a necessidade de nominar perito em alguns casos.

São deveres do árbitro segundo a Lei 9307/96, art. 13 § 6º; agir com imparcialidade,
não podendo ter vínculo com nenhuma das partes; Independência: deve, o árbitro, estar
distantes das partes; Competência: devem ter domínio da matéria bem como experiência;
diligencia: devem agir com zelo e dedicação; Discrição: de acordo com o exigido em lei o
árbitro deve manter o processo sob sigilo.

2.4 SENTENÇA ARBITRAL

A instituição da arbitragem se dá no momento em que o árbitro ou os árbitros, se


assim convencionarem as partes, por mais de um, como assim prescreve o artigo 19 da Lei
Lei 9307/96, “Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se
for único, ou por todos, se forem vários”.

Isto é importante salientar, portanto, que a contagem dos prazos para sentença começa
com a instituição da arbitragem, que na ausência de convenção das partes, estabelece o
dispositivo legal em seis meses, como assim está grafado no art. 23 da lei arbitral:  “A
sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido
convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contados da
instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro”.

Segundo Cahali (2012, p. 258) a celeridade se dá pelo prazo estipulado em Lei:


28

A finalização do procedimento arbitral tem data conhecida, por definição das partes
(na convenção arbitral ou no termo de arbitragem), ou por disposição legal fixando o
prazo de seis meses para ser proferida a sentença arbitral (art. 23 da Lei 9.307/96).
Significa dizer que a solução do litígio na arbitragem tem prazo máximo em curso
para ser alcançada.

O prazo tem início na instituição da arbitragem pelas partes, sendo que na convenção
arbitral que é a assinatura de comum acordo da cláusula compromissória, pode conter em seu
texto o prazo determinado para a sentença, o que a Lei traz na citação acima é um prazo
máximo para que o árbitro ou colegiado pronuncie a sentença.

A sentença arbitral é o meio pelo qual o árbitro ou tribunal arbitral põe fim ao
procedimento por decisão do mérito ou não, o atendimento do que foi postulado pelas partes
conforme assevera (CAHALI 2012 p. 235),

A sentença arbitral é o pronunciamento do árbitro ou tribunal arbitral para encerrar o


procedimento. É o ápice do procedimento, pelo qual se realiza a prestação
jurisdicional buscada pelas partes. Tal qual como a sentença judicial, pode decidir o
litígio quanto à matéria de fundo, ou apenas concluir pelo não cabimento da
arbitragem, ao menos naquele instante...

Como preceitua o art. 18 da Lei de Arbitragem, a sentença proferida por arbitro é


equiparada às sentenças judiciais. Sendo assim, as sentenças arbitrais possuem, basicamente,
as mesmas características e efeitos das sentenças judiciais, não estando mais sujeitas à
homologação pelo Poder Judiciário. Ainda citando o dispositivo legal em seu art. 24: o
procedimento pode ser todo oral, porém, a sentença será sempre escrita. “A decisão do árbitro
ou dos árbitros será expressa em documento escrito”.

Como é uma sentença, equipara-se a prolatada por juiz togado, deve seguir os tramites
estabelecidos em lei, e a referida lei estabelece em seu art. 26 a obrigatoriedade de conter;
relatório, com os nomes das partes e um histórico do litígio; os fundamentos da decisão; o
dispositivo, no qual os árbitros decidirão as questões a eles submetidas; e a data e local em
que for proferida.

No Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral:


I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio;
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de
direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por equidade;
III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem
29

submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for o caso; e


IV - a data e o lugar em que foi proferida.

O artigo 32 da Lei de Arbitragem estabelece como sendo nula a sentença arbitral que
desobedecer quaisquer dos requisitos mencionados no artigo 26. Traz, ainda, a nulidade da
sentença que não decidir todo o litígio submetido à arbitragem, sendo assim, proibido aos
árbitros, proferir sentença parcial.

Art. 32. É nula a sentença arbitral se:


I - for nulo o compromisso;
I - for nula a convenção de arbitragem;        
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;  
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção
passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.

Nos termos do art. 31 da lei arbitral, a sentença arbitral produz todos os efeitos da
arbitragem no judiciário, porém, se não cumprida, como o tribunal arbitral não tem força
coercitiva, gera título executivo que pode ser objeto de demanda de execução no Poder
Judiciário. “A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da
sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título
executivo.”

Ainda dispõe a lei, em seu art. 27, que a sentença arbitral decidirá sobre a
responsabilidade das custas, bem como as despesas com a arbitragem, ou mesmo litigância de
má fé, conforme o art. 16 do Código de Processo Civil, vigente; “Responde por perdas e
danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente”.

A sentença põe fim à arbitragem, devendo ser comunicada às partes pelo árbitro ou
presidente do tribunal, por meio de comunicação que contenha prova de recebimento ou
ainda, por recibo, quando entregue pessoalmente, é o que determina o art. 29.

Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem, devendo o árbitro, ou o


presidente do tribunal arbitral, enviar cópia da decisão às partes, por via postal ou
por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento,
ou, ainda, entregando-a diretamente às partes, mediante recibo.
30

Havendo obscuridade ou ainda percepção de possível erro, pode a parte interessada no


prazo de cinco (5) dias a contar do recebimento da notificação da sentença, com anuência da
outra parte, solicitar ao árbitro, correção ou esclarecimento, como traz a letra da lei no art. 30.

No prazo de 5 (cinco) dias, a contar do recebimento da notificação ou da ciência


pessoal da sentença arbitral, salvo se outro prazo for acordado entre as partes, a parte
interessada, ediante comunicação à outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao
tribunal arbitral que: (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015)  (Vigência)
I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral;
II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se
pronuncie sobre ponto omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão .

A referida solicitação deve ser via embargos de declaração da sentença, tendo o


mesmo prazo que assevera o art. 536 do Código de Processo Civil, como visto acima, de
cinco (5) dias conforme entendimento de (LIMA 1998 p. 71).

Podem ser suscitados embargos de declaração da sentença, sempre que ela contiver
alguma obscuridade, respeitando o prazo de 5 (cinco) dias para manifestação das
partes e 10 (dez) dias para reforma ou manutenção da sentença. O prazo para o
pedido de esclarecimento é de 5 (cinco) dias, semelhante ao art. 536 do CPC: “Os
embargos serão opostos, no prazo de cinco dias, em petição dirigida ao juiz ou
relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não estando
sujeitos a preparo”.

O texto da lei ainda traz no parágrafo único do art. 30, da Lei Arbitral, o prazo de dez
dias se não houver outro prazo acordado entre as partes, para resposta a este questionamento;
“O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá no prazo de 10 (dez) dias ou em prazo acordado com
as partes, aditará a sentença arbitral e notificará as partes na forma do art. 29”.

O prazo de dez (10) dias para a resposta é superior ao relatado no Código de Processo
Civil, art. 537; “O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias; nos tribunais, o relator
apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto”. Exatamente o
dobro como visto, entretanto, há celeridade no processo, pois, dirimido a duvida, encerra-se o
processo.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Partindo da premissa de leis e normas, foi utilizado na pesquisa o método dedutivo,


abordando no contexto geral o momento em que uma pessoa necessita do Judiciário para
31

ingressar com ação buscando solucionar uma lide particular, apresentando o problema
encontrado com relação ao aceso á justiça de forma célere e eficiente.

O conhecimento jurídico-teórico foi a técnica aplicada neste trabalho de pesquisa


tendo por objetivo principal analisar a problemática de acesso a justiça quando se dirige ao
Judiciário e ao mesmo tempo propõe como alternativa a arbitragem, trabalhando para tanto,
com a aplicação na norma jurídica e sua especificidade, no entendimento de saber se é válido
a adesão por uma alternativa ao Poder Judiciário no sentido de obter solução satisfatória,
buscando na realidade social em que está inserida a problemática em questão, a resposta
devidamente fundamentada nas normas constitucionais, específicas e doutrinárias.

O estudo foi focado principalmente na lei específica, com citações pontuais do Código
Civil e Código de Processo Civil vigentes, além de reflexões de renomados doutrinadores que
abordam o tema de forma clara e objetiva.

4 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

O que foi observado nesta pesquisa é que realmente pelo método dedutivo é que há
uma imensa dificuldade em se obter do judiciário uma sentença célere na maioria dos
processos, isto leva o cidadão a esperar um longo tempo para receber uma solução, daí, a
importância em se apresentar meios alternativos e viáveis com o fim de que seus direitos
sejam assegurados. No caso em questão o acesso à justiça de forma eficiente.

A presente pesquisa se justifica por proporcionar uma ampla discussão sobre as


dificuldades que todos enfrentam em seus mais diversos aspectos quando ingressam no
Judiciário para resolução de suas lides. Quase sempre se deparam com a dificuldade em vários
aspectos no que se refere ao acesso à justiça, quando buscam este direito garantido pela
Constituição Federal de 1988. Ao ingressarem com o processo, começa o longo tempo de
espera por diversos fatores: uma grande demanda de processos nos mais variados valores, a
própria estrutura física das instituições, falta de profissionais, entre outros.

O artigo científico tende a mostrar Uma questão fundamental que poderia dirimir de
forma mais eficiente os conflitos, seria o acesso dos postulantes a um meio alternativo de
32

justiça no sentido de resolução das lides de forma mais célere, e que fosse confiável. Esta é a
proposta da arbitragem regulada pela Lei 9.307/96 Lei arbitral conhecida como Lei Marco
Maciel, bem como a arbitragem especial praticada nos juizados especiais regulada por esta
mesma Lei e os dispositivos textuais da Lei 9.099/99 em seus artigos 24 e 26, não havendo
assim conflitos entre ambos.

Observa-se que há um claro desconhecimento, este trabalho objetiva trazer ao


conhecimento daqueles que buscam a justiça sem saberem ao certo o que seja meios
alternativos de resolução de conflitos como é o caso da arbitragem, ou por desconhecerem
totalmente a matéria, sobretudo, nos Juizados Especiais cuja prática é mais utilizada em
resoluções de conflitos de menor potencial. Desta forma, o desconhecimento destas
modalidades de justiça, leva as pessoas físicas e até jurídicas à justiça comum para tratar de
processos que podem muito bem ser tratados por árbitros ou justiça privada ou mesmo estatal.

Mostra-se ainda por este artigo, que a eficácia e confiabilidade da arbitragem na


resolução de conflitos se dão plenamente por seu amparo em Lei. Existem causas atinentes
apenas ao Pode Judiciário, àquelas mais significativas que exijam o controle da legalidade nos
casos de lesão ou ameaça de lesão ao direito. Pode-se então, entender que todas as outras
questões envolvendo conflitos de interesses, relações conflituosas, entre outras, podem
encontrar melhor solução fora da formalidade imposta pelo processo comum dentro do
Judiciário.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O direito do cidadão à justiça é uma garantia constitucional, entretanto, as


dificuldades encontradas quando se busca ao Judiciário o inibe a postular seus direitos.
Fatores como falta de estrutura, de funcionários, a lentidão na resolução dos conflitos, são
enfrentados por aqueles que procuram o Poder Judiciário. A arbitragem é aqui apresentada
como um meio extrajudicial de resolução de conflitos, que tem como característica a
celeridade tanto particular extrajudicial, como a estatal, esta última, quando compactuada por
ambas as partes no curso de um processo perante o juiz, neste caso, o processo ganhará
celeridade. Esta previsão de forma incidental em processos que estejam em tramite no
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judiciário colabora com um julgamento mais rápido e assim, comprova a eficiência de


contribuição para desafogar o Poder Judiciário.

Vê-se ainda, na narrativa, uma abordagem doutrinária, e ao mesmo tempo uma


exposição da lei reguladora do instituto, trazendo assim conhecimento, e segurança para quem
decida enveredar por o caminho aqui sugerido, aderindo à arbitragem de forma segura,
sabendo que terá a mesma seriedade e equivalência de uma sentença do Poder Judiciário,
sendo que segundo o exposto, em uma proposta mais célere. A arbitragem na prática é aqui
apresentada como um valoroso meio de acesso à justiça, tanto para o Estado, que economiza
tempo e dinheiro, quanto para os postulantes, que terão suas lides solucionadas de forma
célere e eficiente.

REFERÊNCIAS

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Mediação e Negociação / Brasília: Grupos de Pesquisa, 2007.

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