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CENTRO UNIVERSITÁRIO ALFREDO NASSER


INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - ICS
CURSO DE MEDICINA

ANSIEDADE RELACIONADA AO AMBIENTE DE TRABALHO E O USO DA


TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA COMO FERRAMENTA PARA
PREVENÇÃO

APARECIDA DE GOIÂNIA
2022/1
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CENTRO UNIVERSITÁRIO ALFREDO NASSER


INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - ICS
CURSO DE MEDICINA

USO DA TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA PARA MUDANÇAS NO


ESTILO DE VIDA E COMO UM MÉTODO PREVENTIVO DE ANSIEDADE.

Trabalho apresentado a disciplina do


Programa Integrado de Estudos na Saúde
da Família (PINESF) VIII, subturma MED8-A
para fins de avaliação e composição da nota
somativa em grupo – NASG, ministrada pela
preceptora Thaiza dos Anjos.

Acadêmicos: Amanda Akemi Kakumoto,


Bruno Eduardo Pádua Resende Sartin,
Eugênio Pacelli Dias Simões Filhos

APARECIDA DE GOIÂNIA
2022/1
RESUMO
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Introdução – Desde fevereiro de 2020 o mundo vive o contexto de pandemia


pelo novo coronavírus, o SARS-COV-2, causador da COVID-19. Essa doença
tem provocado diversos impactos na população, em especial nos profissionais
da saúde, expostos cotidianamente a situações estressantes. Objetivo -
Analisar parte do conhecimento produzido a respeito do agravamento de
transtornos ansiosos em profissionais de saúde no contexto da pandemia de
COVID-19 com maior ênfase nos problemas relacionados a falta de
modificações físicas e psíquicas e na promoção de uma intervenção
relacionada ao uso da terapia comunitária integrativa. Métodos - Estudo
descritivo, tipo relato de experiência, com uso da metodologia do arco de
Maguerez, elaborado no contexto da disciplina PINESF VIII. A intervenção
ocorreu em um total de quatro encontros realizados presencialmente durante
nossas atividades em campo na unidade de saúde Veiga Jardim. Cada
encontro teve uma duração média de 60 minutos, para que os passos do arco
de Maguerez fossem contemplados satisfatoriamente. Resultados – Todo o
engajamento com a equipe foi positivo e a realização da terapia comunitária
integrativa foi ativamente executada e bem elogiada pelos funcionários da
unidade. Conclusões – Obsrevou-se que os pacientes não entendiam a real
importância da prevenção da ansiedade e como essas medidas poderiam
intervir no prejuízo social, funcional e laboral que esse transtorno pode
acarretar. Os maiores ganhos com todo o trabalho desenvolvido com a equipe
de saúde foram: a contribuição com autocuidado e a instrução sobre como
melhorar sua qualidade de vida. Logo, espera-se que o presente trabalho tenha
ajudado na mudança da realidade da saúde mental desses profissionais
mentalmente desgastados.

Palavras-chave: Transtorno de ansiedade; Equipe de saúde; Terapia


Comunitária integrativa, Pandemia, Saúde Mental.
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ABSTRACT

Introduction – Since February 2020, the world has been experiencing the
context of a pandemic caused by the new coronavirus, SARS-COV-2, which
causes COVID-19. This disease has caused several impacts on the population,
especially on health professionals, exposed daily to stressful situations.
Objective - To analyze part of the knowledge produced about the aggravation of
anxiety disorders in health professionals in the context of the COVID-19
pandemic, with greater emphasis on problems related to the lack of physical
and psychological changes and the promotion of an intervention related to the
use of therapy integrative community. Methods - Descriptive study, experience
report type, using the Maguerez arch methodology, developed in the context of
the PINESF VIII discipline. The intervention took place in a total of four
meetings held in person during our field activities at the Veiga Jardim health
unit. Each meeting had an average duration of 60 minutes, so that the steps of
the Maguerez arch were satisfactorily covered. Results – All engagement with
the team was positive and the performance of integrative community therapy
was actively performed and well praised by the unit's employees. Conclusions –
It was observed that the patients did not understand the real importance of
preventing anxiety and how these measures could intervene in the social,
functional and occupational damage that this disorder can cause. The biggest
gains with all the work developed with the health team were: the contribution
with self-care and instruction on how to improve their quality of life. Therefore, it
is expected that the present work has helped to change the reality of the mental
health of these mentally worn out professionals.

Key words: Anxiety disorder; Health team; Integrative Community Therapy,


Pandemic, Mental Health.
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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO................................................................................................6
3- METODOLOGIA.............................................................................................7
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................8
4.1 OBSERVAÇÃO DA REALIDADE..................................................................8
4.2 PONTOS-CHAVES.......................................................................................9
4.3 TEORIZAÇÃO...............................................................................................9
4.4 HIPÓTESES DE SOLUÇÃO........................................................................11
4.5 APLICAÇÃO DA REALIDADE.....................................................................13
5- CONCLUSÃO................................................................................................14
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................16
7- Anexos .........................................................................................................17
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1. INTRODUÇÃO

Segundo o Compêndio de Psiquiatria de Kaplan e Sadock a ansiedade


pode ser conceituada como uma resposta normal e adaptativa a ameaça que
prepara o organismo para fuga ou luta. Estes indivíduos podem apresentar
ansiedade e preocupação excessivas com vários eventos ou situações na
maior parte dos dias durante um período de pelo menos seis meses. Essa
preocupação é relatada como de difícil controle e podem estar associadas com
sintomas somáticos, como tensão muscular, irritabilidade e dificuldade para
dormir. A ansiedade não é causada por uso de substância e não ocorre apenas
durante um transtorno do humor ou psiquiátrico. Ela é difícil de controlar, causa
prejuízo funcional e social nas atividades diárias que são importantes na vida
da pessoa.
Os transtornos de ansiedade são responsáveis por importante custo
social, tanto em função do sofrimento individual quanto em virtude dos custos
sociais indiretos. Existe um grande impacto no sistema de saúde, não só pelo
gasto com o tratamento, mas também pela busca mais frequente por
atendimento médico em decorrência de sintomas físicos resultantes dos
sintomas ansiosos. Esses custos podem ser agravados devido à falta de
medidas preventivas a fim de evitar o surgimento do transtorno, transtornos
tipicamente subdiagnosticado e tratamento inadequado. (MENEZES G B, et.
Al., 2015)
Outro contexto que contribui para o surgimento da ansiedade é o cenário
que os funcionários da saúde enfrentam desde o ano de 2020 por conta da
pandemia da COVID-19. Esses grupos de pessoas estão cercados de
incertezas e inseguranças inerentes à sua condição, preocupação pessoal e
com os familiares que tiveram que ficar afastados pelo risco de transmissão
viral, tais fatores corroboram para o surgimento de transtorno de ansiedade.
Logo, o presente relato de experiência tem por objetivo geral explanar a
necessidade de estudar meios de assistência e prevenção desses distúrbios
nesse grupo de indivíduos específico que não recebe atenção necessária em
meio à pandemia com maior ênfase nas modificações físicas e psíquicas e na
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promoção de uma intervenção terapêutica não associada aos fármacos e por


meio do uso de terapia comunitária integrativa.

3. METODOLOGIA
O presente trabalho refere-se a estudo de caráter descritivo, do tipo
relato de experiência, que será desenvolvido com utilização da metodologia do
Arco de Maguerez no decorrer da disciplina de Programa Integrado de Estudos
na Saúde da Família (PINESF) do curso de graduação em medicina durante o
oitavo período sendo subturma MED8-A no Centro Universitário Alfredo Nasser
em Aparecida de Goiânia – Goiás.
Os critérios para inclusão dos participantes no estudo foram ao acaso,
de acordo com designação da preceptora da disciplina de PINESF VIII
subturma MED8-A e a escolha dos acadêmicos e autores deste trabalho. A
equipe da UBS concordou em participar do estudo.
A intervenção ocorreu na própria unidade básica de saúde em encontros
presenciais onde se reuniu toda a equipe em uma sala de reuniões da unidade
em um total de 4 encontros com duração média de 60 minutos em cada
apresentação de hipóteses de soluções. A atividade ocorreu no 1° semestre de
2022.
A pesquisa realizada para a estruturação do trabalho terá como base a
revisão bibliográfica juntamente com a problematização com utilização do Arco
de Maguerez. Essa ferramenta pressupõe metodologia ativa, a qual possui
cinco etapas: a observação da realidade; postos-chave; teorização; hipóteses
de solução e aplicação à realidade.
Teve-se a utilização de artigos publicados na SciELO
(ScientificElectronic Library Online), Google acadêmico, Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS) e manuais de psiquiatria a partir dos descritores: “ansiedade”,
“terapia comunitária integrativa”, “prevenção”, “pandemia”, foi dado a
preferência para artigos publicados em língua portuguesa a partir de 2015.
Entretanto, com relação aos manuais de psiquiatria, foi escolhida a publicação
mais recente, independente do ano de postagem.
A finalidade da pesquisa será de natureza descritiva, tipo relato de
experiência, com o intuito de buscar esclarecimentos acerca das necessidades
dos pacientes. Percebe-se, portanto, que os critérios utilizados foram
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necessários e coerentes com a organização do projeto, tendo a princípio uma


necessidade maior de entendimento das particularidades que permeiam o
transtorno de ansiedade nos funcionários da saúde da atenção básica e seus
efeitos negativos no funcionamento social e biológico desses pacientes.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 OBSERVAÇÃO DA REALIDADE


A percepção de estresse na população de profissionais da Equipe de
Saúde da UBS Veiga Jardim está associada a fatores individuais,
profissionais e de características do trabalho, com destaque para as
variáveis independentes do tipo: categoria profissional, gênero, tempo de
trabalho na mesma equipe, estado civil de viuvez e composição das
equipes na unidade de saúde em que se insere o profissional.
Do ponto de vista da atenção à saúde, é provável que a TCI seja um
instrumento útil, prático e de simples aplicação, pois com duas sessões
realizadas com a equipe pôde-se observar mudanças em diferentes
aspectos. Em um primeiro momento, notou-se certa inibição ou
desinteresse por parte da equipe com a atividade comunitária,; após a
primeira TCI aplicada, no entanto, o cenário mudou. A equipe, como um
todo, trabalhou o tema em uma “roda de conversa”, expondo opiniões,
relatos de experiência, condutas em diferentes áreas, além de sugerirem
que temas relacionados ao sofrimento mental no trabalho fossem mais
abordados no ambiente de trabalho, conjuntamente.
Através dessa experiência de primeiro contato com a equipe fora
possível realizar um levantamento de possíveis temas inseridos nesse
contexto de saúde mental, sendo eles: depressão, ansiedade e estresse.
Esse levantamento, realizado em campo, foi realizado por meio de um
questionário rápido (Anexo I) aplicado em um dos encontros com a equipe.
Dos três candidatos, o fator estresse foi o mais votado entre os membros e,
consequentemente, o assunto da próxima TCI. Juntamente ao tema
estresse, uma dinâmica de trabalho em equipe fora desenvolvida para
salientar a importância da sintonia, boa convivência e homogeneidade
entre os membros formadores de uma equipe de saúde em uma UBS. A
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dinâmica fora consoante ao tema estresse, porquanto estarmos diante um


ambiente de trabalho no qual muitas pessoas estão inseridas e,
indubitavelmente, dependentes entre si seja quais forem os seus cargos ou
desempenho de função.
Nesse contexto de participação, pró-atividade, iniciativa e união
alguns grupos se destacaram mais do que outros, enaltecendo
representatividades de liderança em cada um, contribuindo para que o
objetivo da dinâmica fosse alcançado.

4.2 PONTOS-CHAVES
 Saúde mental;
 Ansiedade;
 Pandemia;
 Interrupção das atividades diárias;
 Falta de medidas preventivas;
 Terapia Comunitária Integrativa (TCI);
 Dinâmica em grupo;
 Socialização;
 Ambiente de trabalho;
 Trabalho em equipe;
 Desafios.

4.3 TEORIZAÇÃO
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
declarou a doença de COVID19 como uma pandemia (SCHMIDT et al., 2020).
Diante deste cenário, já com a doença se propagando em nível mundial,
pesquisadores, profissionais da saúde, governantes se uniram em trabalho
mútuo para entender a forma de transmissão para que fossem adotados
medidas de proteção e contenção do avanço da doença. (PEREIRA M. D. et
al., 2020)
Por conseguinte, foram adotadas algumas medidas de tentativa de
contenção do avanço da doença, pelas autoridades de cada país. A primeira
medida adotada foi o distanciamento social, evitando aglomerações a fim de
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manter no mínimo um metro e meio de distância entre as pessoas, como


também a proibição de eventos que ocasionem um grande número de
indivíduos reunidos (escolas, universidades, shows, shoppings, eventos
esportivos) (Reis-Filho & Quinto, 2020).
Todas as pandemias são geradoras de forte impacto social, econômico e
político. Já é possível afirmar que o impacto psicológico da pandemia na
população brasileira será de longo prazo e exigirá da sociedade e do governo
uma atenção redobrada para o tema da saúde mental, o sentimento de
impotência e preocupação com o futuro, perdas, luto, ansiedade e medo trouxe
o agravamento de quadros de transtornos mentais que já eram conhecidos ou
que já existiam. Dentre esses quadros de saúde mental a ansiedade é o mais
prevalente. (SILVIA F R C et al. 2020)
Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham
características de medo e ansiedade excessivos e perturbações
comportamentais relacionados, medo é a resposta emocional a ameaça
iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça
futura. A ansiedade mais frequentemente associada a tensão muscular e
vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou
esquiva. (DSM-V; Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações
Mentais).
A ansiedade constitui o grupo mais comum de doenças psiquiátricas, um
estudo americano de comorbidades relatou que 1 em cada 4 pessoas na
população geral satisfaz o critério diagnóstico de pelo menos um transtorno de
ansiedade e que há uma taxa de prevalência em 12 meses de 17,7%. %. O
risco de morbidade durante a vida é de 9%. Indivíduos do sexo feminino têm
duas vezes mais probabilidade do que os do masculino de experimentar
transtorno de ansiedade generalizada. (MANGOLINI V I, ANDRADE L H,
WANG Y P; 2019)
As características principais do transtorno de ansiedade generalizada
são ansiedade e preocupação persistentes e excessivas acerca de vários
domínios, incluindo desempenho no trabalho e escolar, além disso, são
experimentados sintomas físicos, incluindo inquietação; irritabilidade; tensão
muscular; e perturbação do sono. Essas alterações causam sofrimento
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou
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em outras áreas importantes da vida do indivíduo. (DSM-V; Manual de


Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais)
Sobre essa conjectura, ao analisarmos o perfil dos participantes do
estudo, é digno de nota que eles possuem alguns fatores de risco que podem
acarretar ao surgimento de crises de ansiedade, entre esses fatores
destacamos a posição de trabalhadores da saúde na atenção básica e que
está em contato direto com o combate a pandemia pelo COVID 19, além da
modificação no contexto da forma de trabalho devido as medidas preventivas.
Nesse sentido, percebe-se que esses fatores podem gerar sintomas como
dificuldade de concentração, inquietação, dores de cabeça ou musculares,
sentimento de insegurança e tonturas nesses pacientes. (RODRIGUESD. G.;
PELISOLI C; 2015)
Com isso, os pacientes portadores de transtornos de ansiedade
apresentam redução significativa da qualidade de vida, com menor
produtividade, potencializado no período da pandemia da COVID-19, devido à
falta de interação social pela falta de atividades físicas, pela interrupção de sua
rotina diária, pressão sobre o ambiente de trabalho e familiar e maiores taxas
de comorbidade. (TRANSTORNO DE ANSIEDADE. DSM-5).

4.4 HIPÓTESES DE SOLUÇÃO


Ao estabelecer relações entre as diferentes informações teorizadas e
com base nas reflexões realizadas nas etapas anteriores, as hipóteses de
solução levantadas para o problema foram; realizar terapia comunitária
integrativa (TCI), fortalecer a relação da equipe de saúde no ambiente de
trabalho, incentivar a realização de prática de atividade física, educar quanto a
mudança no hábito alimentar, esclarecer em relação a regularização da
quantidade e qualidade do sono.
Nesse sentido, a Terapia Comunitária Integrativa (TCI) emerge como
uma estratégia de inclusão social e apoio à saúde mental da população, que é
definida como um espaço de acolhimento, para a partilha de sofrimentos e
sabedoria de vida, que ocorre de maneira circular e horizontal. Constitui um
espaço de escuta, reflexão e troca de experiências, criando uma teia de
relação social entre os participantes, na busca de soluções para os conflitos
pessoais e familiares apresentados no encontro. A TCI é , portanto, uma
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tecnologia de cuidado, que tem dado respostas satisfatórias aos que dela se
beneficiam, sendo mais um instrumento de trabalho, que pode ser utilizado
pelos profissionais de saúde no enfrentamento de situações de sofrimento
advindas do cotidiano. Através da terapia, estes profissionais e as pessoas da
comunidade envolvidas podem compreender melhor a origem de seus
problemas e desenvolver estratégias que permitem um direcionamento de
ações para a promoção da saúde, conforme entendida na carta de Ottawa
(1986); e melhora da qualidade de vida da população.
Paralelamente ao cenário de promoção do bem-estar biopsicossocial,
atividade física é uma intervenção essencial para o bem-estar à medida que a
atividade física se mostra um método não farmacológico de terapia a
ansiedade. Durante o exercício ocorre a liberação de várias substâncias na
corrente sanguínea que aumentam o bem-estar e prazer. Os
neurotransmissores mais conhecidos e suas respectivas responsabilidades:
dopamina (prazer), noradrenalina (reação ao estresse) e a serotonina (humor).
A endorfina especialmente atua antes e após o exercício como um analgésico
natural para aliviar dores, tensões e reduzir estresse.
Portanto, orientamos que os pacientes em questão adotassem uma
rotina de atividade física durante a semana. As diretrizes do Colégio Americano
de Medicina do Esporte orienta que para manter-se ativo em casa é
necessário: 150 a 300 minutos de exercícios semanais. (AURÉLIO S S,
SOUZA F; 2020).
A ansiedade é mediada pela maior ou menor biodisponibilidade de
alguns neurotransmissores no Sistema Nervoso Central, e sua desregulação se
dá pela falta de precursores dietéticos. Dentre esses precursores o triptofano,
um aminoácido utilizado na biossíntese de proteínas, associado a outras
substâncias é essencial para a formação de serotonina hormônio que entre
suas funções está a estabilização e regulação do humor. (SOUZA D T B. et al;
2018) Recomendamos que o paciente incluísse em sua dieta alimentos ricos
em triptofano tais como: leite, ovos, carnes, cereais integrais, batata, couve-flor,
berinjela, soja, banana, kiwi, brócolis, tomates e nozes.
Sabe-se que a ansiedade favorece a ocorrência de má qualidade do
sono, latência do sono prolongada e despertares noturnos nas noites que
antecede alguma situação ansiolítica para o individuo. A falta de um sono
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adequado pode acarretar prejuízos na saúde, a explicação para tal afirmação


está associada a uma modulação inapropriada das respostas cerebrais
emocionais, falta de consolidação de memória e acúmulo de informações que
não sofrem um processo denominado filtragem cerebral. (SCHMIDT, B.,
CREPALDI, M. A., BOLZE, S. D. A., NEIVA-SILVA, L; 2020)
Sobre essa conjectura, recomendamos que o paciente adotasse uma
rotina de sono estabelecendo um horário para dormir e acordar que envolva um
intervalo de no mínimo 7 horas de sono na tentativa de regular o ciclo
circadiano envolvendo os hormônios do sono e do despertar.
Para exemplificar essas medidas os alunos confeccionaram um panfleto
contendo essas informações relacionadas as sugestões de mudanças de
hábitos diários sugeridos durante as hipóteses de solução. (ANEXO II)

4.5 APLICAÇÃO DA REALIDADE


A abordagem da TCI com a equipe de saúde da UBS, a princípio, não foi
imediata. Houve um certo desinteresse no início da apresentação do tema
“Pandemia e saúde mental” que, durante a “roda de conversa” fora sendo
extinto. A maioria, mulheres, expôs relatos e experiência de vida mais
desafiadores durante esses dois anos de pandemia – isso contribuiu para que
cada um exteriorizasse, naquela momento, aflições e/ou sentimentos que
memorassem algum momento durante o período. Foi uma experiência
enriquecedora e que “abriu portas” para que outros temas pudessem ser
sugeridos para próximas atividades de TCI. Assim sendo, de fato, fomos
abordados para que fizéssemos outra roda de conversa com temas
relacionados ao sofrimento mental e, dentre as opções depressão, ansiedade e
estresse, o último foi o mais votado pela equipe.
Sendo assim, em primeiro plano, a TCI trouxe pontos positivos para a
abordagem inicial com a equipe e proporcionou que outros temas como saúde
mental fossem colocados em discussão, fortalecendo opiniões, práticas, laços
afetivos e relações de trabalho entre os membros.
No decorrer da terapia, os pacientes demonstraram uma maior
integração, sentindo-se mais à vontade para compartilhar seus sentimentos e
buscar, em conjunto com os colegas, a solução para seus conflitos. Alguns
participantes mais inibidos, nos primeiros encontros, apresentaram uma
14

importante evolução no decorrer das atividades e uma maior participação


coletiva.
Nos últimos encontros era perceptível a mudança de comportamento
dos participantes, de forma que as atividades eram bem mais produtivas e o
interesse pela terapia foi disseminado por todos os profissionais da UBS. Os
profissionais que não estavam participando da terapia, ao perceberem a
melhoria na saúde mental dos colegas, passaram a nos procurar, interessados
em aderir à terapia e participar dos encontros pois tinham sentimentos que
gostariam de compartilhar e aflições à serem solucionadas.

5. CONCLUSÃO
A pandemia da COVID-19 aflorou, nos profissionais de saúde, um
quadro de estresse e ansiedade jamais vistos. O fato de laborar na linha de
frente no atendimento a pacientes que poderiam estar infectados com o vírus
SARS-CoV-2 desencadeou aflições e sentimentos de grande preocupação com
sua saúde e a de seus familiares.
Foi observado que os pacientes desconheciam e não entendiam a real
importância da prevenção da ansiedade, além das medidas que poderiam
intervir no prejuízo social e funcional que esse transtorno pode acarretar.
O desenvolvimento das atividades de Terapia Comunitária Integrativa
com o grupo de profissionais da UBS apresentou resultados positivos já nas
primeiras intervenções, demonstrando para nós e para os pacientes que a
continuidade do tratamento acarretará uma melhor qualidade de vida e uma
maior produtividade dos profissionais em suas atividades laborais.
Dessa forma, nossa contribuição com autocuidado da equipe de saúde e
nossas instruções sobre uma forma de melhorar sua qualidade de vida foi, por
demais, gratificante na conclusão de nosso trabalho e esperamos que
tenhamos incutido em todos da UBS Veiga Jardim que o cuidado com saúde
mental ajuda a equipe mudar e melhorar sua realidade.
Na qualidade de, em breve, médicos, foi bastante enriquecedor observar
a evolução da equipe submetida a terapia, no decorrer dos encontros. Foi
nítida a mudança comportamental dos profissionais quanto ao reconhecimento
da importância das atividades em grupo e da integração com os colegas na
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melhoria do desempenho em suas atividades profissionais, melhorando


também os sintomas de ansiedade existentes.
Assim, concluímos nosso trabalho com a sensação do dever cumprido e
cientes de que a experiência adquirida com a aplicação da terapia comunitária
integrativa é fundamental para melhoria da saúde mental.
16

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KAPLAN E SADOCK; Compêndio de Psiquiatria. 9ª ed. Porto Alegre: Artes


Médicas, 2007.2.

BECK, JUDITH S. Terapia Cognitivo-Comportamental. 2ª ed. Porto Alegre:


Artmed, 2013.

AURÉLIO S S, SOUZA F; Atividade física no combate a incidência de


depressão e ansiedade na pandemia do covid-19: uma revisão de literatura;
2020.

PEREIRA M. D. et al., A pandemia de COVID-19, o isolamento social,


consequências na saúde mental e estratégias de enfrentamento: uma
revisão integrativa; 2020.

Reis-Filho, J. A., & Quinto, D. COVID-19, Isolamento social, hábitos de vida,


fornecedores de alimentos afetados e repercussão na vida social; 2020.

Schmidt, B., Crepaldi, M. A., Bolze, S. D. A., Neiva-Silva, L., &Demenech, L. M.


(2020). Impactos na Saúde Mental e Intervenções Psicológicas Diante da
Pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19); 2020

American PsychiatricAssociation (1994). DSM-V: Manual de Diagnóstico e


Estatística das Perturbações Mentais (5ª Ed.) Capítulo

SILVIA F R C et al; Os efeitos da pandemia nos transtornos de ansiedade;


2020

SOUZA D T B. et al; ANSIEDADE E ALIMENTAÇÃO: UMA ANÁLISE


INTERRELACIONAL; 2018.
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Anexos

Anexo I: Questionário sobre terapia comunitária integrativa


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19

Anexo II: Panfleto confeccionado pelos acadêmicos contendo informações


relacionadas as sugestões de mudanças de hábitos diários sugeridos durante
as hipóteses de solução.

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