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Plano Mestre para a regeneração social,

económica e ecológica de uma aldeia.

FERRARIA
DE SÃO JOÃO
Imagem 1: Caminho na encosta a Poente da Aldeia

“A melhor maneira de prever


o futuro é desenhá-lo”
— Buckminster Fuller

Imagem 2: Caminho na encosta a Poente da Aldeia

Imagem 3: Ribeira de Ferraria empedrada pelos antepassados


Design. O último encontro deve ser desenvolvido
Proposta Inicial pela AMFSJ como celebração da parceria e dos
resultados obtidos.
É de louvar o incrível trabalho desenvolvido pela Paralelamente a todos os encontros, dá-se lugar
AMFSJ em tão curto espaço de tempo. Com muito a duas reuniões com o grupo de trabalho da
trabalho é criada muita informação, composta AMFSJ. Uma reunião para a preparação do
de uma diversidade de factores, entre os quais a encontro e outra para avaliação, definir próximos
percepção de cada um dos intervenientes acerca passos e dividir tarefas até ao encontro seguinte.
da experiência, que por vezes, inspira ideias
para — com maior profundidade, desenvolver o Primeira Visita
projeto e capacitação dos intervenientes.
Esta primeira visita tem como objetivo apresentar
O processo de reflexão, avaliação e redefinição à AMFSJ o plano desenvolvido pela Terracrua
da missão e objetivos pode ser facilitado por Design e equipa de facilitadores e envolver a
um agente externo, numa posição objectiva e associação na aplicação do mesmo.
desapegada de resultados. Uma presença atenta
1. Identificar partes interessadas
que ajude a organizar a informação, a incentivar
o diálogo e cooperação entre o grupo de forma 2. Definir dimensão temporal do projecto
eficiente e confiante.
Com o apoio de profissionais com ferramentas e Primeiro Encontro
aptidões para a facilitação de trabalho de grupo Este encontro serve como apresentação e debate
é possível detetar e agir sobre pontos chave de soluções, inspirações e estratégias para o
relevantes, tanto para a mitigação de riscos como território.
para a alavancagem do projecto. Esta proposta
resume-se a um conjunto de 5 a 6 encontros, 3. Apresentar levantamento e mapeamento do
para avaliar, rever e redefinir — de acordo com território.
as necessidades identificadas, a missão e os 4. Avaliar estratégias e resultados dos eixos de
objetivos específicos dos eixos de intervenção. acção desenvolvidos entre 2017 e 2020.
Inclui possíveis sessões de design e trabalho de
5. Identificar oportunidades, vulnerabilidades
grupo para o planeamento de projetos e acções
e direções.
para uma resposta adequada às necessidades do
projecto.
Segundo Encontro
Este serve para criar uma visão comum e objetivos
Visão Comum e específicos de forma participativa para o projeto
no território.
Participação
6. Apresentar possibilidades para cenários
Essencial para o desenvolvimento de um projecto futuros
integrado e que seja abraçado pela comunidade, é
7. Definir direcções para o futuro
envolver a comunidade e desenhar com estes, do
padrão ao detalhe. 8. Elaborar visão comum e objectivos
específicos
A proposta para o desenvolvimento participado
do projecto resume-se a uma visita inicial seguida
de quatro encontros com a população e partes Terceiro Encontro
interessadas, facilitado pela equipa da Terracrua Serve para apresentação de design e discussão
detalhada com vista a um plano de implementação
Imagem 4: Caminho na encosta a Poente da Aldeia
9. Apresentação da proposta de design Projeta e planeia todas as intervenções no Esta compreensão abrangente do território
território e o seu plano de infra-estruturas Metodologia para o integra deste modo a observação, levantamento
10. Decisão participada de aspectos do design
11. Elaborar plano de ação
adjacentes, para a sua máxima eficiência e baixo desenvolvimento do Plano e análise do local como um ponto de partida sine
impacto ecológico, energético e financeiro, a qua non para a concepção da paisagem produtiva
curto, médio o longo prazo. Mestre e a estruturação do território alvo de projecto.
Quarto Encontro O destaque deste serviço é alcançar, no final do A nossa abordagem assenta num pano de fundo Como fio narrativo da totalidade do projecto,
Para desenvolver aspectos organizativos e de processo criativo de design, um “plano mestre” de agro-regenerativo e inspira-se nos princípios propomos a inclusão sistemática, tanto nas fases
suporte à implementação do plano. estratégias e processos para atingir os objetivos. do design de permacultura (Bill Mollison e de análise, como na fase de design, de uma série
É uma excelente forma de assegurar o investimento David Holmgren), no Design em Key-line (P.A. de factores que determinam a paisagem de forma
12. Elaborar plano de acção.
“cometendo os erros no papel” e não no terreno. Yeomans), Agricultura Natural (Masanobu “relativamente permanente”, na sua qualidade,
13. Organizar grupos de trabalho. Fukuoka), no Pastoreio Holístico (Allan Savory, característica e quantidade.
Pensar e implementar segundo uma sequência
inteligente e conectada, que assegura a máxima Kirk Gadzia e Joel Salatin) e na agricultura 1. Clima
Quinto Encontro eficiência a nível ecológico e financeiro. biodinâmica (Rudolph Steiner).
2. Topografia
Desenvolvido pela AMFSJ, trata-se de uma Pode ser aplicada em espaços e paisagens
3. Dinâmica Hídrica
celebração e apresentação pública do plano para produtivas, em áreas e zonas com funções
o território, avaliação de resultados e definição de puramente ecológicas ou para espaços de lazer 4. Acessos
próximos passos. e pedagógicos. Para tal, o território é abordado 5. Vegetação e Vida Selvagem
sempre de forma holística: Como um todo. E
14. Apresentação pública dos resultados 6. Edificado e Estruturas Humanas
como parte de um sistema maior, dentro do qual
15. Avaliação conjunta dos resultados da se visa a integração equilibrada: entre economia 7. Zonas Ecológicas, Produtivas e Fronteiriças
parceria AMFSJ - Terracrua. e necessidade de retorno, produtividade, ecologia
8. Solos
16. Explorar próximos passos para a parceria regenerativa e bem estar social.
AMFSJ - Terracrua. 9. Energia.

Plano Mestre

O planeamento estrutural regenerativo da


paisagem analisa e abrange a sua totalidade,
enquanto projeta, planeia e organiza todas as
infra-estruturas necessárias ao estabelecimento
das actividades humanas, numa base de procura
de um profundo equilíbrio com o enquadramento
ecológico de cada paisagem ou território.
Procura tornar as condicionantes naturais da
paisagem em “aliados” polivalentes do fazedor
do território, através de um plano de gestão dos
recursos naturais.
O projeto de design ou planeamento, refere-se à
concepção dos espaços da propriedade segundo
os princípios de design de agro-ecologias
abrangendo o máximo possível de elementos
determinantes da paisagem.

Imagem 5: Chegada a Ferraria de São João com o eucaliptal no fundo.


Se possível queriamos também detetar possíveis

Objetivos
desafios e soluções ou pontos de alavancagem,
assim como definir a dimensão temporal do
projeto.

do Design
As visões identificados aquando da primeira
visita foram:

A população local:
1. Conclusão dos trabalhos na ZPA, conforme
A Terracrua Design tem como objetivos principais
estabelecido aquando da sua criação em
para o projeto:
2017
1. Mitigar os riscos e reduzir os danos
2. Desenvolver estratégias para a futura gestão,
causados por incêndios
limpeza e manutenção da ZPA
2. Recuperar a reabilitar os ecossistemas da
3. Mitigar os riscos causados pelos incêndios
Aldeia
4. Honrar o trabalho dos antepassados, a sua
3. Encontrar potenciais riqueza na cadeia de
história, cultura e costumes
valor dentro da Aldeia.
5. Proteger os seus valores, famílias e bens
6. Proteger as zonas produtivas (hortas,
pomares, renovo) da fauna (veados e javalis)
7. Transparência por parte da CMP e da

Primeira Visita e AMFSJ quanto aos gastos e investimentos na


manutenção da ZPA

a Identificação 8. Estabelecer população mais jovem na aldeia

de Objetivos das A AMFSJ:


9. Dinamizar a loja da Aldeia com workshops

Partes e capacitar a equipa e os aldeões com


conhecimento e experiência para gerir e
desenvolver a ZPA
Este projeto tem clientes principais e secundários. 10. Fazer um plano de gestão para a aldeia
A Terracrua Design identificou após a primeira e envolvência, e usar os terrenos da
visita que os dois principais clientes, para o Associação como exemplos de como a
qual o design servirá, são a população local e a gestão pode ser feita.
Associação de Moradores de Ferraria de São
João (doravante AMFSJ). Em segundo plano 11. Desenvolver um Plano Mestre que permita a
encontram-se a Camara Municipal de Penela candidaturas a financiamento externo para a
(doravante denominada CMP). implementação do Plano.

A primeira visita da Terracrua Design ao local 12. Encontrar forma de financiar postos de
teve como objetivo principal identificar as partes trabalho.
interessadas, os indíviduos, e as suas visões a 13. Recuperação de três moinhos da azenha
curto e longo prazo.

Imagem 6: Caminho a Oeste da Aldeia. Aos Eucaliptos juntam-se Acácias, Azevinhos e vários Carvalhos 5
A CMP: e. Restaurar antigos bebedouros

14. Desenvolver Plano Mestre para apoiar f. Restaurar antigo chafariz


a CMP e AMFSJ com o projecto g. Restaurar o empedramento em secções da
“Condomínio da Aldeia” e “Ferraria Aldeia ribeira
Viva” h. Restaurar antigos açudes
o. Posicionamento de uma charca para
abeberamento de animais 9. Reduzir a perigosidade e danos causados
p. Posicionamento de um reservatório de água por incêndios.
q. Posicionamento de um pomar de laranjas 10. Estabelecer estratégias, métodos e infra-
r. Posicionamento de um prado estruturas para reabilitar os ecossistemas
presentes e permitir o desenvolvimento
social e económico
19. Desenvolver com as partes, uma estratégia
para a gestão e extensão da ZPA e um Imagem 7: Caminho na encosta a Oeste da Aldeia
acordo de uso de superfícies
20. Observância das normas de limpeza de
combustíveis
21. Manter um perímetro de 100m à volta da
aldeia sem espécies combustíveis
22. Respeitar, integrar e promover o plano
municipal de defesa contra incêndios.
23. Estabelecer galeria ripícola na Ribeira de
Ferraria.

Objetivos Imagem 8: Ribeira de Ferrarias e as lajes que permitem a passagem de uma margem para a outra.

Terracrua
Na sequência do primeiro encontro e da
elencagem dos objectivos da AMFSJ, da CMP e
da população em geral, definimos os seguintes
objectivos complementares para o Plano Mestre:
1. Desenvolver um plano de emergência em
caso de incêndio e respectivos simulacros
associados a evento de cariz sócio-cultural
2. Integrar as vontades da população no Plano
Mestre
c. Restaurar antigos caminhos
d. Restaurar a fonte velha

6 Imagem 9: Vista sobre a ZPA.


A orografia acentuada cria uma grande diversidade
Localização de nichos para preencher. A azinheira ocorre nas
zonas mais altas, ensolaradas e secas, o sobreiro
Mapa 1: Localização de nas zonas mais soalheiras e os castanheiros e
Ferraria de São João em A aldeia de Ferraria de São João encontra- outros carvalhos nas zonas mais húmidas e frias.
Portugal Continental se no centro de Portugal continental a uma
latitude de 39,58º Norte da linha do equador e Às linhas de água profundamente encaixadas
a uma longitude de 8,19º Oeste do meridiano estão associados o azereiro com azevinho de
de Greeenwich. Localiza-se a cerca de 50km do caracter reliquail com grande importância para
oceano atlântico e a uma altitude de cerca de 630 certas espécies de fauna.
metros acima do nível do mar na Serra da Lousã.

Serra da Lousã
Toda a Serra é constituída maioritáriamente
por xistos com alguns afloramentos graníticos e
cristas quartzíticas que se destacam na paisagem
de Ferraria de S. João.

Mapa 2: A Aldeia situa-se na extrema ocidental da Serra da Lousã

Hipsometria

500

1000

1500

2000
Mapa 3:As linhas de água da Região

Hipsometria
<= 100

100 - 200

200 - 300

300 - 400

400 - 500

500 - 600

600 - 700

700 - 800

800 - 900

900 - 1000

1000 - 1100

1100 - 1200

1200 - 1300

> 1300

Linhas de Água
1ª ordem

2 ª ordem

3ª ordem

4ª ordem

Populações
Mapa 4: Acessos na região

Acessos e Limites
Administrativos

A aldeia pertence ao Concelho de Penela na


freguesia da Cumeeira na sub-região de Floresta
da Beira Serra. Faz fronteira com a freguesia de
Aguda já no concelho de Figueiró dos Vinhos.
A Oeste, a cerca de 2,5Km em linha reta, passa
num eixo Norte-Sul, a Auto-estrada A13 que
liga o Concelho de Penela a Coimbra e Lisboa. A
aldeia está acessível pelo sector oeste a partir da
aldeia do Favacal ou a Sul a partir do Cercal.

Hipsometria Acessos
<= 100 Autoestrada

100 - 200 Primário

200 - 300 Secundário

300 - 400 Terciário

400 - 500 Populações

500 - 600 Concelhos

600 - 700 Freguesias

700 - 800

800 - 900

900 - 1000

1000 - 1100

1100 - 1200

1200 - 1300

> 1300

Linhas de Água
1ª ordem

2 ª ordem

3ª ordem

4ª ordem
Mapa 5: Concelhos Mapa 6: Freguesias
Mapa 7: Topografia da Aldeia e a sua Bacia Hidrográfica de Ferraria

Topografia

Protegida por uma crista quartzítica a nascente


(Imagem 10) com uma altitude de cerca de 850m
e outra a sul (Imagem 11) com cerca de 700m.
A aldeia desenvolve-se exposta a poente entre os
620 e os 640m de cota.
Para sudeste desenha-se um vale que é utilizado
para agricultura e pastoreio pela população
da aldeia. Este vale prolonga-se por vários
quilómetros até à aldeia de Chimpales no
concelho de Figueiró do Vinhos.

Linhas Mestras (10m)


Sítios
Estruturas Permanentes
Edi�cado
Super�cies Impermeabilizadas
Acessos
Terra Batida
Estrada
Serviço
Passadiço
Caminho

11
Imagem 10: Crista quartzitica a Nascente. Imagem 12: Vista sobre o vale a partir da ZPA.

Imagem 13: Vista sobre a Aldeia, o Sobreiral Antigo e eucaliptos nas cotas superiores

Imagem 11: Crista quartzitica a Sul.

Imagem 14: Vista para Norte e para o desenvolvimento da Serra de S. João.

12
Imagem 15: Vista área da Aldeia. Fotografia aérea por Geosense.

13
Mapa 8: Declives

Declives

A Aldeia situa-se numa zona de declives


médios de 10-15º. Acima os declives são muito
acentuados. Em alguns locais pode-se verificar
erosão de solos e transporte de inertes das estradas
ao ponto de açorear o sistema de escoamento de
águas pluviais.

Edi�cado
Declive
Band 1 (Gray)
<= 5º
5 - 10º
10 - 15º
15 - 20º
20 - 25º
25 - 30º
30 - 35º
35 - 40º
40 - 45º
45 - 50º
50 - 55º
> 55º

14
Mapa 9: Altimetria da Aldeia

Altimetria
Linhas de Nível (1m_Geosense)
10m
1m
Estruturas Permanentes
Edi�cado
Super�cies Impermeabilizadas
Acessos
Terra Batida
Estrada
Serviço
Manilha
manilha
Caminho

15
Mapa 10: Temperaturas e Precipitação em Ferraria de São João. Fonte: SNIRH

Especulação de um futuro
Diagnóstico clima
Num cenário de alterações climáticas elevadas,
com pouca redução de emissões de gases de
efeito de estufa (RCP 8.5), o clima da Ferraria
Clima de São João passará a estar na classe de Csa, ou
seja clima temperado com verão seco e quente, a
O clima actual da aldeia da Ferraria de São João é
partir do período 2040-2070. Tº Mínima Tº Máxima
classificado, segundo a classificação de Köppen-
Actualmente, a precipitação anual acumulada é
Band 1: tmin Band 1: tmax
Geiger, como um clima Csb, temperado com
verão seco e temperado, o que significa que é mais de cerca de 1600 mm, o que é significativamente <= 2ºC <= 15Cº

fresco no verão do que a região imediatamente superior às regiões com menores altitudes no seu 2 - 4ºC 15 - 17Cº

a sul que é classificada com o clima Csa, ou seja entorno. 4 - 6ºC 17 - 20Cº
clima temperado com verão seco e quente. No cenário RCP 8,5 a precipitação anual 6 - 9ºC 20 - 22Cº

Os dados do SNIRH indicam que desde 2002 a acumulada irá reduzir para cerca de 1350mm, 9 - 11ºC 22 - 24Cº
precipitação horária máxima para a região não aumentando a precipitação no inverno, sendo
ultrapassa os 10mm/h tendos estes picos lugar mais concentrada em chuvadas fortes e reduzindo > 11ºC > 24Cº

em Novembro. a precipitação nos meses de primavera e outono.


A precipitação concentra-se no período entre Actualmente, as temperaturas máximas de agosto
Outubro e Abril sendo o mês mais chuvoso o de são também menores do que as regiões mais
Dezembro com cerca de 115mm. Os meses mais baixas no seu entorno, precisamente devido à
secos e quentes são Julho e Agosto que podem ter altitude, sendo a média da temperatura máxima
de agosto, durante o histórico observado entre Gráfico 1: Precipitação em Ferraria de S. João. Fonte: SNIRH
temperaturas máximas diárias a oscilar entre os
35 e os 45ºC. 1970-2000 de cerca de 26ºC.
As geadas podem ocorrer de Outubro a Abril. No cenário RCP 8.5 a média da temperatura
máxima de Agosto subirá para cerca de 33ºC
O vento chega principalmente dos setores
no período de 2070-2100. Localmente, esta
Noroeste e Oeste e manifesta-se no período entre
subida de temperatura irá aumentar a pressão
Dezembro e Abril chegando a ultrapassar os
sobre algumas espécies que não estão adaptadas
10m/s.
a temperaturas máximas tão elevadas, como o
Através dos mesmos dados do SNIRH podemos Sobreiro, poderá aumentar o risco de incêndio
inferir que a precipitação média anual encontra- assim como as necessidade de irrigação nas
se a rondar os 1050mm. Surgem também hortas e pomares.
indicações de precipitações exceccionais com
As subidas de temperatura poderão também
o recorde registado de 2780mm em 1935 ou incêndios, segurança alimentar, segurança evaporação e transpiração que geram diferenças
aumentar o desconforto para a população no
500mm em 1952. energética, criação de alternativas de emprego, de humidade, o ciclo curto da água que potencia
verão. Neste cenário prevê-se também uma
No Gráfico 1 são visíveis períodos de 3 a 6 anos subida da temperatura mínima, uma diminuição fortalecimento da economia local e regional. a formação de orvalhos e manutenção de
entre bons anos de chuva e anos de seca. significativa dos dias de geada. precipitação local, entre outros. Factores que
influenciam e criam microclimas podem ser
As alterações climáticas poderão originar outros
impactos importantes ao nível da paisagem, dos
Microclimas infraestruturas com massa térmica, barreiras
contra o vento, superfícies de água, vegetação,
mercados e da sócio-economia, que poderão Os microclimas dizem respeito a variáveis animais, estufas, pilhas de compostagem, entre
influenciar significativamente a aldeia. climáticas como a temperatura, humidade, geada, outros. Para entender os microclimas que já
Face a este possíveis impactos sócio-ecnómicos e ventos que são significativamente diferentes no existem é necessário analisar a exposição solar de
destaca-se a importância de criação de resiliência local devido a factores como a exposição solar, a inverno e verão, os ventos dominantes, o relevo,
local, ou seja, manutenção da segurança contra exposição ou protecção de ventos dominantes, a
16
Mapa 11: Água da Aldeia

Altimetria
Linhas de Nível (1m)
10m
1m
Linhas Mestras (10m)
Estruturas Permanentes
Edi�cado
Superfícies Impermeabilizadas
Super�cies Impermeabilizadas
Água IE Polígonos
Fonte Velha
Manilha
Moinhos
Piscina
Poço
Tanque
Vegetação Existente
Árvores e Arbustos
Eucaliptais Circundantes
Acessos
Terra Batida
Estrada
Serviço
Passadiço
Manilha
manilha
Caminho
tertiary
Águas Lineares
Infra-estruturas
Pluviais
Ribeira de Ferraria
Ribeira das Ferrarias
Saneamento
Regateira
Linha de Água Empedrada

Linhas de água da região


Linhas de agua regiao

17
Mapa 12: Vegetação Existente em Torno da Aldeia

as superfícies de água, as florestas, as zonas de incêndios a água utilizada actualmente provém


irrigação, as infraestruturas que fornecem calor e da mesma origem, depósito e canalização
barreira contra o vento. utilizada para o fornecimento doméstico. Este
A exposição da aldeia a sul, protegida pela é um problema que ameaça a segurança das
orografia e florestações a norte, contra os populações pois em momento de combate aos
ventos dominantes de Noroeste, fornece-lhe incêndios é necessário usar toda a água disponível
um microclima mais quente e menos frio do mas sem comprometer o abastecimento da
que na zona em torno. Esta proteção dos ventos população. Neste sentido é importante no futuro
dominantes pode ser reforçada com corta-ventos separar a canalização e depósitos e eventualmente
de árvores e arbustos que são eficazes a uma fontes de água para o combate aos incêndios e
distância de 4 vezes a altura da copa do corta- abastecimento da população.
vento. Para a actividade agrícola no vale, a elevada
Os edifícios, habitações e currais da aldeia quantidade de poços disponibiliza água suficiente
aumentam a temperatura no seu redor e permitem para as actividades actuais mas apresenta
a redução das geadas, o que é um fator importante algumas limitações para a utilização da água
para favorecer algumas espécies de plantas, em cotas superiores, caso se pretenda no futuro
como os citrinos e as nespereiras, ou adiantar as desenvolver a actividade agrícola em todo o vale,
sementeiras e viveiros para as hortas de primavera. com rega optimizada. Possíveis investimentos no
A criação intencional deste microclimas com a futuro para melhorar e optimizar o fornecimento
construção de pequenas estufas ou estufins são já de água para actividades agrícolas, deve merecer
utilizados pela população para a horticultura. A atenção. Para apoiar as plantações agro-florestais
construção de uma estufa de maiores dimensões nas zonas de protecção da aldeia, a disponibilidade
para viveiro ou mesmo para culturas hortícolas, de água em altura é um factor que pode aumentar
pode ser bastante útil para apoiar a atividade significativamente o sucesso das plantações. No
agrícola de subsistência ou comercial no vale da entanto, antes de aumentar disponibilidade de
Ferraria de São João. água para rega é importante investir na retenção
de água nos solos, promovendo as plantações
em valas e cômoros, socalcos ou meias-luas,
com cobertura do solo. A prevenção da erosão,
Água a manutenção do coberto do solo, as pastagens
permanentes, arbustos e árvores favorecem
A Aldeia e a Ribeira que aqui se desenvolve fazem também a regulação do ciclo hidrológico à escala
parte da grande bacia do Rio Tejo. Esta linha da bacia hidrográfica da Ferraria, regularizando o
de água desenvolve-se progressivamente. até à caudal da ribeira da Ferraria e a disponibilidade
Ribeira de Alge que por sua vez desagua no rio de água no subsolo ao longo do ano, prevenindo
Zêzere. também inundações e os impactos negativos
das chuvas fortes e torrenciais que se prevêm
Devido à elevada precipitação, grande quantidade aumentar, em todos os cenários de alterações
de nascentes, poços, tanques e localização em climáticas.
torno da ribeira, a aldeia da Ferraria de São João
tem grande disponibilidade de água durante Estruturas como a Regateira, uma vala de diversão
todo o ano para as actividades agrícolas e para da água no lado Oeste da Aldeia, protegem-na
combate aos incêndios. No entanto existe falta de das chuvas fortes, podendo ser utilizada como
pressão na água canalizada para o fornecimento linha de água temporária, criando e favorecendo
doméstico à população e pouca capacidade de a vegetação ripícola sempre que possível.
armazenamento em altura para utilização em A ribeira da Ferraria tem um caudal reduzido
momentos de grande necessidade como é o nos meses de verão, inferior ao desejado para
do combate aos incêndios. Para o combate aos o usofruto de entretenimento por parte da

18
Mapa 2: Localização de Ferraria de São João

população e visitantes da aldeia, caudal este que


pode ser regularizado pelas acções referidas Infra-estruturas
acima mas também pela criação de uma
As infraestruturas presentes na aldeia consistem
galeria ripícola que além de reduzir a erosão e
em habitações familiares, alojamentos locais,
assoreamento, aumenta o ensombramento e
sede da associação de moradores, posto de BTT,
diminui a evaporação. A construção de açudes
espaço da associação reservado para futura
ou barragens pode melhorar o usofruto da
loja, cabrais, armazéns agrícolas, adegas, poços,
ribeira pela aldeia. Em alguns locais, devido ao
tanques, fontes e helitanque. Existe uma rede de
assoreamento e destruição pontual das margens
distribuição eléctrica enterrada e segura do risco 16 17
da ribeira, a água sai fora do curso desenhado
de incêndio no local embora vulnerável noutras
e construído em muros de pedra tradicionais e
zonas de transporte até à aldeia (ex. rede de média
históricos, sendo necessário regularizar o curso
tensão). Para o futuro está pensado um bunker
da ribeira. A prevenção da erosão nas linhas de
para protecção da população em caso de incêndio.
água temporárias, margens e vale da aldeia são
Para as funções de habitação e visitação considera-
importantes e essenciais para a regularização e
se que não existem suficientes habitações para
manutenção das funções e qualidades estéticas
aluguer, para satisfazer a procura de habitantes e
da aldeia.
visitantes. Para as actividades agrícola e pecuária
considera-se que as infraestruturas existentes
são mínimas, e que apesar de suficientes no
Acessos passado, não são as suficientes e necessárias para
18
a manutenção da actividade, animais e máquinas.
Apesar da quase totalidade das habitações e Para a função de transformação e valorização dos
infraestruturas se localizarem no município de produtos naturais considera-se que não existem
Penela, uma parte significativa das hortas, pastos infraestruturas necessárias em quantidade e
e poços em torno da aldeia estão localizados qualidade sendo recomendada a construção ou
no município de Figueiró dos Vinhos. Esta reconversão de infraestruturas em função do
divisão de municípios corresponde também à plano económico e que podem incluir cozinha
divisão respectiva nos distritos de Coimbra, a de transformação, adega, estufa de secagem e
norte e Leiria a sul. A divisão administrativa armazém.
entre municípios influencia diversos aspectos
importantes para o território como sejam as Imagem 16: Fonte Velha,
manutenções de acessos, as acções gestão de parte do património histórico
da Aldeia. Local de convívio
combustível, as acções de combate a incêndios,
dos antepassados e onde os
os apoios ao desenvolvimento rural e questões habitantes lavavam a roupa.
administrativas. 17: Helitanque usado para o
combate ao fogo.
Existem duas estradas de alcatrão que ligam 18: A aldeia tem uma boa 19
a Ferraria de São João à aldeia de Favacal e variedade de antigos ‘engenhos’
como noras e alavancas para a
Cercal e posteriormente à restante rede viária irrigação dos campos.
modernizada e conectada com A13 e IC3. 19: Sabugueiro junto à Ribeira.
Os restantes acessos são caminhos rurais que Em Maio, este era o local que
apresentava os primeiros sínais
circulam por entre a floresta e a serra, com difícil de água na Ribeira.
circulação para visitantes e veículos ligeiros. 20: Antigos pegos de pedra com
comporta de metal agora em
desuso.
21: Acesso a norte da Aldeia. A
ZPA encontra-se à direita.

20 21

19
Mapa 13: Tipos de Acessos à Volta da Aldeia

20
Para a função de produção de energia não existem como o azevinho, o medronheiro, a giesta, o
equipamentos nem infraestruturas de suporte, o pirliteiro, a urze, entre outras espécies aromáticas
que também é recomendado. Para a função de e melíferas típicas da flora mediterrânica.
disponibilização de água com pressão não existe Ao abrigo destas manchas florestais é possível
tanque em altura com pressão suficiente para encontrar ainda em estado selvagem mamíferos
o abastecimento das populações nem para o de maior porte como gamos, corços, veados e
combate a incêndios. javalis, e outros de menor porte como raposas,
ginetas, doninhas, lontras e lebres. Em locais mais
húmidos e sombrios, sob a vegetação, podem
22 Flora e Fauna ser encontrados anfíbios emblemáticos como a
salamandra lusitânica e o tritão.
A Aldeia de Ferraria de S.João, circundada por
uma Crista Quartezítica, encontra-se no extremo Sobre a copa das arvóres, os de olhar mais atento
Sul da Serra da Lousã, que juntamente com a conseguirão avistar pequenas aves como o merlo
Serra do Açor e a Serra da Estrela formam uma d-água e o dom fafe, assim como aves de rapina
das maiores cadeias montanhosas de Portugal - a entre as quais o açor, a águia de asa redonda,
Cordilheira Central. gavião, mochos, corujas e peneireiros.
Embora a intervenção humana (pastoreio,
prácticas de gestão florestal, incêndios) tenham
alterado consideravelmente estas paisagens Solo e a Sua Exploração
23 ao longo dos anos, ainda podemos encontrar A zona envolvente à aldeia da Ferraria de São
remanescentes da diversidade e riqueza ecológica João, de orografia e declives pronunciados, é
característica desta região. muito vulnerável à erosão e como tal, tem solos
O coberto vegetal tipicamente mediterrânico esqueléticos, que no topo da montanha são de
24 é composto por manchas florestais e matos facto inexistentes, consistindo apenas na rocha-
dominados por espécies arbóreas autóctones mãe, aumentando progressivamente a sua
entre as quais se destacam o Castanheiro e espécies profundidade à medida que se aproximam do
do género Quercus como o Carvalho Alvarinho, vale onde se situa a aldeia.
Carvalho Cerquinho e o Carvalho Negral. Nas A localização histórica da Ferraria de São João
encostas mais secas e pedregosas encontramos o dever-se-á precisamente à existência deste
Sobreiro e a Azinheira. Constituindo a camada vale com solos aráveis, onde a presença de
arbutiva e sub-arbustiva encontramos espécies afloramentos rochosos e um número elevado
Altimetria de pedras nos horizontes superficiais do solo,
obrigou no passado a grandes limpezas de
10m 22: O acoreamento da Ribeira
começa nas infra-estruturas de pedra para permitir a actividade agrícola. Estes
Infra-Estruturas 25 escoamento de águas pluviais. amontoados de pedra, por vezes dispostos em
Os inertes utilizados para as muros, são ainda hoje visíveis e o solo profundo,
Super�cies Impermeabilizadas estradas, mais de 30m de cota
acima deste local, acabam na limpo de pedras e nivelado, nos cerca de 18
Edi�cado
Ribeira. hectares que constituem as hortas, pomares e
23: Segmento da Ribeira que pastos (Zonas 1,2 e 3) em torno da aldeia, são
Acessos perdeu o empedrado.
Terra Batida 24: Local onde as águas pluviais assim um património que resulta do trabalho dos
chegam à Linha de Água. antepassados da aldeia associado ao fenómeno
Estrada 25: Bosque a Sudoeste da Aldeia. de erosão que transporta os sedimentos da bacia
26: Ao fundo, por cima do
Serviço
sobreiral ancestral pode-se ver hidrográfica para se depositarem em aluvião em
Passadiço os restos das plantações de torno da ribeira, aquando de cheias e transbordo
eucaliptos. do curso de água. Actualmente, estes sedimentos
Caminho
26 que são transportados pela água acumulam-
Estrada Municipal
21
Mapa 15: Tipos de Solos na Aldeia Mapa 16: pH dos Solos Mapa 17: Raio de 100m em torno do Edificado. Comparação com as áreas ardidas em 2017 e a Vegetação Existente.

se no curso da ribeira, assoreando a mesma, Zonas 4) são solos esqueléticos que constituem
num processo que naturalmente conduzirá ao um limite à produção florestal e à escolha das
transbordo, deposição de sedimentos e nutrientes espécies florestais, que devem ser cada vez mais
nas margens mas com problemas associados rústicas com o aumento do declive, da altitude e
de destruição de culturas, caminhos e erosão da diminuição da profundidade do solo.
não planeada noutros locais, com destruição de Sector Fogo
solos de qualidade. À manutenção dos solos da
Limite 100m Aldeia
aldeia interessa assim regular o curso da ribeira, Risco de Incêndio
prevenir a erosão a montante e eventualmente Área ardida em 2017
potenciar a sua sinuosidade a jusante dos Estando a aldeia circundada de um perímetro pH
terrenos cultivados para diminuir a velocidade florestal utilizado quase exclusivamente para
plantações em monocultura de eucalipto, de [4,5 to 6,0[
da água e transbordar de forma cuidada e
planeada com o objectivo de manter o aporte de larga escala e com reduzidas ou inexistentes [5,0 to 5,5[
sedimentos ao vale fértil. Os solos nestas zonas de descontinuidades, o risco de a aldeia e sua [5,5 to 6,0[
hortas e pastos são profundos, franco-argilosos envolvente ser atingida por incêndios de
com elevados teores em matéria orgânica, e elevadas dimensões é bastante alto, ocorrendo Tipos de Solos
boa produtividade, resultado da prática da os incêndios de forma frequente, com elevado Cambissolos Endolépticos Esqueléticos (Dístricos) com Umbrossolos Húmicos Esqueléticos
Cambissolos Endolepticos Esqueleticos (Districos) com Umbrissolos Humicos Esqueleticos
agricultura tradicional com adição de estrumes, risco tanto para a população como para os seus Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos
Solos Argiluviados Pouco insaturados - Solos Mediterraneos
pastos permanentes e declives pouco acentuados. bens. Independentemente da causa das ignições, Solos de Baixas - Coluviossolos
As margens contíguas do vale (apelidadas de a falta de descontinuidade nas plantações de
22
Mapa 19: Raio de 100m do Edificado. Comparação com área ardida em 2017.

espécies combustíveis como o eucalipto e o


pinheiro, as elevadas temperaturas e projeções
de material incandescente e por fim a falta de
gestão do sobcoberto e gestão de combustível
nas áreas em torno da aldeia, conduzem a uma
grande propagação dos incêndios, especialmente
nos momentos de temperatura alta e ventos
fortes, independentemente da direção do vento.
O combate aos incêndios encontra também
obstáculos na falta de limpeza dos caminhos e na
divisão administrativa entre comandos distritais
de bombeiros, divisão esta que separa os terrenos
envolventes da aldeia. Por outro lado, o isolamento
da aldeia e a existência de muitas aldeias isoladas
e uma vasta área florestal de eucalipto, não
permitem assegurar que os bombeiros consigam
intervir em tempo útil para salvaguardar pessoas
e bens em caso de incêndio. A pressão da água nas
torneiras e bombas de incêndio não é suficiente
para o combate aos incêndios, a falta de limpeza
nas bermas das estradas e caminhos, a falta de
gestão de sobcoberto florestal e em suma a falta
de cumprimento do plano municipal de defesa
contra incêndios de Penela (PMDFCI), aumenta
bastante o risco de incêndio e a vulnerabilidade
em caso de incêndio. Por fim, apesar de existir
na aldeia um helitanque, uma motobomba e
algum material de primeira intervenção no
combate a incêndios, esta intervenção enfrenta
vários obstáculos na falta de formação, treino,
organização e rotina da parte da população para
utilizar o material existente em caso de urgência.
A aldeia encontra-se a 25min do quartel de centro de BTT do país. O património natural,
Bombeiros mais próximo. construído e cultural é importante para a fruição
Imagem 27: Vestígios do Incêndio de 2017 nas encosta a Oeste da Aldeia.

pelos habitantes e visitantes e neste sentido


deve ser preservado e mantido. Ao contrário
Património, Estética e do património construído que pode ser alvo de
Fruição da Paisagem conservação, o património natural e cultural
são dinâmicos e dependem de um conjunto
Ferraria de São João é a única aldeia do município de actividades, rotinas e práticas alicerçadas
de Penela que integra a Rede das Aldeias de Xisto. na coabitação com a paisagem. Neste sentido
O processo de intervenção da aldeia nesta rede importa reavivar e dinamizar a vida comunitária
teve por base um plano de aldeia que contemplou da aldeia, assente numa estrutura demográfica
intervenções em edifícios privados e intervenções equilibrada, com prática de proximidade e gestão
de valorização do domínio público. Com apoio da paisagem que promovam a sustentabilidade,
de fundos comunitários foi desenvolvida uma saúde e celebração.
rede de percursos que pedestres que integra
esta aldeia e foi ainda construído o primeiro
23
Ilustração 1: Análise de Setores

A aldeia está caracterizada no ordenamento da a floresta de produção rápida (eucalipto) e o


CMP como área de potencial produtivo para turismo são quem mais contribui para a economia
Pinheiro Bravo, Eucalipto, Carvalho Negral e da aldeia. Apesar disto a economia da aldeia está
Carvalho Alvarinho. dependente de subsídios externos, reformas e
trabalho desempenhado fora da aldeia.
No sector da energia, apesar do surgimento de
Comunidade e Economia alguns projectos de energia fotovoltaica para
autoconsumo, a vasta maioria da energia ainda
Há cerca de 110 anos atrás, no ano de 1911,
é proveniente do exterior. O potencial para a
a população da aldeia era de cerca 177
produção de energias renováveis, nomeadamente
pessoas, sendo no ano de 2011 de 42 pessoas e
fotovoltaica e eólica (mas também pico-hídrica)
actualmente cerca de 35 pessoas. Até à primeira
é elevado e superior às necessidades de consumo
metade do século vinte, a economia da aldeia
actual de electricidade, podendo constituir uma
baseava-se em reduzidas importações de bens,
oportunidade para melhorar o desempenho
serviços e energia externos, alguma, embora
ambiental e económico da aldeia. Neste contexto,
pequena, exportação de produtos agrícolas e uma
a mobilidade eléctrica pode também ser uma das
resiliência baseada na resolução pela comunidade
soluções para reduzir a importação externa de
do máximo de serviços possível. O rebanho
energia, nomeadamente fóssil.
comunitário da aldeia, com mais de 1000 cabeças
de gado, funcionava com um esquema de gestão
comunitária em que cada habitante ou família
levava o rebanho comunitário a pastar consoante
o número de cabeças de gado que possuía.
As funções sócio-económicas necessárias à
população humana são desempenhadas por
actividades que dependem fortemente da energia
e tecnologia disponíveis. No caso da Ferraria
de São João, o desenvolvimento tecnológico
mecanizado, a disponibilidade de energia
fóssil, a disponibilidade de geradores, bombas
de água, tractores, electricidade e transportes
melhoraram as condições de vida da população,
diminuindo o esforço humano e animal para
a realização dos trabalhos rurais, aumentando
também a disponibilidade de bens de consumo
e serviços públicos. Nos últimos 50 anos a aldeia
aumentou muito o seu consumo de energia,
tecnologia e bens externos. A produção de
queijos e cabritos, associada à pastorícia 100%
integrada na paisagem, ou seja, sem rações
importadas, continua a ser uma das principais
actividades económicas mas tem uma dimensão
muito reduzida. Actualmente existe apenas um
rebanho da associação de moradores gerido por
trabalhadores pagos e alguns rebanhos familiares
geridos de forma separada, num total de menos
de um cento de cabeças de gado caprino. Em
paralelo com uma agricultura de autoconsumo,
24
Plano Económico

Plano i. Encontrar possíveis sinergias entre a proteção


contra incêndios, gestão da paisagem,
produção agrícola e florestal, postos de

Mestre
trabalho, investimentos e re-população da
aldeia.
j. Reservatórios e sistemas de aspersão por
gravidade para a prevenção dos estragos
causados por incêndios e respectivas infra-
estruturas
O Plano Mestre procura estabelecer linhas guia
para a futura gestão dos espaços e iniciativas
comuns na aldeia de Ferraria de São João.
Para este projeto específico optámos por constituir
o plano mestre com quatro componentes
principais:
Água e
Água e Regeneração
a. Mitigação dos efeitos da pluviosidade na
erosão dos solos e correções do escorrimento
Regeneração
superficial em complementariedade com o A água é um elemento fulcral em qualquer
planeamento e alterações a acessos e caminhos
iniciativa de regeneração. Seja esta a precipitação
b. Rehidratação passiva da paisagem através da natural, a condensação nas superfícies ou
desacelaração e distribuição do escorrimento proveniente de infra-estruturas próprias para
superficial o regadio. As estratégias devem ser ponderadas
c. Reservatórios para regadio das zonas a consoante as circunstâncias presentes, as
regenerar quando necessário e respetivas infra- necessidades identificadas e a utilização final.
estruturas
d. Água para consumo humano e abeberamento
dos animais Desacelerar
Embora fulcral, a água pode ter efeitos nefastos
quando não são consideradas as condições
Matriz de Zoneamento presentes. O escorrimento superfícial durante o
e. Definição de zonas reservadas a funções período das chuvas pode causar a deterioração
ecológicas: ZPA e Galeria Ripícola. de acessos, edifícios, solos e por consequência
f. Localização dos edificios e estruturas as plantas. O primeiro princípio de trabalhar
necessárias ao desenvolvimento das com o escorrimento superfícial é usá-lo para
actividades nosso proveito e desacelerar a velocidade do
g. Definição de zonas para as diversas actividades escorrimento. Ao fazê-lo podemos reduzir
a desenvolver despesas de manutenção e utilizá-la para outros
fins.

Plano de Prevenção e Combate ao Incêndio


h. Simulacros Anuais Evento Socio-Cultural

25
Mapa 20: Matriz de Zoneamento para a
Aldeia

Distribuir
Uma vez que se reduza a velocidade do
escorrimento, este pode ser distribuído de acordo
com as necessidades. Para tal podemos usar
estradas construídas para o efeito, ou alterar as Altimetria
estradas já existentes. Construir valas de nível 10m
em localizações estratégicas com transbordos Zoneamento
cuidadosamente calculados para irrigar zonas
Zona 0 - Núcleo
produtivas ou as regenerar.
Zona 1 - Jardins Privados
Zona 2 - Pomares Coletivos
Saturar Zona 3 - Produção Agrícola
As superfícies e solos expostos sofrem mais com Zona 4 - Produção Florestal
erosão. Os seus níveis de saturação são muito Zona 5 - Reservas de Biodiversidade
reduzidos e assim que atingidos a água não Zone 6 - Eucaliptal Envolvente
é absorvida pelos solos e escorre à superfície
atingindo velocidades que movem as partículas Pastagens
de humus e argilas, podendo em casos extremos Galeria Ripícola
movimentar partículas de grandes dimensões. Edi�cado
Para contrariar estes efeitos, os solos devem ser Edi�cado
generosamente cobertos com matéria orgânica
Super�cies Impermeabilizadas
capaz de absorver uma grande quantidade de
água. Por sua vez, quando há humidade presente Acessos e Caminhos
na matéria orgânica, a sua decomposição é Terra Batida
acelerada enriquecendo os solos com nutrientes
Estrada
que ficam assim disponíveis para as plantas.
Serviço
Passadiço
Recarregar os Aquíferos Caminho

Uma vez que os solos estejam acondicionados


para mitigar os efeitos da erosão, estão prontos
para segurar água. Esta água move-se lentamente
abaixo da superfície e recarrega os aquíferos.

26
Ilustração 2: Corte Esquemático da Aldeia

que absorve a água das chuvas e liberta-a no seu permitindo também que o pomar tenha o
Topografia
Matriz de As zonas mais declivosas acima dos 15º devem
ponto de saturação reduzindo os efeitos de erosão
e enxurradas, que podem ter efeitos graves em
máximo de exposição solar. Em conclusão, uma
zona produtiva florestal pode servir de quebra-

Zoneamento ser consideradas para uso florestal. Acima dos


15º torna-se difícil a passagem de veículos sem
solos inclinados. vento precioso para uma zona produtiva de
pomar.
a construção de acessos apropriados, torna-se
O zoneamento trata-se de uma estratégia para o mais dificil a movimentação de águas à superfície Sectores
posicionamento de elementos na paisagem, com para regadio. Pelo que as florestas são o sistema Proximidade
vista a criar relações de sinergia entre estas. O posicionamento destas zonas produtivas
de eleição para zonas que apresentem este tipo de
depende também das forças e vetores que As zonas produtivas devem ser posicionadas de
Existem alguns principios para a definição das topografia.
interagem com o sistema vindas de fora, cuja acordo com o estilo de manutenção necessária.
zonas: Quando chove, a copa das árvores da floresta origem, direção e força não podemos controlar. Uma zona produtiva florestal de castanheiro
ampara a queda das gotícolas e o impacto que Deste modo uma zona florestal pode situar-se precisa de menos visitas para manutenção e
estas têm no solo é substancialmente reduzido. a Norte de um pomar, assim protegendo-o dos colheitas do que um pomar de citrinos. Como tal,
A quantidade de matéria orgânica que uma ventos predominantes, permitindo que o pomar podemos conceber a matriz de zoneamento de
floresta deposita à superfície, cria um “tapete” obtenha o máximo de floração e frutificação, forma a que os sistemas que precisem de maior
27
Mapa 2: Localização de Ferraria de São João

manutenção estejam mais próximos do centro


das atividades, e as zonas que precisam de menos Uma escala de 1 a 5
manutenção mais afastadas.
Assim sendo, as zonas produtivas estão
localizadas numa escala que indica a intensidada
das relações de manutenção e produção entre a
Funções Ecológicas zona e os gestores.
Algumas destas zonas são obtidas por exclusão 1. Zona 1: Visitada várias vezes por dia, é
de partes. Observando e analisando o território facilmente visivel. Todos os elementos que
podemos escolher zonas nas quais queremos necessitam de atenção diária estão aqui
proteger a integridade das suas funções localizados. Devem estar posicionadas
ecológicas. A título exemplar, algumas destas entre 15 a 30 metros à volta das habitações.
zonas com funções ecológicas são: As visitas à zona 1 são normalmente
curtas nunca demorando mais de algumas
1. Linhas de água: A sua importãncia não pode
horas. Alguns exemplos do que pode
ser negligenciada. Deve ser protegida dos
ser posicionado numa Zona 1: hortas,
ventos e radiação. As margens devem ser
compostagem, viveiros, lavandarias, jardins
protegidas e evitar ou parar por completo
de aromáticas, zonas de lazer, etc.
com a mobilização de solos numa faixa
de proteção que deve ter no mínimo 10m 2. Zona 2: Visitada entre uma vez por dia
para cada lado. Deve estabelecer-se uma e cinco vezes por semana. Devem estar
Ilustração 3: Corte de um exemplo de zona 4, nomeadamente a Z4E. Ver Atlas para mais informação.
faixa de proteção da linha de água, plantar posicionadas entre 15 a 50 metros das
e semear uma galeria ripícola composta habitações. As visitas à zona 2 para
de espécies de vários extratos vegetativos, manutenção e colheitas podem ser de um
como arbustos, árvores de pequeno e grande dia inteiro. Alguns dos elementos que
porte, trepadeiras, plantas aquáticas, etc. podem ser posicionados numa zona 2 são: de cumeadas, pequenas manchas florestais,
As secções de maior declive e a sua erosão
podem ser evitadas com a construção de
animais de pequeno porte, pomares, hortas
semi-extensivas, sistemas agroflorestais, etc.
corredores de vida selvagem, sebes de
compartimentação, bancos genéticos de
Plano para a
açudes.
2. Cumeadas: São as zonas de recarga dos
3. Zona 3: Visitada aproximadamente uma
vez por semana: Devem estar posicionadas
espécies autóctones, etc. As visitas são
maioritáriamente para fins de lazer e
recreativos, para observação e contemplação
Prevenção de
Incêndios
aquíferos e a par com as linhas de água, a não mais de 100 metros das habitações.
As visitas para sementeira, manutenção e da natureza no seu estado bruto, para
servem de habitat para a vida selvagem.
colheitas podem durar dias inteiros. Alguns aprender com os seus padrões e porventura
Pássaros e mamíferos circulam diariamente
dos elementos que podem ser posicionados aplicá-los noutras zonas produtivas.
entre as linhas de água e as cumeadas à
procura de alimento, abrigo e segurança dos numa zona 3 são: culturas extensivas para
predadores. comercialização, cereais, leguminosas,
Ligações entre zonas Zoneamento e a Proteção
cogumelos, etc.
3. Sebes de Compartimentação e Corredores
de Vida Selvagem: Entre as diferentes zonas 4. Zona 4: Visitadas entre uma vez por mês e
de Incêndios
Sempre que possível, deve-se desenhar a matriz
produtivas devem ser criadas faixas para uma vês por ano. Devem estar posicionadas de zoneamento de forma a que haja diversidade Como demonstrado no Mapa 19 a aldeia de
a circulação segura da vida selvagem. Isto a não mais de 200 metros das habitações de interfaces entre zonas de natureza diferente. Ferraria de São João sofreu de um incêndio
assegura que estes se podem movimentar São predominantemente zonas de culturas Por exemplo as zonas 4 ou zonas florestais podem grave em 2017, tendo as chamas chegado muito
livremente pelo território cumprindo com as florestais, para lenha, madeira para ter interfaces muito ricos com zonas 2 ou zonas perto das habitações, ultrapassando largamente
suas funções como predadores e quebrando construção, frutos secos, etc. As visitas à de pomar. Outro exemplo são os interfaces com o perímetro de segurança de 100m em torno
os ciclos de vida das pestes. zona 4 podem durar vários dias. a zona 1 ou zonas de hortas, que podem usufruir dos edifícios. O objetivo do zoneamento é
5. Zona 5: São zonas que uma vez estabelecidas de matéria orgânica proveniente das zonas 2, 3 e identificar as zonas mais propícias e eficazes para
não precisam de visitas de manutenção. 4. a proteção da aldeia, assim com criar padrões de
Tratam-se de zonas para assegurar funções descontinuidade.
ecológicas, como linhas de água, florestas
28
Mapa 21: Expansão da ZPA em redor da Aldeia.

Ilustração 4: Exemplo de um processo natural de sucessão primária.

Floresta

Bosque

Matagal com
Arbustos
Ervas e
Pequenos
Liquens e
Rocha Arbustos
Musgos
Nua

Tempo

Distúrbio

As espécies introduzidas fazem parte dos estágios


Expansão da ZPA e mais avançados da sucessão. Como tal não tiveram
Estabelecimento de Faixa a ajuda das espécies dos estágios anteriores.
Como tal o seu desenvolvimento pode ser muito
Retardante do Fogo lento.
Relatos dos habitantes indicam que a maior parte A expansão da ZPA pode ser feita com várias
dos fogos que ocorreram em Ferraria chegaram à espécies dos diferentes estágios da sucessão,
Aldeia pelo setor Sul subindo pelo vale. inclusivé espécies de suporte, que sobrevivam ao
É assim, a nosso ver expandir a zona de proteção descoroamento e reajam bem às podas e limpezas.
da aldeia (comumente denomidada ZPA) para Essas podas podem ser trituradas e devolvidas ao
abranger todos os setores em redor da Aldeia. solo para decomposição e criação de humus que
futuramente segurará água durante mais tempo.

Sucessão Natural Acelerada


Multifuncionalidade da ZPA
A anterior tentativa de estabelecer a ZPA teve
como estratégia o corte dos eucaliptos e arranque Para que a ZPA se possa desenvolver rapidamente,
das cepas, mobilização e terraceamento dos solos, devem ser introduzidas outras espécies que
seguido de plantação diversa de espécies como estratégicamente produzam recursos que se
os Carvalho Cerquinho, o Sobreiro nas cotas possam transformar a acrescentar valor afim
superiores, Castanheiros, Nogueiras e Cerejeiras de suportar financeiramente as operações de
nas cotas inferiores.
29
Ilustração 5: Corte esquemático da Ribeira de Ferraria com Galeria Ripícola estabelecida Mapa 23: Localização de Ferraria de São João

Mapa 22: Localização de Ferraria de São João

Zoneamento
Zona 5 - Reservas de Biodiversidade
Galeria Ripícola
Zona 6
Acessos e Caminhos
Terra Batida
limpeza, trituração
Estrada dos combustíveis e introdução
de mais espécies de suporte para curto e longo
Serviço
prazo.
Passadiço
Caminho
Galeria Ripícola
Estruturas Permanentes
O re-estabelecimento
Edi�cado da vegetação ripícola é
também Super�cies Impermeabilizadas
uma estratégia que acrescenta valor
ao Master Plan, e à capacidade que a Matriz de
Rasters tem para proteger a Aldeia dos
Zoneamento
incêndios.
hipsometria (região)
Foram identificadas zonas da ribeira que podem
Band 1 (Gray)
ser reconstruídas (a vermelho no Mapa 22), e
vários padrões de plantação possíveis para a
regeneração da Galeria Ripícola (ver Ilustração
6). Parte dos trabalhos na Galeria é a construção

30
Ilustração 6: Exemplos de esquemas de plantação da Galeria Ripícola e respetivos cortes

31
Ilustração 7: Corte esquemático do vale

de “açudes” para a sedimentação de partículas


procurando reduzir a quantidade de sedimentos
que chegam à Ribeira.
Existem vários segmentos da ribeira que por
diferentes condições tem assim diferentes
possibilidades para a sua plantação, dependendo
do espaço disponível para estabelecer a Galeria
Ripícola.

Regateira
A quantidade de água que passa na regateira
é considerável podendo chegar a 1 milhão de
metros cúbicos por ano. Idealmente, podem ser
construídos pegos e transbordos para que se
possa trazer esta água em contorno para partes
do Sobreiral Ancestral com vista a re-hidratar de
forma passiva esta parte da aldeia.
32
Mapa 24: Zonas de Pastoreio Mapa 25: Vedações Propostas

Altimetria
5m
Altimetria
1m
5m
Zoneamento
1m
Zona 2 - Pomares Coletivos
Zona 3 - Produção Agrícola
Zoneamento
Pastagens
Zona 2 - Pomares Coletivos
Galeria Ripícola
Zona 3 - Produção Agrícola
Edi�cado
Pastagens
Super�cies Impermeabilizadas
Galeria Ripícola
Água IE Polígonos
Edi�cado
Fonte Velha
Super�cies Impermeabilizadas
Manilha
Piscina
Água IE Polígonos
Poço
Fonte Velha
Tanque
Manilha
Águas Lineares
Piscina
Infra-estruturas
Poço
Pluviais
Ribeira das Ferrarias
Tanque
Linha de Água Empedrada
Águas Lineares
Muros e Vedações_Design
Infra-estruturas
Vedação
Pluviais
Ribeira das Ferrarias
Linha de Água Empedrada
Zonas Produtivas Pastoreio
Muros e Vedações_Design
As zonas mais baixas da ZPA, à semelhança Sendo os rebanhos de cabras, o seu pastoreio e
Vedação
do que já tinha sido feito aquando do seu a transformação do queijo uma das principais
estabelecimento, devem ser populadas com atividades económicas da Aldeia, sugerimos
espécies produtivas diversas. que estas sejam usadas como solução para a
Ambas as ZPA’s podem ser vedadas para proteger manutenção dos caminhos de acesso à ZPA com
os estágios iniciais da sucessão Natural. recurso a vedação móvel. O seu pastoreio deve
ser cuidadosamente observado para evitar o
As hortas a poente devem ser vedadas para sobre-pastoreio. O sub-bosque no raio de 100m
proteger as culturas do corço, veado e javali. em torno das habitações também pode ser alvo
Preferencialmente cultivadas em conjunto. de limpeza por parte das cabras.

33
A pilha estará pronta quando deixar de atingir Com este sistema a funcionar, os habitantes
Compostagem de os 60ºC. Esperar uma semana até arrefecer podem focar-se noutras operações de primeira
Combustíveis e espalhar o composto resultante à volta das resposta ao risco de incêndio.
Altimetria
árvores por baixo da copa a pelo menos um Estas respostas devem ser elaboradas com a
Como método de enriquecimento dos solos metro de distância do tronco. Tapar com restos comunidade e a proteção civil. Uma vez definidas
10m
Altimetria
nas também de redução do risco de incêndio da trituração dos combustíveis não compostados, entre as partes devem ser simuladas com 10m
5m
deve-se progressivamente deixar de fazer para que o composto não esteja exposto à radiação regularidade, de preferência antes da época de 5m
1m
queimadas e utilizar outros métodos de gestão solar, esterelizando-o. maior risco de incêndio. 1m
Depósitos para o sistema de aspersores
dos combustíveis que traga mais valias à Aldeia
e seus habitantes. Um evento anual de cariz sócio-cultural pode Depósitos para o sistema de aspersores
Secções Distribuição para os Aspersores
Dentro da ZPA, os restos das podas de limpeza Reservas Hídricas para servir de simulacro para testar ideias, avaliá-
las e perceber o que pode ser melhorado. Pode Alimentação dos Depósitos
Secções Distribuição para os Aspersores
devem ser triturados. Uma parte destes resíduos o Mitigação dos Riscos também contribuir para fortalecer o tecido social Alimentação dos Depósitos
Ligação Depósitos à Central
podem ser compostados. da Aldeia, assim como construir relações de
Criar pilhas cilíndricas com um mínimo de
e Danos Associados aos confiança e proximidade com a proteção civil,
Ligação Depósitos à Central
Seção Nascente

Incêndios
Seção Nascente
Seção Norte
3m³. Construir em camadas de (1) combustíveis organizações não governamentais e Câmara
triturados, (2) verdes cortados de fresco e (3) Municipal. Seção Norte
Seção Poente
10cm³ de estrume de galinha e 20 cm³ de estrume Para o combate e/ou mitigação dos estragos Seção Poente
Seção Sul
de cabra. Regar e repetir as camadas até a pilha causados pelos incêndios insistimos que deve ser Seção Sul
Secção Sudoeste
atingir aproximadamente 3m³. instalado um sistema de aspersores por gravidade. Transição do Eucaliptal Secção Sudoeste
Esta pilha chegará rapidamente aos 65ºC. Para isto é essencial a instalação de reservatórios
de água a cotas elevadas para pressão (ver Mapa Para a Expansão da ZPA será necessário Arpersores 20m de Diametro
Quando atinge esta temperatura a pilha deve ser
26) desenvolver estratégias para incentivar a sucessão
virada, tomando atenção para que o exterior da Central de Distribuição
Arpersores 20m de Diametro
natural (ver Ilustração 7).
pilha seja o novo núcleo para que à vez possam Reservatórios que no conjunto tenham um Central de Distribuição
Setor Nascente
atingir temperaturas na ordem dos 60ºC criando mínimo de 350m³, situados cerca de 60 ou 70 O Eucalipto tem uma grande capacidade de
Setor Nascente
Setor Norte
condições ideais para que as bactérias termófilas metros acima da aldeia de forma a tirar partido rebrotar após descoroamento (retirar a copa
totalmente). Ao invés do corte total dos eucalipos Setor Norte
Setor Poente
possam quebrar as moléculas de lenina, gordura, da topografia acentuada da aldeia para pressão
sementes, doenças ou toxinas. nos aspersores. e o arranque das cepas, deve seleccionar-se Setor Poente
Setor Sudoeste
alguns eucaliptos para venda ou trituração, sem Setor Sudoeste
A pilha deve ser virada cada vez que atinge os Os reservatórios podem ser enchidos a partir da
Setor Sul
compremeter a copa e a proteção da radiação
65ºC. Dependendo do clima, pode acontecer estação elevatória que abastece a aldeia a cerca de Setor Sul
Edi�cado
solar excessiva.
uma vez por semana. Idealmente deve utilizar-se 160m dos reservatórios. Edi�cado
um termómetro de pasteleiro que possa penetrar O descoroamento dos indivíduos seleccionados
a pilha e medir a temperatura no interior. Uma central de distribuição será instalada deve ser feito antes das plantações de modo a dar
junto ao caminho para o S. João do Deserto. tempo para triturar ou compostar os resíduos.
Cada vez que a pilha é virada devem ser corrigidos Nesta central ativa-se o sistema de proteção de O corte destes abre nichos para a plantação de
os níveis de humidade. Pegue em cerca de 5cm³ incêndios e distribui-se a pressão por seis setores novas espécies.
e esprema entre as mãos. Idealmente, deve haver com aproximadamente 10 aspersores cada um.
apenas humidade para humedeçer ligeiramente a Se este descoroamente for feito no Outono/
palma da mão. Se pingar, a pilha tem água a mais O sistema teria capacidade para funcionar sem Inverno permite que a radiação solar chegue
e deve ser virada mais uma vez. recurso a energia elétrica e sem parar durante aos indivíduos recentemente plantados. Na
aproximadamente 3 horas. primavera quando os eucaliptos rebrotam,
Se a pilha não aquecer, deve virar-se acrescentando
permitir o ensombramento parcial dos novos
mais estrume de galinha.
indivíduos.
Se a pilha aquecer demais ou muito rápido ou Aspersores Radiais Repetir estas operações de desbaste e substituição
cheirar mal, deve ser virada e misturada com
Num total de 54 aspersores colocados de progressiva do eucaliptal todos os anos até que o
mais restos de podas triturados.
forma estratégica para conseguir cobrir toda a eucalipto já não seja a espécie predominante (este
aldeia, cada aspersor tem um alcance de 10m processo pode demorar 7 a 10 anos)
aproximadamente.
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Mapa 26: Sistema de Aspersão para Defesa Contra Incêndios

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aumentam o risco de incêndio e alternativas
Recuperar e Reabilitar os
Resumo das 11. Substituir progressivamente as queimadas
como método de gestão de combustíveis Ecossistemas
Medidas pela compostagem destes sobrantes.
12. Programar conjuntamente as atividades de
23. Recuperar a galeria ripícola

Sugeridas gestão de combustíveis de forma a evitar as


alturas de maior calor e secura.
24. Aumentar a diversidade de espécies de
suporte
13. Programar para a atempada gestão de 25. Reduzir a erosão dos solos
combustíveis junto aos caminhos, devendo
Mitigar os riscos e reduzir estas acontecer duas vezes ao ano, Maio e
Julho. Criação de Emprego
os danos causados por 14. Vigiar e manter a desmatação nas Linhas de Aproveitando os Recursos
incêndios; reduzir a média e alta tensão.
Naturais da Aldeia
incidência dos incêndios e a
sua propagação Melhoria da Eficácia da 26. Aproveitamento da Caça
27. Castanha
1. Gestão de combustíveis nos 100m à volta
Resposta a Eventual
28. Transformação de produtos
das habitações Incêndio 29. Apicultura
2. Manutenção das hortas e pastagens
15. Adequação da capacidade de 1ª intervenção 30. Queijo
3. Estabelecer uma faixa retardante do fogo
16. Instalação de extintores em locais de risco 31. Avipecuária de pequena escala
4. Transformação do eucaliptal para modelos
17. Instalar reservatórios em cotas mais 32. Cogumelos
florestais de transição com utilização
elevadas para melhorar a pressão nas
de espécies autóctones com reduzida 33. Vinho
tubagens
combustibilidade 34. Amêndoa
18. Instalação de mangueiras e sistema de
5. Criação de descontinuidade e zonas abertas 35. Azeitona
intervenção suportado por gravidade
e assegurar a gestão
19. Instalação de cerca de 50 aspersores de alta 36. Avelã
6. Assegurar a capacidade de financiar as
pressão ligados a reservatórios em altitude 37. Noz
operações de conversão, melhoramento
para humidificar telhados e zona envolvente
e manutenção das zonas florestais, 38. Medronho
introduzindo espécies produtivas com 20. Articulação dos sistemas de vigilância e
resultados a curto, médio e longo prazo. deteção de incêndio com a Proteção Civil 39. Frutos Silvestres

7. Recuperar a reabilitar os ecossistemas da 21. Criação de plano partilhado e desenvolver 40. Madeiras Nobres
Aldeia simulacro anual com a Proteção Civil onde
se testa a velocidade de resposta de ambas
8. Encontrar potencial riqueza na cadeia de
as partes e deteta possíveis cenários úteis
valor dentro da Aldeia.
para planear a resposta a uma situação de
9. Estabelecer um zoneamento estrutural e incêndio florestal.
funcional do uso de solo e sistemas vivos de
22. Reforçar vigilância nos períodos de alto
forma a usar o mínimo de energia na sua Ilustração 7: Esquema para a transição do Eucaliptal
risco
manutenção e para proteger a aldeia e o seu (A) corte total do eucalipto, para exportação, trituração ou
compostagem.
património. (B) descoroamento parcial para trituração e compostagem.
(C) desbaste das camadas arbustivas
10. Sensibilizar os moradores, visitantes (D) permitir a existência da camada arbustiva nos limites do sistema
e trabalhadores para as práticas que
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