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Vigilância em Saúde e Trabalho do Agente Comunitário da Saúde

A UBS exerce um papel importante quando se pensa em cuidado à saúde no


Brasil. Entretanto, não se deve atrelar este protagonista da atenção primária
somente ao reestabelecimento do bem-estar físico, a partir da salvaguarda
fisiológica. A atuação dos profissionais da saúde junto a essa estrutura de
cuidado é atravessada por questões político-sociais que devem receber
destaque, uma vez que impactam a qualidade de vida dos moradores e
usuários.

A série “Unidade Básica”, por exemplo, destaca a importância de programas de


prevenção e controle. É possível perceber como déficit em questões de
infraestrutura social impactam a vida da população local. Ademais, é possível
perceber também que, dificilmente, os impasses sociais são simples, com
apenas uma causa atrelada e uma solução óbvia.

Na série diversos moradores foram diagnosticados com leptospirose. Tal


problema se deu uma vez que a chuva no local causou danos a ponte que
permitia acesso de um lado a outro do bairro, evitando contato com o córrego
de águas poluídas pelo esgoto. Porém, além do córrego, havia um centro de
reciclagem próximo, que atraía vetores da doença para o local.

Este caso poderia ter duas soluções óbvias: reconstruir a ponte com a
infraestrutura necessária e fechar o centro de reciclagem. Porém, dada a
morosidade dos órgãos públicos e o surto da doença, as soluções óbvias não
são opções disponíveis para a população mais carente. Ademais, o local de
reciclagem também abrigava a população, que dependia da empresa não só
para sustento, mas tinha o local como referência de moradia.

Um único episódio da série evidenciou questões epidemiológicas, ambientais,


de saúde do trabalhador, sanitárias e de infraestrutura atreladas à vigilância da
saúde. E é por isso que a ação do ACS é de excepcional importância. Eles não
só possuem informações sobre o estado de saúde da população local, mas
estão cientes das condições de vida as quais se submetem os moradores
daquele território.

Este conhecimento integrado e harmônico permite traçar estratégias que vão


além do cuidado individual, pois traz à luz questões que estão submersas no
âmago do problema, permitindo atitudes de cuidado globais.

Neste ponto, cabem aos profissionais da saúde, especialmente a equipe


médica, utilizar os conhecimentos técnicos apreendidos durante o percurso
acadêmico, com a experiência de carreira e de vivência da ACS (que
geralmente mora no território de atuação), pois o cuidado ofertado deve ser
amplificado até as fronteiras do local de atuação.

Questões óbvias, que não são simples, nem básicas, apenas óbvias, como
ouvir e valorizar a experiência profissional dos membros da equipe, permite a
tomada de decisões mais eficazes, do que apenas oferecer o tratamento à
doença.

A começar pelos estudantes, é necessário disseminar boas práticas de contato


social. Embora haja repertório sociais e cultural disponível para se conhecer as
demandas populacionais, a prática pode exigir dos profissionais mais suporte
para o mero contato acadêmico-cultural com os temos da vigilância a saúde.
Eventualmente, tal qual na série, a melhor solução vai ser negociar com um
dos pilares do problema, o que exige um bom nível de autoconhecimento,
competência legal e coragem, que, apesar de óbvio, requer maturação e
trabalho para se desenvolver.

Referências: material disponibilizado.


Obs.: estou fazendo sozinha, pois trabalho em dois lugares e meus horários
são difíceis de compatibilizar com os demais.

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