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Intervenção longitudinal com foco na redução das taxas de evasão escolar no

ensino fundamental e médio

Não existe caminho óbvio para dissertar sobre intervenções capazes de reduzir as
taxas de evasão escolar no ensino fundamental e médio, dada a magnitude do
problema, mas uma análise demográfica dos dados de abandono escolar é capaz
de fornecer evidências da matriz do problema.

Em 2019, por exemplo, o IBGE divulgou os dados da Síntese de Indicadores


Sociais. Constatou-se que a taxa de evasão escolar no país era de 7,6%, número
que aumentou com a pandemia. Entretanto, esse índice atravessa diversas
questões sociais.

A renda, por exemplo, influencia na evasão escolar, visto que 29,5% dos jovens
de família brasileira de baixa renda estão em defasagem escolar, enquanto 92,6%
dos jovens economicamente abastados concluem o ensino médio até os 19 anos.
Outras questões como raça e localização geográfica também são observadas
quando sob análise as taxas de evasão.

O que esses dados demonstram, na perspectiva da Ciência Psicológica, mais


precisamente no Desenvolvimento Humano? Um dos fatores relevantes são as
condições ambientais. De acordo com Gazzaniga, o indivíduo inicia o seu
processo de desenvolvimento na fecundação e fatores como a má nutrição
durante as fases embrionárias, fetais, da pré-infância e infância prejudicam desde
o processo da evolução físico do cérebro, como a mielinização, até aspectos
relacionados a interações com objetos e pessoas.

Se as condições ambientais para o desenvolvimento não estão presentes, o


interesse pelo aprendizado pode restar prejudicado. Portanto, um dos aspectos
sociais que merecem intervenção longitudinal é o acesso de todas as pessoas à
alimentação de qualidade.

Tal acesso garantiria um dos fatores mínimos necessários para o


desenvolvimento. Incentivo público econômico à prática de agricultura familiar, a
partir do plantio de agroflorestas, poderia resultar em um equilíbrio ambiental do
ser humano com a terra, visto que a forma de manejo é sustentável, além de
aumentar a quantidade de alimento disponível, reduzindo o custo para acesso.

A distribuição de alimentos também deveria ser isonômica, garantindo aos mais


pobres condições de acesso a uma nutrição saudável. Embora a implementação
de tal prática não esteja relacionada de forma restrita com a evasão escolar, ela
tende a garantir uma das necessidades básicas do ser: alimentação. Assim, outras
questões mais “sofisticadas” – a depender do contexto, como a permanência na
escola teria espaço para ser mais bem explorada.
REFERÊNCIA:

CNN. Apenas 70,5% dos jovens mais pobres têm acesso ao ensino médio. 2020.
Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/apenas-705-dos-jovens-mais-
pobres-tem-acesso-ao-ensino-medio/

IBGE. Disponível em:


https://censoagro2017.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/25883-
abandono-escolar-e-oito-vezes-maior-entre-jovens-de-familias-mais-pobres.html

Ciência Psicológica,

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