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PROJETO INTEGRADOR

ELESIANE VIEIRA
LEIDE LAURA FERREIRA RECH
ROSANE ALVES DA SILVA
VIVIANE LIMA CABRAL DE OLIVEIRA

CONDIÇÕES LABORAIS DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E


AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS: A Exposição Solar e o Risco de
Câncer de Pele

JUARA – MT
2021
ELESIANE VIEIRA
LEIDE LAURA FERREIRA RECH
ROSANE ALVES DA SILVA
VIVIANE LIMA CABRAL DE OLIVEIRA

CONDIÇÕES LABORAIS DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E


AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS: A Exposição Solar e o Risco de
Câncer de Pele

Portfólio Acadêmico apresentado ao Curso Técnico


em Agente Comunitário de Saúde como requisito
para aprovação da disciplina Projeto Integrador.

JUARA – MT
2021
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................4
1. DESENVOLVIMENTO.............................................................................................5
1.1 - Função do ACS e do ACE...................................................................................5
1.2 - A Exposição Solar: um fator de risco no trabalho dos ACSs e ACEs..................8
1.3 - Câncer de Pele....................................................................................................9
1.3.1 - Carcinoma Basocelular.....................................................................................9
1.3.2 - Carcinoma Espinocelular................................................................................10
1.3.3 - Melanoma Maligno.........................................................................................11
1.3.4 - Carcinoma De Merkel.....................................................................................12
1.3.5 - Sarcomas de Pele.......................................................................................... 13
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................14
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................18
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 20
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como intuito apresentar as atividades desenvolvidas


durante o cumprimento da disciplina Projeto Integrador, em que buscar-se-á
correlacionar os saberes aprendidos na disciplina Saúde do Trabalhador com
aspectos relacionados as condições laborais de Agentes Comunitário de Saúde –
ACSs e Agentes de Combate às Endemias – ACEs.
Considerando que a maioria das atividades realizadas pelos ACSs e ACEs
ocorrem em ambiente externo, fator que os deixam suscetíveis às intempéries do
ambiente, como o sol e a chuva. E que, a radiação solar está diretamente ligada a
diversos malefícios da pele, dentre eles o câncer de pele, que corresponde a 30%
da incidência de tumores malignos no Brasil, segundo consta no site do INCA.
Sendo assim, o presente estudo tem como foco principal compreender a
rotina de trabalho desses profissionais e os cuidados adotados para evitar as
consequências provocadas pela luz solar, visando responder a problemática sobre
as condições laborais do ACS e ACE, no que se refere a exposição solar e o risco
de desenvolver câncer de pele.
Por conseguinte, esse estudo justifica-se pela necessidade de conscientizar
sobre os danos à saúde da pele, sem a proteção adequada, que a exposição
prolongada ao sol pode acarretar.
Nesse cenário, o objetivo geral consiste em analisar as condições laborais de
Agentes Comunitários de Saúde - ACSs e Agentes de Combate às Endemias –
ACEs. E os específicos buscam: conhecer a realidade de trabalho dos ACSs e ACEs
de diversas localidades do Brasil; verificar as medidas de fotoproteção adotadas por
esses profissionais; identificar o aparecimento de problemas na pele ocasionados
pelas atividades laborais; e discutir sobre o câncer de pele.
A metodologia utilizada compreendeu pesquisa bibliográfica acerca da
temática e a aplicação de um questionário por meio da plataforma Google Forms,
divulgado através das mídias sociais Facebook e WhatsApp, em que buscou-se
fazer um levantamento de dados acerca da realidade de ACSs e ACEs distribuídos
em diversas localidades do Brasil.
O trabalho está dividido em dois capítulos, no primeiro capítulo consta o
embasamento teórico abordando a função do Agente Comunitário de Saúde e do
Agente de Combate às Endemias, a exposição solar como um fator de risco no
trabalho dos ACSs e ACEs, bem como o câncer pele e os principais tipos que
incidem na população brasileira. O segundo capítulo é composto pelos resultados e
as discussões relacionados à pesquisa. O trabalho apresenta, ainda, as
considerações finais e as referências bibliográficas.

1. DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo serão apresentados os principais conceitos teóricos,


necessários para o desenvolvimento deste trabalho. Inicialmente, serão abordadas
as questões referentes as atribuições dos Agentes Comunitário de Saúde e Agentes
de Combate às Endemias. Em seguida será discutido sobre a rotina de trabalho
desses profissionais, enfatizando a exposição solar como um fator de risco para a
saúde da pele desses trabalhadores, e por fim será explanado sobre o câncer de
pele, articulando acerca dos principais tumores malignos que afetam o órgão.

1.1 - Função do ACS e do ACE

Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias


são profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde, os quais “têm como
missão ampliar o acesso da população às ações e aos serviços de informação, de
saúde, de promoção social e de proteção da cidadania” (BRASIL, 2020, p. 01).
De acordo com o Ministério da Saúde a Atenção Primária é o primeiro nível
de atenção em saúde e se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no
âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de
danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção
integral que impacte positivamente na situação de saúde das coletividades.
Referente às atividades desenvolvidas pelo ACS e ACE, estas devem ocorrer
de forma integrada, de modo que haja o compartilhamento de ações entre Atenção
Básica e Vigilância Sanitária, no sentido de tornar as ações de promoção à saúde e
prevenção e controle de doenças mais efetivas e eficazes, conforme cita o Art. 5° da
Política Nacional de Atenção Básica:

A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Básica é condição


essencial para o alcance de resultados que atendam às necessidades de
saúde da população, na ótica da integralidade da atenção à saúde e visa
estabelecer processos de trabalho que considerem os determinantes, os
riscos e danos à saúde, na perspectiva da intra e intersetorialidade
(BRASIL, 2017, p. 02).

A seguir, apresenta-se um quadro com as atribuições desses profissionais


mencionadas pela Portaria n° 2.436, de 21 de Setembro de 2017 que aprova a
Política Nacional de Atenção Básica.

Quadro 1: Atribuições do ACS e ACE


I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental,
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuindo para o
Atribuições processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da
comuns do equipe;
ACS e ACE II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção de
doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no território, e
de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares regulares e de
ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no domicílio e outros
espaços da comunidade, incluindo a investigação epidemiológica de
casos suspeitos de doenças e agravos junto a outros profissionais da
equipe quando necessário;
III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida no
planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde da
população, para o monitoramento da situação das famílias e indivíduos do
território, com especial atenção às pessoas com agravos e condições que
necessitem de maior número de visitas domiciliares;
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das doenças
ou que tenham importância epidemiológica relacionada aos fatores
ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de transmissão de
doenças infecciosas e agravos;
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes transmissores
de doenças e medidas de prevenção individual e coletiva;
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encaminhar os
usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e comunicar o
fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver medidas
simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção no ambiente
para o controle de vetores;
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu território e
orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis;
IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas públicas voltadas
para a área da saúde;
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
qualidade de vida da população, como ações e programas de educação,
esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação
específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor federal,
municipal ou do Distrito Federal.

I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base geográfica


definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man-tendo os dados
Atribuições atualizados no sistema de informação da Atenção Básica vigente,
específicas utilizando-os de forma sistemática, com apoio da equipe, para a análise
do ACS da situação de saúde, considerando as características sociais,
econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território, e
priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento local;
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que apoiem no
diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento das ações
de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e outros agravos à
saúde, garantido o sigilo ético;
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de
saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características e as
finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos
sociais ou coletividades;
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas e exames
agendados;
VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção Básica para
acompanhamento das necessidades dos usuários no que diz respeito a
agendamentos ou desistências de consultas e exames solicitados;
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por legislação
específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo gestor federal,
municipal ou do Distrito Federal.
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comunitário
de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assistidas por
profissional de saúde de nível superior, membro da equipe, após
treinamento específico e fornecimento de equipamentos adequados, em
sua base geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a
unidade de saúde de referência.
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objetivo de
promover saúde e prevenir doenças e agravos;
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicílio, para o
acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes mellitus e
segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que atuam na
Atenção Básica;
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar;
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com material
limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, com uso de
coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo
a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS e
ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade na sua
área de atuação.

I – Executar ações de campo para pesquisa entomológica (insetos),


Atribuições malacológica (moluscos) ou coleta de reservatórios de doenças, e ações
próprias do de controle de doenças utilizando as medidas de controle químico,
ACE: biológico, manejo ambiental ou ações de manejo integrado de vetores;
II – Implementar ações de campo em projetos que visem avaliar novas
metodologias de intervenção para prevenção e controle de doenças;
III – Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis para
planejamento e definição de estratégias de prevenção, intervenção e
controle de doenças, com atualização dos mapas de reconhecimento
geográfico.
(BRASIL, 2017, p. 23-24)

Como pode-se observar os Agentes Comunitário de Saúde e Agentes de


Combate às Endemias desenvolvem muitas ações na Atenção Básica, o que se
configura em uma jornada de trabalho extensa e de muita exposição aos raios
solares, fator que pode desencadear diversos problemas para a saúde desses
trabalhadores.

1.2 - A Exposição Solar: um fator de risco no trabalho dos ACSs e ACEs

Em decorrência de suas rotinas de trabalho, os Agentes Comunitário de


Saúde e os Agentes de Combate às Endemias se expõem constantemente à
radiação solar, estando sujeitos a inúmeros problemas na pele, como, queimaduras,
envelhecimento precoce, manchas, e inclusive, câncer de pele.
A jornada de trabalho desses profissionais contabiliza quarenta horas
semanais, sendo distribuídas da seguinte forma:

I - trinta horas semanais, para atividades externas de visitação domiciliar,


execução de ações de campo, coleta de dados, orientação e mobilização da
comunidade, entre outras.
II - dez horas semanais, para atividades de planejamento e avaliação de
ações, detalhamento das atividades, registro de dados e formação e
aprimoramento técnico (BRASIL, 2018, p. 04).

Com base nisso, observa-se que há uma exposição prolongada aos raios
ultravioletas, fato que requer o uso constante de recursos para a proteção da pele,
visto que esses profissionais, em razão do cumprimento de suas atividades podem
vir a desenvolver doenças relacionadas à pele. Portanto alguns principais métodos
de proteção: 1. Protetor solar O protetor solar é o principal meio de proteção contra
os raios ultravioleta (UV) emitidos pelo sol e é distribuído pelo SUS (Sistema Único
de Saúde) ao trabalhador rural. O fator de proteção pode variar de 30 a 60,
dependendo do tempo e do horário de exposição. O filtro solar deve ser usado em
todas as áreas de pele que ficam expostas ao sol. Entre as que mais ficam expostas
estão: rosto, couro cabeludo, orelhas, nuca, lábios, região do decote e dorso das
mãos. Qualquer marca é válida. O ideal é passar o produto 30 minutos antes da
exposição solar e reaplicá-lo a cada duas horas, no máximo três horas. O suor ex... -
Veja mais em https://economia.uol.com.br/conteudo-de-marca/2019/12/09/bb-
seguros-agro-cuidados-do-trabalho-sob-o-sol.htm?cmpid=copiaecola
Nessa perspectiva, o uso de protetor solar é de vital importância, assim como
itens de proteção mecânica, tais como, chapéu, sombrinha, camisa de manga
comprida, entre outros, os quais se caracterizam como Equipamentos de Proteção
Individual - EPI, destinados à proteção de agravos na pele causados pela radiação
solar, principalmente, o câncer de pele que trataremos a seguir.

1.3 - Câncer de Pele

A pele se caracteriza como o maior órgão do corpo humano. Ela é


responsável pela proteção de nosso corpo contra as agressões externas, agindo
como uma barreira que impede a entrada de agentes perigosos em nosso
organismo, além de atuar na termorregulação corporal e na manutenção do
equilíbrio hídrico e eletrolítico
Por se um órgão que está constantemente exposto, a pele está suscetível a
desenvolver inúmeras patologias, dentre elas, o câncer de pele que, geralmente,
está relacionado a exposição solar.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA, o câncer de pele é o mais
frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos
registrados no país, sendo os principais o carcinoma basocelular, o carcinoma
espinocelular e o melanoma maligno, além de outros tipos menos comuns como
carcinoma de Merkel e os sarcomas de pele.
1.3.1 - Carcinoma Basocelular

O carcinoma basocelular é o tipo de câncer de pele mais comum,


representando cerca de 95% de todos os casos de câncer de pele. Esse tipo de
câncer afeta apenas a pele e quando diagnosticado precocemente apresenta grande
chance de cura.
Os principais sintomas são:
 Pequena ferida que não cicatriza ou que sangra repetidamente;
 Pequena elevação na pele de cor esbranquiçada, onde pode ser
possível observar vasos sanguíneos;
 Pequena mancha marrom ou vermelha que vai aumentando ao longo
do tempo;

Figura 1: Exemplo de Carcinoma Basocelular

(Fonte: https://www.tuasaude.com/carcinoma-basocelular/. Acesso em:


18/08/2021)

1.3.2 - Carcinoma Espinocelular


O Carcinoma Espinocelular corresponde a cerca de 20% de todos os
cânceres de pele. É altamente curável e mortes causadas por ele são incomuns,
ocorrendo entre idosos e pessoas com sistema imunológico enfraquecido.
Também chamado de carcinoma de células escamosas, tem origem na
camada mais superficial da pele, atingindo, geralmente, áreas do corpo expostas ao
sol, como rosto, orelhas, pescoço, lábios e dorso das mãos, mas também pode se
desenvolver em cicatrizes antigas ou feridas crônicas da pele em qualquer parte do
corpo, inclusive nos órgãos genitais. Às vezes pode se iniciar em queratoses
actínicas.
Os principais sintomas são:
 Verrugas que não param de crescer;
 Manchas persistentes, escamosas, vermelhas, com bordas irregulares,
que sangram facilmente;
 Feridas na pele que não cicatrizam ou demoram mais de quatro
semanas para cicatrizar;
 Lesões elevadas, com superfície áspera e uma depressão central;
 Variação na cor de pintas e sinais pré-existentes.

Figura 2: Exemplo de Carcinoma Espinocelular

(Fonte: https://medifoco.com.br/carcinoma-espinocelular-epidermoide-cancer-de-
pele/. Acesso em: 19/08/2021)
1.3.3 - Melanoma Maligno

O Melanoma Maligno se origina nas células produtoras da melanina, os


melanócitos, podendo aparecer na pele ou em qualquer outra região do corpo,
mesmo nas mucosas. Representa apenas 3% das neoplasias malignas da pele. É o
tipo mais grave, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase
(disseminação do câncer para outros órgãos).
Sua aparição pode surgir em decorrência de uma lesão pigmentada, onde há
um aumento na coloração, tamanho e forma da lesão, destacando a presença de
bordas irregulares. Além disso, o melanoma pode surgir em uma pele
aparentemente normal em forma de uma pinta escura, também caracterizada com
bordas irregulares, que pode vir seguida de descamação ou coceira.

Figura 3: Exemplo de Melanoma Maligni

(Fonte: https://melhorcomsaude.com.br/melanoma-maligno-causas-e-
diagnostico/. Acesso em: 20/08/2021)

1.3.4 - Carcinoma De Merkel


O Carcinoma de Merkel, também denominado de Carcinoma Neuroendócrino
da Pele ou Carcinoma Trabecular, é um tipo raro de câncer de pele, mas é um dos
tipos mais agressivos. Esse tipo de câncer tem maior probabilidade de se disseminar
para outras partes do corpo do que outros tipos de câncer de pele, e pode ser muito
difícil de ser tratado se já está disseminado.
Esse tipo de câncer se inicia, com mais frequência, em partes do corpo
expostas ao sol, como face (o local mais comum), pescoço e braços, no entanto,
pode aparecer em outras partes do corpo, como na parte interna do nariz ou do
esôfago.
Geralmente, aparecem nódulos ou edema firme, rosa, vermelho ou roxo na
pele. Na maioria das vezes, não são dolorosos, mas podem crescer rapidamente e
às vezes formam úlceras ou feridas.

Figura 4: Exemplo de Carcinoma de Merkel

(Fonte: https://www.delphineleemd.com/merkel-cell-carcinoma. Acesso em:


20/08/2021)

1.3.5 - Sarcomas de Pele

Os sarcomas de pele, como o sarcoma de Kaposi ou dermatofibrosarcoma,


são cânceres malignos que afetam as camadas mais profundas da pele.
 Sarcoma de Kaposi – é mais comum em pessoas com o sistema imune
debilitado, pessoas submetidas a transplantes ou infectadas pelo vírus HIV ou
herpes vírus tipo 8. Surge como manchas vermelho-arroxeadas na pele e
pode afetar todo o corpo.

Figura 5: Exemplo de Sarcoma de Kaposi

(Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sarcoma_de_Kaposi. Acesso em:


20/08/2021)

 Dermatofibrosarcoma – pode surgir espontaneamente após algum trauma,


em cicatriz de cirurgia ou queimadura, por infecção pelo vírus herpes tipo 8
(HHV8) ou por alterações genéticas. Há maior prevalência entre homens e
pessoas negras. Apresenta crescimento lento, é localmente agressivo, e tem
altas taxas de recidiva local e baixas taxas de metástases. Aparece como
uma mancha avermelhada ou roxa na pele e pode assemelhar-se a uma
espinha, a uma cicatriz ou a uma marca de nascença, especialmente no
tronco do corpo. Em estágios mais avançados pode formar feridas no local do
tumor, sangramento ou necrose da pele afetada.

Figura 6: Exemplo de Dermatofibrosarcoma


(Fonte: http://relatosdocbc.org.br/detalhes/108/dermatofibrosarcoma-
protuberans-extenso-em-torax--desafio-estetico-funcional. Acesso
em: 20/08/2021)

2. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Aqui apresentamos os principais resultados da pesquisa com Agentes


Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias realizada por meio de
um questionário aplicado na plataforma Google Forms, em que buscou-se abranger
profissionais de diversas localidades do Brasil através da divulgação nas redes
sociais, como WhatsApp e Facebook.
Nas tabelas abaixo, demonstra-se os resultados da pesquisa realizada com
1447 participantes no período de 20/08 a 26/08/2021 através das mídias sociais.

Tabela 1: Perfil dos ACSs e ACEs


Caracterização Quantidade Percentual
Função
Agente Comunitário de Saúde 1.292 89,3%
Agente de Combate às Endemias 155 10,7%
Sexo*
Feminino 1.289 89,1%
Masculino 157 10,9%

Faixa Etária**
18 a 25 48 3,3%
25 a 30 205 14,2%
30 a 35 ..... .....
35 a 40 422 29,2%
40 a 45 280 19,4%
45 a 50 191 13,2%
50 a 55 180 12,4%
55 ou + 116 8%
Tempo de serviço
Menos de 1 ano 24 1,7%
1 a 5 anos 319 22%
5 a 10 anos 383 26,5%
10 a 15 anos 323 22,3%
15 a 20 anos 231 16%
20 anos ou + 167 11,5%
*Sexo: como não era uma resposta obrigatória, uma pessoa não identificou o sexo. **Faixa etária:
houve um erro durante a digitação da pesquisa, devido a isso não foi possível identificar a quantidade
de participantes com idade entre 30 a 35 anos.

Tabela 2: Fototipo de pele dos participantes segundo a escala de Thomas B. Fitzpatrick


Caracterização Quantidade Percentual
Fototipo na escala de Fitzpatrick*
I - Branca 276 19,1%
II – Branca 340 23,5%
III – Morena Clara 434 30%
IV – Morena Moderada 290 20%
V – Morena Escura 77 5,3%
VI – Negra 30 2,1%
*Escala de Fitzpatrick: I - Pele branca – sempre queima – nunca bronzeia – muito sensível ao sol; II -
Pele branca – sempre queima – bronzeia muito pouco – sensível ao sol; III - Pele morena clara –
queima (moderadamente)– bronzeia (moderadamente) – sensibilidade normal ao sol; IV - Pele
morena moderada – queima (pouco) – sempre bronzeia – sensibilidade normal ao Sol; V - Pele
morena escura – queima (raramente) – sempre bronzeia – pouco sensível ao sol; VI - Pele negra –
nunca queima – totalmente pigmentada – insensível ao sol.

Tabela 3: Hábitos de exposição solar


Caracterização Quantidade Percentual
Tempo de exposição solar diariamente
Até 2 horas 61 4,2%
De 2 a 6 horas 890 61,5%
Mais de 6 horas 496 34,3%

Horário de exposição solar


Até as 10:00 horas 130 9%
Entre 10:00 e 15:00 horas 782 54%
Até as 10:00 e após as 15:00 horas 236 16,3%
Outros 299 20,7%

Tabela 4: Medidas de fotoproteção adotadas pelos ACSs e ACEs


Caracterização Quantidade Percentual
Uso de protetor solar
Diariamente 615 42,5%
Eventualmente (no verão) 310 21,4%
Eventualmente (qualquer estação) 134 9,3%
Raramente 303 20,9%
Nunca 85 5,9%
Frequência de aplicação diária do FPS
Nenhuma vez 203 14%
Uma vez 483 33,4%
Duas vezes 447 30,9%
Três vezes ou mais 117 8,1%
Somente quando se expõe ao 197 13,6%
sol muito intenso
Uso de itens de proteção mecânica*
Chapéu/boné/viseira 460 31,8%
Sombrinha 251 17,3%
Camisa de manga comprida 443 30,6%
Óculos Solar 225 15,5%
Não utilizo nenhum 528 36,5%

*Itens de proteção mecânica admitiu mais de uma resposta.

Tabela 5: Provimentos dos Equipamentos de Proteção Individual - EPIs


Caracterização Quantidade Percentual
Recebe protetor solar
Sim 575 39,7%
Não 448 31%
Raramente 424 29,3%
Recebe itens de proteção mecânica
Sim 237 16,4%
Não 854 59%
Raramente 356 24,6%
Qualidade dos Equipamentos de Proteção Individual – EPI que recebe
Muito ruim 168 11,6 %
Ruim 179 12,4%
Regular 383 26,5%
Bom 158 10,9%
Ótimo 19 1,3%
Não recebo 540 37,3%
Na maioria das vezes, compra ou recebe os Equipamentos de Proteção Individual - EPI
que utiliza diariamente em seu trabalho
Recebo 352 24,3%
Compro 995 68,8%
Não faço uso 100 6,9%

Tabela 6: Consequências da exposição solar


Caracterização Quantidade Percentual
Você tem ou já teve algum problema na pele devido a exposição solar no cumprimento de
suas atividades como ACS ou ACE *
Não tive 369 25,4%
Manchas 948 65,5%
Queimadura 219 15,1%
Câncer de pele 29 2%
Outros 42 3,9%
*A questão admitiu mais de uma resposta, além da possibilidade de inserir mais respostas.

Os resultados da pesquisa demonstram que os Agentes Comunitários de


Saúde e os Agentes de Combate às Endemias se expõem excessivamente à
radiação solar, uma vez que 61,5% dos participantes se expõem diariamente à luz
solar de 2 a 6 horas, e 34,3% mais que 6 horas diárias. Além disso, o horário de
exposição ao sol mais prevalente compreende o período entre 10 horas e 15 horas,
tendo uma percentagem de 54% das respostas, fator que preocupa, visto que nesse
período a radiação solar torna-se bastante perigosa.
Outra questão preocupante está relacionada ao uso de protetor solar, pois
apenas 42,5% dos participantes têm o hábito de usá-lo diariamente, sendo que
desses somente 8,1% fazem a aplicação três vezes ou mais ao longo do dia.
Ademais, 14% dos participantes da pesquisa admitem que não aplicam o protetor
solar nenhuma vez ao longo do dia, e 36,5% não utilizam nenhum item de proteção
mecânica, como chapéu, camisa de manga comprida, óculos solar, entre outros.
Outro fator inquietante é quanto ao fornecimento de Equipamentos de
Proteção Individual – EPIs para esses profissionais, posto que 31% alegam que não
recebem protetor solar, 29,3% dizem que raramente recebem, somente 39,7%
recebem o produto. Quanto aos itens de proteção mecânica, 59% não recebem,
24,6% recebem raramente, e 16,4% declaram que recebem. Sendo que 68,8%
afirmam que na maioria das vezes compram os EPIs, acredita-se que isso se dê
devido a quantidade fornecida ser insuficiente e a baixa qualidade dos produtos, já
que 11,6% classificam como muito ruim, 12,4% como ruim, 26,5% como regular,
apenas 10,9% consideram bom, e 1,3% como ótimo.
Referente aos problemas na pele devido a exposição solar que esses
profissionais enfrentam em suas rotinas de trabalho, os dados são assustadores,
uma vez que somente 25,4% expõem que não tiverem nenhuma consequência,
65,5% relatam o surgimento de manchas, 15,1% tiveram queimaduras na pele, 2%
apresentaram câncer de pele, e 3,9% citaram outros problemas, como, insolação,
cefaleia, acne, pintas, perda de melanina, verrugas pré-cancerígenas, descamação
da pele, lentigo solar, feridas, entre outros.
Esses dados respondem a problemática desse estudo, contudo, vale salientar
que os resultados analisados fazem parte de uma pequena amostra, necessitando
ser ampliada para a obtenção de resultados gerais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados do presente estudo apontam para a necessidade da promoção


de medidas que visem minimizar os riscos à saúde da pele de Agentes Comunitários
de Saúde e Agentes de Combate às Endemias, uma vez que, em razão de suas
atividades, esses profissionais têm uma intensa exposição solar e a maioria não
fazem uso de medidas de fotoproteção ou utilizam-na de forma inadequada.
Fica evidente também, a necessidade do fornecimento de Equipamentos de
Proteção Individual – EPI conforme estabelece a Norma Regulamentadora – NR 06
da Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978:

6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento,
nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção
contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do
trabalho (BRASIL, 1978, p. 01).

Sabemos que a exposição à radiação solar, sem a proteção adequada, é


considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pele. De
acordo com as recomendações no site do INCA – Instituto Nacional de Câncer, a
prevenção envolve:
 Evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h;
 Procurar lugares com sombra;
 Usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas,
óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas;
 Aplicar na pele, antes de se expor ao sol, filtro (protetor) solar com fator de
proteção 30, no mínimo. É necessário reaplicar o filtro solar a cada duas
horas, durante a exposição ao sol, bem como após mergulho ou grande
transpiração. Mesmo filtros solares “à prova d’água” devem ser reaplicados.
 Usar filtro solar próprio para os lábios.
 Nas atividades ocupacionais, pode ser necessário reformular as jornadas de
trabalho ou a organização das tarefas desenvolvidas ao longo do dia.
Diante disso, observa-se que Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de
Combate às Endemias, em decorrência de suas atividades laborais, estão
suscetíveis ao desenvolvimento de doenças cutâneas, tendo em vista que o
exercício de suas funções requer a realização de atividades em ambientes externos,
deixando-os sujeitos a inúmeros problemas ocasionados pela exposição ao sol.
Assim, percebe-se a importância da criação e implementação de ações que
motivem esses profissionais no uso de medidas de fotoproteção efetivas, bem como
a mobilização dos órgãos gestores dos serviços em que atuam estes profissionais
para a busca de estratégias que minimizem os riscos que as atividades
desempenhadas trazem para a saúde destes trabalhadores.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Diário Oficial da União. Lei n° 13.595, de 5 de Janeiro de 2018. Disponível


em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/
10859112/do1-2018-04-18-lei-n-13-595-de-5-de-janeiro-de-2018-10859108. Acesso
em: 18/08/2021

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção Primária: saúde em família. Disponível em:


https://antigo.saude.gov.br/atencao-primaria. Acesso em: 17/08/2021

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Câncer de Pele: saiba


como prevenir, diagnosticar e tratar. Disponível em:
https://www.inca.gov.br/noticias/cancer-de-pele-saiba-como-prevenir-diagnosticar-e-
tratar. Acesso em: 30/08/2021
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Acesso em: 09/08/2021

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS).


Disponível em: https://aps.saude.gov.br/noticia/9996. Acesso em: 17/08/2021

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 06 – Equipamento de Proteção


Individual. Disponível em:
https://prolifeengenharia.com.br/wp-content/uploads/2019/03/NR-06.pdf. Acesso em:
30/08/2021

BRASIL. Política Nacional de Atenção Básica. Disponível em:


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tratamento. Disponível em: https://www.tuasaude.com/carcinoma-basocelular/.
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