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A LINGUAGEM INFOGRÁFICA: UMA NOVA POSSIBILIDADE PARA A EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

Carolina Cavalcanti Bezerra


(CIPE-SEAD/UEPB)
carol.cavalcanti.bezerra@gmail.com
Laércia Maria Bertulino de Medeiros
(DEPTO. PSICOLOGIA-CIPE-SEAD/UEPB)
laercia.medeiros@gmail.com
Roberta Magna Silva Siqueira
(DEPTO. PSICOLOGIA/UEPB)
roberta.jua@gmail.com
Linguagens e práticas pedagógicas

Resumo: Resultado de pesquisa realizada no curso de especialização em Novas


Tecnologias na Educação, o presente artigo apresenta os preceitos, fundamentos e
características da infografia como ferramenta da Comunicação propondo seu uso como
metodologia de ensino na Educação a Distância. Os resultados alcançados e
proposituras iniciais dessa leitura sugerem à utilização da infografia no desenvolvimento
de atividades nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem e no processo de interação e
mediação entre alunos, professores e tutores. Entretanto, devido a seu ineditismo como
ferramenta voltada para a educação – presencial, semipresencial ou a distância - faz-se
necessário apontar a importância da formação de professores na construção e utilização
da mesma para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem de tutores e alunos,
especialmente na modalidade não presencial.

PALAVRAS-CHAVES: Infografia. Educação a Distância. Mediação.

1. Introdução

São inúmeras as possibilidades para o desenvolvimento de métodos de ensino


aplicados a modalidade não-presencial de educação. Algumas podem ser pensadas a
partir da utilização de ferramentas disponíveis na rede mundial de computadores e que
dependem da sua aplicabilidade para interagirem. Partindo desta observação este artigo
apresentará uma forma de comunicação - formato denominado de Infografia1 - propondo-
a como metodologia de ensino a ser explorada por professores, tutores e alunos e, que
tem por base a funcionalidade da internet. Desta forma, justifica-se a importância da
apresentação de novas ferramentas para a construção do conhecimento objetivando a
utilização das mesmas na interação e mediação entre os agentes que compõem a
Educação a Distância.
Sobre a Infografia, a data de surgimento dos primeiros infográficos diverge entre
alguns autores. Aguado e Vizuete (1995) afirmam terem surgido em 1740 no Daily Post


Texto desenvolvido por integrantes do Grupo de Pesquisa Psicologia, Desenvolvimento e Educação <
http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4319707RY8KT1A>.
1
Chamados de infográficos, nada mais são do que informações representadas por imagens e que mesclam o
uso de fotografia, desenho e texto para informar de forma dinâmica, podendo recorrer do uso de recursos
como ilustrações, gráficos e diagramas.
de Londres, outros em 1806 no também jornal londrino The Times com a definição de ser
o primeiro gráfico explicativo utilizado em jornais impressos. Porém, durante cerca de 150
anos sua utilização era reservada ao detalhamento meteorológico, na representação de
mapas, rotas e em questões estratégicas militares (VELHO, 2009).
Os infográficos são uma criação do jornalismo contemporâneo evidenciados na
metade do século XIX com a informação gráfica estabelecendo seu local de atuação.
Mas, sua expressão em códigos verbais e visuais data da história do surgimento do jornal
impresso quando os textos eram misturados às técnicas de xilografia e litografia. A
fotografia, elemento importante na construção dos infográficos, só em 1885 é utilizada
pela primeira vez em jornais. No século XX, anos 70, as impressões já podiam ser feitas
em cores e a consolidação dos computadores nas redações dos jornais só aconteceu nos
anos 80 também com a apresentação de programas de computação gráfica (VELHO,
2009).
Porém, só no final do século XX com o que se convencionou chamar de
‘jornalismo da era tecnológica’ é que a linguagem jornalística alcançou patamares de alta
qualidade técnica das imagens. Essa qualidade “[...] impõe-se como modelo estético,
inicialmente na televisão, mas também nos painéis publicitários e em todas as
mensagens visuais [...]”, e consequentemente a “aparência e a dinamicidade da página é
que se tornam agora decisivos” (MARCONDES FILHO, 2000, p. 31).
Entretanto, a funcionalidade da infografia – como meio de transmissão de
mensagens - somente pode ser corroborada ao determinar-se uma linha tênue na relação
com a Comunicação. Fez-se necessário uma alfabetização visual que permitiu que a
infografia fosse explorada ao seu máximo tanto pelo viés comunicativo quanto pelo
educativo, já que a mesma amplia a sua capacidade informativa.
Em relação a este aspecto, a relevância da Comunicação, da linguagem textual e
visual se encontra presente no processo educativo. Os infográficos se constituem destes
elementos, podem assim perfazer sua importância por serem “uma peça informativa,
realizada com elementos icônicos e tipográficos, que permite ou facilita a compreensão
dos acontecimentos, ações ou coisas [...] e acompanha ou substitui o texto informativo”
(SANCHES, 2001, p. 21-26).
As palavras de Sanches (2001) sobre a importância dos signos textuais e
icônicos, bem como, o ressaltado por Marcondes Filho (2000) sobre a ‘dinamicidade’ das
informações são facilmente visualizados em layouts ágeis dos infográficos criados pelos
veículos de comunicação.
Verifica-se uma intencionalidade informativa à medida que há um cuidado com o
detalhamento das informações. O passo a passo através de recortes, do uso de imagens,
ícones e direcionamento do olhar, e especialmente do texto; tem a intenção de informar e
consequentemente acaba educando seus leitores. Por isso é importante ressaltar que
não só as imagens são importantes na construção e compreensão das mensagens
contidas nos infográficos

en un infográfico el texto es un elemento complementario, pues sirve


para situar y explicar el contenido del dibujo. Ahora bien, así como el
dibujo no puede reducirse a mera ilustración, ya que lo informativo ha de
primar siempre sobre lo estético, pensamos que tampoco el texto puede
ser tratado como un simple recurso decorativo, de relleno o adorno. Que
2
sea complementario no implica que sea accesorio (ALONSO,1998, p.7) .

Sendo assim, textos e imagens são complementares e ambos estão ao auxílio da


informação. E para este leitura, intenciona-se sua utilização na Educação a Distância
compreendendo a importância de sua agilidade como ferramenta comunicativa, algo
característico da modalidade.

2. A Educação a Distância no Brasil


Para tanto, se faz necessário apresentar a realidade da Educação a Distância em
um recorte mais específico brasileiro. Para entender essa crescente evolução do ensino a
distância ressalta-se que o Brasil é o quinto país com o maior número de conexões à
internet distribuídas nas casas, escritórios e lanhouses3.
Sobre a regulamentação da Educação a Distância no Brasil, a mesma começou a
se desenhar no ano de 1998 com o Decreto de nº 2.494 que revia o artigo 80 da Lei nº
9.394/1996 (LDB) onde a EaD era “entendida como processo industrial marcado por
instrumentos técnicos e pela auto-aprendizagem” (VIANNEY, TORRES, FARIAS, 2003,
p. 47). A última grande reforma da educação nacional se deu justamente com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional que para a educação a distância começou a
ser definida em quatro linhas de importância que determinaram o credenciamento das
instituições: a sua regulamentação, a produção, controle e avaliação da Educação a
Distância e políticas públicas de implementação.
Alguns anos depois, em 2001, o Ministério da Educação em portaria publicada de
nº 2.253 consolida a intencionalidade de fazer da modalidade algo presente na educação
nacional “regulamentando no ensino superior a oferta de disciplinas a distância para

2
“Em um infográfico o texto é um elemento complementar, que serve para situar e explicar o conteúdo do
desenho. No entanto, como o desenho não pode ser reduzido à mera ilustração, e que a informação deve
sempre prevalecer sobre a estética, acreditamos que o texto não pode ser tratado como um simples recurso
decorativo. Ser complementar não implica ser acessório”.
3
Porém, em âmbito geral, segundo dados do Jornal Estadão somente 75% da população mundial tem
acesso à internet e no caso das escolas brasileiras esse número é reduzido a 50%. Ainda sobre EaD no
Brasil, dados coletados apontam que em 2008 o aumento foi de 96,9% comparado aos 14,3% de alunos
matriculados em cursos de graduação na modalidade não-presencial no ano anterior. Consulta feita em
<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,no-mundo-75-da-populacao-ainda-nao-tem-acesso-a-
internet,556522,0.htm>. Acesso em 19 set. 2010.
atender até a 20% da carga horária de cursos reconhecidos, indicando na Portaria o uso
de tecnologias da informação e da comunicação” (VIANNEY, TORRES, FARIAS, 2003, p.
48).
Contudo, apenas em 2006 o Executivo tomou a iniciativa de implantar o sistema
denominado Universidade Aberta do Brasil (UAB), um consórcio de instituições públicas
de ensino superior. A UAB está alicerçada no modelo de ensino a distância e com sua
expansão, Alves (2009) relembra que em janeiro de 2008 o Brasil já contava com 158
instituições habilitadas pelo governo federal para ministrar cursos de graduação e pós-
graduação lato sensu. A Universidade Aberta do Brasil, em parceria com instituições de
ensino pública e federais voltou-se para a formação superior de professores da rede
pública e municipal de ensino, oferecendo inclusive formação continuada aos mesmos4.
No entanto, a modalidade de ensino a distância no Brasil advém do início do
século XX quando em 1904 o ensino por correspondência foi pela primeira vez utilizado
em cursos de capacitação. Outros veículos de comunicação foram usados com a mesma
finalidade, tais como o rádio em 1923 e a televisão entre os anos de 1965 e 1970. Com o
passar dos anos tais meios foram aperfeiçoando suas técnicas e sendo incorporados ao
processo de educação, como a criação dos telecursos em 1980, o uso das
teleconferências em 1990, a disseminação da internet em 1995, as videoconferências em
1996 e a criação dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem em 1997 (VIANNEY;
TORRES; FARIAS, 2003).
Sendo assim, após esse breve esboço do uso de algumas formas e meios de
comunicação no processo de aprendizagem durante o passar dos anos, a relevância
dessa produção textual está em propor a interação entre a modalidade não-presencial
(EaD) e suas múltiplas ferramentas, com a utilização dos infográficos para o aprendizado.
Aqui, a infografia se apresentará como mais uma metodologia para o aprimoramento da
modalidade, tanto no aspecto conceitual como visual5.

4
A Educação a Distância é uma forma de abrir possibilidades educacionais para pessoas que, no geral, já
estão no mercado de trabalho e desejam concluir uma formação acadêmica ou cursar um novo curso, mas
não dispõem de tempo suficiente para se dedicar presencialmente.
5
A infografia ou os infográficos são uma ferramenta da Comunicação que tem como seu maior veículo de
divulgação a internet. Porém, a mesma pode ser encontrada na mídia impressa e também televisiva.
3. Infografia: uma possibilidade para a educação a distância

Figura 1 – Exemplo de infográfico detalhado


Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/foto/0,,11280352,00.jpg

Estaremos conduzindo uma leitura sobre os infográficos e suas características


propondo o uso da Infografia na Educação a Distância. O aprender a partir da prática,
como sugerem Skinner e Piaget6, tem na infografia um grande aliado, já que alguns
infográficos necessitam de maior interação de seus usuários. E pensando que a
Educação a Distância constitui-se em uma realidade virtual de aprendizagem como
ferramenta educacional, se entende que

A exploração de mundos virtuais pelo próprio aluno permite a vivência de


novas e diferentes realidades através da extensão dos sentidos por meio
do controle ativo sobre movimentos, visões, manipulações,
transformações e até sons, em alguns casos. [...] Assim, através da
interação, da experimentação, da análise e da crítica o aluno participa
mais ativamente do processo de ensino-aprendizagem (TAVARES;
CARDOSO; LAMOUNIER, 2006, p.148).

Sendo parâmetro dessa leitura a infografia para as práticas nos ambientes virtuais
de aprendizagem7, os infográficos apresentam algumas características básicas: um

6
Skinner, psicólogo norte-americano, interessava-se em seus estudos pelo comportamento humano e pelo
processo de ensino e aprendizagem. Piaget, suíço, é considerado o expoente nos estudos sobre
desenvolvimento cognitivo.
7
E para tanto, alguns fatores são importantes à análise: cor, sexo, idade, gosto pessoal, entre outras. As
cores, por exemplo, são tão importantes para as sociedades, que codificam informações como a utilizada em
semáforos, exemplifica Collaro (2007). Há até uma Teoria das Cores que desde a Antiguidade, com
Aristóteles, já se baseava nas cores primárias, enquanto que na Idade Média estava relacionada ao
psicológico e a cultura de uma determinada sociedade (TAVARES; CARDOSO; LAMOUNIER, 2006). A
importância da educação visual neste contexto não está somente na forma ou nas cores, mas em como a
Título, um Texto, Corpo e Fonte atentando para a construção de uma informação através
de uma narrativa (BORRÁS; CARITÁ, 2000; LETURIA, 1998). Porém, os mesmos
desenvolveram-se e atualmente apresentam inúmeras possibilidades visuais além de
recursos de interação e mediação entre si e seus ‘leitores’.
Iremos apresentar como são utilizados os infográficos e a evolução que sofreram
com o passar dos anos, mas especialmente, com o desenvolvimento das novas
tecnologias da informação e comunicação.

Sistema Arbóreo de Evolução dos Infográficos (AMARAL, 2009)

Gerações e Características dos Infográficos Produtos Semelhantes

Quarta Geração: Infográficos criados a partir da Mashups e Infografia


tecnologia de Base de Dados. Usam principalmente como ferramenta
interatividade e personalização do conteúdo

Terceira Geração: Linguagem Reportagem multimídia


específica para o meio. Utiliza
algumas das características da web,
principalmente a multimidialidade Newsgame

Segunda Geração: Uso de links e animação,


Slideshow
mas ainda com a linguagem do impresso.

Primeira Geração: Infográficos com linguagem Gráfico Ilustrado


linear, sem inovação em relação ao impresso.

visão analítica absorve o cotidiano, em como nosso cérebro reage a tais informações. Desta forma, algumas
conceituações são mais importantes que outras de serem mencionadas. Collaro (2007, p.15) afirma que
“definir cor não é uma tarefa muito fácil, pois ela está diretamente relacionada à percepção individual”. O
autor em sua obra descrimina as formas possíveis de utilização da cor a partir da compreensão das reações
esperadas do público.
3.1. Primeira Geração de Infográficos: linguagem linear, sem inovação em
relação ao impresso
Segundo Amaral (2009) e seu Sistema Arbóreo de Evolução dos Infográficos, as
técnicas para construção de infográficos podem ser caracterizadas seguindo a evolução
das ferramentas tecnológicas. Num primeiro momento eram utilizados gráficos mais
simplificados. Essa contextualização é apresentada por meio dos infográficos estáticos
que não permitem a interação entre ambiente comunicativo e leitor. A informação é dada
no básico modelo comunicacional: remetente → mensagem → receptor.

8
Figura 2 - Exemplo de 1ª geração

3.2. Segunda Geração: uso de links e animação, mas ainda com a linguagem do
impresso.

Denominados de slideshows são a demonstração de informações que podem ser


construídas através de software disponibilizado junto com o pacote Office (Powerpoint),
por exemplo. Através de ferramenta de construção contínua de informações, passando
de tela a tela, podendo ser inseridos áudio e imagem, a apresentação de dados começa
a proporcionar uma leitura mais dinâmica e visualmente atrativa. Neste momento, a
interatividade visual proporcionada pela ferramenta atrai o interesse do público que busca
mais agilidade na recepção de dados9.

8
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedagogica/quais-planetas-podem-ser-
vistos-terra-olho-nu-como-posso-diferencia-los-estrelas-astronomia-539185.shtml>. Acesso em 15 ago. 2010.
9
Apesar da possibilidade de utilização de vídeos e áudio, por exemplo, a visualização ainda está mais
próxima da mídia impressa, tal como jornais e revistas. Lembra muito a metodologia investigativa das
Webquests (metodologia de uso da internet como recurso de pesquisa, criativa e investigativa, sendo
considerada em seu aspecto pedagógico, muito dinâmica e informativa), conceito criado em 1995 por Bernie
Dodge, professor californiano.
Figura 3 – Apresentação em PPT

3.3. Terceira Geração: Linguagem específica para a web e multimidialidade

A aprendizagem multimídia acontece a partir do momento em que a construção do


conhecimento é feita através da representação mental de palavras e imagens, tendo em
vista que o aprendizado se dá melhor desta forma do que somente com palavras. Para
que o processo de aprendizagem ocorra o importante é utilizar a tecnologia multimídia
para a ampliação da cognição humana. Para tanto alguns princípios podem ser
apontados na aprendizagem: aprende-se melhor com a combinação de imagens e sons
(princípio multimídia), proximidade entre palavras e imagens (proximidade espacial),
apresentação simultânea de palavras e imagens (proximidade temporal), coerência na
utilização das palavras e dos símbolos (caso não haja necessidade devem ser excluídas),
uso de animação e narração (modalidade) e superioridade da utilização de narração e
animação (redundância) (MAYER, 2005).
Como referência a esta terceira geração encontra-se disponível dentro do campo
da comunicação as reportagens multimídias e os newgames10. Vale ressaltar que esse
tipo de infografia apresenta-se como interessante na discussão de conteúdos que
necessitem de mais tempo de estudo e dedicação11. Como modelo informacional,
funcionaria muito bem dentro da modalidade não-presencial. Um conteúdo que
transpassasse mais de um semestre, por exemplo, poderia muito bem contar com o
newsgame para tornar o aprendizado mais dinâmico e interativo. Para o jornalismo essa
‘brincadeira de informar’ além de ser atrativa, faz com que o leitor busque a informação

10
Este último faz relação aos jogos criados na internet a partir de acontecimentos e informações verídicas.
11
“[...] adotando a definição de informação como ‘transmissão de conhecimentos’, nesse caso, a informação
das narrativas dos games pode nem sempre aparecer de forma explícita, clara, como numa exposição de
aula tradicional, ou numa manchete de jornal, de forma descritiva, mas de forma sedutora, pois ‘Quanto mais
estivermos pessoalmente envolvidos com uma informação, mais fácil será lembrá-la’ [...]. Disponível em:
<http://webmultimidia.blogspot.com/2009/06/conceitos_19.html>. Acesso em: 06 out. 2010.
diariamente. Essa característica para a EaD não somente facilitaria muito o interesse pelo
aprendizado, mas o acesso mais constante ao ambiente virtual de aprendizagem.

12
Figura 4 - Terceira Geração

3.4. Quarta Geração: interatividade e personalização do conteúdo

Os infográficos da quarta geração, ou infográficos animados permitem não só o


acesso à informação, mas também à interação do leitor com a transmissão da
comunicação infográfica. Um produto da infografia de quarta geração são os mashups13,
que são websites ou uma aplicação da web, que combinam a funcionalidade ou conteúdo
de fontes existentes tais como Web Services (através do uso de API's), Web Feeds
(RSS, Atom), ou mesmo outros sites (por captura de tela). Para ambientes virtuais de
aprendizagem, cuja característica primeira é o acesso gratuito ao software incorporar
novas aplicações também gratuitas, traz um enriquecimento ao ensino a distância.
Principalmente aquele oferecido por universidades públicas onde o custo com a
operacionalização é alto.
A combinação de dados capturados da internet para a educação a distância além
de ser uma maneira criativa de construção do conhecimento traz à modalidade algo
fundamental que é a interatividade, haja vista que, buscar informações, construir
12
Disponível em <http://www.andredeak.com.br/2009/04/08/newsgames-jogo-da-mafia/>. Acesso em 15 ago.
2011.
13
Clicando em qualquer local do mashup o participante é direcionado a outra tela onde novas informações
são dadas através de novos feeds de captura de dados na rede.
conhecimento e disseminar o aprendizado, passa pela questão da troca de comunicação
dentro da modalidade.

14
Figura 5 - Quarta Geração

O interessante é notar a harmonia entre texto e imagem, bem como, o processo


linear de apresentação da informação durante o desenvolvimento das gerações de
infográficos. De certa forma lembram e assemelham-se muito ao material didático
impresso de uma disciplina qualquer. Enquanto que na Educação a Distância, a
aproximação de ícones e textos faz parte do processo de ensino e aprendizagem como
algo naturalizado e necessário.

4. Redes de Saberes e nova prática docente: letramento digital e hipertextualidade


Compreender a importância da tecnologia dentro da vida em sociedade passa
pela compreensão de algumas conceituações. E para tanto, em pleno século XXI, não se
imagina a relação aluno, professor e instituição de ensino sem o auxílio do computador e
de todas as ferramentas agregadas a ele: softwares, internet, jogos eletrônicos, bate-
papos, fóruns de notícias entre outros. A mesma relação se dá na educação a distância
onde a interação entre as partes envolvidas se faz necessária.
Concomitantemente a essa constatação surgem novos modelos pedagógicos e
um novo aluno, bem como, um novo professor. Essa nova realidade está engatada a dois
conceitos muito presentes nos estudos que envolvem a utilização do computador na
14
Disponível em <http://www.ask500people.com/>. Acesso em 15 ago. 2011.
educação, bem como, sobre as questões que envolvem os ambientes virtuais de
aprendizagem: o letramento digital e a hipertextualidade.
O paradigma na educação denominado de Letramento Digital entende que a
necessidade de se dominar todo um conjunto de informações e tecnologias é inerente ao
contexto social ao qual estamos inseridos. Sendo assim, infere-se que se faz urgente a
rápida capacitação de alunos e professores para o uso das novas tecnologias da
informação e comunicação. Por outro lado, com o surgimento a cada dia de novas
ferramentas ligadas ao uso do computador e na tentativa de consolidar a cultura escrita,
cabe à instituição de ensino escolher os materiais e os conteúdos a serem trabalhados
nas salas de aula virtuais. E para tanto é válido ressaltar que o letramento digital entende
as práticas de escrita e leitura de maneira distinta dos modelos convencionais; isso
porque, o suporte à leitura e escrita se apresenta através da tela do computador.
Dois pontos se mostram importantes nesta primeira contextualização. O primeiro,
como apontado anteriormente são os conteúdos a serem explorados e que acaba por
determinar e até mesmo moldar o tipo de informação ao qual estará sujeito o aprendente.
Trabalhar com as informações procedentes do meio digital e da Web dentro dos
ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) passa por uma sistematização proposta pela
instituição de ensino e que raras às vezes é determinada em conjunto entre coordenação,
professores, tutores e alunos15.
O segundo ponto, tão relevante quanto o primeiro é a distinção entre uma pessoa
alfabetizada e uma pessoa letrada. A importância está no fato de que há uma nova
cultura da leitura e da escrita, e para tal, ambos os fatores se complementam. Pode-se
dizer que uma pessoa alfabetizada é aquela que ao terminar seus estudos primários é
capaz de decodificar os sinais gráficos de sua língua materna. Porém, a mesma não
adquiriu a capacidade de construir significados mais elaborados; e para que uma pessoa
seja letrada digitalmente suas habilidades mentais e a capacidade de construir
rapidamente significados devem sobressair-se a simples capacidade de decodificação de
símbolos escritos.
Outro ponto importante e que agrega o processo de formação de professores e da
integração com as mídias, pode ser contextualizado por meio dos hipertextos. O termo
surge primeiramente em 1960 com Ted Nelson em Harvard e determina uma coleção de
documentos com links e hiperlinks que ajudam o leitor a ir de um texto para outro, e voltar
se for o que desejar.

15
Esses três componentes, participantes ativos da EaD são referências de alguns trabalhos que são
facilmente encontrados em livros e textos sobre a relação, importância e atuação dos mesmos na
modalidade. Neste momento, não se faz necessária a contextualização
Esse vai e vem entre textos também pode ser feito através de imagens e, como o
leitor e as ferramentas atuais permitem o autogerenciamento do conhecimento, o
hipertexto acaba por se caracterizar por uma ferramenta não-linear de construção do
conhecimento.
A importância do letramento digital e da correta utilização dos hipertextos já está
inserida no debate pedagógico dentro das escolas e também do ensino a distância.
Porém, ambas já fazem parte do cotidiano dos jovens que tem o computador como uma
extensão de seus corpos e aplicam suas conceituações no dia a dia.
Cabe aos pesquisadores minimizarem as lacunas entre a teoria e a prática, entre
o usar e o como usar corretamente, tendo os alunos um papel importante no
desenvolvimento das práticas docentes, pois os mesmos trabalham a sua aplicabilidade
diariamente.
Por outro lado, uma ótima referência para a construção coletiva dos saberes e em
harmonia com todos os envolvidos é a utilização dos gêneros digitais, das mídias
disponíveis e como meio para tal, da internet. Na utilização destas possibilidades são
necessários primeiramente agentes interconectados, mas não somente em termos
tecnológicos e sim, com a realidade do ser social deste século. Ou seja, movimentar-se
atualmente por todos os ambientes educativos pré-estabelecidos impera na concepção
de um novo ser: criativo, corajoso e colaborativo.
Os hipertextos, por exemplo, são uma das maneiras de construir significados
através de meios tecnológicos que dependem não somente dos usuários, mas também
da iniciativa e da criatividade que terão na relação dialógica com o ambiente
(GRINSPUN, 1999).
Lévy em seu livro As Tecnologias da Inteligência (1993) corrobora a informação e
aponta que, para isso ocorrer, a interação com esse novo ambiente tecnológico posto a
uso em nosso século depende muito da imaginação do usuário. Ou seja, até onde nós
como usuários e aprendentes podemos nos levar. As redes de saberes que surgirão
tendo o hipertexto como material didático são enormemente complexas em suas
possibilidades, podendo inclusive agregar outras ferramentas.

The concept of hypermedia simply extends the notion of the text in


hypertext by including visual information, sound, animation, and other
forms of data. Since hypertext, which links one passage of verbal
discourse to images, maps, diagrams, and sound as easily as to another
verbal passage, expands the notion of text beyond the solely verbal, I do
not distinguish between hypertext and hypermedia. Hypertext denotes an
information medium that links verbal and nonverbal information
(LANDOW, 1997, p. 3).
Com certeza surge como possibilidade de trabalho interdisciplinar, informatizado,
tendo em vista que várias disciplinas podem ser trabalhadas em um único momento.
Como prática docente o uso do hipertexto, bem como, de sua capacidade mediadora se
daria com a concepção por parte dos professores de conteúdos distintos, apontando a
ligação de diferentes conceitos curriculares propondo uma rede de pensamentos,
informações e conceituações. Todas contextualizadas para a construção de
conhecimento significativo para os alunos; como conceitua Morin (2001) sendo uma
religação dos saberes.
É importante esclarecer, que neste momento, o elo dado aos saberes, cabe ao
aluno e não ao professor. Este terá momentaneamente o papel de mediador, norteando a
construção do material a partir de reflexões formadas e novos conhecimentos
concebidos.
Para o aluno construir um hipertexto deve ter organizado e estruturada suas ideias
sobre o conteúdo das disciplinas que serão interligadas através dos links (nós).
Interessante notar neste processo é que cabe ao aluno ‘linkar’. Porém, caberão aos
leitores – outros alunos e professores – construir a sua cadeia de informações relevantes.
O aluno tem autonomia tanto na valorização de seus conhecimentos quanto na
construção e orientação de sua leitura, ou, busca por conhecimento. Mais uma vez,
ressalta-se a importância da criatividade e da reflexão na construção do ambiente de
estudo.
Lévy (1993) valida o entendimento de que o hipertexto e as multimídias interativas
são aplicáveis à educação. Isso porque ambas necessitam de interação e o autor
acredita que não há processo de aprendizagem sem interação. E reafirma seu
pensamento ao entender que quanto mais ativamente se participar da produção de
conhecimento, mais o aluno retém e interage com a informação passada.

5. Considerações Finais
A leitura sobre a infografia como alternativa para a EaD teve como objetivo propor
o aprimoramento das metodologias de ensino na modalidade. Mas, mais do que isso,
apresentar uma ferramenta interativa que ainda não foi utilizada na prática na modalidade
não-presencial. As várias gerações de infográficos apresentados corroboram a sua
empregabilidade na educação a distância em um processo colaborativo, interativo, ou
seja, comunicativo. O processo de mediação da metodologia proposta fica evidenciado
pela participação de mediadores e mediados.
Na contracorrente da produção massiva das imagens nos veículos de
comunicação e possivelmente de educação – pensando na internet e no computador – há
a necessidade de reflexão sobre a exclusão que a mesma proporciona, separando os
países do hemisfério norte das do sul16. Um estudioso desta tendência, que observa a
questão econômica e não geográfica, é Pierre Lévy, que considera o crescimento do
ciberespaço irremediável, porém este “servirá apenas para aumentar ainda mais o
abismo entre os bem-nascidos e os excluídos” (LEVY, 1999, p.12). Por outro lado, com
todas as possibilidades disponíveis a quem tem acesso a rede mundial de computadores
e a educação não-presencial, e sendo a infografia um meio proposto pela comunicação
como informacional, o importante é tentar viabilizá-la como método auxiliar à educação,
seja nas revistas e jornais online ou nos ambientes virtuais de aprendizagem. Espera-se
com isso, que o abismo apontado por Lévy (1999) no que tange às desigualdades entre
“os bem-nascidos e os excluídos” possa ser minimizado com o acesso aos conteúdos e
ferramentas construídos para e disponibilizados pela internet.
Como metodologia educativa a EaD pode ser analisada como um território aberto
a novas experiências, sendo essas relacionadas com a interatividade proposta pela
internet, como apresentado pelos mashups e newsgames. Construir e compartilhar
conhecimento através da infografia se apresenta de forma clara e possível para a
modalidade: tornar um objeto de interesse individual em algo possível a discussão e
construção coletiva, referendando assim a aprendizagem significativa.

Referências

AGUADO, J. A. M.; VIZUETE, J. I. A. Tecnologia de la información escrita. Madrid:


Editorial Sínteses, 1995.

ALVES, J. R. M. A história da EAD no Brasil. In. LITTO, F. M.; FORMIGA, M. M. M. (orgs)


Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

AMARAL, R. C. G. Limites dos infográficos jornalísticos na Web: sistematização


preliminar de características distintivas e produtos semelhantes. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 32., 2009, Curitiba. DT´S - Divisão
Temáticas e NP´s - Núcleo de Pesquisas. Curitiba: 2009. p.1-14.

COLLARO, A. C. Produção Gráfica: arte e técnica da mídia impressa. São Paulo:


Pearson Education, 2007.

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16
Esse apontamento pode ser verificado no que diz respeito tanto à produção científica sobre a infografia,
bem como, na sua utilização pelos veículos de comunicação. O Brasil ainda engatinha na utilização da
ferramenta e apresenta poucas leituras sobre sua construção e utilização na Educação, enquanto que em
países como Espanha e Estados Unidos a infografia já se apresenta como prática consolidada.
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