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DISTÂNCIA
1. Introdução
Texto desenvolvido por integrantes do Grupo de Pesquisa Psicologia, Desenvolvimento e Educação <
http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=4319707RY8KT1A>.
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Chamados de infográficos, nada mais são do que informações representadas por imagens e que mesclam o
uso de fotografia, desenho e texto para informar de forma dinâmica, podendo recorrer do uso de recursos
como ilustrações, gráficos e diagramas.
de Londres, outros em 1806 no também jornal londrino The Times com a definição de ser
o primeiro gráfico explicativo utilizado em jornais impressos. Porém, durante cerca de 150
anos sua utilização era reservada ao detalhamento meteorológico, na representação de
mapas, rotas e em questões estratégicas militares (VELHO, 2009).
Os infográficos são uma criação do jornalismo contemporâneo evidenciados na
metade do século XIX com a informação gráfica estabelecendo seu local de atuação.
Mas, sua expressão em códigos verbais e visuais data da história do surgimento do jornal
impresso quando os textos eram misturados às técnicas de xilografia e litografia. A
fotografia, elemento importante na construção dos infográficos, só em 1885 é utilizada
pela primeira vez em jornais. No século XX, anos 70, as impressões já podiam ser feitas
em cores e a consolidação dos computadores nas redações dos jornais só aconteceu nos
anos 80 também com a apresentação de programas de computação gráfica (VELHO,
2009).
Porém, só no final do século XX com o que se convencionou chamar de
‘jornalismo da era tecnológica’ é que a linguagem jornalística alcançou patamares de alta
qualidade técnica das imagens. Essa qualidade “[...] impõe-se como modelo estético,
inicialmente na televisão, mas também nos painéis publicitários e em todas as
mensagens visuais [...]”, e consequentemente a “aparência e a dinamicidade da página é
que se tornam agora decisivos” (MARCONDES FILHO, 2000, p. 31).
Entretanto, a funcionalidade da infografia – como meio de transmissão de
mensagens - somente pode ser corroborada ao determinar-se uma linha tênue na relação
com a Comunicação. Fez-se necessário uma alfabetização visual que permitiu que a
infografia fosse explorada ao seu máximo tanto pelo viés comunicativo quanto pelo
educativo, já que a mesma amplia a sua capacidade informativa.
Em relação a este aspecto, a relevância da Comunicação, da linguagem textual e
visual se encontra presente no processo educativo. Os infográficos se constituem destes
elementos, podem assim perfazer sua importância por serem “uma peça informativa,
realizada com elementos icônicos e tipográficos, que permite ou facilita a compreensão
dos acontecimentos, ações ou coisas [...] e acompanha ou substitui o texto informativo”
(SANCHES, 2001, p. 21-26).
As palavras de Sanches (2001) sobre a importância dos signos textuais e
icônicos, bem como, o ressaltado por Marcondes Filho (2000) sobre a ‘dinamicidade’ das
informações são facilmente visualizados em layouts ágeis dos infográficos criados pelos
veículos de comunicação.
Verifica-se uma intencionalidade informativa à medida que há um cuidado com o
detalhamento das informações. O passo a passo através de recortes, do uso de imagens,
ícones e direcionamento do olhar, e especialmente do texto; tem a intenção de informar e
consequentemente acaba educando seus leitores. Por isso é importante ressaltar que
não só as imagens são importantes na construção e compreensão das mensagens
contidas nos infográficos
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“Em um infográfico o texto é um elemento complementar, que serve para situar e explicar o conteúdo do
desenho. No entanto, como o desenho não pode ser reduzido à mera ilustração, e que a informação deve
sempre prevalecer sobre a estética, acreditamos que o texto não pode ser tratado como um simples recurso
decorativo. Ser complementar não implica ser acessório”.
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Porém, em âmbito geral, segundo dados do Jornal Estadão somente 75% da população mundial tem
acesso à internet e no caso das escolas brasileiras esse número é reduzido a 50%. Ainda sobre EaD no
Brasil, dados coletados apontam que em 2008 o aumento foi de 96,9% comparado aos 14,3% de alunos
matriculados em cursos de graduação na modalidade não-presencial no ano anterior. Consulta feita em
<http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,no-mundo-75-da-populacao-ainda-nao-tem-acesso-a-
internet,556522,0.htm>. Acesso em 19 set. 2010.
atender até a 20% da carga horária de cursos reconhecidos, indicando na Portaria o uso
de tecnologias da informação e da comunicação” (VIANNEY, TORRES, FARIAS, 2003, p.
48).
Contudo, apenas em 2006 o Executivo tomou a iniciativa de implantar o sistema
denominado Universidade Aberta do Brasil (UAB), um consórcio de instituições públicas
de ensino superior. A UAB está alicerçada no modelo de ensino a distância e com sua
expansão, Alves (2009) relembra que em janeiro de 2008 o Brasil já contava com 158
instituições habilitadas pelo governo federal para ministrar cursos de graduação e pós-
graduação lato sensu. A Universidade Aberta do Brasil, em parceria com instituições de
ensino pública e federais voltou-se para a formação superior de professores da rede
pública e municipal de ensino, oferecendo inclusive formação continuada aos mesmos4.
No entanto, a modalidade de ensino a distância no Brasil advém do início do
século XX quando em 1904 o ensino por correspondência foi pela primeira vez utilizado
em cursos de capacitação. Outros veículos de comunicação foram usados com a mesma
finalidade, tais como o rádio em 1923 e a televisão entre os anos de 1965 e 1970. Com o
passar dos anos tais meios foram aperfeiçoando suas técnicas e sendo incorporados ao
processo de educação, como a criação dos telecursos em 1980, o uso das
teleconferências em 1990, a disseminação da internet em 1995, as videoconferências em
1996 e a criação dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem em 1997 (VIANNEY;
TORRES; FARIAS, 2003).
Sendo assim, após esse breve esboço do uso de algumas formas e meios de
comunicação no processo de aprendizagem durante o passar dos anos, a relevância
dessa produção textual está em propor a interação entre a modalidade não-presencial
(EaD) e suas múltiplas ferramentas, com a utilização dos infográficos para o aprendizado.
Aqui, a infografia se apresentará como mais uma metodologia para o aprimoramento da
modalidade, tanto no aspecto conceitual como visual5.
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A Educação a Distância é uma forma de abrir possibilidades educacionais para pessoas que, no geral, já
estão no mercado de trabalho e desejam concluir uma formação acadêmica ou cursar um novo curso, mas
não dispõem de tempo suficiente para se dedicar presencialmente.
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A infografia ou os infográficos são uma ferramenta da Comunicação que tem como seu maior veículo de
divulgação a internet. Porém, a mesma pode ser encontrada na mídia impressa e também televisiva.
3. Infografia: uma possibilidade para a educação a distância
Sendo parâmetro dessa leitura a infografia para as práticas nos ambientes virtuais
de aprendizagem7, os infográficos apresentam algumas características básicas: um
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Skinner, psicólogo norte-americano, interessava-se em seus estudos pelo comportamento humano e pelo
processo de ensino e aprendizagem. Piaget, suíço, é considerado o expoente nos estudos sobre
desenvolvimento cognitivo.
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E para tanto, alguns fatores são importantes à análise: cor, sexo, idade, gosto pessoal, entre outras. As
cores, por exemplo, são tão importantes para as sociedades, que codificam informações como a utilizada em
semáforos, exemplifica Collaro (2007). Há até uma Teoria das Cores que desde a Antiguidade, com
Aristóteles, já se baseava nas cores primárias, enquanto que na Idade Média estava relacionada ao
psicológico e a cultura de uma determinada sociedade (TAVARES; CARDOSO; LAMOUNIER, 2006). A
importância da educação visual neste contexto não está somente na forma ou nas cores, mas em como a
Título, um Texto, Corpo e Fonte atentando para a construção de uma informação através
de uma narrativa (BORRÁS; CARITÁ, 2000; LETURIA, 1998). Porém, os mesmos
desenvolveram-se e atualmente apresentam inúmeras possibilidades visuais além de
recursos de interação e mediação entre si e seus ‘leitores’.
Iremos apresentar como são utilizados os infográficos e a evolução que sofreram
com o passar dos anos, mas especialmente, com o desenvolvimento das novas
tecnologias da informação e comunicação.
visão analítica absorve o cotidiano, em como nosso cérebro reage a tais informações. Desta forma, algumas
conceituações são mais importantes que outras de serem mencionadas. Collaro (2007, p.15) afirma que
“definir cor não é uma tarefa muito fácil, pois ela está diretamente relacionada à percepção individual”. O
autor em sua obra descrimina as formas possíveis de utilização da cor a partir da compreensão das reações
esperadas do público.
3.1. Primeira Geração de Infográficos: linguagem linear, sem inovação em
relação ao impresso
Segundo Amaral (2009) e seu Sistema Arbóreo de Evolução dos Infográficos, as
técnicas para construção de infográficos podem ser caracterizadas seguindo a evolução
das ferramentas tecnológicas. Num primeiro momento eram utilizados gráficos mais
simplificados. Essa contextualização é apresentada por meio dos infográficos estáticos
que não permitem a interação entre ambiente comunicativo e leitor. A informação é dada
no básico modelo comunicacional: remetente → mensagem → receptor.
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Figura 2 - Exemplo de 1ª geração
3.2. Segunda Geração: uso de links e animação, mas ainda com a linguagem do
impresso.
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Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedagogica/quais-planetas-podem-ser-
vistos-terra-olho-nu-como-posso-diferencia-los-estrelas-astronomia-539185.shtml>. Acesso em 15 ago. 2010.
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Apesar da possibilidade de utilização de vídeos e áudio, por exemplo, a visualização ainda está mais
próxima da mídia impressa, tal como jornais e revistas. Lembra muito a metodologia investigativa das
Webquests (metodologia de uso da internet como recurso de pesquisa, criativa e investigativa, sendo
considerada em seu aspecto pedagógico, muito dinâmica e informativa), conceito criado em 1995 por Bernie
Dodge, professor californiano.
Figura 3 – Apresentação em PPT
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Este último faz relação aos jogos criados na internet a partir de acontecimentos e informações verídicas.
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“[...] adotando a definição de informação como ‘transmissão de conhecimentos’, nesse caso, a informação
das narrativas dos games pode nem sempre aparecer de forma explícita, clara, como numa exposição de
aula tradicional, ou numa manchete de jornal, de forma descritiva, mas de forma sedutora, pois ‘Quanto mais
estivermos pessoalmente envolvidos com uma informação, mais fácil será lembrá-la’ [...]. Disponível em:
<http://webmultimidia.blogspot.com/2009/06/conceitos_19.html>. Acesso em: 06 out. 2010.
diariamente. Essa característica para a EaD não somente facilitaria muito o interesse pelo
aprendizado, mas o acesso mais constante ao ambiente virtual de aprendizagem.
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Figura 4 - Terceira Geração
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Figura 5 - Quarta Geração
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Esses três componentes, participantes ativos da EaD são referências de alguns trabalhos que são
facilmente encontrados em livros e textos sobre a relação, importância e atuação dos mesmos na
modalidade. Neste momento, não se faz necessária a contextualização
Esse vai e vem entre textos também pode ser feito através de imagens e, como o
leitor e as ferramentas atuais permitem o autogerenciamento do conhecimento, o
hipertexto acaba por se caracterizar por uma ferramenta não-linear de construção do
conhecimento.
A importância do letramento digital e da correta utilização dos hipertextos já está
inserida no debate pedagógico dentro das escolas e também do ensino a distância.
Porém, ambas já fazem parte do cotidiano dos jovens que tem o computador como uma
extensão de seus corpos e aplicam suas conceituações no dia a dia.
Cabe aos pesquisadores minimizarem as lacunas entre a teoria e a prática, entre
o usar e o como usar corretamente, tendo os alunos um papel importante no
desenvolvimento das práticas docentes, pois os mesmos trabalham a sua aplicabilidade
diariamente.
Por outro lado, uma ótima referência para a construção coletiva dos saberes e em
harmonia com todos os envolvidos é a utilização dos gêneros digitais, das mídias
disponíveis e como meio para tal, da internet. Na utilização destas possibilidades são
necessários primeiramente agentes interconectados, mas não somente em termos
tecnológicos e sim, com a realidade do ser social deste século. Ou seja, movimentar-se
atualmente por todos os ambientes educativos pré-estabelecidos impera na concepção
de um novo ser: criativo, corajoso e colaborativo.
Os hipertextos, por exemplo, são uma das maneiras de construir significados
através de meios tecnológicos que dependem não somente dos usuários, mas também
da iniciativa e da criatividade que terão na relação dialógica com o ambiente
(GRINSPUN, 1999).
Lévy em seu livro As Tecnologias da Inteligência (1993) corrobora a informação e
aponta que, para isso ocorrer, a interação com esse novo ambiente tecnológico posto a
uso em nosso século depende muito da imaginação do usuário. Ou seja, até onde nós
como usuários e aprendentes podemos nos levar. As redes de saberes que surgirão
tendo o hipertexto como material didático são enormemente complexas em suas
possibilidades, podendo inclusive agregar outras ferramentas.
5. Considerações Finais
A leitura sobre a infografia como alternativa para a EaD teve como objetivo propor
o aprimoramento das metodologias de ensino na modalidade. Mas, mais do que isso,
apresentar uma ferramenta interativa que ainda não foi utilizada na prática na modalidade
não-presencial. As várias gerações de infográficos apresentados corroboram a sua
empregabilidade na educação a distância em um processo colaborativo, interativo, ou
seja, comunicativo. O processo de mediação da metodologia proposta fica evidenciado
pela participação de mediadores e mediados.
Na contracorrente da produção massiva das imagens nos veículos de
comunicação e possivelmente de educação – pensando na internet e no computador – há
a necessidade de reflexão sobre a exclusão que a mesma proporciona, separando os
países do hemisfério norte das do sul16. Um estudioso desta tendência, que observa a
questão econômica e não geográfica, é Pierre Lévy, que considera o crescimento do
ciberespaço irremediável, porém este “servirá apenas para aumentar ainda mais o
abismo entre os bem-nascidos e os excluídos” (LEVY, 1999, p.12). Por outro lado, com
todas as possibilidades disponíveis a quem tem acesso a rede mundial de computadores
e a educação não-presencial, e sendo a infografia um meio proposto pela comunicação
como informacional, o importante é tentar viabilizá-la como método auxiliar à educação,
seja nas revistas e jornais online ou nos ambientes virtuais de aprendizagem. Espera-se
com isso, que o abismo apontado por Lévy (1999) no que tange às desigualdades entre
“os bem-nascidos e os excluídos” possa ser minimizado com o acesso aos conteúdos e
ferramentas construídos para e disponibilizados pela internet.
Como metodologia educativa a EaD pode ser analisada como um território aberto
a novas experiências, sendo essas relacionadas com a interatividade proposta pela
internet, como apresentado pelos mashups e newsgames. Construir e compartilhar
conhecimento através da infografia se apresenta de forma clara e possível para a
modalidade: tornar um objeto de interesse individual em algo possível a discussão e
construção coletiva, referendando assim a aprendizagem significativa.
Referências
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Esse apontamento pode ser verificado no que diz respeito tanto à produção científica sobre a infografia,
bem como, na sua utilização pelos veículos de comunicação. O Brasil ainda engatinha na utilização da
ferramenta e apresenta poucas leituras sobre sua construção e utilização na Educação, enquanto que em
países como Espanha e Estados Unidos a infografia já se apresenta como prática consolidada.
______. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
MORIN, E. A Religação dos Saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2001.
VIANNEY, J.; TORRES, P., FARIAS, E. Universidade Virtual: um novo conceito de EAD.
In: MAIA, C. (org.). Ead.br experiências inovadoras em educação a distância no
Brasil: reflexões atuais, em tempo real. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2003. p. 47-60.
Referências online