Ano da morte de Ricardo Reis

Capítulo XI
Contextualização:
Capítulo VIII
• Ricardo Reis é intimidado pela PVDE
• Ricardo Reis e Marcenda encontram-se no alto de Santa Catarina
Capítulo IX
• Ricardo Reis é interrogado nas instalações da PVDE, e sente-se
impotente perante a situação, envia uma carta a Marcenda para lhe contar
sobre o interrogatório
• Ricardo Reis dá início à sua busca por uma casa e instala-se no alto de
Santa Catarina
Breve resumo:
Ricardo Reis sai de manhã, para comprar fósforos.
No regresso, observa a estátua do Adamastor, deixando os velhos do banco
inquietos, desconcentrando-os na leitura do jornal "O Século". Depois de comer,
sai de novo, e passeia-se por Lisboa, onde acaba por almoçar no Chave de Ouro
e ir ao cinema.
Lídia visita Ricardo Reis, prometendo-lhe que regressará na sua folga, sexta
seguinte, para fazer a limpeza da casa.
Marcenda visita-o no dia seguinte e Ricardo Reis beija-a pela primeira vez.
Personagens:
Ricardo Reis
• "homem grisalho"
• Distraído - distrai-se facilmente com o que vai observando à sua volta,
enquanto descreve o q vê
• Indeciso – dificuldade em tomar decisões
• Solitário - passa os seus dias a "dormir" ou a "dormitar".
"Silêncio ensurdecedor"
• Procura evitar paixões e a inquietação da alma

Lídia
 • Personagem feminina que representa a realidade do quotidiano
• Mulher do povo
• Tem como provisão limpar o hotel, e cuida da casa de Ricardo Reis
• Torna-se amante de Ricardo Reis
• Consciente, transparece uma crítica social à história, rejeitando os
códigos sociais

Marcenda
• Jovem da alta sociedade, com a mão esquerda paralisada
• Oprimida pelo pai, assume uma atitude passiva pelo mundo, política e
efetivamente, por isso prefere não se comprometer amorosamente, porque
considera menos doloroso.
1º beijo
"Vou beijá-la (…) num gesto lento segurou o cotovelo esquerdo com a mão
direita (…) Agora os braços de Ricardo Reis apertam-na pela cintura, (…) o seu
seio comprime-se pela primeira vez contra o peito de um homem. (…) o beijo
atingiu aquele limite em que já não se pode bastar a si mesmo."

Lídia VS Marcenda
Visita não esperada: "que terá ela vindo cá fazer?"

Vinda desejada: "primeiro será preciso ver se ela tem a ousadia de vir a esta
casa (…) Ricardo Reis olha o relógio".

Não se entusiasma ao vê-la: "agora aborrecia-o a intrusa"

Fica feliz ao vê-la: "Ricardo Reis vê-a subir (…) sorri"

Coloca a hipótese de a usar para seu proveito sexual: "podendo, se quisesse,

aproveitá-la para a distração do corpo"
Fica nervoso: " que palavras irão ser ditas, não posso perguntar, "Então como
tem passado?", ou exclamar plebeiamente, "Ora viva quem é uma flor".

Iniciativa: "Lídia deu um passo para ser abraçada e ele a satisfez"

Iniciativa: "Ricardo Reis pega-lhe na mão direita (…) Ricardo Reis diz, Vou
beijá-la".

Beijo: "beijava-lhe o pescoço, ainda não consegue beijá-la igualitariamente na

boca".

Beijo: "os lábios tocam-se"

Tempo:
Histórico - propagando do regime português
→ Inauguração de refeitórios na FNAT, atual INATEL, em nome de Salazar
→ Gravações do filme de propaganda "Revolução de maio"
Da narrativa
→ Vida de Ricardo Reis em 5 dias, de domingo a quinta-feira, os primeiros
5 dias no Alto de Santa Catarina.
→ O tempo é percecionada por Ricardo Reis de uma forma impaciente, pois
descobre que Marcenda vai voltar a Lisboa.
Espaço -
Critica social:
• "velhos desconfiados"
• Chefes de família que querem fazer "pública de próspero", mostrarem ser
superiores.
Deambulação geográfica:
• Alto de Santa Catarina
• Chiado
• Largo de Camões
• Igreja dos Mártires
Viagem Literária:
 • Nesta viagem por Lisboa, Ricardo Reis revê e examina marcos históricos
e culturais, como a estátua de Luís de Camões e do Adamastor,
permitindo assim uma evocação do passado glorioso comparando á
estagnação do seu tempo.
Linguagem e estilo:
Narrador
heterodiegético, o livro todo é sobre Ricardo Reis, em nenhum momento
Saramago aparece
Omnisciente, "Esta notícia leu-a Ricardo Reis primeira, segunda e terceira
vezes, a ver se libertava um impreciso eco que zumbia no fundo recôndito da
memória"
Subjetivo, tom oralizante e informal, "irreverências tristes"
Recursos expressivos:
Comparação - "(…) não interrogam, como o doutor-adjunto, não assintem".
Enumeração - "Ricardo Reis examina outros miríficos anúncios, o do
reconstituinte, o do Vinho Nutritivo de carne, o do automóvel Jowett, o do elixir
bucal Pargil, (…)"
Tripla adjetivação - "(…) endurecida, desenvolvida e reduzida"
Metáfora: "(…) tudo isto não é mais do que manifestações segundas do
mariano culto (…)"
Ironia: " (…) Marília e a filha da dona da pensão humanos avatares da Virgem
Santíssima (…)"
Intertextualização:
Luís de camões - estátua do Adamastor
Cesário Verde - deambulação pela cidade de Lisboa