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Guerras e conquistas

Durante a República, os romanos participaram de várias guerras para defender e


ampliar seu poder, território e riqueza. Entre os séculos V a.C. e III a.C., por exemplo,
seus exércitos passaram a controlar toda a península Itálica.
Após a conquista da península, Roma enfrentou Cartago, uma próspera cidade
no norte da África que estava em plena expansão comercial. Esses confrontos foram
chamados de Guerras Púnicas e ocorreram entre 264 a.C. e 146 a.C. A palavra púnico
vem do latim e quer dizer “fenício”, em referência ao povo que fundou Cartago.
As batalhas das Guerras Púnicas foram longas e violentas, sacrificando ambos os
povos em combate. Ao final, em 146 a.C., os romanos derrotaram os cartagineses. Além
disso, ao longo dos séculos II a.C. e I a.C., o exército romano lutou contra macedônios,
gregos, gauleses e egípcios. Os novos territórios conquistados foram transformados em
províncias de Roma.
Todos esses conflitos provocaram mudanças na sociedade romana, entre as quais
a concentração de riquezas e terras nas mãos da aristocracia patrícia, o aumento do
número de escravos e o domínio do mar Mediterrâneo, que intensificou trocas culturais
com outros povos, como os gregos.
Por volta do século I d.C., boa parte da região do mar Mediterrâneo estava sob o
domínio romano. Entre essas regiões, podemos destacar: a Macedônia e a Acaia na
península do Peloponeso; a Gália, a Hispânia e a Lusitânia na Europa ocidental; a
Tripolitânia e a Cirenaica no norte da África; e a Síria e a Judeia no Oriente Médio.
Observe esses domínios no mapa a seguir.

Roma e o Mediterrâneo
Os romanos dominaram o mar Mediterrâneo de tal modo que passaram a
chamá-lo de Mare Nostrum (Nosso Mar). Esse mar foi um importante espaço de
interação entre os povos que viviam ao seu redor.
Por meio do Mediterrâneo, ocorreram trocas culturais intensas (de produtos,
saberes, valores) entre África, Europa e Oriente Médio. Nele, navegaram pequenos
barcos a remo e grandes navios de mercadores, que transportavam até mesmo pessoas
escravizadas.
Nessa época, o transporte marítimo era mais rápido do que o terrestre. Por isso, o
mar Mediterrâneo teve um papel fundamental, encurtando distâncias entre povos. Esse
intercâmbio mudou a vida das populações de regiões cada vez mais amplas.
Lutas pela liberdade
Com as conquistas territoriais, milhares de prisioneiros de guerra foram
transformados em escravos, e a escravidão tornou-se uma das bases da economia
romana, fornecendo mão de obra para os mais diversos trabalhos na agricultura, no
artesanato, no comércio e nos serviços em geral. Apesar do predomínio da escravidão,
isso não significou a eliminação do trabalho livre.
A população escrava era formada por pessoas de diferentes origens, como
cartagineses, gregos, macedônios e asiáticos, e resistia à escravidão de várias formas.
Entre 136 a.C. e 132 a.C., por exemplo, escravos se revoltaram e saquearam a
Sicília. Posteriormente, em 73 a.C., um exército de quase 80 mil escravos, liderado por
Espártaco, ameaçou a elite romana por cerca de dois anos. A repressão aos escravos
rebeldes foi dura e cruel.
Espártaco morreu durante os confrontos com as forças romanas e 6 mil de seus
combatentes foram capturados e crucificados ao longo da Via Appia, para servir de
exemplo.
Lutas pela terra
As guerras de conquista territorial aprofundaram as desigualdades sociais em
Roma. De modo geral, a elite romana se beneficiou com os conflitos, pois aumentou seu
patrimônio em termos de terras, escravos e metais preciosos. Assim, o estilo de vida
dessa elite tornou-se mais luxuoso, o que podia ser notado pela construção de belas
casas, pelo uso de roupas elegantes e pelos gastos com festas.
Ao contrário da elite, a maioria da população ficou mais pobre. Muitos soldados
plebeus, por exemplo, ficavam sem trabalho e sem terras depois que retornavam das
batalhas.
Vários plebeus deixaram o campo e se mudaram para a cidade. Ali, viviam na
miséria e, por isso, foram chamados de proletários, isto é, aqueles que tinham filhos
(prole, em latim) e poucos bens.
Lutas por reformas
A vida em Roma foi ficando cada vez mais tensa. Os plebeus pobres faziam
exigências e os patrícios recusavam-se a negociar. Os tribunos da plebe propunham
reformas, mas não conseguiam aprová-las no Senado. Foi o caso dos irmãos Tibério e
Caio Graco, eleitos em diferentes momentos para o cargo de tribuno da plebe.
Em 133 a.C., Tibério Graco fez as primeiras propostas: limitar o tamanho dos
latifúndios (grandes propriedades rurais) e distribuir terras e trigo aos plebeus. Os
patrícios derrotaram o projeto de reforma agrária no Senado, e Tibério foi morto por
seus opositores.
Dez anos depois, Caio Graco retomou os projetos do irmão Tibério. Conseguiu
alguns avanços como a distribuição de trigo para a população a preços baixos. No
entanto, a oposição do Senado levou à anulação de suas conquistas ao final de seu
mandato. Caio morreu em função de confrontos com seus opositores. As reformas
sociais fracassaram e a República entrou em um período de turbulências sociais.
Crise e fim da República
Com as tensões em Roma, o Senado perdeu poderes para os militares. O
processo começou em 59 a.C., quando os senadores nomearam três chefes militares –
Júlio César, Crasso e Pompeu – para formar uma espécie de governo (o primeiro
triunvirato).
Logo vieram as disputas entre os três chefes militares. Vitorioso, Júlio César
assumiu o controle do poder com grande popularidade. Durante o governo de César
foram feitas obras públicas, reorganizou-se o governo, distribuíram-se terras aos
cidadãos com famílias maiores, entre outras medidas.
Com essas realizações, César tornou-se tão poderoso que muitos patrícios se
uniram contra ele. Um grupo de senadores, liderado por Bruto e Cássio, acusou César
de querer acabar com a República e o assassinou em 44 a.C.
O nome César tornou-se, então, um título concedido a vários imperadores
romanos. Algumas frases que, ao longo do tempo, tornaram-se famosas são atribuídas a
Júlio César. “A sorte está lançada”, ele teria dito ao cruzar o rio Rubicão, em 49 a.C.,
marchando contra as tropas de Pompeu; já suas últimas palavras teriam sido: “Até tu,
Brutus?”, dirigindo-se a Bruto, que liderou a conspiração de seu assassinato.
Diante da crise, Marco Antônio (apoiado pelos plebeus), Otávio (sobrinho e
herdeiro de César) e Lépido aliaram-se para formar o segundo triunvirato, em 43 a.C.
A princípio, eles se uniram para combater os senadores que conspiraram contra
César. Mas, depois da vingança, os três dividiram os territórios romanos. Otávio ficou
com as províncias do Ocidente; Lépido, com o norte da África; e Marco Antônio, com o
Oriente. Unindo-se à rainha egípcia Cleópatra, Marco Antônio passou a viver no Egito.
O segundo triunvirato não durou muito. Surgiram enfrentamentos dos quais
Otávio saiu vencedor. Desse modo, a partir de 27 a.C., ele tornou-se o principal
governante de Roma e seus domínios.

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