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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA QUÍMICA
DISCIPLINA: ENGENHARIA DE PROCESSOS I

Hada Sousa Gonçalves


Leisa Rocha da Silva
Rebeca Albino de Jesus

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO II

Campina Grande – PB,


2020.
Hada Sousa Gonçalves – 119110881
Leisa Rocha da Silva – 116111232
Rebeca Albino de Jesus – 117110884

Modelagem Matemática do Processo de Hidrodealquilação do Tolueno

Exercício resolvido como parte da avaliação requerida


pelo componente curricular: Engenharia de Processos I,
ministrado aos alunos do curso de Engenharia Química da
Universidade Federal de Campina Grande.

Docente: Dr. Romildo pereira brito

Campina Grande
2020.
1. INTRODUÇÃO

A planta em estudo, conforme figura 1, consiste na fabricação de benzeno via


desalquilação térmica de tolueno.

Figura 1. HDA Process Flowsheet.

O problema baseia na resolução de balanços de massa e energia para encontrar a


vazão do fluxo principal, a carga térmica da fornalha e a temperatura fora do reator.

➢ Informações Operacionais:

125 𝑘𝑚𝑜𝑙/ℎ de tolueno


Fluxos de Alimentação
95% de hidrogênio e 5% de metano
Conversão de 75% do Tolueno
Conversão total de 3% do Benzeno
Cinética Química
𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 5
=
ó𝑙𝑒𝑜𝑠 (𝑏𝑒𝑛𝑧𝑒𝑛𝑜, 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜 𝑒 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑛𝑖𝑙) 1
Taxa do líquido do flash a ser
0,23𝑥(𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑎𝑠ℎ)
injetado no processo
Taxa de fluxo da Purga 0,082𝑥 (𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑎𝑠ℎ)
Fração Molar Coluna Estabilizadora 𝑥𝑚𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜 0,0002
𝑦𝑡𝑜𝑙𝑢𝑒𝑛𝑜 0,0003
Coluna de Benzeno
𝑥𝑏𝑒𝑛𝑧𝑒𝑛𝑜 0,0015
𝑦𝑑𝑖𝑓𝑒𝑛𝑖𝑙 0,0003
Coluna de Tolueno
𝑥𝑡𝑜𝑙𝑢𝑒𝑛𝑜 0,05

A reação do tolueno com hidrogênio para formação do benzeno ocorre em fase


gasosa, e é dado pelas reações abaixo:

𝐶7 𝐻8 + 𝐻2 → 𝐶6 𝐻6 + 𝐶𝐻4 (1ª reação)


𝐶6 𝐻6 ↔ 𝐶12 𝐻10 + 𝐻2 (2ª reação)
Sendo a segunda reação indesejada.
Para facilitar o desenvolvimento do trabalho, serão trabalhados nomes genéricos
conforme as informações abaixo:

Espécie Fórmula Molecular Genérico


Tolueno 𝐶7 𝐻8 1
Benzeno 𝐶6 𝐻6 2
Gás Hidrogênio 𝐻2 3
Metano 𝐶𝐻4 4
Difenil 𝐶12 𝐻10 5

Os valores tabelados foram retirados na literatura (Reklaitis, 1983).

Tabela 1. Valores das constantes para cálculo das capacidades calorificas.

A B C D E
Espécie
Gases Ideais (J/mol.K)
Gás Hidrogênio 1,76386e1 6,70055e-2 -1,31485e-4 1,05883e-7 -2,91803e-11
Metano 3,83870e1 -7,36639e-2 2,90981e-4 -2,63849e-7 8,00679e-11
Tolueno 3,18200e1 -1,61654e-2 1,44465e-3 -2,28948e-6 1,13573e-9
Benzeno 1,85868e1 -1,17439e-2 1,27514e-3 -2,07984e-6 1,05329e-9
Difenil -8,31984e1 1,02502 -7,22383e-4 1,42495e-7 3,97897e-11
Tabela 2. Valores das entalpias de formação a 25°C para cada espécie química.

Espécie Química Entalpia de Formação (J mol-1)


Tolueno (𝐶7 𝐻8 ) 50,5x10³
Benzeno (𝐶6 𝐻6 ) 82,9x10³
Gás Hidrogênio (𝐻2 ) 0
Metano (𝐶𝐻4 ) -74,6x10³
Difenil (𝐶12 𝐻10) 181,4x10³

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Modelagem Matemática

Uma alternativa utilizada para auxílio da resolução do problema foi dividir o


fluxograma da planta em seções, conforme a figura 2.

Figura 2. Esquema da divisão das seções.

A figura 3 apresenta o fluxograma desenvolvido com o objetivo de auxiliar o


entendimento da lógica empregada na resolução do problema, em que as correntes
vermelhas são de entrada, verdes de reciclo e pretas de saída do processo.
Figura 3. Esquema realizado para resolução do problema.

Baseado no sistema desenvolvido na Figura 3, foram realizados os balanços de massa


e energia apresentados a seguir (Júnior & Cruz, 2011).

Balanços de Massa

1. Sistema de Reação
𝑛1,9 = 𝑛1,1 + 𝑛1,25 − 𝑟1

𝑛2,9 = 𝑟1 − 2𝑟2

𝑛3,9 = 𝑛3,3 + 𝑛3,𝑅𝐸𝐶 − 𝑟1 + 𝑟2

𝑛4,9 = 𝑛4,3 + 𝑛4,𝑅𝐸𝐶 + 𝑟1

𝑛5,9 = 𝑟2

2. Sistema de Separação
𝑛1,25 = 𝑛1,9
𝑛2,22 = 𝑛2,9
𝑛3,10 = 𝑛3,9
𝑛4,10 = 𝑛4,9
𝑛5,23 = 𝑛5,9
3. Separador de Correntes
𝑛3,10 = 𝑛3,𝑝𝑢𝑟𝑔𝑎 + 𝑛3,𝑅𝐸𝐶
𝑛4,10 = 𝑛4,𝑝𝑢𝑟𝑔𝑎 + 𝑛4,𝑅𝐸𝐶

Balanços de Energia
Na fornalha, o balanço de energia é dado por:
𝑄 = 𝐻6 − 𝐻5
No caso do reator:
𝑄 = 𝐻7 − 𝐻6 = 0

Para as entalpias, as expressões são dadas por:


𝑇5
𝐻5 = (𝑛1,1 + 𝑛1,𝑅𝐸𝐶 ) ∗ (𝐻1 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝1 𝑑𝑇) + (𝑛3,3 + 𝑛3,𝑅𝐸𝐶 )
𝑇𝑟𝑒𝑓

𝑇5 𝑇5
∗ (𝐻3 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝3 𝑑𝑇) + 𝑛4,3 ∗ (𝐻4 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝4 𝑑𝑇)
𝑇𝑟𝑒𝑓 𝑇𝑟𝑒𝑓

𝑇5
𝐻6 = (𝑛1,1 + 𝑛1,𝑅𝐸𝐶 ) ∗ (𝐻1 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝1 𝑑𝑇) + (𝑛3,3 + 𝑛3,𝑅𝐸𝐶 )
𝑇𝑟𝑒𝑓

𝑇5 𝑇5
∗ (𝐻3 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝3 𝑑𝑇) + 𝑛4,3 ∗ (𝐻4 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝4 𝑑𝑇)
𝑇𝑟𝑒𝑓 𝑇𝑟𝑒𝑓

𝑇7 𝑇7
𝐻7 = (𝑛1,9 ) ∗ (𝐻1 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝1 𝑑𝑇) + (𝑛2,9 ) ∗ (𝐻2 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝2 𝑑𝑇) + (𝑛3,9 )
𝑇𝑟𝑒𝑓 𝑇𝑟𝑒𝑓

𝑇7 𝑇7
∗ (𝐻3 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝3 𝑑𝑇) + (𝑛4,9 ) ∗ (𝐻4 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝4 𝑑𝑇)
𝑇𝑟𝑒𝑓 𝑇𝑟𝑒𝑓

𝑇7
+ (𝑛5,9 ) ∗ (𝐻5 (𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + ∫ 𝐶𝑝5 𝑑𝑇)
𝑇𝑟𝑒𝑓

Para auxiliar na resolução do problema, algumas equações operacionais foram


empregadas.
o Conversão do Tolueno

Como ocorre a conversão de 75% do tolueno em produto, os 25 % não convertidos


no reator são reciclados pela unidade de separação. Logo, tem-se que:

𝑛1,9
(1 − 𝑋1 ) = = 0,25
(𝑛1,1 + 𝑛1,25 )

Ou
(𝑛1,1 + 𝑛1,25 ) − 𝑛1,9
𝑋1 =
(𝑛1,1 + 𝑛1,25 )

o Conversão Global do Benzeno

Segundo Roberts (2008) “a conversão fracionária de reagente ainda é um conceito


válido, mesmo quando mais de uma reação ocorre. Contudo, a conversão de um único
reagente não é suficiente para descrever o progresso de mais de uma reação e não é
suficiente para definir a composição completa de um sistema no qual ocorre mais de uma
reação. De fato, o conceito de conversão fracionária deve ser aplicado com algum cuidado
quando ocorrer mais de uma reação. A capacidade de converter um reagente no produto
desejado, sem a formação de produtos indesejados, é medido pela seletividade. A
seletividade é definida como:”

𝐷
𝑠𝑒𝑙𝑒𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝐷 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐴 = 𝑆 ( )
𝐴
(−𝜈𝐷 )𝑥𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐷 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜𝑠
=
(𝜈𝐴 )𝑥𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝐴 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑖𝑑𝑜𝑠

Em que 𝜈 são os coeficientes estequiométricos da reação em estudo.

De acordo com Nelson et al. (1989) a seletividade pode ser calculada através de
balanços de massa em termos da extensão da reação, isto é, taxa de velocidade de reação,
que refere-se a uma função da composição do processo e da variação da composição ao
decorrer da reação química. Com isso e diante do caso em estudo, tem-se a seguinte
equação:

−2𝑟2
𝑆𝐺𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙,3 =
𝑟1
o Razão de Hidrogênio em relação ao óleo

Com base nas informações disponíveis, tem-se que a proporção de 5:1 (hidrogênio
e óleos) ocorre apenas na entrada do reator e apenas com componentes líquidos (no caso,
o tolueno).

𝑛3,11 + 𝑛3,3 5
=
𝑛1,1 + 𝑛1,25 1

o Taxa de fluxo da Purga


Purga refere-se a uma corrente que é descartada do processo com o intuito de
evitar o acúmulo de um determinado composto inerte ou indesejado. No caso em estudo,
trata-se do metano, pois o hidrogênio será injetado novamente no processo para reagir
com o tolueno. A seguir está a relação entre as correntes:

(𝑛4,𝑝𝑢𝑟𝑔𝑎 ) = 0,918𝑥(𝑛4,10 )
Dessa forma,
(𝑛3,𝑝𝑢𝑟𝑔𝑎 ) = 0,082𝑥(𝑛3,10 )

o Relação entre as frações molares de hidrogênio e metano


Fração molar de uma substância numa mistura (𝑦𝑖 ), como sendo a relação entre
números de mols desta substância (𝑛𝑖 ) e o número de mols total ou da mistura (n).
No caso em estudo, tem-se:
𝑛3,3
𝑦3,3 = (1)
𝑛3,3 + 𝑛4,3

𝑛4,3 (2)
𝑦4,3 =
𝑛3,3 + 𝑛4,3

Substituindo os valores das frações dadas no problema nas equações (1) e (2):
𝑛3,3
0,95 = (3)
𝑛3,3 + 𝑛4,3

𝑛4,3 (4)
0,05 =
𝑛3,3 + 𝑛4,3

Reorganizando a equação (3):


0,95(𝑛3,3 + 𝑛4,3 ) = 𝑛3,3 (4)

0,05𝑛3,3 = 0,95𝑛4,3 (5)

Reorganizando a equação (4):


0,05(𝑛3,3 + 𝑛4,3 ) = 𝑛4,3 (6)

0,05𝑛3,3 = 0,95𝑛4,3 (7)


Considerações:

A fim de otimizar a modelagem matemática foram realizadas algumas


considerações como:

o Na coluna de benzeno a separação será perfeita e na coluna de tolueno não há


vestígios de difenil no produto de topo da coluna;
o Separação perfeita no vaso Flash, tendo como produto de topo apenas hidrogênio
e metano;
o Temperatura de entrada da fornalha: 550°C, com uma variação de temperatura de
70°C.

Análise do Grau de Liberdade:

Reação Separação Separador Processo Global


Variáveis 11+2 10 6 17+2 7+2
Balanço de Massa 5 5 2 12 5
Balanço de Energia - - - - -
Composição 1 - - 1 1
Vazão 1 - - 1 1
Conversão 2 - - 2 -
Razão 2 2 1 3 -
Total 2 3 3 0 0

3. RESULTADOS E CONCLUSÃO
A partir dos resultados gerados pela lógica desenvolvida na plataforma
computacional Matlab pode-se observar uma divergência no que era esperado, em termos
de temperatura de saída do reator. Segundo o texto do problema em estudo, esperava-se
uma temperatura igual ou inferior a 700°C, porém na simulação obteve-se um valor
aproximadamente 8°C acima. O primeiro ponto a ser comentado é a questão da
simplificação feita para realizar a modelagem do problema, visto que, realizou-se a
separação do processo em duas seções, e por meio desta divisão, foram realizados os
balanços de massa necessários. Porém, essa simplificação implica em deixar de lado
muitas variáveis, inclusive as mudanças de fase que ocorrem nos trocadores de calor
envolvidos na planta.
Diante disto, observou-se que os únicos parâmetros que influenciam diretamente
na corrente de saída do reator são as reações químicas e suas condições operacionais.
Como foram dispostas poucas informações cinéticas para análise, realizou-se mudança
na conversão do tolueno, e como esperado, a temperatura de saída do reator diminui, visto
que, como trata-se de um processo térmico, para a formação do benzeno a molécula de
tolueno precisa ser rompida e essa quebra é feita fornecendo calor. Então para uma maior
conversão de tolueno, necessita-se de mais energia e quanto menor a conversão menos
fornecimento de energia.

Figura 4. Resultados Gerados no Matlab

4. REFERÊNCIAS

Júnior, A. C. B., & Cruz, A. J. G. Da. (2011). Balanços de massa e energia na análise de
processos químicos. 173. www.uab.ufscar.br
Nelson, D. A., Kirkwood, R. L., & Douglas, J. M. (1989). Conceptual design of chemical
processes. Simulation Series, 20(4), 180–184.
Reklaitis, G. V. (1983). Introduction to Material and Energy Balances (p. 704).
Roberts, G. W. (2008). Chemical Reactions and Chemical Reactors. 480.
http://books.google.com/books?id=SexKAAAACAAJ&pgis=1

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