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1.

OBJETIVOS

Estudar a elevação da temperatura de ebulição da água na presença de um soluto


não volátil. Determinar as massas molares do etilenoglicol e do cloreto de sódio.

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O experimento foi realizado com água (solvente puro) e duas soluções aquosas,
uma contendo 100 mL de água e 22,8 mL de etilenoglicol, e outra contendo 100 mL
de água e 37,7080 g de cloreto de sódio. Uma vez que a molalidade é o número de
mols do soluto sobre a massa do solvente em kg, pode-se utilizar a seguinte fórmula
para o cálculo da molalidade:

1000 × 𝑚𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜
𝑤= 𝑀𝑀𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 × 𝑉á𝑔𝑢𝑎 × ρá𝑔𝑢𝑎

A massa do etilenoglicol pode ser calculada a partir da fórmula da densidade, uma


vez que o fabricante indica sua densidade à 25°C, de 1,11 g/mL:

𝑚𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙
ρ𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙 = 𝑉𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙
⇒ 𝑚𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙 = ρ𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙 × 𝑉𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙

𝑚𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙 = 1, 11 × 22, 8 = 25, 308 𝑔

Pode-se então calcular as molalidades das soluções, uma vez que a massa molar
do NaCl é 58,44 g/mol e do etilenoglicol é 62,07 g/mol, e a densidade da água a
25°C (temperatura do local) é de 0,997296 g/mL, segundo Baccan (1979).

1000 × 25,308
𝑤𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙 = 62,07 × 100,0 × 0,997296
⇒ 𝑤𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙 = 4, 088 𝑚𝑜𝑙/𝑘𝑔

1000 × 37,7080
𝑤𝑁𝑎𝐶𝑙 = 58,44 × 100,0 × 0,997296
⇒ 𝑤𝑁𝑎𝐶𝑙 = 6, 470 𝑚𝑜𝑙/𝑘𝑔

As molalidades obtidas foram apresentadas na tabela 1. A partir destas, é possível


calcular as elevações ebulioscópicas teóricas, através da fórmula a seguir:

∆𝑇𝑒 = 𝐾𝑒. 𝑤. 𝑖
Onde ΔTe é a elevação ebulioscópica, w é a molalidade ,Ke é a constante
ebulioscópica, e i é o fator de Van’t Hoff. Para solutos não dissociáveis, como o
etilenoglicol, este fator vale 1. Para solutos dissociáveis, este fator vale o número de
espécies geradas na dissociação, no caso do NaCl, i = 2. A constante ebulioscópica
da água, segundo Atkins (2017), é de 0,51 K kg mol-1. Portanto, a elevação da
temperatura de ebulição teórica, para cada solução é:

∆𝑇𝑒.𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜(𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙) = 0, 51 . 4, 088 . 1 = 2, 085 𝐾

∆𝑇𝑒.𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜(𝑁𝑎𝐶𝑙) = 0, 51 . 6, 470 . 2 = 6, 599 𝐾

As elevações de temperatura de ebulição experimentais foram obtidos a partir da


diferença entre a temperatura de ebulição do solvente puro e a temperatura de
ebulição da solução, conforme a fórmula:

∆𝑇𝑒.𝑒𝑥𝑝 = 𝑇𝑒.á𝑔𝑢𝑎 − 𝑇𝑒.𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜

As temperaturas de ebulição das soluções, e elevações ebulioscópicas


experimentais e teóricas estão apresentados na tabela 1 a seguir:

Tabela 1 - Resultado experimental da ebulioscopia

Solução Molalidade Tebulição ΔTe ΔTe teórico Erro


(mol/ kg) (°C) experimental (K) percentual
(K)

Água - 101,8 - - -
destilada

Etilenogli 4,088 106,6 4,8 2,085 %


col

NaCl 6,470 106,0 4,2 6,599 %


Fonte: Própria (2022).

É possível notar que a elevação ebulioscópica experimental para a solução de


etilenoglicol foi maior que a teórica, ao contrário do que ocorreu com a solução de
NaCl, em que a elevação experimental foi menor que a teórica. Foram calculados os
erros percentuais para cada solução, conforme a fórmula a seguir:

∆𝑇𝑒.𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜− ∆𝑇𝑒.𝑒𝑥𝑝
𝐸= ∆𝑇𝑒.𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
𝑋 100%
Os erros estão dispostos também na tabela 1, e por serem muito grandes, não é
possível considerar o experimento de forma quantitativa, somente qualitativa.

A partir das elevações ebulioscópicas medidos e das molalidades das soluções, é


possível também obter uma constante ebulioscópica experimental do solvente.
Usando novamente a equação:

∆𝑇𝑒
∆𝑇𝑒 = 𝐾𝑒. 𝑤. 𝑖 ⇒ 𝐾𝑒 = 𝑤.𝑖

Assim a constante crioscópica da água foi calculada usando cada uma das
soluções:

Tabela 2 - Constantes ebulioscópicas experimentais da água

Solução Molalidad Ke Erro


e (mol/ experimental percentual
kg) (K.kg/ mol)

Etilenogl 4,088 1,17 -129,4%


icol

NaCl 6,470 0,32 +37,3%

Média - 0,74 -45,1%


Fonte: Própria (2022).

Foi calculado também o erro percentual da constante ebulioscópica obtida para cada
solução pela fórmula:

𝐾𝑒.𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜− 𝐾𝑒.𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙
𝐸= 𝐾𝑒.𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
𝑋 100%

Os erros foram calculados e também dispostos na tabela 2.

Por fim, utilizou-se as elevações ebulioscópicas experimentais para calcular a massa


molar dos solutos, a partir da fórmula:

1000 × 𝑚𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 𝐾𝑒 × 𝑖 × 1000 × 𝑚


𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜
𝑀𝑀𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 = 𝑤𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 × 𝑉á𝑔𝑢𝑎 × ρá𝑔𝑢𝑎
= ∆𝑇𝑒.𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙× 𝑉á𝑔𝑢𝑎 × ρá𝑔𝑢𝑎

0,51 × 1 × 1000 × 25,308


𝑀𝑀𝑒𝑡𝑖𝑙𝑒𝑛𝑜𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑙 = 4,8× 100,0 ×0,997296
= 26, 96 𝑔/𝑚𝑜𝑙
0,51 × 2 × 1000 × 37,7080
𝑀𝑀𝑁𝑎𝐶𝑙 = 4,2× 100,0 ×0,997296
= 91, 82 𝑔/𝑚𝑜𝑙

Foi então obtida a tabela 3, onde constam as massas molares experimentais e


teóricas do etilenoglicol e do cloreto de sódio.

Tabela 3 - Massas molares experimentais e teóricas do etilenoglicol e do NaCl

Soluto Massa molar Massa molar Erro


experimental teórica (g/mol) percentual
(g/mol)

Etilenoglicol 26,96 62,07 -129,4%

NaCl 91,82 58,44 +37,3%


Fonte: Própria (2022).

Pode-se perceber que a massa molar do NaCl se aproximou mais da teórica do que
a massa molar do etilenoglicol, mostrando que as medições da solução de NaCl
foram mais precisas.

Uma possível fonte de erro é a falta de uma boa definição quanto a quando se dá o
ponto de ebulição, pois o critério utilizado para determinar o início da ebulição da
água destilada deve ser o mesmo usado para definição do início da ebulição das
soluções, tomando como exemplo, se o início da ebulição da água destilada for
considerado o aparecimento das primeiras bolhas, enquanto da solução de
etilenoglicol for considerado quando a superfície estiver borbulhando, o 𝜟T será
maior do que esperado. Além disso, durante a ebulição da solução de etilenoglicol
houve um aumento de pressão e o termômetro foi expelido da rolha, o que pode ter
interferido na medição de temperatura. Para a solução de NaCl foi utilizado um
termômetro diferente para medir a temperatura, e, a depender da calibração do
termômetro, pode ocorrer uma leve alteração na medição de temperatura.
3. CONCLUSÃO

Como propriedade coligativa que estuda a elevação do ponto de ebulição de um


solvente após a adição de um soluto não volátil, como etilenoglicol e NaCl, foi
notado erros para a constante ebulioscópica de -129,4% e +37,3%, respectivamente.
Com a porcentagem de erros tão significativos não é possível analisar o experimento
de forma quantitativa, apenas qualitativamente.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. Físico-Química - Vol. 1. Rio de Janeiro: LTC, 10ª
ed., 2017.
BACCAN, N., et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. São Paulo: Edgard
Blücher; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 2ª ed., 1979.

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