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coleta de dados termográficos para o desenvolvimento de projetos) View project
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Resumo
1. INTRODUÇÃO
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa pode ser caracterizada como sendo de natureza aplicada e objetivos
exploratório e descritivo. Possui ainda abordagem qualitativa e como procedimento técnico
a pesquisa bibliográfica e documental (Gil, 2008).
A seguir, são descritas as duas etapas realizadas para execução deste estudo, sendo
ambas delimitadas às pesquisas vinculadas aos NGD-LDU. A primeira etapa está
relacionada com a análise de publicações que se utilizaram do rastreamento ocular em
investigações com foco ergonômico, enquanto que a segunda etapa consistiu em analisar
exemplos de coletas realizadas com o suporte tecnológico oferecido pelo NGD-LDU. Assim,
foram selecionados os documentos que apresentavam uma aplicação prática da tecnologia
de rastreamento ocular em seus procedimentos e resultados.
O critério de inclusão das publicações que compõem o portfólio de análise deste estudo
são as pesquisas publicadas até o momento (setembro 2020) dentro do escopo pré
determinado, ou seja, as publicações científicas relacionadas ao NGD-LDU que utilizaram
a tecnologia de rastreamento ocular em seus procedimentos metodológicos.
Fazem parte desse portfólio oito estudos: três artigos de periódicos (Schmidt et al., 2016;
Merino et al., 2018a; Moraes et al, 2018), três artigos publicados em anais de eventos
(Gobbi et al., 2017b; Goedert; Pereira, 2017; Vavolizza et al., 2018), um capítulo de livro
(Gobbi et al., 2018) e uma dissertação (Locks, 2016).
Dentre os pontos observados, têm-se as áreas investigadas, o ano das publicações, a
natureza e a abordagem das pesquisas, os objetivos, o local de realização das coletas, o
perfil dos participantes dos experimentos, os procedimentos e ferramentas utilizadas, a
forma de apresentação dos dados obtidos por meio do eye tracking, as recomendações
para estudos futuros, as limitações e atenções necessárias quanto ao uso da tecnologia,
além das contribuições dos estudos quanto ao uso do rastreamento ocular.
Eye tracking na Ergonomia: discussão a partir de uma análise multicaso
Riascos, Carmen; Barros, Rubenio; Merino, Giselle; Merino Eugenio
Figura 1. Eye Tracker – possibilidade uso com smartphone ou com computador (acervo NGD/LDU)
3. RESULTADOS
Dentro da amostra, as áreas que foram investigadas nos estudos foram Design de
Interfaces (Schmidt et al., 2016; Gobbi et al., 2017b; Gobbi et al., 2018; Moraes et al., 2018),
ambiente construído e design da informação (Merino et al., 2018a), Design de Serviços
(Vavolizza et al., 2018), Ambiente construído/arquitetura (Goedert; Pereira, 2017) e Gestão
de Design associada ao Design de Embalagens (Locks, 2016).
XXº Congresso Brasileiro de Ergonomia
23 a 27 de novembro de 2020 - Virtual
O ano de publicação varia entre 2016 a 2018, sendo 2018 o ano com maior número de
documentos (quatro). Quanto a natureza, todos os documentos selecionados podem ser
caracterizados como aplicados. Acerca da abordagem, todos eram qualitativos, exceto
Goedert e Pereira (2017), que foi descrito como quali-quantitativo.
Em relação aos objetivos, Moraes et al. (2018) buscaram verificar a qualidade da
usabilidade do recurso Avatar de Tradução (português/libras) de um site institucional,
Merino et al. (2018a) investigaram o foco de atenção visual de pessoas com deficiências
motoras, Schmidt et al. (2016) investigaram a usabilidade de um e-reader, Gobbi et al.
(2018) avaliaram um material didático em libras para verificar o foco atencional entre as
imagens, as legendas e a língua de sinais apresentada, Gobbi et al. (2017b) verificaram a
possibilidade de medição da satisfação em testes de usabilidade por meio de fixações e
dispersão do olhar em um site, Vavolizza et al. (2018) buscaram a proposição de um design
de serviço para uma biblioteca universitária a partir de uma abordagem centrada no usuário,
Goedert e Pereira (2017) verificaram uma abordagem metodológica a fim de avaliar as
influências temporais de visualização, direcionamento o olhar e conteúdo de cena na
probabilidade de ofuscamento em ambientes de escritório, e Locks (2016) objetivou
identificar as informações relevantes para o consumidor, e para desenvolver e avaliar uma
proposta de embalagem de travesseiro.
Acerca dos locais onde foram realizadas as coletas, cinco são oriundos de Florianópolis
– SC (Locks, 2016; Schmidt et al., 2016; Goedert; Pereira, 2017; Gobbi et al., 2017b;
Vavolizza et al., 2018), dois foram realizados no município de Palhoça – SC (Moraes et al.,
2018; Gobbi et al., 2018), e um teve as coletas feitas em João Pessoa – PB (Merino et al.,
2018a).
O perfil das amostras variou significativamente: Moraes et al. (2018) e Gobbi et al. (2018)
investigaram indivíduos surdos; Merino et al. (2018a) realizou experimentos com um
usuário de cadeira de rodas e um indivíduo com mobilidade reduzida; Schmidt et al. (2016)
e Goedert e Pereira (2017) tiveram como amostra alunos universitários; Locks (2016) teve
uma amostra heterogênea por conveniência; e Vavolizza et al. (2018) e Gobbi et al. (2017b)
não forneceram dados detalhados acerca da composição de suas amostras.
Em relação aos procedimentos estruturados, observou-se que as ferramentas mais
utilizadas associadas ao rastreamento ocular foram os questionários (demográfico, de
satisfação, System Usability Scale – SUS, Measure Product Emotion – PrEmo, etc.) e as
observações. Além dessas, foram utilizadas a Jornada do Usuário, a técnica Pensamento
em Voz Alta e a Visita Guiada. A associação do rastreamento ocular a essas ferramentas
foi justamente para fins comparativos dos dados obtidos e, na maioria dos estudos,
equiparar o mapeamento ocular às ferramentas subjetivas.
Ao todo, cinco dos estudos (Schmidt et al., 2016; Gobbi et al., 2017b; Goedert; Pereira,
2017; Gobbi et al., 2018; Moraes et al., 2018), buscaram de alguma forma investigar
aspectos relacionados à satisfação a partir dos procedimentos estruturados. A principal
forma de apresentação dos dados obtidos por meio do eye tracking foi por gráficos de
caminho do olhar (Scan Path), seguida do uso de mapas de calor (Heat Maps).
O estudo de Merino et al. (2018a) utilizou o eye tracking não como um complemento,
mas como a ferramenta central na investigação. Seu uso mostrou que os participantes não
fixaram o olhar em pontos específicos. No contexto do estudo, a dispersão na fixação
indicou que a falta de identificação visual causou problemas de orientação no deslocamento
interno. Além disso, foi possível confirmar que o nível de altura do campo visual dos
usuários de cadeira de rodas é menor do que o daqueles que realizam o deslocamento em
pé, confirmando a necessidade de apresentação dos elementos visuais em altura entre
1,20 a 1,40m em relação ao nível do piso.
Eye tracking na Ergonomia: discussão a partir de uma análise multicaso
Riascos, Carmen; Barros, Rubenio; Merino, Giselle; Merino Eugenio
Os achados de Merino et al. (2018a) indicaram ainda que a falta de informações visuais
causa dificuldades para as pessoas identificarem o caminho correto para o deslocamento
dentro de um edifício, e que o uso do eye tracking como tecnologia assistiva traz
assertividade à tomada de decisões para a criação de ambientes acessíveis. Assim, os
autores validaram a aplicação do eye tracking no suporte ao processo de tomada de
decisão dos profissionais para tornar ambientes mais acessíveis.
Gobbi et al. (2017b) afirmam que seus resultados obtidos com o uso do eye tracking,
em sua maioria, demonstraram que quanto maior o número de fixações e quanto maior o
número de dispersão das fixações, mais negativos eram os resultados encontrados nas
outras duas ferramentas utilizadas (SUS e PrEmo). Os dados sugerem uma relação inversa
entre o número de fixações e dispersões em uma interface web (1) e a satisfação (2). Os
autores entendem que um número de fixações mais alto pode indicar uma alta carga
cognitiva.
Goedert e Pereira (2017) afirmam que, com relação à variação do olhar, este se manteve
fixo nas tarefas solicitadas durante os experimentos. Contudo, quando se tinham atrativos
no ambiente, a direção da visão se voltava para eles. Os autores afirmam que a direção e
o tempo de visualização para cada direção podem interferir nos resultados comparativos
entre os dados subjetivos dos usuários e os índices de probabilidade de ofuscamento
calculados para o ambiente.
Vavolizza et al. (2018) utilizaram o eye tracking nas etapas de levantamento de dados
(coleta), na ideação (análise dos dados coletados) e na caracterização objeto de estudo.
Os autores apontam que as análises da observação sistemática com a tecnologia
colaboraram para reforçar a necessidade de um projeto de serviço na BU com enfoque nas
pessoas.
Locks (2016) afirma que o eye tracking no estudo foi uma ferramenta de neuromarketing
e teve como função complementar a investigação sobre o comportamento do consumidor
em relação à embalagem do travesseiro de fibra, proporcionando uma nova perspectiva
com informações qualitativas e quantitativas. Em relação à avaliação da embalagem, foi
identificado com a tecnologia a presença de três pontos de atenção dentre os elementos
apresentados, onde se pode concluir que a rota de atenção entre os elementos que
predominou no teste foi: indicação posição de dormir (1º), informação sobre a ação
microbiana (2º) e o desenho técnico (3º).
Com o suporte da tecnologia, Moraes et al. (2018) identificaram diferentes problemas
relacionados a usabilidade e ao design de interfaces, principalmente em relação a
localização do avatar no site analisado e em relação à insatisfação dos usuários com a
tradução e interação que este recurso oferecia. Os autores afirmam que os resultados
quantitativos do equipamento corroboraram os depoimentos relacionados à satisfação dos
usuários, obtidos por meio do questionário qualitativo (Moraes et al., 2018).
O que se observou em comum foi que os usuários tiveram esforço e levaram certo tempo
para encontrar o Avatar na plataforma, sendo que eles foram avisados desse recurso no
site; caso contrário, poderiam não ter encontrado. A pesquisa conclui que a utilização de
avatares ainda não pode ser assumida como uma solução para inclusão e acesso à
informação pelos sujeitos surdos (Moraes et al., 2018).
Gobbi et al. (2018) identificaram com o eye tracking que o usuário surdo fixa o olhar
mais vezes no intérprete do que nos outros recursos do vídeo analisado e que, de forma
geral, o tempo de fixação no intérprete é maior. Esse dado demonstra que o usuário surdo
tem preferência pela informação que é transmitida por meio do intérprete, sendo que alguns
usuários praticamente ignoraram a legenda em português. Já quando há uma informação
soletrada pelo intérprete (português soletrado em língua de sinais), o usuário prefere olhar
para a palavra escrita.
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b) Quarta coleta: esta coleta contou com a participação de duas trabalhadoras para a
análise da interação espacial, gerencial e informacional do estoque do setor de
processamento de uma cooperativa de bananicultores. o eye tracking foi utilizado de modo
a compreender a percepção do usuário na detecção de elementos dentro do ambiente para
se analisar a eficiência na interação do usuário com as configurações do estoque e o quão
apto está o usuário a identificar esses elementos a partir da organização atual (Figura 4).
Como resultados, identificou-se que a organização dos produtos e insumos dentro o
estoque não apresentava delimitações e distribuições bem definidas, não contribuíam para
um fluxo racional das atividades desempenhadas, além do fato de que o ambiente
apresentava uma carência informacional que interferia na identificação e controle dos
produtos fabricados. Nesta coleta, os dados do rastreamento ocular permitiu identificar com
precisão os pontos sensíveis passíveis melhoria que podem contribuir para uma proposta
do layout condizente com a percepção dos usuários, e possibilita processos e tomadas de
decisão mais eficientes e confiáveis por meio do trabalho do design gráfico, informacional
e do arranjo interno (Barros, 2020).
4. CONCLUSÃO
O eye tracking continua sendo uma área de pesquisa promissora, especialmente neste
momento de reclusão causado pela pandemia da COVID 19, onde a qualidade das
interações com serviços e sistemas virtuais precisam de dar da forma mais adequada
possível, de modo que os indivíduos consigam realizar as tarefas de forma eficiente,
independente e intuitiva. Entende-se que o rastreamento ocular pode ser utilizado para se
alcançar tal objetivo.
Desta forma, estimula-se o uso da tecnologia por profissionais de projeto como uma das
ferramentas em prol da ergonomia, auxiliando-os na tomada de decisões centradas nos
usuários em investigações futuras.
6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS
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de processamento de alimentos em uma cooperativa de bananicultores de Agricultura
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Eye tracking na Ergonomia: discussão a partir de uma análise multicaso
Riascos, Carmen; Barros, Rubenio; Merino, Giselle; Merino Eugenio
5. TERMO DE RESPONSABILIDADE