Você está na página 1de 8

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Escola Superior de Desenho Industrial


Ergonomia 2023.2
Profª Ligia Medeiros

RELATÓRIO

Palestra “Antropometria 1D e 3D
Aplicada ao Projeto de Produtos,
Postos e Ambientes de Trabalho”

Douglas da Silva Nunes


A palestra “Antropometria 1D e 3D Aplicada ao Projeto de Produtos, Postos e Ambientes de
Trabalho” ocorreu no dia 25 de outubro de 2023 e foi ministrada pelas Dras. Flávia Pastura e
Natashi Scagliusi, integrantes do Laboratório de Ergonomia do Instituto Nacional de Tecnologia
(INT/MCTIC) e referências no assunto. Sendo realizada na Escola Superior de Desenho
Industrial (ESDI/UERJ), a apresentação ainda foi transmitida via Google Meet e compartilhou,
com alunos e professores da escola, ideias sobre antropometria e a sua relação com a
tecnologia aplicada ao desenvolvimento de projetos.

Sendo assim, a Dra. Flávia Pastura, enquanto especialista e membro de grupos e associações
nacionais e internacionais dentro do campo, foi responsável por introduzir a temática da
palestra a partir de alguns conceitos fundamentais. Como também é lecionado na disciplina de
Ergonomia, que compõe a grade curricular da ESDI, a antropometria foi definida como o estudo
das medidas físicas e das características dimensionais do corpo humano. Envolvendo a
medição de diferentes partes do corpo, como comprimento, largura, altura e circunferência,
bem como a análise das proporções e das variações entre diferentes grupos populacionais, seu
estudo se aplica em múltiplos campos, incluindo o design industrial, a medicina, a antropologia
física e a arquitetura.

No contexto da ergonomia, as medidas antropométricas são fundamentais para projetar


produtos, ambientes de trabalho e espaços públicos de forma a atender às necessidades e
características físicas da população-alvo, promovendo conforto e segurança na execução de
várias atividades. Essas medidas são, por sua vez, coletadas por meio de técnicas e
ferramentas específicas, podendo variar entre medições diretas (onde há contato físico com o
corpo) e medições indiretas (sem contato direto).

Ao aprofundar essas noções, a Dra. esclareceu diversos pontos e explicou as três classificações
nas quais os estudos antropométricos se encontram: estática, dinâmica e funcional. Contudo, o
foco da apresentação se deu no que se refere à coleta de dados na antropometria 1D e 3D.
Abaixo, é possível observar os equipamentos utilizados na 1D, em que a medição é direta.

Fonte: Antropometria by carlos Alberto Nino Samer - Issuu⁤


Na análise da primeira imagem, destacam-se instrumentos cruciais empregados em coletas de
dados antropométricos, tais como a cinta antropométrica, antropômetro e compassos de
corrediça. Esses instrumentos desempenham um papel essencial na obtenção de medidas
lineares precisas e específicas do corpo humano. Seja na pesquisa de design de produtos, no
aprimoramento da ergonomia de ambientes ou na contribuição para pesquisas clínicas, a
abordagem da Antropometria 1D permanece como uma base sólida para a coleta de dados
antropométricos, fornecendo informações essenciais para diferentes campos
de estudo e áreas de aplicação.

Fonte: Lei dos tamanhos: scanner 3D da INTI chega a Pilar | Argentina.gob.ar

Ao analisar o segundo grupo de imagens, tornam-se evidentes os instrumentos (avançados) da


Antropometria 3D. Tecnologias ópticas, como lasers e luz estruturada, desempenham papel
crucial na medição indireta. Ao projetar luz em direção ao indivíduo, os sensores capturam
dados tridimensionais, proporcionando uma visão completa da forma corporal. Essa abordagem
vai além das medidas lineares, sendo valiosa em campos como design de moda e esportes,
onde a compreensão detalhada das características físicas em 3D é essencial. A 3D não apenas
fornece dados precisos, mas também revela a dinâmica tridimensional do corpo, possibilitando
simulações digitais e personalizações bem mais refinadas.

Dessa forma, ao explorarmos as nuances da antropometria, notamos uma distinção


fundamental entre a abordagem estática e dinâmica. Na primeira, onde as medidas são obtidas
em posição de repouso, a padronização é essencial. Estabelecer pontos de referência
pré-definidos torna possível a comparação precisa de dados entre diversos indivíduos e
populações, uma vez que todos utilizam o mesmo referencial, facilitando análises consistentes e
interpretações confiáveis.

Já na segunda, o foco desloca-se para a amplitude do movimento, avaliando o alcance que


uma pessoa pode atingir em atividades específicas. Considere, por exemplo, o estudo da
ergonomia de postos de trabalho em escritórios, onde a disposição de teclados e monitores é
analisada dinamicamente para otimizar o conforto e a eficiência dos usuários. Neste cenário, a
amplitude de movimentos durante as tarefas diárias é crucial, considerando o alcance mínimo e
máximo da população de interesse para garantir um ambiente ergonomicamente eficaz, indo
além da simples disposição estática.

Essas distintas abordagens refletem a necessidade de considerar tanto a estática quanto a


dinâmica para obtermos uma compreensão abrangente das características físicas. Enquanto a
antropometria estática proporciona um referencial sólido para comparações precisas, a
antropometria dinâmica nos conduz a uma análise mais holística, incorporando a variabilidade
nos movimentos do corpo humano. Essa dualidade enriquece nosso entendimento e
capacidade de adaptação em diversas áreas, desde design ergonômico até
pesquisas médicas e esportivas.

Retornando a palestra, o laboratório no INT compartilhou uma variedade de projetos,


destacando processos, desafios e soluções encontradas. Um dos projetos notáveis foi a criação
de um capacete para motociclistas, uma resposta a reclamações e devoluções de clientes. A
análise revelou que o ajuste inadequado do capacete estava relacionado ao uso de dados
antropométricos da população chinesa em vez da brasileira, sublinhando a importância de
considerar medidas específicas para o público-alvo.

A complexidade das medidas antropométricas também foi abordada, ressaltando que nem
todas seguem uma distribuição simétrica, como é o caso do peso corporal, que possui uma
distribuição assimétrica. Em situações com menor frequência e duração de uso, como em
bancos de praça, a adaptação à maioria pode não ser prioritária, favorecendo o uso da mediana
ou percentil 50. Contudo, em casos como bancos de ônibus, é essencial atender aos extremos
inferior e superior, exigindo considerações no percentil 5 feminino e o percentil 95 masculino.
Ao definir limites, a compreensão do ponto crítico para cada aplicação é crucial. Por exemplo, ao
projetar a largura entre bancos de ônibus, deve-se considerar o pior cenário, como dois homens
com tronco largo sentados lado a lado, enfatizando a necessidade de priorizar medidas
masculinas. Para ilustrar, a imagem abaixo foi retirada da apresentação e é um exemplo da
curva de Gauss, uma ferramenta utilizada na avaliação do percentil. Essa representação gráfica
destaca visualmente como os dados se distribuem, contribuindo para uma compreensão mais
completa e refinada no processo de análise antropométrica.

Imagem: Captura de Tela da apresentação no dia 25

E ao analisar o exemplo ilustrado acima, é notável considerar a precisão e exatidão nas


medições. Quando feitas diretamente por diferentes profissionais, mesmo seguindo um
protocolo padrão, podem apresentar variações mais amplas do que aquelas obtidas por meio
de scanners 3D. Esse aspecto ganha destaque, especialmente em produtos como
Equipamentos de Proteção Individual (EPI), nos quais a precisão na forma é crucial, indo além da
simples medição direta.

Um exemplo prático é novamente o caso dos capacetes. Apesar de teoricamente poderem ter
as dimensões corretas para a cabeça de alguém, podem não se ajustar devidamente. Isso
ocorre porque, além do tamanho, é fundamental compreender as nuances da forma. Em
resumo, não basta apenas conhecer os diferentes tamanhos de cabeça; é igualmente crucial
compreender os distintos formatos de cabeça. A forma da cabeça da população chinesa, por
exemplo, difere da forma da cabeça da população brasileira, ressaltando a importância de levar
em conta essa diversidade ao projetar produtos.
Imagem: Captura de Tela da apresentação no dia 25

Para empregar o scanner de forma eficiente e obter uma representação precisa da forma, é
imprescindível possuir habilidades de programação e compreender os procedimentos
pós-leitura adequados. Isso se deve à natureza da imagem gerada, que consiste
essencialmente em uma série de polígonos conectados. A resolução e a definição da imagem
melhoram com o aumento do número de polígonos, embora isso resulte em arquivos mais
pesados, sendo necessário encontrar um equilíbrio adequado.

Para minimizar erros na análise, pode ser essencial uma abordagem multidisciplinar, envolvendo
a colaboração entre profissionais de diferentes áreas, como designers e estatísticos. Essa
sinergia é crucial para assegurar a precisão na interpretação dos dados e a formulação de
conclusões robustas.

Imagem: Captura de Tela da apresentação no dia 25


De modo geral, na palestra, foram evidenciados dois momentos distintos, a antropometria 1D e
a 3D. A primeira fase consistiu em uma revisão de conceitos anteriores, proporcionando uma
compreensão mais prática por meio da observação de situações reais. Já na segunda fase, a
ênfase recaiu sobre a aplicação da tecnologia nos estudos antropométricos, explorando
elementos como escaneamento, uso de bancos de dados, projeção e dimensionamento em
layouts, introduzindo uma perspectiva inovadora.

Ao concluir este relatório e relacioná-lo com o encerramento da apresentação, verificamos a


abordagem dos desafios específicos, incluindo questões relacionadas aos scanners e a
necessidade de intervenção manual. Esse diálogo final enfatiza a importância da expertise
humana na aplicação da ergonomia, mesmo diante dos avanços tecnológicos. Destacando, de
maneira crucial, a necessidade de uma integração harmoniosa entre habilidades humanas e
tecnológicas como um passo vital para impulsionar o desenvolvimento no campo da
antropometria e ergonomia. Este destaque ressoou, assim, a intrincada interação entre o
conhecimento tradicional e as inovações tecnológicas, evidenciando a complexidade e o
potencial promissor dessa inter-relação ou correlação para o âmbito profissional.

Encerro este trabalho expressando minha profunda gratidão aos meus amigos de turma que
com suas perspectivas, desempenharam um papel fundamental na construção deste relatório.
A troca de ideias e a colaboração conjunta enriqueceram significativamente o conteúdo,
proporcionando uma abordagem mais abrangente e fundamentada para a análise da
apresentação.

Você também pode gostar