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Nota técnica

Comparação entre Ascensores


Elétricos e Ascensores Hidráulicos
MRL
Jorge Leitão
SICMALEVA - Sociedade de Comércio e Indústria
de Equipamentos de Elevação, S.A.

INTRODUÇÃO
Na aplicação de sistemas de transporte
vertical é uma decisão importante qual o
sistema de acionamento a usar, tração ou
hidráulico? Cada tipo tem caraterísticas que
o torna particularmente adequado para
uma aplicação específica.
> Conforto na viagem; do mundo. Se analisarmos detalhadamente
Ao longo dos últimos quarenta anos, o as- > Eficiência Energética; as duas soluções MRL, detetamos alguns
censor hidráulico foi aceite em todo o mun- > Ruído Acústico; pontos que merecem ser abordados:
do. Com a introdução do ascensor elétrico > Exigências Estruturais.
Machine Room Less (MRL), em 1995, para a. Sistema de Resgate: na solução MRL
substituir o ascensor hidráulico, iniciou-se Estas são, normalmente, as principais pre- Elétrico, este vem equipado com um sis-
uma forte concorrência pelo mercado nos ocupações no projeto de um ascensor. Não tema de alimentação auxiliar de energia
edifícios de baixa altura (Portugal tem um existe uma solução ideal sem uma análise que deteta o lado mais favorável em
parque habitacional maioritariamente de prévia. Considero este ponto muito impor- função da carga desequilibrada, levan-
baixa altura, cerca de 4 a 6 pisos [13]).Apli- tante de forma a evitar soluções desajusta- do a cabina ao piso e libertando o(s)
caram-se, então, estratégias de mercado das à realidade do edifício. passageiro(s). Um sistema de ativação
bastante agressivas. é manual, como o sistema de resgate é
Existe um conjunto de erros com que nos elétrico, logo é falível. Na solução MRL
Uma tendência MRL criada em detrimento deparamos nos cadernos de encargos, e Hidráulica, este vem equipado com um
da segurança. Os compradores, no entanto, dou como exemplo os ascensores de dois sistema de socorro mais simples e efi-
devem ser informados sobre os méritos e pisos, com um curso de 3 m, que apresen- caz, baseado na energia potencial. No
defeitos de ambos os sistemas de ascenso- tam velocidades nominais de 1,0 m/s quan- fundo não é mais do que uma torneira
res para assegurar a aplicação mais ade- do, na realidade, o flytime não o permite; que se abre levando, ao piso mais baixo,
quada e segura de cada tipo. edifícios de serviço público sem qualquer a cabina, patamar onde se encontra o
estudo de tráfego com dimensões e veloci- técnico credenciado a fazer a operação
Neste trabalho, ascensores elétricos e hi- dades nominais desajustadas e edifícios em de socorro. Um sistema de ativação é
dráulicos, principalmente MRL, são discuti- que a construção deveria estar de acordo manual, como o sistema de resgate é
dos e comparados a fim de esclarecer os com a Norma antissísmica, mas os seus as- mecânico, logo é infalível.
consumidores. censores não estão devidamente projeta- Analisando uma situação real em que
dos. Esta é uma realidade preocupante uma temos um problema grave no motor
vez que Portugal continental se encontra (curto-circuito), no caso da solução MRL
PROJETO DO ASCENSOR numa zona de risco sísmico moderado. Elétrico, torna-se impossível de proce-
O desenvolvimento tecnológico na indústria der ao resgate do passageiro pela via
do ascensor foi impulsionado principalmen- normal de procedimentos de socorro.
te pelos seguintes fatores: SEGURANÇA Se analisarmos a solução MRL Hidráu-
> Segurança; Com o desenvolvimento tecnológico, os as- lica verificamos que se consegue fazer
> Velocidade Nominal; censores neste momento são considerados o resgate do passageiro sem qualquer
> Espaço Ocupado; um dos meios de transporte mais seguros problema, porque este sistema utili-

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za um circuito independente do motor, sentam a mesma solução. Independen- Os trabalhadores que lidam com os
aproveitando apenas a energia poten- temente da situação, quando se verifica ascensores MRL Elétricos estão expos-
cial para fazer levar a cabina ao piso a intervenção destes dois órgãos de tos a um risco mais elevado do que os
mais baixo e libertar o passageiro. segurança há sempre necessidade de que trabalham com os ascensores MRL
os rearmar. No ascensor MRL Elétrico, Hidráulicos. O motivo prende-se pelo
b. Falha de Energia: na solução MRL Elé- isto pode ser feito pelos contactores de facto de, na solução MRL Elétrico, a má-
trico, o sistema automático de resgate, potência o que, na maioria dos casos, é quina de tração, do limitador e parte de
em caso de falha de energia, é opcional, impossível devido à sua conceção, pois potência estarem localizados no último
logo não é de série e depende do for- encontram-se situados no interior da piso superior da caixa na projeção da
necedor. Apresenta um custo elevado caixa do ascensor. A solução implica cabina e esta solução torna tudo muito
quando se encontra incluído na instala- a deslocação de pessoal credenciado mais complicado. No caso da solução
ção, normalmente o que os fabricantes para suspender a cabina e proceder ao ascensor MRL Hidráulica, todo o equi-
apresentam é uma solução manual, rearme dos pára-quedas. É uma ope- pamento encontra-se instalado a partir
mas implica sempre um técnico cre- ração muito demorada e complexa lo- do poço, tornando-se tudo mais fácil e
denciado para proceder ao resgate. Na gisticamente. Aqui existe um perigo de seguro para o trabalhador.
solução MRL Hidráulico, o sistema de responsabilidade civil no caso de estar A intervenção, por parte do técnico na
resgate, em caso de falha de energia, instalado num hospital em áreas sen- máquina de tração do ascensor elétrico,
é automático, de série e de simples síveis, como é o caso do acesso aos não pode ser feita a partir do teto da ca-
conceção, não é mais do que uma pe- blocos operatórios. O ascensor MRL bina no piso superior da caixa, tem que
quena bateria que alimenta uma bobi- Hidráulico está equipado de série com ser retirada para o patamar do último
na de 12 Volts da válvula de descida de uma bomba manual de manuseamento piso e depois do edifício e logisticamen-
emergência que aproveita a energia po- muito simples, a qual permite rearmar te é um pesadelo. Qualquer intervenção
tencial e leva a cabina ao piso mais baixo a válvula de queda e o pára-quedas de na central hidráulica do ascensor/mo-
automaticamente e, ao chegar ao piso, uma forma fácil e rápida. tor é sempre feita no poço da caixa e em
abre as portas automaticamente, liber- segurança e com espaço de trabalho.
tando o passageiro. Embora se detete d. Segurança dos Trabalhadores: a Rede O contrapeso do ascensor elétrico
que alguns fabricantes não colocam o de Informação Ocupacional (O * NET) corresponde a um elemento adicional
sistema de abertura de portas automá- realizou um estudo em que classificou de perigo durante toda a fase de mon-
ticas neste sistema, o que se considera as profissões em função da sua expo- tagem, reparação e assistência. Sendo
ser bastante imprudente para todo o sição a várias situações que são consi- esta a segunda maior causa de aciden-
sistema de resgate. deradas como críticas, tais como: tra- tes [8] a seguir às quedas.
balhar em pontos altos, com andaimes,
c. Rearme do Paraquedas: a intervenção escadas, guinchos e elevação de equi- e. NP EN81-1/2: 2000+A3: 2009 em As-
deste órgão de segurança pode ocorrer pamentos, eletricidade, trabalhos reali- censores Existentes: entende-se que os
por vários motivos. No caso da veloci- zados em espaços apertados ou em po- passageiros devem ter o mesmo grau
dade ultrapassar os limites da Norma, sições incómodas, tendo sido elaborada de segurança ao usar um ascensor
intervém o pára-quedas no ascensor uma pontuação à exposição (0 = nunca; existente como quando se usa um novo
MRL Elétrico e isto deve-se a um erro na 25 = uma vez por ano ou mais, mas não ascensor, o que neste momento ainda
injeção de corrente do variador, enquan- a cada mês; 50 = uma vez por mês, mas não acontece.
to no ascensor MRL Hidráulico atua a não todas as semanas; 75 = uma vez por O mercado já dispõe de soluções que
válvula de queda, o que normalmente semana, mas não todos os dias; 100 = diá- permitem aumentar o grau de seguran-
se deve a um erro na regulação da ve- rio). Podemos assim analisar a exposição ça para ambos os sistemas.
locidade de descida ou mesmo a válvula do trabalhador na montagem, reparação Nos ascensores MRL Elétricos, para
de queda estar mal afinada. Se reparar- e assistência dos ascensores sob 3 crité- cumprir os pontos 9.11 e 12.15 da Nor-
mos, no ascensor MRL Elétrico, o órgão rios e classificá-los: ma NP EN81.1:2000+A3 2009, referente
de segurança que atua é um bloco de > Exposição a condições de traba- ao movimento incontrolado da cabina e
pára-quedas sobre as guias, no ascen- lho perigosas = 98* (perigo de ser precisão na paragem de +/- 10 mm, im-
sor MRL Hidráulico, o órgão de seguran- atingido por um objeto ou outros plica a utilização do seguinte sistema:
ça que atua é um bloco de pára-quedas ferimentos graves como a eletro-
que interrompe a circulação do fluido. cussão); > Limitador de velocidade bidirecional
No caso dos pará-quedas estarem mal > Espaço de trabalho apertado/po- com um dispositivo deteção e en-
afinados, possuírem folgas excessivas sições incómodas = 75* (pode criar cravamento integrado denominado
ou se verificar uma paragem brusca, lesões e distúrbios lombares de UCM + Roda tensor de poço;
pode intervir o órgão de segurança longo prazo); > Um módulo eletrónico de monotori-
pára-quedas sobre as guias, aqui, se > Trabalho em zonas altas = 100* (pe- zação e resgate UCM (Unintended Car
repararmos, ambas as soluções apre- rigo de queda). Movement) + fonte de alimentação

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2.a solução:
> Utilizar uma nova central completa
com o novo bloco regulador digital
eletrónico com dupla segurança, de
acordo com a A3 + placa eletrónica,
que permite fazer a monitorização
uma vez por dia e não é necessária
qualquer adaptação do quadro de
comando antigo ao novo sistema,
bastando fazer as ligações à placa
interface instalada na central.

Figura 1.

remota que serve de interface entre 1.a solução:


o limitador e o quadro de comando; > Colocação em série de uma válvula Figura 2.
> Pára-quedas progressivos bidire- de segurança adicional/válvula an-
cionais, que garantam o bloqueio da tirretorno entre o pistão e o bloco Este sistema, para ser adaptado a um
cabina mesmo em velocidades de de válvulas existente; ascensor existente é bastante simples e
atuação muito baixas com distân- > Uma placa interface eletrónica que sem grandes constrangimentos técnicos.
cias de paragem muito pequenas efetua toda a monitorização entre
em ambos os sentidos + sistema de o bloco de válvulas e o quadro de f. Em Caso de Incêndio: ambas as soluções
transmissão; comando existente, sem qualquer podem ser aplicadas à Norma EN81.72
> O quadro de manobra necessita de alteração. sem qualquer constrangimento.
ser adequado para proceder à mo-
nitorização ou aplicar um dos mui-
tos kits externos A3, sistema uni-
versal que se adapta a quase todos
os quadros do mercado.

Este sistema, para ser adaptado a um


ascensor MRL existente, tem alguns
constrangimentos técnicos. O mais
complicado é quando existe a necessi-
dade da adaptação do novo pára-que-
das progressivo bidirecional na arcada
existente equipada com unidirecional.
Tudo depende do tamanho e forma do
novo e se permite, sem grandes alte-
rações, aplicar-se no espaço existente.
Mas é sempre um trabalho muito com-
plicado com muitos problemas de en-
genharia.
a) Ascensor de tração. b) Ascensor hidráulico.
Nos ascensores MRL Hidráulicos, para
cumprir o ponto 9.11 e 12.15 da Norma
NP EN81.2:2000+A3 2009 referente Figure 3. (a). Em caso de incêndio pode ser difícil o acesso ao equipamento de evacuação no topo do edifício.
ao movimento incontrolado da cabina e Puxar o travão pode provocar que a cabina suba ao invés de descer. (b) Em caso de incêndio aceda ao quadro
precisão na paragem de +/- 10 mm, im- de comando no rés-do-chão do edifício. Ao abrir a descida manual, a cabina descerá sempre. Ao acionar a
plica a utilização de duas soluções: bomba manual, a cabina subirá.

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Nota técnica

Mas, como exemplo, analisando um edi-


fício de 6 pisos em que tenha deflagrado
um incêndio e que não esteja preparado
contra incêndios e que por qualquer
motivo superior exista a necessidade do
acesso aos comandos para proceder a
um resgate de emergência, a situação
complica-se.
Com a solução MRL Elétrica pode ser di-
fícil ou mesmo impossível realizar esse
resgate devido ao calor, mas principal-
mente ao fumo, que uma grande parte
imigra para a caixa do ascensor, devido
ao efeito de chaminé. Todos sabemos
que o fogo em si pode não ser mortal,
mas o fumo é mortal. A principal causa
de mortes nos incêndios é devido à ina-
lação de fumos. Figura 4.
Quanto à solução MRL Hidráulico, como
todo sistema de resgate é feito a par-
tir do piso mais baixo, existem maiores
possibilidades de sucesso.
Maquinaria

g. Comportamento Sísmico: o estado atual


dos conhecimentos sobre a ação sísmi-
Pistão
ca, e em particular a que afeta Portugal
Continental, indica que, a nível mundial, a Contrapeso
perigosidade sísmica do território Nacio-
Cabine
nal é moderada. Esta perigosidade é um
dos fatores que contribui para o risco
sísmico de Portugal, embora a avaliação
do risco sísmico nas diferentes regiões
seja condicionada de forma decisiva por
outros fatores fundamentais, nomeada-
Cabine
mente os elementos estruturantes e não
estruturantes e a sua vulnerabilidade.
Os ascensores são o modo mais usa- Unidade de controlo

do de transporte vertical em edifícios


modernos com mais de três andares. Esquema do ascensor Esquema do ascensor
Portanto, é quase certo que são vulne- hidráulico "Fluitronic" elétrico com maquinaria
ráveis quando um sismo abala toda a com centralina no poço no vão
estrutura do edifício. Figura 5.
Do ponto de vista de evitar perdas de
vida, os ascensores têm tido um de- não são considerados na avaliação da Dispositivos de Segurança Sísmica [5] e
sempenho muito bom durante os vários resistência estrutural, estando os as- [6]: os EUA e o Japão são os pioneiros no
terramotos, devido aos esforços com- censores incluídos nesse grupo. desenvolvimento de medidas de aper-
binados da indústria e dos organismos Daí a importância em analisar os dispo- feiçoamento do comportamento sís-
reguladores. sitivos de segurança sísmica existentes mico destes sistemas. Existem essen-
Na sequência de sismos registados no mercado para dotar um ascensor cialmente duas operações de controlo,
em zonas urbanas ao longo do mundo, novo ou antigo da Classe 3 com a tec- uma associada ao interruptor sísmico,
constata-se que o principal fator que nologia resistente sísmica prEN81-77 e também conhecido por Seismic Switch
compromete o funcionamento dos hos- fundamentalmente qual o comporta- (modo sísmico), e outra ao detetor de
pitais e dos edifícios vitais é a ocorrência mento dos ascensores MRL elétricos e descarrilamento do contrapeso.
de danos não estruturais [3] [4]. Os ele- ascensores MRL hidráulicos que, neste Por questões de segurança, estes equi-
mentos não estruturais consistem em momento, não estejam equipados com pamentos só devem ser reiniciados por
todos os componentes do edifício que a tecnologia resistente sísmica. técnicos autorizados, após garantida a

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ausência de qualquer perigo, através > Detetor de Descarrilamento do > Utilização de brackets menos espa-
da realização de inspeções adequadas. Contrapeso - tem como função in- çados, sugerindo ainda a soldagem
Este processo é bastante importante, terromper o funcionamento do as- de placas de forma a reforçar as
pois permite evitar a ocorrência de da- censor, quando detetado o desloca- suas zonas angulosas ou reforços
nos com maior severidade, os quais po- mento do contrapeso, para fora do nas ligações das guias [7];
dem colocar em perigo a vida de futuros seu plano normal de curso. [9] > Instalação de apoios intermédios [7];
ocupantes [8]. > Utilizar roçadeiras sistema de ro-
> Interruptor Sísmico - deteta as pri- Este dispositivo desempenha um das [8];
meiras ondas P (longitudinais) até 30s papel bastante importante na segu-
antes de iniciar o sismo - onda S. De- rança do sistema, face à ação sísmi-
pendendo da distância onde se en- ca, uma vez que o descarrilamento
contra o epicentro [8]. do referido componente constitui
o dano mais frequente, aquando a
ocorrência de um terramoto.

Existem outras medidas que permitem


um melhor comportamento do ascen-
sor perante um sismo:
> Utilização de guias mais pesadas do
que as de secção em T de 12 kg/m [7]; Figura 7.

Figura 6.

> Quadro de comando - após receber


informação do sensor sísmico, ativa
os procedimentos com um aviso so-
noro e visual ao passageiro e leva de
imediato a cabina ao piso mais pró-
ximo para proceder à evacuação do
passageiro da cabina em segurança.

Figura 7. Figura 8.

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Nota técnica

Principais danos sísmicos observados nos Ascensores Elétricos e Ascensores hidráulicos [8]: sociado ainda ao facto da casa de máqui-
nas localizar-se nos pisos mais baixos,
ASCENSORES ELÉTRICOS ASCENSORES HIDRÁULICOS onde as acelerações são, geralmente,

Descarrilamento do contrapeso. menores, em comparação com os pisos


de topo. Também o menor número de
Descarrilamento da cabine.
componentes integrados no sistema re-
Desprendimento das massas do contrapeso. duz a possibilidade de falha. Desta forma,
Colisão do contrapeso ou dos próprios pesos é possível afirmar que muitos dos danos
com a cabina. observados em ascensores de tração não
Flexão das guias. se verificam nos hidráulicos. Posto isto, os
Vazamentos na tubagem hidráulica.
Danificação dos sistemas de suporte das guias. ascensores hidráulicos aparentam ser bas-

Deslocação ou derrubamento do equipamento Deslocação ou perda de verticalidade tante menos suscetíveis a eventos sísmicos

existente na casa das máquinas. do Pistão Hidráulico. (ver Figura 9).

Deslocação dos cabos para fora dos gornes das


Perda de equilíbrio do reservatório. O sismo de Seattle – Estados Unidos/fe-
polias da roda tração.
vereiro de 2001, foi dos mais violentos
Danificação dos cabos devido ao seu emaranha-
porque estava muito perto do epicentro.
mento em protuberâncias da caixa.
Foram atingidos 4472 ascensores elétri-
Perda de referência espacial por desalinhamen-
cos e 6176 ascensores hidráulicos, segundo
to do sensor eletromagnético responsável pela
notificação das empresas de manutenção.
identificação da posição da cabine.
Destes, 504 ascensores elétricos e 66 as-
Deformação das portas da cabine e da caixa. censores hidráulicas sofreram danos. Isso
Queda de material constituinte das paredes da caixa de elevador. indica que 11,3% dos ascensores elétricos
Deformação ou quebra das roçadeiras. estavam danificados, contra apenas 1%
Danos no interior da cabine. dos ascensores hidráulicos [11]. Relato
dos danos indicados pelas empresas de
A notória discrepância quantitativa e qua- na maioria dos modelos hidráulicos, uma manutenção:
litativa de danos observados entre ambos vez que este, como já foi referido, carate- > Ascensores fora dos eixos das
os sistemas permite distinguir a suscetibi- riza-se por ser um dos componentes mais guias: 18;
lidade dos ascensores elétricos de tração. vulneráveis à ação sísmica. > Contrapesos que saíram dos eixos
Constata-se ainda que as falhas verificadas das guias: 224;
nos elevadores hidráulicos constituem ape- Uma outra razão consiste na instalação > Colisões entre cabina e contrape-
nas uma pequena fração das registadas em destes sistemas em edifícios, geralmen- sos: 33;
sistemas de tração [10]. Este facto pode ser te com menos de sete pisos, e, portanto, > Vigas Máquina de tração desloca-
justificado pela ausência de um contrapeso sujeitos a menores forças de inércia, as- das: 3;

Figura 9. Identificação das forças de inércia geradas num elevador durante um evento sísmico: (a) sistema de tracção; (b) sistema hidráulico [12].

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a) b) c) d)

Figura 10.

> Porta de Patamar danificadas: 29; a segurança em qualquer condição ao seu Neste caso, não existe uma limitação tecno-
> Fixações das guias separados de utilizador. lógica da distância máxima de viagem (o limi-
paredes/vigas: 77; te tecnológico da distância está nos 600 m de
> Somente 342 ascensores tinham curso devido apenas ao problema redutor do
dispositivos de proteção terramoto. VELOCIDADE NOMINAL peso dos cabos de suspensão).
Os ascensores de tração elétrica estão vo-
Conclusão [11] cacionados para instalações que não neces- Os ascensores do tipo hidráulico estão vo-
Os resultados deste estudo indicam que, sitem de grandes requisitos ao nível da ve- cacionados para instalações que não ne-
em edifícios de baixa edificação até 6 pisos, locidade/baixo tráfego, mas também para cessitem de grandes requisitos ao nível da
o ascensor hidráulico é a solução mais se- edifícios públicos onde é de extrema im- velocidade/baixo tráfego, que é o caso dos
gura, prática e de baixo custo para regiões portância uma velocidade superior/médio edifícios de habitação com baixo índice de
sísmicas. Isto porque não tem o contrape- tráfego para poder garantir o escoamento tráfego, que tipicamente nestes sistemas é
so, é suportado pela fundação do edifício e de tráfego, principalmente nos períodos de de 0,63 m/s. Esta é considerada a velocida-
utiliza um cilindro hidráulico que amortece ponta. A gama preferencial de velocidade de padrão, embora alguns fabricantes em
consideravelmente as batidas ou a pulsação nominal situa-se em 1,0 m/s a 1,6 m/s [14]. descida aumentem 20% conseguindo uma
das ondas sísmicas. Tanque de aço, pernas
com apoios de borracha e mangueiras flexí-
veis de 2 ou 3 mangas testados a pressões
de 100 bars evitam o vazamento de fluido,
a menos que o edifício desmorone comple-
tamente. É, ainda, mais fácil e seguro numa
operação de resgate de pessoas retidas, ou-
tra grande vantagem do ascensor hidráulico
nestas situações.

O sismo inicial pode não causar muitas ar-


madilhas, mas normalmente é seguido por
milhares de réplicas secundárias, durante as
quais o número de armadilhas se torna mais
pronunciadas. Assim, a facilidade de opera-
ção de resgate para as pessoas aprisionadas
não deve ser negligenciada em regiões sís-
micas e deve ser fácil, rápida e segura.

Com este facto nos faz repensar mais uma


vez sobre o risco de ter ascensores elétricos
de tração em edifícios de baixa edificação em
áreas sujeitas a um risco sísmico. Partindo
do princípio de que o ascensor deve garantir Figura 11.

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Nota técnica

média mais elevada, apesar de alguns fabri- slim, mas não são suficientemente peque- Tecnologias no desenvolvimento da Eficiên-
cantes garantirem velocidades de 1 m/s [14] nas para certos espaços disponíveis e aqui cia Energética têm abordagens diferentes.
(a experiência pessoal permite-nos afirmar o hidráulico é mais versátil. Sem entrar em Abordam diferentes fatores que afetam o
que se pode chegar facilmente a uma velo- conta com as cargas sobre o edifício exis- consumo de energia nos ascensores.
cidade em subida de 0,86 m/s e em descida tente, de que iremos falar mais à frente.
alcançar 1,0 m/s). No entanto, a maior limi- Estes fatores podem ser divididos em dois
tação desta tecnologia é a distância máxi- Existem casos, quer em obra nova ou exis- grandes grupos: diretos e indiretos.
ma de viagem, que dificilmente ultrapassa tente, da necessidade de haver um acesso
os 20 metros. a 90°, deteta-se que algumas soluções de As causas diretas são aquelas que po-
ascensores MRL Elétricos não são possí- dem ser diretamente relacionadas com o
Fazendo um pequeno exercício de estima- veis devido à sua filosofia construtiva. No equipamento:
tiva de tempos, num edifício de 6 pisos [13] que se refere à solução ascensores MRL Hi- > Perdas por atrito incorridos durante
> Ascensor MRL Elétrico Vn = 1,0 m/s dráulicos, não existe qualquer problema de a viagem;
VVVF; servir acessos a 90°, desde que a solução > Perdas de transmissão (quanto
> Ascensor MRL Hidráulico Vn Média existente não seja com pistão central en- maior o número de rodas maior a
= 0,7 m/s (Vns = 0,63 m/s e Vnd = terrado, que normalmente se aplicam nos perda, sistema de roçadeiras);
0,84 m/s) VVVF. panorâmicos. > Perdas no motor;
> Perdas na travagem;
Num edifício de 6 pisos [13], tendo como > Perdas na iluminação;
base as velocidades padrão, existe uma di- CONFORTO NA VIAGEM > Perdas no quadro de comando.
ferença de 0,4 m/s mais rápido para a solu- O desempenho de sistemas mecânicos com
ção ascensor elétrico, o que corresponde a VVVF e hidráulica nova geração Fluitronic As causas indiretas estão relacionadas com
10 s mais rápido a fazer um curso total de 15 com válvulas de tecnologia digital eletró- o funcionamento do equipamento e estão
m (6 pisos). Num edifício de habitação com nica apresentam iguais níveis de conforto associados com o utilizador, o seu compor-
5 apartamentos (um apartamento por piso) mesmo durante a fase mais crítica do ar- tamento ou as opções de gestão de tráfego.
essa diferença é desprezível, mas num edi- ranque e a aproximação ao piso.
fício público, o acumulado ao final do dia é No âmbito do protocolo de Quioto torna-se
significativo para a eficiência do escoamen- Ambas com uma elevada precisão de pa- imperativo reduzir o consumo de energia
to, principalmente nos períodos de ponta. ragem ao piso. nos edifícios, que pode ser alcançado atra-
vés da melhoria da eficiência energética dos
ESPAÇO OCUPADO sistemas pertencentes ao edifício.
Obra nova: ambos os sistemas apresen- EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
tam soluções MRL, o espaço ocupado é se- O aumento da eficiência dos sistemas é Dependendo do tipo de edifício e dos seus
melhante para um ascensor (Decreto-Lei uma preocupação cada vez maior, não ape- utilizadores, o transporte vertical pode as-
n.° 163/2006), carga nominal de 630 kg, nas devido ao aumento do custo da energia, sumir um papel significativo, consumindo
8 pessoas, dimensão da cabina LxP = 1100 x mas também por ser uma forma de marke- entre 5 e 15% da energia total gasta pelo
1400 mm. Normalmente a caixa necessária ting. É uma forma de promover a empresa edifício [14].
para este caso é de 1600 x 1700 mm. ou o produto que cause menos impacto am-
biental e que opera de forma mais eficiente Atualmente, com as novas necessidades de
Com um poço standard semelhante, que an- [20]. Existem, portanto, duas equações in- certificação de edifícios, torna-se necessá-
dam entre 1000 mm a 1200 mm. separáveis que, por vezes, se confundem. rio avaliar corretamente o desempenho das
Analisaremos apenas a equação verdadei- instalações de transporte vertical existen-
Com o último piso superior standard se- ramente importante que é a eficiência ener- tes nos mesmos.
melhante, que andam entre 3400 mm a gética nos ascensores.
3600 mm. Ambos não necessitam de uma Nesta tentativa, foi criada uma Norma In-
casa das máquinas superior ou lateral Os edifícios são responsáveis por cerca de ternacional, ISO/DIS 25745, que contem os
porque todo o equipamento se encontra um terço da energia que consumimos. Os procedimentos de estimativa, medição e
no interior da caixa. ascensores não são os maiores utilizadores conformidade a efetuar, mencionados na
de energia nos edifícios, mas são suficiente- 1.a Parte da dita Norma, existindo ainda uma
Obra existente: ao nível de dimensões da mente importantes para justificar medidas segunda parte, atualmente em estudo, que
caixa, para implementação do ascensor a de poupança de energia. definirá a classificação energética das ins-
solução hidráulica, esta está mais vocacio- talações de transporte vertical.
nada para espaços mais pequenos do que Nos últimos anos, a indústria de ascenso-
a solução do ascensor elétrico. O espaço res respondeu de acordo apresentando aos Foi criado um grupo de estudo composto
que ocupa a máquina de tração + contrape- seus clientes soluções que atendam a essa por várias instituições, no âmbito do projeto
so e arcada neste momento são soluções procura crescente. Soluções eficientes. E4, liderado pela Universidade de Coimbra,

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Nota técnica

que executou um estudo de várias instala- > Os ascensores MRL Elétricos apre- logia própria de análise de desempenho de
ções de transporte vertical, na tentativa de sentam uma eficiência energética elevadores e escadas rolantes, pois a Nor-
caraterizar os vários perfis de consumo. “CLASS B” [22]; ma ISO 25745-1 ainda não dá as respostas
Com esta medida pretende-se criar um > Os ascensores MRL Hidráulicos apre- necessárias.
sistema de classificação energética mais sentam uma eficiência energética
realista. “CLASS B” [17]. Existem alguns estudos técnicos de consu-
mo de energia em que se sente a presença
Na Norma ISO/DIS 25745-1, Anexo A, é apre- Edifícios de Categoria 3, com intensidade de do marketing que são baseados em estima-
sentado um modelo simples para estimar o uso: elevador tivas de tráfego desajustadas [25]. Alguns
consumo de energia dos elevadores. A Nor- > Os ascensores MRL Elétricos apre- pontos detetados:
ma encontra-se atualmente em estudo [15]. sentam uma eficiência energética > Potência hidráulica de 11 kW quando de-
Contudo foi criada uma classificação volun- “CLASS A” [18]; via utilizar 7,5 kW para uma carga de
tária VDI 4707 que, de algum modo, está a > Os ascensores MRL Hidráulicos apre- 630 Kg;
servir como diretriz para o grupo de estudo. sentam uma eficiência energética > 200 000/150 000 viagens por ano são
“CLASS E ” [17]. valores totalmente desajustados para
Classificação VDI 4707: a realidade de 80% do mercado portu-
Tem o caráter voluntário e, aplicável a as- Conclui-se que o ascensor em edifícios guês;
censores, contempla os seguintes parâme- de categoria 1 (máximo de 10 habitações), > Carga nominal de 1000 kg quando no
tros na classificação: [16] com uma intensidade de uso baixa, a efi- nosso mercado cerca de 80% refere-se
> Potência de standby (W); ciência energética entre o ascensor MRL a uma carga de 630 kg;
> Consumo durante a viagem (mWh/m.kg); Elétrico e o ascensor MRL Hidráulico não é > 8 paragens e fazem uma análise com-
> Classe de eficiência do sistema baseada significativa. parativa com um hidráulico que é total-
no consumo específico diário (A, B, C, D, mente desajustado.
E, F, G). Mas tudo muda quando utilizamos um as-
censor em edifícios de categoria 3 com uma O argumento sobre o consumo de energia
intensidade de uso elevada. O ascensor MRL dos ascensores deve ser cuidadosamente
Elétrico tem uma maior eficiência energética tratado, caso contrário, resultados irreais
do que em relação à solução com o ascen- podem ser interpretados.
sor MRL Hidráulico.
Existem no mercado outros dispositivos
Esta diferença tem a ver com o consumo que melhoram o desempenho da eficiên-
em standby dos Gearless ser muito superior cia energética dos ascensores que vamos
ao dos hidráulicos Fluitronic. Quanto menos analisar.
tempo o ascensor estiver em modo standby
maior será a eficiência da solução Gearless. TECNOLOGIAS REGENERATIVAS:
A tecnologia regenerativa permite recupe-
Fazendo uma análise simples de custo ano rar a energia gerada em excesso pelo as-
de energia sem ter em conta o custo da po- censor e devolvê-la à rede ou ser reutiliza-
tência contratada para uma solução 630 kg, do, possibilitando uma poupança energética
Figura 12. 12 metros de curso, 80 000 viagens ano. de cerca de 30%.
Chegamos aos seguintes valores referen-
Com base na classificação voluntária VDI ciais de custo ano de consumo: No caso do ascensor elétrico, todos sabe-
4707, para um edifício de baixa edificação > Gearless Vn = 1,0 m/s: 750 kWh [26] x mos que quando um ascensor funciona par-
até 6 pisos no máximo com 10 habitações, 0,1405€ [27] = 105,4 €/ano; te da energia da rede elétrica devolvida é
pode-se classificar segundo dois pontos de > Fluitronic Vn = 0,6 m/s: 1.300 kWh x dissipada num banco de resístores e trans-
vista de intensidade de uso: 0,1405€ [27] = 182,7 €/ano. formada em calor. Isso acontece porque o
> Intensidade de uso: baixa (representa ascensor devolve parte da energia consu-
80% dos casos); Importa referir que a classificação VDI 4707 mida em dois momentos: quando sobe com
> Intensidade de uso: elevada (representa serve atualmente como Diretiva para a ela- a cabina abaixo da metade da sua capacida-
5% dos casos). boração da futura certificação energética de ou quando desce com a capacidade aci-
internacional das instalações de transporte ma de 50%, no caso do ascensor elétrico.
Edifícios de Categoria 1, com intensidade de vertical.
uso: baixa. Com o sistema regenerativo nos ascenso-
> Os ascensores MRL Elétricos apre- Este processo está a cargo da Comissão res elétricos, a energia é devolvida a partir
sentam uma eficiência energética Europeia, ao abrigo do Projeto E4, que tem da instalação de mais um inversor. O pri-
“CLASS A” [18]. como objetivo a criação de uma metodo- meiro controla o fluxo de energia da rede

28 elevare
Nota técnica

elétrica que é entregue ao inversor do mo- mulada em baterias, mas sob a forma de 67 dBA. Não é significativa a diferença entre
tor. O segundo inverte a tensão contínua em pressão que depois é novamente injetada ambos os sistemas.
alternada para controlar o motor do ascen- no sistema.
sor. Representa uma economia significativa,
tanto financeira como ambiental. Tecnologia do Conversor de Frequência EXIGÊNCIAS ESTRUTURAIS
no acionamento do sistema hidráulico do O ascensor MRL Elétrico como a máquina
Viabilidade da sua Aplicação ascensor. O que difere esta tecnologia em de tração se encontra situada no último piso
A importância da regeneração depende da relação às restantes nos hidráulicos é que superior implica que as forças e tensões são
totalidade das necessidades energéticas do o motor e a bomba são executados a uma transmitidas pelas paredes do edifício até à
ascensor e a frequência com que é usado. velocidade variável em função da carga so- base estrutural do edifício. Esta solução é
bre a cabina e da velocidade necessária em mais exigente estruturalmente.
Nos ascensores de intensidade baixa de uso, função da curva. Com o controlo de fluido
categoria 1 em edifícios 2-6 paragens com necessário em cada instante, significa me- No caso do ascensor MRL Hidráulico como
velocidades nominais até 0,6 m/s e com um nos energia elétrica consumida, o que re- todo o equipamento se encontra apoiado na
baixo índice de utilização, o benefício não é sulta em menos calor gerado, o que signi- base da caixa, todas as forças e tensões são
suficiente em relação ao investimento. No fica um melhor rendimento. Os fabricantes transmitidas diretamente ao piso sem qual-
caso de um edifício hospitalar ou arranha- indicam que esta solução requer cerca de quer sobrecarga às paredes do edifício. Esta
-céus com velocidades nominais mais ele- 50% menos de energia do que era neces- solução é menos exigente estruturalmente.
vadas, a tecnologia regenerativa teria um sário anteriormente para fazer o mesmo
retorno muito significativo dentro de um percurso. O balanço térmico do ascensor Essa exigência torna-se mais evidente quan-
período relativamente curto de tempo [19]. hidráulico, como um todo, é melhorado do estamos a instalar um ascensor num
em cerca de 40%. Para a maioria das ins- edifício existente. Por não podermos nor-
Perante a viabilidade da instalação de um talações significa uma poupança adicional, malmente reforçar a estrutura do edifício
sistema de frenagem regenerativa sobre o nomeadamente porque não há necessidade a solução natural é a aplicação do ascensor
sistema de acionamento de ascensores já de um permutador de óleo. Podendo fazer hidráulico.
instalados, os engenheiros de uma empresa facilmente 200 Arr/hora sem qualquer per-
multinacional verificaram que para potências mutador, aumenta a longevidade do motor
do sistema de frenagem acima dos 40 kW, o e reduz o rumor da instalação. QUESTÕES AMBIENTAIS:
retorno financeiro ocorre em poucos anos. Os ascensores MRL Elétricos ao utilizarem
Para valores de potência menores do que Tecnologia com um sistema Regenerativo. a nova geração de máquinas de tração
40 kW, o retorno financeiro ocorre em uma Com este sistema, até 30% da energia po- Gearless em que não utilizam óleo mine-
maior quantidade de anos [20]. tencial pode ser recuperado e reutilizado. A ral ou sintético é um grande salto a nível
eficiência energética da unidade de potência ambiental.
No caso dos ascensores hidráulicos, como é aumentada consideravelmente. A energia
não tem normalmente contrapeso, quan- é armazenada num sistema de baterias à Existe uma questão ambiental importante
do a cabina se move para cima necessita semelhança da solução utilizada nos ascen- que está associada à dependência dos imãs
de mais potência e quando se move para sores elétricos. permanentes: depende daquilo que está na
baixo toda a energia potencial acumulada Tabela Periódica identificado como “terras
é desperdiçada e convertida em calor por Sistemas regenerativos hoje em dia apre- raras”; são elementos situados na secção
estrangulamento do fluido. É por este mo- sentam custos muito elevados, que só são dos “Lantanídeos” (17 elementos químicos,
tivo que a energia consumida num ascensor viáveis (o seu investimento) quanto maior do lantânio até o lutécio). Além disso, estes
hidráulico é maior em comparação com um for a sua carga nominal e a sua velocida- minerais necessitam de um processamen-
ascensor elétrico. Para reduzir o consumo e de. Embora a nível de marketing este ponto to pesado, envolvendo a extração de uma
o requisito de potência da instalação, desen- nunca seja referido. certa quantidade de radiação, além de su-
volveram-se mecanismos de frenagem re- cessivas lavagens e refinação de areias e
generativa nos ascensores hidráulicos [20]: terras que resultam na produção de lixo
POTÊNCIA ACÚSTICA tóxico, algo ainda muito pouco regulado
No seu artigo, Yang (2006) introduz um Apenas se podem constatar os dados que ou fiscalizado devido à origem dos países
método de frenagem regenerativa que não os fabricantes transmitem nas suas folhas exportadores onde existem muito poucas
é mais do que um Acumulador Hidráulico técnicas, que aliás são muito vagas ao nível preocupações ambientais.
(contrapeso hidráulico) [29], consiste num do rigor da informação. Temos fabricantes
reservatório de óleo pressurizado. Yang que indicam para o ascensor MRL Elétrico Os ascensores MRL Hidráulico estão asso-
(2006) conclui o artigo afirmando que com uma potência acústica gerada entre 53 dBA– ciados a serem pouco amigos do ambien-
o seu método a eficiência é 70,8% maior do – 55dBA - 65 dBA. Comparando com os as- te pelo facto de utilizarem cerca de 100 a
que a de um ascensor hidráulico sem tal censores MRL Hidráulicos, estes têm uma 200 litros de óleo mineral. Tecnicamente
sistema. Neste sistema a energia não é acu- potência acústica na ordem dos 63 dBA e os não estou muito de acordo porque se ana-

elevare 29
Nota técnica

lisarmos este fluido trabalha dentro de um A patente, geralmente de nível inovador manutenção. Aqui não existe uma
pistão e de uma central e apresentam uma na solução de transporte vertical, serve forte dependência sobre a Tecnolo-
vida útil de aproximadamente dez anos ou para banir a eventualidade de termos mais gia Fechada.
mais, deve-se lembrar que a mesma quan- competitivos que são oferecidos por ou-
tidade de combustível é usada por apenas tras empresas de serviços qualificados. Todos os principais fabricantes de ascen-
um veículo no prazo de um mês. sores, bem como os principais fabricantes
O cliente é, naturalmente, prejudicado for- de motores especializados na tecnologia
Para ultrapassar esta questão, os fabri- temente em muitos aspetos em relação a do transporte vertical, já apresentaram as
cantes de ascensores MRL Hidráulicos co- um fornecedor com material patenteado suas próprias soluções MRL com base no
meçam a utilizar um fluido biodegradável quando se trata da manutenção e na aqui- conceito de motores síncronos de ímanes
à prova de fogo, amigo do meio ambiente, sição de peças de reposição, o que pode permanentes - Permanent magnet Syncro-
pela sua caraterística ecológica. Com esta ter um efeito alarmante nos preços [2]. nous Machine (PMSM). As soluções MRL
solução eliminam-se os argumentos que Por este motivo cada vez mais existe uma encontram-se patenteadas e, por isso, é di-
ainda hoje se sentem no marketing mas corrente de que os Ascensores devem ser fícil introduzir outras novas soluções MRL
na parte técnica esta questão encontra-se de “Tecnologia Aberta” e não, como neste que seriam mais rentáveis, sem infringir as
ultrapassada. momento nos apercebemos, que todas as patentes existentes. Direitos reservados
soluções que são apresentadas no mer- da patente proíbem outras empresas qua-
cado como inovadoras são de “Tecnologia lificadas de utilizar a solução MRL. Como
PATENTES: Fechada”. resultado, um grupo de empresas multina-
A patente é um conjunto de direitos exclu- cionais, cada vez mais, controlam o merca-
sivos concedidos por uma situação a um As vantagens de uma Tecnologia Aber- do de ascensores nas edificações de baixa
inventor (ou representante) de um novo ta em relação a uma Tecnologia Fechada e média altura. As soluções elétricas MRL
produto capaz de ser utilizado industrial- traduzem-se nos seguintes pontos: normalmente são oferecidas com preços
mente, por um tempo limitado, em troca > Tecnologia Fechada – Direito de pro- muito competitivos, mas durante a manu-
da divulgação do período de invenção. priedade. O custo de manutenção tenção, por vezes, as peças de reposição
Uma patente é uma forma de propriedade e peças de reposição têm preços são cobradas a um alto custo. Obtenção
intelectual [1], não protege ideias por con- mais elevados porque utilizam con- das peças de reposição de unidades MRL
siderar que essas devem ser de livre circu- sumíveis do fabricante e, assim, também é difícil, já que o serviço só pode
lação e, assim, a proteção só é concedida limita o número de empresas de ser feito pelo instalador original ou pelos
para algo que já foi criado. serviços que podem prestar ma- seus parceiros de serviços.
nutenção. Quem sai prejudicado é
A propriedade intelectual compreende a o proprietário do ascensor, porque, Fazendo uma comparação entre o as-
propriedade industrial e o direito de au- embora seja da sua propriedade censor MRL Elétricos e o ascensor MRL
tor. A propriedade industrial protege as continua preso à questão da tecno- Hidráulicos, da forma como o mercado
invenções (patente de invenção ou mode- logia fechada. Patente. hoje se apresenta cada vez mais fechado,
lo de utilidade). Por norma, um produto > Tecnologia Aberta – Não proprieda- conclui-se que a solução ascensora MRL
inovador patenteado corresponde a uma de. O custo de manutenção e peças Elétrico é de longe o que apresenta mais
nova abordagem sobre um determinado de reposição possuem preços mais pontos negativos com Tecnologia Fechada
problema com vantagens a diversos ní- baixos porque utilizam consumíveis em relação ao Ascensor Hidráulico.
veis, quer para o utilizador quer para o correntes e qualquer empresa de
ambiente. serviços credenciada pode prestar
POSIÇÃO DA SOLUÇÃO MRL ELÉTRICO
VERSUS MRL HIDRÁULICO:
TECNOLOGIA FECHADA NOS ASCENSORES MRL
Com a introdução da solução MRL (Machine
1. Cabos de suspensão cintas de aço planas revestidas a poliuretano.
Room Less) Elétrico no mercado em 1995,
2. Cabos de suspensão redondos revestidos a poliuretano.
neste momento no mercado europeu é lí-
3. Variados que só funcionam com a Máquina do Fabricante. der com uma cota de mercado a rondar os
Ascensores MRL
4. Quadro de Comando/Placas específicas/Códigos acessos. 80% nas vendas.
Elétricos
5. Sistema de resgate muito próprio e específico.
6. Display, pulsadores e botoeiras táteis. Dada a forte dominância dos modelos de

7. Consolas de programação. tração MRL na comercialização dos equi-


pamentos desenvolveram-se os sistemas
1. Distribuidor Hidráulico.
Ascensores MRL hidráulicos sem casa de máquinas e, neste
2. Quadro de Comando/Placas específicas/Códigos acessos.
Hidráulicos momento, ocupam na Europa um mercado
4. Consolas de Programação.
de vendas correspondente a 20%.

30 elevare
Nota técnica

Figura 13.

Se olharmos para o mercado dos Estados [6] McGavin, G. L. Earthquake Protection of Essential [20] Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Unidos a realidade apresenta-se com 70% Building Equipment: Design, Engineering, Insta- – Projeto de Diplomação Frenagem Regene-
de ascensores hidráulicos e os restantes lation. John Wiley & Sons, NewYork, 1981; rativa;
30% elétricos. [7] Suarez, L. e Singh, M. Review of Earthquake [21] Guidelines on Energy Efficiency of Lift and Es-
Performance, Seismic Codes, and Dynamic calator Installations-Electrical and Mechani-
Analysis of Elevators. Earthquake Spectra,16 cal Services Department The Government of
CONCLUSÃO (4) (novembro 2000), 853-878; the Hong Kong Special Administrative Region;
Ao analisar as diferenças que existem em [8] Comportamento Sísmico de Sistemas de Ele- [22] Efficient mobility. Sustainable technology.
ambas as situações é com estranheza que vadores em Hospitais, Joana Isabel Freire Schindler 3100/Schindler 3300/Schindler
observo a cota de mercado que ocupa a Palha, Dissertação para obtenção do Grau de 5300;
solução elétrica em relação à hidráulica na Mestre em Engenharia Civil; [23] Modeling and simulation of hydrostatic
Europa. Uma vez que ambas as soluções [9] Draka.EP.US Counterweight Displacement Kit; transmission system with energy regenera-
apresentam vantagens e desvantagens [10] Celik, Ferhat. Elevator safety in seismic re- tion using hydraulic accumulator†Triet Hung
mas nada justifica, tecnicamente, tão gran- gions. Blain Hydraulics, Germany, 2005; HO1 and Kyoung Kwan AHN2,* - Journal of
de diferença de critérios nas vendas. Julgo [11] A survey for the effect of 2011 Van earth- Mechanical Science and Technology 24 (5)
que o fator decisivo foi quando em 1995 as quakes on elevators - Prepared by Professor (2010) 1163~1175;
4 BIG começaram apostar na solução do C.E.İmrak January 2012 – AYSAD; [24] L. E. White, ‘Energy Consumption: Hydraulic
ascensor MRL Elétrico, e aqui inverteu-se a [12] DR. C. Erdem Imrak – A survey on the effects Elevators and Traction elevators’, Elevator
tendência do mercado. of the 2011 Van, Turkey e Arthquakes on Ele- World, abril de 1984;
vators – ELEVATORWORLINDIA; [25]Dr. Ferhat ÇELİK1 & Dr. Banu KORBAHTI2- Blain
[13] INE-O Parque Habitacional e a sua Reabilita- Hydraulics GmbH, 74078-Heilbronn, Alema-
REFERÊNCIAS ção – Análise e Evolução 2001-2011; nha. Departamento de Engenharia Mecânica,
[1] Wikipedia Patente; [14] “Transportation systems in buildings”, CIBSE Universidade de Istambul, Turquia;
[2] W. H. Hundt, “Series Production or Special lift Guide D, 2005; [26] Source: Swiss Federal Office of Energy, stu-
Systems?”. Lift Journal, November 2004, [15] Eficiência energética de transporte vertical - dy by the S.A.F.E. Schweizerische Agentur für
pp. 28; Tiago Ruibal de Azevedo Pires Faculdade de Energieeffizienz (Swiss Agency for Energy
[3] Gould, N. e Griffin, M. Earthquake Performance Engenharia da Universidade do Porto; Efficiency), final report on power consump-
of Nonstructural Components (January 2003); [16] VDI 4707 Guideline; tion and savings potential with lifts;
[4] Mondal, G. e Jain, S. Design of non-structural [17] Conradin Jost - Member of directive com- [27] EDP Serviço Universal, 2013-Tarifas Social/
elements for buildings: A review of codal mittee „VDI 4707/2 Energy efficiency of lift Transitórias de Venda a Clientes Finais em
provisions. The Indian Concrete Journal (Au- components“Article February 2010 – Energy Portugal Continental;
gust 2005), 22-28; efficiency class – BUCHER; [28] Yang 2006;
[5] Ayres, J. M., Sun, T. Y., e Brown, F.R. Nonstructural [18] Top class energy-efficiency VDI 4707 - A [29] C. E. Thoeny, ‘Smart Hydronics for the Ele-
damage to buildings, in The Great Alaska Ear- CLASS FROM SMALL RESIDENTIAL BUILDIN- vator Future’, Elevator World, abril de 2004,
thquake of 1964: Engineering. Division of Earth GS TO HIGH-RISE OFFICE BUILDINGS – KONE; p.118.
Sciences, National Research Council, National [19] UNIVERSAL ELEVATORS Energy saving solu- [30] ELEVATOR INDUSTRY JOBSITE SAFETY (2013
Academy of Sciences, Washington, 1973a; tions for the Lift and Escalator Industry; ELEVATOR WORLD.

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