Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EMERSON P. RAPOSO, MARCELO R. STEMMER, VICTOR J. DE NEGRI, ROBERTO KINCELER, DANIEL MARTINS,
HENRIQUE SIMAS, EDSON R. DE PIERI, EUGÊNIO DE B. CASTELAN, VICTOR BARASUOL
Departamento de Automação e Sistemas (DAS)
Departamento de Engenharia Mecânica (EMC)
Centro Tecnológico (CTC)
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Caixa Postal:476, CEP: 88040-900 Florianópolis, SC, BRASIL
E-mails: er@das.ufsc.br, marcelo@das.ufsc.br, victor@emc.ufsc.br,
kinceler@emc.ufsc.br, daniel@emc.ufsc.br, simas@das.ufsc.br,
edson@das.ufsc.br, eugenio@das.ufsc.br, victor@das.ufsc.br
Abstract⎯ The purpose of this paper is to show the design of a service robot to the cleaning of insulators used in electrical pow-
er distribution systems. The principles of simultaneous engineering provided in time reduced the design of the manipulator and
its controller based respectively on the concepts of virtual machine and co-design. The results were a service robot, electric and
hydraulic servo operated with open architecture controller based on PC and wireless user interface.
Resumo⎯ O propósito deste artigo é mostrar a concepção de um robô de serviço aplicado à limpeza de isoladores elétricos de
sistemas de distribuição de energia. Os princípios da engenharia simultânea proporcionaram em tempo reduzido a concepção do
manipulador bem como de seu controlador fundamentado respectivamente nos conceitos de máquina virtual e co-design. Os re-
sultados alcançados foram um robô de serviço, servo elétrico e hidráulico, com controlador de arquitetura aberta baseado em PC
e interface com usuário Wireless.
1 Introdução
A maioria dos robôs industriais é utilizada na indús- Este artigo brevemente explana a demanda por
tria automobilística. Diferentemente de um robô robôs de serviço à limpeza de isoladores elétricos de
industrial, cujo propósito tem âmbito geral, um robô sistemas de distribuição de energia. Na seção 2 serão
de serviço tem uma tarefa específica, como exempli- apresentados os requisitos de projeto que motivaram
ficada em: Adôrno, Aguiar e Borges (2005); Paim, o projeto do manipulador e controlador do robô utili-
Jouvencel, e Borges (2005). zando engenharia simultânea (Winner, et al., 1988).
Em seguida, na seção 3 é descrito o modelo compu-
No contexto de robôs de serviço, os Departamen-
tacional do sistema incluindo manipulador e contro-
tos de Automação e Sistemas e de Engenharia Mecâ-
lador. O controlador de arquitetura aberta é explana-
nica da UFSC estão desenvolvendo desde 2008 um
do, apresentado a sua concepção do ponto de vista
robô destinado à limpeza de isoladores elétricos de
software e hardware. A seção 4 relata a avaliação
sistemas de distribuição de energia. Esta ação ocorre
experimental que compreendeu este trabalho a partir
no âmbito de projeto ANEEL proposto pela Compa-
de sua máquina virtual. Por fim, seção 5, as conclu-
nhia Energética do Maranhão (CEMAR).
sões obtidas em função do trabalho.
Em diversas regiões da costa brasileira os isola-
dores sofrem deposição de sal proveniente do mar,
perdendo sua capacidade isolante. Na grande maioria 2 Requisitos de Projeto
dos casos a limpeza destes isoladores é realizada
manualmente, sendo empregado um guindaste ope- A seguir serão apresentados os requisitos para o
rado no espaço de junta e dentro de seu cesto, outro projeto do robô.
operador direciona um jato d’água em direção ao
isolador. Outra solução aplicada no Brasil é a instala-
ção de um cabeçote no último elo do guindaste o 2.1 Acesso aos equipamentos a serem lavados
qual possui um jato d’água direcional por meio de Uma das principais especificações que deve ser
um motor elétrico comandado por controle remoto. atingida com a construção deste protótipo é a melho-
Em ambos os casos a limpeza é realizada apenas ria na qualidade de lavação. Atualmente, devido à
parcialmente visto que o manipulador não tem o limitação de acesso dos isoladores, a limpeza é reali-
zada apenas em um dos lados dos isoladores. Desta
alcance necessário para atingir o outro lado do isola-
forma, para que a freqüência de manutenção seja
dor e cumprir a tarefa adequadamente com qualidade
menor, é necessário que a limpeza do isolador seja
e segurança.
realizada em torno deste equipamento.
2.2 Seguranças dos operadores do sistema 2.8 Sistema de comando dos operadores
Para melhorar a segurança da operação de lim- O modelo de lavação das estruturas atualmente
peza e segurança dos operadores, o sistema deverá utilizado é baseado na movimentação junta-a-junta
ter um dispositivo sonoro que será acionado sempre do guindaste, ou seja, a cada movimento do joystick,
que qualquer parte do guindaste chegar a menos de movimenta-se uma junta do guindaste de cada vez de
um metro de distância de qualquer uma das linhas certo ângulo. Este tipo de movimentação é adequado
energizadas. quando não existem impedimentos físicos que atra-
palhem o movimento. No entanto, quando houver
2.3 Tempo de limpeza por poste alguma restrição física de forma que a movimentação
Deseja-se com o novo sistema, que haja redução deve ser efetuada em mais de uma direção este tipo
do tempo de limpeza por poste, garantindo-se assim, de manobra requer muita atenção do operador. Para
menores custos de operação, aumentando a produti- operações em espaço confinado, o tipo de comando
vidade do serviço. mais adequado é o que é orientado por direções car-
tesianas, ou seja, nas direções x, y e z. Neste tipo de
comando, o operador envia um sinal, por exemplo,
2.4 Cabeçote de limpeza
para cima (a direção y). Neste caso, a ponta do guin-
A última parte do sistema de lavação a ser de-
daste irá movimentar somente na direção y. Tal
senvolvido comporta o cabeçote direcionador de
recurso também tornará mais ágil o procedimento de
água. Composto de dois motores de 12 V responsá-
limpeza, e reduzirá o risco de colisões com a linha de
veis por efetuar o direcionamento do jato de água e
distribuição energizada. Além disso, o movimento
devendo ser resistente a ação do tempo.
controlado de maneira integrada também irá permitir
rotinas automáticas de trajetórias.
2.5 Visualização dos isoladores
Atualmente, o operador não tem um controle vi- 2.9 Aumentar a pressão do jato de água.
sual eficiente dos dispositivos a serem limpos na
Atualmente a pressão de trabalho do jato de água
hora da lavação. O operador fica de 8 a 9 metros de
é de aproximadamente de 65 psi. Foi sugerida que a
distância dos dispositivos a serem limpos e o dire-
pressão de trabalho do jato de água fosse elevada
cionamento e controle do jato de limpeza nem sem-
para 80 psi.
pre é fácil. Objetiva-se a construção de um novo
modelo de cabeçote incorporando um sistema de
visão acoplado no cabeçote direcionador de água, de 2.10 Plano de contingência.
forma que o operador consiga visualizar através de No caso de ocorrência de uma emergência, como
uma janela no comando manual onde o jato está por exemplo, no caso do guindaste ter tocado a rede e
sendo direcionado. Desta forma, o operador primei- por alguma razão o comando do guindaste via “joys-
ramente posiciona globalmente o manipulador/robô tick” não funcione mais, um sistema redundante
perto das estruturas a serem limpas. Depois, através manual de operação do guindaste deve ser previsto.
do monitor situado no joystick ele consegue ver o que Neste caso, depois da linha ser desenergizada, um
será limpo. comando manual deve estar disponível de forma que
o operador possa comandar o guindaste e retirá-lo da
posição em que se encontra para outra posição segu-
2.6 Robustez
ra.
A tarefa de limpeza das estruturas de um poste é
realizada sistematicamente durante cinco meses por 2.11 Uso alternativo do caminhão
ano. Durante este período o caminhão opera todos os O caminhão fica cinco meses efetuando a limpe-
dias de maneira ininterrupta. Espera-se desta forma za dos isoladores na estação seca que vai de agosto a
que o sistema a ser desenvolvido seja suficientemen- dezembro e permanece sete meses parado na estação
te robusto no sentido de que pouca manutenção seja chuvosa que vai de janeiro a julho. Neste caso cogi-
necessária durante os cinco meses de limpeza diária tou-se a hipótese de que o sistema pudesse contem-
das estruturas. plar a substituição do cabeçote limpador por um ou
dois cestos para uma ou duas pessoas para que o
caminhão pudesse realizar serviços de manutenção
2.7 Sistema alternativo de pistola
de postes normais durante o período chuvoso, onde
Em ocasiões especiais, os postes que seguram as não são efetuadas as limpezas nos isoladores.
estruturas estão localizados em regiões de difícil
acesso pelo caminhão devido ou à inexistência de
ruas próximas aos referidos postes ou de solos não 2.12 Medição da produtividade.
firmes. Desta forma uma possível alternativa de Sugeriu-se que seja implementado um sistema
limpeza via uma pistola manual deve ser levada em em que variáveis de interesse como tempos de lim-
consideração no projeto. pezas, gasto de combustível, gastos de água, posicio-
namento via GPS do caminhão, quantidade de estru-
turas limpas e outras variáveis de interesse, sejam
rastreadas automaticamente.
3. Concepção do Sistema Foram estudadas as possibilidades de utilização
de juntas prismáticas ou rotativas e, para tanto, um
Na figura 1 é mostrado o diagrama canal/agência do modelo simplificado bidimensional foi utilizado para
sistema CEMAR/UFSC. facilitar a análise. Na figura 2, a seguir, são apresen-
tadas as concepções estudadas.
A concepção cinemática consiste na identifica- Na figura é possível observar que o segundo elo
ção do número de elos e juntas do manipulador, necessita ter uma forma de corcova. A questão é qual
assim como as dimensões e limites de operação des- o quanto mais alto deve ser este elo e quais as dimen-
tes elementos (Denavit e Hatenberg, 1955). sões devem ter cada elo do manipulador.
Considerando o caminhão parado como descrito O injetor de água fica montado numa estrutura
na figura 2, avaliou-se o alcance do jato de lavação tipo punho esférico apenas com dois graus de liber-
no espaço bidimensional. O objetivo desta simplifi- dade. Esta concepção permite lavar totalmente os
cação foi identificar quais tipos de juntas e quais isoladores aproximando o bico injetor a uma distân-
dimensões dos elos subseqüentes seriam necessárias. cia adequada.
3.2 WHMI 3.3 CONTROLADOR
A figura 4 apresenta o diagrama de caso de uso da O controlador gerencia as tarefas do robô usando o
WHMI utilizando a UML (Unified Modeling Lan- sistema computacional e o servo-amplificador. O
guage). Este modelo expressa o comportamento de controlador não é proprietário, é aberto. Portanto,
como o operador irá interagir com o sistema através flexível a morfologia do manipulador, tipos de acio-
da interface com usuário, UI (User Interface), com namento, ferramentas, processos, layout de interface
suporte do hardware TPC 2012 e protocolo com o usuário e a sintonia da estratégia de controle
IEEE 802.11 para sua operação wireless. “in loco” no robô. A figura 6 mostra o mapeamento
do que é físico em lógico, ou seja, a modelagem dos
componentes que fazem parte do controlador.