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Breve história do Rito de Memphis-Misraim

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António Jorge 06/02/2021

O Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim é Deísta, e por isso, considerado o Rito


Maçónico mais plural do ponto de vista da Tolerância e Respeito no campo da
espiritualidade, e o mais Esotérico e Discreto a operar em Portugal.

Entre os vários Ritos maçónicos, este Rito ocupa uma posição particular desde a sua
origem. Tem a sua inspiração na simbologia do Antigo Egipto e apoia-se na fonte das
mais antigas tradições iniciáticas do mediterrâneo: pitagóricos, autores herméticos
alexandrinos, neoplatónicos, sabeístas, ismaelitas, e dos Rosa-Cruzes e Templários.
Contudo, acabou por ser no século XVIII que encontrou os seus ecos na Europa. Foram
numerosos esses Ritos e Rituais, porém só dois, dentre eles, chegaram até nós: o Rito
de Misraim e mais tarde o Rito de Memphis.

O Rito de Misraim foi fundado em Veneza em 1788. A sua filiação veio através de
Cagliostro, que o dirigiu com os Graus Menores da Grande Loja da Inglaterra e os Altos
Graus da Maçonaria Templária Alemã. O Rito difundiu-se rapidamente em Milão,
Génova, Nápoles e apareceu em França com Michel Bedarride, que recebeu o Grão-
Mestrado em 1810, em Nápoles.

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De 1810 a 1813 os três Irmãos Bedarride desenvolveram o Rito de Misraim em França,
de certa forma sob a protecção do Rito Escocês. Ilustres Maçons pertenceram a ele,
como o Conde Muraire, Soberano Grande Comendador do Rito Escocês Antigo e Aceito,
o Duque Decazes, o Duque de Saxe-Weimar, o Duque de Leicester, entre outros.

O Rito de Memphis foi constituído em Montauban em 1815, por Franco-Maçons que em


1799 haviam participado com Napoleão Bonaparte na Missão do Egipto. A esses dois
Ritos foram adicionados os Graus Iniciáticos que vieram de Obediências Esotéricas do
século XVIII: do Rito Primitivo e do Rito dos Philadelphos, entre outros.

A maioria dos oficiais e membros que acompanharam Bonaparte na Missão do Egipto


eram Maçons pertencentes a antigos Ritos iniciáticos: Philalétes, Irmãos Africanos, Rito
Antigo e Primitivo alguns do Grande Oriente de França e de outras Obediências. No
Egipto, mais propriamente no Cairo descobriram traços de uma   sobrevivência gnóstico-
hermética e no Líbano entraram em contacto com a Maçonaria drusa, a mesma
encontrada por Gérard de Nerval, remontando assim à Maçonaria “operativa” que supõe-
se, acompanhava os seus protectores, os Templários. Consequentemente, os Irmãos da
Missão do Egipto decidiram renunciar à filiação Maçónica vinda da Grande Loja de
Inglaterra.

Nascia assim, em 1815, o Rito de Memphis, em Montauban, sob a direcção de Samuel


Honis e Marconis de Négre, com numerosas Lojas no exterior e personalidades tão
ilustres nas suas fileiras, como Louis Blanc e Giuseppe Garibaldi, ele que em breve se
tornaria o unificador dos ritos Antigo e Primitivo e o de Memphis e Misraïm.

Até 1881 os Ritos de Memphis e Misraim seguiram rotas paralelas. Os Ritos começaram
então a agrupar e chamar até si Maçons interessados pelo Ocultismo e no estudo do
simbolismo esotérico da Maçonaria, incluindo a Gnose, Cabala Judaica e o Hermetismo.

Esta Obediência Maçónica, que celebrou o bicentenário em 1988, surgiu quando os dois
Ritos, de Memphis e de Misraim, foram reunidos em 1881 por Giuseppe Garibaldi, que
se tornou o seu primeiro Grão-Mestre Geral.

A corrente francesa do Rito, foi implementada na criação da Grand Loge Française do


Rito Antigo e Primitivo de Memphis Misraim fundada por Robert Ambelain em 1965,
tendo sido este o único Rito a funcionar (na Loja Alexandria do Egipto) de forma regular
em Paris durante todo o período da ocupação nazi.

As Lojas do Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraim, acrescentam ao compasso e


esquadro, a régua, símbolo de rectidão.

GLSF – Federação Portuguesa

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