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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Caracterização petrográfica de Reservatórios siliciclásticos da


Fm. Lourinhã (Jurássico Superior, Bacia Lusitânica)

Esmeraldina João Custódio

Mestrado em Geologia
Especialização em Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Dissertação orientada por:


Professor Doutor Nuno Lamas de Almeida Pimentel

2018
i
“ Yeah, You could be the greatest

You can be the best

You can be a master

Don't wait for luck

Dedicate yourself and you can find yourself

Standing in the hall of fame

And the world's gonna know your name “

The Script - Hall of Fame

ii
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Nota Pessoal e Agradecimentos

As palavras desaparecem diante da emoção deste momento, não é fácil falar de quem se ama,
principalmente se são aqueles que ouviram nossos desabafos, presenciaram nosso silêncio e conviveram
com nossas frustrações e conquistas.
Obrigado meu Deus por teres me dado sabedoria, inteligência e confiança para vencer esta guerra.
Reconheço que sem ti nada sou. Por ti muito fui acolhida e nunca desamparada.
Obrigado mãe e pai, vocês um dia sonharam comigo. Amaram-me antes mesmo que eu existisse,
presentearam-me com a riqueza do estudo e fizeram de mim não apenas um profissional, mas sobretudo,
ser humano. Agradeço do fundo do coração por terem sacrificado as vossas vidas, abandonarem Angola
e emigrarem para Portugal para garantir que eu tivesse um futuro melhor.
Dona Ju, minha mamã, mulher inspiradora e batalhadora que me ensinou que na vida nada é de bandeja
e que temos que lutar. Sempre me deu forças para continuar mesmo quando encontrei dificuldades e
problemas que por momentos pensei que não iria resolver ou existir solução.
Sr. Custódio, papá que sempre me incentivou a querer mais e ir mais além. Grande homem, capaz de
abdicar dos seus projetos pessoais e se ausentar da família para procurar o pão em outros países da
Europa. Admiro-te imenso por este gesto. A tua missão está comprida é prato cheio a tua menina dos
petróleos conseguiu.
Obrigado maninhos, Dalmo e Fábio, por darem carinho e incentivo, pelas brigas e risadas do costume,
que, quando ausentes, deixavam – e deixam – um grande vazio. Sou sortuda por ter vocês como irmãos
e amigos que sempre criaram momentos de lazer e loucuras para eu curtir, descontrair e aliviar um
pouco o stress.
Além dos meus familiares, no meu percurso de estudante muitas pessoas participaram da minha
formação, e tudo o que agora sou, devo a todos os professores do departamento de geologia que não se
preocupam só em ensinar, mas que inspiram os alunos a aprender.
Um agradecimento especial vai para o professor Nuno Pimentel que orientou o projeto de Campo
Experimental do CEGEP e que acreditou nesta dissertação de Mestrado tanto quanto eu. Obrigado pela
dedicação, empenho e infinita paciência. Foi um privilégio desfrutar da sua experiência e sabedoria.
Admito que saio desta longa etapa mais rica.
Aproveito também para agradecer a Cyntia Mourão que se disponibilizou para ensinar métodos
laboratoriais e que preparou com carinho as lâminas delgadas que serviram de base para este tudo. Os
meus sinceros agradecimentos. Desejo muita felicidade para sua vida.

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v
Resumo
A Bacia Lusitânica é uma bacia sedimentar que se desenvolveu na Margem Ocidental Ibérica durante
parte do Mesozoico, cujo fundo oceânico se iniciou no Cretáceo Inferior. Trata-se da única bacia das
margens do Atlântico Norte com extensa exposição superficial. No Jurássico Superior foram
acumulados mais de 3km de sedimentos. Os reservatórios granulares estão presentes em fácies
siliciclásticas continentais, transicionais e marinhas. Os estudos mais importantes quanto à
caracterização e modelação do reservatório siliciclástico da Formação Lourinhã foram desenvolvidos
por Etta e Nyrud (2007).

O principal objetivo desta dissertação é o estudo petrográfico, identificação e avaliação do reservatório


dessa Formação. Na caracterização do reservatório foram utilizadas 26 amostras colhidas entre a praia
de Paimogo e a praia da Areia Branca no conselho da Lourinhã. A área de estudo encontra-se inserida
na zona correspondente ao membro de Porto Novo da Formação Lourinhã (Hill, 1988). O ambiente de
deposição do Membro de Porto Novo caracteriza-se por um sistema fluvial meandriforme com canais
arenosos, levee, point bars, crevasse splay e finos de planície de inundação. Os canais arenosos
encontram-se intercalados com níveis de margas, argilas e siltes. Também foram observados
conglomerados intrabacinais e bancos de conchas.

As amostras colhidas foram cortadas em taliscas para a preparação de lâminas delgadas e lâminas
impregnadas a vácuo com resina Epoxy e corante azul (Unisol Blue AS) para fixar os grãos e destacar
o espaço poroso. O método de trabalho baseou-se na análise petrográfica e contagem de pontos. Através
de análises petrográficas foi gerado um conjunto de dados quantitativos e qualitativos da petrografia
sedimentar, visando o melhor entendimento dos processos diagenéticos e caracterização do espaço
poroso.

As amostras foram classificadas como arenitos sub-litoarenito, litoarenito feldspático, litoarenito e


quartzarenito. Estes arenitos são composicionalmente e texturalmente imaturos sendo constituídos
essencialmente por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo, litoclastos, feldspatos, micas, carvão e
minerais opacos. Dois tipos principais de cimentos foram observados no espaço intergranular:
carbonatado e argiloso.

Verificou-se o incremento dos valores de porosidade em direção ao topo da sucessão estratigráfica e


que os arenitos com características favoráveis de reservatório apresentam porosidades a variar entre
10% a 17%. Os valores mais baixos de porosidade são devido à diagénese dos carbonatos nos espaços
intergranulares.

Palavras-chaves: Bacia Lusitânica, Lourinhã, Sistema Fluvial, Petrografia, Modelação.

vi
Abstract
The Lusitanian Basin is a sedimentary basin that developed on the Iberian West Bank during part of the
Mesozoic, whose ocean floor began in the Lower Cretaceous. It is the only basin on the North Atlantic
shores with extensive surface exposure. In the Upper Jurassic, more than 3km of sediments were
accumulated. The granular reservoirs are present in continental, transitional and marine siliciclastic
facies. The most important studies on the characterization and modeling of the siliciclastic reservoir of
the Lourinhã Formation were developed by Etta and Nyrud (2007).

The main objective of this dissertation is the petrographic study, identification and evaluation of the
reservoir of this Formation. In the characterization of the reservoir were used 26 samples collected in
Lourinhã between the beach of Paimogo and the beach of Areia Branca. The study area is inserted at
the Porto Novo member of the Lourinhã Formation (Hill, 1988). The depositional environment of the
Porto Novo member is characterized by a meandriform fluvial system with sandy channels, levee, point
bars, crevasse splay and fine of floodplain. The sandy channels are interspersed with levels of marls,
clays and silts. Intrabasinal conglomerate and shell banks were also observed.

The samples collected were cut in slab for thin section preparation and vacuum impregnated section
with Epoxy resin and blue dye (Unisol Blue AS) to fix the grains and highlight the pore space. The
method of work was based on petrographic analysis and point counting. Through petrographic analysis,
a set of quantitative and qualitative data of the sedimentary petrography was generated, aiming at a
better understanding of the diagenetic processes and characterization of the porous space.

The samples were classified as sub-litoarenite sandstone, feldspathic litoarenite, litoarenite and
quartzarenite. These sandstones are compositionally and texturally immature being essentially
composed of angular to subangular grains of quartz, rock fragments, feldspars, micas, charcoal and
opaque minerals. Two main types of cements were observed in the intergranular space: carbonate and
clayey.

It was verified the increase of the porosity values towards the top of the stratigraphic succession and
that the sandstones with favorable reservoir characteristics have porosities varying from 10% to 17%.
The lower values of porosity are due to the diagenesis of the carbonates in the intergranular spaces.

Key-words: Lusitanian Basin, Lourinhã, Fluvial System, Petrography, Modeling.

vii
Índice

I. Introdução ....................................................................................................................................... 1
1. Âmbito ........................................................................................................................................ 1
2. Objetivos ..................................................................................................................................... 1
3. Metodologia ................................................................................................................................ 1
II. Conceitos teóricos ........................................................................................................................... 4
1. Introdução ................................................................................................................................... 4
2. Porosidade e Permeabilidade ...................................................................................................... 4
3. Diagénese e Porosidade .............................................................................................................. 4
4. Teor de argila e permeabilidade .................................................................................................. 7
5. Sistemas deposicionais fluviais ................................................................................................... 7
6. Depósitos de rios meandriformes ................................................................................................ 8
III. Enquadramento Geológico........................................................................................................ 10
1. Localização geográfica ............................................................................................................. 10
2. Contexto geológico ................................................................................................................... 12
a) Génese e evolução da Bacia Lusitânica ................................................................................ 12
b) Jurássico da Bacia Lusitânica ............................................................................................... 14
c) Formação de Lourinhã .......................................................................................................... 16
IV. Trabalho de campo e amostragens ............................................................................................ 19
1. Paimogo .................................................................................................................................... 21
2. Vale dos Frades ......................................................................................................................... 25
3. Areia Branca ............................................................................................................................. 27
V. Caraterização macroscópica .......................................................................................................... 30
VI. Estudo petrográfico ................................................................................................................... 37
1. Composição mineralógica ......................................................................................................... 37
2. Caracterização petrográfica....................................................................................................... 40
3. Análise de resultados ................................................................................................................ 66
a) Classificação ......................................................................................................................... 66
b) Variações texturais e mineralógicas ...................................................................................... 68
c) Porosidade ............................................................................................................................. 72
VII. Interpretação ............................................................................................................................. 73
a) Interpretação paleoambiental dos aspetos mineralógicos e texturais .................................... 73
b) Interpretação da porosidade em resultado da diagénese ....................................................... 74
VIII. Modelação do reservatório ........................................................................................................ 75

viii
IX. Discussão .................................................................................................................................. 77
X. Conclusão .................................................................................................................................. 79
XI. Referências bibliográficas ......................................................................................................... 81
XII. Anexos ...................................................................................................................................... 83
1. Correlação de logs com a distribuição de corpos arenosos na área de estudo .......................... 85
2. LOGS ........................................................................................................................................ 86
a) Paimogo ................................................................................................................................ 86
b) Caniçal .................................................................................................................................. 87
c) Vale dos Frades ..................................................................................................................... 88
3. Modelo 3D de Nyrud ................................................................................................................ 89

Índice de figuras

Figura I.1 Metodologia usada na produção de lâminas........................................................................... 3


Figura I.2 Método de contagem de pontos .............................................................................................. 3
Figura II.1 Conetividade vertical entre point bars e existência de plugs de argila. ................................ 8
Figura II.2 Barra de pontal e crevasse splays no seio dos finos de planície de inundação. .................... 9
Figura III.1 Enquadramento geográfico ................................................................................................ 10
Figura III.2 Quadro estratigráfico, de eventos e de ciclicidade da Bacia Lusitânica…………………...15
Figura III.3 Mapa paleogeográfico que ilustra a distribuição dos ambientes sedimentares durante a
deposição da Formação da Lourinhã………………………..……………………………...………….17
Figura III.4 Distribuição de unidades litoestratigráficas do Kimeridgiano/Titoniano (J3-J5)………….18
Figura III.5 Quadro litoestratigráfico simplificado para o Jurássico Superior e Cretáceo Inferior da Bacia
Lusitânica (Hill, 1988). A seção transversal é essencialmente norte-sul ao longo da costa (A). A
Formação da Lourinhã é composta por cinco membros. (B) Esquema geral da articulação estratigráfica
e espacial dos Membros da Formação da Lourinhã entre a Formação Abadia e os Grés de Torres Vedras
(Reis, R. & Pimentel, N., 2006 adaptado de Hill, 1988) ……………………………………………….18
Figura IV.1 Corte geológico da zona litoral entre o forte de Paimogo e a Praia da Areia da Branca. .. 19
Figura IV.2 Distribuição das amostras deste trabalho e corpos arenosos na área de estudo (adaptado de
Nyrud, 2007). Orientação NW-SE. ....................................................................................................... 20
Figura IV.3 Arenito com laminações paralelas. Leito de colheita da amostra PAB-4. ........................ 21
Figura IV.4 Arenito maciço. Leito de colheita da amostra PAB-1. ..................................................... 21
Figura IV.5 Arenito com estratificação cruzada planar e feixes grosseiros. Leito de colheita da amostra
PAB-3. .................................................................................................................................................. 22
Figura IV.6 Conglomerado intrabacinal. Leito de colheita da amostra PAB-2. ................................... 22
Figura IV.7 Arenito maciço bioturbado com concreções carbonatadas. Leito de colheita da amostra
PAB-5. .................................................................................................................................................. 22
Figura IV.8 Arenito tabular com estratificação cruzada hummocky. Leito de colheita da amostra PAB-
7. ........................................................................................................................................................... 23
Figura IV.9 Arenito com estratificação cruzada planar. Leito de colheita das amostras PAB-9.1, 9.2 e
9.3. ........................................................................................................................................................ 23

ix
Figura IV.10 Arenito com estratificação paralela. Leito de colheita das amostras PAB-10 e PAB-11.
.............................................................................................................................................................. 23
Figura IV.11 Arenito maciço bioturbado. Leito de colheita da amostra PAB-12. ................................ 24
Figura IV.12 Arenito com estratificação paralela horizontal regularmente espaçada. Leito de colheita
da amostra PAB-13 (à esquerda) e amostra PAB-14 (à direita). .......................................................... 24
Figura IV.13 Arenito maciço castanho avermelhado. Leito onde foi colhida a amostras PAB-17 e PAB-
18. ......................................................................................................................................................... 25
Figura IV.14 Arenito com estratificação paralela horizontal. Leito onde foi feita a colheita da amostra
PAB-19. ................................................................................................................................................ 25
Figura IV.15 Arenito com estratificação paralela horizontal. Leito onde foi feita a colheita da amostra
PAB-24. ................................................................................................................................................ 26
Figura IV.16 Arenito com estratificação cruzada planar/tabular. Na imagem está assinalada onde foi
feita a colheita da amostra PAB-20 e PAB-21. ..................................................................................... 26
Figura IV.17 Arenito com estratificação cruzada planar/tabular e múltiplos sets com forsets tangenciais.
Leito onde foi feita a colheita da amostra PAB-22. .............................................................................. 27
Figura IV.18 Canal arenoso avistado a 28 metros a sul do leito de arenito com estratificação cruzada
tangencial. ............................................................................................................................................. 27
Figura IV.19 Canal arenoso com configuração em V e estratificação paralela. Local de colheita da
amostra PAB-23. ................................................................................................................................... 28
Figura IV.20 Arenito com laminações paralelas (abaixo) e arenito maciço. Na imagem está assinalada
o local onde foi feita a colheita da amostra PAB-25 e PAB-26. ........................................................... 28
Figura IV.21 Arenito maciço. Leito onde foi feita a colheita da amostra 27. ....................................... 29
Figura IV.22 Fragmentos de conchas de ostras. ................................................................................... 29
Figura V.1 Amostra PAB- 1 colhida aos 4 metros da coluna estratigráfica. ........................................ 30
Figura V.2 Amostra PAB-2 colhida aos 5 metros da coluna estratigráfica. ......................................... 30
Figura V.3 Amostra PAB-3 colhida aos 4.50 metros da coluna estratigráfica. .................................... 30
Figura V.4 Amostra PAB-4 colhida aos 2 metros................................................................................. 31
Figura V.5 Amostra PAB-5 colhida aos 9 metros da coluna estratigráfica. ......................................... 31
Figura V.6 Amostra PAB-7 colhida aos 21 metros da coluna estratigráfica. ....................................... 31
Figura V.7 Amostra PAB-9.1 colhida aos 27 metros da coluna estratigráfica. .................................... 32
Figura V.8 Amostra PAB-9.2 colhida aos 27 metros da coluna estratigráfica. .................................... 32
Figura V.9 Amostra PAB-9.3 colhida aos 27 metros da coluna estratigráfica. .................................... 32
Figura V.10 Amostra PAB-10 colhida aos 31 metros........................................................................... 32
Figura V.11 Amostra PAB-11 colhida aos 31 metros da coluna estratigráfica. ................................... 33
Figura V.12 Amostra PAB-12 colhida aos 38 metros da coluna estratigráfica. ................................... 33
Figura V.13 Amostra PAB-13 colhida aos 51 metros da coluna estratigráfica. ................................... 33
Figura V.14 Amostra PAB-14 colhida aos 51 metros da coluna estratigráfica. ................................... 34
Figura V.15 Amostra PAB-17 colhida aos 105 metros da coluna estratigráfica. ................................. 34
Figura V.16 Amostra PAB-18 colhida aos 105 metros da coluna estratigráfica.. ................................ 34
Figura V.17 Amostra PAB-19 colhida aos 108 metros da coluna estratigráfica. ................................. 34
Figura V.18 Amostra PAB-N1 colhida aos 17 metros da coluna estratigráfica. .................................. 35
Figura V.19 Amostra PAB-20 colhida aos 116 metros da coluna estratigráfica. ................................. 35
Figura V.20 Amostra PAB-21 colhida aos 118 metros da coluna estratigráfica. ................................. 35
Figura V.21 Amostra PAB-22 colhida aos 130 metros da coluna estratigráfica. ................................. 35
Figura V.22 Amostra PAB-23 colhida aos 143 metros da coluna estratigráfica. ................................. 35
Figura V.23 Amostra PAB-24 colhida aos 151 metros da coluna estratigráfica. ................................. 36
Figura V.24 Amostra PAB-25 colhida aos 121 metros da coluna estratigráfica. ................................. 36
Figura V.25 Amostra PAB-26 colhida aos 121 metros da coluna estratigráfica. ................................. 36
x
Figura V.26 Amostra PAB-27 colhida aos 123 metros da coluna estratigráfica. ................................. 36
Figura VI.1 Seção fina da amostra PAB-1. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ....... 40
Figura VI.2 Seção fina da amostra PAB-2. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. .......... 41
Figura VI.3 Seção fina da amostra PAB-3. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ....... 42
Figura VI.4 Seção fina da amostra PAB-4. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. .......... 43
Figura VI.5 Seção fina da amostra PAB-5. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ....... 44
Figura VI.6 Seção fina da amostra PAB-7. Escala/Campo de visão de 1mm. Ampliação: 4X. ........... 45
Figura VI.7 Seção fina da amostra PAB-9.1. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ....... 46
Figura VI.8 Seção fina da amostra PAB-9.2. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ....... 47
Figura VI.9 Seção fina da amostra PAB-9.3. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ....... 48
Figura VI.10 Seção fina da amostra PAB-10. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ...... 49
Figura VI.11 Seção fina da amostra PAB-11. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ...... 50
Figura VI.12 Seção fina da amostra PAB-12. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ...... 51
Figura VI.13 Seção fina da amostra PAB-13. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação de 4X,
excepto na imagem com limite amarelo tem uma ampliação de 10X ................................................... 52
Figura VI.14 Seção fina da amostra PAB-14. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ...... 53
Figura VI.15 Seção fina da amostra PAB-17. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 54
Figura VI.16 Seção fina da amostra PAB-18. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ...... 55
Figura VI.17 Seção fina da amostra PAB-18. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ...... 55
Figura VI.18 Seção fina da amostra PAB-19. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 56
Figura VI.19 Seção fina da amostra PAB-N1. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X. ..... 57
Figura VI.20 Seção fina da amostra PAB-20. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 58
Figura VI.21 Seção fina da amostra PAB-21. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 59
Figura VI.22 Seção fina da amostra PAB-22. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 60
Figura VI.23 Seção fina da amostra PAB-23. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 61
Figura VI.24 Seção fina da amostra PAB-23. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 61
Figura VI.25 Seção fina da amostra PAB-24. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 62
Figura VI.26 Seção fina da amostra PAB-25. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 63
Figura VI.27 Seção fina da amostra PAB-26. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 64
Figura VI.28 Seção fina da amostra PAB-27. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 65
Figura VI.29 Seção fina da amostra PAB-27. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X. ... 65
Figura VI.31 Classificação composicional dos arenitos segundo Folk (1980). .................................... 67
Figura VI.32 Variação da composicional dos arenitos em função da granulometria............................ 67
Figura VI.33 Os diagramas mostram o aumento do grau de imaturidade composicional que se observa
nos arenitos estudados de norte para sul da área de estudo.................................................................. 68
Figura VI.34 Diagrama de proveniência dos sedimentos siliciclásticos segundo Dickon (1985). ....... 68
Figura VI.35 Variação da percentagem de quartzo nas fácies de diferentes granularidades. ............... 69
Figura VI.36 Variação da percentagem de argila nas fácies de diferentes granularidades. .................. 69
Figura VI.37 Relação existente entre a percentagem de quartzo e argila nas diferentes amostras. ...... 70
Figura VI.38 Relação existente entre a percentagem de feldspato e argila nas diferentes amostras. ... 71
Figura VI.39 Relação existente entre a percentagem de argila e esparite nas diferentes amostras. ...... 71
Figura VI.40 Relação existente entre a percentagem de argila e micrite nas diferentes amostras. ....... 71
Figura VI.41 Relação existente entre a percentagem de esparite e porosidade nas diferentes
amostras.................................................................................................................................................72
Figura XI.1 Distribuição de logs e corpos arenosos na área de estudo. ................................................ 85
Figura XI.2 Log referente à praia de Paimogo (Nyrud, 2007). ............................................................. 86
Figura XI.3 Log referente à praia do Caniçal (Nyrud, 2007)................................................................ 87
Figura XI.4 Log referente à praia de Vale dos Frades (Nyrud, 2007). ................................................. 88
xi
Figura XI.5 Divisão da área de estudo em seções e zonas. Amarelo indica arenito enquanto verde indica
argilas. ................................................................................................................................................... 89
Figura XI.6 Parâmetros representativos para a modelação (intervalos)................................................ 89
Figura XI.7 Objeto e legenda do modelo estocástico ........................................................................... 90
Figura XI.8 Modelo estocástico gerado no PetrelTM. Run 1. A seta vermelha indica o nível de uma
possível barreira fina. ............................................................................................................................ 90
Figura XI.9 Modelo estocástico gerado no PetrelTM. Run 2. A seta vermelha indica o nível de uma
possível barreira fina. ............................................................................................................................ 90
Figura XI.10 Modelo estocástico gerado no PetrelTM. Run 3. A seta vermelha indica o nível de uma
possível barreira fina. ............................................................................................................................ 91

Índice de tabelas

Tabela IV-1 Distribuição das amostras nos diferentes tipos de areia estudados. .................................. 29
Tabela VI-1 Dados e características das amostras (Am.) como granulometria (Granul.), estruturas
sedimentares (E.Sedim.) e mineralogia nas quais têm-se quartzo (Qz), feldspato (Fp), micas (Mc),
litoclastos (L), bioclastos (Bc), carvão(Cv), argila (Ag), esparite (Es) e micrite (M). Nas estruturas
sedimentares têm-se arenitos maciços, laminados, estratificação paralela (Estr.Par) e estratificação
cruzada (Estr.Cx) e estratificação Hummocky (Hummo). .................................................................... 37
Tabela VI-2 Estudo petrográfico: mineralogia e contagem de pontos. Os minerais presentes nas
amostras estudadas é o quartzo (Qz), feldspato (Fp), micas (Mc), litoclastos (L), carvão(Cv), argila
(Ag), esparite (Es), micrite (M) e bioclastos (Bc). Três valores de porosidade estão assinalados na
tabela: os valores obtidos neste estudo petrográfico (EJC), valores de porosidade obtidos por Etta sendo
estes de 24.9% (amostra 13) e 7.5% (amostra Im) e; os valores de porosidade de Nyrud sendo estes de
7.5% (amostra Im), 13.4% (amostra 9) e 22.5% (amostra 12).............................................................. 66

xii
xiii
I. Introdução

1. Âmbito

O presente trabalho é sobre a caracterização de reservatórios siliciclásticos do Jurássico Superior (Fm.


Lourinhã) na Bacia Lusitânica e, surge na sequência de atualizar e completar os estudos anteriormente
efetuados (Nyrud, M. & Etta, S., 2007) entre Paimogo e Areia Branca. O depósito siliciclástico é
composto por arenitos e argilas que apontam para ambiente fluvial meandriforme.

Quanto a organização, o trabalho inicia com fundamentos teóricos relacionados com as características
petrofísicas de um reservatório (porosidade e permeabilidade). Além desta informação de base também
é apresentada nos enquadramentos geológico e geográfico a pesquisa bibliográfica, temática e de âmbito
regional.

Na prática vai ser feita a caracterização petrofísica das litologias, avançando-se para lâminas delgadas.
Uma descrição litológica e mineralógica exata da formação através de amostras colhidas no campo
permite reduzir os fatores desconhecidos e identificar potenciais reservatórios. O trabalho termina com
integração e interpretação de resultados numa abordagem de maior escala, possivelmente com
modelação.

2. Objetivos

O principal objetivo deste trabalho é o estudo petrográfico, identificação e avaliação do reservatório.


Para cumprir tal objetivo é essencial:
• descrever afloramentos e fácies, de modo a ter uma ideia da extensão lateral das características
petrofísicas do reservatório;
• caraterizar amostras e quantificar a percentagem dos diferentes componentes (mineraloclastos,
litoclastos, bioclastos e poros);
• identificar o tipo de porosidade existente e compreender a distribuição desta característica
petrofisica ao longo da sequência de arenitos e argilas.

3. Metodologia

O estudo do reservatório siliclástico compreendeu a seguinte metodologia:


1. pesquisa bibliográfica, temática e de âmbito regional;
2. trabalho de campo com descrição sumaria das sequências e amostragem de arenitos;
3. produção de lâminas delgadas impregnadas a vácuo com corante azul (Unisol Blue AS);
4. análise petrográfica;
5. contagem de pontos;
6. caracterização petrográfica da porosidade;
7. identificação de potencias reservatórios.

No estudo do reservatório foram utilizadas 26 amostras. Em primeira análise, foi feita uma descrição
macroscópica das amostras e, posteriormente, estas foram cortadas em taliscas para a preparação de
lâminas delgadas coradas a azul com Unisol Blue AS (figura I.1). Neste procedimento, é cortada uma
talisca a partir da amostra, com dimensões aproximadas de ± 3 cm de comprimento, ± 2 cm de largura
e 2 cm de espessura.
1
Depois de cortar as amostras em taliscas deve-se polir ligeiramente a superfície a partir da qual se
pretende fazer o estudo. Este polimento é feito numa máquina de desgaste usando sucessivos pratos de
desgaste. Posteriormente, as taliscas são lavadas e colocadas a secar na placa de aquecimento, num
período mínimo de 15 minutos. No decorrer deste processo, as lâminas de vidro, onde serão coladas as
taliscas, são referenciadas com as correspondentes referências das taliscas em análise. A referência da
amostra é escrita a lápis na lâmina. Uma vez realizadas estas etapas, a talisca é colada à lâmina usando
a resina Epoxy, à qual se mistura um endurecedor e o corante azul. A mistura é aplicada sobre a
superfície polida da talisca com o auxílio da vareta de mistura. O “conjunto” formado por lâmina e
talisca é colocado na prensa entre 3 a 6 horas sobre base aquecida para secar.

Posteriormente, um conjunto de seis taliscas coladas em vidro é montado na serra de precisão para o
corte do excedente de material. A aderência do conjunto lâmina de vidro e talisca ao porta-amostras é
consumada pela força do vácuo. Segue-se, então, o desgaste da rocha até atingir uma espessura
específica de 30 µm. Esse procedimento é feito noutra máquina de desgaste, utilizando como agente
abrasivo o carboneto de silício. As lâminas obtidas anteriormente são colocadas sobre uma placa
aquecida, com a superfície em análise voltada para cima, colocando-se de seguida uma gota de bálsamo
do Canadá sobre a zona central da fina secção de rocha obtida. O bálsamo do Canadá é colocado com
o auxílio de uma seringa. Por último, cobre-se a fina secção de rocha com uma lamela de vidro que é
colocada primeiramente sobre uma das extremidades da lâmina, com um ângulo de aproximadamente
45 graus. Nesta etapa é importante certificar que o bálsamo do Canadá está distribuído de modo
homogéneo pela totalidade da lamela. Caso exista excessos de resina nas lâminas delgadas, estes são
retirados com recurso a acetona.

Nas amostras mais friáveis e argilosas, inicialmente foi efetuado um procedimento diferente, que
consiste na impregnação do material com resina Epoxy. Neste método, as amostras são cortadas de
modo a encaixarem no copo de impregnação. De seguida adiciona-se ao copo, na qual já se encontra a
amostra, uma mistura constituída por resina Epoxy, corante azul e endurecedor. A mistura é
ligeiramente aquecida para ficar mais fluida. O copo foi previamente untado com pasta de silicone para
facilitar a retirada da amostra impregnada. Posteriormente, o copo é colocado na câmara de aquecimento
a vácuo durante 24 horas. Quando cumprido este período de tempo, a amostra já se encontra em
condições para ser retirada na perfeição do copo. Posteriormente faz-se um corte com objetivo de se
observar uma superfície rochosa polida. Daqui em adiante o processo de produção de lâminas é
semelhante ao das taliscas. Torna-se importante referir que as amostras foram impregnadas com resina
Epoxy e corante azul (Unisol Blue AS) para fixar os grãos e, para facilitar a identificação do espaço
poroso. A cor azul é visível em polaroides paralelos, mas não quando cruzados, pois é uma substância
com propriedades isotrópicas.

A análise petrográfica incluiu descrições qualitativas e quantitativas. Para a quantificação dos


componentes existentes nas lâminas foi utilizado o método de contagem de pontos. As lâminas foram
primeiramente descritas qualitativamente segundo aspetos texturais e estruturais, tais como:
mineralogia, cimento, dimensão, calibragem, grau de rolamento dos grãos, contato entre os grãos e
porosidade. A dimensão dos grãos foi estimada com auxílio do retículo graduado do microscópio ótico.
Com estas medições foram identificadas as classes granulométricas que são baseadas nos limites de
Wentworth (1922): entre 4,00 e 2,00 mm (grânulo); entre 2,00 e 1,00 mm (areia muito grosseira); entre
1,00 e 0,50 mm (areia grosseira); entre 0,50 e 0,250 mm (areia média); entre 0,250 e 0,125 mm (areia
fina); entre 0,125 e 0,062 mm (areia muito fina); e menor que 0,062 mm (classificado como matriz).
No final desta etapa foi elaborado um breve resumo para cada lâmina analisada.

2
Figura I-1 Metodologia usada na produção de lâminas: a) serra de corte, b) taliscas e copos de impregnação, c) lâminas
impregnadas, d) moldes retirados do copo de impregnação, e) lâmina colada às taliscas que já se encontram impregnadas, f)
serra de precisão e g) máquina de desgaste..

A seguir foi realizada a contagem de 300 pontos no mínimo por seção delgada, para a obtenção de
valores percentuais da composição mineralógica e porosidade da rocha. No método de contagem de
pontos os constituintes mineralógicos estão dispostos ao longo de linhas e são quantificados a intervalos
regulares de 0.5 mm, sobre a seção petrográfica de 1.5 cm de largura e 1 cm de altura. Esta análise
permite obter a quantidade percentual de cada constituinte na amostra. Os pontos foram registados
diretamente no software PELCON POINT COUNTER. A movimentação em intervalos regulares para
contagem de pontos é assegurada pela platina motorizada que está afixada sobre a platina rotativa do
microscópio de luz polarizada através de um único parafuso (figura I.2). Durante a análise a platina
motorizada desloca a amostra pressionando a tecla respetiva no teclado. Cada tecla é atribuída um
mineral ou poro. No final de cada linha, desloca-se manualmente a amostra para a próxima linha de
análise com o auxílio dos dois discos dentados que se encontram no equipamento.

Figura I-2 Método de contagem de pontos: a) aparelhos utilizados no método de contagem de pontos, b) platina motorizada
afixada ao microscópio óptico e teclado, c) PELCON POINT COUNTER versão 2.00.

A partir da análise de dados da petrografia sedimentar foi possível identificar potenciais reservatórios.
As amostras com potencial de reservatório foram identificadas principalmente pela porosidade
intergranular e composição mineralógica.
3
II. Conceitos teóricos

1. Introdução

O petróleo, após ser gerado e ter migrado, é eventualmente acumulado na rocha reservatório. De um
modo geral, os reservatórios são corpos rochosos porosos e permeáveis que contêm quantidades
comerciais de hidrocarbonetos (Ahr, W.M., 2008). As rochas porosas não servem apenas como
armazenadores finais do petróleo acumulado. Elas servem igualmente como rotas de migração
importantíssimas para os fluidos petrolíferos, atuando como carrier beds (Milani, E.J., et al., 2001).

As rochas-reservatório siliciclásticas são normalmente litologias compostas por material detrítico de


granulometria da fração areia a seixo, representam antigos ambientes sedimentares de alta energia,
portadores de espaço poroso onde o petróleo será armazenado e, posteriormente, será extraído. Tais
rochas são geralmente os arenitos, calcoarenitos e conglomerados (Milani, E.J., et al., 2001). Os
ambientes de deposição determinam a arquitetura e a geometria das rochas reservatório siliciclásticas.
Em ambientes não marinhos, os reservatórios areníticos são depositados em ambientes fluviais, eólicos
e lacustres, enquanto que em ambientes marinhos essas rochas reservatórios ocorrem em deltas,
marinho raso e marinho profundo (Magoon, L. & Dow, W., 1994).

Os reservatórios devem sua porosidade e permeabilidade à processos de deposição, diagénese ou fratura


- individualmente ou combinados (Ahr, W.M., 2008). Dado que os reservatórios são corpos
tridimensionais compostos por matriz rochosa e redes de poros interligados quando a geometria
tridimensional (tamanho e forma) do sistema de poros conetados é conhecida, torna-se possível (Ahr,
W.M. 2008):

• determinar locais de perfuração em perspetivas de exploração ou desenvolvimento,


• estimar o volume do recurso no reservatório,
• obter uma extração ótima do recurso,
• determinar a praticidade da perfuração de poços adicionais para alcançar o melhor espaçamento
entre os poços de campo durante o desenvolvimento, e prever o caminho a ser tomado pelos
fluidos injetados (Ahr, W.M., 2008).

2. Porosidade e Permeabilidade

Um reservatório pode ser definido como uma rocha que tem porosidade e permeabilidade. A porosidade
é a percentagem do volume global de uma rocha correspondente aos espaços (poros) entre os grãos,
partículas ou cristais, podendo estes poros estar conectados ou não. Pode ser expressa como (Serra, O.,
1986):
𝑉𝑝 𝑉𝑡 − 𝑉𝑠
Ø= =
𝑉𝑡 𝑉𝑡
Onde o Vp, é o volume dos poros, Vt é o volume total e Vs, é o volume de sólidos.

A porosidade absoluta corresponde a relação entre o volume total de vazios de uma rocha e o volume
total da mesma. Por outro lado, os poros conectados constituem porosidade efetiva que é simplesmente
4
a relação entre o volume de vazios conectados de uma rocha e o volume total da mesma (Syed A. et al.,
2010).

Os fatores que determinam a porosidade, ou seja, o volume dos poros, sua geometria e sua distribuição,
são o ambiente deposicional e a subsequente diagénese, daí a importância de identificar tais fenómenos
antes de qualquer avaliação de poços. É assim possível falar de uma porosidade deposicional que
depende do tipo de rocha e da textura. Em certos casos esta porosidade pode ser rapidamente modificada
por processos diagenéticos que aumentam a sua porosidade diagenética, resultado da dissolução ou da
formação de fraturas, ou a reduzem por recristalização ou cimentação. Nas rochas detríticas, a
porosidade deposicional é essencialmente do tipo intergranular, embora possa variar em carbonatos
(Serra, O., 1986).

A porosidade presente quando o sedimento é depositado é denominada por porosidade primária.


Enquanto que a porosidade que se desenvolve após a deposição é conhecida como porosidade
secundária (Syed A. et al., 2010).

A porosidade raramente é homogénea dentro de um determinado reservatório. Muitas vezes é possível


encontrar variações no tipo de porosidade na extensão vertical de um reservatório (Syed A. et al., 2010).

A permeabilidade de um meio é sua capacidade de permitir o fluxo de um fluido (gás, óleo ou água).
Representa-se por K e mede-se em darcys (D) e milidarcys (mD) (Serra, O., 1986).
Pode-se classificar a permeabilidade em (Serra, O., 1986):
• permeabilidade absoluta é a capacidade de uma rocha permitir o fluxo do fluido através dos
seus canais porosos, considerando que a rocha está 100% saturada com um único fluido;
• permeabilidade efetiva de um fluido é uma medida da facilidade com que o fluido flui através
de um reservatório na presença de outros fluidos;
• permeabilidade relativa corresponde ao quociente entre a permeabilidade efetiva de um
determinado fluido pela permeabilidade absoluta.

3. Diagénese e Porosidade

A diagénese é definida como "a soma de alterações físicas, químicas e bioquímicas que afetam um
sedimento depois que foi depositado e durante ou após sua litificação". Inclui todos os processos pós-
deposicionais, com exceção do metamorfismo e da meteorização superficial (Serra, O., 1986). Os
efeitos combinados do soterramento, da bioturbação, da compactação e das reações químicas entre a
rocha, o fluido e a matéria orgânica determinarão em última instância a viabilidade comercial de um
reservatório (Syed A., et al., 2010).

As argilas são também importantes para a equação diagenética pois são responsáveis pela formação de
grãos facilmente compressíveis, cimentos e cristais obstruindo os poros. Os minerais de argila podem
preencher os poros e fraturas, substituir parcial ou completamente os grãos detríticos ou preencher
vazios deixados pela dissolução de grãos estruturais, às vezes preservando as texturas dos grãos
hospedeiros que substituíram (Syed A. et al., 2010). As argilas podem ser classificadas como argilas
alogénicas e autigénicas. As argilas que se formam antes da deposição e misturam-se com os grãos da
dimensão da areia durante ou imediatamente a seguir à deposição são denominadas por argilas

5
alogénicas; por outro lado as argilas que se desenvolvem dentro da areia após o soterramento são por
sua vez classificadas como argilas autigénicas (Syed A. et al., 2010).

Antes da diagénese, a porosidade e a permeabilidade são controladas pela composição do sedimento e


pelas condições que prevaleceram durante a deposição (Syed A. et al., 2010).

A porosidade e a permeabilidade são propriedades petrofísicas, que são subsequentemente alteradas


através da diagénese (Syed A. et al., 2010).

As partículas de uma camada de sedimento podem ser sujeitas a (Syed A. et al., 2010):

• compactação, na qual as partículas são movidas para contato mais próximo com seus vizinhos por
pressão;

• cimentação, na qual as partículas ficam revestidas ou rodeadas por material precipitado;

• recristalização, na qual as partículas mudam de tamanho e forma sem alterar a composição;

• substituição, na qual as partículas mudam sem alterar o tamanho ou a forma;

• solução diferencial, na qual algumas partículas são dissolvidas total ou parcialmente, enquanto outras
permanecem inalteradas;

• autigénese, em que as alterações químicas causam alterações no tamanho, forma e composição (Syed
A. et al., 2010). A autigénese resulta no aparecimento de novos minerais, seja por introdução direta ou,
mais frequentemente, pela alteração de minerais pré-existentes. É muito semelhante ao processo de
cimentação em termos do efeito final. Um exemplo seria a formação de caulinite pela alteração de
feldspatos (Serra, O., 1986).

Qualquer uma dessas transformações pode impactar significativamente a porosidade e a permeabilidade


e assim modificar o volume do reservatório e a taxa de fluxo. Esses efeitos são, portanto, de grande
interesse para os geólogos e engenheiros de petróleo em seus esforços para otimizar a produção (Syed
A. et al., 2010).

A porosidade e a permeabilidade são parâmetros especialmente importantes tanto para o


desenvolvimento diagenético como para os seus efeitos sobre a rocha reservatório. A quantidade de
água ou outros fluidos e sua taxa de fluxo através da rede de poros governa as quantidades e tipos de
minerais dissolvidos e precipitados, o que por sua vez pode alterar os caminhos e taxas de fluxo (Syed
A. et al., 2010).

A porosidade primária é frequentemente destruída ou substancialmente reduzida durante o


soterramento. No entanto, outros processos diagenéticos também podem estar em ação, alguns dos quais
podem aumentar a porosidade (Syed A. et al., 2010).

A porosidade secundária é tipicamente gerada através da formação de fraturas, remoção de cimentos ou


lixiviação de grãos estruturais e pode desenvolver-se mesmo na presença de porosidade primária. Os
poros secundários podem ser interligados ou isolados; os poros que estão conectados constituem
porosidade efetiva, o que contribui para a permeabilidade. Em alguns reservatórios, os poros
secundários podem ser a forma predominante de porosidade efetiva (Syed A. et al., 2010). Este tipo de
porosidade secundária pode ser importante do ponto de vista do sistema petrolífero. A maior parte da
geração de hidrocarbonetos e da migração primária ocorre abaixo da faixa de profundidade de
porosidade primária efetiva. O caminho de migração primária e a acumulação de hidrocarbonetos são
comumente controlados pela distribuição de porosidade secundária (Syed A. et al., 2010).

6
O soterramento mais profundo é acompanhado pelas causas primárias da perda de porosidade:
compactação e cimentação.

A compactação reduz o espaço poroso e a espessura, assim sendo tem-se uma redução na porosidade
inicial (Serra, O., 1986).

Além de a cimentação reduzir o espaço poroso esta pode também dificultar a compactação e dissolução
da areia nos contatos entre grãos (Syed A. et al., 2010).

A maior parte dos processos diagenéticos, com exceção da dissolução e ocasionalmente da redeposição,
implicam uma redução da porosidade que pode ser bastante substancial (Serra, O., 1986).

Processos como precipitação de cimento, recristalização e compactação normalmente resultarão em


uma redução substancial da permeabilidade juntamente com uma perda de porosidade. A dissolução e
a substituição mineralógica só aumentarão a permeabilidade se os poros recém-criados estiverem
conectados ao sistema de poros existente e se os canais conectados forem ampliados (Serra, O., 1986).

4. Teor de argila e permeabilidade

Como o tamanho do grão dos minerais de argila é muito pequeno, o tamanho dos poros e dos canais
que os ligam é também muito pequeno o que resulta em enormes forças capilares e muito baixas
permeabilidades. Assim, qualquer presença de argila no reservatório pode ter consequências diretas na
permeabilidade do reservatório. No entanto, o modo de distribuição da argila na rocha reservatório
também deve ser levado em conta (Serra, O., 1986).

Se a argila estiver em camadas finas, terá um efeito muito importante na permeabilidade vertical, mas
muito pouco efeito na permeabilidade horizontal dos leitos dos reservatórios, por mais estreitos que
sejam (Serra, O., 1986).

Se a argila é dispersa no espaço poroso, mesmo uma pequena percentagem pode ter profundas
consequências sobre a permeabilidade fazendo os valores desta cair muito rapidamente. Nesta situação
deve-se ter em conta o tipo de mineral de argila e sua distribuição no espaço poroso. Os cristais de
caulinite, grandes agrupados em "livros", terão muito menos efeito do que um volume equivalente de
clorite ou montmorilonite que reveste os grãos de quartzo e ainda menos do que um volume equivalente
de filamentos de ilite formando pontes entre os grãos. Daí a importância do tipo de distribuição e da
natureza da argila na avaliação do reservatório (Serra, O., 1986).

5. Sistemas deposicionais fluviais

Os sistemas fluviais primariamente recolhem e transportam sedimentos para bacias lacustres ou


marinhas (Galloway, W. & Hobday, D., 1983).

Na porção proximal o rio tende a ser entrançado, enquanto que as suas porções distais o curso fluvial
apresenta um padrão meandriforme (Miall, 1992; Orton & Reding, 1993 in Silva, A. et al., 2008). Esta
variação é decorrente da maior declividade do substrato, da maior variabilidade de descarga e do

7
predomínio de sedimentos de granulometria mais grosseira nas regiões proximais (Silva, A. et al.,
2008).

Os rios entrançados formam uma rede de canais interconectados separados por barras arenosas ou
cascalhentas. Correspondem a rios de carga de fundo na classificação de Schumm (1972 in Silva, A. et
al., 2008). Em oposição, os rios meandriformes são caracterizados por canais com alta sinuosidade e
que apresentam pouca variação na descarga. Correspondem a rios de carga mista na classificação de
Schumm (1972 in Silva, A. et al., 2008).

Em ordem de abundâncias, os depósitos de planície de inundação, onde os sedimentos de granulometria


muito fina são dominantes, estão associados a canais anastomosados, meandriformes e entrançados
(Silva, A. et al., 2008).

Os sistemas deposicionais fluviais são primariamente gradacionais (Galloway, W. & Hobday, D.,
1983). Em ambiente fluvial têm-se sequências positivas métricas em sedimentos siliciclásticos (Serra,
O., 1986). Os depósitos fluviais são, muitas vezes, texturalmente imaturos, especialmente perto da fonte
onde podem ser conectados com leques aluviais e, portanto, não têm altos níveis de porosidade.
Contudo, não é esse o caso dos depósitos de canais que constituem os melhores reservatórios e também
apresentam condições mais favoráveis para a formação de armadilhas estratigráficas (Casnedi, R.,
2005).

6. Depósitos de rios meandriformes

Os reservatórios fluviais podem estar parcial ou totalmente compartimentados por plugs de argila de
canal abandonados (Ambrose et al., 1991 in Shepherd, M., 2009) (Figure 176e).

Se a conectividade vertical for boa entre as barras de pontal, os


plugs de argila podem ser ignorados acima e abaixo. Se as barras de
pontal são isoladas verticalmente, os plugs de argila são mais
propensos a funcionarem como barreiras (figura II.1) (Shepherd,
M., 2009).

Determinar a conectividade dos corpos de areia no sistema


Figura II-1 Conetividade vertical entre
point bars e existência de plugs de meandriforme é fundamental para avaliar a comercialidade dos
argila. tipos de reservatórios. As barras de pontal individuais são corpos
de reservatórios relativamente pequenos que provavelmente conterão apenas alguns milhões de barris
de óleo recuperável na melhor das hipóteses. Estes reservatórios podem ser perfurados com sucesso em
terra, onde os poços são relativamente baratos, mas são menos propensos a gerar muito lucro como um
alvo primário offshore. No entanto, se vários destes corpos de areia se sobrepõem, uns aos outros, ao
combinarem-se podem formar um volume de areia conectado maior (Shepherd, M., 2009). A
conectividade pode resultar da incisão vertical de uma barra de pontal em uma barra de pontal
subjacente mais antiga, criando uma pilha de corpos de areia (figura II.2). A conectividade além de ser
causada por incisão vertical de barras de pontal, esta também ocorre através do contato de areia-a-areia
entre crevasse splays e barras de pontal (Shepherd, M., 2009).

8
Figura II-2 Barra de pontal e crevasse splays no seio dos finos de planície de inundação.

Várias escalas de heterogeneidades, desde a escala microscópica até a escala megascópica, existem
entre e dentro dos depósitos fluviais (Viste, I., 2008). A compreensão da ocorrência e variabilidade
dessas várias escalas de heterogeneidades foi considerada importante para melhor caracterizar e
modelar esses tipos de reservatórios e produzir hidrocarbonetos (Keogh et al., 2007; Pranter et al, 2007
in Viste, I., 2008).

A heterogeneidade de um reservatório fluvial, à escala de campo, depende da hierarquia dos elementos


arquiteturais, padrões de empilhamento de areia e conectividade associada entre os corpos de areia do
reservatório (Viste, I., 2008). A heterogeneidade de escala intermédia nos corpos de areia fluviais
individuais também afeta o desempenho do reservatório e geralmente é associada à distribuição de
fácies, calibragem e variação de litologia (Pranter et al., 2007 in Viste, I., 2008).

Na escala intermédia, a estratificação heterolítica interna de reservatórios fluviais produz variações nas
propriedades do reservatório que podem afetar o fluxo e a distribuição do fluido, como a porosidade, a
permeabilidade e os volumes de argila e areia, e todos são governados por pequenas geometrias (cm- a
mscale) (Viste, I., 2008). Os grandes contrastes de grãos e a lâmina de vasa, em particular drapes em
superfícies de acreção lateral (Pranter et al., 2007 in Viste, I., 2008), tipicamente dão uma forte
anisotropia de permeabilidade (Viste, I., 2008). Isso força os fluidos a se moverem ao longo de
caminhos controlados pelas estruturas da estratificação e por razões de argila/areia (Elfenbein et al,
2005 in Viste, I., 2008).

No caso de reservatórios de barras de pontal isoladas com uma razão de net-to-gross baixa, as
características deposicionais internas comuns são unidades de acreção lateral e estratificação associada
que criam a variabilidade de escala intermédia (Viste, I., 2008). Essas unidades deposicionas e
estratificação associada a drapes de argila podem influenciar a compartimentação do reservatório, pois
são possíveis defletores e barreiras ao fluxo de fluidos (Viste, I., 2008).

Além disso, as variações internas da fácies, como a mudança vertical, desde a estratificação cruzada até
o arenito com ripples (marcas de ondulação), produz uma tendência de aumento do tamanho do grão
para o topo e uma correspondente diminuição na porosidade e permeabilidade (Pranter et al., 2007 in
Viste, I., 2008).

9
III. Enquadramento Geológico
1. Localização geográfica

A área de estudo corresponde a um troço de costa localizado na margem ocidental de Portugal


continental, no concelho de Lourinhã (figura III.1) entre a praia de Paimogo (Norte) e a praia da Areia
Branca (Sul). O troço de costa compreende arribas litorais com cerca de 50 metros de altura e 2160
metros de extensão e corresponde a depósitos fluviais. O conjunto de amostras foi recolhido, na praia
de Paimogo (amostras 1,2,3,4,5, 6, 7, 8, 9,10,11, 10, 12, 13 e 14), Caniçal (amostras 15 e 16), Vale de
Frades (amostras 16F, 17, 18, 19, 20, 21 e 24) e Areia Branca (22, 23, 25,26,27).

A B

D
Figura III-1 Enquadramento geográfico: a) Portugal, Lourinhã; b) praia de Paimogo, zona norte; c) Troço de costa de
Paimogo a Vale dos Frades; d) troço de costa de Vale dos Frades a Areia Branca no conselho da Lourinhã.
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A localização exata das amostras pode ser consultada na Tabela III-1, que contém as coordenadas
geográficas referente a cada amostra.

Amostra Coordenadas Geográficas


Número Latitude Longitude
1 39°17'11.75"N 9°20'27.57"W
2 39°17'11.99"N 9°20'27.47"W
3 39°17'11.91"N 9°20'27.37"W
4 39°17'12.07"N 9°20'26.73"W
5 39°17'12.49"N 9°20'24.36"W
6 39°17'13.24"N 9°20'24.18"W
7 39°17'13.23"N 9°20'23.99"W
8 39°17'13.36"N 9°20'20.89"W
9 39°17'11.82"N 9°20'17.99"W
10 39°17'8.81"N 9°20'15.14"W
11 39°17'8.85"N 9°20'15.18"W
12 39°17'4.67"N 9°20'13.10"W
13 39°17'2.71"N 9°20'13.88"W
14 39°17'2.64"N 9°20'13.81"W
15 39°17'1.81"N 9°20'12.50"W
16 39°16'58.80"N 9°20'10.27"W
16F 39°16'36.84"N 9°20'8.94"W
17 39°16'31.77"N 9°20'6.70"W
18 39°16'31.73"N 9°20'6.75"W
19 39°16'33.04"N 9°20'6.75"W
20 39°16'24.04"N 9°20'8.00"W
21 39°16'23.91"N 9°20'7.90"W
22 39°16'18.97"N 9°20'7.64"W
23 39°16'18.25"N 9°20'7.11"W
24 39°16'28.47"N 9°20'6.01"W
25 39°16'14.23"N 9°20'8.23"W
26 39°16'14.19"N 9°20'8.22"W
27 39°16'6.01"N 9°20'7.92"W

Tabela III-1 Coordenadas geográficas referente a cada amostra.

11
2. Contexto geológico

a) Génese e evolução da Bacia Lusitânica

A Bacia Lusitânica é uma bacia sedimentar que se desenvolveu na Margem Ocidental Ibérica (MOI)
durante parte do Mesozoico (Kullberg, et al., 2013), cujo assoalhamento oceânico se iniciou no
Cretácico Inferior (Reis et al., 2011). Caracteriza-se como uma bacia distensiva, pertencente a uma
margem continental do tipo atlântico de rift não vulcânica (Kullberg et al., 2013).

A Bacia Lusitânica constitui uma das múltiplas bacias marginais do Atlântico Norte, situada no onshore
e no offshore raso português, tendo a Bacia de Peniche mais a oeste (no offshore profundo) gerada na
sequência do fraturamento da Pangeia no Triássico (Withjack e Schlische, 2005; Miall, 2008 in Reis et
al., 2011). A rotura da Pangeia, separou dois grandes continentes, a Laurasia a norte e a Gondwana a
sul (Kullberg et al., 2013). Assim sendo, consolida-se que, a Bacia Lusitânica resultou da extensão
inicial da crosta continental da Pangeia e da abertura posterior do Oceano Atlântico Norte como
resultado de rifting e propagação do fundo marinho (seafloor) (Reis, R. & Pimentel, N., 2014). No
entanto, a origem desta bacia, cujos sedimentos basais datam do Triássico Superior, enraiza-se em um
quadro geodinâmico bem mais antigo, iniciado com as colisões continentais paleozoicas, continuado
com a abertura e fechamento do Tétis ocidental e terminado com a abertura do Atlântico Norte (Reis et
al., 2011).

A Bacia Lusitânica ocupa mais de 20 000 km2 na parte central da Margem Ocidental Ibérica (MOI)
(Kullberg et al., 2013), estende-se por cerca de 250 km de norte a sul e 100 km de leste a oeste, de
frente para o Atlântico a oeste (Reis, R. & Pimentel, N. 2014). Aflorando cerca 2/3 na área continental
emersa e a restante área, encontra-se imersa, na plataforma continental. Trata-se da única bacia das
margens do Atlântico Norte com extensa exposição superficial, pelo que tem atraído nas últimas
décadas um número considerável de geólogos, especialistas de variados domínios, para a realização de
trabalhos de investigação integrados em equipas nacionais e internacionais, muitas delas ligadas à
indústria do petróleo (Kullberg et al., 2013). A Bacia Lusitânica possui um preenchimento sedimentar
com espessuras muito variáveis e superiores a 5 km nas suas áreas depocêntricas, apresentando um
registro que vai desde o Triássico Superior até o Cretáceo Superior, com taxas bastante variáveis e mais
de 3km de sedimentos acumulados localmente no Jurássico Superior (Reis et al., 2011). A Bacia
Lusitânica tem um denso preenchimento sedimentar e uma fácies muito distinta, incluindo uma ampla
gama de depósitos siliciclásticos, carbonatados e mistos (Reis, R. & Pimentel, N., 2014). Os
reservatórios granulares estão presentes em fácies siliciclásticas continentais, transicionais e marinhas;
os vazamentos de óleo e as demonstrações de óleo foram observadas em unidades siliciclásticas e
carbonatadas de diferentes idades, incluindo Triássico Superior, Jurássico e Cretácico (DPEP, 2012 in
Reis, R. & Pimentel, N., 2014).

A sua evolução Mesozóica foi fortemente condicionada pela herança estrutural e litológica do
embasamento Paleozóico (Reis, R. et al., 2011). A evolução do soco Paleozóico e da extensão
Mesozóica criou uma sucessão complexa de eventos e preenchimento sedimentar (Reis, R. & Pimentel,
N., 2014). Durante o Mesozoico a MOI, até ao final do Cretácico Inf. evoluiu em regime tectónico
distensivo, produzindo o estiramento da crosta continental e subsidência localizada, a superfície, em
particular no domínio da Bacia Lusitânica, registada na sequência sedimentar acumulada e nas falhas
normais que estruturaram a bacia. A partir daqui o domínio territorial da Bacia Lusitânica evoluiu
progressivamente para um duradouro regime de soerguimento e erosão, embora o registo de regimes

12
tectónicos compressivos ativos, com reativação de falhas importantes da bacia, seja sobretudo de idade
Miocénica, no contexto da orogenia alpina (Ribeiro et al., 1990 in Kullberg et al., 2013).

A atividade ígnea que ocorreu durante todo o Mesozoico constitui um bom traçador da evolução
geodinâmica da Placa Ibérica síncrona com a abertura do Oceano Atlântico e a reorganização do Oceano
Tétis (Wilson et al., 1989; Kullberg, 2000 in Kullberg et al., 2013). Ao todo ocorreram quatro eventos
magmáticos na evolução geodinâmica regional da Bacia Lusitânica (Reis et al., 2011).

A atual configuração do Oceano Atlântico foi precedida de vários episódios de rifting, os quais
estiveram na génese da Orla Meso-cenozoica portuguesa e se relacionam com a intensa atividade ígnea
que nela ocorreu. Diferentes autores consideram vários episódios de rifting, em geral três (e.g. Olivet
et al.,1984; Montenat et al., 1988; Wilson, 1988; Wilson et al., 1989; Soares et al., 1993, parcialmente;
Stapel et al., 1996; Pinheiro et al., 1996 in Kullberg et al., 2013) ou quatro (e. g. Kullberg et al., 1997,
em parte; Rasmussen et al., 1998; Kullberg, 2000; Alves et al., 2002, 2006 in Kullberg et al., 2013),
com limites de episódios nem sempre coincidentes (Kullberg et al., 2013).

De acordo com Kullberg et al., (2013), o desenvolvimento da Bacia Lusitânica, ao longo de cerca de
135 Ma (Triásico Méd. ao Aptiano Sup.), é repartido por 4 episódios de rifting. O 1º episódio de rifting
(Triásico-Sinemuriano) corresponde aos estados iniciais de tensão da Pangeia, no início do ciclo alpino,
que levam progressivamente à sua fragmentação nomeadamente através da abertura do Oceano
Atlântico, propiciam na MOI a formação de importantes estruturas distensivas, em geral. A distensão,
nesta primeira fase de rifting tem uma orientação aproximada NE-SW, leva à reativação de falhas
herdadas do ciclo anterior, e à formação de importantes depressões estruturais (grabens e hemi-
grabens). À medida que a Bacia se aprofunda e se alarga, especialmente a partir do Hetangiano, o
carácter evaporítico da Form. de Dagorda acentua-se e indica o aumento da influência de invasões
marinhas periódicas. A tendência transgressiva continua durante o Sinemuriano, através do
estabelecimento de uma rampa carbonatada.

No 2º episódio de rifting (Pliensbaquiano/Oxfordiano), durante o Sinemuriano – início do


Pliensbaquiano, observa-se uma transformação profunda na geometria e cinemática da Bacia. Esta passa
a estruturar-se em hemi-graben, basculado para oeste, limitada pelo relevo estrutural da Berlenga, ativo
durante a maior parte do tempo definido por este episódio. As principais falhas responsáveis pela
subsidência progressiva da Bacia são agora as falhas submeridianas e, pela primeira vez, são notórias
as variações de fácies e de espessuras controladas pelas falhas com orientação ENE-WSW a E-W. Estas
falhas compartimentam a bacia, originando três sectores distintos, produzindo subsidências diferenciais.
É, também, a partir desta altura, que parece começar a diferenciar-se um domínio externo da Bacia, a
oeste do horst da Berlenga. Deste modo, a Bacia passa a constituir uma bacia interna, desenvolvida sob
mar epicontinental. Aquela tendência de aprofundamento progressivo e de alguma aceleração da
distensão, continua até o topo do Oxfordiano, a partir do qual a Bacia sofre profundas modificações.
No entanto, no intervalo Caloviano Sup.-Oxfordiano Méd., a tendência é interrompida por evento que
atinge a Bacia Lusitânica na sua globalidade. O recomeço da distensão no Oxfordiano Méd.-Sup.
restabelece as condições de plataforma carbonatada, mas prenuncia já transformações profundas na
estrutura da Bacia, através da ativação local de falhas.

O 3º episódio de rifting (Kimeridgiano/Berriasiano Inf.) é marcado por rápida e profunda transformação


da Bacia Lusitânica, provocada por uma forte aceleração da distensão, que não só ativa de forma
significativa falhas já existentes, como vai fazer funcionar outras que aparentemente ainda não tinham
mostrado atividade notória em episódios anteriores. A instabilidade generalizada, de origem tectónica,
vai provocar grande acarreio de material siliciclástico na direção da Bacia; a progradação deste material,
13
proveniente dos quadrantes ocidental e oriental vai ser condicionada pela geometria da Bacia e, assim,
formam-se importantes sistemas de leques deltaicos submarinos em domínio de plataforma
carbonatada-terrígena.

Apesar da tendência para a colmatação da Bacia e o estabelecimento de uma geometria em golfo aberto
para S, ao longo do Cretácico Inf., do ponto de vista dinâmico profundas alterações se observam. O 4º
episódio de rifting ocorre durante o Berriasiano Sup.-Aptiano Sup. e está marcado no registo sedimentar
através de uma lacuna quase generalizada na Bacia, e é acompanhado de magmatismo, a cerca de 135
Ma (topo do Berriasiano). Este episódio, também, poderá ter sido antecedido por inversão tectónica. O
enchimento da Bacia é marcado pelo acarreio de materiais, predominantemente siliciclásticos,
provenientes de relevos emersos do Maciço Hespérico e do horst da Berlenga que drenam, em regime
por vezes aluvial a fluvial, em direção às áreas mais profundas da Bacia, situadas a sul. A súbita invasão
generalizada da Bacia por uma unidade de natureza siliciclástica (os grés do «Belasiano») que trunca e
sela todas as estruturas e uma grande variedade de unidades litostratigráficas da Bacia, marca a
descontinuidade de rotura da Bacia (breakup unconformity) no Aptiano Superior. (~112 Ma).

b) Jurássico da Bacia Lusitânica

No início do Jurássico, a sedimentação argiloevaporítica generaliza-se na bacia, originando espessos


depósitos lutíticos com abundante gesso e halite (Formação Dagorda, Hetangiano), enquanto nas bordas
se depositavam arenitos finos e dolomitos lutitos micáceos e dolomitos brechoides (Formação Pereiros,
cerca de 100m de espessura) (Reis et al., 2011). O ambiente deposicional revela condições subáridas,
evaporíticas e euxínicas, com desenvolvimento de ambientes lagunares alimentados por aportes finos
de leste (Palain, 1976 in Reis et al., 2011).

Para o topo, aumenta a abundância de intercalações dolomíticas, passando a sedimentação


predominantemente carbonatada com espessura da ordem de centena de metros (Formação Coimbra,
Sinemuriano) (Soares et al., 1985 in Reis et al., 2011). Nos níveis superiores, encontram-se alguns
níveis margosos com potencial gerador (Formação Água de Madeiros) e, localmente, a sedimentação é
calcária. Estes depósitos já contêm fósseis marinhos e registam a instalação expansiva de condições
marinhas rasas, com a acumulação de abundantes dolomitos e calcários, de fácies maciças e, por vezes,
cavernosas e de colapso sin-sedimentar (Reis et al., 2011). Sobre os depósitos carbonatados de
plataforma rasa, desenvolveram-se rapidamente depósitos margosos de fácies profundas, com níveis
ricos em matéria orgânica (Formação Vale das Fontes, Pliensbaquiano) (Reis et al., 2011).

Durante o Jurássico inferior, a sedimentação ocorreu num sistema de deposição de rampa carbonatada
(Reis, R. & Pimentel, N., 2014) e as condições de mar profundo mantiveram-se na maior parte da bacia,
com a espessa sedimentação margo-calcária (cerca de 300m), conhecida como Grupo Brenha,
(Pliensbaquiano-Aaleniano) (Duarte e Soares, 2002; Duarte, 2004 in Reis et al., 2011).

A sedimentação margosa marinha aberta gradualmente deu lugar a uma predominância de calcários em
todos os lugares da bacia - Formação do Cabo Mondego no Norte (Azerêdo et al., 2003) e do Grupo
Candeeiros no Sul (Witt, 1977 in Reis, R. & Pimentel, N., 2014).

Ao longo do Jurássico Médio, assiste-se a um progressivo raseamento dos ambientes sedimentares (Reis
et al., 2011). Uma regressão geral promoveu gradualmente a sedimentação superficial, atingindo
emersão e hiato deposicional na borda leste da bacia durante o Caloviano (Azerêdo et al., 2002, 2003).
A regressão acentuada, incluindo exposição sub-aérea e até erosão de parte das sequências marinhas
anteriormente depositadas resultou de uma importante reorganização geodinâmica e na reabertura da

14
bacia para sudoeste (Reis et al., 1995 in Reis, R. & Pimentel, N., 2014). Esta etapa fortemente regressiva
terminou com a passagem a ambientes transicionais ou mesmo evidências de exposição subaérea em
diversos locais da bacia (Azerêdo et al., 2002).

Após a descontinuidade do topo do Caloviano, a sedimentação foi retomada no Oxfordiano Médio, com
depósitos de natureza margo-calcária, por vezes betuminosos e com potencial gerador (Formação
Cabaços) (Reis et al., 2011). Esta unidade base do Jurássico Superior traduz um ambiente margino-
marinho a continental (lacustres, de águas doces e salobras) que é semelhante em toda a bacia,
apresentando, contudo, espessuras muito variáveis, entre 80 e 200 m (Kullberg et al., 2013).

No Oxfordiano Superior, a sedimentação torna-se gradualmente mais carbonatada, com bancadas


regulares de calcários e finos níveis margosos (Formação Montejunto, cerca de 200m a 300m) (Reis et
al., 2011) – esta acumulação é o resultado de uma rápida invasão marinha (Atrops e Marques, 1988 in
Reis, R. & Pimentel, N., 2014). As fácies passam a ser marinhas e com fortes variações
paleobatimétricas, desde calcários bioclásticos rasos a NE até calcários margosos pelágicos de rampa e
talude mais a SW. A NW, NE e SE, sente-se a influência das bordas da bacia com fácies lagunares e
transicionais (Reis et al., 2011).

A sedimentação marinha carbonatada foi


repentinamente interrompida pela
entrada abundante de material
siliciclástico em toda a bacia (Formação
Abadia), atingindo mais de mil metros de
espessura nos depocentros da bacia (Reis
et al., 2000). Esta espessura de
sedimentos do Kimeridgiano está
relacionada com um evento de rifting do
Jurássico Superior, reconhecido em
curvas de subsidência e relacionado com
o início da abertura do Atlântico ao sul
da Ibéria (Wilson et al., 1989;
Rasmussen et al., 1998 in Reis, R. &
Pimentel, N., 2014). A Formação Abadia
corresponde ao clímax do rift e seus
depósitos têm sido o objetivo, clássico,
da exploração de petróleo na Bacia
Lusitana no século XX (DPEP, 2013 in
Figura III.2 Quadro estratigráfico, de eventos e de ciclicidade da Bacia Reis, R. & Pimentel, N., 2014). Os
Lusitânica (parcialmente baseado em síntese de Wilson et al., 1990; leques turbidíticos (Formação Abadia)
Azerêdo et al., 2003; Duarte et al., 2004; Rey et al., 2006). A formação
estudada encontra-se assinalada a vermelho no quadro. depositaram-se nos setores distais a SW
(Reis et al., 2011), enquanto que nos
setores proximais a NW, NE e SE depositava-se espessos corpos aluvio-deltaicos (Formações Boa
Viagem e Alcobaça) (Reis et al., 2011). A progradação siliciclástica continental continua a cobrir a
bacia durante o Titoniano, resultando na acumulação de quase 1 km de areias e argilas fluviodeltaicas
(Formação Lourinhã, Hill, 1988). No Tithoniano, desenvolveram-se sistemas deposicionais fluviais
meandriformes e flúvio-deltaicos na Bacia Lusitânica, com acumulação de corpos arenosos canalizados,
intercalados em lutitos vermelhos de inundação (Formação Lourinhã) com espessuras médias da ordem
de 400 m (máximas de 1.100 m no Bombarral) (Reis et al., 2011). A sedimentação traduz a progradação
de depósitos siliciclásticos provenientes dos bordos oriental e ocidental da bacia (onde aflorava o
15
basement Paleozoico) para o seu sulco central com drenagem regional axial para SSW, passando neste
momento a fácies costeiras arenosas (Formação Porto da Calada) e carbonatadas (Formação Farta Pão)
(Hill, 1988). Esta progradação aluvial marca o resultado da atenuação da intensa subsidência tectônica
do Jurássico Superior, promovendo a colmatação e sedimentação predominantemente continental na
bacia, a qual prosseguiria até o Cretáceo Inferior (Reis et al., 2011). O quadro litoestratigráfico da Bacia
Lusitânica pode ser observado na figura III.2.

c) Formação de Lourinhã

A Formação da Lourinhã localiza-se nas zonas mais profundas da parte meridional do setor central
(sub-bacia de Arruda) e no setor sul da bacia (Kullberg, J.C., 2000). Segundo W. Witt (1977 in Kullberg,
J.C., 2000), em zonas estruturalmente deprimidas assenta em conformidade com a Formação de Abadia
e, em altos estruturais, mostra contacto em “onlap” com esta formação (Kullberg, J.C., 2000).
De acordo com, Kullberg et al., (2013) a Formação de Lourinhã [Titoniano] (muito variável, entre 200
e 600 m) (Hill, 1988; Rocha et al., 1996) (=Pteroceriano pars + Freixialiano, Choffat, 1901; Seifert,
1963; Mouterde et al., 1972) é uma unidade constituída essencialmente por uma sequência de arenitos
e margas com raros níveis calcários. A parte superior compreende sequências de depósitos siliciclásticos
margino-litorais, associados a margas e calcários. Por outro lado, a parte inferior compreende
sequências de margas, calcários margosos e calcários detríticos ricos de bivalves (Arcomytilus morrisi,
Myopholas multicostata, Trichites cf. saussurei, Myophorella lusitanica). As sequências de arenitos e
margas com raros níveis calcários é interrompida na parte média da unidade por alternâncias margosas
com pequenos níveis calcários; a biofácies, corrente apenas nestas alternâncias margosas, contem uma
associação de foraminíferos muito corrente a nível da Bacia (Anchispirocyclina lusitanica, A. cf.
maynci, Pseudocyclammina gr. parvula-muluchensis, Everticyclammina virguliana), além de
ostracodos e fragmentos de bivalves e espículas de espongiários.
Os arenitos micáceos são caracterizados pela presença de finas sequências positivas, com estratificação
cruzada, marcas de ondulação e de correntes e, raros níveis de argilas marinhas e margas com
concreções carbonatadas. No seu conjunto a unidade terá sido depositada em ambientes de linhas de
água meandriformes que atravessam áreas deltaicas ou aluviais.

Torna-se importante referir que na formação de Lourinhã foram definidos cinco membros de acordo
com às associações litológicas e, apresentando cada um características faciológicas e paleoambientais
distintas (Hill, 1988): Mb. Santa Cruz composto por arenitos grosseiros e argilas, traduzindo ambiente
de leque Aluvial; Mb. Amoreira composto por arenitos grosseiros e argilas, indicando ambiente de
leque Distal; Mb. Porto Novo composto por arenitos e argilas que indicam ambiente de rios
meandriformes; Mb. Assenta composto por arenitos, argilas e margas que indicam ambientes flúvio-
deltaicos; Mb. Praia Azul composto por argilas e margas fossilíferas, que indicam ambientes de planície
deltaica. Na figura III.3 pode ser observado o mapa paleogeográfico que ilustra a distribuição dos
ambientes sedimentares durante a deposição da Formação da Lourinhã.

A área de estudo encontra-se inserida na zona correspondente ao membro de Porto Novo (figuras III.4
e III.5), que se estende desde a zona compreendida entre o sul da praia de São Bernardino a Porto das
Barcas, mais a sul, pontualmente em Porto Dinheiro e Porto Novo e mais a norte, na zona de Ferrel e
Foz do Arelho (Hill, 1988). Segundo Hill (1988), o membro de Porto Novo apresenta um conjunto de
5 fácies (níveis de seixos e conglomerados (1); níveis areníticos (2); níveis argilosos no seio dos níveis
areníticos (3); níveis mais heterolíticos compostos por siltes e areias finas (4); níveis argilosos (5)) que
permitem, através da sua interpretação, recriar o ambiente acima descrito com relativa segurança. O
primeiro (1) além dos seixos e conglomerados apresenta grande quantidade de restos vegetais (madeira,
16
troncos e plantas). Esta associação sedimentar, associada a uma estratificação pouco desenvolvida é
concordante com depósitos provocados por cheias que terão aumentado muito a competência do rio
num curto espaço de tempo.

A fácies arenítica (2) é a mais diversificada do membro de Porto Novo podendo ser subdividida em 5
subfácies. Uma vez que corresponde a depósitos de canais fluviais, a existência de 5 subfácies origina-
se pela ocorrência de diferentes regimes entre os canais.
Os níveis argilosos no seio de níveis areníticos (3) são admitidos como sendo o material em suspensão
existente aquando dos episódios de cheia. A fácies heterolítica (4) é admitida como tratando-se de
depósitos localizados, originados em eventos de inundação.
Nestes depósitos são também visíveis fendas de dissecação, o que indica que estes sedimentos sofreram
exposição subaérea. A fácies argilosa (5) apresenta maior espessura em relação às outras fácies e é
interpretada como sendo depósitos de planície de inundação. Nesta ocorrem ainda níveis mais
carbonatados produto de processos pedogénicos.
Os canais arenosos encontram-se intercalados com níveis de margas, argilas e siltes de cor cinzenta-
esverdeada e, por vezes, avermelhada em determinados horizontes nos quais podem estar presentes
perfis de paleossolos. Estes níveis de paleossolos são caracterizados pelo desenvolvimento de
rizoconcreções carbonatadas e pelo crescimento de nódulos carbonatados (Hill, 1988). A presença de
perfis de solos carbonatados indica que estes depósitos se formaram sob um clima semi-árido a sub-
tropical, com estações secas e húmidas bem marcadas (Hill, 1988).

O ambiente de deposição do Membro de Porto Novo caracteriza-se por um sistema fluvial


meandriforme com um canal principal com uma série de canais tributários. A sedimentação ocorreu em
point bars, em diques e/ou planícies de inundação. Este sistema estaria sujeito a flutuações significativas
de descarga resultando, durante as inundações, na deposição de nódulos carbonatados pedogénicos
retrabalhados, de arenitos com laminação de corrente e de níveis espessos de margas, as quais podem
apresentar, localmente, fendas de dissecação, indicando exposição sub-aérea (Hill, 1988).

Figura III.3 Mapa paleogeográfico que ilustra a distribuição dos ambientes sedimentares durante a deposição da Formação
da Lourinhã. Estabelicimento de deltas costeiros na região de Santa Cruz (membro da Praia Azul). Uma transição para
ambientes predominantemente rasos ocorre a leste. Na parte norte da Bacia persistem ambientes fluviais meandriformes
(Membro do Porto Novo). Para sudoeste, a sedimentação de rampa carbonatada continuou (adapt. de Hill, 1988).

17
Figura III.4 Distribuição de unidades litoestratigráficas do Kimeridgiano/Titoniano (J3-J5) (Hill, 1988). A área estudada
está assinalada a vermelho no mapa.

Figura III.5 Quadro litoestratigráfico simplificado para o Jurássico Superior e Cretáceo Inferior da Bacia Lusitânica (Hill,
1988). A seção transversal é essencialmente norte-sul ao longo da costa (A). A Formação da Lourinhã é composta por cinco
membros. (B) Esquema geral da articulação estratigráfica e espacial dos Membros da Formação da Lourinhã entre a
Formação Abadia e os Grés de Torres Vedras (Reis, R. & Pimentel, N., 2006 adaptado de Hill, 1988).
18
IV. Trabalho de campo e amostragens

A sequência sedimentar representativa de ambiente fluvial meandriforme inclui canais arenosos, levee,
point bars, crevasse splay e finos de planície de inundação. Os corpos depocionais arenosos podem ser
maciços, sem qualquer estrutura sedimentar ou apresentar uma variedade de estruturas sedimentares.
Na área de estudo observou-se arenitos com laminações paralelas, estratificação cruzada planar,
estratificação cruzada tangencial, estratificação cruzada hummocky e estratificação paralela. Para além
dos arenitos também foram observados conglomerados intrabacinais e mudstones.

A distribuição de amostras e corpos arenosos na área de estudo pode ser observada na figura IV.3. As
amostras utilizadas para este estudo foram selecionadas tendo em conta a representatividade do caso
em estudo e grau de alteração.
Os afloramentos serão descritos de norte (Paimogo) para sul (Areia Branca) e do mais antigo para o
mais recente. No levantamento dos afloramentos e seções optou-se por amostrar e descrever todos os
corpos arenosos e fácies existentes de modo a não perder algum dado ou informação que seja relevante
na caracterização do reservatório. Ainda assim ficou por amostrar os arenitos que se encontram em
áreas inacessíveis das arribas litorais.
Seguindo ao longo da costa em direção à praia da Areia Branca é percetível a inclinação das camadas
para sul oscilando esta entre os 3º e o 12º (Dantas, 1987). Ao todo têm-se uma coluna estratigráfica de
150 m de altura (figuras IV.3, XI.2, XI.3 e X.4). Todas as amostras estão referenciadas com relação aos
metros desta coluna estratigráfica.

Toda a sequência sedimentar se encontra inclinada para sul devido à existência de um sinclinal com o
eixo na povoação da praia da Areia Branca (Camarate França et al., 1961). Observou-se também uma
falha a norte da ribeira de Paimogo e um filão a sul da mesma (figura IV.2).

Figura IV-1 Corte geológico da zona litoral entre o forte de Paimogo e a Praia da Areia da Branca (adaptado de Dantas,
1987, adaptado por sua vez de Cale, 1986).

19
Figura IV-2 Distribuição das amostras deste trabalho e corpos arenosos na área de estudo (adaptado de Nyrud, 2007).
Orientação NW-SE.

20
1. Paimogo

Na praia de Paimogo no extremo mais a norte, abaixo do forte, existe uma barra arenosa que
compreende, da base para o topo, arenitos médio a grosseiros com laminações paralelas, arenito maciço,
arenito com estratificação cruzada (feixes grosseiros), conglomerado intrabacinal e arenito maciço
bioturbado. Nesta barra arenosa foi colhida, da base para o topo, a amostra PAB-4, PAB-1, PAB-3,
PAB-2 e PAB-5. As amostras distam umas das outras entre 50 a 100 cm na vertical. A baixo segue a
descrição desta sequência sedimentar:

PAB-4 – Arenito com laminações paralelas: leito quase perfeitamente


horizontal de arenito cinzento amarelado de grão médio, micáceo, mal
calibrado e com milímetros de espessura de lâminas de carvão (figura IV.3).
Por vezes, as lâminas ocorrem inclinadas e descontínuas.

Trata-se de um leito muito fino com uma espessura de 25 cm e limite superior


erosivo.

Figura IV-3 Arenito com laminações paralelas. Leito de colheita da amostra PAB-4
colhida aos 2 metros da coluna estratigráfica.

PAB-1 – Arenito maciço: leito de arenito amarelo grosseiro micáceo caracterizado por pouca ou
nenhuma estrutura sedimentar visível (figura IV.4). O leito é sub-horizontal e tem espessura superior a
1.67 m. O limite superior é regular e o inferior é um pouco erosivo.

Figura IV-4 Arenito maciço. Leito de colheita da amostra PAB-1 colhida aos 4 metros da coluna estratigráfica.

PAB-3 – Arenito com estratificação cruzada planar e feixes grosseiros: leito de arenito cinzento de grão
médio, mal calibrado e com feixes grosseiros, formando estratificação cruzada planar (figura IV.5). A

21
espessura do leito é de 60 cm, o limite inferior é irregular, um pouco erosivo enquanto o limite superior
é regular.

Figura IV-5 Arenito com estratificação cruzada planar e feixes grosseiros. Leito de colheita da amostra PAB-3 colhida aos
4.50 metros da coluna estratigráfica.

PAB-2 – Conglomerados intrabacinais: a classificação de conglomerado intrabacinal pode ser


fundamentada pelo o facto de existirem grãos com
mais de 2 mm e clastos de vasa, estes ocorrem em
clusters e apresentam relativa suavidade (figura IV.6).

O leito conglomerático cinzento ocorre em associação


com horizontes de calcretos e apresenta estratificação
cruzada bem desenvolvida. A espessura do leito é de
45 cm e, os contatos mais baixos são geralmente são
erosivos.
Figura IV-6 Conglomerado intrabacinal. Leito de
colheita da amostra PAB-2 colhida aos 5 metros da
coluna estratigráfica.

PAB-5 – Arenito maciço bioturbado com concreções carbonatadas: leito de arenito cinza grosseiro, mal
calibrado e sem qualquer estrutura sedimentar clara. Os arenitos apresentam
bioturbação e concreções carbonatadas no topo (figura IV.7). As concreções
são corpos de calcite quase esféricos e parecem ter se formado pela
precipitação de minerais nos espaços porosos.

Os contatos mais baixos são geralmente erosivos e, em alguns lugares,


estruturas de esferas e almofadas podem ser identificadas.

A espessuras dos leitos são de escala decimétrica e raramente excedem 80


cm.

Figura IV-7 Arenito maciço bioturbado com concreções carbonatadas. Leito de colheita da
amostra PAB-5 colhida aos 9 metros da coluna estratigráfica.

Entre os 19 e 40 m de altura da coluna estratigráfica (figura IV.2 e XI.2), ocorre arenito planar/tabular
com estratificação cruzada hummocky, arenito com estratificação cruzada planar, arenito com

22
estratificação paralela, arenito maciço bioturbado e arenito com estratificação paralela horizontal
regularmente espaçada. A seguir é feita a descrição destes corpos arenosos.

PAB-7 – Arenito planar/tabular com estratificação cruzada hummocky: leito tabular de arenito de grão
médio, bem calibrado, com estratificação cruzada
hummocky e mudstone intermediário muito fino
(figura IV.8). Neste tipo de estratificação têm-se
lâminas onduladas e truncadas, os sets formam
estruturas côncavas e convexas. O leito é bastante
heterogéneo e se distingue por constituir um corpo
composto ou complexo de arenito com superfícies
amalgamadas e várias superfícies truncadas separadas
por um conjunto lâminas onduladas.
Figura IV-8 Arenito tabular com estratificação cruzada
hummocky. Leito de colheita da amostra PAB-7 colhida
aos 21 metros da coluna estratigráfica.

PAB-9 – Arenito com estratificação cruzada planar:


leitos de arenito cinzento a avermelhado de grão médio
a fino, bem calibrado e com estratificação cruzada 9.3
planar (figura IV.9). É notável a presença de
dissecações neste leito. 9.2

Os leitos individuais são geralmente delimitados por 9.1


leitos horizontais ou ligeiramente inclinados e não são
lateralmente extensos. A espessura varia de 50 a 80
Figura IV-9 Arenito com estratificação cruzada planar.
cm. A superfície inferior é regular. No limite superior Leito de colheita das amostras PAB-9.1, 9.2 e 9.3
podem ser observadas erosões. colhidas aos 27 metros da coluna estratigráfica.

PAB-10 e PAB-11 – Arenito com estratificação paralela: leito de arenito cinza de grão fino a médio
com estratificação paralela. Por vezes estratificação é descontínua (figura IV.10). É notável a presença
de dissecações neste leito. A base é grosseira a microconglomerática e contem grãos esparsos de
carbonato, rolados a sub-rolados. Os contatos mais baixos entre os leitos são erosivos e irregulares. No
que respeita aos contatos superiores estes são mais compatíveis com a areia fina e, ocasionalmente, com
a vasa.

A espessura do leito aumenta ao longo da sua extensão lateral, de norte para a sul, variando de 50 cm
para 175 cm.

11

10

Figura IV-10 Arenito com estratificação paralela. Leito de colheita das amostras PAB-10 e PAB-11 colhidas aos 31 metros
da coluna estratigráfica.
23
PAB-12 – Arenito maciço bioturbado: leito de arenito
castanho avermelhado maciço de grão fino muito bioturbado,
apresentando marcas do icnofóssíl taenedrium barretis
(figura IV.11). Essas marcas correspondem a tubos
aproximadamente cilíndricos de poucos centímetros de
diâmetro, que se estendem verticalmente ao longo de várias
camadas.

A calibração é boa.

A espessura dos leitos varia de 30 cm a 55 cm.

Quer o limite inferior como o superior são regulares.

Figura IV-11 Arenito maciço bioturbado. Leito de colheita da amostra PAB-12 colhida
aos 38 metros da coluna estratigráfica.

PAB-13 e PAB-14 – Arenito com estratificação paralela horizontal regularmente espaçada: trata-se de
uma barra arenosa formada por leitos de arenito cinza de grão fino, bem calibrado e com estratificação
paralela planar. Nesta barra arenosa observa-se camadas finas regularmente espaçadas (figura IV.12).
O corpo arenoso apresenta-se mais estratificado nas camadas superiores e tem espessura superior a 1.60
m não excedendo os 2 m.

Figura IV-12 Arenito com estratificação paralela horizontal regularmente espaçada. Leito de colheita da amostra PAB-13
(à esquerda) e amostra PAB-14 (à direita) colhidas aos 51 metros da coluna estratigráfica.

24
2. Vale dos Frades

À medida que se sobe na sequência estratigráfica, em direcção a Sul, constata-se o aumento da


percentagem de argila nos corpos arenosos. Na praia vale dos frades observou-se leitos de arenitos mais
argilosos e friáveis.

PAB-17 e PAB-18 – Arenito maciço castanho avermelhado: leito de arenito castanho avermelhado de
grão médio a fino, bem calibrado, bastante argiloso e sem
estrutura sedimentar clara, aparentemente maciço (figura
IV.13). Este leito tem espessura de 55 cm. Os contactos mais
baixos e superiores são predominantemente regulares.

17
18

Figura IV-13 Arenito maciço castanho avermelhado. Leito onde foi colhida a amostras PAB-17 e PAB-18
colhidas aos 105 metros da coluna estratigráfica.

PAB-19 – Arenito com estratificação paralela horizontal: leito de arenito cinza de grão médio a fino e
com estratificação paralela. Entre as camadas observa-se abundantes grãos de carvão (figura IV.14).
Têm-se erosões nos contatos mais baixos, mas seus contatos superiores são mais compatíveis com a
areia mais fina. Este leito ocorre nos níveis mais superiores, no cimo das escadas da praia e tem
espessura do leito é de 30 cm.

Figura IV-14 Arenito com estratificação paralela horizontal. Leito onde foi feita a colheita da amostra PAB-19 colhida
aos 108 metros da coluna estratigráfica.

Considerando o mesmo tipo de fácies, a 139 metros a sul do afloramento anterior observa-se o leito de
arenito bege/creme de grão fino, bem calibrado e com estratificação paralela (figura IV.15). A espessura
do leito é de aproximadamente 15 cm e no limite inferior estão presentes clastos de vasa. A amostra
PAB-24 foi colhida neste leito.

25
24

Figura IV-15 Arenito com estratificação paralela horizontal. Leito onde foi feita a colheita da amostra PAB-24 colhida aos
151 metros da coluna estratigráfica.

PAB-20 - Arenito com estratificação cruzada planar/tabular: leito de arenito grosseiro castanho
acinzentado, mal calibrado e com estratificação cruzada planar (figura IV.16). A espessura do leito é de
aproximadamente 2 m e é onde foi colhida a amostra PAB-20. A cima deste leito existe um nível de
arenito maciço de grão médio com 56 cm de espessura onde foi colhida a amostra PAB-21.

Figura IV-16 Arenito com estratificação cruzada planar/tabular. Na imagem está assinalada onde foi feita a colheita da
amostra PAB-20 e PAB-21 colhidas aos 116 e 118 metros da coluna estratigráfica

26
3. Areia Branca

No extremo norte da praia da Areia Branca, nos níveis mais superiores das arribas e aos 130 metros de
altura da coluna estratigráfica (figura IV.2 e XI.4) foi observado, no seio de argilas cinzentas, o leito de
arenito bege/creme de grão médio, mal calibrado e com estratificação cruzada tangencial bem
desenvolvida.

Figura IV-17 Arenito com estratificação cruzada planar/tabular e múltiplos sets com forsets tangenciais. Leito onde foi feita
a colheita da amostra PAB-22 colhida aos 130 metros da coluna estratigráfica.

PAB-22 – Arenito com estratificação cruzada tangencial: neste leito observa-se múltiplos sets com
forsets tangenciais (figura IV.17). A espessura do leito varia de 69 cm a 139 cm. O limite inferior do
leito é regular e ocorre bem marcado, por outro lado o limite superior é irregular e apresenta marcas de
erosão.

A 28 metros a sul do afloramento anterior foi avistado um canal arenoso (figura IV.18).

Figura IV-18 Canal arenoso avistado a 28 metros a sul do leito de arenito com estratificação cruzada tangencial.

27
PAB-23 – O canal arenoso apresenta uma configuração em V, na seção transversal, que corta as
camadas formadas anteriormente (figura IV.19). O depósito encontra-se intercalado com argilas
cinzentas e é formado por arenito bege/creme de grão fino, bem calibrado e com estratificação paralela.
A base deste corpo deposicional é côncava e erosiva enquanto que, o limite superior é gradacional às
argilas.

Figura IV-19 Canal arenoso com configuração em V e estratificação paralela. Local de colheita da amostra PAB-23 colhida
aos 143 metros da coluna estratigráfica.

PAB-25 e PAB-26 – Arenito com laminações paralelas: leito de arenito cinzento, grosseiro, mal
calibrado e com lâminas que se distinguem com base nas diferenças no tamanho de grão e na
composição mineral. As mudanças de cor realçam a presença de algumas lâminas. Os milímetros de
espessura de lâminas de minerais pesados estão concentrados junto ao limite superior do leito que é
concordante com arenito cinzento de grão médio, bem calibrado (figura IV.20).

Figura IV-20 Arenito com laminações paralelas (abaixo) e arenito maciço. Na imagem está assinalada o local onde foi feita
a colheita da amostra PAB-25 e PAB-26 colhidas aos 121 metros da coluna estratigráfica.

PAB-27 – Arenito maciço: leito de arenito cinzento de grão fino, mal calibrado micáceo caracterizado
por pouca ou nenhuma estrutura sedimentar visível. A espessura do leito é de 120 cm (figura IV.21).

28
Figura IV-21 Arenito maciço. Leito onde foi feita a colheita da amostra 27 colhida aos 123 metros da coluna estratigráfica.

O estudo de afloramentos permitiu a identificação de fácies e a distribuição das amostras em três


categorias: areias de canal, areias de crevasse e areias de levee (tabela IV-1).

canal PAB-1, PAB-2, PAB-3, PAB-4, PAB-5, PAB-13, PAB-14, PAB-19, PAB-
20, PAB-21, PAB-22, PAB-23, PAB-24, PAB-25, PAB-26, PAB-27.
Areia crevasse PAB-7, PAB-9, PAB-10, PAB-11.

levee PAB-12, PAB-17, PAB-18.

Tabela IV-1 Distribuição das amostras nos diferentes tipos de areia estudados.

A fácies mudstone está presente ao longo da área de estudo e consiste em material de silte e argila de
grão fino de cor vermelha, cinza ou manchada. Nenhuma estrutura sedimentar, geralmente, está
presente ou visível no mudstone. Por vezes fragmentos de conchas de ostras são encontrados no
mudstone. Os bancos de conchas podem ser incorporados nesta fácies. A amostra PAB-N1, colhida a
150 m à norte do Forte de Paimogo, é um ótimo exemplo de um banco de conchas. Trata-se de um
siltito rico em fragmentos de conchas de ostras (figuras IV.22 e V.18), possivelmente derivados de
inundações em condições salobras. Assim sendo estes bancos podem ser interpretados como superfície
de inundação marinha.

Figura IV-22 Fragmentos de conchas de ostras.

29
V. Caraterização macroscópica

Das 33 amostras colhidas na área de estudo foi feita a caracterização e análise petrográfica de 26
amostras e a estas amostras foi adicionado o prefixo PAB. As amostras de granulometria muito fina e
bastante friáveis não fazem parte deste estudo.
No capítulo anterior foi feita a descrição das camadas amostradas no campo, a seguir é apresentada a
descrição das amostras de mão a partir da qual foram feitas lâminas delgadas.

PAB-1: arenito amarelo de grão médio micáceo, mal


calibrado com grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo,
feldspatos e cimento argiloso (figura V.1). Boa porosidade.

Figura V-1 Amostra PAB- 1.

PAB-2: arenito cinzento grosseiro, mal calibrado com


abundantes grãos angulosos de quartzo, feldspatos, rara
mica e cimento carbonatado (figura V.2). A porosidade é
moderada.

Figura V-2 Amostra PAB-2.

PAB-3: arenito cinzento de grão médio, mal calibrado com


grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo, feldspatos,
presença de mica e cimento argiloso (figura V.3). Boa
porosidade.

Figura V-3 Amostra PAB-3.

PAB-4: arenito cinzento amarelado de grão médio, micáceo, mal calibrado com abundantes grãos sub-
angulosos a sub-rolados de quartzo, feldspatos e cimento carbonatado (figura V.4). Têm-se laminações
de biotite (figura V.4). Baixa porosidade.

30
Figura V-4 Amostra PAB-4.

PAB-5: arenito cinzento escuro grosseiro, mal calibrado com


abundantes grãos angulosos de quartzo, feldspatos, mica e
cimento carbonatado. Presença de concreções carbonatadas
(figura V.5). Baixa porosidade.

Figura V-5 Amostra PAB-5.

PAB-7: arenito cinzento claro de grão médio, bem calibrado com abundantes grãos angulosos de
quartzo, feldspatos, carvão e alguma mica, cimento carbonatado (figura V.6). Baixa porosidade.

Figura V-6 Amostra PAB-7.

PAB- 9.1 – base – arenito cinzento claro de grão médio, bem calibrado com abundantes grãos angulosos
a sub-angulosos de quartzo, feldspatos, micas e carvão. Presença de cimento carbonatado (figura V.7).
Baixa porosidade.

31
Figura V-7 Amostra PAB-9.1.

PAB-9.2 – camada intermédia – arenito cinzento de grão fino, bem calibrado com abundantes grãos
angulosos de quartzo, feldspatos e mica (figura V.8). Presença de cimento carbonatado. Baixa
porosidade.

Figura V-8 Amostra PAB-9.2.

PAB-9.3 – topo – arenito cinzento de grão fino, bem calibrado com abundantes grãos angulosos a sub-
angulosos de quartzo, feldspatos, carvão e mica (figura V.9). Presença de cimento carbonatado. Baixa
porosidade.

Figura V-9 Amostra PAB-9.3.

PAB-10: arenito cinzento grosseiro a microconglomerático,


mal calibrado com grãos angulosos de quartzo, feldspatos e
grãos esparsos de carbonato rolados a sub-rolados (figura
V.10). Presença de carvão e cimento carbonatado. A
porosidade é baixa.

Figura V-10 Amostra PAB-10.

32
PAB-11: arenito cinzento de grão fino, bem calibrado
com abundantes grãos angulosos de quartzo,
feldspatos, carvão e mica (figura V.11). Presença de
cimento carbonatado. A porosidade é moderada.

Figura V-11 Amostra PAB-11.

PAB-12: arenito castanho acinzentado de grão fino micáceo, bem calibrado com grãos angulosos de
quartzo e feldspatos (figura V.12). Presença de cimento carbonatado. Baixa porosidade.

Figura V-12 Amostra PAB-12.

PAB-13: arenito cinzento de grão fino, bem calibrado com abundantes grãos angulosos de quartzo,
feldspatos e mica (figura V.12). Presença de cimento carbonatado. Baixa porosidade.

Figura V-13 Amostra PAB-13.

PAB-14: arenito cinzento de grão fino, bem calibrado com abundantes grãos angulosos de quartzo,
feldspatos, micas e carvão (figura V.14). Presença de cimento carbonatado. Nesta amostra observa-se
a existência de estratificação paralela. Baixa porosidade.

33
Figura V-14 Amostra PAB-14.

PAB-17: Aaenito castanho claro de grão médio, bem


calibrado com grãos angulosos a sub-angulosos de
quartzo, feldspatos, mica, carbonato e cimento argiloso
(figura V.15). Trata-se de uma amostra friável e que
apresenta boa porosidade.

Figura V-15 Amostra PAB-17.

PAB-18: arenito castanho escuro de grão fino, micáceo, bem


calibrado com grãos angulosos de quartzo e feldspatos, argilas e
cimento carbonatado (figura V.16). Boa porosidade.

Figura V-16 Amostra PAB-18.

PAB-19: arenito cinzento de grão fino, bem calibrado com grãos


angulosos a sub-angulosos de quartzo, feldspatos e mica. Presença
de cimento carbonatado (figura V.17). Boa porosidade.

Figura V-17 Amostra PAB-19.

34
PAB-N1: siltito com abundantes fragmentos de conchas de
ostras variando de 0,5 a 1 cm de diâmetro. Também se observa
grãos grosseiros, angulosos e disseminados de quartzo,
feldspatos e plagióclase (figura V.18). Presença de micas,
carvão e cimento carbonatado. Baixa porosidade.

Figura V-18 Amostra PAB-N1 colhida aos 17


metros da coluna estratigráfica.

PAB-20: arenito grosseiro castanho acinzentado, mal calibrado


com grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo, feldspatos e
mica (figura V.19). Presença de carbonatos e cimento argiloso.
Trata-se de uma amostra bastante friável. A porosidade é
elevada/excelente.

Figura V-19 Amostra PAB-20.

PAB-21: arenito castanho de grão médio, mal calibrado com grãos


sub-angulosos de quartzo, feldspatos e mica (figura V.20). Presença
de carbonatos e cimento argiloso. Trata-se de uma amostra bastante
friável. A porosidade é boa.

Figura V-20 Amostra PAB-21.

PAB-22: arenito bege/creme de grão médio, mal calibrado com grãos


sub-angulosos a sub-rolados de quartzo, feldspatos e mica (figura V.21).
Presença de carbonatos e cimento argiloso. Trata-se de uma amostra
bastante friável. A porosidade é elevada/excelente.

Figura V-21 Amostra PAB-22.

PAB-23: arenito bege/creme de grão fino, bem calibrado com grãos


sub-angulosos a sub-rolados de quartzo, feldspatos e mica (figura
V.22). Presença de carbonatos e cimento argiloso. A porosidade é
moderada.

Figura V-22 Amostra PAB-23.

35
PAB-24: arenito bege/creme de grão fino, bem calibrado com grãos sub-angulosos a sub-rolados de
quartzo, feldspatos e mica (figura V.23). Presença de carbonatos, clastos de vasa na base e cimento
argiloso. A porosidade é baixa.

Figura V-23 Amostra PAB-24.

PAB-25: arenito cinzento laminado de grão grosseiro, mal calibrado


com grãos sub-angulosos a sub-rolados de quartzo, feldspatos e mica
e cimento carbonatado (figura V.24). A porosidade é baixa.

Figura V-24 Amostra PAB-25.

PAB-26: arenito cinzento de grão médio, bem calibrado com grãos sub-
angulosos a sub-rolados de quartzo, feldspatos e mica (figura V.25).
Presença de carbonatos e cimento argiloso. A porosidade é
elevada/excelente.

Figura V-25 Amostra PAB-26.

PAB-27: arenito cinzento de grão fino, mal calibrado com grãos sub-angulosos a sub-rolados de
quartzo, feldspatos e mica (figura V.26). Presença de carbonatos e cimento argiloso. A porosidade é
moderada.

Figura V-26 Amostra PAB-27.

36
VI. Estudo petrográfico

1. Composição mineralógica

O estudo mineralógico revelou que o quartzo monocristalino (média de 47.25%) é o mineral mais
abundante. Os feldspatos (média de 2.1%), mais ou menos alterados, ocorrem com quantidades
relativamente inferiores aos litoclastos (média de 7.15%). O grupo das micas (média de 4.9%) também
é comum nas lâminas analisadas, aparece de forma acessória e inclui biotite (média de 2.25%),
moscovite (média de 1.8%) e clorite (média de 0.9%). Também foi identificado minerais opacos, óxidos
e carvão. A matriz nas amostras é baixa a nula, e quando esta presente é constituída predominantemente
por argilas.

Na tabela VI-1 estão resumidos os dados e características das referentes amostras (am.).
Am. Metros Campo Litofácies Fácies Mineralogia
Nº Etta Nyrud Granul. E.Sedim Etta Nyrud Qz Fp Mc L Bc Cv Ag Es M
PAB-27 129 123 A. fino Maciço E G 41.4 7.6 7.2 10.5 – – 26.6 1 0.3
PAB-26 127 121 A. m Maciço E G 45.2 2.5 5 10.9 – – 20.2 1.2 –
PAB-25 127 121 A. gr Lamin. I D 45.3 4.3 3.7 9.1 – – 11.2 17.9 6.7
PAB-24 157 151 A. fino Estr. Par G – 41.7 4.3 9.6 15.2 – – 18.9 5.3 1.3
PAB-23 149 143 A. fino Estr. Par G – 40.4 5.4 5.7 9.2 – – 18.2 10.2 0.3
PAB-22 136 130 A. m Estr. Cx D B 49 4.5 2.6 9.6 – – 16.9 1 –
PAB-21 123 117 A. m Estr. Cx D B 40.5 5 7.4 10.3 – – 20.6 3.4 0.9
PAB-20 122 116 A. g Estr. Cx D B 38 5 7.7 11.3 – – 16 4 0.7
PAB-19 112 108 A. fino Estr. Par G – 50.8 2.4 3.3 4.3 – – 5.5 20.7 0.9
PAB-18 103 105 A. fino Maciço E G 46.6 1.6 7.6 5.9 – – 5.6 19.3 2
PAB-17 103 105 A. m Maciço E G 49.2 1 6 4.3 – – 20.5 7.3 –
PAB-14 47.5 51 A. fino Estr. Par G – 53.2 1.5 7.9 2.8 – 0.3 – 28.6 3
PAB-13 47.5 51 A. fino Estr. Par G – 52.9 1.4 4.1 5.5 – – 0.5 30.7 3
PAB-12 36 38 A. fino Maciço E G 51.3 1.1 6.1 2.8 – – 0.3 35.2 2.3
PAB-11 30 31 A. fino Estr. Par G – 42.7 1.2 4.6 11.2 – 0.3 2.3 31.4 1.2
PAB-10 30 31 A. gr-mc Estr. Par G – 22.4 0.9 2.2 3.7 – 0.3 1.7 13.9 49.4
PAB-9.3 25 27 A. fino Estr.Cx D B 59.7 0.8 3.3 3.1 – 0.3 0.8 25 3.6
PAB-9.2 25 27 A. fino Estr. Cx D B 66.4 0.7 3.3 1.3 – 0.3 2.3 16.3 5.3
PAB-9.1 25 27 A. m Estr. Cx D B 56.4 2.2 2.5 7.8 – 1.9 – 18.9 5.6
PAB-7 19 21 A. m Hummo – – 47.7 2 0.6 7.8 – 1.6 3.6 33.7 0.3
PAB-5 7 9 A. gr Maciço E G 33.5 4.8 9.3 6.5 – – 10 32.9 –
PAB-4 2 2 A. m Lamin. I D 51 1.6 20.3 8.5 – – – 15.7 0.3
PAB-3 3 4.5 A. m Estr. Cx D B 49.7 5.7 4.4 8.9 – – 16.9 0.9 –
PAB-2 4.5 5 Conglom Estr. Cx B – 49.7 2.3 1.5 5.8 – – 1.5 25.3 8.7
PAB-1 2.5 4 A. gr Maciço E G 46.8 1.3 4.9 2.6 – – 26 7.5 –
PAB-N1 – 17 Siltito Maciço N J 30 0.9 – 1.8 19.8 – – 39 6.9

Tabela VI-1 Dados e características das amostras (Am.) como granulometria (Granul.), estruturas sedimentares (E.Sedim.) e
mineralogia nas quais têm-se quartzo (Qz), feldspato (Fp), micas (Mc), litoclastos (L), bioclastos (Bc), carvão(Cv), argila
(Ag), esparite (Es) e micrite (M). Nas estruturas sedimentares têm-se arenitos maciços, laminados, estratificação paralela
(Estr.Par) e estratificação cruzada (Estr.Cx) e estratificação Hummocky (Hummo).

Quartzo (Q):

O quartzo (SiO2) é o mineral de sílica mais abundante no conjunto das 26 amostras estudadas
(variando de 22.4% a 66.4%), apresentando-se na forma monocristalina como grãos angulosos
a sub-angulosos. Em nicóis paralelos é incolor, tem relevo baixo não possui clivagem e a
superfície do grão é limpa, não apresentado alteração ou argilas. Quando cruzados os nicóis
ocorre com tintas de polarização baixa correspondentes a cinzentos. A extinção varia de
extinção reta a ondulante.

37
Muitos grãos de quartzo apresentam extinção ondulante, um padrão de extinção que é causada
pela deformação do quartzo após a cristalização (Sam Boggs, Jr., 2009).

Nas secções finas também foi observado quartzo policristalino. Os litoclastos (figura VI.6)
correspondem ao quartzo policristalino, e representam um agregado de vários cristais de
quartzo com diferentes orientações. Os limites entre os cristais individuais de quartzo são
suturados. A percentagem de litoclastos nas amostras estudadas varia de 1.3% a 15.2%.

Não há evidências de quartzo de subcrescimento nas lâminas.

Feldspato (Fp):

O grupo dos feldspatos, com percentagens a variar entre 0.7% e 7.6%, nas amostras estudadas
inclui os feldspatos alcalinos e as plagióclases.

O feldspato alcalino ((K, Na) (AlSi3O8)) ocorre sob a forma de grãos angulosos. Em Nicóis
paralelos é incolor e tem relevo baixo. Por vezes, apresenta argila na superfície dos grãos. Em
nicóis cruzados apresenta tintas de primeira ordem, cinzento claro e branco. Outra característica
relevante é apresentar particularmente a macla de Carlsbad (figura VI.25) e por vezes a macla
cruzada “em tabuleiro de xadrez” típica da microclina (exemplo, figura VI.11).

A plagióclase (NaAlSi3O8 – CaAl2Si2O8) ocorre sob a forma de grãos angulosos. Em Nicóis


paralelos é incolor e tem relevo baixo. Em nicóis cruzados apresenta a macla polissintética
segundo a lei da albite (exemplo, figura VI.7).

Micas (Mc):

O grupo das micas, com percentagens a variar entre 0.6% e 20.3% inclui biotite, moscovite e
clorite.

A biotite (K2 (Mg, Fe2+)6-4 (Fe3+, Al, Ti)0-2 (Si6-5 Al2-3O20) (OH, F)4) ocorre sob a forma lamelar.
Em nicóis paralelos é castanha ou castanha alaranjada, muito pleocroica, relevo moderado e
tem uma direção de clivagem perfeita. Quando cruzados os nicóis apresenta extinção reta (em
relação à direção de clivagem) e tintas de polarização de 2ªordem (verde, azul) que por vezes
não são percetíveis por se tratar de um mineral muito corado.

A moscovite (K2Al4(Si6Al2 O20) (OH, F)4) ocorre sob a forma lamelar. Em Nicóis paralelos é
incolor e tem relevo elevado, uma direção de clivagem perfeita. Em nicóis cruzados apresenta
extinção reta (em relação à direção de clivagem) e tintas de polarização elevadas, de 2ª ou 3ª
ordem.

A clorite ((Mg, Fe2+, Mn, Fe3+, Al)12 (Si,Al)8O20(OH)16) ocorre em quantidades traço a substituir
a biotite (autigénese de clorite) e na forma de grãos lamelares. Em Nicóis paralelos é verde
pálido e tem relevo moderado, uma direção de clivagem perfeita. Em nicóis cruzados apresenta
extinção reta ou quase (em relação à direção de clivagem). As tintas de polarização são baixas
a muito baixas, sendo anómalas e correspondendo a castanhos.

O grupo das micas pode ser observado, por exemplo, na figura VI.4.

38
Argila (Ag):

A argila corresponde aos minerais de grão muito fino, hábito acicular e que por vezes ocorre
como manchas castanhas (figura VI.16, VI.17 e VI.18). Quando cruzados os polaroides são
grãos muitos pequenos com relevo baixo e tintas de birrefrangência de 1ª ordem.

Os minerais de argila não podem ser identificados sob o microscópio petrográfico devido ao
seu tamanho, grão fino. A identificação precisa exige métodos de difração de raios X ou
utilização do microscópio eletrónico de varrimento.

As argilas ocorrem principalmente na substituição de grãos detríticos e por vezes a preencher,


parcialmente, o espaço poroso.

A percentagem de argila nas amostras estudadas varia de 0.3% a 26.6%, em que os valores mais
elevados são observados nos arenitos mais friáveis e com cimento argiloso.

Calcite:

Os carbonatos ocorrem na forma macro e microcristalina como micrite e esparite (figura VI.6),
respetivamente. A calcite microcristalina ou micrite (M) corresponde a vasa carbonatada e
ocorre predominantemente como intraclastos rolados com tonalidades acastanhadas em nicóis
paralelos (figura VI.10). Por outro lado, a calcite macrocristalina ou esparite (Es) sob a forma
de mosaico ocorre preencher o espaço poroso dos arenitos. Em nicóis paralelos a calcite
(CaCO3) macrocristalina é incolor e apresenta clivagem romboédrica, são viseis duas direções
em algumas seções. Quando cruzados os nicóis apresenta tintas de polarização altas, cores de
interferência rosadas e “cintilação” figura (VI.2, VI.6, VI.7 e VI.11).

A esparite aparece na maioria das lâminas analisadas, a preencher os espaços intergranulares.


As seções finas revelam grande quantidade de cimento de carbonatado, com valores até 35.2%.
O alto teor de cimento pode ser um fator contribuinte para o baixo valor de porosidade.

39
2. Caracterização petrográfica

PAB-1

Figura VI-1 Seção fina da amostra PAB-1. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão médio constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (46.8%), feldspato
(1.3%), micas (4.9%), litoclastos (2.6%), esparite (7.5%) e cimento argiloso (26%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.40 mm, e este varia de 0.12 mm a 0.60 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.12 mm, 0. 28 mm, 0.34
mm, 0.40 mm, 0.46 mm, 0.56 mm e 0,60 mm, o que permite classificar esta amostra como mal calibrada.

O contato entre os grãos é do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que as micas presentes é biotite (2.3%), clorite (1.3%) e moscovite
(1.3%). A biotite ocorre bastante alterada e por vezes é substituída por clorite. Verificou-se também a
presença de microclina e alguns grãos de quartzo fraturados.

A porosidade é boa (11%) e do tipo intergranular (figura VI.1).

O diâmetro dos poros é de 0.06 mm, 0.12 mm, e 0.18 mm, sendo mais frequentes os poros com 0.12
mm de diâmetro. As gargantas dos poros apresentam diâmetros de 0.18 mm e 0.24 mm.

40
PAB-2

Figura VI-2 Seção fina da amostra PAB-2. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito grosseiro mal calibrado constituído por grãos angulosos de quartzo (49.7%), feldspato (2.3%),
micas (1.5%), litoclastos (5.8%), argila (1.5%), micrite (8.7%), e cimento carbonatado (25.3%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.58 mm, e este varia de 0.29 mm a 1.16 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.29 mm, 0.35 mm, 0.41
mm, 0.58, 0.93 e de 1.16 mm, o que permite classificar esta amostra como mal calibrada.

Foram observados predominantemente contatos pontuais e algum contato longo entre os grãos.

O estudo mineralógico revelou que as micas presentes é a biotite (0.3%), clorite (0.3%) e moscovite
(0.3%). Observa-se a substituição de biotite para clorite. Foram também observados alguns grãos
fraturados de quartzo.

A porosidade é moderada (5.2%) e do tipo intergranular (figura VI.2).

O diâmetro dos poros é de 0.06 mm, 0.28 mm, 0.58 mm e 0.93 mm, sendo mais frequente os poros com
0.58 mm de diâmetro.

41
PAB-3

Figura VI-3 Seção fina da amostra PAB-3. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão médio constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (49.7%), feldspato
(5.7%), micas (4.4%) e cimento argiloso (16.7%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.28 mm, e este varia de 0.18 mm a 0.56 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.18 mm. 0.22 mm, 0. 28
mm, 0.34 mm, 0.40 mm, 0.46 mm e 0.56 mm, o que permite classificar esta amostra como mal calibrada.

O contato é do tipo pontual e longo, predominando o contato do tipo pontual.

O estudo mineralógico revelou que as micas presentes é biotite (2.2%), clorite (1%) e moscovite (4.8%).
A biotite ocorre bastante alterada e por vezes é substituída por clorite. Observou-se também grãos de
quartzo fraturados e argila na superfície dos grãos.

A porosidade é boa (13.1%), do tipo intergranular e ocorre bem distribuída em toda a lâmina (figura
VI.3). O diâmetro dos poros é de 0.12 mm, 0.18 mm e 0.22 mm, sendo mais frequentes os poros com
0.18 mm de diâmetro. As gargantas dos poros apresentam até 0.28 mm de diâmetro.

42
PAB-4

Figura VI-4 Seção fina da amostra PAB-4. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão médio, mal calibrado constituído por grãos sub-angulosos a sub-rolados de quartzo
(51%), feldspato (1.6%), micas (20.3%), litoclastos (8.5%), micrite (0.3%) e cimento carbonatado
(15.7%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.29 mm, e este varia de 0.09 mm a 0.58 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.09 mm, 0.12 mm, 0.18
mm, 0.29, 0.41 e de 0.58 mm, o que permite classificar esta amostra como mal calibrada. Os clastos de
micrite têm 0.12 mm de diâmetro. Foram observados contatos pontuais e longos entre os grãos.

O estudo mineralógico revelou que as micas presentes é a biotite (13.1%), moscovite (5.2%) e clorite
(2%). Os grãos são marcadamente alongados e apresentam uma orientação nítida (figura VI.4). Nas
laminas observa-se a rotação de minerais como quartzo, por exemplo. A foliação é definida por micas.
O carbonato ocorre juntamente com o quartzo entre as foliações/estratificação definida pelas micas
lamelares e alongadas.

A porosidade é baixa (2.3%), do tipo intergranular e ocorre no mosaico cristalino definido por grãos de
quartzo e carbonatos entre as foliações. Os poros ocorrem bastante isolados e apresentam diâmetros de
0.06 mm e 0.12 mm.

43
PAB-5

Figura VI-5 Seção fina da amostra PAB-5. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito grosseiro, mal calibrado com grãos angulosos de quartzo (33.5%), feldspato (4.8%), micas
(9.3%), litoclastos (6.5%), argila (10%) e cimento carbonatado (32.9%).

O diâmetro dos grãos varia de 0.12 mm a 0.84 mm. Existem várias classes dimensionais da fração
granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.12 mm, 0.18 mm, 0.21 mm, 0.28 mm, 0.34 e de
0.50 mm, o que permite classificar esta amostra como mal calibrada. Foram encontradas concreções
carbonatadas com 0.56 mm, 0.62 mm e 0.84 mm de diâmetro.

O contato entre os grãos é do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que as micas presentes é a biotite (3.5%), moscovite (4.8%) e clorite
(1%). Verificou-se a substituição de biotite por clorite.

A porosidade é baixa (2.9%) e do tipo intergranular (figura VI.5). O diâmetro dos poros varia de 0.04 a
0.18 mm.

44
PAB-7

Figura VI-6 Seção fina da amostra PAB-7. Escala/Campo de visão de 1mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão médio bem calibrado constituído por grãos angulosos de quartzo (47.7%), feldspato
(2.0%), micas (0.6%), litoclastos (7.8%), carvão (1.6%), argila (3.6%), micrite (0.3%) e cimento
carbonatado (33.7%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.28 mm, e este varia de 0.18 mm a 0.40 mm. Como o diâmetro dos
grãos (0.18mm, 0.28 mm e 0.40 mm) não apresenta grandes variações e, está praticamente dentro da
mesma classe dimensional da fração granulométrica classifica-se esta amostra como bem calibrada.

O contato entre os grãos é do tipo pontual e longo, sendo o primeiro predominante.

O estudo mineralógico revelou que as micas presentes é biotite (0.3%) e clorite (0.3%). Observa-se
também que os carbonatos ocorrem bem distribuídos no cimento e como intraclastos de micrite (figura
VI.6).

A porosidade é baixa (2.6%) do tipo intergranular. Os poros ocorrem bastante isolados, não existindo
conexão entre estes. O diâmetro dos poros é de 0.12 mm, 0.28 e 0.58 mm.

45
PAB-9

❖ PAB- 9.1 – base –

Figura VI-7 Seção fina da amostra PAB-9.1. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão médio bem calibrado constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo
(56.4%), feldspato (2.2%), micas (2.5%), litoclastos (7.8%), carvão (1.9%), clastos rolados de micrite
(5.6%) e cimento carbonatado (18.9%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.29 mm, e este varia de 024 mm a 0.58 mm. Existem grãos com
diâmetros de 0.24 mm, 0.29 mm, 0.35 mm, 0.41 mm e 0.58 mm. Os clastos rolados de micrite têm 0.41
mm de diâmetro. Como de diâmetro dos grãos não apresenta grandes variações e está dentro da mesma
classe dimensional da fração granulométrica classifica-se esta amostra como bem calibrada.

O contacto entre os grãos é do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que as micas presentes é biotite (1.1%), clorite (0.3%) e moscovite
(1.1%). Também se observou grãos de quartzo fraturados.

A porosidade é baixa (4.7%) e do tipo intergranular (figura VI.7). Os poros ocorrem bastante isolados,
não existindo conexão entre estes. O diâmetro dos poros é de 0.12 mm e 0.29 mm, sendo os mais
frequentes os poros com 0.29 mm de diâmetro.

46
❖ PAB- 9.2 – camada intermédia –

Figura VI-8 Seção fina da amostra PAB-9.2. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino bem calibrado constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (66.4%),
feldspato (0.7%), micas (3.3%), litoclastos (1.3%), carvão (0.3%), argila (2.3%), clastos rolados a sub-
rolados de micrite (5.3%) e cimento carbonatado (16.3%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.18 mm, e este varia de 0.12 mm a 0.27 mm. Existem grãos com
diâmetro de 0.12 mm, 0.18 mm, 0.24 mm e 0,27 mm. Como o diâmetro dos grãos não apresenta grandes
variações e está dentro da mesma classe dimensional da fração granulométrica classifica-se a amostra
como bem calibrada.

Foram observados predominantemente contatos longos entre os grãos, também se observa algum
contato pontual.

O estudo mineralógico revelou que o quartzo por vezes ocorre fraturado e que as micas presentes é
biotite (1,7%), clorite (0.3%) e moscovite (1.3%). Observou-se também a substituição de biotite para
clorite.

A porosidade é baixa (4%) e do tipo intergranular (figura VI.8). Os poros apresentam diâmetros de 0.06
mm, 0.12 mm e 0.18 mm, sendo os mais frequentes os poros com 0,12 mm de diâmetro.

47
❖ PAB- 9.3 – topo –

Figura VI-9 Seção fina da amostra PAB-9.3. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino bem calibrado constituído por grãos angulosos de quartzo (59.7%), feldspato
(0.8%), mica (3.3%), carvão (0.3%), litoclastos (3.1%), carvão (0.3%), argila (0.8%), clastos rolados a
sub-rolados de micrite (3.6%) e cimento carbonatado (25%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.12 mm, e este varia de 0.12 mm a 0.24 mm. Existem grãos com
diâmetro de 0.12 mm, 0.18 mm, 0.24 mm. Como o diâmetro dos grãos não apresenta grandes variações
e está dentro da mesma classe granulométrica classifica-se esta amostra como bem calibrada.

Foram observados predominantemente contactos longos entre grãos, também se observa contacto
pontual.

O estudo mineralógico revelou que alguns grãos de quartzo estão fraturados e, as micas presentes é
biotite (1.9%), clorite (0.8%) e moscovite (0.6%). Verificou-se ainda a substituição de biotite por
clorite.

A porosidade é baixa (3.3%) do tipo intergranular (figura VI.9). Os poros apresentam diâmetros de 0.06
mm e 0.12 mm, sendo mais frequente os poros com 0.06 mm de diâmetro.

48
PAB-10

Figura VI-10 Seção fina da amostra PAB-10. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito grosseiro a microconglomerático, muito mal calibrado constituído por grãos sub-angulosos a
sub-rolados de quartzo (22.4%), feldspato (0.9%), micas (2.2%), litoclastos (3.7%), argila (1.7%), grãos
rolados a sub-rolados de micrite (49.4%) e cimento carbonatado (13.9%). Verifica-se também a
presença de fragmentos sub-rolados de paleossolo e algum carvão (0.3%).

A amostra apresenta várias classes dimensionais da fração granulométrica apresentando grãos sub-
angulosos a sub-rolados com diâmetros de 0.12 mm, 0.18 mm, 0.29 mm, 0.47 mm, 0.58 mm. Os clastos
rolados a sub-rolados de micrite têm diâmetros de 0.35 mm, 1.28 mm, 2.02 mm e 4.32 mm. Face a estas
características dimensionas classifica-se a amostra como muito mal calibrada.

Foram observados contactos pontuais e longos entre os grãos.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes é moscovite (1.7%), biotite (0.6%) e clorite
(0.9%). Verificou-se a substituição de biotite para clorite. Também foram observados alguns grãos
quartzo fraturados.

A porosidade é baixa (4.5%) do tipo intergranular e de dissolução (figura IV.10), ocorre


predominantemente na periferia dos grãos sub-rolados de micrite e é devido a dissolução destes grãos
carbonatados. Os poros apresentam diâmetros de 0.12 mm, 0.18 mm, 0.41 mm e 0.47 mm, sendo os
mais frequentes os poros com 0.47 mm de diâmetro.

49
PAB-11

Figura VI-11 Seção fina da amostra PAB-11. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino bem calibrado constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (42.7%),
feldspato (1.2%), micas (4.6%) e litoclastos (11.2%). Presença de cimento carbonatado (31.4%) e
alguns grãos sub-rolados de micrite (1.2%)

O diâmetro médio dos grãos é de 0.18 mm, e este varia de 0.12 mm a 0.29 mm. Existem grãos com
diâmetro de 0.12 mm, 0.18 mm, 0.24 mm e 0.29 mm. Como o diâmetro dos grãos não apresenta grandes
variações e está praticamente dentro da mesma classe dimensional da fração granulométrica classifica-
se a amostra como bem calibrada.

O contato entre os grãos é do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que o arenito é constituído por moscovite (0.6%) biotite (2.3%) e clorite
(1.7%), constatou-se a presença de biotite bastante alterada e por vezes a ser substituída por clorite.

A porosidade é moderada (5.2%) e do tipo intergranular (figura VI.11). Os poros apresentam diâmetros
de 0.06 mm, 0.09 mm, 0.18 mm e 0.47 mm.
50
PAB-12

Figura VI-12 Seção fina da amostra PAB-12. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino bem calibrado constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (51.3%),
feldspato (1.1%), micas (6.1%), litoclastos (2.8%), micrite (2.3%) e argila (0.3%). Presença de cimento
carbonatado (35.2%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.18 mm, e este varia de 0.06 mm a 0.28 mm. Existem grãos com
diâmetro de 0.06 mm, 0.12 mm, 0.18 mm, 0.24 mm e 0.28 mm. Como de diâmetro dos grãos não
apresenta grandes variações e está praticamente dentro da mesma classe dimensional da fração
granulométrica classifica-se a amostra como bem calibrada. Foram observados contactos pontuais e
longos entre os grãos.

O estudo mineralógico revelou a existência de ferruginizações resultante da dissolução de minerais


pesados. Nas zonas bioturbadas existe bastantes ferruginizações e observa-se rotação e orientação
preferencial dos minerais (quartzo e micas). É através destas características que se identificam estas
zonas na lâmina. Verificou-se ainda a presença de biotite (2.5%), clorite (1.1%) e moscovite (2.5%),
por vezes a biotite é substituída por clorite. Por último contatou-se a presença de grãos de quartzo

51
fraturados (figura VI.12). A porosidade é muito baixa (0.8%) sendo observada apenas no interior das
bioturbações. Os poros apresentam diâmetros de 0.06 mm, 0.12 mm e 0.18 mm, sendo mais frequentes
os poros com 0.12 mm de diâmetro.

PAB-13

Figura VI-13 Seção fina da amostra PAB-13. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação de 4X, excepto na imagem com
limite amarelo tem uma ampliação de 10X

Arenito de grão fino bem calibrado constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (52.9%),
feldspato (1.4%), micas (4.1%), litoclastos (5.5%), argilas (0.5%), micrite (3%) e cimento carbonatado
(30.7%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.12 mm, e este varia de 0.12 mm a 0.24 mm. Existe grãos com
diâmetro de 0.12 mm, 0.21 mm e 0.24 mm. Como de diâmetro dos grãos não apresenta grandes
variações e está dentro da mesma classe dimensional da fração granulométrica classifica-se a amostra
como bem calibrada.

O contacto entre os grãos é do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes na amostra é biotite (1.6%), clorite (0.3%) e
moscovite (2.2%), por vezes a biotite é substituída por clorite. A porosidade é muito baixa (1.6%) e do
tipo intergranular (figura VI.13). Os poros apresentam diâmetros de 0.06 mm e 0.09 mm.

52
PAB-14

Figura VI-14 Seção fina da amostra PAB-14. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino bem calibrado constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (53.2%),
feldspato (1.5%), micas (7.9%), litoclastos (2.8%), carvão (0.3%), micrite (3%) e cimento carbonatado
(28.6%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.12 mm, e este varia de 0.12 mm a 0.24 mm. Existem grãos com
diâmetro de 0.12 mm, 0.18 mm e 0.24 mm. Como de diâmetro dos grãos não apresenta grandes
variações e está dentro da mesma classe dimensional da fração granulométrica classificar-se a amostra
como bem calibrada.

Os contatos entre os grãos são predominantemente longos, também se observa algum contato pontual
entre os grãos.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes na amostra biotite (4.3%), moscovite (2.8%) e
clorite (0.8%). Existe grande quantidade de micas e estas estão orientadas, tal como os restantes grãos,
definindo uma certa foliação (figura VI.14).

53
A porosidade é baixa (2.8%), do tipo intergranular e ocorre no mosaico cristalino definido por grãos de
quartzo e carbonato. Os poros apresentam diâmetros de 0.06 mm, 0.09, 0.12 mm e 0,29 mm, sendo os
mais frequentes os poros com 0,12 mm de diâmetro.

PAB- 17

Figura VI-15 Seção fina da amostra PAB-17. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão médio constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (49.2%), feldspato
(1%), micas (6%), litoclastos (30%), esparite (7.3%) e cimento argiloso (20.5%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.24 mm, e este varia de 0.12 a 0.40 mm. Como o diâmetro dos grãos
(0.12 mm, 0.18 mm. 0.24 mm, 0. 28 mm e 0.40 mm) não apresenta grandes variações classifica-se esta
amostra como bem calibrada.

O contato entre os grãos é do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que as micas presentes é biotite (2.6%), clorite (1.7%) e moscovite
(1.7%). Verificou-se também a substituição de biotite para clorite e a presença de grãos de quartzo
fraturados.

A porosidade é boa (11.6%) e do tipo intergranular (figura VI.15). O diâmetro dos poros é de 0.06 mm,
0.12 mm, 0.18 mm e 0.24 mm, sendo mais frequente os poros com 0.12 mm de diâmetro. As gargantas
dos poros podem ter até 0.24 mm de diâmetro.

54
PAB-18

Figura VI-16 Seção fina da amostra PAB-18. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino bem calibrado constituído por grãos angulosos de quartzo (46.6%), feldspato
(1.6%), micas (7.6%), litoclastos (5.9%), argila (5.6%), micrite (2%) e cimento carbonatado (19.3%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.18 mm, e este varia de 0.06 mm a 0.24 mm. Existe grãos com
diâmetro de 0.06 mm, 0.12 mm, 0.18 mm e 0.24 mm. Como o diâmetro dos grãos não apresenta grandes
variações e está praticamente dentro da mesma classe granulométrica classifica-se a amostra como bem
calibrada. O contacto entre grãos é moderado, existindo zonas onde o contato é fraco e nestas
circunstâncias que se desenvolve a maior porosidade (figuras VI.16 e VI.17). Foram observados
contatos pontuais e longos entre os grãos.

O estudo mineralógico revelou que as superfícies dos grãos não são límpidas por vezes têm argila.
Observou-se também grãos de quartzo fraturados. Por último constatou-se que as micas existentes é
biotite (3.3%), clorite (1.3%) e moscovite (3%). A biotite ocorre bastante alterada e por vezes é
substituída por clorite.

A porosidade é boa (11.5%) e do tipo intergranular. Os poros apresentam diâmetros de 0.12 mm e 0.18
mm, predominando os poros com 0.18 mm de diâmetro. As gargantas dos poros têm no máximo 0,28
mm de diâmetro. Por vezes observa-se o parcial preenchimento do poro por argila. A argila é
amplamente presente nas gargantas dos poros reduzindo assim a permeabilidade (figura VI.17).

Figura VI-17 Seção fina da amostra PAB-18. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.
55
PAB-19

Figura VI-18 Seção fina da amostra PAB-19. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (50.8%), feldspato
(2.4%), micas (3.3%), litoclastos (4.3%), argilas (5.5%), micrite (0.9%) e cimento carbonatado (20.7%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.18 mm, e este varia de 0.12 a 0.56 mm. Como o diâmetro dos grãos
(0.12 mm, 0.18 mm. 0.22 mm, 0. 28 mm, 0.34 mm e 0.56 mm) não apresenta grandes variações
classifica-se esta amostra como bem calibrada.

O contato entre os grãos é moderado e do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou as micas presentes é biotite (1.2%), clorite (0.9%) e moscovite (1.2%).
A biotite ocorre bastante alterada e por vezes é substituída por clorite. Verificou-se também a presença
de argilas na superfície dos grãos.

A porosidade é boa (11.9%) e do tipo intergranular (figura VI.18). O diâmetro dos poros é de 0.12 mm,
0.18 mm, 0.22 mm, sendo mais frequente poros com 0.12 mm de diâmetro. As gargantas dos poros têm
no máximo 0.56 mm de diâmetro.

56
PAB-N1

Figura VI-19 Seção fina da amostra PAB-N1. Escala/Campo de visão de 1 mm. Ampliação: 4X.

Siltito com abundantes fragmentos de bioclastos (19.8%). Também se observa grãos grosseiros,
angulosos a sub-angulosos e disseminados de quartzo (30%), feldspato (0.9%), biotite (0.3%) e
litoclastos (1.8%). Presença de cimento carbonatado (39%), clastos rolados a sub-rolados de micrite
(6.9%) e paleossolo.

Trata-se de um híbrido por ser um arenito constituído por uma mistura de siliciclásticos, bioclastos e
intraclastos carbonatados.

O diâmetro médio dos grãos é de 0.23 mm, e este varia de 0.12 mm a 0.29 mm. Existe grãos com
diâmetro de 0.12 mm, 0.18 mm, 0.29 e 1,1 mm. Os bioclastos têm diâmetros até 3.45 mm e 0,28 mm
de largura. Os grãos rolados a sub-rolados de micrite têm diâmetros de 0.29 mm e 1,45 mm. Por último,
o fragmento de paleossolo têm 1cm de diâmetro. Como existem várias classes dimensionais da fração
granulométrica classifica-se e a amostra como mal calibrada.

O estudo mineralógico revelou que o quartzo ocorre fraturado e que alguns bioclastos estão
recristalizados (figura VI.19).

A porosidade é baixa (1.2%), por norma é intergranular mas também é do tipo do intragranular nos
bioclastos. Os poros apresentam diâmetros de 0.06 mm, 0.12 mm e 0.18 mm, sendo os mais frequentes
os poros com 0.12 mm de diâmetro.

57
PAB-20

Figura VI-20 Seção fina da amostra PAB-20. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito grosseiro constituído por grãos angulosos a sub-angulosos de quartzo (38%), feldspato (5%),
micas (7.7%), litoclastos (11.3%), calcite (4%), micrite (0.7%) e cimento argiloso (16%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.28 mm, e este varia de 0.12 a 0.84 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.12 mm, 0.18 mm, 0. 22
mm, 0.28 mm, 0.46 mm, 0.68 mm, 0.74 mm e 0.84 mm o que permite classificar esta amostra como
mal calibrada.

O contato entre os grãos é moderado e do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou as micas presentes é biotite (4%), clorite (1.7%) e moscovite
(2%).Verificou-se a substituição de biotite por clorite. Observou-se também grãos de quartzo fraturados
e feldspatos bastante alterados.

A porosidade é elevada/excelente (17.3%) e do tipo intergranular (figura VI.20). O diâmetro dos poros
é de 0.06 mm, 0.12 mm, 0.18 mm, 0.22 mm e 0.28 mm, sendo mais frequente poros com 0.12 mm de
diâmetro. As gargantas dos poros têm 0.22 mm, 0.28 mm e 0.46 mm de diâmetro.
58
PAB-21

Figura VI-21 Seção fina da amostra PAB-21. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão médio constituído por sub-angulosos de quartzo (40.5%), feldspato (5%), micas (7.4%),
litoclastos (10.6%), calcite (3.4), clastos rolados de micrite (0.9%) e cimento argiloso (20.6%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.28 mm, e este varia de 0.18 a 0.56 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.18 mm, 0.21 mm, 0.24
mm, 0.28 mm, 0.34 mm, 0.44 mm e 0.56 mm, o que permite classificar esta amostra como mal calibrada.

O contato entre os grãos é do tipo pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes é biotite (5.9%), clorite (0.3%) e moscovite
(1.2%). Verificou-se a substituição de biotite para clorite. Observou-se também alguns grãos de quartzo
fraturado e argila na superfície dos grãos.

A porosidade é boa (11.6%) e do tipo intergranular (figura VI.21). O diâmetro dos poros é de 0.06 mm,
0.12 mm, 0.18 mm, sendo mais frequente poros com 0.06 mm de diâmetro. As gargantas dos poros têm
0.12 mm, 0.18 mm, 0 .24 mm e 0.28 mm de diâmetro.

59
PAB-22

Figura VI-22 Seção fina da amostra PAB-22. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão médio constituído por sub-angulosos a sub-rolados de quartzo (49%), feldspato (4.5%),
micas (2.6%), litoclastos (9.6%), calcite (1%) e cimento argiloso (16.9%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.28 mm, e este varia de 0.06 a 0.56 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.06 mm, 0. 12 mm, 0.18
mm, 0.22 mm, 0.40 mm e 0.56 mm, o que permite classificar esta amostra como mal calibrada. O
contato entre os grãos é moderado e do tipo pontual e longo, sendo o primeiro predominante. O arranjo
entre os grãos é um pouco mais aberto em comparação com as outras secções finas estudadas. Por
vezes não existe contacto entre os grãos e deste modo têm-se contacto do tipo flutuante.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes na lâmina é biotite (1%) e moscovite (1.6%).
Observou-se também alguns grãos de quartzo fraturado e de argila na superfície dos grãos. A porosidade
é elevada/excelente (16.6%) e do tipo intergranular (figura VI.22). O diâmetro dos poros é de 0.06 mm,
0.12 mm, 0.26 mm, sendo mais frequente poros com 0.06 mm de diâmetro. As gargantas dos poros têm
0.18 mm, 0.28 mm, 0.34 mm d e 0.56 mm de diâmetro.

60
PAB-23

Figura VI-23 Seção fina da amostra PAB-23. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino constituído por sub-angulosos a sub-rolados de quartzo (40.4%), feldspato (5.4%),
micas (5.7%), litoclastos (9.2%), calcite (10.2%), micrite (0.3%) e cimento argiloso (18.2%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.18 mm e, este varia de 0.12 a 0.24 mm. Existem grãos com diâmetro
de 0.09 mm, 0.12 mm, 0.18 mm e 0.21 mm, 0.24 mm. Como o diâmetro dos grãos não apresenta
grandes variações e está dentro da mesma classe dimensional da fração granulométrica classifica-se a
amostra como bem calibrada.

O contato entre os grãos pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes na lâmina é biotite (2.5%) e moscovite (3.2%).
Observou-se também alguns grãos de quartzo fraturado e argila na superfície dos grãos.

A porosidade é moderada (10.5%) e do tipo intergranular (figura VI.23 e VI.24). Os poros têm diâmetro
de 0.03 mm, 0.06 mm e 0.09 mm. As gargantas dos poros têm 0.12 mm e 0.18 mm de diâmetro.

Figura VI-24 Seção fina da amostra PAB-23. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

61
PAB-24

Figura VI-25 Seção fina da amostra PAB-24. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão fino constituído por sub-angulosos a sub-rolados de quartzo (41.7%), feldspato (4.3%),
micas (9.6%), litoclastos (15.2%), calcite (5.3%), clastos rolados de micrite (1.3%) e cimento argiloso
(18.9%).

O diâmetro dos grãos varia de 0.12 a 0.4 mm. Existem grãos com diâmetro de 0.12 mm, 0.18 mm, 0.22
mm. Os clastos rolados de micrite têm 0.28 mm a 0.40 mm. Como o diâmetro dos grãos não apresenta
grandes variações e está dentro da mesma classe dimensional da fração granulométrica classifica-se a
amostra como bem calibrada. O contato entre os grãos pontual e longo.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes na lâmina é biotite (6.3%) e moscovite (3.3%).
Observou-se também alguns grãos de quartzo fraturado.

A porosidade é baixa (3.6%) e do tipo intergranular (figura VI.25). Os poros têm diâmetro de 0.06 mm
e 0.12 mm. As gargantas dos poros, não são frequentes e no máximo têm 0.12 mm de diâmetro.

62
PAB-25

Figura VI-26 Seção fina da amostra PAB-25. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito de grão grosseiro constituído por sub-angulosos a sub-rolados de quartzo (45.3%), feldspato
(4.3%), micas (3.7%), litoclastos (9.1%), micrite (6.7%) argila (11.2%) e cimento carbonatado (17.9%).

O diâmetro médio dos grãos é de 0.28 mm, e este varia de 0.09 a 0.68 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.09 mm, 0.18 mm, 0.24
mm, 0.28 mm, 0.31 mm, 0.34 mm, 0.40 mm, 0.46 mm, 0.50 e 0.68 mm o que permite classificar esta
amostra como mal calibrada. O contato entre os grãos é do tipo pontual e longo, sendo o último
predominante.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes é biotite (1.9%), moscovite (1.3%) e clorite
(0.5%). Observou-se também uma rotação e orientação preferencial dos minerais, têm-se laminas de
minerais pesados (figura VI.26). Verificou-se a presença de alguns grãos de quartzo fraturados. A
porosidade é baixa (1.9%) e do tipo intergranular. Os poros ocorrem bastante isolados e têm diâmetros
de 0.06 mm, 0.12 mm e 0.19 mm.

63
PAB-26

Arenito de grão médio constituído por sub-angulosos a sub-rolados de quartzo (45.2%), feldspato
(2.5%), micas (5%), litoclastos (10.9%), calcite (1.2%) e cimento argiloso (20.2%).

O diâmetro varia de 0.12 a 0.40 mm. Existem grãos com diâmetro de 0.06 mm, 0.18 mm, 0.21 mm,
0.24 mm, 0.28 mm e 0.40 mm. Como o diâmetro dos grãos não apresenta grandes variações e está
dentro da mesma classe dimensional da fração granulométrica classifica-se a amostra como bem
calibrada.

O contato entre os grãos é moderado e do tipo pontual e longo.

Figura VI-27 Seção fina da amostra PAB-26. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes na lâmina é biotite (1.9%), clorite (0.9%) e
moscovite (2.2%). Verificou-se a substituição de biotite por clorite. Observou-se também alguns grãos
de quartzo fraturados.

A porosidade é elevada/excelente (15%) e do tipo intergranular (figura VI.27 e VI.28). Os poros têm
diâmetro de 0.06 mm e 0.12 mm e 018 mm. As gargantas dos poros têm 0.12 mm, 0.18 mm, 0.24 mm
e 0.28 mm de diâmetro.

64
PAB-27

Figura VI-28 Seção fina da amostra PAB-27. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

Arenito cinzento de grão fino com grãos sub-angulosos a sub-rolados de quartzo (41.4%), feldspato
(7.6%), micas (7.2%), micrite (0.3%) carbonatos (1%) e cimento argiloso (26.6%).
O diâmetro médio dos grãos é de 0.18 mm, e este varia de 0.06 a 0.34 mm. Existem várias classes
dimensionais da fração granulométrica apresentando diâmetros dos grãos de 0.06, 0.12 mm, 0.18 mm,
0.22 mm e 0.34 mm o que permite classificar esta amostra como mal calibrada. O contato entre os grãos
é do tipo pontual e longo.

Figura VI-29 Seção fina da amostra PAB-27. Escala/Campo de visão de 2.6 mm. Ampliação: 4X.

O estudo mineralógico revelou que as micas existentes é biotite (2.6%), clorite (1.3%) e moscovite
(3.3%). Verificou-se a substituição de biotite por clorite. Observou-se também alguns grãos de quartzo
fraturado e argila na superfície dos grãos.A porosidade é moderada (5.3%) e do tipo intergranular (figura
VI.29 e VI.30). Os poros têm diâmetro de 0.03 mm, 0.06 mm e 0.12 mm, sendo o diâmetro médio de
0.06 mm. As gargantas dos poros têm 0.12 mm e 0.18 mm de diâmetro.

65
A tabela VI-2 dá uma visão geral da quantidade dos diferentes componentes (mineraloclastos,
litoclastos e bioclastos) e porosidade dos arenitos estudados. Os valores de porosidade obtidos por Etta
(amostra 13 e Im) e Nyrud (amostra 9, 12 e Im) também são mostrados na mesma tabela.
Metros Amostra Pontos Mineralogia (%) Porosidade (%)
Etta Nyrud Nº Total Qz Fp Bi Mo Clo L Bc Cv Ag Es Micrite EJC Etta Nyrud
129 123 PAB-27 304 41.4 7.6 2.6 3.3 1.3 10.5 – – 26.6 1 0.3 5.3 – –
127 121 PAB-26 321 45.2 2.5 1.9 2.2 0.9 10.9 – – 20.2 1.2 – 15 – –
127 121 PAB-25 375 45.3 4.3 1.9 1.3 0.5 9.1 – – 11.2 17.9 6.7 1.9 – –
157 151 PAB-24 302 41.7 4.3 6.3 3.3 15.2 – – 18.9 5.3 1.3 3.6 – 22.5
149 143 PAB-23 314 40.4 5.4 2.5 3.2 – 9.2 – – 18.2 10.2 0.3 10.5 – –
136 130 PAB-22 314 49 4.5 1 1.6 – 9.6 – – 16.9 1 – 16.6 – –
123 117 PAB-21 321 40.5 5 5.9 1.2 0.3 10.3 – – 20.6 3.4 0.9 11.6 – –
122 116 PAB-20 300 38 5 4 2 1.7 11.3 – – 16 4 0.7 17.3 – –
112 108 PAB-19 329 50.8 2.4 1.2 1.2 0.9 4.3 – – 5.5 20.7 0.9 11.9 – 13.4
103 105 PAB-18 305 46.6 1.6 3.3 3 1.3 5.9 – – 5.6 19.3 2 11.5 – –
103 105 PAB-17 303 49.2 1 2.6 1.7 1.7 4.3 – – 20.5 7.3 – 11.6 – –
47.5 51 PAB-14 395 53.2 1.5 4.3 2.8 0.8 2.8 – 0.3 – 28.6 3 2.8
7.5 7.5
47.5 51 PAB-13 365 52.9 1.4 1.6 2.2 0.3 5.5 – – 0.5 30.7 3 1.6
36 38 PAB-12 355 51.3 1.1 2.5 2.5 1.1 2.8 – – 0.3 35.2 2.3 0.8 – –
30 31 PAB-11 347 42.7 1.2 2.3 0.6 1.7 11.2 – 0.3 2.3 31.4 1.2 5.2 – –
30 31 PAB-10 352 22.4 0.9 0.6 1.7 0.9 3.7 – 0.3 1.7 13.9 49.4 4.5 – –
25 27 PAB-9.3 360 59.7 0.8 1.9 0.6 0.8 3.1 – 0.3 0.8 25 3.6 3.3 – –
25 27 PAB-9.2 301 66.4 0.7 1.7 1.3 0.3 1.3 – 0.3 2.3 16.3 5.3 4 – –
25 27 PAB-9.1 360 56.4 2.2 1.1 1.1 0.3 7.8 – 1.9 – 18.9 5.6 4.7 – –
19 21 PAB-7 306 47.7 2 0.3 – 0.3 7.8 – 1.6 3.6 33.7 0.3 2.6 – –
7 9 PAB-5 310 33.5 4.8 3.5 4.8 1 6.5 – – 10 32.9 – 2.9 –
2 2 PAB-4 306 51 1.6 13.1 5.2 2 8.5 – – – 15.7 0.3 2.3 –
3 4.5 PAB-3 314 49.7 5.7 2.2 1.9 0.3 8.9 – – 16.9 0.6 – 13.1 24.9 –
4.5 5 PAB-2 344 49.7 2.3 0.3 0.9 0.3 5.8 – – 1.5 25.3 8.7 5.2 –
2.5 4 PAB-1 308 46.8 1.3 2.3 1.3 1.3 2.6 – – 26 7.5 – 11 –
– 17 PAB-N1 333 30 0.9 0.3 – – 1.8 19.8 – – 39 6.9 1.2 – –

Tabela VI-2 Estudo petrográfico: mineralogia e contagem de pontos. Os minerais presentes nas amostras estudadas é o
quartzo (Qz), feldspato (Fp), micas (Mc), litoclastos (L), carvão(Cv), argila (Ag), esparite (Es), micrite (M) e bioclastos (Bc).
Três valores de porosidade estão assinalados na tabela: os valores obtidos neste estudo petrográfico (EJC), valores de
porosidade obtidos por Etta sendo estes de 24.9% (amostra 13) e 7.5% (amostra Im) e; os valores de porosidade de Nyrud
sendo estes de 7.5% (amostra Im), 13.4% (amostra 9) e 22.5% (amostra 12).

3. Análise de resultados

a) Classificação

Os valores obtidos para a composição mineralógica foram, posteriormente, recalculados para


percentagens de quartzo/feldspatos/fragmentos de rocha (litoclastos) e plotados no diagrama ternário
de classificação de arenitos, segundo Folk (1968; 1980). Os litoclastos são de origem sedimentar,
incluem clasto rolado a sub-rolado de textura microgranular composto inteiramente de quartzo
(quartzito).

Os litotipos dos afloramentos estudados são classificados como sub-litoarenito, litoarenito feldspático,
litoarenito e quartzarenito (figura VI.30).

Grande parte dos arenitos são classificados como sub-litoarenitos porque contêm 75-95% de quartzo e
percentagem de litoclastos superior à de feldspatos.

A amostra PAB-24 é classificada como litoarenito porque contém menos de 75% de quartzo, menos de
10% de feldspatos, percentagem de litoclastos superior à de feldspatos e razão F/L inferior a 1/3.
66
A amostra PAB-9.2 é classificada como quartzarenito porque contem mais de 95% de quartzo e
percentagem de feldspatos e litoclastos inferior a 5%.

As amostras PAB-20, PAB-21, PAB-23 e PAB-27 são classificadas como litoarenito feldspático porque
contêm menos de 75% de quartzo, percentagem de litoclastos superior à de feldspatos e razão F/L está
compreendida entre 1/3 e 1.

Figura VI-30 Classificação composicional dos arenitos segundo Folk (1980).

Existe variação da composição mineralógica dos arenitos de norte para sul (figuras VI.30), verifica-se
a perda de maturidade dos sedimentos. Na praia de Paimogo foram observados quartzoarenitos e sub-
litoarenitos. Enquanto que nas praias de Vale dos Frades e Areia Branca encontra-se leitos de litoarenito
e litoarenito feldspático. A medida que se caminha para sul, os sedimentos tornam-se
mineralogicamente mais imaturos (figura VI.32) pois contêm grãos menos estáveis, como feldspatos e
fragmentos de rochas e, não apenas quartzo. Na figura VI.31 observa-se que a variação da composição
mineralógica não é devida a granularidade. Tanto os arenitos finos como os médios ou grosseiros podem
ser classificados como sub-litoarenito, litoarenito ou litoarenito feldspático.

Figura VI-31 Variação da composicional dos arenitos em função da granulometria.

A variação da composição mineralógica é devida a variação de paleoambiente costeiro transicional a


fluvial.

67
Figura VI-32 Os diagramas mostram o aumento do grau de imaturidade composicional que se observa nos arenitos estudados
de norte para sul da área de estudo.

A maturidade composicional baixa a moderada é observada nos arenitos de Vale dos Frades e Areia
Branca que contêm quartzo, outros tipos de grão (micas, feldspato, litoclastos) e cimento argiloso.
Verifica-se um enriquecimento em feldspatos e diminuição da percentagem de quartzo. As amostras da
Areia Branca são mais argilosas e mais ricas em feldspato do que as amostras de Vale dos Frades.

No que respeita a proveniência o gráfico de Dickson (1985) sugere que os arenitos da Fm. Lourinhã da
área de estudo resultam, predominantemente, de um orógeno reciclado (figura VI.33). Estes arenitos
são formados por sedimentos siliciclásticos provenientes de relevos emersos do Maciço Hespérico e do
horst da Berlenga. A reciclagem orogenética ocorre em muitas configurações tectónicas onde as rochas
estratificadas são deformadas, soerguidas e erodidas (Potter, 1978 in Dickinson et al., 1985).

Figura VI-33 Diagrama de proveniência dos sedimentos siliciclásticos segundo Dickon (1985).

b) Variações texturais e mineralógicas

Uma descrição litológica e mineralógica exata da formação através de amostras colhidas no campo
permite reduzir os fatores desconhecidos e identificar potenciais reservatórios. As amostras estudadas
apresentam textura clástica e são classificadas, em grande parte, como arenitos por serem constituídas
essencialmente por detritos da fração das areias. Os conglomerados e microconglomerados são apenas
observados na praia de Paimogo, deve-se ao fato de a fonte de detritos se encontrar à norte. O
enchimento da Bacia é marcado pelo acarreio de materiais, predominantemente siliciclásticos,

68
provenientes de relevos emersos do Maciço Hespérico e do horst da Berlenga que drenam, em regime
por vezes aluvial a fluvial, em direção às áreas mais profundas da Bacia, situadas a sul (Kullberg et al.,
2013).
De um modo geral, os arenitos são texturalmente e composicionalmente imaturos. Os grãos detríticos
presentes nas rochas sedimentares são comumente angulosos a sub-angulosos. Os clastos de micrite por
norma são rolados a sub-rolados. A maior parte das rochas sedimentares exibe boa calibração dos
constituintes detríticos. A boa calibração é observada nos arenitos onde os constituintes detríticos
apresentam praticamente a mesma dimensão. Por outro lado, existem amostras que apresentam, por
vezes, três intervalos distintos de fração granulométrica o que permite classificar essas rochas como
mal calibradas, nos arenitos mais grosseiros.
Na figura VI.34 pode-se observar que o quartzo ocorre nas fácies de diferentes granularidades. Trata-
se do mineral mais abundante e apresenta uma distribuição granulométrica simétrica. Por ordem de
abundância, os arenitos finos apresentam grande quantidade de grãos de quartzo depois segue-se os
médios e por último os grosseiros. A percentagem mais baixa de quartzo (25%) é observada nos arenitos
grosseiros e a mais elevada (70%) é nos arenitos finos. O quartzo ocorre bem distribuído nas fácies de
diferentes granularidades aos 50%.

Quartzo vs Granularidade
10
Frequência(n)

0
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
Quartzo(%)

Fino Médio Grosseiro

Figura VI-34 Variação da percentagem de quartzo nas fácies de diferentes granularidades.

Ao analisar as fácies de diferentes granularidades constatou-se que os arenitos grosseiros apresentam


uma distribuição assimétrica negativa. Nos arenitos grosseiros e médios é mais frequente a percentagem
do quartzo de 50%. Os arenitos médios apresentam uma distribuição simétrica. Os arenitos finos
apresentam uma distribuição assimétrica positiva. Nestas amostras é mais frequente a percentagem de
quartzo de 45 e 55%.

Tal como o quartzo as argilas ocorrem em as nas


Argila vs Granularidade fácies de diferentes granularidades (figura VI.35)
mas estas apresentam distribuição granulométrica
20
assimétrica positiva. De todas as fácies de diferentes
Frequência(n)

10
0 granularidades é menos frequente encontrar argila
5 10 15 20 25 30 nos arenitos grosseiros e mais frequente nos
Argila(%) arenitos finos. Aos 5% e 20% a argila ocorre bem
distribuída nas fácies de diferentes granularidades.
Fino Médio Grosseiro É mais frequente observar 5% de argila nos arenitos
finos e menos frequente nos arenitos grosseiros.
Figura VI-35 Variação da percentagem de argila nas fácies de diferentes granularidades.

69
Na figura VI.36 é apresentado o gráfico que mostra a tendência de diminuição da percentagem da argila
com o aumento da percentagem em quartzo. As amostras mais maturas correspondem as areias de
crevasse que apresentam percentagem muito baixa de argila e são ricas em quartzo. Estas amostras
(PAB-7, PAB-9, PAB-10 e PAB-11) foram colhidas na praia de Paimogo. As areias de crevasse além
apresentarem % baixa de argila também apresentam percentagem baixa de feldspato (figura VI.38) o
que já seria de se esperar dado que se trata de amostras maturas.

Quartzo vs Argila
30
Argila(%)

20

10

0
0 20 40 60 80
Quartzo(%)

Figura VI-36 Relação existente entre a percentagem de quartzo e argila nas diferentes amostras.

Na figura VI.37 é apresentado o gráfico mostra uma relação de proporcionalidade direta entre %
feldspato e % de argilas. As areias mais maduras, com menos de 3% de feldspato, são também em geral
mais limpas, com menos de 6% de argilas.

Foram observados dois tipos principais de cimentos: carbonatado e argiloso. A cimentação carbonatada
tem papel de destaque por sustentar a textura/estrutura e limitar a compactação, impedindo a
deformação dos grãos pela pressão exercida durante o soterramento. Ao impedir a deformação de grãos
evita que seja gerada fraturas e uma pseudomatriz com os fragmentos resultantes. Nas amostras colhidas
na praia de Paimogo predomina o cimento carbonatado, com exceção da amostra PAB-1, PAB-3 e PAB-
5. Enquanto que a sul, nas amostras colhidas nas praias de Vale de Frades e Areia Branca predomina o
cimento argiloso, a exceção é a amostra PAB-25 que apresenta cimento carbonatado.

Quando a percentagem de argila é elevada a percentagem de esparite é baixa e, o mesmo se verifica


com os clastos de micrite que são raros nas amostras mais argilosas. Nas figuras VI.38 e VI.39 são
apresentados gráficos que mostram a tendência de diminuição da percentagem de esparite e micrite com
o aumento da % em argila.

Da observação conjunta dos gráficos VI.37 e VI.38 verifica-se que as amostras com < 6% de argilas
são as mesmas que têm <3% de feldspato e >15 % Esparite e; que as amostras com > 15% argilas são
as que têm < 10% esparite e que têm tb > 4% de feldspato.

Estes dois grupos de amostras, o primeiro com cimento esparitico e pouca argila e feldspatos, o
segundo com argilas e feldspatos abundantes e consequentemente pouco cimento esparitico, deverão
corresponder a condições paleoambientais distintas. O primeiro grupo está associado a amostras da
parte inferior da sequência estudada, podendo resultar da influência de condições costeiras relacionadas
com as inundações marinhas registadas em Paimogo (figura IV.2), condições que removeriam as argilas
e destruiriam os feldspatos, deixando espaços entre os grãos, passíveis de cimentação
esparítica posterior. O segundo grupo engloba predominantemente amostras da parte superior da

70
sequência, de influência mais marcadamente fluvial e consequentemente menos "limpas" (mais
argilosas) e também mineralogicamente mais imaturas, inibindo assim a cimentação esparítica"

Feldspato vs Argila
30
25
20
Argila(%)

15
10
5
0
0 2 4 6 8
Feldspato(%)

Figura VI-37 Relação existente entre a percentagem de feldspato e argila nas diferentes amostras.

Argila vs Esparite
50
40
Esparite%)

30
20
10
0
0 10 20 30
Argila(%)

Figura VI-38 Relação existente entre a percentagem de argila e esparite nas diferentes amostras

Argila vs Micrite
60
Micrite(%)

40

20

0
0 10 20 30
Argila(%)

Figura VI-39 Relação existente entre a percentagem de argila e micrite nas diferentes amostras.

A presença de argila impede a circulação de fluidos carbonatados porque estes minerais fazem parte
dos processos deposicionais inicias e o fato de os minerais de argila serem muito pequenos tal como os
poros resulta em enormes forças capilares e muito baixas permeabilidades que reduzem a facilidade
com que o fluido flui através dos canais porosos daí a razão as amostras mais argilosas apresentarem
percentagem baixa de carbonato.

71
c) Porosidade

Em função dos valores percentuais de porosidade pode-se classificar qualitativamente a porosidade de


uma amostra em baixa (0-5%), moderada (10%), boa (15%) e excelente (igual ou superior a 20%)
(Archie,1952 in Ahr, 2008). Neste trabalho considerou-se a porosidade baixa (0-5%), moderada (5-
10%), boa (10-15%), excelente/elevada (superior a 15%). O reservatório no seu todo tem porosidade
moderada com uma média de 4.95%, com valores a variar entre 0.8% e 17.3%. É constituída
principalmente por poros intergranulares. Os poros são fechados, isolados e ocorrem disseminados
características estas que os torna inativos quanto ao fluxo de líquidos. O contato grão a grão é frequente
pelo que as gargantas entre os poros ocorrem ocasionalmente bloqueadas.
Os poros intragranulares em clastos de micrite apenas são observados na amostra PAB-11 e, em
bioclastos na amostra PAB-N1. Os arenitos com porosidade mais elevadas são encontrados nas
amostras colhidas na praia de Vale dos Frades e Areia Branca. Nas laminas analisadas as amostras
PAB-4, PAB-5, PAB-7, PAB-9.1, PAB-9.2, PAB-9.3, PAB-10, PAB-12, PAB-13, PAB-14, PAB-24 e
PAB-25, N1 apresentam valores de porosidade baixa. Os valores moderados de porosidade são relativos
as amostras PAB-2, PAB-11 e PAB-27. A porosidade boa ocorre nas amostras PAB-1, PAB-3, PAB-
17, PAB-18, PAB-19, PAB-21, PAB-23 e PAB-26. As amostras PAB-20 e PAB-22 apresentam os
valores mais elevados de porosidade e pode-se classificar qualitativamente a porosidade como
elevada/excelente.

A porosidade é muito afetada pelo cimento carbonatado e geralmente é baixa a muito baixa. A
cimentação diagenética por carbonatos levou a perda de porosidade, é nos arenitos com elevada
percentagem de esparite que se observa os valores mais baixos de porosidade. A distribuição do cimento
carbonatado é um fator importante na qualidade dos reservatórios siliciclásticos. Na figura VI.40 é
apresentado o gráfico que mostra a tendência de diminuição da percentagem de porosidade com o
aumento da percentagem em carbonatos e que os valores mais elevados de porosidade são observados
nas areias de canal. Nos arenitos com alta percentagem de argila se observa os valores mais elevados
de porosidade isto significa que as argilas foram inibidoras à diagénese dos carbonatos o que permitiu
a preservação de alguma porosidade esta interpretação apoia-se no fato de argilas fazerem parte dos
processos deposicionais inicias e que a percentagem elevada de calcite presente nos espaços
intergranulares seja pós-deposicional. Acredita-se que as argilas fazem parte dos processos
deposicionais iniciais, pois estas se formaram antes da deposição e se misturaram com os grãos da
dimensão da areia durante ou imediatamente a seguir à deposição, fazendo parte do fabric preservaram
o espaço poroso e inibiram a diagénese dos carbonatos. Nos espaços porosos ocorre quantidades ínfimas
de argilas que são não-expansivas, pelo fato de não aumentarem de volume por absorção de moléculas
de água ou outros fluidos o que conduz também a preservação de alguma porosidade.

Porosidade vs Esparite
20
Porosidade(%)

15
10
5
0
0 10 20 30 40
Esparite(%)

Figura VI-40 Relação existente entre a percentagem de esparite e porosidade nas diferentes amostras.
72
VII. Interpretação

a) Interpretação paleoambiental dos aspetos mineralógicos e texturais

O Jurássico Superior da Bacia Lusitânica corresponde a uma planície aluvial costeira que inclui o
ambiente fluvial distal retrabalhado por marés. É na praia de Paimogo que se observa o intervalo mais
“marinho”. Subindo na sequência, constatamos que as tonalidades se vão tornando mais avermelhadas,
indicando uma continentalização da sedimentação e também se observa o incremento de corpos
canalizados. O ambiente fluvial propriamente dito está bem representado na praia da Areia Branca.

Na praia de Paimogo observou-se nos finos de planície de inundação fósseis de fragmentos de moluscos
marinhos e fósseis de ostreídeos que evidenciam a existência de ambientes lagunares restritos com
influência marinha episódica. A presença de bancos de conchas, argilas negras (alta natureza orgânica),
concreções carbonatadas e bioturbação em arenitos sugere que esses sedimentos foram depositados em
um ambiente de plataforma ou de plataforma rasa durante a transgressão. Os bancos de conchas
representam superfícies inundáveis de maior influência marinha do que a influência das marés. Os
arenitos de Paimogo contêm alta percentagem de quartzo e cimento carbonatado. A precipitação de
carbonato é comum em depósitos costeiros. Estes arenitos experimentaram fortes marés, acredita-se
que a percentagem elevada de calcite presente nos espaços intergranulares seja pós-deposicional. Em
condições climáticas quentes quando a água do mar, saturada em carbonato, evapora favorece a
precipitação carbonatos nos espaços intergranulares. As marés também contribuíram também para a
lixiviação de minerais como o feldspato. Assim sendo classifica-se os arenitos da Praia de Paimogo
como quartzoarenitos e sub-litoarenitos de cimento carbonatado. As areias da Praia de Paimogo são
típicas de paleoambientes costeiros pois apresentam maturidade composicional e textural relativamente
boa. Estas areias de ambientes costeiros são ricas em quartzo e apresentam percentagem muito baixa de
minerais instáveis e argila. Carvão e clastos rolados a sub-rolados de micrite foram observados nestes
arenitos. Os grãos são angulosos a sub-angulosos, lavados e bem calibrados.

Nas praias de Vale dos Frades e Areia Branca foram observados leitos de litoarenito e litoarenito
feldspático. Estes arenitos possuem maturidade composicional baixa a moderada pois contêm quartzo,
outros tipos de grão (micas, feldspato, litoclastos) e cimento argiloso.

As areias de Vale dos Frades são típicas de paleoambiente transicional pois apresentam alguma
imaturidade composicional e textural. Estas areias contêm quartzo, micas, feldspato, argilas e
carbonatos. Os grãos são angulosos a sub-angulosos e pouco calibrados.

As areias da praia da Areia Branca são mais argilosas e mais ricas em feldspato do que as amostras de
Vale dos Frades. As areias da praia da Areia Branca são típicas de paleoambiente fluvial pois
apresentam imaturidade composicional e textural. Estas areias de ambiente fluvial contêm quartzo,
micas e feldspatos mais ou menos alterados. Alguma percentagem de argila foi gerada pela alteração
diagenética do feldspato. Os grãos são angulosos a sub-angulosos, pouco brilhantes, sujos e mal
calibrados. Foi observado argila na superfície dos grãos o que faz com que os grãos apresentem pouco
brilho e apareçam sujos.

73
b) Interpretação da porosidade em resultado da diagénese

O estudo petrográfico dos arenitos da Fm. Lourinhã permitiu identificar que estes arenitos foram
sujeitos aos seguintes processos diagenéticos: compactação, cimentação, dissolução, autigénese e
recristalização.

A compreensão do potencial e do funcionamento dos reservatórios, passa por duas linhas essenciais de
variáveis: as que dizem respeito às propriedades físicas dos materiais, designadamente à sua
permeabilidade e porosidade, e as que se relacionam com a história do soterramento e da diagénese das
unidades permo-porosas. A porosidade em regimes diagenéticos próximos à superfície é em grande
parte controlada pelo fluxo de água através do sedimento.

A diagênese superficial é dominada pela compactação e cimentação com perdas de porosidade e


permeabilidade.

A cimentação carbonatada tem papel importante nos reservatórios, pode influenciar de forma positiva
ou negativa as propriedades físicas dos reservatórios. Como influência positiva na qualidade dos
reservatórios, sugere-se que cimentação carbonatada localizada, sustenta parcialmente os grãos e limita
a compactação. Como influência negativa, a distribuição ampla dos carbonatos que preenche grande
parte do espaço poroso e consequentemente impede a percolação de soluções, formando barreiras para
um eventual preenchimento dos poros seja por águas subterrâneas ou hidrocarbonetos.

As lâminas analisadas indicam que os arenitos estudados foram pouco soterrados, pois a compactação
mecânica não é efetiva. A compactação mecânica nesses arenitos é de baixa intensidade. A cimentação
carbontada precoce impediu uma maior compactação. Na análise das lâminas, em alguns lugares, os
grãos mostram um rearranjo moderado e contatos pobres entre os grãos. Foram observados
predominantemente contatos pontuais entre os grãos. O evento de compactação também pode ser
observado pela rotação de alguns grãos de quartzo e micas, por incipientes deformações no quartzo.
Não existe qualquer evidência de processos diagenéticos mecânicos ou químicos tardios e, portanto,
indicações de soterramento profundo. Não foi observado quartzo de sobrecrescimento e cimento de
quartzo evidente para indicar soterramento mais profundo e posterior diagênese. A solubilidade do
quartzo aumenta com o aumento da temperatura (Bjørlykke, 1983).

Na diagénese dos arenitos da Formação Lourinhã houve também dissolução de minerais ferro-
magnesianos, formação autigénica de clorite e, principalmente, carbonatos formados provavelmente da
precipitação de elementos químicos em solução no espaço poroso. A dissolução de minerais ferro-
magnesianos pode contribuir significativamente para a precipitação de óxidos e hidróxidos de ferro,
como também para o aumento da concentração de iões de Fe e Mg em solução, resultando em
ferruginizações (figura VI.12). A biotite foi fonte potencial de Fe e Mg para a autigénese da clorite.
Observou-se inúmeras vezes a substituição de biotite para clorite. Os processos de recristalização foram
apenas observados nos bioclastos (figura VI.19).

Face ao exposto os principais processos diagenéticos responsáveis pela perda de porosidade são a
precipitação de cimento carbonato e compactação em que na qual as partículas são movidas para contato
mais próximo com seus vizinhos por pressão o que reduz o espaço poroso e a espessura, assim sendo
tem-se uma redução na porosidade inicial.

As unidades litológicas com potencial de bom reservatório são as areias de canal na zona de Vale dos
Frades e Areia Branca porque é onde se onde se observa a maior conectividade do reservatório, baixa
percentagem de esparite e porosidades mais elevadas.

74
VIII. Modelação do reservatório

A caracterização de reservatórios é uma importante ferramenta na indústria petrolífera, pois este dado
determina os locais onde serão perfurados poços e como será executada a produção do poço. O modelo
3-D é o uma importante ferramenta para o entendimento espacial da distribuição e variação de uma
determinada característica. Os geólogos de produção fazem previsões a partir de esquemas e modelos
geológicos. O geólogo pode prever como o reservatório pode se comportar através da configuração
geométrica e distribuição das propriedades da rocha. Também pode-se prever onde há uma
oportunidade de encontrar petróleo e onde esses volumes são grandes o suficiente para justificar a
localização dos poços (Shepherd, M., 2009). Diversos tipos de dados são necessários desde a
idealização do modelo até sua construção. Utilizando programas como o Petrel é possível carregar e
interpretar estes tipos de arquivos. Portanto, com o resultado da modelação é possível fazer uma melhor
interpretação da disposição dos corpos litológicos em três dimensões dentro do intervalo de estudo e
como eles variam espacialmente. Estes produtos auxiliam áreas como a geologia de exploração e
produção.

O fluxo de trabalho de modelação de reservatório 3-D é apresentado a seguir (Shepherd, M., 2009):
1. Pré-planeamento
• Objeto do modelo
• Definição dos principais parâmetros
• Confirmação dos dados de entrada
2. Construção da estrutura
• Edificação da grade
• Construção de horizontes e camadas
3. Completar a grade com um modelo de fácies
4. Completar a grade com propriedades de rocha
5. Controle de qualidade do modelo
6. Cálculo volumes de hidrocarbonetos

Os modelos replicam a estrutura tridimensional do reservatório. O volume do reservatório é dividido


em uma malha tridimensional de células. Um modelo geocelular típico contêm centenas de milhares a
milhões de células (Shepherd, M., 2009). A primeira etapa na criação do modelo é criar a estrutura
tridimensional do reservatório através da construção de superfícies (Shepherd, M., 2009).
Etta (2007) e Nyrud (2007) criaram modelos de fácies com o intuito de compreender a geometria 3D,
o estilo arquitetural e heterogeneidades do reservatório. Atenção especial é focada na heterogeneidade
macroescala do afloramento. O modelo é construído usando métodos estocásticos nos quais os
parâmetros que controlam os algoritmos da modelação são baseados em observações do campo. O
objeto modelo estocástico são os finos de planície de inundação, areias de canal, areias de crevasse
splay e areias de levee.

A área modelada foi determinada com relevância para a extensão da área de estudo, que é de ~ 2,5 km
de largura e ~ 150 m de altura. Quatro zonas foram modeladas com diferentes parâmetros: amplitude,
comprimento de onda, largura do canal, profundidade (figura XI.6). A Zona 1 consiste na Seção_0, a
Zona 2 consiste na Seção 1, a Zona 3 consiste na Seção 2 e a Zona 4 consiste nas Seções 3 e 4 (figura
XI.5). O principal elemento arquitetural é o canal fluvial, embora seja feita a adição de crevasse splay
que foram incluídos na planície de inundação da Zona 2, pois é a geometria principal dentro desta seção.

75
A inclinação regional limita a extensão lateral a cada nível estratigráfico. O controlo 3D está ausente, a
maior parte dos afloramentos não estão bem expostos e apenas esta disponível uma vista parcial dos
corpos de arenito. Devido a essas discrepâncias existe incerteza em relação aos parâmentos utilizados
pelo que estes foram obtidos com recurso equações empíricas. Os dados de logs sedimentares foram
convertidos em um arquivo de texto e referenciados com nome, espessura estratigráfica e posição na
área de estudo. Os topos dos poços foram tabulados separadamente e basearam-se em superfícies
lateralmente correlacionáveis em relação ao dado. A construção do framework do modelo começou com
a importação dos logs (pseudo-poços) e topos de poço. Os pseudo-poços (figuras XI.1, XI.2, XI.3 e
XI.4) representam as várias fácies e elementos arquiteturais observados na área de estudo. As
superfícies e horizontes foram criados a partir dos topos dos poços, incluindo os limites superior e
inferior. A correlação lateral dos poços é baseada nos topos dos poços. Os horizontes e superfícies
servem como estrutura no modelo no qual a distribuição do elemento arquitetural pode ser modelado.

Da modelação de Nyrud resultou um reservatório complexo e compartimentado (figuras XI.8, XI.9 e


X.10). Com recurso a este modelo pode-se deduzir que as unidades litológicas jurássicas com potencial
de bom reservatório são as areias de canal na zona 3 e 4. Nestas zonas vários corpos de areia se
sobrepõem, uns aos outros e formam um volume de areia conectado maior. A razão de net-to-gross é
elevada têm-se muita areia em relação à argila, condição fulcral em termos de barris. Deste modo é
possível afirmar que estes reservatórios podem ser perfurados com sucesso pois são propensos a gerar
lucro.

Outro modelo apresentado para a Formação da Lourinhã é o modelo multi-escala de Keogh et al.,
(2014). Na definição da geometria utilizou como dados de entrada o comprimento de onda e amplitude
das estruturas, juntamente com a simetria das estruturas e espessuras da lâmina. Dados estes obtidos a
partir de medições no afloramento. As propriedades petrofísicas foram retiradas de um banco de dados
de plugs de cores em campos de subsuperfície análogos no Tampen Spur da plataforma continental
norueguesa.

Estes modelos são bons geometricamente porque representam a distribuição tridimensional fácies e
relações geológicas dos diferentes corpos, mas perdem o valor por não serem representativos no que
respeita às heterogeneidades microescala e características petrofísicas dos arenitos. Na construção do
modelo Etta (2007) e Nyrud (2007) utilizaram poucos valores de porosidade e tais valores são
exagerados quando comparados com os valores obtidos neste estudo (tabela V1-2). A amostra 13 de
Etta (2007) tem porosidade excelente (24.9%) e foi colhida na barra arenosa abaixo do forte de
Paimogo. Nesta mesma barra arenosa foi colhida a amostra PAB-4, PAB-1, PAB-3, PAB-2 e PAB-5,
que apresentam porosidades baixas a moderadas e varia de 2.3% a 13.1%. Os valores de porosidade de
Nyrud de 7.5% (amostra Im), 13.4% (amostra 9) e 22.5% (amostra 12) também são exagerados e
correspondem as amostras PAB-13/14, PAB-19 e PAB-24 que têm porosidades baixas (1.6%, 2.8% e
3.6%). Keogh et al., (2014) nos seus modelos utilizou valores de porosidade a variar entre 9.6% e 26.5%
que se considera elevados quando comparados com os obtidos neste estudo que variam entre 0.8% e
17.3% e a porosidade média de 4.95%.

Os modelos de Etta (2007), Nyrud (2007) e Keogh et al., (2014) podem ser aprimorados usando o
conjunto alargado de dados de petrografia e porosidade tais como os obtidos neste estudo. A partir
destes dados podem ser construídos modelos de porosidade, permeabilidade e propriedades de saturação
de água. Visto que a estrutura geométrica já está construída a próxima etapa é preencher cada célula
na grade com um tipo de fácies e um único valor para cada propriedade de rocha como porosidade que
foram obtidos neste estudo (Tabela VI-2). Um modelo típico terá uma representação do modelo de

76
fácies, porosidade, permeabilidade, net to gross e propriedades de saturação de água. Antes de isso ser
feito, fácies e valores de propriedade rocha devem ser atribuídos às células intercetadas pelos poços
(Shepherd, M., 2009). Cada célula terá um valor único atribuído a ela como resultado do bloqueio dos
dados do poço (Tabela VI-1 e VI-2). O bloqueio envolve tomar um valor representativo das
propriedades da rocha dentro de cada célula individual intercetada por um poço (Shepherd, M., 2009).
Nesta fase, as células do modelo cruzadas pelos poços terão sido “povoadas” com litofácies e
propriedades da rocha (Shepherd, M., 2009). Aplicações geoestatísticas permitem que toda a grade 3-
D seja preenchida com valores extrapolados do controle do poço (Shepherd, M., 2009). A simulação
sequencial gaussiana é o método preferido para criar grades de porosidade, net to gross e de
permeabilidade. Essas grades devem ser condicionadas à fácies (Shepherd, M., 2009). Todos os dados
a serem usados para o modelo devem passar por uma verificação de controle de qualidade para valores
errados. Valores errados muitas vezes se destacam do cluster geral de dados em três dimensões e devem
ser óbvios para identificar (Shepherd, M., 2009). Os resultados finais são uma grade de fácies controlada
pela posição estratigráfica e grades de propriedade de rocha, como a porosidade.

Os modelos de porosidade interpolados a partir de dados de logs e petrografia aumentam a confiança


na estimativa do volume de hidrocarbonetos. Uma vez conhecida a geometria tridimensional do sistema
de poros conectado, esses modelos auxiliam no melhor aproveitamento e estimativa das reservas e,
possibilitam a redução de custos durante a fase de produção de um campo, tornando a locação de poços
para perfuração mais precisa.

IX. Discussão

Na Bacia Lusitânica está reconhecida a presença de hidrocarbonetos tanto em arenitos de distintos


ambientes e idades, como em carbonatos porosos e fraturados, pertencentes a diferentes unidades de
idade jurássica e cretácica (Garcia, 2007 in Reis, R. & Pimentel, N., 2010a). O registo geológico
Mesozóico na Bacia Lusitânica apresenta abundantes depósitos siliciclásticos, relacionados com as
fases de mais intenso tectonismo e consequente erosão e acumulação sedimentar. Muitos desses
depósitos tiveram uma porosidade primária importante, mas em muitos casos a diagénese posterior
obliterou uma parte significativa. Ainda assim, pode-se considerar que existem na Bacia Lusitânica
rochas siliciclásticas suficientes para poderem ter acumulado o óleo que seguramente nela foi gerado
(Reis, R. & Pimentel, N., 2010a).

Segundo Etta (2007) os arenitos da Fm. Lourinhã são moderadamente maturos, representando areias de
primeira geração. Não há grande diferença na composição mineral das amostras de arenitos
dominantemente fluviais, de crevasse e que sofreram a influência de marés. Os grãos de quartzo e
feldspato constituem os principais componentes. No entanto, a variação ocorre no tamanho do grão,
textura, porosidade e cimento das diferentes amostras. Estes arenitos geralmente mostram porosidade
intergranular e porosidade intragranular rara. A análise petrográfica também mostra que os valores de
porosidade das amostras colhidas na área de estudo são geralmente pobres e, não de qualidade do
reservatório devido à alta cimentação de calcite e argila nos espaços intergranulares. No entanto, estes
valores não são da escala do reservatório. Os valores de porosidade são muito contrastantes dentro de
um intervalo muito curto. A porosidade é reduzida para cima na estratigrafia, devido à presença de
calcite e, em alguns casos, também de argila nos espaços intergranulares. O maior valor de porosidade
é de 24,9% é observado numa amostra que foi colhida na barra arenosa que se encontra abaixo do forte
Paimogo. Acredita-se que a calcite presente nos espaços intergranulares seja pós-deposicional.
77
Nyrud (2007) considera que a composição mineral não varia dependendo da fácies ou do elemento
arquitetural, apenas a quantidade de cada componente, além da porosidade e permeabilidade, varia. A
quantidade de argila e cimento é particularmente importante no que diz respeito à preservação da
porosidade primária e permeabilidade. A porosidade é grandemente afetada pelo cimento de calcite e
geralmente é pobre, enquanto a permeabilidade é significativamente afetada pela presença de argila. A
presença de cimento de calcite e argila diminui para cima na estratigrafia, dando assim melhores valores
para porosidade e permeabilidade. A maior porosidade contada é de 22,5% e foi observada numa barra
de acreção lateral em Vale dos Frades. Este valor de porosidade está dentro da faixa para ser considerado
como reservatório.

A porosidade deve ser no mínimo de 10% em depósitos de arenito não fraturados para que este seja
considerado com características de reservatório propenso a óleo (Bjørlykke, 2001). Espera-se que a
porosidade atinja ~ 20% ou mais para estar dentro da faixa de um reservatório produtivo mesmo quando
enterrado (Nyrud, 2007).

Tanto Etta (2007) como Nyrud (2007) consideram que a calcite presente nos espaços intergranulares é
pós-deposicional e que afeta os valores porosidade original. Nestes dois trabalhos também mostraram
que os maiores valores de porosidade são encontrados nas areias de canal tal como mostrado neste
estudo petrográfico dos arenitos da Fm Lourinhã. No entanto, Etta (2007) falha ao afirmar que os
valores de porosidade diminuem à medida que vamos subindo na estratigrafia.

Os arenitos da Formação Lourinhã apresentam características de reservatórios favoráveis, com


imaturidade composicional e porosidade inter e intra-granular, na ordem dos 10 a 15 %; a cimentação
carbonatada foi precoce e incompleta, dificultando a compactação e preservando parte da porosidade
inicial (Armelenti, 2009 in Reis, R. & Pimentel, N., 2012).

Existe variação da composição mineralógica dos arenitos. Verifica-se o aumento do grau de


imaturidade, do teor de argila e feldspato e; diminuição de quartzo e carbonatos da base para o topo da
sucessão estratigráfica. A variação da composição mineralógica não é devido a granularidade, mas sim
devido a variação de paleoambiente costeiro transicional a fluvial.

Os depósitos fluviais são muitas vezes composicionalmente e texturalmente imaturos e, portanto, não
têm altos níveis de porosidade. Os valores de porosidade aumentam à medida que vamos subindo na
sequência e em direção a Sul. A cimentação carbonatada tem o efeito de reduzir a porosidade em rochas
clásticas. Imediatamente após a sua deposição, o sedimento é atravessado por soluções circulantes que
precipitam substâncias que preenchem parcial ou totalmente os poros, litificando o sedimento e
transformando-o em uma rocha compacta. A compactação mecânica nestes arenitos é de baixa
intensidade. Na análise das lâminas observou-se entre os grãos pontes de esparite. O fato de a
cimentação ser incompleta e compactação não ser efetiva permite que exista alguma porosidade.

Na praia de Paimogo têm-se um sistema fluvial distal constituído por 90% de depósitos de planície de
inundação e 10% de canais. A componente argilosa é um indicador da distância do canal relativamente
à planície aluvial, sendo que quanto maior a componente em argila, maior essa distância. A razão de
net-to-gross é baixa e resulta da existência de muita carga suspensa e pouca carga sólida, situação
comum em sistemas de baixa energia. Os corpos de areia não têm altos níveis de porosidade porque
sofreram influência das marés e esta situação favoreceu a precipitação de carbonatos. Seguindo em
direção à praia da Areia Branca a razão de net-to-gross passa a ser elevada, têm-se muita areia em
relação a argila, observa-se o aumento do volume de areia e corpos de areia empilhados. Os corpos
arenosos friáveis e com teores de argila elevados são os que apresentam os valores de porosidade mais
elevados. Essa frase pode parecer contraditória mais o fato aqui importante é que estas as argilas fazem
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parte dos processos deposicionais iniciais e foram inibidoras da diagénese dos carbonatos pois nestas
amostras a percentagem de carbonatos é nula ou muito baixa. As unidades litológicas jurássicas com
potencial de bom reservatório são as areias de canal da praia de Vale dos Frades e Areia Branca porque
é onde se onde se observa a maior conectividade do reservatório e porosidades mais elevadas.

O reservatório é constituído por uma sequência de arenitos que se encontra compreendida entre os 105
e 143 metros na coluna estratigráfica. Os reservatórios são geralmente localizados nas areias de canais
com porosidades até 17%. Nestes reservatórios as unidades de arenito são lateralmente extensas, sem
grandes descontinuidades ou mudanças na permeabilidade horizontal e, mostram apenas mudanças
graduais nas características de espessura e propriedades da rocha. A conectividade do reservatório é
tipicamente boa a excelente, por vezes as camadas de argila podem funcionar como barreiras.

X. Conclusão
Os sedimentos siliciclásticos são principalmente produtos da erosão do Maciço Hespérico e do horst da
Berlenga. O diagrama de Dickson (1985) mostra que os sedimentos resultam predominantemente, de
um orógeno reciclado. Sabe-se que os depósitos siliciclásticos da Bacia Lusitânica estão relacionados
com as fases de mais intenso tectonismo e consequente erosão e acumulação sedimentar. Na
caracterização de amostras de mão e análise de laminas delgadas constatou-se que os arenitos são
texturalmente e composicionalmente imaturos, os grãos detríticos são comumente angulosos a sub-
angulosos e clastos de micrite rolados a sub-rolados, observando-se boa calibração dos constituintes
detríticos. A má calibração é observada nos arenitos mais grosseiros. De acordo com o diagrama de
classificação de Folk (1968;1980) os arenitos variam de arenitos quartzíticos a líticos devido à sua
maturidade composicional baixa a moderada. As amostras mais maturas correspondem as areias de
crevasse que apresentam percentagem muito baixa de argila e são ricas em quartzo.

Os histogramas de variação da percentagem de quartzo e argila nas fácies de diferentes granularidades


mostram que a percentagem mais baixa de quartzo é observada nos arenitos grosseiros e a mais elevada
é nos arenitos finos. Estes histogramas também mostram que é mais frequente observar 5% de argila
nos arenitos finos e menos frequente nos arenitos grosseiros.

Existe variação da composição mineralógica dos arenitos. Verifica-se o aumento do grau de


imaturidade, do teor de argila e feldspato e; diminuição de quartzo e carbonatos da base para o topo da
sucessão estratigráfica. O aumento da porosidade também ocorre na mesma direção. A variação da
composição mineralógica é devido a variação de paleoambiente costeiro transicional a fluvial. O
Jurássico Superior da Bacia Lusitânica corresponde a uma planície aluvial costeira que inclui o
ambiente fluvial distal retrabalhado por marés. O intervalo mais “marinho” é observado na praia de
Paimogo. Nesta praia têm-se um sistema fluvial distal constituído por 90% de depósitos de planície de
inundação e 10% de canais. Nos finos de planície de inundação foram encontrados fósseis de
fragmentos de moluscos marinhos e fósseis de ostreídeos que evidenciam a existência de ambientes
lagunares restritos com influência marinha episódica. Nos interstícios ou espaços entre os grãos
identificou-se cimento carbonatado bem representado nos arenitos da praia de Paimogo, de maturidade
composicional e textural relativamente boa. A influência das marés favoreceu a deposição ou
precipitação de carbonatos e afetou a porosidade que geralmente é baixa a muito baixa.

Subindo na sequência, constatamos que as tonalidades se vão tornando mais avermelhadas, indicando
uma continentalização da sedimentação. Também se observa o incremento de corpos canalizados. O
ambiente fluvial propriamente dito está bem representado na praia da Areia Branca.
79
A maturidade composicional baixa a moderada é observada nos arenitos de Vale dos Frades e Areia
Branca que contêm quartzo, outros tipos de grão (micas, feldspato, litoclastos) e cimento argiloso.
Verifica-se um enriquecimento em feldspatos e diminuição da percentagem de quartzo. As amostras da
Areia Branca são mais argilosas e mais ricas em feldspato do que as amostras de Vale dos Frades.

As argilas foram inibidoras à diagénese dos carbonatos e permitiram a preservação da porosidade tal
foi possível porque estes minerais fazem parte dos processos deposicionais iniciais. Nas lâminas
delgadas observou-se quantidades traços de feldspatos mais ou menos alterados, e argila na superfície
dos grãos. Desta observação pode-se inferir que que alguma percentagem de argila foi gerada pela
substituição de feldspato. Na diagénese dos arenitos houve também formação de clorite por substituição
de biotite e, óxidos e hidróxidos de ferro formados pela dissolução de minerais ferro-magnesianos.

As unidades litológicas jurássicas com potencial de bom reservatório são as areias de canal da praia de
Vale dos Frades e Areia Branca, localizadas entre os 105 e 143 metros na coluna estratigráfica. É neste
intervalo que se observa a maior conectividade do reservatório, razão de net-to-gross e porosidades
mais elevadas (acima de 10% e com valores até 17%). A razão de net-to-gross é elevada porque têm-
se muita areia em relação à argila e observa-se corpos de areia empilhados, condição fulcral em termos
de barris. A porosidade deve ser no mínimo de 10% em depósitos de arenito não fraturados para que
este seja considerado com características de reservatório propenso a óleo (Bjørlykke, 2001). Nestes
reservatórios as unidades de arenito são lateralmente extensas, sem grandes descontinuidades ou
mudanças na permeabilidade horizontal e, mostram apenas mudanças graduais nas características de
espessura e propriedades da rocha. A conectividade do reservatório é tipicamente boa a excelente, por
vezes lâminas de argila podem funcionar como barreiras. Face ao exposto estes reservatórios podem ser
perfurados com sucesso pois são propensos a gerar lucro.

Do ponto de vista petrográfico conclui-se que o potencial desta Formação como reservatório depende
grandemente da influência (negativa) dos ambientes com influência costeira. Uma análise do ponto de
vista da Estratigrafia de Sequências contribuirá seguramente para definir os melhores intervalos, com
melhor potencial; e, assim, diminuir as incertezas relacionadas com a heterogeneidade e, melhorar os
cálculos e modelação de reservas.

80
XI. Referências bibliográficas
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XII. Anexos

83
84
1. Correlação de logs com a distribuição de corpos arenosos na área de estudo

Figura XII-1 Distribuição de logs e corpos arenosos na área de estudo (adaptado de Nyrud, 2007).. Orientação N-S
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2. LOGS

a) Paimogo

Legend for sedimentary Logs

Figura XII-2 Log referente à praia de Paimogo (Nyrud, 2007).


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b) Caniçal

Figura XII-3 Log referente à praia do Caniçal (Nyrud,


2007).

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c) Vale dos Frades

Figura XII-4 Log referente à praia de Vale dos Frades (Nyrud, 2007).

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3. Modelo 3D de Nyrud

Figura XII-5 Divisão da área de estudo em seções e zonas. Amarelo indica arenito enquanto verde indica argilas.

Figura XII-6 Parâmetros representativos para a modelação (intervalos).

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Figura XII-7 Objeto e legenda do modelo estocástico

Figura XII-8 Modelo estocástico gerado no PetrelTM. Run 1. A seta vermelha indica o nível de uma possível barreira fina.

Figura XII-9 Modelo estocástico gerado no PetrelTM. Run 2. A seta vermelha indica o nível de uma possível barreira fina.

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Figura XII-10 Modelo estocástico gerado no PetrelTM. Run 3. A seta vermelha indica o nível de uma possível barreira fina.

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