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CASO (DISPARADOR) 5: FISIOLOGIA ENDÓCRINA

INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO

OBJETIVOS DE APRENDIZADEM
DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE HORMÔNIO
I. Descrever as principais sinalizações celulares.
II. Relatar os conceitos básicos da Fisiologia Endócrina. Pelo conceito clássico de hormônio, hoje já superado,
III. Explicar o processo de síntese dos hormônios hormônio, do grego excitar ou movimentar, é um sinal químico
triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) e os seus secretado por tecidos especializados no sangue para ser
mecanismos de ação sobre as células alvo. transportado a um alvo distante, onde exerce seu efeito, em
IV. Esquematizar o Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireóide, baixíssimas concentrações. Assim, para ser hormônio, a
tanto em situações fisiológicas, quanto em disfunções molécula precisa (i) ser transportada no sangue e (ii) ter uma
da glândula. ação num sítio distante.
V. Exemplificar a ação de alguns hormônios sobre suas
células alvo (GH). Certo é que enquanto as glândulas exócrinas secretam
VI. Explicar a classificação dos hormônios e sua interação seus produtos dentro de ductos que transportam as secreções
com seus receptores nas células alvo. para uma cavidade do corpo, o lúmen de um órgão ou a
VII. Relacionar as alterações nos hormônios T3 e T4 com superfície externa do corpo, as glândulas endócrinas liberam
os sintomas apresentados no caso disparador seus produtos (hormônios) no líquido intersticial, que se
difundem para os capilares sanguíneos e, então, o sangue os
transporta por todo o corpo, afetando células-alvo por meio
SISTEMA ENDÓCRINO ligações químicas a receptores específicos.

Em 1849, Berthold realizou o primeiro experimento Algumas moléculas hormonais, contudo, nunca
clássico da endocrinologia, consistente na observação das chegam aos alvos, sendo quebradas e transformadas em
alterações provenientes da remoção dos testículos de galos, metabólitos inativos por enzimas encontradas sobretudo no
como diminuição da crista, da agressividade e da função sexual. fígado e nos rins, para serem excretados via bile ou urina. Com
Em razão dos testículos reimplantados não serem conectados efeito, a taxa de degradação dos hormônios é indicada pela sua
aos nervos, concluiu-se que as glândulas secretavam algo no meia-vida na circulação, que corresponde ao tempo necessário
sangue que afetava o organismo inteiro. Por este postulado, para reduzir sua concentração pela metade.
Berthold é considerado o pai da endocrinologia, cuja essência,
conforme se verá, é a coordenação química das funções Ademais, moléculas que não atendem à definição
corporais tradicional de hormônio não são inteiramente aceitas como tal,
sendo que tais candidatos a hormônios são, em geral,
As glândulas endócrinas incluem: (i) hipófise; (ii) identificados pela palavra fator. Entretanto, à medida em que
glândula tireoide; (iii) glândulas paratireoides; (iv) glândulas novas moléculas sinalizadoras e novos receptores são
suprarrenais; e (v) glândula pineal. Contudo, muitos órgãos e descobertos, o limite entre moléculas sinalizadoras não
tecidos não são classificados exclusivamente como glândulas hormonais continua a ser questionado, da mesma maneira que
endócrinas, mas contêm células que secretam hormônios, a a distinção entre os sistemas nervoso e endócrino tem se
exemplo do pâncreas, hipotálamo, timo, ovários/testículos, tornado menos nítida.
rins, estômago, fígado, intestino delgado, pele, coração, tecido
adiposo e placenta. Vale observar que a definição clássica foi concebida
quando a maioria dos sistemas hormonais conhecidos era
Em conjunto, os múltiplos sistemas hormonais restrita aos vertebrados, sendo certo que hoje este conceito é
garantem o fluxo de informações entre as células, rechaçado por diversas razões, dentre as quais destacam-se: a)
possibilitando a integração de todo o organismo. Sendo assim, a existência de hormônios produzidos e secretados por
as inúmeras funções do sistema endócrino podem ser diferentes tecidos não especializados na função endócrina; b) o
resumidas em três grupos: (i) garantia da reprodução; (ii) fato de nos artrópodes, que não têm sangue, vários hormônios
promoção do crescimento e do desenvolvimento; e (iii) circularem pela hemolinfa; c) a descoberta de para-hormônios,
garantia da homeostasia do meio interno. que difundem-se pelo interstício e alcançam as células-alvo
sem nunca ganharem a circulação sanguínea; d) existência de
células que modulam suas próprias funções por hormônios que
sequer são secretados no LEC, por ação intrácrina. Nesta toada,
Margarida M. Aires (2017, p. 986) sugere o seguinte conceito:

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“substância química não nutriente capaz de conduzir 5. Autócrinos: hormônios que, uma vez secretados no
determinada informação entre uma ou mais células”. LEC por células secretoras, voltam a agir nas próprias
células que os produziram, ligando-se a receptores na
Independentemente das dificuldades na definição, a superfície celular. Quando o sinal sequer ganha o LEC,
principal característica dos hormônios é a sua capacidade de a sinalização é dita intrácrina.
induzir uma reposta celular, i.e., alterar uma função na célula-
alvo, sendo certo que outros mensageiros químicos atuam
6. Citocinas: são peptídeos reguladores que controlam o
neste fluxo de informação intercelular.
desenvolvimento celular, a diferenciação e a resposta
imunológica, podendo atuar como hormônios
MENSAGEIROS QUÍMICOS autócrinos, parácrinos ou endócrinos. As citocinas se
diferenciam dos hormônios basicamente por atuarem
As múltiplas atividades de células, tecidos e órgãos do em um espectro mais amplo de células-alvo e não
corpo são coordenadas pelo relacionamento de vários tipos de serem produzidas por glândulas especializadas, mas
sistemas de mensageiros químicos: células de defesa, além de serem sintetizadas sob
demanda e não antecipadamente como os hormônios
1. Neurotransmissores: são mediadores químicos que polipeptídicos e proteicos, que ficam armazenados
comunicam tecidos excitáveis, a partir da conversão nas células endócrinas até serem necessários.
de sinais neuronais elétricos em sinais químicos, para
gerar uma resposta elétrica pós-sináptica. Com efeito,
os neurotransmissores são sinais químicos liberados HIPOTÁLAMO E HIPÓFISE
por terminais de axônios nas fendas sinápticas após a
Por muito tempo, a glândula hipófise foi considerada
despolarização da terminação pré-sináptica, causada
a glândula endócrina mestra, por secretar vários hormônios
pela atividade neuronal, gerando uma resposta
que controlam outras glândulas endócrinas. Contudo, sabe-se,
eletroquímica ou metabólica na célula pós-sináptica,
hoje, que a própria hipófise possui um mestre, que é o
seja ela outro neurônio ou uma célula efetora. Vale
hipotálamo, uma pequena região encefálica que traduz a
observar que existem dois tipos básicos de sinapses:
principal conexão entre os sistemas nervoso e endócrino.
as elétricas, que ocorre quando a comunicação se dá
pela passagem direta de corrente elétrica de uma No hipotálamo, além dos elementos neurais
célula a outra por meio de junções comunicantes, e as característicos, encontramos neurônios especializados em
químicas, em sede da qual a transmissão da secretar hormônios, chamados de células neurossecretoras,
informação depende da liberação de um mediador cujos axônios terminam próximos dos capilares de um sistema
químico que age sobre a célula seguinte da cadeia. vascular altamente especializado que garante que os neuro-
hormônios hipotalâmicos alcancem a hipófise anterior em altas
2. Hormônios endócrinos: agem em células-alvo concentrações, provocando modificações, basicamente, de
distantes, nas quais chegam por meio do sangue, todas as secreções endócrinas.
provocando, na presença de receptores específicos,
uma ou mais reações celulares. Com efeito, a eminência mediana hipotalâmica é o
ponto de convergência e integração final de informações
3. Hormônios neuroendócrinos (ou neuro-hormônios): criadas em diferentes regiões do organismo, as quais passam
são secretados no sangue circulante e influenciam a por um ajuste fino e, então, são transmitidas à hipófise pela
função das células-alvo, em outro local do corpo. liberação de hormônios específicos. O hipotálamo pode,
Como se observa, a diferença entre neuro-hormônios portanto, ser considerado a via final comum por meio da qual
e neurotransmissores se dá sobretudo pela destinação os sinais oriundos de múltiplos sistemas convergem à adeno-
do sinal químico liberado por um neurônio: se o sinal hipófise. Assim, diversas funções endócrinas estão sob controle
se difunde na fenda sináptica, ele é denominado do eixo hipotálamo-hipófise-glândula periférica.
neurotransmissor, mas se é distribuído pelo sangue,
ele é denominado neuro-hormônio. Por sua vez, a hipófise, também chamada de pituitária,
é uma glândula pequena, do tamanho de uma pequena uva,
4. Parácrinos: hormônios que se difundem no interstício, que apresenta dois lobos: um maior e anterior, a adeno-
agindo em células vizinhas da secretora, sem ganhar a hipófise, e um menor e posterior, a neuro-hipófise. Ambos os
circulação. Assim, atuam como mediadores locais lobos localizam-se na fossa hipofisial, uma depressão do o.
sobre células adjacentes. É utilizada, por exemplo, esfenoide, que se liga ao hipotálamo pelo pedúnculo
para controle de inflamações em locais de infecção ou hipofisário.
controle da proliferação celular na cicatrização.

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De mais a mais, é importante ressaltar que a hipófise especializada da circulação que consiste em dois conjuntos de
é, na verdade, a união de tecidos de origem embrionária e capilares, diretamente conectados por um conjunto de vasos
constituição histológica diferentes. Neste sentido, sabe-se que sanguíneos.
a hipófise anterior origina-se do epitélio faríngeo, enquanto a
hipófise posterior deriva do crescimento do tecido neural Sua função é o transporte de hormônios tróficos, i.e.,
hipotalâmico, sendo, portanto, uma extensão do tecido que controlam a secreção se outros hormônios, do hipotálamo
neuronal encefálico, donde a presença de células semelhantes à hipófise anterior. Por meio dele, o sangue coletado nos
às gliais, chamadas pituícitos. capilares portais na eminência mediana do pedúnculo
hipofisário e nas porções mais superiores da haste hipofisária,
Por outro lado, a hipófise anterior contém cinco tipos cujo suprimento sanguíneo advém das aa. hipofisárias
de células que sintetizam e secretam hormônios ao comando superiores (ramos da a. carótida interna), percorrem vasos que
do hipotálamo: trafegam por toda a haste hipofisária em direção aos capilares
sinusoides da adeno-hipófise.
1. Somatotropos: produzem GH – 30% a 40% das
células adenohipofisárias. Vale observar que o sistema portal hipofisário é mais
2. Corticotropos: produzem ACTH – 20% das células. vantajoso em relação aos hormônios secretados na circulação
3. Tireotropos: produzem TSH sistêmica, uma vez que uma quantidade muito menor do
4. Gonadotropos: produzem FSH e LH hormônio basta e, assim, uma pequena quantidade de
5. Lactotropos: produzem prolactina neurônios neurossecretores no hipotálamo pode,
efetivamente, controlar a adeno-hipófise. Isto pois, nele flui um
volume menor de sangue e, assim, o hormônio chega à
SISTEMA PORTA-HIPOFISÁRIO hipófase altamente concentrado, enquanto a mesma dose na
circulação geral é rapidamente diluída nos 5L de sangue do
A adeno-hipófise é conectada ao hipotálamo pelo
sistema. Ademais, o tempo de transporte é muito menor do
infundíbulo, uma estrutura em forma de haste que alberga o
que o tempo necessário para chegar à hipófise anterior pela via
sistema porta hipofisário-hipotalâmico, uma região
sistêmica.

EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE ANTERIOR

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Por outro lado, na ausência de ADH, os túbulos e ductos
EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE POSTERIOR coletores ficam quase impermeáveis, o que impede
reabsorção significativa e, consequentemente, permite
No lobo neural da hipófise, verifica-se grande perda extrema de água via urina em grande volume, porém
quantidade de terminações nervosas de tractos nervosos que muito diluída. Vale observar que portadores de diabetes
se originam nos núcleos supraópticos (NOS) e paraventriculares insipidus têm deficiência na secreção de ADH ou alterações
(NPV), onde são armazenados os dois hormônios neuro- funcionais nos seus receptores, apresentando um
hipofisários, ambos sintetizados em neurônios cujos corpos aumento brutal do volume urinário, o que pode levar à
celulares estão no hipotálamo e transportados para a neuro- morte se o tratamento com ADH não for rapidamente
hipófise por proteínas chamadas neurofisinas. Assim, quando instituído ou se o indivíduo não dispuser de água suficiente
um estímulo alcança o hipotálamo, o conteúdo das vesículas para beber.
secretoras destas terminações nervosas é liberado na
circulação por exocitose. 2. Ocitocina (OT): formada primeiramente nos NPV, é
responsável pelo controle da ejeção do leite durante a
A hipófise posterior, que tecnicamente não é uma
amamentação e as contrações uterinas durante o trabalho
glândula endócrina – na medida em que não produz nenhum
de parto. Um dos seus principais estímulos para secreção
hormônio –, armazena e secreta apenas dois hormônios,
é a sucção mamilar. Muitas de suas ações ainda não foram
ambos sintetizados no hipotálamo:
suficientemente elucidadas.
1. Hormônio antidiurético ou vasopressina (ADH): formado
primeiramente nos NOS, é responsável pelo equilíbrio CONTROLE DA LIBERAÇÃO HORMONAL
hidroeletrolítico do organismo. Com efeito, atua sobre os
rins, aumentando a permeabilidade dos túbulos e ductos A produção hormonal baseia-se no equilíbrio entre
coletores, o que eleva a retenção de água. Sua secreção é estímulo, inibição da síntese e secreção do hormônio, em
regulada pelo aumento da osmolaridade plasmática, mecanismo de feedback (= retroalimentação), que é negativo
sinalizada por osmorreceptores hipotalâmicos, que são na grande maioria dos sistemas hormonais, como mecanismo
ativados, por exemplo, quando há baixa ingestão de água impeditivo da hipersecreção do hormônio ou sua
e, assim, o LEC fica muito concentrado. Assim, na presença hiperatividade no tecido-alvo.
de ADH, há maior reabsorção de água do filtrado
glomerular, produzindo urina em menor volume, porém Este mecanismo pode ser regulado por hormônios,
muito concentrada. Além dos efeitos nos rins, o ADH é um como ocorre com a inibição, principalmente pelo T3, da
vasoconstritor das arteríolas, o que aumenta a resistência produção hipotalâmica de TRH e hipofisária de TSH, ou por
periférica total e, consequentemente, a pressão arterial. substratos metabólicos, como ocorre com o estímulo à
produção de insulina por altas concentrações de glicose.
Baixa volemia ® secreção de ADH ® aumento da
conservação de água pelos rins e vasoconstrição arteriolar Na maioria das vias endócrinas complexas, os próprios
® urina em menor volume/mais concentrada e aumento hormônios servem como sinais de retroalimentação, e não suas
da pressão arterial respostas ou produtos. Isto pois, na maioria delas não existe
uma resposta única que o corpo monitore facilmente como
único parâmetro, como a concentração de glicose, por
exemplo. De qualquer modo, em regra o hormônio ou um de
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seus produtos exerce efeito de feedback que tende a suprimir alvo específica, exercendo seus efeitos diretamente sobre
sua liberação adicional. todos ou quase todos os tecidos do organismo.

A forma dominante de retroalimentação no eixo É sintetizado pelos somatotrofos, que correspondem


hipotálamo - hipófise anterior - alvo endócrino do hormônio 30% a 40% das células hipofisárias. Na circulação, 50% do GH é
hipofisário é a retroalimentação negativa de alça longa, na qual transportado em livre dissolução no plasma, enquanto a outra
o hormônio que retroalimenta a via é secretado pela glândula metade liga-se a proteínas ligantes do hormônio do
endócrina periférica, inibindo a secreção dos seus hormônios crescimento (GHBP).
adeno-hipofisários e hipotalâmicos.

Há, também, a retroalimentação negativa de alça EFEITOS


curta, na qual o hormônio que retroalimenta a via é secretado
pela hipófise, diminuindo a secreção hipotalâmica. É o que 1. Aumento de tamanho das células (hipertrofia) e elevação
ocorre, por exemplo, com a prolactina, o GH e o ACTH. As vias do número de mitoses (hiperplasia), causando a
de alça curta normalmente são secundárias às vias de alça multiplicação e diferenciação específica de alguns tecidos,
longa, que são mais significantes. como o muscular e o ósseo;
2. Aumento da síntese de proteínas, na maioria das células do
corpo;
3. Aumento da mobilização dos ácidos graxos do tecido
adiposo e sua utilização como fonte energética. A
mobilização de gordura leva a aumento de glicerol e AGL,
sendo certo que enquanto os AGL são convertidos a acetil-
CoA para serem utilizados como fonte de energia, o glicerol
é convertido à glicose no fígado. Como a glicose não é
necessária já que as células estão usando AGL para energia,
ocorre aumento da secreção de insulina.
4. Redução da captação de glicose pelo organismo.

EFEITOS METABÓLICOS
↑ Transporte de aa. pelas membranas
↑ Transcrição do DNA em RNA
Proteínas
↑ Tradução do RNA
↓ Catabolismo proteico
↑ Lipólise no tecido adiposo
↑ Liberação de AGL no plasma
Lipídeos
↑ Disponibilidade de AGL como fonte energética
↑ Conversão de AGL em corpos cetônicos
↓ Utilização de glicose pelas células
↑ Deposição de glicogênio
Carboidratos ↓ Captação de glicose pelas células, causando
hiperglicemia
Em menor quantidade de vias endócrinas, surtos de ↑ Secreção de insulina
secreção hormonal podem ocorrer com feedback positivo, de
modo que a ação biológica do hormônio cause sua secreção
adicional. É o que ocorre, por exemplo, no surto de secreção de A capacidade do GH de promover a utilização de
LH que ocorre antes da ovulação em face do efeito gordura, junto com seu efeito anabólico proteico, leva ao
estimulatório do estrogênio, bem como no surto de secreção aumento da massa corporal magra. Contudo, quantidades
de ocitocina pelas contrações uterinas durante o parto. excessivas de GH podem engendrar quadros de cetose pela
mobilização acentuada do tecido adiposo, o que também pode
gerar deposição de gordura no fígado.
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO
Ademais, reduzindo a utilização dos carboidratos, o
Todos os principais hormônios da hipófise anterior
GH aumenta a produção de glicose pelo fígado e a secreção de
exercem seus efeitos, principalmente, por estímulo de
insulina. Isto ocorre diante da resistência à insulina que pode
glândulas-alvo. Em exceção à esta tendência, o hormônio
ser causada pelo GH diante da tentativa do organismo de
somatotrópico ou somatotropina (STH), também chamado
compensar o aumento da glicose no sangue, razão pela qual se
hormônio do crescimento (GH) não age por meio de glândula-
trata de um hormônio dito diabetogênico.

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Embora estimule quase todos os tecidos, seus efeitos estimulada durante o sono profundo, de ondas lentas, e atinge
mais evidentes ocorrem nos ossos, onde promove aumento da o valor mais baixo durante o dia. Este rimo está atrelado a
deposição de proteínas pelas células osteogênicas e padrões de sono-vigília, e não a padrões de claro-escuro. Como
condrocíticas, responsáveis pelo crescimento ósseo, bem como é característico dos hormônios da hipófise anterior, a secreção
o aumento da reprodução dessas células, além de atuar de GH é pulsátil.
espeficicamente na conversão de condrócitos em células
osteogênicas, ocasionando crescimento por deposição de osso
novo.

O GH também tem ação trófica, pois estimula a


secreção, principalmente no fígado, de fatores de crescimento
semelhantes à insulina (IGF – insulin growth factors), também
conhecidos como somatomedinas, proteínas que apresentam
o efeito de aumentar todos os efeitos do crescimento ósseo.
Dentre as somatomedinas, destaca-se a somatomedina C,
também chamada de IGF-I, que assegura uma ação mais
prolongada do GH.

Com efeito, sabe-se que o GH liga-se fracamente às


proteínas plasmáticas e, portanto, apresenta meia-vida no
sangue de apenas 6 a 20 minutos. Contudo, o IGF-I liga-se
fortemente às GHBP e, como resultado, assegura uma liberação
lenta, com uma meia-vida em torno de 20 horas. O hipotálamo, classicamente, interfere na síntese e
liberação de GH por meio de dois neuro-hormonônios: o GHRH,
Sendo assim, os efeitos fisiológicos do GH podem ser: que estimula sua síntese e secreção, e a SS (somatostatina), que
(i) diretos, com efetiva atuação do GH nas placas de reduz sua secreção.
crescimento; ou (ii) indiretos, caso o GH, antes de atuar nas
células-alvo, seja conjugado, no fígado, com IGF-I, que Guyton propõe que o maior controlador da secreção
produzirá os mesmos efeitos, porém de forma mais duradora, de GH é o estado de nutrição tecidual em longo prazo,
dado que o IGF-I já sai do fígado ligada à GHBP, enquanto especialmente seu nível de nutrição proteica, donde os picos
somente metade do GH liga-se a estas proteínas. de secreção durante o jejum e após exercícios intensos.

Vale observar que em um tipo de nanismo, verificado


nos pigmeus africanos, a secreção de GH é normal ou elevada, ANORMALIDADES
mas há incapacidade hereditária de produzir somatomedina C,
o que sugere que o efeito direto, por si só, não assegura um As patologias que refletem ações do GH são mais
crescimento adequado. Assim, até o momento, admite-se que óbvias em crianças, quando as lâminas epifisárias dos oo.
o IGF-I é o principal fator estimulante do crescimento, sendo longos ainda estão abertas. Com efeito, deficiências graves de
regulável pelo GH. Com efeito, os IGF são expressos GH na infância levam ao nanismo, enquanto sua hipersecreção
virtualmente em todos os tecidos do organismo, inclusive na leva ao gigantismo.
própria placa epifisária, que também sintetiza IGF-I em resposta
Por outro lado, após o fechamento dos discos
ao GH.
epifisários na puberdade, a secreção excessiva de GH leva a
Ademais, sabe-se que o GH pode atravessar a barreira acromegalia, caracterizada pelo engrossamento dos traços
hematoencefálica, produzindo múltiplos efeitos sobre o SNC, faciais e pelo crescimento das mãos e dos pés.
como melhora das funções cognitivas, do humor, da memória
e do sono. Exerce, também, importantes efeitos sobre o SINALIZAÇÃO CELULAR
sistema imunológico, aumentando a resposta de macrófagos e
linfócitos a antígenos. Evolutivamente, a passagem da condição de mono
para pluricelularidade envolveu uma série de adaptações que
possibilitaram que as células se comunicassem e, com isso,
LIBERAÇÃO
regulassem suas funções em uma divisão sincronizada de
tarefas.
A secreção de GH, assim como a do ACTH, exibe ritmos
diários pronunciados, com um pico de secreção no início da Com efeito, nos organismos multicelulares, a troca de
manhã um pouco antes do despertar. Essa secreção é informações por meio de moléculas começa na vida
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embrionária e constitui, durante toda a vida, o principal meio mediadores químicos chamados neurotransmissores. Os
de comunicação entre as células. Frequentemente, essa neurotransmissores são armazenados em vesículas no
comunicação envolve a conversão dos sinais de informação de terminal axonal, sendo liberados na fenda sináptica por
uma forma para outra, em fenômeno chamado transdução de exocitose. Isto ocorre quando a despolarização de um
sinal. potencial de ação alcança o terminal axonal, o que altera o
potencial de membrana e inicia uma sequência de eventos:
Em uma comunicação característica entre células, a primeiramente, os canais de cálcio dependentes de
célula sinalizadora produz um tipo particular de molécula-sinal voltagem se abrem em resposta à despolarização,
química ou elétrica, que é detectada pela célula-alvo. A ligação causando um influxo de cálcio que, em contínuo, se liga a
da maior parte das moléculas sinalizadoras aos seus receptores proteínas reguladoras da exocitose, movimentando o
inicia uma série de reações intracelulares que regulam conteúdo das vesículas em direção à fenda sináptica, onde
praticamente todos os aspectos do comportamento celular, se difundem os neurotransmissores, que finalmente se
incluindo metabolismo, movimento, proliferação, ligam a receptores na membrana da célula pós-sináptica,
sobrevivência e diferenciação. produzindo uma resposta biológica. Vale observar que
cada vesícula contém a mesma quantidade de
A maioria das células animais envia e recebe sinais,
neurotransmissor, logo, mensurar a magnitude da célula-
podendo atuar tanto como células sinalizadoras como
alvo é um indicativo de quantas vesículas liberaram o seu
receptoras. As células-alvo possuem proteínas receptoras que
conteúdo.
reconhecem e respondem especificamente à molécula-sinal. A
transdução de sinal começa quando a proteína receptora na
célula-alvo recebe um sinal extracelular e o converte nos sinais ESTRUTURA QUÍMICA DOS HORMÔNIOS
intracelulares que alteram o comportamento celular. As
moléculas-sinal podem ser proteínas, peptídeos, aminoácidos, Quanto à sua natureza química, os hormônios podem
nucleotídeos, esteroides, derivados de ácidos graxos e até ser classificados em:
mesmo gases dissolvidos.
1. Proteínas polipeptídeos: constitui a maioria dos
hormônios, variando desde pequenos peptídeos com não
TIPOS DE SINALIZAÇÃO CELULAR mais que três aminoácidos até proteínas com quase 200
aminoácidos, como o GH – em geral, os polipeptídeos com
A sinalização celular pode 100 ou mais aminoácidos são chamados proteínas. São
resultar tanto da interação direta armazenados em vesículas secretoras até que sejam
de uma célula com outra célula necessários, oportunidade em que são liberados por
vizinha ou da ação de moléculas exocitose. Ademais, são hidrossolúveis, o que permite que
sinalizadoras, i.e., sinais elétricos, entrem facilmente no sistema circulatório para serem
transmitidos pelos neurônios, ou transportados para seus tecidos-alvo livremente
químicos, transportados pelo dissolvidos no plasma, contudo, faz com que tenham meia-
sistema circulatório. Neste vida curta. Ademais, por serem hidrossolúveis não
sentido, pode ser classificada em: conseguem entrar na célula-alvo, ligando-se a receptores
na superfície da membrana. O complexo hormônio-
1. Dependente de contato: a comunicação intercelular pode
receptor inicia a resposta celular por meio de um sistema
ocorrer por interação direta, de forma mais íntima e de
de transdução de sinal, sendo certo que muitos hormônios
curto alcance, por interação entre moléculas da membrana
peptídicos utilizam o sistema de segundos mensageiros ou
de células adjacentes.
de atividade tirosina-cinase, como os receptores da
insulina. São hormônios peptídicos: insulina, GH e
2. Parácrina: sinais secretados por uma célula no LEC, que se
paratormônio.
difundem para as células adjacentes. Exemplo de
sinalização parácrina é a histamina.
2. Esteroides: em geral, são sintetizados sob demanda a
partir do colesterol e não são armazenados. São
3. Autócrina: atuam na mesma célula que os secretam.
lipossolúveis e, assim, uma vez sintetizados, podem
simplesmente se difundir através da membrana celular,
4. Endócrina: sinalizadores químicos lançados na corrente
entrar no líquido intersticial e, depois, no sangue. Ademais,
sanguínea, cuja célula-alvo se encontra distante (hormônio
por não serem muito solúveis no plasma e demais líquidos
stricto sensu).
corporais, normalmente são encontrados associados a
proteínas carreadoras, o que aumenta sua meia-vida. Em
5. Sináptica: conforme mencionado, as sinapses são, em sua
geral, têm efeito genômico na célula-alvo. Diferentemente
maioria, químicas, ou seja, operadas por meio de
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dos hormônios peptídicos, que são produzidos em tecidos 1. O RNAm nos ribossomos do retículo endoplasmático liga-
distribuídos por todo o corpo, os h. esteroides são se a aminoácidos formando uma cadeia peptídica chamada
produzidos apenas em alguns órgãos, como córtex das pré-pró-hormônio, que é uma proteína grande e inativa,
suprarrenais e gônadas, cabendo citar como exemplos: contendo uma ou mais cópias do hormônio peptídico, uma
estrogênio, androgênios e cortisol. sequência sinalizadora de aminoácidos que direciona a
proteína ao lúmen do retículo endoplasmático rugoso e
3. Derivados da tirosina: abrange os hormônios tireoideanos outras sequências peptídicas que podem ou ter
e as catecolaminas, que apesar do mesmo precursor pouco importância biológica.
têm em comum. As catecolaminas (adrenalina [=
epinefrina], noradrenalina [= norepinefrina] e dopamina), 2. Conforme o peptídeo inicial inativo se movimenta através
sintetizadas na medula adrenal, são neuro-hormônios que do retículo endoplasmático, a sequência sinalizadora é
se ligam a receptores de membrana, assim como os removida, criando uma molécula menor, ainda inativa,
hormônios peptídicos, também possuindo meia-vida curta chamada de pró-hormônio.
e aptidão para circularem em livre dissolução no plasma.
Por sua vez, os hormônios tireoideanos comportam-se 3. O pró-hormônio passa do RE para o aparelho de Golgi,
como hormônios esteroides, valendo-se de proteínas onde é armazenado dentro de uma vesícula secretora
carreadoras até alcançarem, nas células-alvo, receptores junto com uma enzima proteolítica, que separa o pró-
intracelulares (nucleares), cuja ativação engendra efeito hormônio no hormônio ativo e outros fragmentos, em
genômico. processo denominado processamento pós-translacional.

4. Eicosanoides: são mediadores inflamatórios de origem 4. A vesícula secretora é armazenada no citoplasma da célula
lipídica, sintetizadas a partir do ácido araquidônico. endócrina até que esta receba um sinal de secreção,
Abrange as prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. oportunidade em que a vesícula se movimenta até a
membrana e libera seu conteúdo por exocitose cálcio-
Quanto aos hormônios peptídicos, é importante, ainda, dependente. Vale observar que todos os fragmentos
compreender seus mecanismos de síntese, armazenamento e peptídicos criados a partir de um pró-hormônio também
secreção. Com efeito, a síntese e empacotamento de são liberados no LEC, em processo denominado
hormônios peptídicos são similares aos processos das demais cossecreção. Inclusive, alguns fragmentos têm importância
proteínas, podendo ser resumida em quatro etapas: clínica, a exemplo do peptídeo C, derivado do
processamento da insulina.

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3. No núcleo da célula: como é o caso dos
ESTÍMULOS PARA SECREÇÃO HORMONAL receptores para os hormônios tireoideanos,
talvez em associação direta com um ou mais
A secreção hormonal pode ocorrer a partir de um: (i) cromossomos. Sabe-se que os hormônios
estímulo neural, a partir de fibras nervosas; (ii) estímulo tireoideanos se ligam diretamente a receptores
hormonal, a partir de hormônios; ou (iii) estímulo humoral, a no núcleo e ativam mecanismos genéticos para a
partir de alterações nas concentrações plasmáticas de íons e formação de uma multitude de proteínas
nutrientes. intracelulares, podendo continuar a expressar
suas funções de controle por dias ou até semanas.
DEPURAÇÃO HORMONAL
É importante observar que diferentes células podem
responder de modo distinto a uma mesma molécula de
Dois fatores podem aumentar ou diminuir a
sinalização, pois a resposta celular é determinada pelo receptor
concentração de um hormônio no sangue: a intensidade de
e suas vias intracelulares associadas, e não pelo sinal ligante.
secreção e a de remoção, em processo chamado depuração
Um bom exemplo disto é a adrenalina, que contrai ou dilata os
metabólica. Com efeito, a depuração, i.e., a retirada de
vasos sanguíneos caso o vaso contenha receptores
hormônios livres da circulação pode ocorrer por vários modos,
adrenérgicos alfa ou beta. Com efeito, por existirem isoformas
incluindo: (i) destruição metabólica pelos tecidos; (ii) ligação
de receptores adrenérgicos, a adrenalina dilata os vasos
com os tecidos; (iii) excreção na bile, pelo fígado; e (iv) excreção
sanguíneos nos músculos esqueléticos, mas causa
na urina, pelos rins.
vasoconstrição nos vasos sanguíneos do intestino.
Vale observar que hormônios que se ligam a proteínas
plasmáticas são removidos do sangue muito mais lentamente, RECEPTORES DE MEMBRANA
podendo continuar na circulação por várias horas ou mesmo
dias. A meia-vida dos esteroides adrenais, por exemplo, varia Evolutivamente, o aparecimento de receptores de
entre 20 e 100 minutos, enquanto a os hormônios tireoideanos, membrana foi o passo decisivo para o sucesso do
ligados a proteínas, podem ter meia-vida de 1 a 6 dias. estabelecimento da condição de pluricelularidade. Com efeito,
uma célula típica de um organismo multicelular está exposta a
MECANISMO DE AÇÃO DOS HORMÔNIOS centenas de moléculas, devendo responder seletivamente a
essa mistura de sinais, desprezando alguns e reagindo com
A primeira etapa da ação hormonal é a sua ligação a outros, de acordo com sua função especializada.
receptores específicos nas células-alvo. De modo geral, todas
A maioria das células contém um conjunto específico
as vias de sinalização celular ocorrem seguem a sequência: (i) o
e geneticamente programado de receptores para os
ligante, denominado primeiro mensageiro, liga-se ao seu
numerosos sinais que ativam ou inibem suas atividades. Assim,
receptor; (ii) a ativação do receptor muda um ou mais efetores
as respostas das células diante dos diversos sinais dependem,
intracelulares, que direciona, a resposta da célula; e (iii) o
basicamente, do elenco de receptores que apresentam.
comportamento celular é alterado, produzindo uma resposta
biológica. Há, basicamente, quatro classes de receptores de
membrana:
Os receptores de hormônios são encontrados em três
locais:

1. Na membrana celular ou em sua superfície: este


grupo inclui os canais iônicos associados a
ligantes, as integrinas ligadas ao citoesqueleto, os
receptores enzimáticos e os receptores ligados à
proteína G. Abrange sobretudo os hormônios
proteicos, peptídicos e catecolamínicos que, por
serem hidrossolúveis, não conseguem ultrapassar
a membrana plasmática.
2. No citoplasma celular: como é o caso de diversos
receptores de hormônios esteroides, que por sua
natureza química conseguem se difundir através 1. Canais iônicos: proteínas canal formam poros nas
da membrana celular. membranas que, diferentemente das junções
comunicantes, que são permissivas, podem ser abertos ou
fechados, sendo seletivos para determinados íons.
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Merecem destaque os canais controlados por ligantes, que Hormônio se liga ao receptor → Ativa uma enzima
podem ser extra ou intracelulares, e os canais voltagem- (principalmente adenil ciclase) → Formação do segundo
dependentes. Embora alguns hormônios possam exercer mensageiro (AMPc; cálcio + calmodulina; GMPc; IP3; DAG) →
algumas de suas funções através da ativação de receptores resposta celular
de canais iônicos, a maioria dos hormônios que abre ou
fecha canais iônicos o faz indiretamente, por acoplamento Isto posto, é preciso compreender que a formação de
com receptores ligados às proteínas G ou enzimas. segundos mensageiros distintos não só permite a existência de
respostas diferentes em células diferentes, sendo também
2. Integrinas: trata-se de um tipo de receptor catalítico, de responsáveis pela amplificação do sinal. Com efeito, uma única
cujo acoplamento resultam alterações no citoesqueleto. molécula sinalizadora é transformada em múltiplas moléculas
de segundos mensageiros, o que dá ao corpo maior eficiência,
3. Enzimas: outro tipo de receptor catalítico, no qual a ligação promovendo grande efeito a partir de uma pequena
do ligante gera a ativação de enzimas intracelulares, sendo quantidade de ligantes.
possível, ainda, que o próprio receptor atue como enzima,
em fenômeno chamado atividade enzimática intrínseca.
INTERAÇÕES HORMONAIS
Um exemplo é o receptor do hormônio leptina, importante
na regulação do apetite e no balanço energético. Com Por vezes, hormônios distintos possuem o mesmo
efeito, seu receptor não tem atividade intrínseca, mas efeito no corpo, ainda que por meio de diferentes mecanismos
sinaliza por meio de enzimas associadas, seguindo a celulares. Nesta conjuntura, caso o efeito combinado dos
seguinte via de sinalização: (i) ligação da leptina à porção hormônios seja maior do que a soma dos efeitos
extracelular do receptor, alterando sua conformação; (ii) individualmente considerados, ocorre sinergismo. Em outras
ativação da JAK2; (iii) fosforilação de outros resíduos de palavras, o efeito sinérgico ocorre quando um efeito hormonal
tirosina do complexo receptor-JAK2, inclusive de proteínas é potencializado pela combinação a outro hormônio. É o que
transdutoras de sinal e ativadoras de transcrição (STAT); ocorre, por exemplo, na interação sinérgica entre adrenalina,
(iv) ativação de genes-alvo e síntese de proteínas. Assim, cortisol e glucagon na regulação da glicose plasmática.
em resumo da via JAK/STAT, verifica-se que estimulação de
receptores de citocinas leva ao recrutamento de proteínas Diversamente, ocorre permissividade quando um
STAT, que são fosforiladas por membros da família JAK, o hormônio não consegue exercer completamente seus efeitos a
que promove a dimerização de proteínas STAT e sua menos que um segundo hormônio esteja presente, ainda que
consequente translocação para o núcleo, onde estimulam este não tenha ação aparente. É o que ocorre, por exemplo, na
a transcrição de seus genes-alvo. interação entre os hormônios sexuais e tireoidianos no
desenvolvimento do sistema genital:
4. Proteínas G: existem mais de mil receptores conhecidos
acoplados às proteínas G, e todos eles têm sete segmentos o HT sozinhos = sem desenvolvimento do sistema
transmembranas que formam alça para o interior e para o genital
exterior da célula. Primeiramente, a ligação do hormônio o Hormônios sexuais sozinhos = atraso na maturação do
ao receptor promove alterações conformacionais na sistema genital
proteína G a ele associada e a troca de GTP por GDP, bem o HT + sexuais = desenvolvimento normal do sistema
como a dissociação subunidade alfa do complexo genital
trimérico, fazendo com que esta subunidade se associe a
outra proteína de sinalização intracelular, sendo esta Há, ainda, o antagonismo, que traduz situação na qual
última a verdadeira responsável pela promoção da hormônios apresentam ações opostas, tendendo a se anular
alteração no comportamento celular. Nesse contexto, a mutuamente ou terem suas eficácias reduzidas. Ademais, o
única função do hormônio é a ativação da proteína G, que antagonismo pode ser competitivo, quando dois hormônios
induzirá sinais intracelulares por meio uma proteína-alvo. competem pelo mesmo receptor, ou funcional, quando os
Alguns hormônios se ligam a proteínas G inibitórias (Gi) e hormônios em questão possuem ações fisiológicas opostas, a
outros a proteínas G estimuladoras (Ge), de modo que o exemplo do glucagon e da insulina.
acoplamento do hormônio ao receptor poderá aumentar
ou diminuir a atividade de enzimas intracelulares. REGULAÇÃO DOS RECEPTORES DE HORMÔNIOS
Como se observa, a função dos hormônios nas
Em sede de hipersecreção hormonal por um período
cascatas de sinalização celular é a ativação de enzimas para
extenso de tempo, as células-alvo podem realizar o chamado
formação de segundos mensageiros:
down-regulation (infra-regulação), diminuindo o número de
receptores e, assim, a resposta celular excessiva. Exemplo

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