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SUMÁRIO

1. Introdução ao sistema endócrino......................... 3


2. Glândulas....................................................................... 3
3. Sistema Neuroendócrino......................................... 6
4. Eixo Hipotálamo - Hipófise..................................... 7
5. O que são hormônios?............................................10
6. Natureza química do hormônios.........................12
7. Controle Hormonal ..................................................18
8. Ação Hormonal..........................................................19
9. Mecanismo de ação hormonal.............................21
10. Receptores...............................................................27
11. Eliminação.................................................................34
Referências Bibliográficas .........................................35
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 3

1. INTRODUÇÃO AO meio da regulação das funções ce-


SISTEMA ENDÓCRINO lular e orgânica e pela manutenção
da homeostasia (manutenção de um
O sistema endócrino tem como fun-
meio interno constante) durante toda
ção coordenar e integrar a atividade
a vida.
das células em todo o organismo por

FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DO SISTEMA ENDÓCRINO

Equilíbrio hidrossalino

Equilíbrio de cálcio e fosfato

Regulação do metabolismo
energético

Funções fisiológicas do Coordenação das


sistema endócrino respostas ao estresse

Reprodução

Crescimento e
desenvolvimento

Envelhecimento

2. GLÂNDULAS o parênquima das glândulas, enquan-


to o estroma é representado pelos
As glândulas se originam a partir de
elementos do tecido conjuntivo que
brotamentos e invaginações de cé-
invadem e sustentam o parênquima.
lulas epiteliais, os quais abandonam
a superfície onde se desenvolvem e As glândulas são classificadas em
penetram no tecido conjuntivo subja- dois grandes grupos de acordo com o
cente, produzindo uma lâmina basal método de distribuição de seus pro-
ao seu redor. As unidades secretoras, dutos de secreção:
juntamente com seus ductos, formam
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 4

Exócrinas – Secretam seus produtos Alguns órgãos têm funções tanto en-
através de ductos para a superfície dócrinas como exócrinas, as glân-
epitelial interna ou externa das quais dulas mistas, e um só tipo de célula
foram originadas. Os ductos podem pode funcionar de ambas as manei-
transportar o material secretado em ras – por exemplo, no fígado, no qual
sua forma inalterada, ou podem mo- células secretam bile através de um
dificar a secreção concentrando-a, sistema de ductos também secretam
adicionando ou reabsorvendo subs- produtos na circulação sanguínea. Em
tâncias constituintes. alguns órgãos, certas células são es-
Endócrinas – Não apresentam duc- pecializadas em secreção exócrinas e
tos, pois perdem suas conexões com outras em secreção endócrina, como
o epitélio de origem e assim secretam é o caso do pâncreas.
seus produtos para os vasos sanguí- As unidades secretoras de algumas
neos ou linfáticos para distribuição. glândulas – glândulas mamárias, su-
De acordo com a organização de suas doríparas e salivares – são envolvidas
células, podem ser diferenciados dois por células mioepiteliais. São células
tipos de glândulas endócrinas, sendo: ramificadas que contêm miosina e
muitos filamentos de actina. Elas são
• Cordonal: as células formam cor-
capazes de contração, agindo na ex-
dões anastomosados, entreme-
pulsão da secreção dessas glândulas.
ados por capilares sanguíneos,
como por exemplo, paratireoide,
suprarrenal e hipófise anterior.
• Vesicular: as células formam vesí-
culas ou folículos preenchidos de
material secretado.

SAIBA MAIS!
De acordo com o modo pelo qual os produtos de secreção deixam a célula, as glândulas po-
dem ser classificadas em merócrinas, holócrinas ou apócrinas. Nas glândulas merócrinas (ex.:
pâncreas), a secreção acumulada em grânulos de secreção é liberada por meio de exocitose.
Nas holócrinas (ex.: glândulas sebáceas), o produto de secreção é eliminado juntamente com
toda a célula, processo que envolve a destruição de células repletas de secreção. Por fim, as
glândulas apócrinas, como a glândula mamária, tem seu produto de secreção descarregado
junto com pequenas porções do citoplasma apical.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 5

O sistema endócrino é definido como apresentam conexão anatômica e es-


uma rede integrada de múltiplos ór- tão distribuídas por todo o corpo, se
gãos, de diferentes origens embrio- comunicando pela liberação de hor-
lógicas, que liberam hormônios que mônios ou neurotransmissores.
exercem seus efeitos em células – Um mesmo órgão pode apresen-
alvo próximas ou distantes - as glân- tar diferentes tipos celulares que, na
dulas endócrinas. Elas não atuam de maioria das vezes, cada um é res-
maneira isolada e estão estreitamente ponsável pela síntese e secreção de
integrados com os sistemas nervosos um hormônio específico. Além disso,
central e periférico (interação neuro- um mesmo tipo celular pode secretar
endócrina), além do sistema imune. mais de um hormônio.
As principais glândulas endócrinas
SE LIGA! Um exemplo de integração são:
neuroendócrina é a glândula suprarre-
nal que age tanto como glândula quanto • Gônadas (ovários e testículos)
como gânglio pós-ganglionar ao mesmo
tempo. • Pâncreas (ilhotas pancreáticas)
• Suprarrenal
Para secretar seus hormônios, elas • Tireoide
utilizam o sistema intersticial, a par-
tir do qual passam para a circulação. • Paratireoide
Diferentemente da maioria dos sis- • Hipófise
temas, as glândulas endócrinas não
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 6

Figura 1. Sistema Endócrino. Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014

SE LIGA! Além das glândulas endó- 3. SISTEMA


crinas clássicas, devemos considerar NEUROENDÓCRINO
a presença de células secretoras dis-
persas em um determinado local, sem O sistema neuroendócrino engloba
formar um tecido especializado. Por
múltiplas interações recíprocas entre
exemplo, o coração libera o peptídeo
natriurético atrial e o intestino libera os o sistema nervoso central, o sistema
hormônios colecistocinina e incretinas. nervoso autônomo, o sistema endó-
Um terceiro componente do sistema en- crino e o sistema imune na regulação
dócrino é representado por numerosos
tipos celulares que expressam enzimas
da homeostasia e das respostas com-
que modificam precursores inativos ou portamentais a estímulos ambientais.
hormônios menos ativos em hormônios Os hormônios neuroendócrinos são
altamente ativos. Um exemplo é a gera- secretados por neurônios no sangue
ção de angiotensina II do polipeptídeo
angiotensinogênio inativo por duas cli- circulante e influenciam a função de
vagens proteolíticas subsequentes. células – alvo, em outro local do corpo.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 7

Esse sistema é caracterizado por 4. EIXO HIPOTÁLAMO


exercer um controle sobre o ritmo de - HIPÓFISE
secreção hormonal. A secreção de
Nesse eixo endócrino, encontramos
qualquer hormônio apresenta ritmici-
três níveis: o primeiro nível é repre-
dade circadiana, de modo que a se-
sentado pelos neurônios neuroendó-
creção dos hormônios ao longo das
crinos hipotalâmicos que secretam
24 horas do dia não seja constante.
hormônios de liberação que estimu-
A liberação dos hormônios ocorre de
lam ou inibem a produção e secreção
forma flutuante e regular como forma
de hormônios tróficos da glândula hi-
de preparar o organismo antecipada-
pófise, que representa o segundo ní-
mente às alterações previsíveis da al-
vel. Os hormônios tróficos estimulam
ternância entre dia e noite.
a produção e a secreção de hormô-
nios das glândulas endócrinas perifé-
SE LIGA! Os hormônios LH e o GnRH ricas (terceiro nível).
obedecem aos ciclos estrais e não ao
ritmo circadiano, além de apresentaram É importante observar que esses ní-
secreção pulsátil, caracterizado um rit- veis influenciam a secreção uns dos
mo ultradiano que, no ser humano, tem
outros por alças de retroalimentação
um período de aproximadamente 2,3h.
negativa (ou feedback negativo), de
modo que o aumento da liberação
O conjunto de unidades de células de hormônios de um nível determi-
endócrinas presentes em diversos na a redução de estímulo aos níveis
órgãos constitui o sistema neuroen- anteriores.
dócrino difuso (SNED). Além de sua A função hipotalâmica é regulada por
função endócrina, as células do SNED meio de sinais hormônio-mediados
exercem controle autócrino e parácri- (ex.: feedback negativo) e de impulsos
no sobre a atividade de suas próprias neurais originados de várias fontes.
células epiteliais adjacentes por meio Esses sinais nervosos são mediados
de difusão das secreções peptídicas. por neurotransmissores. O hipotálamo
A principal ação do sistema neuroen- pode ser considerado a via final comum
dócrino é protagonizada pelo controle por meio da qual os sinais de múltiplos
da secreção dos hormônios hipofisá- sistemas atingem a adeno – hipófise. O
rios pelo hipotálamo. hipotálamo também emite sinais para
outras partes do sistema nervoso.
Assim, este sistema de interações
imuno – neuroendócrinas é importan-
te na resposta do organismo a diver-
sos estresses.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 8

Figura 2. Eixo hipotálamo-hipófise e a secreção de hormônios pela adeno-hipófise. Fonte: SILVERTHORN, Dee Un-
glaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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Figura 3. Eixo hipotálamo-hipófise e a secreção de hormônios pela neuro-hipófise. Fonte: SILVERTHORN, Dee Un-
glaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 10

5. O QUE SÃO localizadas no mesmo órgão ou


HORMÔNIOS? tecido.
São moléculas sinalizadoras liberadas • Autócrina: O hormônio é secreta
por células especializadas, que exer- por células no líquido extracelular
cem uma ação biológica sobre uma e produz um efeito biológico sobre
célula – alvo. Eles podem ser liberados a mesma célula que o libera.
das glândulas endócrinas, do cérebro
e de outros órgãos, como o coração, o
A identificação de um tecido como
fígado e o tecido adiposo. Os hormô-
alvo de um hormônio particular exi-
nios atuam como uma molécula de
ge a presença de receptores para o
sinalização extracelular de secreção
hormônio nas células do tecido – alvo.
regulada no fluido extracelular.
Esses receptores, por sua vez, estão
Dependendo do local onde o efeito ligados a mecanismos efetores que
biológico de determinado hormônio levam aos efeitos fisiológicos asso-
é produzido em relação ao local de ciados ao hormônio.
sua liberação, a forma de sinaliza-
Além dos sistemas endócrinos des-
ção dele pode ser classificada de três
critos anteriormente, a interação das
maneiras:
funções endócrina e nervosa provo-
• Endócrina: O hormônio é liberado ca as ações neuroendócrinas, tanto
na circulação e, em seguida, trans- a partir de neurotransmissores como
portado pelo sangue para exercer de peptídeos secretados por neurô-
um efeito biológico sobre células – nios (neuro – hormônios).
alvo distantes.
• Parácrina: O
hormônio libera-
do de uma cé-
lula difunde – se
no interstício e
exerce seu efeito
biológico sobre
células vizinhas,
frequentemente
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 11

Figura 4. Mecanismos de ação hormonais.


Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014

SAIBA MAIS!
Atualmente, outros sistemas hormo- Criptócrina
nais distintos têm sido descritos. Esses
sistemas são caracterizados pelo gran- Intrácrina
de repertório de ações, pelo intercru- T3
Espermátides
zamento de ações e, ocasionalmente,
ações contrárias. Dentre esses siste-
TGF T4
mas hormonais conhecidos como “não
– clássicos”, encontramos: (1) criptócri-
no – a secreção e a ação do hormônio
ocorrem em um sistema fechado, que Células de Sertoli
Célula
envolve diferentes células, intimamen- T4
alvo
te relacionadas; (2) justácrino – o hor-
mônio sintetizado passa a integrar a TNF- alfa
membrana plasmática e embora pos-
sa ser clivado formando um peptídeo
solúvel, em geral, permanece aderido à
membrana, mantendo sua capacidade
de ação restrita às células vizinhas; (3) Justácrina
Intrácrino – por fim, nesse mecanismo
de sinalização, a síntese do hormônio Figura 5. Ações endócrinas não – clássicas, em que os hor-
e a ligação ao seu receptor específico mônios são representados por estrelas. Fonte: AIRES, Mar-
ocorrem dentro da mesma célula, sem garida de Mello. Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2012
envolver o espaço extracelular.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 12

MAPA MENTAL SINALIZAÇÃO HORMONAL

Atua sobre a mesma


célula que o libera

A síntese e a ligação
ao receptor ocorrem
Atua sobre as
dentro da célula (sem
células vizinhas
envolver o interstício) Autócrina

Intrácrino Parácrina

Sinalização
Hormonal

Justácrino Endócrina

Criptócrino Atua em células – alvo


O hormônio é
em tecidos distantes
integrado à membrana
pela circulação
plasmática da célula

Entre células
intimamente
relacionadas

6. NATUREZA QUÍMICA DO
HORMÔNIOS
Com base em sua estrutura química,
os hormônios podem ser classifica-
dos em proteínas (ou peptídeos), es-
teroides e derivados de aminoácido
(aminas).
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 13

Hormônios proteicos ou
peptídicos

Figura 6. Síntese e secreção de hormônios peptídicos. Fonte: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma
abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 14

Conhecidos por serem hidrossolúveis, gônadas e na placenta. São liposso-


os hormônios proteicos constituem a lúveis, circulam no plasma ligados às
maioria dos hormônios e são sinteti- proteínas (como a globulina ligadora
zados na forma de pré – pró – hor- de corticosteroides ou albumina, uma
mônios. Como exemplo encontramos proteína plasmática inespecífica) e
insulina, glucagon, paratormônio e atravessam a membrana plasmática
muitos outros. Eles são processados para se ligarem a receptores intrace-
após a tradução, sendo armazena- lulares. Seus receptores encontram-
dos em grânulos secretores antes de -se tanto no citoplasma quanto no
serem liberados por exocitose, simi- núcleo. O complexo receptor-hormô-
larmente à liberação dos neurotrans- nio pode atuar como fator de trans-
missores nas terminações nervosas. crição, se ligando ao DNA e ativan-
Durante o processo de formação da do ou desligando um ou mais genes.
vesícula, é comum que proteases Os genes ativados geram um novo
específicas sejam empacotadas jun- RNAm, que determina a síntese de
to com o conteúdo intravesicular e, novas proteínas. Qualquer hormônio
assim, processos de finalização da que altera a atividade gênica exerce
síntese hormonal (ou processamen- efeito genômico sobre a célula-alvo.
to pós – traducional) também podem Para que o hormônio esteroide seja
ocorrer dentro da vesícula secretó- capaz de produzir uma nova proteí-
ria. Entre os exemplos de hormônios na e gerar um efeito biológico, geral-
peptídicos, destacam-se a insulina, o mente há um intervalo de 90 minutos,
glucagon e o ACTH (hormônio adre- o que não confere a essrs hormônios
nocorticotrófico). Alguns dos hormô- a capacidade de mediar vias reflexas
nios incluídos nessa categoria estão rápidas.
associados a carboidratos, sendo Eles podem ser divididos em cinco ca-
denominados glicoproteínas. Em sua tegorias: progestinas, mineralocorti-
maioria, circulam em uma forma livre coides, glicocorticoides, androgênios
no sangue (com exceção do IGF – 1 e e estrogênios, além do metabólito
do GH), portanto, apresentam meias ativo da vitamina D. A complexidade
– vidas biológicas curtas. da ação dos hormônios esteroides é
aumentada pela expressão das múl-
Hormônios esteroides tiplas formas de cada receptor. Além
disso, existe certo grau de inespecifi-
Derivam do colesterol e são sinteti- cidade entre os hormônios esteroides
zados no córtex da suprarrenal, nas e os receptores aos quais se ligam.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 15

SAIBA MAIS!
As gonadotrofinas são os hormônios da hipófise (LH e FSH). A urina de mulheres pós – me-
nopausa é uma excelente fonte de gonadotrofinas, pois os níveis séricos de gonadotrofinas
aumentam em consequência da perda da retroalimentação negativas pelos esteroides ova-
rianos, e os hormônios são filtrados e excretados como moléculas intactas na urina. Uma
terceira gonadotrofina é o hormônio placentário gonadotrofina coriônica humana (hCG). É um
hormônio estável e os níveis de hCG dobram no sangue a cada 2 dias no primeiro trimestre
de gestação. Logo seus níveis urinários aumentam bastante e servem como parâmetro para
o teste de gravidez.

Hormônios derivados de são estocadas em vesículas secretó-


aminoácidos rias que fazem parte da via secretó-
ria regulada. Elas são hidrossolúveis,
São sintetizados a partir do amino-
logo induzem suas ações por meio de
ácido tirosina e incluem as catecola-
receptores de membrana e apresen-
minas, como epinefrina, dopamina e
tam meias – vidas biológicas curtas.
norepinefrina e os hormônios tireoi-
Já os hormônios tireoidianos apresen-
dianos, os quais derivam da combina-
tam caráter lipossolúvel devido a pre-
ção de dois resíduos de tirosina que
sença do iodo e atuam por meio de
foram iodados. Sua síntese depen-
receptores intracelulares. Com isso,
de da disponibilidade intracelular do
são transportados no sangue ligados
aminoácido, do conteúdo e atividade
a proteínas séricas de ligação. princi-
das enzimas envolvidas no proces-
pal proteína de transporte é a globu-
so de metabolização da molécula do
lina de ligação a hormônio tireóideo
aminoácido. As catecolaminas obtêm
(TBG). Os hormônios tireóideos apre-
sua especificidade por modificações
sentam uma meia-vida longa.
enzimáticas do aminoácido tirosina e
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 16

Natureza
química dos
hormônios

Derivados de
Proteínas Esteroides
aminoácidos

Sintetizados
Derivados de a partir do Hormônios
Hidrossolúveis Catecolaminas
colesterol aminoácido tireoidianos
tirosina

Sintetizados
Sintetizados na Dois resíduos
no córtex da Ex.: E
forma de pré – de tirosina
suprarrenal, pinefrina e
pró – hormônios iodados
nas gônadas e norepinefrina
na placenta

Armazenados
em grânulos Lipossolúveis Hidrossolúveis Lipossolúveis
secretores

O Progestinas +
mineralocorticoides Meias – vidas São
processamento
+ glicocorticoides biológicas transportados
pós – traducional
+ androgênios curtas por proteínas
ocorrem dentro + estrogênios + no sangue
dos grânulos vitamina D

Circulam de Circulam
Circulam livres Meia – vida
forma livre no no plasma
no sangue biológica
sangue ligados a
longa
proteínas

Meias – vidas
curtas
biológicas

Exemplos:
insulina,
glucagon
e o ACTH
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 17

Confira tabela abaixo as característi- anteriormente: peptídicos, esteroides


cas de cada tipo de hormônio citado e derivados de aminoácidos.

HORMÔNIOS HORMÔNIOS
HORMÔNIOS HORMÔNIOS
AMÍNICOS AMÍNICOS
PEPTÍDICOS ESTEROIDES
(CATECOLAMINAS) (TIREOIDIANOS)

Previamente sin- Sintetizados a par- Previamente sin- Previamente sinte-


Síntese e tetizados; armaze- tir de precursores, tetizados; armaze- tizados; precursor
armazenamento nados em vesículas de acordo com nados em vesículas armazenado em vesí-
secretoras necessidade secretoras culas secretoras

Liberação pela Proteínas


Exocitose Difusão simples Exocitose
célula-mãe transportadoras

Transporte no Dissolvidos no Dissolvidos no


Ligados a proteínas Ligados a proteínas
sangue plasma plasma

Meia-vida Curta Longa Curta Longa

Citoplasma ou núcleo;
Localização do
Membrana celular alguns têm receptor Membrana celular Núcleo
receptor
na membrana

Ativação de siste- Ativação de genes


Resposta Ativação de siste- Ativação de genes
mas de segundo para transcrição e
da ligação mas de segundo para transcrição e
mensageiro; pode tradução; pode ter
ligante-receptor mensageiro tradução
ativar genes efeitos não genômicos

Modificação de pro-
Resposta geral teínas existentes e Indução da síntese de Modificação de pro- Indução de síntese de
do alvo indução da síntese novas proteínas teínas existentes novas proteínas
de novas proteínas

Insulina, hormônio Estrogênio, Adrenalina,


Exemplos da androgênios, noradrenalina, Tiroxina (T4)
paratireoide cortisol dopamina

Tabela 1. Comparação entre os diferentes tipos de hormônios.


Fonte: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 18

7. CONTROLE HORMONAL do hormônio diminua, são ativados


mecanismos estimuladores da sua
Retroalimentação Negativa
produção (retroalimentação positiva),
A produção hormonal baseia – se no mas são poucos os casos em que isso
equilíbrio entre estímulo e inibição da acontece. Dessa maneira, ao longo do
síntese e secreção do hormônio. Este tempo, a concentração do hormônio
equilíbrio tem como base funcional o se mantém oscilando em torno de um
mecanismo de feedback (ou retroali- valor constante, o que chamamos de
mentação), negativo na maioria dos manutenção do equilíbrio de secre-
sistemas hormonais e tem por obje- ção. Além disso, os hormônios podem
tivo assegurar o nível apropriado de estimular a liberação de um segundo
atividade hormonal no tecido – alvo. hormônio em um mecanismo conhe-
Para isso, uma vez que a concentra- cido como anteroalimentação, como
ção do hormônio aumente, são ati- é o caso do aumento de LH media-
vados mecanismo inibidores da sua do pelo estradiol na metade do ciclo
produção (retroalimentação negati- menstrual.
va); e, uma vez que a concentração

Hormônio

Célula-
Glândula 1
Produto alvo

Produto
Figura 7. Controle hormonal da liberação de hormônios. Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2014
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 19

vias neurais, envolvidas no controle


SE LIGA! Iremos ver agora um exem- da liberação dos hormônios.
plo que ilustra o mecanismo de retroali-
mentação negativa no eixo da glândula
tireoide. O hipotálamo produz um hor- 8. AÇÃO HORMONAL
mônio, o TRH (hormônio estimulador do
TSH) que estimula a hipófise a liberar Os hormônios produzem seus efeitos
tireotrofina (ou TSH, que é o hormônio biológicos por meio da interação com
estimulador da tireoide), a qual, por sua
vez, estimula a tireoide a produzir seus receptores de alta afinidade, que, por
hormônios T3 e T4. Desses, o T3 é o sua vez, estão ligados a um ou mais
mais ativo e inibe a produção de TRH e sistemas efetores no interior da célu-
de TSH, determinando a retroalimenta-
la. Esses efetores envolvem distintos
ção negativa.
componentes da maquinaria metabó-
lica celular, desde o transporte de íons
O desequilíbrio entre alguns dos hor- na superfície celular até a estimulação
mônios envolvidos em uma alça de do aparato transcricional nuclear.
feedback proporciona indícios de de-
feitos em determinados territórios.
Produção Hormonal

SE LIGA! Mecanismos de retroalimenta-


Os hormônios polipeptídicos e protei-
ção podem implicar apenas a secreção cos são sintetizados na extremidade
de um hormônio e um substrato me- rugosa do retículo endoplasmático
tabólico diretamente envolvido na sua das diferentes células endócrinas, da
ação, como é o caso da relação entre a
secreção de insulina e a concentração mesma maneira que a maioria das
de glicose no sangue. outras proteínas. Geralmente, são
sintetizados primeiro como proteí-
nas maiores, que não são biologica-
Variações Cíclicas mente ativas (pré-pró-hormônios), e
Existem variações periódicas da libe- clivados para formar pró-hormônios
ração do hormônio sobrepostas ao menores no retículo endoplasmático.
controle por feedback negativo e po- Estes são então transferidos para o
sitivo da secreção hormonal e elas são aparelho de Golgi, para acondiciona-
influenciadas por alterações sazonais, mento em vesículas secretoras. Nes-
várias etapas do desenvolvimento e se processo, as enzimas nas vesícu-
do envelhecimento, ciclo circadiano e las clivam os pró – hormônios, a fim
sono. Em muitos casos, essas varia- de produzir os hormônios menores
ções cíclicas da secreção hormonal se biologicamente ativos e fragmentos
devem às alterações da atividade das inativos.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 20

Já os hormônios esteroides, na maio- semelhante aos hormônios proteicos,


ria dos casos, são sintetizados a par- armazenados em grânulos secreto-
tir do próprio colesterol. Embora na res, as catecolaminas também são li-
maioria das vezes exista muito pou- beradas das células da medula adre-
co armazenamento de hormônio em nal por exocitose.
células endócrinas produtoras de es-
teroides, grandes depósitos de és-
teres de colesterol em vacúolos do Transporte pelo sangue
citoplasma podem ser rapidamente Os hormônios liberados no sangue
mobilizados para a síntese de este- podem circular em sua forma livre
roides após o estímulo. Os hormônios ou ligados à proteína carreadoras,
esteroides são produzidos dentro da ou proteínas de ligação. Elas atuam
célula no retículo endoplasmático liso. como reservatórios de hormônios e
Como são lipossolúveis, atravessam prologam sua meia – vida, isto é, o
as membranas de forma fácil, dessa tempo durante o qual a concentração
maneira, as células que os produ- de determinado hormônio diminui em
zem, não conseguem armazená-los 50% da sua concentração inicial. O
em vesículas. Portanto, os hormônios hormônio livre ou não ligado constitui
esteroides só são produzidos e sinte- a forma ativa, que se liga ao receptor
tizados quando necessário. Uma vez hormonal específico. Por conseguinte,
sintetizados, eles simplesmente po- a ligação de um hormônio a sua pro-
dem se difundir através da membra- teína carreadora serve para regular
na celular e entram no líquido intersti- a atividade hormonal, estabelecendo
cial e, depois, no sangue. a quantidade de hormônio livre para
Os hormônios derivados da tirosina, exercer uma ação biológica.
os da medula adrenal e os da tireoide, A maioria das proteínas carreadoras
são formados pela ação de enzimas são globulinas sintetizadas no fígado
nos compartimentos citoplasmáticos e algumas delas são específicas para
da células glandulares. Os hormônios determinada proteína. Além disso, a
da tiroide são sintetizados e armaze- albumina também pode se ligar aos
nados na glândula tireoide e incorpo- hormônios. Devido à origem hepáti-
rados a macromoléculas da proteína ca comum dessas proteínas, altera-
tireoglobulina, que é armazenada em ções na função hepática pode resul-
grandes folículos na tireoide. A secre- tar em anormalidades nos níveis de
ção hormonal ocorre quando as ami- proteínas de ligação, podendo afetar
nas são clivadas da tireoglobulina e indiretamente os níveis totais dos
os hormônios livres são então libera- hormônios.
dos na corrente sanguínea. De modo
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 21

9. MECANISMO DE AÇÃO
SE LIGA! Os hormônios esteroides e ti- HORMONAL
reoidianos circulam ligados a proteínas
de transporte específicas, de modo que A resposta biológica aos hormônios é
menos de 10% deles existem livres em desencadeada pela ligação a recep-
solução no plasma. Eles não conseguem
tores hormonais específicos no órgão
se difundir facilmente pelos capilares e
ganhar acesso às suas células – alvo, – alvo, baseada em alta afinidade e
sendo, portanto, biologicamente ina- especificidade. A afinidade é deter-
tivos até que dissociem das proteínas minada pelas taxas de dissociação
plasmáticas. Já os hormônios hidros-
solúveis são dissolvidos no plasma e
e associação do complexo hormônio
transportados para tecidos – alvo, onde – receptor em condições de equilí-
se difundem dos capilares, entram no lí- brio. A constante de dissociação do
quido intersticial e, finalmente, chegam equilíbrio (Kd) ilustra a concentração
às células – alvo.
hormonal necessária para a ligação
dos 50% dos sítios dos receptores.
As concentrações de hormônio liga- Quando mais baixa a Kd, maior a afi-
do (HP), hormônio livre (H) e proteí- nidade de ligação, o que reflete o grau
nas plasmáticas de transporte (P) são de intensidade da interação entre o
equilibradas. Se os níveis de hormônio hormônio e o receptor. Já a especifici-
livre caem, as proteínas de transporte dade refere – se à capacidade de um
liberarão hormônio. Esta relação pode receptor hormonal de discriminar en-
ser expressa pela equação: tre vários hormônios com estruturas
correlatas.
[H] x [P] = [HP] ou K = [H] X [P]/[HP] ,
onde K é a constante de dissociação. Devemos lembrar que há um limite
de receptores aos quais um hormônio
O hormônio livre (H) é a forma biologi-
pode se ligar. Geralmente, a ocupa-
camente ativa para a ação no órgão-
ção do receptor necessária para pro-
-alvo, controle da retroalimentação
duzir uma resposta biológica é baixa,
e depuração pelo consumo e meta-
e os receptores que não ocupados
bolismo celular. Portanto, quando se
são chamados de “receptores de re-
avalia o estado hormonal, deve-se às
serva”. Nesse sentido, uma redução
vezes determinar os níveis de hormô-
do número de receptores nos tecidos
nio livre ao invés de apenas os níveis
– alvo não necessariamente provoca
de hormônio total.
um comprometimento imediato da
ação hormonal.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 22

◊ Inativação de algumas das


SE LIGA! A função endócrina anormal moléculas de receptores
resulta de excesso ou deficiência na
ação dos hormônios, podendo resultar
◊ Inativação de parte das molé-
da produção anormal do hormônio, ou culas de sinalização das pro-
da redução no número ou na função de teínas intracelulares
receptores. Na clínica, utiliza – se ago-
nistas e antagonistas para o tratamento ◊ Sequestro temporário do re-
de pacientes com deficiência ou excesso ceptor para o interior da célula,
de hormônios. longe de seu local de ação
◊ Destruição dos receptores por
Os receptores para alguns hormônios lisossomos
estão localizados na membrana da ◊ Diminuição da produção de
célula – alvo, enquanto outros locali- receptores
zam – se no citoplasma ou no núcleo.
Quando o hormônio se combina com
• Up – regulation – Estimula a ação
seu receptor, essa ação em geral ini-
do hormônio ao induzir a forma-
cia uma cascata de reações na célula,
ção de receptores ou moléculas de
com cada etapa ficando mais poten-
sinalização, maior que a normal,
cialmente ativada, de modo que até
pela célula – alvo ou maior dispo-
pequenas concentrações do hormô-
nibilidade do receptor para inte-
nio podem ter grande efeito.
ração com o hormônio. Quando
O número de receptores na célula – isso ocorre, o tecido – alvo se torna
alvo, em geral, não permanece cons- cada vez mais sensível aos efeitos
tante. As proteínas dos receptores de estimulação do hormônio.
costumam ser inativadas ou destruí-
das durante o curso de função e em
outros casos são reativadas ou novas Quase sem exceção, o hormônio afe-
são sintetizadas. O controle da quan- ta seus tecidos – alvo formando, pri-
tidade de receptores presentes na meiro, um complexo hormônio – re-
célula segue dois princípios: ceptor. A formação desse complexo
altera a função do próprio receptor
• Down – regulation – Redução do e o receptor ativado inicia os efeitos
número de receptores ativos e da hormonais.
responsividade do tecido – alvo ao
hormônio diante do aumento da Em consequência do caráter hidros-
concentração do hormônio e de solúvel, os hormônios peptídicos e as
suas ligações. Esse processo pode catecolaminas não podem atraves-
ocorrer em decorrência de: sar a membrana celular lipoproteica.
Por essa razão, costumam apresentar
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 23

receptores localizados na membrana • Adenilil ciclase – AMPc: Para


plasmática da célula – alvo, com o lo- ativar esse sistema, o hormônio
cal de reconhecimento ao hormônio deve se ligar a um receptor ligado
exposto ao meio intracelular. Já os à proteína G, a qual se liga à en-
hormônios lipossolúveis como os es- zima adenilil ciclase. Ao estimular
teroides e os tireóideos atuam a partir a enzima, ela catalisa a conversão
da ligação a receptores intracelulares, de pequena quantidade de trifos-
cujo complexo hormônio – receptor fato de adenosina citoplasmático
termina por se ligar em locais espe- em AMPc, dentro da célula. Isso
cíficos da região promotora de genes ativa a proteínocinase dependen-
– alvo, agindo como fatores transcri- te de AMPc, que fosforila proteí-
cionais da expressão gênica. Recen- nas específicas na célula, desen-
tes observações demonstram que cadeando reações químicas que,
esses hormônios também têm ações finalmente, produzem a resposta
biológicas imediatas, independentes da célula ao hormônio. Nesse pro-
do controle de transcrição gênica e cesso, o AMPc ativa uma cascata
utilizando – se de segundos mensa- de enzimas, de modo que a quan-
geiros, sugerindo a existência de re- tidade mais discreta de hormônio
ceptores na membrana plasmática e/ pode desencadear uma cascata
ou intracelulares. poderosa que ativa toda a célula.
Dentre os possíveis mecanismos de
segundo mensageiros, encontramos:
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 24

Figura 8. Mecanismo do monofosfato adenosina cíclico (AMPc). Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica:
Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

região interna. Essa enzima catalisa


SE LIGA! A resposta de uma célula a a degradação de alguns fosfolipí-
determinado mecanismo de segundo deos na membrana celular, espe-
mensageiro depende da natureza da cialmente o bifosfato de fosfatidi-
maquinaria intracelular – algumas célu-
las têm conjuntos de enzimas e outras linositol (PIP2), em dois diferentes
células têm outras enzimas. Portanto, segundos mensageiros – trifosfa-
diferentes funções são desencadeadas to de inositol (IP3) e diacilglicerol
em diferentes células – alvo.
(DAG). O IP3 age na mobilização de
íons cálcio que apresenta seus pró-
• Fosfolipídeos: Alguns hormônios prios efeitos, enquanto o DAG ativa
ativam receptores transmembra- a enzima proteinocinase C que fos-
nas que ativam a fosfolipase C na forila diversas proteínas, desenca-
deando respostas celulares.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 25

Figura 9. O sistema de segundo mensageiro de fosfolipídeos da membrana celular. Fonte: HALL, John E.. Tratado de
Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

• Cálcio – Calmodulina: Esse siste-


ma opera de acordo com a entrada
de cálcio na célula, seja por altera-
ções do potencial de membrana,
seja pela interação de hormônios
com receptores de membrana, que
abrem os canais de cálcio. Na célu-
la, os íons cálcio se ligam à proteí-
na calmodulina, que altera sua for-
ma e inicia múltiplos efeitos dentro
da célula
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 26

MAPA MENTAL MECANISMOS DE SEGUNDOS MENSAGEIROS

Receptor ligado
a proteína G

Adenilil ciclase –
AMPc
Conversão de ATP AMPc ativa a Fosforilação
Cascata de
em AMPc pela proteínocinase de proteínas Resposta celular
enzimas
adenilil – ciclase dependente específicas

Receptores
ligados a
enzimas
Mecanismos
IP3 mobiliza
de segundos Fosfolipídeos
íons cálcio
mensageiros Degradação de
Ativação da fosfolipídeos da
Resposta celular
fosfolipase C membrana celular
(IP3 e DAG) DAG ativa a
enzima
proteínocinase C
Alterações de
potencial de
membrana
Cálcio de liga
Cálcio – Abertura de
à proteína Resposta celular
Calmodulina canais de cálcio
calmodulina
Receptores
ligados a canais
iônicos
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 27

10. RECEPTORES (GDP). Quando o receptor é ativado,


ele passa por alterações de confor-
Receptores Ligados a Canais
mação que faz com que a proteína G
Iônicos
trimérica, ligada ao GDP, troque GDP
Esses receptores geralmente são ati- por GTP e consequentemente a su-
vados pela ligação com neurotrans- bunidade a se dissocia do complexo
missores, resultando, quase sempre, trimérico e se associa a outras prote-
em alterações na estrutura do recep- ínas de sinalização intracelular. Essas
tor que abrem ou fecham canais iô- proteínas alteram a atividade de ca-
nicos. A movimentação dos diversos nais iônicos ou de enzimas intracelu-
íons pelos canais específicos causa lares, o que altera a função da célula.
os efeitos subsequentes nas células O efeito da sinalização é encerrado
pós – sinápticas. rapidamente quando o hormônio é
removido e a subunidade a se inativa
Receptores Hormonais Ligados à por conversão de seu GTP ligado em
Proteína G GDP. Depois, a subunidade a volta a
se combinar com as subunidades b e
Esses receptores regulam indireta- g para retomar a forma inativa da pro-
mente a atividade de proteínas – alvo teína G.
por acoplamento com grupos de pro-
Alguns hormônios se acoplam a pro-
teínas da membrana celular, as pro-
teínas G inibitórias, enquanto outros
teínas G. Todos esses receptores
se unem a proteínas G estimuladoras.
apresentam sete segmentos trans-
Dessa forma, a depender do acopla-
membrana que formam alças para
mento do receptor hormonal a deter-
dentro e para fora da célula. Interna-
minada proteína G, o hormônio pode
mente, algumas partes do receptor
aumentar ou diminuir a atividade das
estão acopladas às proteínas G, for-
enzimas intracelulares. Esse sistema
madas por três subunidades (a, b e
complexo de proteínas G da membra-
g). Quando o hormônio alcança a par-
na celular permite conjunto de variado
te extracelular do receptor, alterações
de respostas celulares em potencial a
em sua estrutura ativam as proteínas
diferentes hormônios, nos vários teci-
G e induzem sinais intracelulares que
dos – alvo do corpo.
abrem ou fecham canais iônicos da
membrana celular, mudam a ativida-
de de uma enzima intracelular ou ati-
vam a transcrição gênica.
Em seu estado inativo, a subunida-
de a está ligada ao guanosina fosfato
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 28

Figura 10. Mecanismo de ativação de um receptor acoplado a proteína G.


Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

Receptores integrinas
SE LIGA! Em algumas doenças geneti-
Os receptores integrinas são classifi-
camente herdadas, o receptor integrina
cados como catalíticos. As integrinas encontra – se ausente nas plaquetas,
são proteínas transmembrana que podendo levar a defeitos na coagulação
medeiam a coagulação do sangue, o sanguínea desses indivíduos.
reparo de feridas, o reconhecimento
na resposta imune e o movimento ce- Receptores Hormonais Ligados a
lular durante o desenvolvimento. Os Enzimas
receptores integrina se ligam às pro-
teínas da matriz celular ou a ligantes Alguns receptores, quando ativados,
(anticorpos, moléculas relacionadas funcionam diretamente como enzi-
na coagulação sanguínea) no lado mas ou se associam estreitamente
extracelular da membrana. Na parte às enzimas que ativam. Esses recep-
intracelular, as integrinas se ligam ao tores são proteínas que atravessam
citoesqueleto através de proteínas de a membrana por apenas uma vez.
ancoragem. Quando ocorre a ligação Quando o hormônio se liga à par-
ligante-integrina, ocorre ativação de te extracelular do receptor, é ativada
enzimas intracelulares que alteram a (ou às vezes inativada) uma enzima,
conformação do citoesqueleto. imediatamente dentro da membrana
celular. Embora muitos receptores li-
gados a enzima tenham atividade en-
zimática intrínseca, outros dependem
de enzimas que se associam estreita-
mente ao receptor.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 29

Figura 11. Receptor ligado a enzimas: receptor de leptina. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton
e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

O receptor de leptina, um hormônio a ativação do receptor, ocorre fosfori-


secretado por células adiposas e im- lação e ativação das moléculas JAK2
portante na regulação do apetite e que, fosforilam outros resíduos de
do balanço energético, é um exem- tirosina do complexo receptor – JAK
plo de receptor ligado à enzima. Ele 2 da leptina, para mediar a sinaliza-
é membro da família de receptores ção intracelular. Os sinais intracelula-
de citocinas que não contêm ativida- res incluem fosforilação de proteínas
de enzimática intrínseca, mas atuam de transdutor de sinal e de ativador
por meio de enzimas associadas. No de transcrição (STAT), o que ativa a
caso da leptina, uma das vias de si- transcrição pelos genes-alvo da lep-
nalização ocorre por meio de tirosino- tina a iniciar a síntese proteica.
cinase da família JACK, a JAK 2. Com
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 30

Outro exemplo já ilustrado, é o do hor- final, que faz protrusão para o interior
mônio que se liga a receptor trans- da célula e catalisa a formação do se-
membrana especial, que então se tor- gundo mensageiro AMPc.
na a enzima ativada adenilil ciclase ao

Figura 12. Receptores das células – alvo localizadas na superfície celular. Fonte: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisio-
logia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 31

RECEPTORES HORMONAIS
INTRACELULARES

Figura 13. Mecanismos de interação de hormônios lipofílicos com receptores intracelulares. Fonte: HALL, John E..
Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

Vários hormônios, incluindo os hor- chamado elemento de resposta hor-


mônios esteroides adrenais e os hor- monal e, dessa maneira, ativa ou re-
mônios da tireoide, ligam-se a re- prime a transcrição de genes específi-
ceptores proteicos dentro da célula cos e a formação de RNA mensageiro
e não na membrana celular. Como (mRNA). Portanto, minutos, horas ou
esses hormônios são lipossolúveis, até dias, depois do hormônio entrar
eles prontamente atravessam a na célula, aparecem proteínas recém-
membrana celular e interagem com -formadas na célula, que passam a
receptores no citoplasma ou no nú- ser as controladoras das funções ce-
cleo. O complexo hormônio-receptor lulares novas ou alteradas.
ativado então se liga à sequência do
DNA regulador (promotor) específico
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 32

a transcrição. A ligação do hormônio


SE LIGA! Um receptor intracelular só possibilita a ocorrência de transcrição
pode ativar a resposta do gene se es- gênica. Já no caso de receptores de
tiver presente a combinação apropriada
esteroides, como aqueles usados por
das proteínas reguladoras dos genes e
muitas dessas são tecidos – específicas. estrogênio, progesterona, cortisol e
Assim, as respostas de diferentes teci- aldosterona, não são capazes de se
dos ao hormônio dependem tanto da ligarem ao DNA na ausência do hor-
especificidade dos receptores, quanto
da expressão dos genes que o receptor
mônio. Após a ligação do hormônio
regula. esteroide, o receptor dissocia – se das
proteínas chaperonas associadas a
ele e o complexo hormônio – receptor
Podem ser identificados dois tipos é translocado para o núcleo, onde se
gerais de receptores intracelulares. O liga a seu elemento de resposta es-
receptor de hormônio tireoidiano não pecífico no DNA, dando início à trans-
ocupado liga – se ao DNA e reprime crição gênica.

Figura 14. Receptores intracelulares.


Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 33

MAPA MENTAL TIPO DE RECEPTORES

Receptores
Ligados Ativados, geralmente, pela ligação
a Canais com neurotransmissores
Iônicos

Síntese proteica
Atuam na coagulação sanguínea, reparo de feridas,
resposta imune e mov. celular durante desenvolvimento

A subunidade a se dissocia do
Receptores

complexo trimérico
Proteínas transmembrana

Resposta celular
integrinas Alteração da
conformação
Interginas se ligam ao citoesqueleto
intracelularmente do citoesqueleto
após ligação
ligante-integrina
Sete segmentos transmembranas

Troca de GDP por


Receptores

Receptores Proteínas G = 3 subunidades (a, b e g)

Transcrição de genes –
GTP
Ligados a

alvo da leptina
Proteína G Abrem/fecham canais iônicos OU mudam atividade
enzimática OU ativam transcrição gênica Ativação do

Fosforilação e ativação de tirocinases

Fosforilação de resíduos de tirosina do


receptor

complexo receptor – JAK 2 da leptina


Ativação do receptor
Estado inativo subunidade a ligada ao GDP
Síntese proteica
Também pode apresentar

(JAK 2)
atividade enzimática intrínseca
Receptores Seu receptor
Ligados a Único segmento transmembrana inativo encontra
Enzimas –se já no DNA

Fosforilação de proteínas STAT


reprimindo a
Família de receptores
Ex.: receptor de leptina transcrição
de citocinas
Ativação ou inibição
Hormônios lipossolúveis A ligação do
de transcrição de
hormônio permite
genes específicos
a transcrição
Receptores
Presentes no núcleo ou no citoplasma
Intracelulares Hormônio tireoidiano O receptor só
se liga ao DNA
O complexo hormônio – receptor liga – se à
sequência de DNA específica Hormônios na presença do
esteroides hormônio
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 34

11. ELIMINAÇÃO em seguida são excretados pelo fíga-


do através da bile ou pelo rim.
A remoção dos hormônios da circula-
ção também é conhecida como taxa Os hormônios também podem ser
de depuração metabólica, que cor- degradados em suas células – alvo
responde ao volume de depuração pela internalização do complexo hor-
plasmática do hormônio por unidade mônio – receptor, seguida da degra-
de tempo. Uma vez liberados na cir- dação lisossomal do hormônio.
culação, os hormônios podem intera-
gir com seus receptores, sofrer trans-
formação metabólica pelo fígado ou
ser excretado na urina. No fígado, os
hormônios podem ser inativados pe-
las reações da fase I (hidroxilação ou
oxidação) ou da fase II (conjugação) e

Figura 15. Destino metabólico dos hormônios. Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2014
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 35

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2017.
GARDNER, David G.; SHOBACK, Dolores. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan. 9.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A.. Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: El-
sevier, 2009.
SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2017.
INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO 36

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