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EMBRIOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O sistema endócrino é composto principalmente por glândulas macroscópicas com
localização e função definidas. As glândulas endócrinas têm sua importância na
regulação e integração de diversos processos biológicos, por meio da produção
e secreção de mensageiros químicos, os hormônios.
Os hormônios, por sua vez, podem ser constituídos por diferentes biomoléculas,
como lipídios, proteínas e aminoácidos, principalmente a tirosina. Sua ação se dá
de forma genérica, regulando diferentes órgãos, ou de forma específica, quando
um hormônio é produzido para atuar em células de um órgão em particular.
Neste capítulo, você vai conhecer quais são as principais glândulas que com-
põem o sistema endócrino, bem como suas localizações no corpo humano, estru-
turas, origem embriológica, organização histológica e os hormônios produzidos
por cada uma delas.
Glândula pineal
Hipófise
Paratireoide
Tireoide
Glândula
adrenal
Pâncreas
Ovários
Testículos
Origem embriológica
Durante o desenvolvimento embrionário, a ectoderme neural origina o tubo
neural, que dará origem ao sistema nervoso central. Conforme representado
na Figura 2, na porção dorsolateral do tubo neural surge uma população de
células que formam a chamada crista neural. Essas células se desprendem do
tubo neural e migram para diferentes regiões do embrião, originando, além do
sistema nervoso periférico, um conjunto variado de células não neurais, que
incluem células que formarão órgãos endócrinos como tireoide, paratireoide
e parte da glândula adrenal (NAZARI; MULLER, 2011).
Crista neural
Ectoderme
Células que vão dar origem
Tubo a órgãos endócrinos
neural
Organização histológica
Em relação à organização histológica, os tecidos glandulares se formam a partir
do epitélio de revestimento pela proliferação de suas células, que invadem
o tecido conjuntivo subjacente e se diferenciam de acordo com suas funções
celulares. Quando as células se mantêm conectadas à superfície epitelial, um
ducto é formado, e a secreção é direcionada para a superfície através desse
ducto, o que caracteriza uma glândula exócrina. Quando as células perdem
essa conexão, a secreção é liberada para os vasos sanguíneos, formando o
que chamamos de glândula endócrina (MONTANARI, 2016).
Figura 5. Corte sagital da hipófise unida ao hipotálamo (parte superior, rosa claro), corado pela
técnica de aldeído-tionina para mostrar a neurossecreção, que evidencia a adeno-hipófise
(em roxo, à esquerda) e a neuro-hipófise (parte inferior, laranja e rosa).
Fonte: Adaptada de Jose Luis Calvo/Shutterstock.com.
Ilhota de Ácinos
Langerhans pancreáticos
Célula
delta
Célula
alfa
Hemácias
Célula
beta
Funções hormonais
Você já aprendeu que o sistema endócrino envolve diversos órgãos e estru-
turas corporais e que os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas
regulam funções primordiais para a nossa sobrevivência. A partir de agora,
serão apresentadas em detalhes as funções dos hormônios que cada glândula
endócrina produz e os principais prejuízos à saúde relacionados às suas
disfunções.
Tireoide
A tireoide fica localizada abaixo da laringe e acima da traqueia, assumindo
forma semelhante a uma borboleta, sendo composta por dois lobos, direito
e esquerdo. Nesta glândula, são produzidos os hormônios tiroxina (T3), tri-
Paratireoide
A paratireoide produz o hormônio paratireoideano (PTH), que atua na regula-
ção dos níveis de cálcio, magnésio e fósforo no organismo. Quando ocorre a
diminuição destes íons nos fluídos corporais, o PTH promove a diminuição da
excreção de cálcio na urina e ativação dos osteoclastos, células ósseas que
removem cálcio e fosfato dos ossos para a corrente sanguínea. Além disso,
o PTH atua juntamente com a vitamina D para aumentar a absorção de cálcio
pelo trato gastrintestinal. Vale ressaltar que o PTH e a calcitonina agem de
forma antagônica sobre a concentração de cálcio no sangue, promovendo
seu equilíbrio (MELLO et al., 2016).
Adrenal
As glândulas adrenais, ou suprarrenais, em referência à sua localização ana-
tômica, produzem hormônios com composições e funções distintas, de acordo
com seu local de secreção. A medula da suprarrenal secreta na corrente
sanguínea os hormônios epinefrina e norepinefrina, também chamados,
respectivamente, de adrenalina e noradrenalina. Tais hormônios produzem
efeitos semelhantes à estimulação dos nervos simpáticos em todo o corpo,
ou seja, regulam funções que preparam o organismo para situações de emer-
gência, sendo ativados em condições de hemorragia, hipoglicemia, hipóxia,
dor, exercícios intensos, medo e raiva. Com o aumento da frequência cardíaca
e da força de contração, a epinefrina e a norepinefrina aumentam a potência
de bombeamento do coração e, consequentemente, a pressão sanguínea.
Também aumentam a irrigação sanguínea de diversos órgãos como coração,
fígado, músculos e tecido adiposo, dilatam as vias respiratórias e aumentam
os níveis de glicose e ácidos graxos no sangue (HALL, 2017).
A região cortical das glândulas adrenais produz vários grupos de hormônios
esteroides chamados mineralocorticoides, glicocorticoides e andrógenos.
A aldosterona é o principal hormônio mineralocorticoide e atua na home-
ostase mineral, ou seja, na regulação de eletrólitos como sódio e potássio
nos líquidos extracelulares. A secreção de aldosterona é regulada pela via
renina–angiotensina–aldosterona e induzida em situações de desidratação,
deficiência de sódio ou hemorragia, que diminuem o volume de sangue e a
pressão sanguínea. A pressão sanguínea baixa estimula a secreção da enzima
renina pelos rins, que induz a formação de angiotensina I. Na sequência, a
enzima conversora de angiotensina (ECA) nos pulmões converte a angiotensina
I no hormônio angiotensina II, que estimula o córtex da glândula adrenal
a secretar aldosterona, que irá atuar nos rins para promover o retorno de
sódio e água para o sangue, normalizando a pressão sanguínea (TORTORA;
DERRICKSON, 2017).
Os hormônios cortisol e corticosterona são glicocorticoides naturais que
afetam a homeostasia de glicose e exercem efeitos multissistêmicos, visto
que praticamente todas as células expressam receptores de glicocorticoi-
des. Os glicocorticoides afetam o metabolismo intermediário, estimulam a
proteólise e a gliconeogênese, inibem a síntese das proteínas musculares
e aumentam a mobilização dos ácidos graxos. Além disso, modulam a res-
posta imune, ao aumentarem a síntese de citocinas anti-inflamatórias e ao
diminuírem a síntese de citocinas pró-inflamatórias, exercendo assim um
efeito anti-inflamatório. No sistema nervoso central, os glicocorticoides
Hipófise
A hipófise secreta hormônios que desempenham funções importantes na re-
gulação de praticamente todos os aspectos do crescimento, desenvolvimento,
metabolismo e homeostasia (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Os hormônios da
adeno-hipófise desempenham papeis relevantes no controle das funções
metabólicas em todo o organismo, secretando, entre outros, hormônios
do crescimento, prolactina, folículo-estimulante e hormônio luteinizante
(MELLO et al., 2016).
Hormônio Efeitos
Adeno-hipófise
Neuro-hipófise
Glândula pineal
A glândula pineal, que tem este nome devido à sua forma de pinha, sintetiza
a melatonina (N-acetil-5 metoxitriptamina), neuro-hormônio promotor do
sono, a partir do aminoácido triptofano. Depois de sintetizada, a melatonina
é secretada na corrente sanguínea para ajudar a modular o ciclo sono–vigília,
desempenhando um papel essencial no nosso organismo pelo estabeleci-
mento do relógio biológico do corpo (MOLINA, 2021).
Graças a receptores de luminosidade presentes na retina ocular, nosso
corpo percebe alterações de luminosidade, que geram sinais para a indução
ou inibição da produção da melatonina. Desse modo, mais melatonina é
liberada no escuro, durante o sono, e menos melatonina é liberada durante
o dia sob a luz do Sol. A melatonina liberada atua no tronco encefálico, região
de controle do ciclo sono–vigília (MELLO et al., 2016).
Pâncreas
A função endócrina do pâncreas é realizada pelas ilhotas pancreáticas, que
secretam os hormônios glucagon, insulina e somatostatina. A insulina esti-
mula a entrada de glicose nas células, especialmente nas fibras musculares
esqueléticas, que a utilizam para suprir a alta necessidade de geração de
energia. Por diminuir os níveis de glicose no sangue, a insulina é chamada
hormônio hipoglicemiante. A insulina também acelera a síntese de glicogênio
a partir da glicose e aumenta a captação de aminoácidos pelas células, e,
consequentemente, a síntese de proteínas. Desse modo, percebemos o papel
importante da insulina em tecidos que estão se desenvolvendo, crescendo
ou sendo reparados (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
O glucagon diminui a oxidação da glicose, agindo principalmente so-
bre os hepatócitos, ao ativar as enzimas responsáveis pela degradação do
glicogênio em glicose (glicogenólise) e pela síntese de glicose a partir de
lipídios e aminoácidos (gliconeogênese). Trata-se, portanto, de um hormônio
hiperglicemiante, agindo de forma oposta à insulina.
Por fim, a somatostatina atua como neurotransmissor, exercendo um efeito
inibitório nas funções gastrintestinais e do pâncreas exócrino e endócrino,
inibindo a liberação da insulina e do glucagon. A liberação de somatostatina
é estimulada por refeições ricas em gordura, carboidratos e proteínas, e
inibida pela insulina (MOLINA, 2021).
Referências
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Leituras recomendadas
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