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CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS PRÉ NATAL

DE COMPANHIA I 1) Idade da primeira cruza

✓ Puberdade
Levantamento da história clínica: ✓ Idade da primeira cruza: Não cruzar antes
do primeiro cio.
✓ Ficha clínica
✓ Identificação do animal/ proprietário ✓ Idade média da puberdade (meses)
✓ Queixa principal
✓ Anamnese fisiológica Macho Fêmea
✓ Anamnese patológica: atual, pregressa,
Caninos 7 - 10 6 – 12
familiar, ambiental e sanitária.
Felinos 7 – 12 7 – 15
Rotina do exame clínico geral:
Alguns autores consideram 4 meses, pois
✓ Contenção do animal;
castra gatas a partir do 2º cio.
✓ Temperatura: hipertermia, hiportermia
✓ Exame das mucosas: normocoradas, Castração:
hipocoradas ou hipercoradas, cianóticas,
o Raças de pequeno porte/médio: depois do
ictéricas, tempo de preenchimento
2º cio, em torno de 12 meses – se tornam
capilar;
adultos
✓ Exploração clínica dos linfonodos;
o Raças grandes/ gigantes: depois do 3º cio,
✓ Inspeção de pele e pelos
em torno de 18 meses – se tornam
✓ Inspeção membros e coxim plantar
adultos.
✓ Inspeção boca, dentes, língua, palato
✓ Inspeção dos ouvidos ► A idade reprodutiva deve ser respeitada para
✓ Palpação abdominal ter uma ninhada de qualidade.
✓ Ausculta torácica
► Piometra é mais comum em cadelas com mais
Procedimentos complementares: de 5 anos.
✓ Punções; 2) Vermifugação: Vermifugar tanto o
✓ Citologia; macho quanto a fêmea para reduzir a
✓ Biópsias para exames histopatológicos passagem dos parasitas pela parede
✓ Administração de medicamentos uterina durante a gestação e atingir os
filhotes. Bem como estar com a
Exames complementares:
vacinação em dia.
✓ Patologia clínica
✓ Exames de imagem: radiografia, 3) Cruzamento
ultrassonografia ✓ Local: em local limpo, sem terras ou
✓ Exames especiais e/ou específicos. gramas...
✓ Dias ideais de cruzamento: 9° ao 14º dia
do cio, que ela está ovulando
✓ Cópula: quanto mais se cruza maior é a
ninhada e mais fácil é o parto, pois os
filhotes vão nascer pequenos.

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4) Alimentação durante a gestação: Raças grandes/ gigantes: Não vai ocorrer
✓ Suplementação: a deficiência de ácidos eclampsia nessas raças (pode acontecer, mas é
graxos pode induzir partos prematuros, difícil). Melhor fazer suplementação com cálcio,
desenvolvimento placentário insuficiente pois a quantidade que suplementa não vai ser
e diminuição do tamanho da ninhada; muito grande. Raças grandes/ gigantes não fazem
inibição porque elas precisam de muito cálcio por
o As necessidades da cadela em relação ao conta de estrutura física.
cálcio e ao fósforo aumentam discretamente
durante a gestação, devido à escassa
✓ Características reprodutivas dos
mineralização dos fetos:
pequenos animais:
Raças de pequeno/ médio porte: não pode
Raças como rottweiler, pitbull, fila brasileiro não
suplementar com cálcio no final da gestação, pois
são boas mães, é comum fazerem canibalismo –
predispõe a hipocalcemia, levando a eclampsia.
por N motivos ou deficiência na alimentação.
Com essa administração abusiva de cálcio
(suplementação) durante a gestação promove
inibição da secreção de paratormônio o hormônio 5) Pródomos: sinais clínicos que
paratireóideo (PTH), favorecendo a ocorrência antecedem a hora do parto.
de eclampsia em vez de preveni-la. O que se pode
fazer é trocar a ração para de filhotes que contém Alterações comportamentais ocorrem próximo
mais proteínas. ao parto, fazendo com que a fêmea se torne mais
quieta, agressiva, carente ou dengosa,
“Com a hipocalcemia, vai estimular os dependendo do caso.
osteoclastos e vão fazer a produção de cálcio. Na
baixa de cálcio no sangue, vai ser estimulado o Deve-se notar também o aparecimento de leite
PTH que faz com que vai ser liberado cálcio para nas mamas, a distensão da vulva e dos
o sangue. Cálcio suficiente inibe o PTH ligamentos pélvicos, a liberação de tampão
(feedback negativo).” mucoso cervical e a queda da temperatura
retal (em 1º C – resultante da queda dos níveis
séricos de progesterona) nas 12 a 24h que
antecedem o início do parto.
Eclampsia: É uma hipocalcemia severa que leva
o animal a ter convulsões, hipertermia, membros
ficam rígidos, contração dos membros, vômito, ✓ Lactação: mudanças na cor do leite, de
diarreia. Durante o parto e a lactação, a cadela claro vai ficando branco mais viscoso.
precisa de muito cálcio no sangue, o ✓ Corrimento do Muco cervical: não deve
paratormônio tem que tirar cálcio de dentro dos haver corrimento durante a gestação.
ossos – os osteoclastos são ativados pelo ✓ Temperatura Retal
paratormônio para tirar o cálcio dos ossos e jogar
na corrente sanguínea. Na hora do parto há 6) Parto
excesso de consumo de cálcio.
1º Estágio: Também chamado de
Gestação gata/cadela: 58 a 63 dias. preparatório, ocorre entre 6 e 12h,
perdurando por até 36h; ocorre relaxamento
A suplementação de cálcio deve ser feita na
vaginal, dilatação da cérvice, início da
última semana antes do parto (+- 50 dias),
atividade uterina e sinais de desconforto. Elas
permanecendo até o final da lactação (Raças
podem cavar o chão, mostram-se ansiosas.
pequenas) – Não é obrigatório, apenas se o
As contrações são curtas e vão ficando
animal mostrar sinais de estar debilitado!!
longas.
2º Estágio: Segundo estágio, caracterizado pela
expulsão fetal, que dura em média 3 a 12h, o

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primeiro feto se encaixa no canal pélvico e NEONATOLOGIA
desencadeiam-se contrações uterinas expulsivas
1) CUIDADOS COM O RECÉM NATO:
intensas acompanhadas de contrações
Primeiro se preocupar com temperatura,
abdominais.
segundo se ele está respirando - Hipóxia,
Após a ruptura da membrana corioalantoideana, hipotermia e hipoglicemia.
há a saída de um líquido transparente e a
- Doenças congênitas o hereditárias: lábio
expulsão do feto em no máximo 2 horas.
leporino, falta de um membro, má formação.
Posicionamento dos filhotes: preferencialmente
da cabeça. **Colocar glicose na boca dos filhotes quando
nascem, para evitar a hipoglicemia: o intestino
Os fetos são expulsos alternadamente entre os
não consegue se “povoado” pelas bactérias do
cornos uterinos. Após o nascimento, há ruptura
bem, é como se a glicose tampasse os receptores
da membrana amniótica, lambedura do neonato
para a bactéria. Então esse cachorro vai se tornar
para a limpeza e a estimulação respiratória e
imunologicamente pior, seu sistema imune vai
rompimento do cordão umbilical. Intervalo de
ser mais fraco, menos desenvolvido, e é mais
parto entre filhote: 30-45min. Trabalho de parto
propenso a doenças alérgicas e doenças
pode durar 25 horas.
gastrointestinais. Sendo assim, tem que tentar
3° Estágio: Consiste na expulsão da placenta 15 tirar o colostro da mãe e tentar dar a ele. Em
minutos após o nascimento de cada feto ou após relação à a anestesia, o certo é dar anestesia
o nascimento de dois a três filhotes, alternando- inalatória, com propofol, hialotano ou isofurano,
se com o segundo estágio. As fêmeas que são anestésicos voláteis que só vão passar
normalmente ingerem as placentas – rica em pelo pulmão, não vão ficar circulando pelo corpo
proteínas e ocitocina. para ser metabolizado, sendo assim o leite não
vai conter anestésico.

✓ Ocitocina (CUIDADO) Doses:


CADELAS – 5 a 25 UI IM 30/30 min. 2) ALEITAMENTO NATURAL
GATAS – 2 UI IM 30/30 min.: tem como
funções: preparar o canal do parto,
promover frouxidão dos ligamentos e da
sínfise, contrai o útero na hora do parto,
ejeção de leite. Também é importante
para involução uterina.

✓ Corrimentos vaginais: Durante o parto, 3) ALEITAMENTO ARTIFICIAL


sangue e verde, depois vai ficando
3.1 Fórmula de substituição do leite canino
marrom. Em 1 semana não tem que ter
(Bjoerck et al, 1957)
nenhum corrimento.
✓ Leite de vaca – 800ml
✓ Creme de leite – 200ml
✓ Nascimento ✓ Gema de ovo – 1 unidade
✓ Expulsão das membranas fetais e das ✓ Farinha de ovos – 6 gramas
placentas ✓ Ácido cítrico – 4 gramas
✓ Não remover a cadela logo antes ou ✓ Vitamina A – 2000 UI
durante o parto ✓ Vitamina D – 500UI

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Fórmula 2: 200 ml
5) DESENVOLVIMENTO DOS
✓ Leite de vaca - 150/160ml
FILHOTES
✓ 1 colher cheia de creme de leite
✓ 1 ovo inteiro
✓ Entre 2 a 7 dias – corte de rabos e dos
✓ Vitamina Protovit (Farmácia)- 20 gotas
ergots;
✓ 10 dias – mantém-se em pé;
3.2 Fórmulas comerciais ✓ 15 dias – filhotes abrem os olhos e os
ouvidos;
✓ Leite substituto A1 – Royal Canin ✓ 20 dias – caminham em linha reta,
✓ Mother’s Helper – Lambert Kay passam a controlar a micção e a defecção
✓ Esbilac (cães) e KMR (gatos) – Pet Ag e aceitam a ração de filhotes umedecida;
✓ 28 dias – regulação térmica (não
 Para dar o “leite artificial”: Os filhotes dependem mais do calor materno);
engasgam muito fácil, eles possuem Reflexo de ✓ 30 dias – vão surgindo os primeiros
Deglutição – é estimulado quando os filhotes dentes começam a machucar as tetas da
estão na posição com a cabeça pra cima, as patas mãe, que começa a rejeitar a
na pata, e vão sugando e massageando as mamas, amamentação;
e com isso dá tempo de com o contato da mama ✓ 35 dias – já aceitam a ração seca para
com o palato, empurram a glote pra cima, fecha filhotes: já podem começar a serem
a traqueia e o leite passa pela glote. O ideal na separados da mãe;
clínica é sondar o animal. Em casa, o tutor vai ✓ 45 dias – podem ser separados da mãe;
colocar o filhote em pé, e ele vai ficar com a
cabeça em pé, com um urso de pelúcia por baixo
para ele apoiar. – De 2 em 2 horas para o 6) PATOLOGIAS DE CÃEZINHOS
aleitamento artificial. NEONATOS
✓ Defeitos congênitos
✓ Infecções virais, bacterianas e
4) CUIDADOS COM OS FILHOTES parasitárias
✓ Manejo
✓ Alimentação
✓ Aquecimento 7) PATOLOGIAS EM FILHOTES:
✓ Estímulos: a urinar e defecar – algodão
com água morna passar na vulva e o ânus ✓ Hipóxia
do filhote toda vez depois dele se ✓ Desidratação
alimentar. Os filhotes nascem sem ✓ Hipotermia
enxergar e sem controlar a temperatura, ✓ Diarreia
dependendo totalmente da mãe pra isso. ✓ Infecção umbilical: povidine
✓ Septicemia
- Os filhotes sempre vão estar competindo pelas ✓ Síndrome do Leite Tóxico: Quando a mãe
tetas abdominais, porque elas são mais tem contaminação do leite,
entumecidas, tem mais leite. Os filhotes mais mamite/mastite por Streptococcus, onde
fortes vão para essas, sendo isso pode ser filhotes este produz uma toxina, que quando o
não uniformes, com isso deve-se observar e filhote ingere, morre. Sinais clínicos:
colocar os filhotes para revezar. perda de apetite, inanição (extremamente
- Caixa mate rnidade para cadela: com recuo para fraco), morte; pode ter também infecção
os filhotes; não pode ter jornal. na pele (impetigo)

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**Antibiótico de escolha para fêmeas
gestantes: cefalexina, amoxicilina o amoxicilina
3) VACINAÇÃO
com clavulanato **
Vacinas não éticas: Qualquer pessoa compra,
qualquer pessoa aplica e não necessita do médico
ROTINA PEDIÁTRICA veterinário para examinar o aplicar, é como se
não tivesse tomado, começa o esquema vacinal
Na primeira consulta deve-se ter certeza de que
todo de novo.
eles está bem vermifugado, nutrido e que ele
está adaptado à casa nova. Vias de administração: subcutânea
→ Só pode vacinar o filhote saudável! Importante ressaltar: se colocar muito álcool e
não secar, quando introduzir a agulha, pode
inativar a vacina.
3.1 Objetivo:
3.2 Fatores que afetam a vacinação
✓ Tipo de vacina usado
✓ Via de administração
✓ Efeitos dos anticorpos maternos
derivados do colostro
✓ Idade do filhote
1) ALIMENTAÇÃO 3.3 Contraindicações
- Suplementação ✓ Animais enfermos
✓ Fêmeas prenhas
3.4 Tipos de vacinas
2) VERMIFUGAÇÃO
✓ Vírus vivo modificado: mantém a
2.1 Principais vermes que acometem filhotes:
capacidade de infectar e se multiplicar,
✓ Ascaraditose – agente etiológico: mas sem causar doença clínica.
Toxocara canis, T. leonina e o T. cati – ✓ Atenuadas: contém uma versão
Toxocara faz ciclo errático e causa enfraquecida do vírus, portanto não causa
pneumonia a doença em animais com o sistema
✓ Ancilostomídeos – Agente etiológico: imunológico saudável.
Ancylostoma spp. – Faz diarreia com
3.5 Principais viroses caninas:
sangue, porque gruda nas paredes do
intestino, o animal perde sangue e fica ✓ Cinomose
desnutrido e causa anemia. ✓ Hepatite infecciosa
✓ Tricurídeos – Agente etiológico: ✓ Parvovirose
Trichuris vulpis (cães) e T. campânula ✓ Coronavirose
(gatos) ✓ Parainfluenza
✓ Dipilidium caninum (vermes chatos) – ✓ Adenovirose
ciclo de 4 meses ✓ Raiva
Filhote com boa clínica, mas nunca foi
vermifugado: Drontal Puppy – 1ª dose, 15 dias
depois repito a 2ª Dose e 15 dias depois vacino,
e se o animal tiver muito saudável, 7 dias depois
da segunda dose, posso vacinar.

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3.6 Principais viroses felinas; 3.9 Reações vacinais
✓ Panleucopenia ✓ Em geral ocorrem reações ao adjuvante
✓ Rinotraqueíte viral felina da vacina
✓ Leucemia
✓ Peritonite infecciosa felina (PIF)
3.8 Falhas vacinais
✓ Falha na produção da vacina
✓ Falha na conservação da vacina
✓ Falha na aplicação – principalmente em
vacinas atenuadas (seringas reutilizadas)
✓ Animal subnutrido

3.7 Esquema de vacinação (depende da região)

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DERMATOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Anatomia da pele:
• Epiderme (camada externa): Diferença para a pele humana é o pH e textura
• Apêndices epidérmicos – Glândulas sebáceas, sudoríparas, unhas e pelos
• Derme – camada interna, serve de suporte e nutre a derme: altamente vascularizada, possui
células de defesa
• Hipoderme: tecido adiposo, armazena energia, função amortecedora e aquecimento (camada de
gordura)
**Doenças endócrinas e sistêmicas causam problema de pele (manifestação).

Funções da pele:
→ Barreira de vedação → Ação antimicrobiana
→ Proteção ambiental → Secreção
→ Regulação térmica → Produção de anexos e vitamina D
→ Percepção sensorial → Indicador

Alterações epidérmicas:
• Lesões primárias: mais importante para o diagnóstico
• Lesões secundárias: lesões evolutivas ou complicantes

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LESÕES PRIMÁRIAS

Mácula: Toda e qualquer alteração da cor da três centímetros de diâmetro. Esse termo é usado
pele, sem relevo, independente de sua natureza, principalmente para processo neoplásico.
causa ou mecanismo.
Vesícula: Elevação circunscrita, contendo
Pápula: Formação sólida elevada e líquido claro, até 1 centímetro de tamanho. O
circunscrita, de coloração variável e tamanho líquido primitivamente claro (seroso), pode se
pequeno, e que não deixa cicatrizes. tornar turvo (purulento) ou rubro
(hemorrágico).
Pústula: Coleção líquida caracterizada por
elevação circunscrita, contendo líquido Bolha: Coleção líquida causada por acidentes
purulento de coloração branca cor de leite ou como queimaduras ou por medicamentos.
amarelada e que não ultrapassa um centímetro Caracteriza-se por elevação maior do que um
de diâmetro. centímetro de diâmetro. O líquido,
primitivamente claro, pode se tornar turvo-
Nódulo: Formação sólida causada por
amarelado ou rubro, formando-se bolha
espessamento epidérmico, infiltração
purulenta ou hemorrágica.
inflamatória dérmica ou no tecido subcutâneo,
proliferações neoplásicas ou depósito de Urticária: Dermatose caracterizada por
substâncias. pápulas eritematosas agudas, de caráter súbito e
duração efêmera. Manifesta-se por eritêmato
Tumor: formação sólida caracterizada por
edematosas de tamanhos e formas diversas desde
lesão circunscrita arredondada e dura, com ou
puntiformes até grandes placas, com aspectos
sem elevação da pele e geralmente maior que
bizarros, localizadas ou generalizadas.
Característica marcante é o prurido

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LESÕES SECUNDÁRIAS

Escama: Perda tecidual causada por alteração Cicatriz: Sequela causada por reparação de um
na queratinização da pele. Apresenta lâminas de processo destrutivo da pele devido a um
células epidérmicas corneificadas que podem ser traumatismo ou a uma doença cutânea.
minúsculas, pulverulentas ou espessas, que se Caracteriza-se por lesão lisa, plana, com
desprendem espontaneamente da superfície saliência ou depressão, sem sulcos, poros ou
cutânea. pelos. Há formação de um tecido que recompõe
as partes lesadas que associa fibrose, atrofia e
Crosta: Perda tecidual causada por
discromia em sua composição.
dessecamento de serosidade, pus ou sangue,
caracterizando-se por concreção que vai do Úlcera: É uma ulceração persistente e de
amarelo claro ao esverdeado ou vermelho evolução crônica. Ulceração: perda de epiderme
escuro. Forma-se na superfície de lesões e derme eventualmente atingindo a hipoderme e
cutâneas. outros tecidos.

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Escoriação: Perda tecidual causada por Hiperpigmentação: Mancha pigmentar
traumatismo. Manifesta-se por lesão linear caracterizada por aumento ou excesso de
frequentemente coberta por sangue e por crostas pigmentação.
serosas. Localiza-se na superfície da pele.
Hiperqueratose: Espessamento moderado ou
Fissura: Perda tecidual caracterizada por excessivo da camada córnea.
erosão linear estreita e pouco profunda.
Liquenificação: Alteração na espessura da
Localiza-se na epiderme e derme dos contornos
epiderme, que apresenta coloração em geral
de orifícios naturais e em áreas de pregas ou
acastanhada escura, extensão variável,
dobras da pele.
evidenciando os sulcos e saliências normais da
Hipopigmentação: Diminuição da cor, com pele, formando quadriculados em rede e malhas
manchas brancas de tamanho variável na pele. de formas poligonais bem definidas.

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TERMINOLOGIA DERMATOLÓGICA:
Foliculite: Caracteriza-se por inflamação infecção de um folículo pilossebáceo. O nódulo é
superficial ou profunda de um folículo ou um eritematoso, doloroso e quente.
grupo de folículos pilossebáceos, manifestando- Alopecia: Ausência de pelos em locais pilosos.
se por pápulas ou pústulas.
Hipotricose: Condição caracterizada por um
Perifoliculite: Foliculite caracterizada pelo quadro de ausência capilar, em que sequer
aparecimento de pequenas pústulas foliculares, ocorreu o crescimento dos cabelos.
centradas por pelo e circundadas por pequeno
halo eritematoso, não interferindo no Hipertricose: Afecção dos pelos que possui
crescimento do pelo/cabelo. origem congênita ou adquirida, difusa ou
localizada, que se caracteriza pelo crescimento
Furunculose: Foliculite causada pela bactéria exagerado de pelos terminais, bissexuais,
Staphylococcus aureus. Pode iniciar-se com foliculite
sexuais ou não sexuais.
superficial, surge um nódulo agudo, amplo e
profundo, de cor vermelho-viva, que resulta da Leucotriquia: Diminuição da cor da pelagem,
levando ao branco.

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PLANO DE DIAGNÓSTICO
1. Exame Clínico: Histórico, Anamnese, Queixa Principal, Lesão Original, Aspecto atual da lesão,
outros animais ou proprietário acometido; Dieta, fatores ambientais e medicação prévia
2. Exame Físico: inspeção da pele; determinar o padrão de distribuição; aspecto do pelo; localização
das lesões; identificação das lesões; evolução das lesões.
3. Exames laboratoriais: raspado de pele; citologia; tricografia; cultura bacteriana e fúngica; biópsia
e histopatologia; outros: perfil bioquímico, dosagens hormonais.

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TERAPIA DERMATOLÓGICA
• Tratamento tópico: sempre começar com o tópico
higiene preventiva e medicamentosa; tosa; xampus e anti seborreicos; formulações tópicas (pó,
loção, emulsão, cremes, pomadas, unguentos, gel)
• Tratamento sistêmico: antibióticos, antimicrobianos, terapia com glicocorticoides, terapia
antipruriginosa não hormonal; antiparasitários

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DERMATOPARIAS PARASITÁRIAS • Lesões começam pelas pontas das orelhas,
⚫ Atualmente as sarnas são mais encontradas cotovelos e evoluem para abdômen, cauda e
em abrigos, cães de rua, canis e gatis sem pernas (tarsos); pode evoluir para o corpo
assepsia.
inteiro do animal
Mais comum:
“Na queixa principal o tutor falar que o animal
→ Sarna sarcóptica ou escabiose canina se coça muito. E temos como obrigação
→ Sarna notoédrica ou escabiose felina perguntar quem veio antes, a coceira, ou a
→ Sarna demodécica ou Demodiciose canina lesão? E em animais que tem sarna geralmente,
→ Sarna Otodécica (ou Otoacaríase) a lesão veio antes da coceira, diferente da
→ Linxacaríase alergia, onde a coceira veio antes da lesão.”
Mais difícil de
→ Queiletielose serem encontradas

**SEMPRE perguntar durante a construção


do histórico e anamnese se mais alguém tem
lesão, isso em todos os casos em que se vai

Figura 1
atender um animal com problema de pele **

ESCABIOSE CANINA
- Sarna Sarcóptica
Lesões: alopecia (na ponta das orelhas), crostas
- Etiologia: Sarcoptes scabiei var. canis.
também no espelho nasal.
- É uma zoonose.
- Pré-disposição racial: não existe
- Pré-disposição etária: não existe
Transmissão direta: animal – animal
Transmissão indireta: fômites
→ Sarcoptes scabiei: extremamente ágil, se
Figura 2

alimenta de pele (queratina), extremamente


irritativo a pele(fezes), formam galerias na pele.
Esse ácaro gosta de ficar na extremidade das
orelhas, na extremidade das patas, ponta de
cauda, jarrete e cotovelos.
Lesões: alopecia, pápulas, eritema, bordo careca
Sinais clínicos:
(característico da sarna) e com crostas
• Prurido intenso (principal sinal clínico), ele amareladas.
acompanha as áreas mais acometidas.
• Pápulas eritematosas e crostas amarelo-
hemorrágicas, alopecia e escoriações.

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Tratamento tópico:

✓ Não usar Triatox, pois é extremamente tóxico


para os animais e para os humanos, tem efeito

Figura 3.1
cancerígeno;
✓ Revolution, Effipro, Frontiline, Advocate: são
antiparasitários para escabiose; porém ao
fazer 1 vez por mês, faz-se de 15 em 15 dias –
3 aplicações no intervalo de 15 dias

Tratamento sistêmico:
Figura 1

✓ Ivermectina (Ivomec): 0,2 a 0,4 mg / kg SC ou


VO (Mectimax ®) não usar em: collies,
sheepdog, shetland sheepdog: fazer dia 0 – 7
Figura 3.2

– 15 – 30 (Literatura); Faz 3 dias seguidos,


dependendo do caso, e depois faz vez por
semana até todo mundo está curado
(Professora);
- Não usar nesses animais porque o
medicamento passa pela barreira
hematoencefálica, e os animais podem ter
alterações neurológicas, como: cegueira,
Lesões: A sarna é pouco responsiva ao convulsão...
corticoide, diferente da alergia. ✓ Doramectina (Dectomax®) 0,25 a 0,5 mg / kg
SC ou VO
Usados mais para grandes animais, não tem
Diagnóstico: em bula para pequenos.

• Principalmente pela história clínica e ✓ Moxidectina (Cydectin®) 0,5 mg / kg SC ou


anamnese - alto contágio entre animais e para VO
o proprietário (lesões no abdômen e face ✓ Milbemycina oxime (Milbemax®) 2 mg / kg
VO dias 0 - 7 – 14
interna dos membros superiores - prurido, ✓ Afoxolaner (Nexgard®): 30 em 30 dias
pápulas) ✓ Sarolaner (Simparic®): 35 em 35 dias
• Raspado de pele (70% negativo): Dá negativo ✓ Fluralaner (Bravecto®): 3 em 3 meses

porque o ácaro é muito ágil, fica Pode causar retinopatia em animais idosos;
profundamente na pele e muitas vezes não
*As isoxazolinas são metabolizadas pelo fígado
encontra ele na hora. e eliminados pelo rim.
- Recomendação mundial: Se tem um
Quando administrar? Quando houver presença de
cachorro com suspeita de sarna, e/ou se coça, parasitas.
dou uma isoxazolina/ antiparasitário. Mesmo
tendo prurido.

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Profilaxia: lavar com lysoform: camas, interna dos membros superiores - prurido,
cobertores, higiene. pápulas)
- Resistem pouco tempo no ambiente. • Raspado de pele – fácil de encontrar: remove
• Tosa se necessário: no momento da tosa de a crosta que se forma, e faz o raspado.
um animal infectado, irá contaminar todo o
ambiente. Tratamento
• Prognóstico bom • Banhos com parasiticida: para retirar as crostas
– Peróxido de Benzoila ou Clorexidine (melhor,
pois tem gatos que tem reações adversas ao
SARNA NOTOÉDRICA
peróxido de benzoila)
- Sarna Sarcóptica Felina • Tópico – Foldan sabonete ou loção tópica
- Etiologia: Notoedres cati. • Ivermectina (Ivomec)
- É uma zoonose. • Prognóstico bom
- Pré-disposição racial: não existe
SARNA OTODÉCICA ou otoacaríase
- O ácaro é mais fácil de ver comparado a
escabiose canina
• Etiologia: Otodectes cynotis
- Ácaro menor, redondo, com 4 pares de pata • Atinge cães e gatos
- Apresenta lesões bem mais crostosas; • Visualizado a olho nu

- As lesões se espalham com maior facilidade; - Esse ácaro não fica só na orelha, migra para o
resto do corpo, por isso que tem animais que não
- Relacionado: a animais de rua, que vivem em coçam só a orelha.
abrigos, animais em contato com outros gatos.
- Altamente contagiosa – extremamente
transmissível, mas não é considerada zoonose.
Sinais Clínicos
• Prurido intenso; Sinais Clínicos:
• alopecia parcial, pápulas, escoriações, crostas, • Coceiras na base da orelha;
eritema e eczema; • Observar se há lesão em volta dos olhos;
• atinge face, cabeça, borda das orelhas, • Balançar muito a cabeça (pode fazer
contorno dos olhos, pescoço, patas e períneo; otohematoma);
• Pápulas eritematosas e crostas amarelo • Prurido auricular moderado a grave;
hemorrágicas, alopecia e escoriações;
• Podem ser observadas lesões ao redor das
orelhas, pescoço, peri-ocular e cauda;
Diagnóstico
• Otite com cerúmen abundante e negro
• História clínica: alto contágio entre animais e
(semelhante à Malassezia): devido a irritação
para o proprietário (lesões no abdômen e face
na pele;

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Diagnóstico: • Defeito do sistema imune cutâneo: por diversos
• Exame clínico/ físico - observação da cera fatores
abundante e escura e do prurido.
“O ácaro tem uma proteína (capa) actina, essas
• Exame laboratorial - observação da sarna
proteínas são reconhecidas pelos linfócitos da
Tratamento: pele do animal. Esses linfócitos produzem
• Isoxazolinas; linfócitos sensibilizados, que reconhecem esses
• Ceruminolítico; ácaros para destruí-los. Animal com
• Tópico: Foldan loção cremosa, Natalene imunossupressão frente a esse ácaro: esse
pomada 21 dias; linfócito não consegue reconhecer esse ácaro
• Sistêmico Ivermectina (Ivomec) 0,2 a 0,4 mg / como não comensal, não consegue entender que
kg 2 aplicações com intervalo de 14 dias; esse ácaro faz parte da pele dele, com isso ele
• Banhos: Acarsan sabonete, Tetmosol 1 x 5 / 5 d não consegue controlar. A proteína antigênica
por 21 dias; do ácaro não é reconhecida pelos linfócitos da
• Prognóstico bom; pele, não destruindo o excesso desse ácaro, que
se multiplica e causa a doença.”

DEMODICIOSE CANINA ou • Raças susceptíveis: raças co-sanguíneas


Sarna Demodécica
Lesões:
• Patogenia
• Apresentação Clínica ✓ Localizada: até 4 lesões com menos de
• Diagnóstico
2,5cm;
• Novas Espécies de Demodex
• Tratamento ✓ Generalizada: Mais do que 12 lesões;

• Comensal O animal apresenta lesões localizadas ou


generalizadas que cujo o ácaro se multiplicou em
• Não é transmitida de um animal para outro
uma quantidade maior do que o normal,
Patogenia: causando essas lesões.
• Demodex canis faz parte da microbiota
residente da pele dos cães e gatos, habitando no Prognóstico:
interior dos folículos. Num estado de
- Desfavorável: em animais que se alimentam
imunodeficiência, eles se proliferam gerando a bem, com boa saúde, mas apresentam a doença.
doença.
- Favorável: em animais encontrados na rua,
• Pré-disposição genética: doença de caráter imunossuprimidos, não se alimentam bem.
hereditário – indicar castração do animal;
• Transmissão durante a amamentação (16 h de
vida);
• Imunossupressão;

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Patogenia tradicional: Diagnóstico:
• Histórico e Anamnese;
• Exame físico;
• Tricografia;
• Raspado de pele profundo e por fita de acetato;
• Biópsia de pele;

• Citopatologia: se tem bactéria ou não.

- Se em um mesmo campo, observa-se todas as


fases do parasita, o animal está péssimo.

Tratamento:
• Tópico e Sistêmico
• Banho: Clorexidine ou Peróxido de Benzoila -
2 vezes por semana, 15 min.
• Tratamento da Piodermite Secundária:
antibioticoterapia - Cefalexina, Amoxicilina +
Clavulanato de Potássio; Segunda escolha:
Clindamicina e Enrofloxacina - Mínimo de 21
Sinais clínicos:
dias – Citologia
• Eritema
Influence of systemic antibiotics on the
• Pápulas, Maculas, Pústulas treatment of dogs: “Com base nestes
• Comedões resultados, os antibióticos sistêmicos podem não
• Ulceras ter impacto tanto quanto se pensava no sucesso
• Exsudato real do tratamento da Sarna Demodécica
• Descamação / Crostas Generalizada.”
• Hipotricose / Alopecia
• Imunidade: vermifugação, vitaminas,
• Foliculite / Furunculose
alimentação
• Acaricida: amitraz, ivermectina, milbemicina
Oxima, moxidectina, doramectina

→ Amitraz:

Cefalexina, Amoxicilina + Clavulanato de


Potássio,
Clindamicina e Enrofloxacina
• Mínimo de 21 dias
• Citologia

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→ Ivermectina: Eficácia comprovada, • É recomendado iniciar ivermectina e
vários trabalhos publicados moxidectina com doses gradativas para testar
sensibilidade.
• Dose de 0,4 a 0,6 mg/Kg/dia via oral
• Não pode ser usada em Collies, galgos, etc ISOXAZOLINAS: Afoxolaner, Fluralaner,
• Efeitos adversos: neurológicos (letargia, Sarolaner

tremores, cegueira
Animais sensíveis a isoxazolinas podem fazer
temporária, ataxia, midríase e morte) alteração neurológica (convulsão, cegueira
• Doses gradativas a cada 48h: 0,05 mg/Kg - 0,15 temporária...)
mg/Kg - 0,2mg/Kg - 0,3 mg/Kg
AFOXOLANER (Nexgard®)
❖ Dose 2,5 mg/Kg mensal
→ Milbemicina oxima ❖ Sem efeitos colaterais
• Dose 0,5 a 2,0 mg/Kg dia via oral
FLURALANER (Bravecto®)
• Segura
❖ Dose 25 mg/Kg - única administração oral
• Pode ser usada em Collies
❖ Sem efeitos colaterais
→ Moxidectina ❖ Administração com alimento
• Vários trabalhos publicados (Walther F. M. et al, 2014)
• Eficácia semelhante a ivermectina
- Tem sido observado que alguns animais quando
• Dose 0,2 a 0,5 mg/Kg/dia ou 3/3 dias, oral ou
fazem uso de Bravecto, como fica mais tempo na
SC
circulação, durante 3 meses, que esses animais
• Efeitos adversos semelhantes aos da
fazem lesão hepática. É metabolizado no fígado,
ivermectina, porém mais brandos
e excreção renal.
- Para sarna, fazer de 2 em 2 meses porque com
→ Doramectina
84 a droga está com níveis baixos.
• Poucas publicações
• Utilizada na prática, vários protocolos SAROLANER (Simparic®)
• Via oral e subcutânea na dose de 0,3 - 0,6
❖ Indicação em bula
mg/Kg/dia ou 3
❖ Dose 2,0 mg/Kg - 0, 30 e 60 dias oral
vezes por semana ou semana
• Via subcutânea na dose de 0,6 ❖ Sem efeitos colaterais
mg/Kg/semanal
• Bons resultados !! Não associar terapias!!

Guideline 2018: CONSENSO 10ª Guideline 2018: CONSENSO 11


• Embora não tenham muitos estudos publicados
• Ivermectina 0,3 a 0,6 mg/Kg/dia VO, que avaliem a eficácia de isoxazolinas para
Moxidectina 0,3 a 0,5 mg/Kg/dia VO, demodiciose em cães, dados preliminares são
Milbemicina Oxima 1,0 a 2,0 mg/Kg VO e encorajadores e tornam essa classe de drogas
Doramectina 0,6 mg/Kg/semanal SC são (medicamentos) uma opção de tratamento
eficazes. promissora para cães com demodiciose.

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Atenção!
❖ Não utilizar glicocorticoides -
imunossupressão
❖ Não reproduzir machos e fêmeas portadores
❖ Indicar castração
❖ Prognóstico reservado???
❖ Escolher um acaricida eficaz, seguro e que
tem indicação de bula!!!!

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