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O projeto é a fase que antecede a execução da obra.

Ele se divide em várias etapas: estudo


preliminar; anteprojeto; projeto legal e projeto executivo. O projeto tem como finalidade
planejar e indicar as etapas da construção, assim como determina como, quando e de que
maneira será construída a edificação.

Embora a importância do projeto seja imensa, muitos profissionais ainda não conhecem todas
as informações necessárias sobre o projeto executivo de arquitetura, e, quando conhecem,
costumam não dar o devido valor.

Dessa forma, fizemos este artigo para tratar de forma profunda sobre o assunto, falando sobre
o que é, qual a diferença entre projeto básico e projeto executivo, como fazer este documento
essencial e quem é o responsável por fazê-lo legalmente.

O que é projeto executivo?

O projeto executivo é o documento que oferece as maiores informações sobre a obra entre
todos os projetos existentes na legislação brasileira. O detalhamento de projeto nessa etapa é
muito superior às etapas anteriores, pois o projeto executivo serve como um manual de
instruções para quem está no canteiro de obras.

A definição de projeto executivo pode ser encontrada no Manual de Obras Públicas. Segundo
este manual, o projeto executivo consiste:

“Conjunto de informações técnicas necessárias e suficientes para a realização do


empreendimento, contendo de forma clara, precisa e completa todas as indicações e detalhes
construtivos para a perfeita instalação, montagem e execução dos serviços e obras objeto do
contrato”.

Vale destacar que o projeto executivo não é um novo projeto, mas sim uma extensão e
detalhamento do que já foi produzido anteriormente no anteprojeto, também conhecido
como projeto básico.

Ademais, ele deve estar de acordo com as determinações da ABNT — Associação Brasileira de
Normas Técnicas, especialmente no que diz respeito à representação e o que deve conter uma
planta de projeto executivo.

Desse modo, é importante não deixar de incluir todas as partes necessárias e formatar o
documento da forma que é pedido pelo órgão. Caso isso não seja feito, o projeto executivo
pode perder a validade e a empresa enfrentar diversos problemas para obter alvarás e licenças
para a obra.

Outro problema que pode ser gerado pela não adequação do projeto executivo às normas
existentes está na perda de processos de licitação.

Qual a diferença entre os projetos básico e executivo?

Embora sejam documentos diferentes por essência, muitos profissionais confundem o projeto
básico com o projeto executivo. Como já falamos sobre o projeto executivo, falaremos agora o
que é o projeto básico e, posteriormente, como eles se diferenciam entre si.

O projeto básico, também conhecido como anteprojeto, é a proposta final a ser apresentada
ao cliente. Ele deve conter:

Plantas baixas;

Planta de cobertura;

Fachada;

Cálculo de dimensões das áreas;

Estrutura do projeto;

Apresentação em 3D e outros aspectos gráficos.

Nessa etapa de projeto, o cliente é peça fundamental e deve aprovar todos os pontos:
distribuição dos espaços, forma da edificação, escolha dos materiais, estrutura do projeto,
entre outros elementos.

Essa etapa é a fase que antecede a execução da obra. Dessa forma, é o momento para pedir as
últimas alterações e mudanças. Caso isso não aconteça, e essas solicitações ficarem para
depois, mudanças no projeto deverão ser feitas, o que irá gerar perda de tempo, recursos e
mais gastos.

Dessa forma, a diferença principal entre o projeto básico e o executivo é que o primeiro é feito
para o cliente. Dessa maneira, contém informações mais gerais sobre a edificação, mas que
indicam todas as informações que o cliente precisa saber para aprovar a construção da
edificação.

Já o projeto executivo não é feito para o cliente, mas sim para os profissionais que atuam no
canteiro de obra. Dessa maneira, contém informações completas sobre a edificação, materiais
que serão utilizados e a forma como a construção deverá ser feita.

Funciona, basicamente, como um manual de construção para os operários da construção civil.


Por isso, deve apresentar informações claras e precisas sobre o processo. Caso algum erro
ocorra na obra, geralmente o problema se dá por algum equívoco no projeto executivo ou erro
de execução.
Além disso, pode existir um erro de representação e comunicação entre o projeto e o
responsável pela execução da obra. Por isso é importante contar com bons profissionais e com
uma padronização dos projetos.

Como fazer o projeto executivo

O projeto executivo deve conter todos os detalhes do projeto básico com acréscimo de
informações. Dessa maneira, ele deve apresentar:

Cálculos estruturais;

Plantas e desenhos detalhados;

Especificações técnicas;

Quantitativo de materiais e equipamentos;

Preços negociados;

Planilhas de orçamento.

Além disso, para evitar surpresas e erros estruturais durante a execução das obras, o projeto
executivo deve conter também relatório técnico com complementação do memorial
descritivo, além do memorial de cálculo.

Deve apresentar também o orçamento detalhado da execução dos serviços e obras. Um bom
jeito de acertar no projeto executivo é ter ideia do que não fazer, grande parte dos projetos
não aceitos em licitações públicas, ou mesmo de obras embargadas pelo governo, apresentam
erros no projeto executivo.

Desenhos técnicos sem revisão, superfaturamento, erros de cálculo e informações não


precisas são alguns dos problemas mais recorrentes que podem levar a acidentes, perda de
recursos de clientes e empresas durante a obra ou mesmo interdição e paralisação da
construção.

Vale destacar que, dependendo da gravidade da situação e do tipo de obra que é realizada, as
obras públicas, por exemplo, a empresa e profissionais responsáveis pelo projeto executivo —
engenheiros e arquitetos — podem enfrentar problemas na esfera judicial.

Entre os exemplos maiores do que não fazer, temos a Refinaria de Abreu e Lima, iniciada no
ano de 2005 e com custo estimado em US$ 2,5 bilhões. As obras da refinaria foram iniciadas
antes mesmo da Petrobras apresentar o projeto básico completo.
Dessa maneira, o projeto executivo ficou prejudicado e foi impossível de ser colocado em
prática. Afinal, o projeto executivo deve acompanhar a execução da obra, orientando a
construção, e não chegar após a construção já ter iniciado.

À medida que as obras avançaram, os erros por conta da falta de planejamento e projeto
começaram a aparecer e se tornaram insustentáveis, aumentando os gastos da obra de forma
exponencial.

Quem é o profissional responsável?

O responsável pela elaboração do projeto executivo é aquele que está à frente do projeto,
arquitetos ou engenheiros. Apesar de ambos apresentarem atribuições legais para elaboração
do projeto executivo, recomenda-se, especialmente para obras civis, a contratação de um
arquiteto.

O profissional arquiteto apresenta qualidades diferenciadas para elaboração do projeto


executivo, devido à sua formação e vivência profissional. Contudo, existem tipos de projeto e
construção que se encaixam melhor a um engenheiro. Como tudo no universo da construção,
depende de cada caso.

Para outros casos, o designer de interiores também é responsável pela elaboração de projetos
executivos, mas apenas para projetos de design que não afetem a estrutura ou precisem de
serviços de construção, demolição ou ampliação de espaços.

Sendo assim, o projeto executivo é um importante documento para o canteiro de obras, pois
serve como manual para os operários que atuam em campo. Por isso, deve ser feito com
cuidado e seguindo as regras legais e da empresa para oferecer um melhor resultado.

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