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Resumo
A partir da premissa da equivalência entre as modalidades de ensino presencial e a distância,
propomos-nos identificar a contribuição das teorias clássicas da educação, em seus aspectos
filosóficos e sociológicos, para o debate sobre a introdução da EaD no Brasil. Para isto,
siestematizamos autores, referenciais teórico-metodológicos, linhas temáticas e relações
intertextuais para compor um “mapeamento topográfico” do campo de reflexão crítica. No
eixo denominado “O tecnicismo revisitado” analisamos, qualitativa e indutivamente, a relação
da EaD com a tendência pedagógica neoliberal caracterizada pela mercantilização e
massificação do processo educacional, além de suas repercussões para o trabalho e para a
formação docente. Implícitos a estes movimentos, analisamos também os subsídios teóricos e
epistemológicos desta concepção educativa, com marcas instrucionistas e behavioristas.
Como resultado deste reconhecimento, encontramos uma reprodução da discussão filosófica e
sociológica da educação tradicional, ainda que forma fragmentada e dissociada de
observações empíricas.
Introdução
Por um lado, a promessa de expansão do sistema educacional, superando as brechas
geográficas e sociais, através da interiorização e da democratização, respectivamente. Por
outro, o temor (ou desejo, segundo a ótica de quem a defenda) de ampliação de uma educação
privatizada, lucrativa e, ao mesmo tempo, capaz de alcançar grandes contingentes de alunos.
Entre um polo e outro, a inserção da educação a distância (EaD) no Brasil ocorre segundo um
crescimento exponencial, suscitando debates na academia e na gestão pública.
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as novas circunstâncias de uma sociedade tecnológica e interconectada, é preciso dispor de
um quadro conceitual e teórico sobre o fenômeno educativo mediatizado pelas tecnologias em
rede. Contudo, enquanto boa parte da literatura técnico-científica do campo trata a tecnologia
como fetiche, seus fundamentos teóricos encontram-se ainda fragmentados. Constituem,
segundo os levantamentos bibliográficos, um campo pequeno de pesquisa, frente a outras
áreas (LITTO, FILATRO & ANDRÉ, 2005).
Percurso metodológico
Para a execução de um “cartografia” do aporte teórico dos Fundamentos da Educação
para a análise da educação a distância, privilegiamos um enfoque qualitativo. Considerando
que os estudos teóricos constituem uma parcela reduzida da produção científica em EaD,
frente às análises que priorizam a tecnologia ou a mera descrição de iniciativas, consideramos
que a abordagem bibliométrica não seria aplicável. Assim, propomos estabelecer um “mapa”
da produção acadêmica sobre a EaD, num trabalho de “mineração”, buscando encontrar os
veios teóricos e metodológicos de análise e reflexão mais profundas.
Para a coleta dos textos foi utilizado um procedimento sistemático de busca através de
bases de dados bibliográficas nacionais e internacionais, portais de publicações científicas e
atas eletrônicas e eventos científicos, além da chamada “literatura cinzenta”.
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identificação/elaboração de códigos, segundo temáticas dos Fundamentos da Educação
aplicados ao contexto da EaD, em perspectiva indutiva (grounded research) e c) revisão e
aperfeiçoamento dos códigos, agrupamento em famílias e eixos, de acordo com critério
subjetivo-interpretativo.
Como resultado, foram obtidos 122 textos, organizados nos três eixos mencionados,
além de duas famílias de apoio a dos “Autores”, isto é, pensadores clássicos da educação e a
da “Filosofia da Tecnologia”, abarcando conceitos como determinismo tecnológico,
tecnologia autônoma, tecnofilia/tecnofobia, úteis para a compreensão da tecnologia
educacional em sentido mais amplo. Foram elaborados ao total 117 códigos. Destacamos a
utilização do software Atlas.TI, para o auxílio na análise qualitativa de um conjunto de dados
complexo, como o obtido.
Resultados e discussão
Situada como um movimento na educação brasileira a partir das décadas de 1960 e
1970, uma considerável atenção da produção do pensamento pedagógico nacional foi
dedicado à crítica do chamado tecnicismo. Tal crítica, contudo, é atualizada por autores que se
propõe analisar a emergência da educação a distância em nosso país. Na análise, elaboramos
15 códigos relacionados ao tecnicismo, incluindo aqueles que tratam desta perspectiva de
forma mais geral, num total de 141 ocorrências, distribuídos em 55 textos.
Gonzalez (2011, p 12), criticando José Manuel Moran, um dos autores em destaque no
cenário nacional no campo EaD, afirma que este “engrossa o coro daqueles que ligam a EaD
aos postulados do neotecnicismo, da empregabilidade, das pedagogias do ‘aprender a
aprender’ e ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento”. Este autor baseia-se então
em Dermeval Saviani para estabelecer um paralelo entre as formas de organização da
produção econômica e da educação, ambas “sob a égide da racionalização, eficiência e
produtividade”, conformando, portanto, uma “pedagogia tecnicista, na qual o objetivo da
escola é formar o aluno competente e o professor, executor de tarefas, trabalha a partir de
propostas e materiais elaborados por especialistas” (p. 4).
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Moraes (2011, p. 270) também se ampara em Saviani, destacando que “a perspectiva
tecnicista é desde a década de 1990 neotecnicista e emerge como mecanismo de recomposição
dos interesses burgueses na educação”. Assim, o trabalho pedagógico se adéqua à “divisão
social e técnica do trabalho no interior do sistema capitalista de produção”. Emerge então uma
“pedagogia de competências” que busca a formação de trabalhadores flexíveis, ajustados às
condições de rápida mudança tecnológica e de competitividade, nas quais a responsabilidade
sobre o emprego, bem-estar e sobre a própria sobrevivência recai sobre o próprio indivíduo.
Em linha similar, Santos (2010) também aponta para “mudanças curriculares de teor
neotecnicista, neoprodutivista e neofuncionalista”.
Já Borges (2010, p. 100), citando Vieira (2007, p. 34), recupera a ideia de que “a EaD
está passando pelos mesmos desafios teóricos vividos pelo ensino presencial”, com a busca de
superação da “visão tecnicista de educação para alcançar uma fase humanista, em que as
tecnologias são vistas como ferramentas facilitadoras e mediatizadoras de um processo de
aprendizagem”. Também comparando as duas modalidades, Michael Peters (2004, p. 5)
destaca que “a sala de aula se torna uma máquina de comunicação e a comunicação, reduzida
às três funções de transmitir, armazenar e processar a informação”, ao mesmo tempo
superando problemas do espaço e tempo da educação convencional. Este enfoque pode ser
relacionado com as metas do processo educativo e, na atualidade, também com a primazia da
técnica sobre as outras dimensões humanas. Assim, corre-se o risco da “falsa democratização
pelo acesso” e da primazia da técnica sobre o conteúdo, em detrimento da reflexão crítica e
das “reais transformações no mundo atual” (BATISTA; GOMES, 2011, p. 2). De forma
generalizada, então,
(…) é preciso cuidar para não cair nas armadilhas deste tipo de formação muito a
gosto do neoliberalismo global. Sabe-se que os ajuizamentos de educação
continuada afinados com as ideias de empregabilidade ilustram o pensamento pós-
moderno de educação. Nesse contexto, prioriza-se o recurso tecnológico no lugar do
recurso humano, a aprendizagem no lugar do ensino, o aluno no lugar do professor,
interesses externos no lugar dos interesses internos, o ensino particular no lugar do
ensino público. Sabe-se que esta realidade traduz um neotecnicismo, cujo tipo de
ensino está voltado para um tipo de aluno ideal para uma modalidade de educação
nos moldes da educação a distância (ROMÃO, 2008, p. 204).
Dessa maneira, Thompson (1999) identifica a intencionalidade, por parte dos gestores
educacionais, de “empurrar” a tecnologia segundo um modelo de difusão tecnológica, ao
mesmo tempo que se apropriam de uma linguagem “contábil” (custo-benefício,
produtividade, qualidade). A pedagogia é construída então de acordo com “princípios e
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prioridades do mercado”.
Núcleo sistêmico
Encontramos na literatura crítica da educação a distância uma série de concepções
relacionadas ao entorno mais amplo, isto é, ao sistema educacional como um todo. Neste
primeiro núcleo de significação encontramos o entendimento da EaD como produto vendável,
no contexto da mercantilização do ensino, um dos eixos estruturantes do tecnicismo.
Planejamento do processo educacional e foco na eficiência e na produtividade são atualizados
no contexto tecnológico da educação em rede. De forma associada, a transformação da
educação em bem de valor econômico ocorreria conjuntamente à massificação do ensino.
Mercantilização
Como prolongação de uma determinada concepção de técnica, o uso intensivo das
tecnologias de informação e comunicação impulsiona o mercado da EaD, mediante estratégias
de gestão e de marketing e atraindo a atenção de grandes grupos corporativos transnacionais
do capitalismo globalizado para este “filão” ou “nicho”. Assim, o “o modelo neoliberal
selvagem, aplicado aos países periféricos segundo receitas das agências internacionais, só
vem favorecer a expansão de iniciativas mercadológicas de larga escala, colocando nos
mercados periféricos” (BELLONI, 2002, p. 120).
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telecomunicações, de entretenimento, publicidade e a educação, ocasionas-se uma disjunção
entre o ensino a distância e a educação presencial (BATISTA, 2005).
Para Santos (2010) o problema vai mais além da comercialização da educação como
mercadoria, no sentido de que é a “produção” desta mercadoria que se insere no contexto
econômico-ideológico, com seu significado, dimensões, processos e relações, subordinada à
lei da mais-valia e seu conflito estrutural. Este processo de produção, por sua vez, seguirá os
moldes da indústria, no contexto do tecnicismo educacional, incluindo-se aqui a produção
padronizada, em massa.
Massificação
Em alinhamento com os princípios do sistema produtivo capitalista, tanto no que diz
respeito ao objetivo do processo formativo consistir essencialmente a preparação de mão de
obra para o mercado de trabalho, assim como na adoção dos princípios organizacionais das
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Belloni (2002, p. 121) alerta para os “preços não tão baixos”, na “educação latíssimo sensu” deste mercado
educacional em expansão.
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empresas e fábricas, o (neo)tecnicismo também se orienta à formação massiva.
Núcleo epistemológico-didático
O tecnicismo “clássico” é associado, em sua dimensão pedagógica, com o
behaviorismo e suas praticas derivadas, como a instrução programada e o foco na relação do
aluno com o conteúdo, mediado tecnologicamente, em detrimento do papel do professor.
Contudo, as teorias e práticas behavioristas se baseiam por sua vez na epistemologia do
realismo de Aristóteles, posteriormente atualizado para o empirismo de John Locke, segundo
os quais existe uma realidade objetiva e preexistente, exterior ao indivíduo. Esta postura
epistemológica e suas repercussões didáticas também serão encontradas na educação a
distância, conforme os códigos temáticos identificados na literatura crítica analisada.
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Dito de outra forma, a EaD ou reafirmaria, ou acenaria com a ruptura de um
determinado paradigma. Assim, Araújo (2007, p. 517) citando Morin (2005, p. 10), ressalta os
princípios “supralógicos” de organização do pensamento segundo paradigmas, consistindo
“princípios ocultos que governam nossa visão das coisas e do mundo sem que tenhamos
consciência disso”. Assim,
(…) nos últimos séculos, a escola elaborou o modo de educar o homem enfocando
seus aspectos lógico-formais, de memorização, mantendo a ritualística linear, com
base na percepção equivocada de “transmissão de conhecimento”. Esse pressuposto
tem sido a base para a formulação das práticas curriculares de ensino-aprendizagem,
absolutizando apenas a razão e a experimentação, omitindo processos característicos
da humanidade, como a emoção, as suas subjetividades, assim como operando por
seleção de dados significativos e rejeição de dados não significativos (ARAÚJO,
2007, p. 516-517).
Barreto (2011, p. 49) também critica uma certa concepção da educação a distância que
considera a aprendizagem não como um processo, mas como “produto dado, a ser acessado”.
Neste sentido, o “acesso é superdimensionado, chegando a obliterar as questões relativas aos
modos de acesso e aos sentidos que eles assumem para os sujeitos envolvidos”. Esta mudança
epistemológica, porém, é promovida pelo discurso neoliberal, especialmente pelas
proposições educacionais do Banco Mundial, equacionando o processo de aprendizagem com
a venda de produtos e serviços de educação a distância (BARRETO, 2012).
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valor da “homogeneidade sobre a singularidade, da objetividade sobre a intersubjetividade,
bem como da uniformização sobre a diferenciação”.
Behaviorismo e instrucionismo
Para Albirini (2007, p. 230), as primeiras práticas de tecnologia educacional buscaram
apenas “fazer as práticas existentes mais eficientes”. Neste panorama, o legado behaviorista
situou o computador no controle de processo, sendo responsáveis pela apresentação e
armazenamento da informação, motivação e recompensa dos alunos, práticas e exercícios e,
finalmente, pela individualização da instrução.
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Núcleo docente
A predominância da instrução como base da mediação pedagógica estabelece o tom
para a ação docente no contexto do neotecnicismo; na medida que as diversas formas de
mediação operadas pela tecnologia entram em cena, o papel do professor é relegado, num
processo de substituição do homem pela máquina, de intensificação e precarização de seu
trabalho e de desarticulação de seu posicionamento como sujeito histórico.
Exploração/mais valia
Uma vez que no plano sistêmico o retorno do tecnicismo ocorre no contexto do
capitalismo globalizado e das políticas neoliberais, a atuação profissional dos agentes do
processo educativo (educadores, professores, tutores) na educação a distância também se
insere nesta mesma dinâmica.
Neves (2009, p. 7) resgata a análise de Marx sobre a relação entre o domínio dos
meios de produção, incluindo sua perspectiva tecnológica, com a exploração expressa pela
mais valia, afirmando que esta realidade se reproduz agora na nova modalidade. Assim, “as
especificidades da organização do trabalho docente na EaD no ensino superior, se traduz (sic)
na maioria das vezes em precarização das condições de trabalho desse profissional”, com a
manutenção dos interesses capitalistas.
Por sua vez, Mill e Fidalgo (2009, p. 199) buscam em sua análise “aproximações entre
o educador a distância e o teletrabalhador”, entendendo o “teletrabalho como um tipo de
trabalho de cunho capitalista, renascido com vigor nesta Idade Mídia” com “implicações
negativas ao trabalhador, escondidas nas falsas promessas de liberdade e flexibilização espaço
temporal”. Assim, estes autores afirmam que além de não operar mudanças significativas na
relação trabalho-capital, o teletrabalho no plano pedagógico também implica uma “pouca
atenção no estabelecimento de uma educação de qualidade”, além do fato da suposta
flexibilidade significar, na prática, uma sobrecarga de atividades e o uso do tempo livre para o
tempo do trabalho. Tais preocupações podem ser consideradas menores, contudo, se
considerarmos a possibilidade de anulação do trabalho docente e da niilificação da relação
pedagógica.
Desumanização
Se na análise marxista a exploração capitalista do trabalhador implica uma redução
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tanto de seu status ontológico como indivíduo, como da dimensão de seu trabalho, a inserção
da tecnologia reacende um conhecido elemento da tecnofobia: a substituição do homem pela
máquina. Assim, é possível questionar a concepção da educação a distância segundo estes
mesmos moldes:
Essa seria a versão para o futuro de uma educação realmente plausível? É possível
que os professores “teimosos e intratáveis” desapareçam como os tecelões,
sapateiros e tipógrafos? Provavelmente, não. Contudo, mais importante do que a
tecnologia desabilitar o professorado, é o fato de essa situação compor o imaginário
de muitos reformadores educacionais. A ideia de substituir professores por
computadores é velha, mas até recentemente poucos administradores da Educação e
tecnólogos se convenceram de que isso é possível. O ideal da educação
automatizada é, sem dúvida nenhuma, o desejo de uma minoria, mas, com os
avanços da computação e da Internet, ganhou plausibilidade suficiente para ocupar
um espaço considerável no discurso público (FEENBERG, 2010, p. 190).
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e menos visíveis”, com o professor “relegado a um papel secundário, sendo suas ações
tentativamente reduzidas a aspectos como o tempo necessário à execução de tarefas
determinadas”.
Batista e Gomes (2011, p. 7) também alertam para “o risco de ver o valor humano
substituído pelo valor de mercadoria, que precisa ser melhorada e multiplicada com os mais
baixos custos”, na lógica de massa, com a “diminuição da interação pessoal e crítica, uma vez
que as relações são controladas por normas técnicas, mais do que por normas sociais”.
Finalmente, a substituição de “trabalho vivo docente por trabalho morto” o descaracteriza, em
função da mudança da relação presencial para a mediada (SANTOS, 2010, p. 7).
Formação docente
Como último ponto que relaciona o neotecnicismo com a atuação docente,
vislumbramos também o debate a respeito da formação docente, tanto na responsabilização
dos professores por este processo, segundo a cartilha neoliberal, como em relação aos
objetivos desta formação, ou seja, no modelo ideal de professor. Neste sentido, os autores de
nosso corpo de pesquisa ressaltam que a utilização da educação a distância para suprir o
deficit de mão de obra docente atende ao sistema, mais do que se propõe revolucioná-lo, sem
que haja uma “transformação radical nas condições de trabalho/formação dos professores”
(PRETTO; PICANÇO, 2005, p. 35).
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Trifonas e Déspres (2004) trazem por sua vez a contribuição de Hargreaves (1993) um
modelo “tecnocrático” nos programas de formação de professores, que enfatizam a
transmissão do conhecimento, ou seja, também fazendo referência ao realismo
epistemológico. Ainda mais o isolamento, o individualismo e o privatismo que são elementos
presentes e recorrentes na cultura docente, seriam exacerbados através do processo de
desumanização, comentado anteriormente.
Considerações
Ao buscar a sistematização dos resultados alcançados e aqui apresentados, apontamos
para uma limitação desta análise, entendida como recorte de uma pesquisa mais ampla: o
estudo isolado de um eixo temático acaba por reduzir as possibilidades interpretativas, dada as
interconexões entre conceitos como ideologia neoliberal, controle/vigilância, autoritarismo,
alienação, ontologia humana, para citar exemplo.s Consiste, portanto, um mapa incompleto,
cujo detalhe e riqueza podemos já vislumbrar diante da análise dos outros eixos propostos.
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do conhecimento, utilizando as características do neotecnicismo justamente em contraposição
ao modelo potencialmente emancipador.
Também podemos perceber teóricos que buscam aplicar seus focos de especialização a
este novo campo, uma tendência que se faz mais patente em relação a autores específicos
como Saviani ou outros analistas do fenômeno neoliberal na educação. Por último, os dados
preliminares apontam para uma separação entre teoria e prática, no sentido de que os
trabalhos analisados, em tônica geral, não relacionam estes fundamentos teóricos com
observações empíricas, seja dedutiva ou indutivamente.
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da educação brasileira.
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